Você está na página 1de 5

ATIVIDADES – LITERATURA / GERAÇÃO DE 45

NOME: _________________________________________ TURMA:

NOTA:__________

A seguir você vai ler dois fragmentos de Morte e vida Severina. O primeiro pertence ao início da obra, em que
Severino se apresenta. O segundo pertence ao desfecho da obra, momento em que os vizinhos levam presentes
humildes à casa de Mestre Carpina, em razão do nascimento do filho.

TEXTO 1

O meu nome é Severino, sobre as mesmas pernas finas


não tenho outro de pia. e iguais também porque o sangue,
Como há muitos Severinos, que usamos tem pouca tinta.
que é santo de romaria, E se somos Severinos
deram então de me chamar iguais em tudo na vida,
Severino de Maria; morremos de morte igual,
como há muitos Severinos mesma morte severina:
com mães chamadas Maria, que é a morte de que se morre
fiquei sendo o da Maria de velhice antes dos trinta,
do finado Zacarias. de emboscada antes dos vinte
[...] de fome um pouco por dia
Somos muitos Severinos (de fraqueza e de doença
iguais em tudo na vida: é que a morte severina
na mesma cabeça grande ataca em qualquer idade,
que a custo é que se equilibra, e até gente não nascida).
no mesmo ventre crescido

TEXTO 2

FALAM AS DUAS CIGANAS QUE HAVIAM APARECIDO COM OS VIZINHOS   

  -  Atenção peço, senhores, voltar de pescar siris


para esta breve leitura: e vejo-o, ainda maior,
somos ciganas do Egito, pelo imenso lamarão
lemos a sorte  futura. fazendo dos dedos iscas
Vou dizer todas as coisas para pescar camarão.
que desde já posso ver
na vida desse menino -  Atenção peço, senhores,
também para minha leitura:
acabado de nascer:
também venho dos Egitos,
aprenderá a engatinhar
vou completar a figura.
por aí, com aratus, Outras coisas que estou vendo
aprenderá a caminhar  é necessário que eu diga:
na lama, como goiamuns, não ficará a pescar
e a correr o ensinarão de jereré toda a vida.
o anfíbios caranguejos, Minha amiga se esqueceu
pelo que será anfíbio de dizer todas as linhas
como a gente daqui mesmo. não pensem que a vida dele
Cedo aprenderá a caçar: há de ser sempre daninha.
primeiro, com as galinhas, Enxergo daqui a planura
que é catando pelo chão que é a vida do homem de ofício,
tudo o que cheira a comida bem mais sadia que os mangues,
tenha embora precipícios.
depois, aprenderá com
Não o vejo dentro dos mangues,
outras espécies de bichos:
vejo-o dentro de uma fábrica:
com os porcos nos monturos, se está negro não é lama,
com os cachorros no lixo. é graxa de sua máquina,
Vejo-o, uns anos mais tarde, coisa mais limpa que a lama
na ilha do Maruim, do pescador de maré 
vestido negro de lama,
que vemos aqui vestido talvez até lhe conquiste:
de lama da cara ao pé. que é mudar-se destes mangues
E mais: para que não pensem daqui do Capibaribe
que em sua vida tudo é triste, para um mocambo melhor
vejo coisa que o trabalho nos mangues do Beberibe.

aratu: pequeno carangueijo de cabeça triangular.


goiamum: tipo de crustáceo que vive em lugares lamacentos, em tocas que ele mesmo cava.
monturo: grande quantidade de lixo.
jereré: aparelho feito de madeira e rede usado na pesca de siris, camarões e peixes pequenos.
mucambo: barraco.

1. Severino é um substantivo próprio, é o nome do retirante, protagonista da história. No entanto, a palavra


severina é empregada como adjetivo nas expressões "morte severina" e " vida severina". Interprete: Qual é o
sentido da palavra severina nesta situações?

2. De origem medieval, os autos são textos teatrais que representam um nascimento, quase sempre o de Cristo,
encenação por ocasião das festas de natal. No fragmento lido de Morte e vida severina: a presença de duas
personagens confere ambientação mística à cena. Quais são essas personagens?

03 – Ambas as ciganas fazem previsões quanto ao futuro bebê.

a)   Em que se diferenciam as previsões? b)   Em que se assemelham?

04 – Na conversa entre Severino e mestre carpina, o retirante pergunta ao mestre “se não vale mais saltar / fora
da ponte e da vida”. De acordo com o texto:

a)   Quem acaba respondendo a Severino? b)   Qual é a resposta dada?

05 – Nos últimos versos, mestre capina diz:


           “Mesmo quando é uma explosão
            como a de há pouco, franzina;          
mesmo quando é a explosão
            de uma vida severina.”

O texto, no conjunto, faz uma forte crítica social. Contudo, pela ótica que ele apresenta, há esperança?

06 – A explosão de mais “uma vida severina” parece dar continuidade a essa corrente de severinos. Eles não
estão somente no sertão seco do Nordeste; estão em todo o país, severinamente lutando contra a “morte em
vida”.

a)   Afinal, quem são os severinos deste país? b)   Como se justifica o título da obra: Morte e vida
severina?

07. A obra Grande sertão:veredas, de Guimarães Rosa:

a) continua o regionalismo dos fins do século XIX, sem grandes inovações.


b) exprime problemas humanos, em estilo próprio, baseado na contribuição linguística regional.
c) descreve tipos de várias regiões do Brasil, na tentativa de documentar a realidade brasileira.
d) fixa os tipos regionais, com precisão científica.
e) idealiza o tipo sertanejo, continuando a tradição de José de Alencar.

Texto para a questão 08:


O fragmento que segue se encontra nas primeiras páginas de A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector.
Nelas o narrador dá início à história que vai ser contada:

"Não tenho uma palavra a dizer. Por que não me calo, então? Mas se eu não forçar a palavra a mudez me
engolfará para sempre em ondas. A palavra e a forma serão a tábua onde boiarei sobre vagalhões de mudez.
Vou criar o que me aconteceu. Só porque viver não é relatável. Viver não é vivível. Terei que criar sobre a
vida. E sem mentir. Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade.
Entender é uma criação, meu único modo. Precisarei com esforço traduzir sinais de telégrafo - traduzir o
desconhecido para uma língua que desconheço, e sem sequer entender para que valem os sinais. Falarei nessa
linguagem sonâmbula que se eu estivesse acordada não seria linguagem."

08. Leia a seguinte relação de procedimentos formais, linguísticos e temáticos observados na literatura produzida
pela geração de 45.

- Metalinguagem , isto é, reflexão sobre o processo de criação literária.


- Postura racional, antirromântica.
- Linguagem metafórica ou poética, que relativiza os limites entre poesia e prosa.
- Invenção de palavras novas a partir de recursos disponíveis na língua.

Qual ou quais desses itens podem ser observados no texto de Clarice Lispector? Explique.

Leia o texto "O açúcar", de Ferreira Gullar para responder as questões 09 a 13.

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café ou no Estado do Rio


nesta manhã de Ipanema e tampouco o fez o dono da usina.
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
Vejo-o puro que não nascem por acaso
e afável ao paladar no regaço do vale.
como beijo de moça,
água na pele, Em lugares distantes, onde não há
flor que se dissolve na boca. hospital nem escola,
Mas este açúcar homens que não sabem ler e morrem
não foi feito por mim. aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
Este açúcar veio que viria a ser o açúcar.
da mercearia da esquina
e tampouco o fez o Oliveira, Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura
dono da mercearia. produziram este açúcar branco e puro
Este açúcar veio com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
de uma usina de açúcar em Pernambuco

09.Marque a alternativa em que a palavra amarga possui o mesmo significado do texto:

(     ) Aquela sobremesa estava amarga. agora estamos bem.


(     ) Vivia de mau humor; era uma pessoa muito
amarga.
( ) Passamos por uma fase muito amarga, mas
10. Marque a alternativa em que a palavra dura possui o mesmo significado do texto:

(   ) Realizamos uma dura tarefa. (     ) O seu jeito duro afasta as pessoas.


(     ) O móvel era feito de madeira muito dura.

11. Identifique a crítica social feita por Ferreira Gullar, no poema acima.

12. Descreva o retrospecto que é feito sobre o açúcar.

13. Na última estrofe, o que se opõe à doçura do açúcar?

14. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o Concretismo.

I. Buscou na visualidade um dos suportes para atingir rupturas radicais com a ordem discursiva da língua
portuguesa.
II. Teve como integrantes fundamentais Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.
III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja importância fica restrita à década de
1950.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. d)Apenas I e II.
b) Apenas II. e) I, II e III.
c) Apenas III.
15. (UFRGS 2006) Leia o poema abaixo, de Décio Pignatari, e considere as afirmações que seguem.

I - Trata-se de um exemplo de poesia concreta, vanguarda do século XX que alterou radicalmente os recursos
materiais da construção poética, valendo-se, inclusive, de técnicas da publicidade.
II - No poema, o uso do imperativo e o jogo lúdico das aliterações contribuem para denunciar a forma persuasiva e
sedutora da mensagem publicitária que induz ao consumo.
III- O último verso é a síntese da intenção satírica do poema, que desqualifica o produto anunciado e, por
extensão, a sociedade de consumo que ele representa. Quais estão corretas?

a) Apenas I. d) Apenas II e III.


b) Apenas II. e) I, II e III.
c) Apenas III.

16. (UnB – DF)

O texto poético pode servir de base ao texto publicitário; porém, às vezes, é este que fundamenta aquele.
Relacionando essa observação ao texto anterior, julgue os itens que se seguem. (V/F)

( ) O texto é uma paródia da embalagem original de um produto.


( ) O modo como foi desenhada a letra inicial "Clichetes" permite a leitura musical, financeira e política da
mensagem. 
( ) No texto, "MASCARAR" está para MASCAR assim como "MENTAL" está para MENTA.
( ) Esse é um texto característico da literatura que se propagou no Brasil a partir de 1922 como uma espécie de
crítica ao imperialismo norte-americano.
( ) O texto enfatiza o visual, em detrimento da função crítica, o que apresenta-se praticamente nula.

17. Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O
senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: Zé-Zim, por que é que você não
cria galinhas- Quero criar nada não… me deu resposta: Eu gosto muito de mudar… […] Belo um dia, ele tora.
Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. […] Essa não faltou também à minha mãe, quando
eu era menino, no sertãozinho de minha terra. […] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes,
Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio
da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).

Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais
brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros.
No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador

a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados,
uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro espécie de agregado em proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e,
ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras

Você também pode gostar