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Liberdade Sindical:

Artigo 55.º CRP – Liberdade Sindical legal da unidade sindical («unicidade») por via de
restrições à constituição de sindicatos
É uma forma particular da liberdade de associação
concorrentes (que foi a opção legislativa pré-
(art. 46.º CRP), mas constitui um tipo autónomo.
constitucional do DL n° 215-B/75) e considera a
O sindicato é uma associação especifica de unidade dos trabalhadores como tarefa deles
trabalhadores assalariados ou equiparados próprios, no respeito pelas suas opções sindicais.
destinada a defender os seus interesses desde logo Por isso, a liberdade sindical é
e fundamentalmente perante as entidades constitucionalmente incompatível com a unicidade
empregadoras. sindical (ou seja, a proibição de criação de mais
do que um sindicato por categoria de
A diferença específica do sindicato em relação às trabalhadores), antes pro-porcionando a
restantes associações está, pois, no seu carácter de possibilidade de pluralismo sindical, caso haja
associação de classe, de associação de defesa dos mais do que um sindicato para representar total ou
direitos e interesses dos trabalhadores. parcialmente as mesmas catego-rias de
Por outro lado, a liberdade sindical é hoje mais trabalhadores. No entanto, a referência à unidade
que uma simples liberdade de associação perante indica clara-mente o desfavor constitucional em
o Estado. É o direito à atividade sindical perante o relação à pulverização sindical, de que a
Estado e os empregadores, o que implica, por um imposição do «clima() de tendência» (n° 2/e)
lado, o direito de não ser prejudicado pelo Estado constitui um claro tes-temunho, ao garantir a
ou pelos empregadores, por causa do exercício de existência de sindicatos plurais («pluralismo sin-
direitos sindicais e, por outro lado, o direito a dical interno»), como alternativa, à multiplicação
condições de atividade sindical (direito de de «sindicatos de ten-dência» («pluralismo
informação e de assembleia nos locais de trabalho, sindical externo»). 111. A liberdade de associação
dispensa de trabalho para dirigentes e delegados sindical analisa-se, tal como a liber-dade de
sindicais, etc.). associação em geral, num conjunto de liberdades e
direitos,
Dada a sua natureza de organizações de interesses
dos trabalhadores, os sindicatos possuem uma dos quais os principais estão referidos nos nos 2 a
importante dimensão política, que se alarga muito 6 do presente artigo. Uns são direitos individuais
para além dos interesses socioprofissionais dos dos trabalhadores (face ao Estado, aos
sindicalizados (art.476.ºCT) fazendo com que a empregadores e aos próprios sindicatos); outros
liberdade sindical consista também no direito dos são direitos dos próprios sindicatos (face ao
sindicatos a exercer determinadas funções Estado e aos empregadores). O n° 2 garante os
políticas (art. 56°). direitos e liberdades sindicais aos «trabalhadores
sem qualquer discriminação». Mais do que a
Importa ainda observar que a Constituição não reafirmação do princípio constitucional da
confere qualquer proteção especial às associações igualdade (art. 13°-2), trata-se de não deixar
patronais (as quais, naturalmente, gozam da dúvidas — se dúvidas pudesse haver — de que
garantia geral do direito de associação, expressa todos os trabalhadores, qualquer que seja a
no art. 46°). A proteção exclusiva das associações entidade para quem trabalham (seja uma empresa
sindicais, inserida, aliás, no âmbito da garantia privada, seja uma empresa pública, seja
especial dos direitos dos trabalhadores, (arts. 506° directamente o Estado ou para outra enti-dade
e ss.). pública ou privada), e qualquer que seja o sector
II. A Constituição estabelece uma conexão entre (indústria, agri-cultura, etc.), gozam dos direitos e
liberdade sindical e unidade dos trabalhadores (n° liberdades sindicais, não sendo lícita qualquer
1, 2' parte), que, apesar de um tanto interdição legal. Diferentemente do que se pode
historicamente situada, não deixa de ter defender em relação às comissões de
significado. Ela sublinha a rejeição da protecção trabalhadores (ver nota ao artigo precedente), a
liberdade sindical não se limita ao âmbito
empresarial, ainda que alguns dos direitos que
compõem a liberdade sindical só possam ser
exercidos no âmbito empresarial). IV. O primeiro
dos direitos sindicais é a liberdade de constituição
de associações sindicais (nu 2/a), designadamente
a sua não sujeição a qualquer forma de
autorização administrativa (art. 46°-1). A
liberdade de constituição abrange a liberdade de
escolha do respectivo âmbito pessoal (profissão,
indústria, etc.) e geográfico, do sector ou ramo da
actividade respectivo, bem como a liberdade de
organização sindical derivada, não podendo a lei
estabelecer qualquer restrição. Em especial, é
constitucionalmente inadmissível a proibição legal
de criação de sindicatos paralelos. Embora a
Constituição considere a unidade dos
trabalhadores como um elemento fundamental da
defesa dos seus direitos e interesses (n° 1, r parte),
ela não admite a garantia legal da unidade sindical
através da proibição de sindicatos concorrentes.
Sendo um direito de exercício necessariamente
colectivo, a criação de sindica-tos com número
mínimo de fundadores, que a lel pode estabelecer
dentro de limites razoáveis, que não criem
obstáculos consideráveis à liberdade de criação de
sindicatos. Paralela à liberdade de criação é a
liberdade de dissolução do sindicato pelas seus
associados.

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