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(Montaigne, Des livres)
Ex Libris
José M i n d l i n
HISTORIA DA GUERRA DO PARAGUAY.
HISTORIA
DA
GUERRA DO BRASIL
CONTRA
VOLUME III.
RIO DE JANEIRO •
LIVBARIA DE A. G. GÜIMABÃES & C. — RUA DO SABÃO N. 26.
1870.
1'ypograpliia—PERSEVERANÇA—rua do Hospício n. 91
ÍNDICE
L I V R O I.
L I V R O II.
LIVRO IV.
LIVRO V.
L I V R O VII.
LIVRO VIII.
Operações do exercito em Tuyú-Cuê.— Partes ofBciaes d'estes
acontecimentos.— Passagem da esquadra encouraçada pela fortifi-
caçâo de Curupaity. — Ordens do dia do vice-almirante sobre esta
passagem. — Principio do bombardeio de Humaitá. — Correspon-
dência do exercito.— Paralysação das operações do exercito, ou
guerra defensiva em Tuyú-Cuê.—Tomada da villa do Pilar pelo
brigadeiro Andrade Neves.— Ordem do dia do general Marquez de
Caxias sobre este acontecimento.— Ataque feito pelos Paraguayos
ao comboio brasileiro. — Ataque dos Paraguayos ás tropas brasi-
leiras nas immediaeões do arroio Hondo. — Officio do general
Marquez de Caxias ao governo imperial.— Ordem do dia referindo
este combate.— Combate entre a cavallaria brasileira e a para-
guaya.— Ordem do dia do general Marquez de Caxias sobre este
combate. — Tomada do Potreiro Ovelha e do Tagy. — Ordem do
dia do general Marquez de Caxias sobre estes combates.— Mappa
da força dos três corpos de exercito no Paraguay no fim de
Outubro de 1867.
L I V R O IX.
Continuação da campanha feita pelo Marquez de Caxias.— Offi-
cio d'este general ao governo imperial, dando conta dos combates
do Potreiro Ovelha, do Tagy, e o do dia 3 de Novembro.— Ordem
do dia do general Marquez de Caxias sobre o combate do Tagy.—
Correspondência de Buenos-Ayres narrando o ataque do dia 3 de
Novembro.— Ordem do dia do general Marquez de Caxias sobre o
combate de 3 de Novembro.— Occupação da villa do Pilar. — Reco-
nhecimento da margem esquerda do rio Tibiquary pelo brigadeiro
João Manoel Menna Barreto.— Officio do general em chefe ao
governo imperial dando conta das operações de guerra do mez de
Novembro.— Operações do exercito brasileiro no mez de Dezem-
bro.— Mappa da força dos três corpos de exercito no fim de
Dezembro de 1867. — Continuação do bombardeio da esquadra
contra Humaitá.— Estrada de ferro no Chaco.— Sua utilidade.— O
general Marquez de Caxias assume de novo o commando em
chefe dos exércitos alliados.— Ordem do dia do marechal Marquei
de Caxias ao assumir o commando em chefe dos exércitos allia-
dos.— O general Visconde de Porto-Alegre retira-se do exercito.—
É nomeado para commandar o 2.° corpo de exercito o general
Argolo.— Ordem do dia do general Visconde de Porto-Alegre ao
passar o commando ao seu successor. — Artigo extrahido do Cor-
reio Mercantil com o titulo — A guerra do Paraguay.— Continuação
do bombardeio do exercito.
LIVRO X.
Continuação da campanha feita pelo Marquez de Caxias como
general em chefe dos exércitos alliados.— Chegada dos últimos
monitores a Curuzú.— Combate de cavallaria próximo ás trinchei-
ras de Humaitá.— Lopez abre uma estrada no Chaco.— Operações
combinadas entre o general em chefe e o commandante da esqua-
dra.— Passagem, de Humaitá por navios encouraçados.— Tomada
da fortificação donominada Estabelecimento.— Boletim distribuído
ao exercito.— Parte official do general em chefe ao Barão do Her-
val.— Parte do general em chefe ao governo imperial sobre a
tomada do Estabelecimento.— Ordem do dia do general em chefe
que relata a tomada do Estabelecimento.— Officio do comman-
dante da 3. a divisão dos encouraçados ao general em chefe.— O
vice-almirante participa ao governo imperial a passagem de Hu-
maitá.— Officio do dito vice-almirante ao ministro da marinha
sobre o mesmo objecto.— Parte do commandante da 3. a divisão
encouraçada relativa á passagem de Humaitá.— Parte do 1.° tenente
Joaquim Antônio Cordovil Maurity.— Officio do vice-almirante ao
ministro da marinha, no qual dá parte detalhada da passagem de
Humaitá.— Ordem do dia do vice-almirante transcrevendo um offi-
cio do general em chefe.— Ordem do dia n. 5 do general em chefe
sobre a passagem de Humaitá. — Officio do vice-almirante ao mi-
nistro da marinha referindo a passagem das corvetas de madeira
Magé e Beberibe pelas baterias de Curupaity.
LIVRO XI.
CONSIDERAÇÕES GERAES.
(1) Para quem não tem conhecimento de historia militar, serve o que dize-
mos da guerra penínsular. As linhas de Torres-Vedras, nome que então se
lhe deu, foram trincheiras que cercaram Lisboa na distancia de sete léguas,
guarnecidas por 300 peças de artilharia e por mais de 50,000 homens, sendo
30,000 Portuguezes e 20,000 Inglezes. No fim de dez mezes de cerco, faltou
ao exercito francez os soccorros que esperava, e os meios de subsistência que
lhe tiravam as tropas das províncias do norte de Portugal ; n'estas cir-
cumstancias retirou-se e seguio a marcha para Hespanha; na sua retaguarda
marchou o exercito anglo-portuguez, sob o commando de Lord Wellington.
E' uma parte interessante da historia da guerra peninsular, a marcha infeliz
que teve o exercito francez logo que abandonou a posição que tanto tempo
occupou diante das trincheiras que defenderam a capital. Logo que o, exer-
cito francez se pôz em marcha, principiou a ser batido todas as vezes que o
exercito alliado o alcançava, ou elle lhe fazia frente. Nesta campanha gloriosa,
que livrou a Península do jugo de Napoleão 1.° foram tantas as batalhas '
quantas as victorias ganhas pelo exército alliado." Desde as trincheiras de
Torres-Vedras até França, em todos os combates, do Bussaco, Vesa, Albuêra,
Fuentes de Honor, Ciudad-Rodrigo, Hortez, Salamanca, Victoria, Bayona,
Pamplona, S. Sebastião de Biscaia, e por fim a 8 de Maio de 1814 em To-
lousa, o exercito anglo-portuguez ficou sempre senhor do campo de batalha.
Além d'estas batalhas campaes, a tomada de Badajoz foi um brilhante feito
d'armas d'aquelle exercito alliado, que immortalisou o seu nome na historia
da guerra peninsular desde 1810 até 1814.
_ 4—
(1) Foi d'esta escola que sahio o general em chefe que o governo imperial
no anno de. 1865 consentio que fosse commandar o exercito brasileiro, em
uma campanha que exigia, além dos conhecimentos technicos, qualidades espe-
ciaes, que só a pratica ensina, para se conhecer o terreno onde se está, cal-
cular o modo de se proceder ás operações, com a prudência necessária em
uns casos, e a resolução em outros, qualidades que não possuía aquelle com-
mandante em íhefe,
Vol. m.—4.
— 16 —
DIÁRIO DOIEXERCITO.
C*) Havia muitos annos que no Brasil não existia commissariado militar.
Em t.mpo de paz, que se julgava permanente, os corpos do exercito, espa-
lhados pelas provincias, eram facilmente suppridos por fornecedores particula-
res, e, n'este caso, era fácil haver exacta fiscalisação sobre o preço dos gêne-
ros, sua qualidade, etc. Logo que houve um grande exercito em campanha,
devia-se. ter cuidado de organisar um commissariado militar para fornecimento
do exercito, ao qual devia acompanhar. Na repartição da guerra ha muitos of-
ficiaes, eftectivos e reformados, muitos empregados civis capazes e aptos para
se terem encarregado d'este serviço. Com este systema de fornecimento, não
tinha o exercito soffrído as faltas que h<;uve, não tinha o estado dispendido
tanto dinheiro, não se. tinham enriquecido os fornecedores argentnos, seus
agentes e protectores; mas, como o Império do Brasil é muito rico, não se
tratou de fazer economia n'este importante ramo do serviço publico : e também
Vol. I I I . - 7 .
— 40 —
DIÁRIO DA ESQUADRA.
Vol. ni.—8.
LIVRO SEGUNDO.
(*) Esta perda não foi extraordinária; devia ter sido menor se o exercito bra-
sileiro nao estivesse desprevenido. Outros exércitos as tem tido maiores. Os Aus-
tricos tiveram 20,000 homens fora de combate na batalha de Magenta a 4 de
Junho de 1859, e deixaram 7,000 prisioneiros em poder dos Francezes.
— 63 —
« Pela nossa parte calculo que teremos, nas forças que com-
bateram no centro, 600 homens fora de combate, entre mortos
e feridos.
« Recommendo a V. Ex. o honroso comportamento de todos
os chefes, officiaes e soldados que combateram debaixo das
minhas ordens, cabe-me a satisfação de fazêl-o especialmente
a respeito das forças brasileiras, que desde o primeiro chefe
até o ultimo soldado, se portaram com todo o d e n o d ° e
decisão.
« Deus guarde a V. Ex. muitos annos.— Venancio Flores. »
CORRESPONDÊNCIA BE BUEN.OS-AYRES,
DIÁRIO DA ESQUADRA.
Ordem do Dia n. 1.
COMBATE DE 16 DE JULHO.
COMBATE DE 18 DE JULHO.
(*) Não devemos deixar de declarar n'este lugar que a viuva Fonseca,
d'esía corte, te.ve n'esta campanha sete filhos officiaes, sendo seis combatentss
e um medico, os quaes muito se distinguiram em todos os combates em qwe
entraram; dos Combatentes morreram três em combate. E' um motivo bas-
tante forte para o governo imperial a honrar, e a nação dedicar-lhe muita
consideração.
— 118 —
COMBATE DE 1 6 DE JULHO.
TONADA D l CURUZÚ'.
Vol. m . - 9 6 .
LIVRO QUINTO.
v.
«Ha três mezes assegurava eu ao paiz que os exércitos alliados
iam entrar em operações rápidas e decisivas, por isso que re-
cebiam os meios de mobilidade de que necessitavam, e en-
trava como um poderoso elemento, a concorrer no mesmo
theatro de acção, o 2.° corpo de exercito brasileiro. Confesso
hoje que foi isto urna dupla illusão.
« Não é que deixasse de receber-se os meios de mobilidade,
de cuja acquisição se fazia depender o proseguimento da
guerra. Receberam-se elles, e se não em numero farto, tan-
tos que bastavam para que com algum trabalho as forças
alliadas pudessem marchar de frente pelo território paraguayo
até Assumpção, se fosse preciso.
« A decepção esteve em que a mobilidade não era a única
falta que esses exércitos sentiam ; elles careciam também de
augmentar seu poder em proporção dos esforços que o ini-
migo empregava para tbrnar mais enérgica sua defesa, que
já então era assaz vigorosa
« Admitta-se que com as forças dos exércitos alliados em
Maio ou Junho, e uma vez que tivessem ellas a necessária
mobilidade, e resistência do inimigo pudesse ser vencida.
« Mas em três mezes tinha elle empregado novos e maio-
res esforços para resistir com vantagem ; pois, ao mesmo
tempo que não deixava um homem fora do exercito, multi-
plicava suas obras defensivas, e dava ás que já tinha o ca-
racter de fortificações poderosas.
« Com este grande aproveitamento, que Lopez devia dar
ao tempo, parece não se ter contado da parte dos alliados,
pois de Junho a Setembro nada fizeram, senão procurar-se 1
a mobilidade, que em Maio se revelou como única cousá
indispensável, mas que em Outubro não bastaria para domi-
nar a resistência do inimigo.
« Sobre o concurso do 2.° corpo de exercito brasileiro deu-
se. também uma decepção análoga a essa.
« Havia muito tempo que o Visconde de Tamandaré sus-
tentava a idéa de que carecia de uma força de desembarque /
(4,000 homens) para a esquadra levar de vencida as posições -
inimigas da margem esquerda do Paraguay, inclusive a forta-
leza de Humaitá.
« A' espera d'esse elemento de acção levou a esquadra em
completa immobilidade os mezes de Maio, Junho, Julho e
metade de Agosto, mas então recebeu em lugar de 4,000
homens requeridos ao general Ozorio, um exercito de 10,000,
composto das trez armas e de gente escolhida.
« Parece evidente que, se, em lugar de ir juntar-se á
esquadra, o 2.° corpo de exercito brasileiro se reunisse aos
alliados em Tuyuty, estes se teriam achado em circumstan-
cias de acommetter as linhas inimigas ;- e, vencidas estas,
como a esse tempo tinham a necessária mobilidade, não da-
— 227 —
Ordem do dia.
Ordem do Ma n. 1.
CORRESPONDÊNCIA DE BUENOS-AYRES.
39,030
Não entram n'este numero os contingentes que foram d'esta
corte em Dezembro de 1868.
Do exercito argentino sahiram 4,000 homens, que em Fe-
vereiro de 1867 foram com o general Mitre para as provin-
cias argentinas, d'onde voltaram era Julho do mesmo anno.
Vol. iii.—42.
LIVRO SÉTIMO.
(*) Com este facto, único na no<sa hhtoria militar, de um medico ser ao
mesmo tempo bom oflicial combatente, prova-se que os médicos, pouco consi-
derados pela classe militar, pod«m servir para outras cousas nlém da sua
profissão.
— 332 —
I
« Çpmo dissemos o exercito fez alto diante das linhas ini-
? i ê a S j ) ii T u ye ú - C u é > i s t ° é, diante da victoria, que estava
• Vu- 1 ' <iue elle teria Se continuasse em sua marcha,
inlallivelmente alcançado...
— 355 —
(*) Foi assim que Cezar, para attrahir Scipião e Juba a um conflicto na pro-
vincia de Garthago, sitiou a praça de Tapsus; e o esforço que os dous generaes
romanos fizeram para soccorrer aquella praça, causou a sua perda.
Foi para defender Moscow que os russos aceitaram a batalha de Moscowa,
e n'isso fez Napoleão bem em dirigir a sua marcha para aquella capital afim de
os forçar a um conflicto decisivo.
Mas depois do incêndio que a destruio, elle devia lançar água benta sobre
suas ruinas e retirar-se para a Polônia.
— 362 —
PASSAGEM DE CURUPAITY.
<(
^u ü f ° ^* ^ x " ° ^r* Marquez, marechal e commandante
em chefe, ordenado ao Exm. Sr. brigadeiro honorário José
Joaquim de Andrade Neves que com os corpos da 2.a divisão
de seu commando e o l.o e 2.° provisórios da guarda na-
cional, perfazendo um total de 1,500 homens de cavallaria,
completasse a força expedicionária, que conjunctamente com
as argentinas da mesma arma, ao mando do Exm. Sr. ge-
neral Hornos deveria explorar os terrenos adjacentes a mar-
gem esquerda do rio Paraguay até á villa do Pilar; partio
ettectivamente o referido Sr. brigadeiro á frente da citada
iorça na noute de 18 do corrente e acampou nas immedia-:
çoes de S. Solano.
« Continuando a marcha no dia seguinte, a sua vanguarda,
— 391 —
;,
!
« O presidente da Republica Argentina, general em chefe
dos alliados.
« Quartel general, em Tuyú-Cué, 22 de Outubro de 1867.
« Ao Illm. e Exm. Sr. Marquez de Caxias, commandante
em chefe de todas as forças brasileiras em operações contra o
governo do Paraguay.
« Tive a satisfação de receber o officio de V. Ex. datado de
hoje, em que se serve communicar-me o resultado do com-
, bate travado hontem com o inimigo.
I; « O completo triumpho que importa este combate, e as van-
tagens obtidas por elle, dão uma gloria mais ás armas alliadas
| em geral e á cavallaria brasileira em particular, e honram'os
chefes, officiaes e soldados' que o conseguiram.
« Devolvo a V. Ex. a felicitação que me dirige por este mo-
tivo, felicitando além disto mui especialmente a V. Ex. pelo
acerto com que tomou as suas medidas para o melhor êxito
I da empreza. — Bartholomeu Mitre. »
, Prbjectando o general brasileiro um ataque de cavallaria
J sobre o inimigo, que diariamente sahia fora das trincheiras
i* a dar pasto aos cavallos, communicou S. Ex., por meio de
— 410 —
(*) A esta força de infantaria devia dar-se o nome de divisão e não de brigada.
— 418 —
(*) Muito pouco emprego teve a artilharia; não se pôde saber a razão por-
que se poupou tanto esta arma.
— 420 —
42,873
Existiam doentes. . 10,708
correndo para isto, tão somente, o deleixo e incúria dos Srs.' offi-
ciaes aquém se tinha encarregado o serviço da remoção d'esta
peça para sua primitiva posição no reducto da extrema direita.
« S. Ex. o Sr. Marquez, marechal e commandante em
chefe manda elogiar ao Exm. Sr. tenente-general Visconde de
Porto-Alegre, pela heróica e brilhante defeza que oppoz ao
ousado plano do inimigo, sustentando aquella importante po-
sição, não obstante haver sido sorprendido por forças supe-
riores em numero, patenteando ainda essa vez a sua nunca
desmentida bravura.
« Outro-sim, manda S. Ex. transcrever os nomes dos se-
guintes Srs. officiaes que, segundo informa o mesmo Exm.
Sr. tenente-general Visconde de Porto-Alegre, mais se dis-
tinguiram no cumprimento dos seus deveres:
« Marechal de campo José da Victoria Soares de Andréa,
brigadeiros Alexandre Manoel Albino de Carvalho, e José
Luiz Menna Barreto.
« Coronéis, Francisco Gomes de Freitas, Vasco Alves Pe-
reira, e Antônio da Silva Paranhos.
« Tenentes-coroneis, Fernando Machado de Souza e Lan-
dulfo da Rocha Medrado, que falleceu gloriosamente.
« Majores, Manoel de Almeida Gama Lobo d'Eça, Sebastião
de Souza e Mello, Caetano da Costa Araújo e Mello, Este
vão Caetano da Cunha e José Maria Eduardo; tendo os três
últimos morrido gloriosamente em conseqüência de graves
ferimentos que receberam.
« Cirurgião de brigada de commissão, Dr. José Joaquim
dos Santos Corrêa.
« Capitães Diogo Alves Ferraz e Antônio Augusto da Costa.
« Tenentes em commissão, Eduardo de Azevedo e Souza
e Emilio Garcia Fróes.
« Alferes em commissão, José Christino de Calazans Ro-
drigues.— Coronel João de Souza da Fonseca Costa, chefe do
estado maior. »
Vendo Lopez aniquilada a força maritima e terrestre que
mandara occupar Tagy, e, no dia immediato, 3 de Novembro,
quasi totalmente destruidas as tropas que foram atacar o 2."
corpo de exercito em Tuyuty, perdeu a esperança de poder em-
prehender novas operações offensivas com feliz êxito.
Em Tagy os Brasileiros augmentaram as obras de fortifi-
cação, montaram maior numero de peças de artilharia, e a
guarnição foi elevada a 6,000 homens das três armas, pouco
mais ou menos.
Em Tuyú-Cué também augmentaram-se os meios de defeza
com novas trincheiras.
Vol. iu.— 58.
— 448 —
Promptos. Doentes.
ARMAS. TOTAL.
Ofnciaes. Praças. Somma. Officiaes. Praças. Somma.
o Rio-Grande, 20 de Março.
« As noticias que nos trouxe o vapor Gerente do theatro da
Vol. iil.—60.
— 464 —
guerra são de tanta transcendência, que por ellas se pôde desde
já prognosticar que está prestes a ter um termo a actual cam-
panha do Paraguay.
« O glorioso triumpho obtido pela nossa esquadrilha de en-
couraçados,'que, no dia 19 de Fevereiro findo, affrontou com
a maior intrepidez o fogo cruzado de todos os canhões de
Humaitá, sem que elles pudessem deter sua passagem: o
brilhante feito de armas realizado n'aquelle mesmo dia pelo
denodado Marquez de Caxias que, á frente de 7,200 bravos,
se arrojou a peito descoberto sobre um reducto inimigo de-
fendido por mais de 2,000 homens com 15 bocas de fogo, e
o tomou ; e por ultimo a occupação da cidade de Assum-
pção por forças brasileiras, são factos que assás revelam o es-
tado de desmoralisaçâo em que se acha o inimigo, á mingua
de seus recursos, e que não está longe o dia em que o
pavilhão auri-verde se na de garboso ostentar sobre as mura-
lhas da paraguaya Kronstadt!...
« No emtanto, convém dizer que se todos estes successos
se deram e a guerra se approxima hoje ao seu termo» é por-
que o general que commanda o exercito alliado é o Marquez
de Caxias, e não o presidente da Confederação Argentina.
« Para corroborar esta asserção, repetiremos alguns trechos
de um de nossos artigos, que o Diário do Rio publicou em
28 de Setembro do anno passado, e que não foram contes-
tados por nenhum dos jornaes da corte.
« Ei-los:
« O governo imperial devia ter conferido ao illustre gene-
ral que commanda os seus exércitos no Paraguay toda a
latitude possivel de poder discricionário para elle operar como
melhor entendesse; e não subordinal-o á uma fatua perso-
nagem, que de general só tern o nome, e que, por igno-
rância ou má vontade, muito ha concorrido para a procras?
tinação da guerra, e para o revez que as nossas armas ainda
ha pouco soffreram em Curupaity.
« Está hoje mais do que provado, e ninguém o ousará
contestar, que o general Mitre reassumío o commando em
chefe do exercito alliado (2 de Agosto de 186^), unicamente
para procrastinar a guerra e para d'ella tirar todo o proveito
em favor do seu paiz. E n'esta parte muito concordamos
com o que disse um de nossos compatriotas, residentes em
Caçapava, no artigo que elaborou relativo ao tratado da trí-
plice alliança, e as linhas militares que o nosso exercito
occupa e tem occupado na actual campanha..
« A bella operação effectuada pelo Marquez de Caxias, isto
é, a sua marcha estratégica pelo flanco esquerdo das forti-
ficações paraguayas teria produzido os mais felizes resulta-
dos, se o trambolho da tríplice alliança não a tivesse adrede-
paralysado.
« Assim é que o general Mitre concorreu, por mais uma
— 465 —
vez ainda, para que se violasse uma das principaes regras da
guerra, annullando a iniciativa que havia tomado o general
brasileiro .
« Sim ; porque o general que toma em uma campanha a
offensiva e não accommette de prompto ao seu adversário, não
só lhe dá com isso um grande alento como desmoralisa o
exercito que commanda.
« Ora, ninguém dirá que o Marquez de Caxias, quando
marchou de Tuyuty com mais de vinte mil homens e contor-
nou o flanco esquerdo das fortificações paraguayas, só tinha
em vista fazer um grande reconhecimento ; porque elle não
precisava de uma força tão numerosa para levar a effeito uma
operação d'essa ordem.
« O fim do general brasileiro, deixando em Tuyuty a sua
esquerda (2.° corpo) de guarda a sua linha de operações e
aos seus depósitos, era, depois de fazer juncção no arroio
Hondo com a sua direita (3.° corpo), marchar d'alli por um
movimento semi-circular até ao Passo denominado Tio Domin-
gos, e vàdeando n'aquelle ponto o esteiro Rojas, seguir com
todas as suas columnas até Tuyú-Cué e atacar as forças pa-
raguayas em suas linhas (*), que, abrangendo um extenso
quadrilátero, podiam ser com facilidade acommettidas por um
exercito que manobrava na ordem profunda, e por conseguinte
reunido.
« E esta bella operação se teria realizado com gloria e
vantagem para o Brasil, se o general argentino não se ti-
vesse prevalecido dos poderes que lhe conferia o tratado para
a sustar em seu começo.
« Imputar-se, pois, ao nobre Marquez a procrastinação da
guerra, e dizer-se (como disseram vários jornaes da corte) que
elle não atacava o inimigo pelo receio que tinha de ferir uma
batalha, é o requinte da irrisâo e do absurdo ; porque se elle
ainda ha pouco não trepidou de atacar com 7,000 homens
um reducto defendido por uma força numerosa e por 15
bocas de fogo, que receio podia ter de assaltar com um grande
exercito" as linhas de Tuyú-Cué, mal guarnecidas e circum-
valladas ? ! . . .
« Se é fácil accusar, suppôr, mentir, calumniar, é bem dif-
ficil sustentar certas accusações que os factos victoriosamente
desmentem.
« Além disto, como suppôr que um dos illustres veteranos
de nossa independência, o pacificador de quatro províncias,
o general emfim que, com tanto tino, pericia e circumspecção
commandou o nosso exercito de operações na memorável
campanha de 1851, e que tantas provas de bravura ha dado
na sua longa e gloriosa carreira militar, procrastinava as ope-
BOLETIM DO EXERCITO. |j
<
. Commando em chefe da força naval do Brasil em opera-
ções contra o governo do Paraguay.— Bordo do vapor Brasil,
no porto Elisiario, 24 de Fevereiro de 1868.
Ordem do dia n. 120.
« A esquadra de operações contra o governo do Paraguay,
acaba de praticar na madrugada de 19 do corrente, o maior
feito de armas entre quantos tem praticado durante 14 mezes
do meu commando.
« Esse feito, que se pôde equiparar aos de maior nomeada
desempenhado pela esquadra dos Estados da União Ameri-
cana heróica luta ainda ha pouco tempo terminada; esse feito
3ue vae elevar o credito da marinha brasileira á altura do
as mais illustres do mundo; esse feito que capacidades, pu-
blicistas e profissionaes estrangeiros julgavam impossivel de
ser realisado pelas mais fortes marinhas ; esse feito cumpri-
ram-o 2 divisões da esquadra, uma forçando e outra ajudando
a forçar o passo famoso de Humaitá.
« Eis como eu o descrevo no officio que abaixo segue-se,
por mim disigido a S. Ex. o Sr. Marquez de Caxias.
« — Commando em «hefe da força naval do Brasil, em
operações contra o governo do Paraguay. — Bordo do vapor
Brasil, no porto Elisiario, em 23 de Fevereiro de 1868.
« — Illm. e Exm. Sr. —Antes de descrever a V Ex. o
combate havido entre a 2. a e 3.* divisões da esquadra do meu
commando e as famosas baterias de Humaitá no memorá-
vel dia 19 do corrente^ em que a bandeira brasileira trium-
phante, arvorada em seis dos nossos navios de guerra, trans-
pôz as cadeias e os torpedos, que homens do mar muito
eminentes dás três grandes nações maritimas julgavam supe-
— 530 —
(*) Quem não está ao facto da historia das. guerras marítimas, lera com inte-
resse este episódio que acoatjceu á esquadra ingleza no Battico em 1801.
A Ioglaterra estava em guerra com a Fraaça e com as nações que estavam
uuidas a Napoleão; um dos meios de hostilidades empregados pela marinha
de guerra ingleza, foi destruir as marinhas daquellas nações. A Dinamarca
tinha alguns navios, que se podiam ir unir á esquadra franceza; para o emba-
raçar foi preciso destruil-os: para este fim foi uma esquadra ingleza ao Bal-
— 532 —
TOMADA DE LAURELLES.
CORRESPONDÊNCIA DA ESQUADRA.
tomado por 6,000 homens, dos quaes ficaram 200 fora de com-
bate.
Com a occupação da trincheira de Saúce, os Paraguayos
foram obrigados a abandonar as trincheiras exteriores de suas
fortificações, e concentraram-se na grande fortaleza de Hu-
maitá, onde podiam defenderem-se melhor.
Logo que o inimigo abandonou as linhas exteriores de de-
feza e se concentrou em Humaitá, ou devia entregar-se, ou
procurar fugir para o Chaco, pois a nossa artilharia do exer-
cito chegava aos seus muros, e a da esquadra continuava,
de dia e de noute, a destruir-lhe as obras de defeza do lado
do rio, e a matar-lhe muita gente; por conseqüência o aban-
do da grande fortaleza foi-se operando de vagar, como con-
seqüência necessária do cerco por terra e pelo rio, pois foi
a artilharia da esquadra que destruio Humaitá.
A conclusão que tiramos d'estes acontecimentos, ó que o
general em chefe Marquez de Caxias fez mais em seis mezes,
de Setembro de 1867 até o fim de Março de 1868, do que
não fez em três annos um general diplomático.
No dia 24 foi acampar em Curupaity o exercito do gene-
ral Argollo, e no Passo-Pocú o exercito de Tuyú-Cué, es-
tando o inimigo concentrado em Humaitá, onde recebia bala s
e bombas de todos os lados. No dia 25 os navios de ma-
deira foram fundear em Curupaity.
Segue-se a ordem do dia dó general em chefe que relata o
ataque e tomada de Curupaity
TOMADA DE CURUPAITY.
1. ° corpo.
Corpos especiaes:
Officiaes 65
Artilharia :
Officiaes : 22
Praças de pret 475 497
Cavallaria ;
Officiaes 176
Praças de pret 1,463 1,639
Infantaria :
Officiaes 168
Praças de pret , 2,636 2,804
Somma 431 4,574 5,005
2.° corpo.
Corpos especiaes ;
Officiaes 92
Artilharia :
Officiaes. 70
Praças de pret ., j.,261 1,331
Cavallaria :
Officiaes 108
Praças de pret 1,389 1,497
— 575 —
Infantaria:
Officiaes 438
Praças de pret 7)418 7,856
S
°™a 708 10,038 10,776
3.° corpo.
Corpos especiaes :
Officiaes U3
Artilharia:
Officiaes 40
Praças de pret 727 757
Cavallaria :
Officiaes f... 371
Praças de pret 3j 032 4,403
Infantaria f
Officiaes 642
Praças de pret io,262 10,903
Somma i ? i65 14,020 15,186
Batalhão de engenheiros.
Corpos especiaes:
Officiaes 20
Praças de pret 342 362
Cavallaria :
Officiaes 21
Praças de pret 93 114
Somma 41 425 476
O movimento do exercito effectuado no fim de Março para
apertar o sitio de Humaitá, foi communicado pelo comman-
dante em chefe ao governo imperial n'este officio.
« Commando em chefe de todas as forças brasileiras, e
interino dos exércitos alliados em operações contra o governo
do Paraguay.—Quartel-general em Tuyii-Cué, 2 de Abril de
1868.
Vol. III.— 7t.
— 576 —
navio e nas chalanas que iam águas abaixo, que foram apa-
nhadas na boca do arroio Caimbocá, e ainda do grande nu-
mero de extraviados que se tem capturado era turra.
« A não ser a perda do commandante Antônio Joaquim e
o ferimento do capitão-tenente Etchbarne, o resultado d'esta
abordagem teria sido o mais completo que se podia de-
sejar.
<•< Todos os meus officiaes portaram-se de uma maneira que
.se torna superior a todos os elogios que eu pudesse aqui
tercer-lhes.
« Cumpro, porém, um grato dever recommendando-os a V.
Ex. por seus nomes: são elles os Srs. 1.° tenente immediato
Luiz Barbalho Muniz Fiúza, o qual, apezar de mutilado, deu
as mais bellas provas d'esse ardor que tanto anima aos com-
bates; os Srs. l. os tenentes Joaquim Raymundo de Lamare
Sobrinho e Antônio Quintiliano de Castro e Silva, igualmente
bravos; o Sr. 2.° tenente graduado Araújo Neves, que como
official de quarto tomou todas as medidas que o caso exigia
com calma e acerto extraordinários ; o Sr. Dr. Joaquim de
Carvalho Bettamio, que arinouse para a defeza das escotilhas
da praça d'armas e que extinguio por duas vezes, com o
auxilio do Sr. commissario Eduardo Pinto Magano, o in-
cêndio que ia causando na câmara a matéria inflammada e as-
phyxiante que o inimigo conseguira lauçar alli, atravez do
xadrez de ferro; o Sr. escrivão Jorge Augusto Prio, e 1.°
machinista 2.° tenente graduado Joaquim Januário da Silva,
ne com a maior promptidão poz a machina em estado de
? unccionar.
« Não posso também deixar de apresentar' a V Ex. os
nomes das praças que defenderam a parte superior das ca-
samatas, as quaes, em numero de sete, sustentaram o seu
posto com verdadeira bravura, impedindo que o inimigo su-
bisse para aquelle lugar, d'onde mais difficil teria sido re-
pellil-o.
« Constam estes nomes da relação junta sob n. 1. A re-
lação sob n. 2 é a dos prisioneiros feitos n'este navio e no
monitor Rio Grande, e a de n. 3 é a dos feridos das guar-
nições dos dous navios.
« São trophéos d'esta abordagem grande numero de gra-
nadas de mão oblongas, de foguetes a congrève, e de uns
tubos de bronze cheios de um mixto inflammavel e asphy-
xiante, mais de quarenta espadas, muitas lanças, algumas
espingardas, grande numero de canoas, e muitos outros ar-
tefactos de guerra.
« Julgo também do meu rigoroso dever, antes de termi-
nar esta parte, mencionar o nome do 2.° tenente Simplicio
Gonçalves de Oliveira, immediato do monitor Rio Grande, que
soube substituir dignamente seu bravo e infeliz comman-
dante nos momentos criticos da luta.
— 626 —
COMBATES NO CHACO.
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