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DIREITO CIVIL

POSSE

Livro Eletrônico
DICLER FORESTIERI

Ex-Auditor-Fiscal do Estado da Paraíba, Ex-


Auditor-Fiscal de Tributos do Município de São
Paulo e atual Conselheiro Substituto do TCM-RJ
(aprovado em 2º lugar). Também foi aprovado
nos concursos de Auditor-Fiscal do Estado do Rio
Grande do Sul e Conselheiro Substituto do TCE-
AM. Ministra aulas das disciplinas Direito Civil,
Direito Penal e Legislação Tributária Municipal.

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DIREITO CIVIL
Posse
Prof. Dicler Forestieri

Posse e Propriedade.....................................................................................4
Introdução.................................................................................................4
1. Posse.....................................................................................................7
1.1. Teorias sobre a Posse............................................................................7
1.2. Espécies de Posse.................................................................................9
1.3. Aquisição da Posse.............................................................................. 14

1.4. Efeitos da Posse.................................................................................. 17


1.5. Perda da Posse................................................................................... 24
2. Propriedade.......................................................................................... 25
2.1. A Propriedade do Subsolo, do Solo e do Espaço Aéreo.............................. 27
2.2. Características do Direito de Propriedade................................................ 29
2.3. Classificação da Propriedade................................................................. 29
2.4. A Descoberta...................................................................................... 30
2.5. Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel........................................... 32
2.6. Aquisição da Propriedade Móvel............................................................ 42

2.7. Perda da Propriedade Imóvel................................................................ 47


3. Direito de Vizinhança.............................................................................. 49
Questões de Concurso ............................................................................... 55
Gabarito................................................................................................... 66
Gabarito Comentado ................................................................................. 67
Questões de Concurso................................................................................ 86
Gabarito................................................................................................... 93
Gabarito Comentado ................................................................................. 94

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Posse
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POSSE E PROPRIEDADE
Introdução
O direito das coisas é o complexo das normas reguladoras das relações jurí-

dicas concernentes aos bens corpóreos suscetíveis de apropriação pelo homem. O

Código Civil divide a matéria em duas partes: posse e direitos reais, dedicando, a

esta última, títulos específicos à propriedade e a cada um de seus desmembramen-

tos, denominados direitos reais sobre coisas alheias.

Dessa forma, estudaremos que a propriedade é um direito mais abrangente que

a posse, pois esta (posse) representa parte dos poderes da primeira (propriedade).

Nesse contexto, o legislador não deu margem para a existência de dúvidas e

apontou um rol taxativo dos direitos reais no art. 1.225 do CC.

Art. 1.225. São direitos reais:


I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese.
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei n. 11.481,
de 2007)
XII – a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei n. 13.465, de 2017)
XIII – a laje. (Redação dada pela Lei n. 13.465, de 2017)

Percebe-se que a posse, por representar apenas parte do direito de proprieda-

de, não está elencada no rol apresentado. Com isso, conclui-se que a posse é um

instituto do Direito das Coisas, mas não é um Direito Real.

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Para efeitos de concurso público, o direito real mais importante é a propriedade.

Veremos isso ao longo dessa aula.

A posse não é um direito real, apesar de ser um instituto jurídico estudado dentro

do direito das coisas!!!

Cabe também diferenciarmos os conceitos de direto real e de direito pessoal.

• Direito real: é o poder jurídico, direito e imediato, do titular sobre a coisa,

com exclusividade e contra todos (oponibilidade erga omnes).

• Direito pessoal: consiste em uma relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode

exigir do sujeito passivo uma determinada prestação (efeito inter partes).

A tabela a seguir permite uma melhor visualização:

Direitos Reais Direitos Pessoais


Têm por objeto a res (coisa). Podem ser exercidos contra a própria pessoa.
Prevalece o ter. Prevalece o fazer.
Recaem sobre coisas determinadas. Podem não recair sobre coisa certa.
São de enumeração legal taxativa. Ultrapassam a enumeração da lei.
Se exercitam contra todos Pressupõem um sujeito passivo discriminado
(efeitos erga omnes). (efeitos inter partes).

Pensando em detalhar o caminho a ser percorrido na aula de hoje, temos, a se-

guir, uma tabela em que consta a divisão feita pela doutrina sobre os direitos reais.

Entretanto, apenas a posse e a propriedade serão estudadas na aula de hoje.

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Divisão dos Direitos Reais

Direitos reais
sobre coisa • propriedade.
própria

• enfiteuse;
• superfície;
• servidão predial;
De gozo ou fruição
• usufruto;
• uso;
• habitação.

Direitos reais • penhor;


sobre coisa • hipoteca;
De garantia
alheia • anticrese;
• alienação fiduciária em garantia.

• compromisso ou promessa irretratável de


De aquisição
compra e venda.

• concessão de uso especial para fins de moradia;


De interesse social
• concessão de direito real de uso.

Sobre o Direito de Laje, que foi recentemente inserido no rol dos Direitos Reais,

há quem diga que se trata de um Direito Real sobre Coisa Própria por derivar da

propriedade. Outra parte da doutrina entende que se trata de um Direito Real de

Gozo ou Fruição, tendo origem na Superfície.

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1. Posse
1.1. Teorias sobre a Posse

Duas teorias relevantes conceituam o que vem a ser a posse: a teoria subjetiva
e a teoria objetiva.

Teoria Subjetiva

Tendo Savigny como principal responsável, define a posse como um poder fí-
sico sobre a coisa, com a intenção de tê-la para si. Dessa forma, podemos apontar
dois elementos caracterizadores: o corpus e o animus. O corpus seria o contato
físico com a coisa, isto é, a detenção, ao passo que o animus seria a intenção de
possuí-la como dono.
De acordo com a teoria subjetiva, o locatário e o usufrutuário não seriam pos-
suidores, pois eles detêm a coisa em nome alheio, sem a intenção de permanecer
definitivamente com ela (animus domini).

Teoria Objetiva

Tendo Ihering como principal responsável, sustenta que a existência da posse


dependeria exclusivamente do corpus, dispensando-se a presença do animus.
De acordo com a teoria objetiva, o locatário e o usufrutuário seriam possuido-
res, pois eles detêm a coisa e possuem contato físico com ela.

Qual foi a teoria adotada pelo Código Civil de 2002?

A resposta se dá no art. 1.196 do CC:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

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A boa doutrina diz que o dispositivo em questão se refere à teoria objetiva.

A posse é uma situação de fato que, por aparentar ser uma situação de Direito,

recebe proteção da lei. Ou seja, pode-se dizer que a posse é o efetivo exercício de

alguns dos poderes da propriedade (gozar, reaver, usar e dispor da coisa) por aque-

le que não é o proprietário (é apenas possuidor).

Nem sempre a aparência de dono revela a existência da posse. É o que ocorre com

a detenção, também chamada de flâmula de posse ou posse natural. O detentor é

aquele que se acha em relação de dependência para com outro e conserva a posse em

nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas, bem como aquele que

pratica os atos por mera permissão ou tolerância. Vide o art. 1.198 do CC:

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependên-


cia para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo,
em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

Como exemplos de detentores, temos o vigia e o caseiro, com relação à casa

que tomam conta; o motorista, com relação ao carro que dirige etc.

Conceito de Posse

• Teoria subjetiva (Savigny): corpus (poder de disponibilidade sobre a coisa)

e animus domini (intenção de ter a coisa).

• Teoria objetiva (Ihering): corpus (simples poder de disponibilidade sobre

a coisa).

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O Código Civil adotou a teoria objetiva, portanto, para haver posse, não precisa haver

intenção de ter a coisa. É possível a posse sem a propriedade (intenção de ter a coisa).

Ex.: um inquilino de um apartamento é possuidor (tem disponibilidade sobre a coi-

sa), mas não é proprietário (não é o dono da coisa).

1.2. Espécies de Posse

Existem várias formas de se classificar a posse. Entre elas, as principais são:

• posse direta e indireta;

• posse justa e injusta;

• posse de boa-fé e de má-fé;

• posse ad usucapionem e ad interdicta;

• posse nova e velha; e

• posse pro diviso e pro indiviso.

Vamos tratar de cada uma separadamente.

Posse Direta X Posse Indireta

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Quando duas pessoas têm a posse sobre a mesma coisa, mas em graus dife-

rentes, ficando um dos possuidores privados do uso imediato da coisa, a posse se

divide em direta e indireta.

Possuidor direto ou imediato é o que detém materialmente a coisa

(ex.: locatário de um bem).

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Possuidor indireto ou mediato é o proprietário que concede o direito de

usar a outro (ex.: locador).

O dispositivo legal em análise, além da divisão da posse em direta e indireta,

trata de dois importantes conceitos:


• a posse direta não anula a indireta: dessa forma, se algumas pesso-
as invadem um imóvel alugado, o locador (possuidor indireto) pode mover
ações possessórias contra os invasores, mesmo que o possuidor direto seja
o inquilino (locatário); e
• o possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto:
dessa forma, se o locador invade o imóvel locado durante a vigência do contrato

de locação, o locatário expulso pode ajuizar uma ação de reintegração de posse.

Posse Justa X Posse Injusta

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

O artigo em análise trata a posse justa como aquela que não apresenta vícios,

dessa forma, a contrario sensu, a posse injusta é aquela que apresenta vícios.

São três os vícios que podem tornar a posse injusta:

• Violência: ocorre quando a posse é adquirida mediante esforço físico ou gra-

ve ameaça. Tem certa semelhança com o crime de roubo.

Ex.: um movimento popular invade, violentamente, removendo obstáculos,

uma fazenda que estava cumprindo perfeitamente a sua função social.

• Clandestinidade: ocorre quando a posse é adquirida às ocultas do proprie-

tário ou do possuidor. Tem certa semelhança com o crime de furto.

Ex.: um movimento popular invade, à noite e sem violência, uma propriedade

rural que está sendo utilizada pelo proprietário, cumprindo a sua função social.

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• Precariedade: ocorre quando o possuidor direto, vencido o prazo de duração

da relação jurídica, se recusa a restituir a coisa ao possuidor indireto; ou seja,

decorre de um abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa a título

provisório. Tem certa semelhança com o crime de apropriação indébita.

Ex.: o locatário de um bem móvel que não devolve o veículo ao final do con-

trato de locação.

Os vícios citados podem convalescer (desaparecer com o decurso de

tempo)?

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.

De acordo com o artigo anterior, os vícios da violência e da clandestinidade podem

convalescer. Entretanto, o mesmo não se pode dizer sobre o vício da precariedade.

Qual é o período de tempo para convalescer os vícios da violência e da

clandestinidade?

Art. 558. do NCPC. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse


as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia
da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.

Segundo o art. 558 do Novo Código de Processo Civil, as ações possessórias

para reaver o bem que foi tomado de forma violenta ou clandestina deve ser pro-

posta no prazo de ano e dia. Após esse período, a posse injusta pela violência ou

clandestinidade passa a ser justa.

Dessa forma, a explicação anterior acaba “quebrando” a regra prevista no art.

1.203 do CC.

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Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter


com que foi adquirida.

Conclui-se que a continuação do caráter de aquisição da posse, salientado no

artigo em questão, atinge somente a posse precária, que é insuscetível de convali-

dação, sendo, portanto, insanável.

Posse de Boa-Fé X Posse de Má-Fé

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que im-


pede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo
prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

Terá boa-fé o possuidor que estiver convicto de que a coisa realmente lhe per-
tence, sem saber que está prejudicando o direito de outra pessoa, por ignorar a
existência de vício que lhe impede a aquisição da coisa.

Ou seja, tal classificação da posse é um estado de consciência. Se o possuidor

ignora a existência do vício na aquisição da posse, então temos a posse de boa-fé.

Por outro lado, se o vício é de seu conhecimento, então a posse é de má-fé.

Não se deve confundir a posse de boa-fé com a posse justa. Para verificar se a pos-
se é de boa-fé, temos um critério psicológico (subjetivo). Por outro lado, para veri-
ficar se a posse é justa, estamos diante de um critério objetivo, bastando o exame
da existência ou não dos vícios.
Posse de boa-fé/Posse de má-fé → critério subjetivo.

Posse justa/Posse injusta → critério objetivo.

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que
as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

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Sendo a boa-fé um estado de consciência, a partir do momento que surge a

presunção de que o possuidor não ignora a existência de vícios, surgirá a má-fé.

Posse ad interdicta X Posse ad usucapionem

A posse ad interdicta é aquela que pode ser defendida pelos interditos ou

ações possessórias quando houver moléstia. Entretanto, o seu prolongamento não

é capaz de conduzir à usucapião, pois o possuidor não possui a intenção de ter a

coisa em definitivo (animus domini). Como exemplo de posse ad interdicta, temos

o locatário de um apartamento.

A posse ad usucapionem é a exercida com a intenção de ter a coisa em defi-

nitivo (animus domini), devendo também ser mansa, pacífica, ininterrupta, justa e

durante o lapso de tempo necessário à aquisição da propriedade. É o tipo de posse

que possibilita a aquisição da propriedade por meio da usucapião.

Posse Nova X Posse Velha

A classificação da posse em nova ou velha é baseada no tempo de posse. A pos-

se nova é a que conta menos de ano e dia, ao passo que a posse velha é a que

conta mais de ano e dia.

A influência dessa classificação gera efeitos na esfera processual, interferindo

nos ritos processuais.

Posse pro diviso X Posse pro indiviso

Este assunto está relacionado com a composse, ou seja, quando há uma posse

em comum e do mesmo grau entre duas ou mais pessoas. É o que ocorre com os

cônjuges no regime da comunhão universal de bens.

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Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer
sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

A posse pro indiviso é a composse de direito e de fato, na qual cada compossui-

dor tem o direito de exercer a posse sobre o todo, não podendo um excluir a posse do

outro. Caso ocorra tal exclusão, o compossuidor turbado ou esbulhado poderá mover

ação possessória contra o outro compossuidor para reapoderar-se da coisa.

Ex.: quando um casal mora em uma casa, um não pode limitar o outro a transitar

em determinadas partes da casa, pois os dois exercem uma posse pro indiviso.

A posse pro diviso é a composse de direito, mas não de fato, na qual cada

compossuidor não tem o direito de possuir a parte da área reservada ao outro.

Nesse tipo de composse, um dos compossuidores pode impedir o acesso do outro

à sua área. Na prática, existe uma divisão fática, mas no título de propriedade não

há tal divisão.

Ex.: quando dois irmãos possuem uma fazenda e um planta beterrabas na sua

metade e o outro planta batatas na segunda metade.

1.3. Aquisição da Posse


Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,
em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

O momento de aquisição da posse ocorre quando a pessoa puder exercer, em

nome próprio, alguns dos poderes inerentes à propriedade (Gozar, Reaver, Usar e

Dispor – GRUD).

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

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As pessoas que podem adquirir a posse são:


• a própria pessoa que pretende ter a posse;
• o representante legal – quando o titular for incapaz e necessitar de
um representante;
• o procurador – quando houver uma procuração nomeando um represen-
tante convencional;
• o terceiro sem mandato – quando alguém, sem procuração, adquire a posse para
outrem, tal aquisição fica na dependência de ratificação da pessoa interessada.

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os


mesmos caracteres.

Havendo a transmissão causa mortis da posse, os herdeiros ou legatários


tomam o lugar do de cujus, continuando a posse com os mesmos caracteres
(vícios ou qualidades).

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao


sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

A acessão da posse é a soma do tempo de posse do atual possuidor com o de


seus antecessores. Podem ser de duas espécies, como veremos a seguir.

Acessão por Sucessão

Ocorre na sucessão a título universal, ou seja, quando o sucessor substitui o


titular primitivo na totalidade dos bens ou numa quota ideal deles. Como exemplo
temos o herdeiro que recebe 50% dos bens do de cujus.
Nesse caso, o sucessor irá continuar a posse que já havia sido iniciada.

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Acessão por União

Ocorre na sucessão a título singular, ou seja, quando o sucessor adquire di-

reitos ou coisas determinadas, como o comprador, o donatário e o legatário. Nesse

caso, existe a possibilidade de o sucessor continuar a somar a sua posse à posse

do antecessor se lhe convier. Caso a faculdade de opção seja exercida, a posse per-

manecerá com os mesmos caracteres da posse original.

Na sucessão a título universal, bem como na sucessão a título singular, as pos-

ses (anterior e posterior) podem ser utilizadas para conduzir a aquisição da pro-

priedade por usucapião.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.

Atos de mera permissão ou tolerância, tal como o caseiro que mora na fa-

zenda, não caracterizam uma posse, mas apenas uma mera detenção.

Igualmente acontece com os atos violentos e clandestinos, que são capazes

de gerar posse apenas depois que cessar a violência ou a clandestinidade.

Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis
que nele estiverem.

A regra desse artigo está fundamentada na presunção juris tantum (relativa) de

que os bens móveis, como acessórios, pertencem ao respectivo imóvel. Ou seja,

presume-se que o sofá localizado na sala de uma casa é do possuidor da casa.

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1.4. Efeitos da Posse

Os principais efeitos da posse são:

• direito ao uso dos interditos;

• defesa direta;

• percepção dos frutos;

• indenizações por benfeitorias;

• direito de retenção por benfeitorias; e

• responsabilidade pelas deteriorações.

Vamos tratar de cada um deles separadamente.

A Faculdade de Usar os Interditos

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Os interditos são as ações possessórias. Tais ações são cabíveis quando a posse

for justa, pouco importando se a posse é de boa-fé ou de má-fé, direta ou indireta.

São três os tipos de interditos possessórios.

• Ação de reintegração de posse: é a ação apropriada para o caso concre-

to em que o possuidor tenha sido desapossado, em decorrência de esbulho

(perda da posse), pouco importando se total ou parcial, e para que seja re-

conduzido à posse, seja restituído o possuidor na posse. É o interdito especí-

fico para que o possuidor retome uma posse que lhe tenha sido tomada por

qualquer ato violento ou derivado de precariedade ou clandestinidade.

• Ação de manutenção da posse: é a ação destinada para a proteção do pos-

suidor na posse contra atos de turbação de outrem, cujo objetivo é garantir

principalmente a posse de imóveis e a quase-posse das servidões e só terá

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utilização se o possuidor for molestado na sua posse, isto é, se o possuidor,

sem perder a sua posse, vem a ser perturbado nela. Tem o objetivo de fazer

cessar o ato do turbador, que molesta o exercício da posse, contudo sem de-

saparecer a própria posse.

• Interdito proibitório: é uma ação de natureza preventiva, desdobrada da

ação de manutenção de posse. É apropriada para que o possuidor, em vias de

comprovada ameaça, proponha e receba a devida segurança, que nada mais

é do que uma ordem judicial proibitória (daí o seu nome), para impedir que

se concretize tal ameaça, acompanhada de pena ou castigo para a hipótese

de falta de cumprimento dessa ordem.

Segue o gráfico esquemático abaixo:

Interdito proibitório Manutenção da posse Reintegração da posse


(proteção preventiva) (após a turbação) (após a perda)

Existem ainda outros tipos de ações possessórias, mas o assunto será estudado

com mais detalhes no Direito Processual Civil.

• Imissão na posse: utilizada quando o proprietário, por meio da transcrição

de seu título, adquire o domínio da coisa que o alienante, ou terceiros, persis-

tem em não lhe entregar.

• Nunciação de obra nova: utilizada para impedir que nova obra em prédio

vizinho prejudique o confinante.

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• Embargos de terceiro senhor e possuidor: utilizada com a finalidade de

defender os bens possuídos, não sendo parte no feito, sofre turbação ou esbu-

lho na posse de seus bens, por efeito de penhora, depósito, arresto, sequestro,

venda judicial, arrecadação, partilha ou outro ato de apreensão judicial.

Defesa Direta da Posse

Art. 1.210
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua pró-
pria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir
além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

Por meio do referido dispositivo, o legislador admite dois meios hábeis para a

proteção possessória:

• legítima defesa da posse – é a reação imediata (logo) e moderada (não

pode ir além da violência necessária à manutenção ou restituição da posse) à

turbação (moléstia) da posse; e

• desforço imediato – é a reação imediata (logo) e moderada (não pode ir

além da violência necessária à manutenção ou restituição da posse) ao es-

bulho (perda) da posse.

Na legítima defesa, a violência é empregada para impedir a perda da posse,

ao passo que, no desforço imediato, a violência é empregada para recuperar a

posse perdida.

Sobre o elemento temporal da reação ao esbulho ou à turbação, se ela for tar-

dia, ficará caracterizado o crime previsto no art. 345 do Código Penal: Exercício

Arbitrário das Próprias Razões.

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Art. 1.210, § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de pro-


priedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Ainda no art. 1.210 do CC, o fato de outra pessoa estar questionando a pro-

priedade ou outro direito sobre a coisa turbada ou esbulhada não impede que o

possuidor intente ação de manutenção da posse ou ação de reintegração da posse.

Percepção dos Frutos

Conforme já estudamos anteriormente, frutos são produções normais e periódi-

cas da coisa, podendo ser, quanto à origem, naturais, industriais ou civis. Por outro

lado, quando classificados de acordo com o seu estado, dividem-se em pendentes,

percebidos ou colhidos, estantes, percipiendos e consumidos.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser res-
tituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.

O possuidor de boa-fé, nos termos do art. 1.214 do CC, tem direito aos frutos

percebidos ou colhidos de forma tempestiva. Ou seja, o possuidor de boa-fé não

é obrigado a devolver os frutos que colher durante a posse. Entretanto, os frutos

pendentes, que ainda não foram separados do bem principal, devem ser devolvidos

ou ter o valor compensado com as despesas de produção e custeio.

Como exemplo, se o possuidor de boa-fé plantar e colher, então terá direito

ao que for colhido (fruto percebido), porém, a plantação que ainda não foi colhida

(fruto pendente), como regra, terá de ser devolvida, caso ocorra o fim da posse.

Os frutos que, fraudulentamente, forem colhidos de forma antecipada, também

devem ser restituídos, sob pena de locupletação da coisa alheia.

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Conclui-se que a lei ampara o interesse do possuidor de boa-fé, por ser mais

próximo do interesse social, pois explorando a coisa, o possuidor de boa-fé dá uma

destinação econômico-social para o bem.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que


são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Se os frutos forem naturais (resultantes de força orgânica da natureza) ou in-


dustriais (decorrentes do engenho humano), serão tidos como colhidos e percebi-

dos no momento da separação de sua fonte.

Como exemplo, temos as frutas separadas do pé, o tecido que sai do tear etc.

Em se tratando de frutos civis (ex.: juros, aluguéis etc.), independente do dia

do pagamento, reputam-se percebidos dia a dia.

Momento em que são considerados percebidos


Frutos naturais e industriais Separação do bem principal.
Frutos civis Dia a dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,


bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

O artigo em questão pune o dolo e a malícia do possuidor de má-fé ao exigir que

ele responda por todos os danos que causou com os frutos colhidos e percebidos.

Indenização por Benfeitorias e Direito de Retenção

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessá-


rias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-
rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias.

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O possuidor de boa-fé tem o direito de ser indenizado pelos melhoramentos que

introduziu no bem. Entretanto, deve-se atentar para qual o tipo de melhoramento

que foi introduzido.

O possuidor de má-fé também tem alguns direitos pelos melhoramentos intro-

duzidos, de acordo com a espécie.

O quadro a seguir indica quando poderá haver a indenização.

Tem direito à indenização quanto às benfeitorias necessárias,


úteis e voluptuárias, mas só pode exercer o direito de retenção
Possuidor de boa-fé
nas duas primeiras. Nas benfeitorias voluptuárias, caso a indeniza-
ção seja negada, o possuidor pode levá-las consigo.
Tem direito à indenização quanto às benfeitorias necessárias.
Possuidor de má-fé Entretanto, ele não pode exercer o direito de retenção, tampouco
o direito de levantar.

Enquanto não for paga a indenização ao possuidor de boa-fé pelas benfeitorias

necessárias e úteis, será cabível o direito de retenção (meio de defesa pelo o qual o

credor continua a deter o bem até que ocorra a indenização). Tal direito de retenção

não se aplica ao possuidor de má-fé.

Quanto às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé poderá levantá-las,

ou seja, levá-las consigo. Entretanto, tal direito não assiste ao possuidor de má-fé.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimen-


to se ao tempo da evicção ainda existirem.

Caso o possuidor esteja obrigado a ressarcir alguma coisa, poderá haver a com-

pensação entre o valor utilizado com as benfeitorias e o valor a ser pago a título de

ressarcimento.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé,


tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé
indenizará pelo valor atual.

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Sobre o valor a ser indenizado em decorrência da realização de benfeitorias, o

legislador faculta que o reivindicante escolha entre o valor atual e o valor de custo,

em se tratando de um possuidor de má-fé; porém, se o possuidor for de boa-fé, a

indenização deverá ser feita pelo valor atual.

Responsabilidade pelas Deteriorações

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa a


que não der causa.

O dispositivo regula a responsabilidade civil do possuidor de boa-fé pela perda

ou deterioração do bem a que não der causa, pois a responsabilidade existirá so-

mente para as hipóteses em que ocorrer dolo ou culpa de sua parte.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda


que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse
do reivindicante.

Sobre o possuidor de má-fé, a única exceção à responsabilidade civil de

indenizar encontra-se na possibilidade de o possuidor de má-fé provar que o

resultado danoso ocorreria do mesmo modo se o bem estivesse em poder do

postulante (“reivindicante”).

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Sobre os efeitos da posse, resumidamente, temos o seguinte:

Direitos Possuidor de Boa-Fé Possuidor de Má-Fé


Faculdade de invocar inter- Todos possuem o direito de invocar os interditos, basta que a posse
ditos (ações possessórias) seja justa em relação ao adversário.
Defesa direta da posse Turbação (moléstia)  legítima defesa.
Esbulho (perda)  desforço imediato.
São admitidos desde que feitos de forma imediata.
Percepção dos frutos Tem direito aos frutos percebi- Responde pelos frutos percebidos
dos (colhidos). (colhidos).
Indenização por benfeito- Tem direito à indenização das Tem direito à indenização das
rias e direito de retenção benfeitorias úteis e necessárias benfeitorias necessárias apenas,
e direito de retenção do imóvel mas não tem direito de retenção
pela indenização do valor gasto. do imóvel pelo pleito de indeni-
Tem direito a levantar as benfei- zação.
torias voluptuárias.
Responsabilidade pela dete- CF ou FM  não responde. CF ou FM  responde.
rioração ou perda da coisa Culpa  responde. Culpa  responde.

1.5. Perda da Posse


Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o
poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

O possuidor perde a posse quando não há mais, contra sua vontade, poder fático

de ingerência socioeconômica sobre determinado bem. Tais poderes são o GRUD.

Entretanto, o possuidor esbulhado só vem a perder a posse de um bem quando não

busca a reintegração dentro do período de ano e dia, que passa a funcionar como

uma espécie de condição suspensiva.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,


quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.

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O dispositivo legal quer dizer que a simples ausência não importa na perda da pos-

se, podendo o possuidor, embora ausente, continuar a posse solo animo, ainda que a

coisa possuída por ele tenha sido ocupada por um terceiro, durante a sua ausência.

2. Propriedade
Propriedade é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar (faculdade

de servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que convier), gozar (retirar os frutos e

utilizar os produtos), dispor (alienar ou consumir) de um bem ou reavê-lo (reivin-

dicar) de quem injustamente o possua ou detenha.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direi-


to de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

GOZAR (jus fruendi)


Poderes da propriedade REAVER (rei vindicato)
(GRUD) USAR (jus utendi)
DISPOR (jus disponendi)

Art. 1.228, § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas


finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio eco-
lógico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

Aqui está consagrado o princípio da função econômico-social da proprie-

dade, preconizado no art. 5º, XXIII, da Constituição Federal, que visa coibir abusos

e que haja prejuízo ao bem-estar social.

A função econômico-social da propriedade é um conceito que foi construído ao

longo de muitas décadas. De forma simplificada, dizer que a propriedade atende a

uma função social é dizer que a ela é dada uma forma de conceito do habitante de

determinado local, dentro do contexto da sociedade em que se insere.

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Terrenos ou edificações ociosos em área urbana não atendem à sua função

social. A partir do momento, no entanto, em que é dada finalidade àquele imó-

vel, seja ele usado para moradia ou para fins comerciais, diz-se que ele atende

a uma função social.

A função social, portanto, é conceito intrínseco à própria propriedade privada.

Não basta a titularidade, o proprietário deve estar sensibilizado para com o dever

social imposto pela própria Constituição.

Art. 1.228, § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodi-
dade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

O proprietário não pode praticar dolosamente, no exercício normal do direito de

propriedade, atos com a intenção de causar dano a outrem e não de satisfazer uma

necessidade sua ou interesse seu.

Dessa forma, não se pode construir uma chaminé falsa para única e exclusivamente

bloquear o sol da piscina do vizinho, pois tal conduta representa um ato emulativo. Os

atos emulativos são considerados atos ilícitos e, por isso, são vedados.

Art. 1.228, § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropria-


ção, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisi-
ção, em caso de perigo público iminente.

A desapropriação é uma modalidade especial de perda da propriedade imobili-

ária pela qual o Poder Público, compulsoriamente, despoja alguém de uma proprie-

dade e a adquire para si, mediante indenização prévia e em dinheiro ou títulos da

dívida pública, fundada em um interesse público. O assunto é estudado de forma

mais aprofundada no âmbito do Direito Administrativo.

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A requisição é um ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse público,

constitui alguém, de modo unilateral e autoexecutório, na obrigação de prestar-lhe

serviço ou ceder-lhe transitoriamente o uso de uma coisa, obrigando-se a indenizar

os prejuízos que tal medida efetivamente acarretar ao obrigado.

Art. 1.228
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado con-
sistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em
nome dos possuidores.

Os §§ 4º e 5º tratam da desapropriação judicial fundada na posse “pro

labore” que também ocorrerá mediante uma justa indenização.

Com base no princípio da função econômico-social da propriedade, dá-se es-

pecial proteção à posse trabalho, isto é, à posse ininterrupta e de boa-fé por mais

de 5 anos de uma extensa área que traduza um trabalho criador de um número

considerável de pessoas.

2.1. A Propriedade do Subsolo, do Solo e do Espaço Aéreo


Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo corresponden-
tes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se
a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que
não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

A propriedade de um terreno abrange a do subsolo correspondente, bem como

a do espaço aéreo acima do solo. Entretanto, o proprietário não pode se opor à uti-

lização do seu subsolo e do seu espaço aéreo quando por terceiros, caso não tenha

um interesse legítimo.

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Como exemplo, o proprietário de um terreno não pode impedir que passe um

avião por cima de seu terreno a 2.000 metros de altura; ou então, ou impedir que

se perfure 300 metros abaixo de seu terreno para instalação de metrô.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos


minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros
bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais
de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação
industrial, obedecido o disposto em lei especial.

Apesar do proprietário do solo também ser proprietário do subsolo e do espaço

aéreo correspondentes, ele não será proprietário das minas. Jazidas e energia hi-

dráulica que, pelo art. 176 da CF, pertencem ao patrimônio da União, para efeito de

sua exploração ou aproveitamento.

Art. 176 da CF – As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os poten-


ciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.
[...].
§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma
e no valor que dispuser a lei.

Entretanto, a participação nos resultados da lavra e o direito de explorar os re-

cursos minerais que puderem ser utilizados imediatamente na construção civil são

garantidos ao dono do solo.

A seguir, temos uma tabela que resume o assunto. Ressalto que já vi várias

questões das bancas FCC e CESPE/UnB que tratam destes conceitos. Como as de-

mais tendem a segui-las, recomendo o estudo sólido deste ponto.

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Propriedade do Solo
Abrange, porém o proprietário não pode
Subsolo e espaço
se opor a atividades de terceiros que não
aéreo correspondentes
tenha interesse legítimo.
Jazidas, minas e demais recursos mine-
rais, os potenciais de energia hidráulica, Não abrange, mas é assegurado ao proprie-
os monumentos arqueológicos e outros tário participação nos resultados da lavra.
bens referidos por leis especiais
Podem ser explorados pelo proprietário,
Recursos minerais de emprego imediato
desde que não sejam submetidos à transfor-
na construção civil
mação industrial.

2.2. Características do Direito de Propriedade


Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

O direito de propriedade apresenta três características essenciais: é absoluto,

exclusivo e irrevogável ou perpétuo.

• Absoluto: é o mais completo dos direitos reais; o seu titular pode utilizar o

bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações legais impostas (inte-

resse público) ou coexistência do direito de propriedade de outros titulares.

• Exclusivo: a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade (portanto,

ressalvado o condomínio) e simultaneamente a duas ou mais pessoas.

• Irrevogável ou perpétuo: a duração da propriedade é ilimitada, não cessa

pelo não uso e é transmissível com a morte.

2.3. Classificação da Propriedade

A propriedade classifica-se em:

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• plena (ou alodial) – quando o proprietário tem o direito de uso, gozo e dis-

posição plena enfeixados em suas mãos, sem que terceiros tenham qual-

quer direito sobre àquele bem. Todos os elementos estão reunidos nas

mãos do seu titular;

• limitada (ou restrita) – quando o proprietário tem sobre propriedade al-

gum ônus (ex.: hipoteca, servidão, usufruto etc.), ou quando for resolúvel

(se extinguirá com um acontecimento futuro).

Na verdade, o direito de propriedade é composto de duas partes destacáveis:

• nua-propriedade – corresponde à titularidade, ao fato de ser proprietário e

ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que a nua-propriedade é aquela

despida dos atributos do uso e da fruição, tendo direito à essência, à

substância da coisa. A pessoa recebe o nome de nu-proprietário, senhorio

direto ou proprietário direto;

• domínio útil – corresponde ao direito de usar, gozar e dispor da coisa.

Dependendo do direito que tem, recebe nome diferente: enfiteuta, usufrutuá-

rio etc. Dessa forma, uma pessoa pode ser o titular, o proprietário, ter o bem

registrado em seu nome e outra pessoa pode ter direitos de usar, gozar e até

dispor daquele bem, em virtude de um contrato. Ex.: usufruto.

2.4. A Descoberta

A descoberta é o achado de coisa perdida por seu dono, sendo descobridor

aquele que encontra a coisa.

Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legí-
timo possuidor.

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Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o en-
contrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.

A descoberta não é uma forma de aquisição da propriedade, pois a coisa achada

possui dono e, por isso, deve ser devolvida a este ou a uma autoridade competente.

A descoberta não é uma forma de aquisição da propriedade!!!

Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá
direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização
pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono
não preferir abandoná-la.
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o es-
forço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as
possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.

O descobridor que vier a restituir o objeto achado terá direito a receber uma re-

compensa a título de prêmio pela sua honestidade. Tal recompensa é denominada

achádego e não pode ser inferior a 5% do valor do objeto.

Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possui-


dor legítimo, quando tiver procedido com dolo.

Também está consagrada a responsabilidade civil do descobridor por dano cau-

sado dolosamente.

Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da impren-


sa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar.
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital,
não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em
hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, per-
tencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.

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Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em


favor de quem a achou.

Por fim, os arts. 1.236 e 1.237 do CC tratam dos procedimentos que devem

ser observados pela autoridade competente por ocasião da restituição de um

objeto achado.

Cabe ressaltar que a não devolução de um objeto achado tipifica o crime previs-

to no art. 170, II, do CP:

Art. 170 (...)
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único – Na mesma pena incorre:
Apropriação de coisa achada
II – quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando
de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente,
dentro no prazo de quinze dias.

2.5. Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel

A seguir temos um gráfico esquemático sobre as formas de aquisição da pro-

priedade imóvel:

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Modo Originário de Aquisição da Propriedade Imóvel

Ocorre quando não há transmissão de uma pessoa para outra; o indivíduo

faz seu o bem sem que este lhe tenha sido transmitido por alguém.

Por acessão (art. 1.248 do CC)

Fica pertencendo ao proprietário tudo quando se une ou se incorpora ao seu

bem. Há um aumento do valor ou do volume do objeto, devido a forças externas.

Art. 1.248. A acessão pode dar-se:


I – por formação de ilhas;
II – por aluvião;
III – por avulsão;
IV – por abandono de álveo;
V – por plantações ou construções.

São espécies de acessão:

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• Ilhas formadas por força natural (art. 1.249 do CC) – trata-se do acú-

mulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de

rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo

ou do leito. Interessam ao direito civil somente as ilhas formadas em rios não

navegáveis ou particulares, por pertencerem ao domínio particular.

Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem


aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I – as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos ter-
renos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até
a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II – as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acrés-
cimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III – as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a
pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

• Aluvião (art. 1.250 do CC) – acréscimo paulatino de terras às margens do rio,

mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou desvios das águas. Es-

ses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos marginais, observando-se

a regra de que o acessório segue o principal.

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por de-


pósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio
das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários dife-
rentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.

No artigo em questão a doutrina consagra duas espécies de aluvião:

− aluvião própria: quando o acréscimo se formar pelos depósitos ou aterros

naturais nos terrenos marginais dos rios; e

− aluvião imprópria: quando o acréscimo de formar em virtude do afasta-

mento das águas que descobrem parte das margens (álveo) do rio.

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• Avulsão (art. 1.251 do CC) – repentino deslocamento de uma porção de

terra “avulsa” por força natural violenta, desprendendo de um prédio e jun-

tando-se a outro.

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um
prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar
o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se
juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.

• Álveo abandonado ou abandono de álveo (art. 1.252 do CC) – álveo é o

leito do rio. Secando ou desviando (fenômeno natural), tem-se o abandono

de álveo; dá-se a mesma solução da formação de ilhas.

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas
margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem
novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.

• Acessões artificiais ou físicas ou industriais (arts. 1.253 a 1.259 do CC)

– derivam de um comportamento ativo do homem, como plantações, cons-

truções etc. Possui caráter oneroso e se submete à regra de que tudo aquilo

que se incorpora ao bem em razão de uma ação qualquer, cai sob o domínio

de seu proprietário.

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita


pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes,
plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pa-
gar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em pro-
veito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé,
terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do
terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo,
mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes,
plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.

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Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção,


ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as
sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar
do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do planta-
dor ou construtor.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em
proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a pro-
priedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e
responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desva-
lorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o cons-
trutor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à
vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte
e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima
parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos
que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da
desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele cons-
truiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.

Por Usucapião (arts. 1.238 a 1.244 do CC)

É o modo de aquisição da propriedade, independente da vontade do titular ante-

rior. Ocorre quando alguém detém a posse de uma coisa com ânimo de dono (posse

ad usucapionem), por um tempo determinado, sem interrupção e sem oposição.

Como a usucapião acarreta a aquisição da propriedade em decorrência da posse

prolongada por um período de tempo, ela também é chamada de prescrição aqui-

sitiva. São suas espécies:

• Extraordinária (art. 1.238 do CC)

Art. 1.238 do CC – Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, pos-
suir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de
título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

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Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o pos-
suidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras
ou serviços de caráter produtivo.

Para que se tenha a usucapião extraordinária, são necessários os seguintes

requisitos:

− posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;


− decurso do prazo de 15 anos, que poderá ser reduzido para 10 anos se
o possuidor estabelecer no imóvel sua moradia habitual ou nele realizar
obras e serviços de caráter produtivo, aumentando a utilidade do bem; e
− dispensa-se o justo título e a boa-fé.
• Ordinária (art. 1.242 do CC)

Art. 1.242 do CC – Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver
sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartó-
rio, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a
sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.

Para que se tenha a usucapião ordinária, são necessários os seguintes requisitos:

− posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

− decurso do prazo de 10 anos, que poderá ser reduzido para 5 anos se o

possuidor tiver adquirido o imóvel onerosamente e cujo registro foi cance-

lado, desde que seja estabelecida a moradia no imóvel ou tenha sido reali-

zado investimentos de interesse social e econômico; e

− exige-se um justo título e boa-fé.

Por justo título, deve ser entendido um título idôneo, mesmo que apresente

vício de forma, capaz de operar a transferência da propriedade, tal como uma es-

critura pública, uma cessão de direito, um formal de partilha etc.

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Constitucional Urbana ou pro moradia (art. 1.240 do CC)

Art. 1.240 do CC - Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo pos-
suidor mais de uma vez.

Tendo em vista que o solo urbano não pode ficar sem um adequado aprovei-

tamento, reconhece-se a quem o utilizar, homem ou mulher, casado ou solteiro,

a possibilidade de adquirir o domínio se não for proprietário de outro imóvel ur-

bano ou rural.

Para que se tenha a usucapião constitucional urbana, são necessários os

seguintes requisitos:

• posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

• decurso do prazo de 5 anos;

• dimensão da área de até 250 m2.

Cabe ressaltar que a Lei n. 13.105/2015 inseriu o art. 216-A na Lei de Registros

Públicos, de modo a permitir a aquisição da propriedade por meio de usuca-

pião especial de forma extrajudicial.

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento


extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do re-
gistro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requeri-
mento do interessado, representado por advogado, instruído com: (...)

Constitucional Rural ou pro labore (art. 1.239 do CC)

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Art. 1.239 do CC – Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, pos-
sua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona
rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou
de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Se o possuidor tornar uma área de terra em zona rural produtiva com o seu tra-

balho e/ou de sua família, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural

poderá adquirir a sua propriedade.

Para que se tenha a usucapião constitucional rural, são necessários os

seguintes requisitos:

• posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

• decurso do prazo de 5 anos;

• dimensão da área de até 50 há.

Familiar

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposi-
ção, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e
cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-com-
panheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, ad-
quirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural. (Incluído pela Lei n. 12.424, de 2011)
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei n. 12.424, de 2011)

Temos aqui uma nova modalidade de usucapião de bem imóvel (usucapião fa-

miliar), inserida no Código Civil em 2011, cujo prazo é o menor de todos (2 anos).

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante


usucapião, a propriedade imóvel.
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

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A sentença judicial que consagra a usucapião não tem valor constitutivo, mas

sim, efeitos declaratórios, pois a aquisição efetiva da propriedade só ocorre atra-

vés do registro da sentença no respectivo Cartório de Imóveis.

Modo Derivado de Aquisição da Propriedade Imóvel

Ocorre quando há transmissibilidade do domínio.

• Pelo registro do título (arts. 1.227 e 1.245 a 1.247 do CC) – “SÓ É DONO

QUEM REGISTRA” !!!

O registro imobiliário é o poder legal de agentes do ofício público para efetuar to-

das as operações relativas a bens imóveis e a direitos a eles condizentes, promovendo

atos de escrituração, assegurando aos requerentes a aquisição e o exercício do direito

de propriedade e a instituição de ônus reais de fruição, garantia ou aquisição.

Com isso, o assentamento do registro dá proteção especial à propriedade imobi-

liária, por fornecer meios probatórios fidedignos da situação do imóvel, sob o ponto

de vista da respectiva titularidade e dos ônus reais que o gravam, e por revestir-se

de publicidade, que lhe é inerente, tornando os dados registrados conhecidos.

Ou seja, é por meio do registro que a propriedade é constituída e se torna opo-

nível erga omnes.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos refe-
ridos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título
translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido
como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invali-
dade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido
como dono do imóvel.

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Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial


do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar
que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, inde-
pendentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

• Pela sucessão hereditária: é a forma de transmissão derivada da proprie-


dade que se dá por ato causa mortis em que o herdeiro (legítimo ou testa-
mentário) ocupa o lugar do de cujus em todos os seus direitos e obrigações.

Art. 1.784 do CC – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdei-


ros legítimos e testamentários.

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2.6. Aquisição da Propriedade Móvel

Completando as formas de aquisição da propriedade, temos aquelas que se

referem aos bens móveis:

Modo Originário

Ocupação (art. 1.263 do CC)

É o assenhoramento de coisa móvel (inclui semoventes) sem dono, por não ter

sido ainda apropriada (res nullius) ou por ter sido abandonada (res derelictae),

desde que essa apropriação não seja proibida pela lei.

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a proprie-
dade, não sendo essa ocupação defesa por lei.

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A descoberta de coisa perdida não acarreta na aquisição da propriedade, de-

vendo, aquele que achou, devolver a res para a autoridade competente, conforme

o art. 1.233, § único do Código Civil

Usucapião

Não só os bens imóveis podem ser adquiridos pela usucapião, pois tal instituto

também é aplicável aos bens móveis e às servidões.

São duas as espécies de usucapião de bem móvel:


• Extraordinária (art. 1.261 do CC)

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usuca-
pião, independentemente de título ou boa-fé.

Para que se tenha a usucapião extraordinária, são necessários os seguintes

requisitos:
− posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;
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− não é necessário um justo título e boa-fé.
• Ordinária (art. 1.260 do CC)

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

Para que se tenha a usucapião ordinária, são necessários os seguintes requisitos:


− posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;
− decurso do prazo de 3 anos; e

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Achado de tesouro

Esta situação, comumente descrita em filmes, está prevista nos arts. 1.264

a 1.266 do CC. São quatro os requisitos do tesouro: ser antigo; estar escondido

(oculto, enterrado); o dono ser desconhecido; e o descobridor ter encontrado ca-

sualmente (sem querer). O tesouro se divide ao meio com o dono do terreno. Se o

descobridor estava propositadamente procurando o tesouro em terreno alheio sem

autorização, não terá direito a nada.

Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja me-
mória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro
casualmente.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado
por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o desco-
bridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.

Modo Derivado

• Especificação (arts. 1.269 a 1.271 do CC): é a transformação da coisa mó-

vel em espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do especificador,

desde que não seja possível reduzi-la à sua forma primitiva.

Ex.: lapidação de pedra preciosa.

Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie


nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente,
será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve
de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura
e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do
especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o
dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1o do artigo antece-
dente, quando irredutível a especificação.

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• Confusão, comistão e adjunção (arts. 1.272 a 1.274 do CC): ocorrem

quando coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclam de tal forma que

é impossível separá-las. Nesses casos, um dos donos irá adquirir a proprieda-

de de toda a mistura mediante uma indenização ao outro proprietário.

− Confusão – mistura entre coisas líquidas.

Ex.: misturar suco de laranja com vodca.

− Comistão – mistura de coisas sólidas ou secas.

Ex.: areia, cal e cimento, formando uma só massa.

− Adjunção – justaposição de uma coisa sobre outra.

Ex.: tinta em relação à parede.

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou ad-


juntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível sepa-
rá-las sem deterioração.
§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, sub-
siste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da
coisa com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indeni-
zando os outros.
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá
escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indeni-
zação que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à
confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273.

• Tradição: é o ato de entrega da coisa ao adquirente com o intuito de trans-

ferir-lhe a propriedade. Enquanto no bem imóvel a propriedade se transfere

com o registro do título, no bem móvel, via de regra, o ato de transferência

do domínio se dá com a tradição (art. 1.267 do CC).

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Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir
pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa,
que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da
coisa, por ocasião do negócio jurídico.

A tradição pode ocorrer das seguintes formas:


− tradição real, efetiva ou material: é aquela que se dá pela entrega efe-
tiva ou material da coisa;
− tradição simbólica: ocorre quando há um ato representativo da transfe-
rência da coisa. É o que ocorre na traditio longa manu, em que a coisa
a ser entregue é colocada à disposição da outra parte (ex.: entrega das
chaves de um apartamento);
− tradição ficta: é aquela que se dá por presunção, como ocorre na tradi-
tio brevi manu, em que o possuidor possuía em nome alheio e agora
passa a constituir em nome próprio (ex.: comprar o imóvel que você
mora de aluguel); e no constituto possessório, em que o possuidor
possuía em nome próprio e passa a possuir em nome alheio (ex.:
vender o seu imóvel e continuar morando nele de aluguel).

traditio longa manu (tradição simbólica)  entrega das chaves de um apartamento;


traditio brevi manu (tradição ficta)  comprar o imóvel que você mora de aluguel; e
constituto possessório (tradição ficta)  vender o seu imóvel e continuar mo-

rando nele de aluguel.

• Sucessão hereditária: nos termos do art. 1.784 do CC, o direito sucessório

também pode gerar a aquisição derivada da propriedade móvel.

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legí-
timos e testamentários.

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2.7. Perda da Propriedade Imóvel

O art. 1.275 do Código Civil relaciona cinco situações de forma exemplificativa,

que ocasionam a perda da propriedade.

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:


I – por alienação;
II – pela renúncia;
III – por abandono;
IV – por perecimento da coisa;
V – por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel
serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro
de Imóveis.

São elas:

• Alienação: forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse

direito, por sua própria vontade, transmite a outrem, de forma onerosa (ex.:

contrato de compra e venda) ou gratuita (ex.: doação) bem móvel (por meio

da tradição) ou imóvel (por meio do registro do título no cartório de imóveis).

• Renúncia: ato unilateral pelo qual o titular declara, expressamente, sua in-

tenção de “abrir mão” de seu direito sobre a coisa em favor de um terceiro,

que não precisará manifestar sua concordância (ex.: dois irmãos são os úni-

cos herdeiros de um pai que faleceu, sendo que um deles tem uma situação

econômica bem superior ao outro; dessa forma, se o “irmão rico” abrir mão

de sua parte na herança, ele estará renunciando).

• Abandono: ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz, voluntaria-

mente, do seu bem móvel ou imóvel, isso porque, já não deseja mais conti-

nuar sendo dono.

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• Perecimento da coisa: não é possível existir um direito real (sobre a coisa)

sem haver objeto. Dessa forma, se o objeto perece (deixa de existir), então

o direito deixa de existir junto com o objeto.

• Desapropriação: consubstanciada no princípio da supremacia do interesse

público, representa a perda compulsória da propriedade em decorrência de

ato unilateral do Estado em decorrência de necessidade pública, utilidade e/

ou interesse social.

Ressalta-se que essas cinco situações que acarretam a perda da propriedade

não representam uma lista taxativa.

Abandono de Imóvel

Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais
o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou
à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde
quer que ele se localize.
§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,
cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

O abandono do imóvel é um ato unilateral pela qual o titular da propriedade de

um imóvel dele se desfaz voluntariamente, sendo necessária a derrilição (inten-

ção de abandonar o imóvel). Uma simples negligência ou descuido em relação ao

bem não é capaz de caracterizar o abandono.

A sequência a ser observada é a seguinte:

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INTENÇÃO DE ABANDONAR

DECLARAÇÃO DE BEM VAGO

DECURSO DE 3 ANOS

TRANSFERÊNCIA PARA O DOMÍNIO DO MUNICÍPIO/DF/UNIÃO

Se você tem intimidade com o Direito Tributário, poderá perceber que se o imóvel

estiver situado em zona rural, passará para o domínio da União. Entretanto, se o imó-

vel estiver situado em zona urbana, passará para o domínio do Município. Tal fato tem

relação com os impostos ITR (competência da União) e IPTU (competência municipal).

3. Direito de Vizinhança
Neste tópico veremos regras que limitam o direito de propriedade a fim de evi-

tar conflitos entre proprietários de prédios contíguos, respeitando, assim, o conví-

vio social. Constituem obrigações propter rem (que acompanham a coisa).

Tais regras versam sobre:

• o uso anormal da propriedade;

• as árvores limítrofes;

• a passagem forçada;

• a passagem de cabos e tubulações;

• as águas;

• os limites entre prédios e o direito de tapagem;

• o direito de construir.

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Sobre o uso anormal da propriedade, os arts. 1.277 a 1.281 do CC determi-

nam que:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as


interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, pro-
vocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização,
a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e
os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as
interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o
possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, pode-
rá o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho
a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste
caução pelo dano iminente.
Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito
de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias
garantias contra o prejuízo eventual.

Sobre as árvores limítrofes, devemos observar os arts. 1.282 a 1.284 do CC:

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em


comum aos donos dos prédios confinantes.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, po-
derão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade particular.

A passagem forçada ocorre nos casos de terrenos encravados, ou seja, ter-

renos que não possuem acesso à via pública. Nesse caso, o assunto é tratado pelo

art. 1.285 do CC.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se
prestar à passagem.

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§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso
à via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação,
existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constran-
gido, depois, a dar uma outra.

Um vizinho permitir a passagem de cabos e tubulações para o imóvel do

outro está regulado pelos arts. 1.286 e 1.287 do CC.

Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvaloriza-


ção da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de
seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilida-
de pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível
ou excessivamente onerosa.
Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de
modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa,
para outro local do imóvel.
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do
prédio onerado exigir a realização de obras de segurança.

Sobre as águas, vejamos os arts. 1.288 a 1.296 do CC:

Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que


correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu
fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por
obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas,
correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe
indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfei-
tas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das
águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis
às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais,
que poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for pos-
sível a recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para
represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será
o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.

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Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos pro-
prietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as
águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde
que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o esco-
amento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
§ 1o Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento
pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como
da deterioração das obras destinadas a canalizá-las.
§ 2o O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que
atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.
§ 3o O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprie-
tários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as
despesas de conservação.
Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.
Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e cons-
truam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos
imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.
Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para
os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários
prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então
seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação.
Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aqueduto.

A respeito dos limites entre prédios e do direito de tapagem, os arts. 1.297

e 1.298 do CC regulam o assunto.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo
o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele
à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas
de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário,
pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformida-
de com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de
sua construção e conservação.
§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só
podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de peque-
no porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles,
pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

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Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de


conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado
se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda,
se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

Por fim, os arts. 1.299 a 1.313 traçam regras para que os vizinhos exerçam de

forma adequada o direito de construir.

Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprou-
ver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas,
diretamente, sobre o prédio vizinho.
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de
metro e meio do terreno vizinho.
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendicula-
res, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não
maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais
de dois metros de altura de cada piso.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que
se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não po-
derá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou
dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quanti-
dade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou
contramuro, ainda que lhes vede a claridade.
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três
metros do terreno vizinho.
Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamen-
to, o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio
contíguo, se ela suportar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade
do valor da parede e do chão correspondentes.
Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia
espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o
vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capaci-
dade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar
caução àquele, pelo risco a que expõe a construção anterior.
Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não
pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o
outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do ou-
tro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras,
da mesma natureza, já feitas do lado oposto.

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Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário recons-
truindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conser-
vação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada.
Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quais-
quer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências preju-
diciais ao vizinho.
Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões
de cozinha.
Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordiná-
rio, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.
Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou
à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.
Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de pro-
vocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do
prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias.
Parágrafo único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos pre-
juízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.
Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado
a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.
Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho
entre no prédio, mediante prévio aviso, para:
I – dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, recons-
trução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II – apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos,
goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva.
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá
ser impedida a sua entrada no imóvel.
§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado
direito a ressarcimento.

Essas regras inerentes ao direito de vizinhança são de fácil compreensão,

não havendo a necessidade de maiores explicações. Além disso, você verá no

tópico das questões de provas anteriores que o assunto costuma ser cobrado

em sua literalidade.

Terminamos a base teórica por aqui!!!!!

Espero que tenha gostado e vamos às questões.

Dicler.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questões da OAB – FGV

Questão 1    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XXIII EXAME/2017) À vista de todos

e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino

adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sus-

tento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros.

Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é

expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno,

que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à

retomada.

Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.

a) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado

esbulhador.

b) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com

base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido.

c) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação pos-

sessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia.

d) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao res-

sarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse.

Questão 2    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XVI EXAME/2015) Mediante o em-

prego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbu-

lho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um

ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu favor. Passados

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dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fa-

zenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de

reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por

Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio ar-

gumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo

que Cassandra o reembolsasse.

A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta.

a) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de

má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque

não mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado.

b) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias

e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.

c) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfei-

torias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.

d) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias

e devendo ser indenizado pelo valor atual delas.

Questão 3    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XV EXAME/2014) Com a ajuda de

homens armados, Francisco invade determinada fazenda e expulsa dali os funcio-

nários de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel, Francisco

decide dar continuidade às atividades agrícolas que vinham sendo ali desenvolvidas

(plantio de soja e de feijão). Três anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via

judicial, ser reintegrado na posse da fazenda.

Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que permaneceu na

posse da fazenda, assinale a afirmativa correta.

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a) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, mas tem

direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.

b) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que permane-

ceu na fazenda.

c) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a outra

metade a Gabriel.

d) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e não

tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.

Questão 4    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XII EXAME/2012) Acerca do institu-

to da posse é correto afirmar que

a) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas.

b) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.

c) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio.

d) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual

cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse.

Questão 5    (FGV/OAB UNIFICADO/Nacional/II Exame/2010) Sobre o constituto

possessório, assinale a alternativa correta.

a) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade.

b) Trata-se de modo originário de aquisição da posse.

c) Representa uma tradição ficta.

d) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na

sucessão universal.

Questão 6    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/II EXAME/2010) Assinale a alterna-

tiva que contemple exclusivamente obrigação propter rem:

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a) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão.

b) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais.

c) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever

de pagar as cotas condominiais.

d) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro que,

de boa-fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo.

Questão 7    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XIII EXAME/2014) Jeremias e Antô-

nio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as

chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da propriedade de cada um.

Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho atual de sua

propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido,

pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também

começou a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam

se não deveriam receber alguma indenização do outro.

Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos

trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando indenização a

ninguém.

b) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário do

terreno de onde aquela porção de terra se deslocou.

c) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida

pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver reclamado, após o

período de um ano.

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d) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro a

tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como área de trabalho.

Questão 8    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VIII EXAME/2012) Em janeiro de

2010, Nádia, unida estavelmente com Rômulo, após dez anos de convivência e sem

que houvesse entre eles contrato escrito que disciplinasse as relações entre com-

panheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos seguintes, Rômulo, que

não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, continuou, ininterruptamente,

sem oposição de quem quer que fosse, na posse direta e exclusiva do imóvel urba-

no com 200 metros quadrados, cuja propriedade dividia com Nádia e que servia de

moradia do casal. Em março de 2012, Rômulo – que nunca havia ajuizado ação de

usucapião, de qualquer espécie, contra quem quer que fosse - ingressou com ação

de usucapião, pretendendo o reconhecimento judicial para adquirir integralmente o

domínio do referido imóvel.

Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.

a) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada,

pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de 10 (dez) anos.

b) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada,

pois a hipótese de abandono do lar, embora possa caracterizar a impossibilidade da

comunhão de vida, não autoriza a propositura de ação de usucapião.

c) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada,

pois tal direito só existe para as situações em que as pessoas foram casadas sob o

regime da comunhão universal de bens.

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d) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo preenche

todos os requisitos previstos no Código Civil.

Questão 9    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XX EXAME/2016) O apartamento de

João é invadido e, entre outras coisas, um paletó é furtado. Três meses depois,

João descobre que o seu paletó está sendo usado por Ricardo. Ao ser confrontado,

Ricardo esclarece que adquiriu o paletó há um mês de um brechó, que o mantinha

exposto no mostruário. Alegou ainda que adquiriu a roupa sem saber que era pro-

veniente de furto. Em prova do alegado, Ricardo exibe documento comprobatório

da compra do paletó feita no brechó.

Tendo em vista a situação descrita, assinale a afirmativa correta.

a) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, pois o adquiriu do brechó, que

não era o verdadeiro dono da coisa.

b) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o adquiriu de boa-fé,

em estabelecimento comercial, que, nas circunstâncias do caso, aparentava ser o

dono da coisa.

c) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, mas deve indenizar João, entre-

gando-lhe soma equivalente ao preço que pagou ao brechó.

d) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o comprou do bre-

chó apenas dois meses depois do furto sofrido por João.

Questão 10    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XXVI EXAME/2018) Ronaldo é pro-

prietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide

vender metade dele para Abílio.

Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras,

descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do

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terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que ime-

diatamente passa a habitar o imóvel.

Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.

a) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo

contra a vontade deste, com base na usucapião.

b) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comuni-

cado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio.

c) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente

de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a constru-

ção e venda feita por Ronaldo.

d) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a

conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação

assumida.

Questão 11    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/IV EXAME/2011) Acerca da servi-

dão de aqueduto, assinale a alternativa correta.

a) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de

cabos e tubulações.

b) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos

proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não in-

cumbem as despesas de conservação.

c) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o pro-

prietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas

aos seus interesses de consumo.

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d) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela pas-

sagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização

que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais.

Questão 12    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/III EXAME/2010) Félix e Joaquim

são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de comum acordo, haviam re-

gularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma singela cerca

viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho,

Joaquim, solicitou-lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse

a entrada do cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao

pedido do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e,

por isso, jamais lhe causaria qualquer dano.

Com base na situação narrada, é correto afirmar que Joaquim

a) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse

na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação,

cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas.

b) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingres-

se em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de

instalação.

c) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora

instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as pro-

priedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o

cachorro possa vir a lhe causar danos.

d) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse

em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, dedu-

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zindo-se desse montante metade do valor, devidamente corrigido, correspondente

à cerca viva inicialmente instalada por ambos os vizinhos.

Questão 13    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XX EXAME/2016) Vítor, Paulo e

Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma casa,

sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço (1/3) da

coisa comum. Todos usam esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo

dia, ao visitar a casa, Márcia descobre um vazamento no encanamento de água.

Sem perder tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a

realização da substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado contra-

tualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais).


Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.
a) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de qualquer
um dos condôminos.
b) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de
Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os demais condôminos.
c) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada de Már-
cia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a
prévia aprovação da totalidade dos condôminos.
d) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de
Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de regresso contra os
demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira sem o prévio consenti-
mento dos demais condôminos.

Questão 14    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XIII EXAME/2014) Ary celebrou


contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida decla-
ração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome.

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Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança
de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary
tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse
com os mencionados valores.

De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção correta.

a) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em

atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o

momento da tradição, entregando-o livre e desembargado.

b) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso,

pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado, ca-

bendo ação in rem verso, quando este for localizado.

c) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em

atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary ainda não

possui direito real sobre a coisa.

d) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso,

pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que está a cargo

daquele que possui o direito real sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na

posse do imóvel adquirido.

Questão 15    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/V EXAME/2011) Durante assem-

bleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta com um apartamento

por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento situado no andar térreo,

solicitou explicações sobre a cobrança condominial, por ter verificado que o valor

dela cobrado era superior àquele exigido dos demais condôminos. O síndico pronta-

mente esclareceu que a cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das

demais unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclu-

sivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio

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localizado nos fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais

do edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico,

podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área comum

do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas despesas de manutenção.

Em relação à situação apresentada, assinale a alternativa correta.

a) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do

pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do condomínio, e a porta

de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa da referida condômina.

b) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio,

tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo, independentemente da frequ-

ência com que seja efetivamente exercido.

c) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção

do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido impõe deterioração ex-

cessiva do local.

d) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à manutenção do

pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais condôminos, tendo

em vista que a instalação da porta na área de serviço não foi de iniciativa da con-

dômina, tampouco da atual administração do condomínio.

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GABARITO

1. c 6. d 11. d

2. a 7. a 12. b

3. a 8. d 13. b

4. d 9. b 14. d

5. c 10. c 15. b

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GABARITO COMENTADO

Questões da OAB – FGV

Questão 1    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XXIII EXAME/2017) À vista de todos

e sem o emprego de qualquer tipo de violência, o pequeno agricultor Joventino

adentra terreno vazio, constrói ali sua moradia e uma pequena horta para seu sus-

tento, mesmo sabendo que o terreno é de propriedade de terceiros.

Sem ser incomodado, exerce posse mansa e pacífica por 2 (dois) anos, quando é

expulso por um grupo armado comandado por Clodoaldo, proprietário do terreno,

que só tomou conhecimento da presença de Joventino no imóvel no dia anterior à

retomada.

Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.

a) Como não houve emprego de violência, Joventino não pode ser considerado

esbulhador.

b) Clodoaldo tem o direito de retomar a posse do bem mediante o uso da força com

base no desforço imediato, eis que agiu imediatamente após a ciência do ocorrido.

c) Tendo em vista a ocorrência do esbulho, Joventino deve ajuizar uma ação pos-

sessória contra Clodoaldo, no intuito de recuperar a posse que exercia.

d) Na condição de possuidor de boa-fé, Joventino tem direito aos frutos e ao res-

sarcimento das benfeitorias realizadas durante o período de exercício da posse.

Letra c.

Análise das alternativas

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a) Errada. A questão apresenta caso de esbulho pacífico ou posse precária, poden-

do Joventino se considerar esbulhador.

b) Errada. Em desacordo com art. 1.201, § 1º do CC.

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,


restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser
molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua pró-
pria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir
além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

c) Certa. Vide o art. 1.210, caput do CC combinado com o art. 560 do NCPC:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação,


restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser
molestado.
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e rein-
tegrado em caso de esbulho.

d) Errada. Sabemos que Joventino não é possuidor de boa-fé, uma vez que sabia

que o terreno era de propriedade de terceiro, estando, a alternativa em desacordo

com os preceitos dos arts. 1.214 e 1.219 do CC.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebi-
dos.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessá-
rias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Questão 2    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XXIII EXAME/2017) Mediante o em-

prego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbu-

lho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um

ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu favor. Passados

dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fa-

zenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de

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reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por

Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio ar-

gumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo

que Cassandra o reembolsasse.

A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta.

a) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de

má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque

não mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado.

b) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias

e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.

c) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfei-

torias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas.

d) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias

e devendo ser indenizado pelo valor atual delas.

Letra a.

Observemos as seguintes classificações da posse:

1. posse justa: sem utilização de violência, estabelecida sem clandestinidade e sem

caráter precário;

2. posse injusta: com quaisquer dos atributos mencionados no item 1;

3. posse de boa-fé: possuidor convicto de que a coisa lhe pertence;

4. posse de má-fé: possuidor, ainda que portador de um título, tem noção da ilega-

lidade do seu direito de posse.

Segundo o enunciado, em virtude da utilização de violência e de má-fé por parte de

Mélvio, temos que a posse é injusta e de má-fé.

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Vejamos o art. 1.220 do CC, que dispõe sobre efeitos da posse de má-fé inclusive

sobre a vedação ao direito de retenção que deve se impor a Mélvio:

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-


rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias.

Finalmente, o texto art. 1.221 do CC permiti-nos concluir que Cassandra só deveria

indenizar Mélvio se, na restituição da posse da coisa (evicção), houvesse benfeito-

rias. Todavia, o telhado já se encontrava severamente danificado, não assistindo a

Mélvio indenização.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimen-


to se ao tempo da evicção ainda existirem.

Questão 3    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XVI EXAME/2015) Com a ajuda de

homens armados, Francisco invade determinada fazenda e expulsa dali os funcio-

nários de Gabriel, dono da propriedade. Uma vez na posse do imóvel, Francisco

decide dar continuidade às atividades agrícolas que vinham sendo ali desenvolvidas

(plantio de soja e de feijão). Três anos após a invasão, Gabriel consegue, pela via

judicial, ser reintegrado na posse da fazenda.

Quanto aos frutos colhidos por Francisco durante o período em que permaneceu na

posse da fazenda, assinale a afirmativa correta.

a) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, mas tem

direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.

b) Francisco tem direito aos frutos percebidos durante o período em que permane-

ceu na fazenda.

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c) Francisco tem direito à metade dos frutos colhidos, devendo restituir a outra

metade a Gabriel.

d) Francisco deve restituir a Gabriel todos os frutos colhidos e percebidos, e não

tem direito de ser ressarcido pelas despesas de produção e custeio.

Letra a.

Questão exige do candidato conhecimento do art. 1.216 do CC:

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,


bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

Questão 4    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XII EXAME/2012) Acerca do institu-

to da posse é correto afirmar que

a) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas.

b) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.

c) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome próprio.

d) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do qual

cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse.

Letra d.

Análise das alternativas

a) Errada. Posse paralela é aquela em que mais de um titular mantém relação

possessória frente à coisa.

Exemplificando: o locatário exerce posse direta sobre a coisa enquanto o proprie-

tário detém a posse indireta. Não há, no CC, menção a rol taxativo quanto a este

instituto do direito civil.

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b) Errada. Em desacordo com a Súmula 228-STJ que diz: é inadmissível o interdi-

to proibitório para a proteção do direito autoral.

c) Errada. Fâmulo de posse espelha o detentor, aquele que mantém a posse do

bem em nome de terceiro, tendo em vista a relação de dependência.

d) Certa. Vejamos os ensinamentos da doutrina sobre a composse:

É a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes pos-
sessórios sobre a mesma coisa (condomínio de posses), o que pode ter origem inter
vivos ou mortis causa. (TARTUCE, Flávio, Manual de Direito Civil, Método. p. 789).

Questão 5    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/II EXAME/2010) Sobre o constituto

possessório, assinale a alternativa correta.

a) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade.

b) Trata-se de modo originário de aquisição da posse.

c) Representa uma tradição ficta.

d) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros na

sucessão universal.

Letra c.

Outra questão em que devemos nos apoiar nos conceitos formulados pela doutri-

na, desta vez em ralação ao constituto possessório que é espécie de tradição ficta,

vejamos:

Tradição ficta é aquela que se dá por presunção, como ocorre na traditio brevi manu,
em que possuidor possuía em nome alheio e agora passa a possuir em nome próprio (o
exemplo típico é o do locador que compra o imóvel, passando a ser o proprietário). Tam-
bém há tradição ficta no constituto possessório ou cláusula constituti, em que possuidor
possuía em nome próprio e passa a possuir em nome alheio (o caso do proprietário que
vende o imóvel e nele permanece como locatário). (TARTUCE, Flávio, Manual de Direito
Civil, Método. p. 786).

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Questão 6    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/II EXAME/2010) Assinale a alterna-

tiva que contemple exclusivamente obrigação propter rem:

a) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da avulsão.

b) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais.

c) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o dever

de pagar as cotas condominiais.

d) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro que,

de boa-fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo.

Letra d.

Vejamos o conceito de obrigação propter rem segundo a doutrina:

“propter rem situam-se em uma zona intermediária entre os direitos reais e os direitos
patrimoniais, sendo ainda denominadas obrigações híbridas ou ambulatórias, pois per-
seguem a coisa onde quer que ela esteja. Como exemplo, cite-se a obrigação do pro-
prietário de um imóvel de pagar as despesas de condomínio. Isso pode ser retirado do
art. 1.345 do CC, pelo qual o proprietário da unidade condominial em edifícios responde
pelas dívidas anteriores que gravam a coisa” (TARTUCE, Flávio, Manual de Direito Civil,
Método. p. 757).

Passemos à análise das alternativas.

a) Errada. Em desacordo com o art. 1.250 do CC.

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e


aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas,
pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.

b) Errada. Hipoteca é direito real de garantia. Cotas condominiais, de fato, são

obrigações propter rem.

c) Errada. Desforço possessório é opção que tem o possuidor esbulhado de resti-

tuir-se a posse do bem, caracterizando-se, pois, faculdade.

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d) Certa. Vide o art. 1.219 do CC:

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessá-


rias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Questão 7    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XIIIEXAME/2014) Jeremias e Antô-

nio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com o passar do tempo, as

chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a área da propriedade de cada um.

Dessa forma, Jeremias começou a se questionar sobre o tamanho atual de sua

propriedade (se houve aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido,

pois nada havia feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também

começou a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam

se não deveriam receber alguma indenização do outro.

Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.

a) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos

trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando indenização a

ninguém.

b) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao proprietário do

terreno de onde aquela porção de terra se deslocou.

c) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra trazida

pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver reclamado, após o

período de um ano.

d) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que primeiro a

tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como área de trabalho.

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Letra a.

Acessão é o aumento do valor ou do volume da propriedade em razão de forças

externas, que poderá ocorrer:

1 - por formação de ilhas ;

2 - por aluvião - acréscimo natural de terrenos às margens de um rio ;

3 - por avulsão - deslocamento de terra por força da natureza;

4 - por abandono de álveo - rio que seca em função de fenômeno natural;

5 - por plantações ou construções.

Observa-se, ao ler a questão, que a alteração no terreno ocorreu em face de lentos

depósitos de terra em decorrência da movimentação do rio, sendo, portanto, veda-

da indenização conforme preconiza o art. 1.250 do CC.

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e


aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas,
pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.

Questão 8    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/VIII EXAME/2012) Em janeiro de

2010, Nádia, unida estavelmente com Rômulo, após dez anos de convivência e sem

que houvesse entre eles contrato escrito que disciplinasse as relações entre com-

panheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos seguintes, Rômulo, que

não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, continuou, ininterruptamente,

sem oposição de quem quer que fosse, na posse direta e exclusiva do imóvel urba-

no com 200 metros quadrados, cuja propriedade dividia com Nádia e que servia de

moradia do casal. Em março de 2012, Rômulo – que nunca havia ajuizado ação de

usucapião, de qualquer espécie, contra quem quer que fosse - ingressou com ação

de usucapião, pretendendo o reconhecimento judicial para adquirir integralmente o

domínio do referido imóvel.

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Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.

a) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada,

pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de 10 (dez) anos.

b) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada,

pois a hipótese de abandono do lar, embora possa caracterizar a impossibilidade da

comunhão de vida, não autoriza a propositura de ação de usucapião.

c) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é infundada,

pois tal direito só existe para as situações em que as pessoas foram casadas sob o

regime da comunhão universal de bens.

d) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo preenche

todos os requisitos previstos no Código Civil.

Letra d.

A Banca examinadora cobra do candidato conhecimento do art. 1.240-A do CC.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cin-
quenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro
que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de
uma vez.

Questão 9    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XX EXAME/2016) O apartamento de

João é invadido e, entre outras coisas, um paletó é furtado. Três meses depois,

João descobre que o seu paletó está sendo usado por Ricardo. Ao ser confrontado,

Ricardo esclarece que adquiriu o paletó há um mês de um brechó, que o mantinha

exposto no mostruário. Alegou ainda que adquiriu a roupa sem saber que era pro-

veniente de furto. Em prova do alegado, Ricardo exibe documento comprobatório

da compra do paletó feita no brechó.

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Tendo em vista a situação descrita, assinale a afirmativa correta.

a) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, pois o adquiriu do brechó, que

não era o verdadeiro dono da coisa.

b) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o adquiriu de boa-fé,

em estabelecimento comercial, que, nas circunstâncias do caso, aparentava ser o

dono da coisa.

c) Ricardo é o legítimo proprietário do paletó, mas deve indenizar João, entregan-

do-lhe soma equivalente ao preço que pagou ao brechó.

d) Ricardo não é o legítimo proprietário do paletó, uma vez que o comprou do bre-

chó apenas dois meses depois do furto sofrido por João.

Letra b.

Questão fundamentada no o art. 1.268, caput do CC.

Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade,
exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for
transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pes-
soa, o alienante se afigurar dono.

Questão 10    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XXVI EXAME/2018) Ronaldo é pro-

prietário de um terreno que se encontra cercado de imóveis edificados e decide

vender metade dele para Abílio.

Dois anos após o negócio feito com Abílio, Ronaldo, por dificuldades financeiras,

descumpre o que havia sido acordado e constrói uma casa na parte da frente do

terreno – sem deixar passagem aberta para Abílio – e a vende para José, que ime-

diatamente passa a habitar o imóvel.

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Diante do exposto, assinale a afirmativa correta.

a) Abílio tem direito real de servidão de passagem pelo imóvel de José, mesmo

contra a vontade deste, com base na usucapião.

b) A venda realizada por Ronaldo é nula, tendo em vista que José não foi comuni-

cado do direito real de servidão de passagem existente em favor de Abílio.

c) Abílio tem direito a passagem forçada pelo imóvel de José, independentemente

de registro, eis que seu imóvel ficou em situação de encravamento após a constru-

ção e venda feita por Ronaldo.

d) Como não participou da avença entre Ronaldo e Abílio, José não está obrigado a

conceder passagem ao segundo, em função do caráter personalíssimo da obrigação

assumida.

Letra c.

Análise das alternativas.

a) Errada. O tema abordado é passagem forçada e não servidão de passagem,

cujo regramento encontra-se no art. 1.285 do CC/2002.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se pres-
tar à passagem.
§ 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso
a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3º Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação,
existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constran-
gido, depois, a dar uma outra.

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b) Errada. Segundo mencionou-se na alternativa a, não se se trata de servidão de

passagem, mas de passagem forçada. Ademais, a possibilidade de omissão de Ro-

naldo configuraria o vício erro, previsto nos arts. 138-144 do CC ou dolo, conforme

os arts. 145-150 do CC, levando à anulabilidade do contrato de compra e venda, de

acordo com o art. 171, II do CC, e não a nulidade.

c) Certa. Vide o art. 1.285, § 2º do CC:

Art. 1.285. § 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes
perca o acesso a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a
passagem.

d) Errada. Sabe-se que a passagem forçada é obrigação propter rem, vale dizer,

acompanha a coisa e, portanto, José terá de tolerar a passagem de Abílio, conforme

preceitua o já mencionado art. 1.285, § 2º do CC.

Questão 11    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/IV EXAME/2011) Acerca da servi-

dão de aqueduto, assinale a alternativa correta.

a) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de

cabos e tubulações.

b) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos

proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não in-

cumbem as despesas de conservação.

c) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o pro-

prietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas

aos seus interesses de consumo.

d) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela pas-

sagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização

que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais.

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Letra d.

Questão fundamentada no art. 1.293, § 2º do CC.

Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos pro-
prietários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as
águas a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde
que não cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o esco-
amento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
§ 2º O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que
atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.

Questão 12    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/III EXAME/2010) Félix e Joaquim

são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de comum acordo, haviam re-

gularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma singela cerca

viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu vizinho,

Joaquim, solicitou-lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse

a entrada do cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao

pedido do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e,

por isso, jamais lhe causaria qualquer dano.

Com base na situação narrada, é correto afirmar que Joaquim

a) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse

na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação,

cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas.

b) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingres-

se em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de

instalação.

c) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora

instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as pro-

priedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o

cachorro possa vir a lhe causar danos.

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d) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse

em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, dedu-

zindo-se desse montante metade do valor, devidamente corrigido, correspondente

à cerca viva inicialmente instalada por ambos os vizinhos.

Letra b.

Questão fundamentada no art. 1.297, § 3º do CC.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo
o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele
à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
§ 3º A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de peque-
no porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles,
pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

Questão 13    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XX EXAME/2016) Vítor, Paulo e

Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro indiviso, de uma casa,

sendo cada um deles titular de parte ideal representativa de um terço (1/3) da

coisa comum. Todos usam esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo

dia, ao visitar a casa, Márcia descobre um vazamento no encanamento de água.

Sem perder tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a

realização da substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado contra-

tualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais).

Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.

a) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de qualquer

um dos condôminos.

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b) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de

Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os demais condôminos.

c) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada de Már-

cia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi contratado sem a

prévia aprovação da totalidade dos condôminos.

d) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente apenas de

Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de regresso contra os

demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira sem o prévio consenti-

mento dos demais condôminos.

Letra b.

A questão versa sobre condomínio geral, que se subdivide em voluntário, e neces-

sário, vejamos os arts. 1.315 e 1.318 do CC:

Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as


despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.
Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão,
e durante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais.

Questão 14    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/XIII EXAME/2014) Ary celebrou

contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo sem a devida decla-

ração negativa de débitos condominiais, conseguiu registrar o bem em seu nome.

Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança, Ary foi surpreendido com a cobrança

de três meses de cotas condominiais em atraso. Inconformado com a situação, Ary

tentou, sem sucesso, entrar em contato com o vendedor, para que este arcasse

com os mencionados valores.

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De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional, assinale a opção correta.

a) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em

atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o imóvel até o

momento da tradição, entregando-o livre e desembargado.

b) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso,

pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi encontrado, ca-

bendo ação in rem verso, quando este for localizado.

c) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas em

atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary ainda não

possui direito real sobre a coisa.

d) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em atraso,

pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que está a cargo

daquele que possui o direito real sobre a coisa e, comprovadamente, imitido na

posse do imóvel adquirido.

Letra d.

Na questão cobra-se conhecimento das obrigações propter rem, que, segundo a

melhor doutrina são:

“prestação impostas ao titular de determinado direito real, pelo simples fato de assumir
tal condição. Vale dizer, a pessoa do devedor será individualizada única e exclusivamen-
te pela titularidade de um direito real” (Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald,
Direitos Reais, 2ª ed, Jus Podivm: Bahia, 2012, p. 54).

Portanto, quando detém o domínio da coisa, o proprietário fica obrigado por dívida

passada, pois as cotas condominiais são obrigações propter rem. Vejamos o art.

1.345 do CC.

Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação


ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.

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Questão 15    (FGV/OAB UNIFICADO/NACIONAL/V EXAME/2011) Durante assem-

bleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta com um apartamento

por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento situado no andar térreo,

solicitou explicações sobre a cobrança condominial, por ter verificado que o valor

dela cobrado era superior àquele exigido dos demais condôminos. O síndico pronta-

mente esclareceu que a cobrança a ela dirigida é realmente superior à cobrança das

demais unidades, tendo em vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclu-

sivo, por meio de uma porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio

localizado nos fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais

do edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico,

podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área comum

do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas despesas de manutenção.

Em relação à situação apresentada, assinale a alternativa correta.

a) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do

pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do condomínio, e a porta

de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa da referida condômina.

b) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do pátio,

tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo, independentemente da frequ-

ência com que seja efetivamente exercido.

c) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção

do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido impõe deterioração ex-

cessiva do local.

d) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à manutenção do

pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais condôminos, tendo

em vista que a instalação da porta na área de serviço não foi de iniciativa da con-

dômina, tampouco da atual administração do condomínio.

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Letra b.

Novamente, amparamo-nos na doutrina a fim de solucionar a questão:

“o condômino que vier a se servir, com exclusividade, de uma parte comum, p. ex., hall
de elevador privativo, antena coletiva, instalação de TV a cabo ou loja, deverá pagar
todas as despesas decorrentes de sua utilização” (DINIZ, Maria Helena, Código Civil
Anotado, 15º ed. Saraiva: São Paulo, p. 937).

Repisando o assunto, vejamos o art. 1.340 do CC

Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino,


ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve.

Seriam, portanto, cobradas de Giovana despesas com a manutenção do pátio, já

que ela dispõe de seu uso exclusivo, que prescinde da frequência de utilização.

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QUESTÕES DE CONCURSO

Questões da FGV

Questão 1    (FGV/ISS/RECIFE-PE/AUDITOR-FISCAL/2014) As opções a seguir

apresentam direitos que ostentam a natureza jurídica de Direito Real, à exceção de

uma. Assinale-a.

a) A concessão de uso especial para fins de moradia

b) Usufruto

c) Penhora

d) Direito do promitente comprador do imóvel

e) Habitação

Questão 2    (FGV/ISS/NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Maurício, resi-

dente e domiciliado na cidade de São Paulo, é proprietário de uma casa situada

no Bairro de Camboinhas, Niterói, Estado do Rio de Janeiro, onde costuma pas-

sar os feriados prolongados e as férias. Ao lado do imóvel de Maurício, há um

terreno que, por estar aparentemente abandonado, ele ocupou, cercou e man-

tém como área de lazer. Com relação ao referido terreno, é correto afirmar que

Maurício é:

a) mero detentor;

b) possuidor pleno;

c) possuidor indireto, já que o utiliza apenas eventualmente;

d) possuidor direto, já que o utiliza apenas eventualmente;

e) possuidor direto, mas não pode utilizar-se das ações possessórias.

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Questão 3    (FGV/SEFAZ-MT/AUDITOR-FISCAL/2014) Acerca das disposições ex-

pressas no Código Civil de 2002 sobre os direitos reais, analise as afirmativas a

seguir.

I – São formas de aquisição da propriedade imóvel: a usucapião, a transmissão

hereditária, a acessão e o registro.

II – O possuidor de boa-fé não tem direito aos frutos percebidos enquanto durar

a posse.

III – São considerados direitos reais: a superfície, a habitação, o uso, o penhor e

a benfeitoria necessária.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Questão 4    (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Rita, por 11 anos, sem interrupção

nem oposição de quem quer que seja, possui, como seu, imóvel no qual estabele-

ceu a sua moradia habitual.

Considerando que Rita não possui qualquer título referente à titularidade proprie-

tária do imóvel, assinale a afirmativa correta.

a) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir a

propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao

juiz declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de

Registro de Imóveis.

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b) Independentemente de comprovada boa-fé, Rita poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao juiz declaração

por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de Registro de

Imóveis

c) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não ter atingido ainda o tempo mínimo da prescrição aquisitiva,

qual seja, quinze anos.

d) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir o

direito de superfície do bem imóvel por ter atingido o tempo mínimo para a titula-

ridade, qual seja, cinco anos.

e) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não haver realizado nele obras ou serviços de caráter produtivo.

Questão 5    (FGV/ISS/NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Após vinte e três

anos exercendo posse mansa e pacífica, com animus domini, de área de trinta e

três mil metros quadrados, Irani ajuizou ação de usucapião do imóvel. Consideran-

do que foi proferida sentença julgando procedente o pedido, a qual transitou em

julgado, vindo a ser devidamente registrada junto ao registro de imóveis, é correto

afirmar que Irani:

a) continuará sendo mero possuidor por mais três anos, tornando-se proprietário

ao término do referido prazo;

b) tornou-se proprietário quando do registro da referida sentença;

c) tornou-se proprietário quando da prolatação da sentença;

d) tornou-se proprietário quando do trânsito em julgado da sentença;

e) já era proprietário do imóvel, antes mesmo de proferida a sentença de usu-

capião.

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Questão 6    (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Em relação ao direito de vizinhança,

assinale a afirmativa correta.

a) Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono da árvore, já

que são classificados como bens de natureza acessória.

b) O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a

demolição ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste

caução pelo dano iminente.

c) O dono do prédio que não tiver acesso à via pública pode constranger o vizinho

a lhe dar passagem, independentemente do pagamento de indenização.

d) Todo aquele que violar as proibições referentes ao direito de vizinhança é obri-

gado a demolir as construções feitas, sendo dispensada a indenização por perdas

e danos.

e) É defeso abrir janelas, ou fazer terraço ou varanda, a menos de dois metros do

terreno vizinho.

Questão 7    (FGV/ISS/RECIFE-PE/AUDITOR-FISCAL/2014) Rita comprou um apar-

tamento em um bairro tranquilo. Alguns meses depois de se instalar, Rita foi sur-

preendida com a inauguração de uma casa noturna no imóvel em frente ao seu.

Não bastasse, o primeiro andar do estabelecimento foi transformado em bar que,

por conta do movimento, passou a utilizar a calçada para colocar suas mesas. Com

o sucesso do empreendimento, os burburinhos na madrugada começaram e, com

o passar do tempo, Rita já não conseguia dormir em virtude do barulho. Inconfor-

mada, ajuíza uma ação em face do estabelecimento para que sejam tomadas as

providências necessárias.

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Sobre a hipótese sugerida, assinale a opção correta.

a) Rita deve vender seu imóvel e se mudar para outro lugar, uma vez que a música

alta é característica das casas noturnas.

b) Deve ser aplicada multa ao estabelecimento apenas por causar o transtorno a

Rita, independente de comprovação do excesso de ruído.

c) Ainda que Rita comprove o sofrimento e os prejuízos que esse fato vem lhe cau-

sando, além do excesso de ruído, não lhe serão devidos danos morais.

d) Se for comprovado que o barulho excede os limites impostos pela legislação, o

juiz imporá multa ao estabelecimento com o fim de evitar reincidência.

e) O livre exercício da atividade empresarial não gera direito à indenização.

Questão 8    (FGV/ISS/RECIFE-PE/AUDITOR-FISCAL/2014) Luiz e Gerson nasceram

no bairro X e são amigos de longa data. Ao constituírem família, decidiram con-

tinuar morando no mesmo bairro, tornando-se vizinhos. Tudo corria bem até que

alguns problemas começaram a ocorrer entre os vizinhos.

A respeito do direito de vizinhança, assinale a opção correta.

a) Se houver uma árvore no terreno de Gerson e suas raízes e ramos começarem

a invadir o terreno de Luiz, este poderá cortá-la até o ponto divisório, devendo res-

tituir ao vizinho os frutos que caírem em seu terreno.

b) Se o prédio de Gerson não tiver acesso à rua, poderá ele, mediante pagamento

de indenização, forçar o vizinho a constituir uma servidão de passagem.

c) Se não for mais possível determinar onde começa o terreno de Luiz e onde acaba

o terreno de Gerson, um pode exigir do outro que proceda, com ele, à demarcação

entre os dois terrenos e os limites serão determinados de acordo com a posse justa.

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d) Gerson está obrigado a aceitar que Luiz, independente de aviso prévio, entre

em seu terreno para buscar suas coisas, bem como quando for necessário realizar

limpeza do muro divisório.

e) Se Gerson resolver criar porcos e galinhas em seu terreno, tal fato não gera o

direito de Luiz exigir a construção de tapumes especiais para impedir a passagem

dos animais.

Questão 9    (FGV/PREFEITURA DE PAULÍNEA-SP/PROCURADOR/2016) Em janeiro

de 2010, Fabio e Marta, companheiros e pais de Jorge, menor impúbere, se tornam

coproprietários de um único imóvel de 90 metros quadrados na cidade de São Pau-

lo. Em dezembro de 2012, Fabio abandona o lar, deixando Marta e Jorge sós. Marta

permanece no imóvel e o utiliza exclusivamente para a sua moradia e a de sua fa-

mília. Passados 2 anos do ocorrido, sem que houvesse notícias de Fabio e sem que

houvesse oposição à posse direta e exclusiva de Marta, pode-se afirmar que:

a) Marta poderá requerer judicialmente que seja declarado adquirido o domínio

integral do imóvel, mediante usucapião familiar.

b) Marta poderá requerer judicialmente que seja declarado adquirido o domínio

integral do imóvel por meio de usucapião extraordinária habitacional.

c) Marta poderá requerer judicialmente que seja declarado adquirido o domínio

integral do imóvel por meio de usucapião ordinária habitacional.

d) Marta é obrigada a intentar ação de divórcio em face de Fabio requerendo pos-

terior partilha de bens, para ter concedido o domínio integral do imóvel do casal.

e) Marta é obrigada a iniciar procedimento de declaração de morte presumida por

ausência de Fabio, para então propor a dissolução da união estável e a partilha dos

bens do casal, para que possa adquirir o domínio integral do imóvel.

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Questão 10    (FGV/MPE-RJ/ANALISTA PROCESSUAL/2016) Durante anos Berenice

manteve limpo o terreno situado ao lado de sua residência, contratando periodi-

camente os serviços de Amarildo, para roçar e retirar o mato, evitando, assim, a

presença de animais e a utilização do local para atividades indesejadas, como a

presença de drogados ou de casais para encontros íntimos. O terreno pertence a

Mirela, que está residindo na Alemanha.

Sempre que Berenice percebia que o mato estava alto e que pessoas estavam uti-

lizando o terreno para os fins mencionados, solicitava a Amarildo, no dia seguinte,

que limpasse o terreno e cortasse o mato.

É correto afirmar que Berenice:

a) é possuidora do terreno, podendo inclusive usucapir o imóvel;

b) é possuidora direta do terreno, não podendo usucapir, por falta de ânimo de

dono;

c) é a proprietária do terreno;

d) não está exercendo a posse do terreno, mas Amarildo está;

e) tem no máximo a detenção eventual do terreno, não podendo ser considerada

possuidora.

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GABARITO

1. c 5. e 9. a

2. b 6. b 10. e

3. a 7. d

4. b 8. c

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GABARITO COMENTADO
Questões da FGV

Questão 1    (FGV/ISS/RECIFE-PE/AUDITOR-FISCAL/2014) As opções a seguir apre-

sentam direitos que ostentam a natureza jurídica de Direito Real, à exceção de uma.

Assinale-a.

a) A concessão de uso especial para fins de moradia

b) Usufruto

c) Penhora

d) Direito do promitente comprador do imóvel

e) Habitação

Letra c.

Estudamos que o art. 1225 do CC apresenta uma listagem taxativa dos direitos

reais:

Art. 1.225. São direitos reais:


I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese.
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII – a concessão de direito real de uso.

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Dessa forma, não se pode confundir o penhor com a penhora. Penhor e penhora são

institutos jurídicos totalmente diferentes, mas por serem palavras muito parecidas,

ocasionam certa confusão no dia a dia das pessoas.


Penhor é uma garantia dada pelo devedor, espontânea ou por imposição legal, de
obrigação assumida. O devedor entrega uma coisa móvel sua ou de outra pessoa
(desde que autorizada por esta) como forma de garantir que a obrigação por ele
assumida seja cumprida. Caso o devedor descumpra a obrigação, a coisa dada em
garantia permanece com o credor para o cumprimento da dívida.

Exemplo: o cheque caução emitido em um hospital como forma de garantia de


atendimento é uma espécie de penhor, ou seja, caso o paciente não efetue o paga-
mento pelo tratamento, o cheque caução garante o pagamento.

A penhora por sua vez, é um ato judicial, emitido por um juiz e promovido por um
oficial de justiça sempre durante o processo de execução. Na penhora, apreende-se
ou se tomam os bens do devedor, para que nele se cumpra o pagamento da dívida
ou a obrigação executada.

Exemplo: Maria deve a João o valor de R$500,00 representados por meio de uma
nota promissória. Maria não paga João no prazo por eles acordado e João move
uma Ação de Execução contra Maria. Maria possui duas alternativas antes que o ofi-
cial de justiça nomeie qualquer um de seus bens: pagar os R$500,00 ou penhorar
os bens indicados pelo credor no valor correspondente à dívida.

Questão 2    (FGV/ISS/NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Maurício, residen-


te e domiciliado na cidade de São Paulo, é proprietário de uma casa situada no
Bairro de Camboinhas, Niterói, Estado do Rio de Janeiro, onde costuma passar os
feriados prolongados e as férias. Ao lado do imóvel de Maurício, há um terreno que,

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por estar aparentemente abandonado, ele ocupou, cercou e mantém como área de
lazer. Com relação ao referido terreno, é correto afirmar que Maurício é:
a) mero detentor;

b) possuidor pleno;

c) possuidor indireto, já que o utiliza apenas eventualmente;

d) possuidor direto, já que o utiliza apenas eventualmente;

e) possuidor direto, mas não pode utilizar-se das ações possessórias.

Letra b.

Tendo em vista que Maurício ocupou, cercou e mantém o terreno como área de la-

zer, ele passou a se comportar como se dono do terreno fosse.

Dessa forma, temos uma posse plena na modalidade ad usucapionem.

Questão 3    (FGV/SEFAZ-MT/AUDITOR-FISCAL/2014) Acerca das disposições ex-

pressas no Código Civil de 2002 sobre os direitos reais, analise as afirmativas a

seguir.

I – São formas de aquisição da propriedade imóvel: a usucapião, a transmissão

hereditária, a acessão e o registro.

II – O possuidor de boa-fé não tem direito aos frutos percebidos enquanto durar

a posse.

III – São considerados direitos reais: a superfície, a habitação, o uso, o penhor e

a benfeitoria necessária.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

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c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Letra a.

Análise das afirmativas.

I – Certa. Vide esquema gráfico da pg. 24.

- ILHAS;
- ALUVIÃO;
- AVULSÃO
- ACESSÃO - ÁLVEO ABANDONADO;
- PLANTAÇÕES; E
- ORIGINÁRIAS
FORMAS DE - CONSTRUÇÕES.
AQUISIÇÃO DA - USUCAPIÃO
PROPRIEDADE
IMÓVEL

- REGISTRO DO TÍTULO;

- DERIVADAS - SUCESSÃO HEREDITÁRIA.

II – Errada. EM desacordo com o art. 1214 do CC:

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

III – Errada. A benfeitoria necessária não é considerada um direito real, mas sim

uma espécie de bem acessório.

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Questão 4    (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Rita, por 11 anos, sem interrupção

nem oposição de quem quer que seja, possui, como seu, imóvel no qual estabeleceu

a sua moradia habitual.

Considerando que Rita não possui qualquer título referente à titularidade proprie-

tária do imóvel, assinale a afirmativa correta.

a) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir a

propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao

juiz declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de

Registro de Imóveis.

b) Independentemente de comprovada boa-fé, Rita poderá adquirir a propriedade do

bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao juiz declaração por

sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis

c) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não ter atingido ainda o tempo mínimo da prescrição aquisitiva,

qual seja, quinze anos.

d) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir o

direito de superfície do bem imóvel por ter atingido o tempo mínimo para a titula-

ridade, qual seja, cinco anos.

e) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não haver realizado nele obras ou serviços de caráter produtivo.

Letra b.

A situação descrita, por ter transcorrido mais de 10 anos, representa uma hipótese

de usucapião extraordinária (independente de título e boa-fé) com prazo reduzido

(moradia habitual), nos termos do art. 1238. § único do CC.

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Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; po-
dendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possui-
dor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou
serviços de caráter produtivo.

Questão 5    (FGV/ISS/NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Após vinte e três

anos exercendo posse mansa e pacífica, com animus domini, de área de trinta e

três mil metros quadrados, Irani ajuizou ação de usucapião do imóvel. Consideran-

do que foi proferida sentença julgando procedente o pedido, a qual transitou em

julgado, vindo a ser devidamente registrada junto ao registro de imóveis, é correto

afirmar que Irani:

a) continuará sendo mero possuidor por mais três anos, tornando-se proprietário

ao término do referido prazo;

b) tornou-se proprietário quando do registro da referida sentença;

c) tornou-se proprietário quando da prolatação da sentença;

d) tornou-se proprietário quando do trânsito em julgado da sentença;

e) já era proprietário do imóvel, antes mesmo de proferida a sentença de usu-

capião.

Letra e.

Conforme comentado durante a aula, a sentença proferida na ação de usucapião

tem natureza meramente declaratória. Para agregarmos informação ao seu estudo,

veja a jurisprudência a seguir:

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Jurisprudência
APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. DISSOLUÇÃO.
PARTILHA. IMÓVEL USUCAPIDO. REQUISITOS PARA USUCAPIÃO ANTERIOR
À UNIÃO. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA UNICAMENTE DECLARATÓRIA. EFEI-
TOS EX TUNC. EXCLUSÃO DA PARTILHA DO BEM USUCAPIDO. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO.
Se à época que o companheiro adquiriu os requisitos legais para usucapir, ou
seja, quando foi considerado proprietário do imóvel objeto da lide, não convi-
via em união estável com a companheira, não há partilha do bem usucapido,
pois a sentença proferida na Ação de Usucapião é de natureza declaratória,
produzindo efeitos ex tunc.
(TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00010938320148150011, 3ª
Câmara Especializada Cível, Relator DESA. MARIA DAS GRAÇAS MORAIS
GUEDES , j. em 29-03-2016).

Como Irani cumpria os requisitos para usucapir a área citada, podemos afirmar

que ele se tronou proprietário antes mesmo de ser proferida a sentença, já que ela

possui efeitos meramente declaratórios e não constitutivos.

Questão 6    (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Em relação ao direito de vizinhança,

assinale a afirmativa correta.

a) Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono da árvore, já

que são classificados como bens de natureza acessória.

b) O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a

demolição ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste

caução pelo dano iminente.

c) O dono do prédio que não tiver acesso à via pública pode constranger o vizinho

a lhe dar passagem, independentemente do pagamento de indenização.

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d) Todo aquele que violar as proibições referentes ao direito de vizinhança é obri-

gado a demolir as construções feitas, sendo dispensada a indenização por perdas

e danos.

e) É defeso abrir janelas, ou fazer terraço ou varanda, a menos de dois metros do

terreno vizinho.

Letra b.

Análise das alternativas.

a) Errada. Em desacordo com o art. 1284 do CC.

Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo


onde caíram, se este for de propriedade particular.

b) Certa. Vide art. 1280 do CC:

Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho


a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste
caução pelo dano iminente.

c) Errada. Em desacordo com o art. 1285 do CC.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

d) Errada. Em desacordo com o art. 1312 do CC.

Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado
a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.

e) Errada. Em desacordo com o art. 1301 do CC.

Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de


metro e meio do terreno vizinho.

Questão 7    (FGV/ISS/RECIFE-PE/AUDITOR-FISCAL/2014) Rita comprou um apar-

tamento em um bairro tranquilo. Alguns meses depois de se instalar, Rita foi sur-

preendida com a inauguração de uma casa noturna no imóvel em frente ao seu.

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Não bastasse, o primeiro andar do estabelecimento foi transformado em bar que,

por conta do movimento, passou a utilizar a calçada para colocar suas mesas. Com

o sucesso do empreendimento, os burburinhos na madrugada começaram e, com

o passar do tempo, Rita já não conseguia dormir em virtude do barulho. Inconfor-

mada, ajuíza uma ação em face do estabelecimento para que sejam tomadas as

providências necessárias.

Sobre a hipótese sugerida, assinale a opção correta.

a) Rita deve vender seu imóvel e se mudar para outro lugar, uma vez que a música

alta é característica das casas noturnas.

b) Deve ser aplicada multa ao estabelecimento apenas por causar o transtorno a

Rita, independente de comprovação do excesso de ruído.

c) Ainda que Rita comprove o sofrimento e os prejuízos que esse fato vem lhe cau-

sando, além do excesso de ruído, não lhe serão devidos danos morais.

d) Se for comprovado que o barulho excede os limites impostos pela legislação, o

juiz imporá multa ao estabelecimento com o fim de evitar reincidência.

e) O livre exercício da atividade empresarial não gera direito à indenização.

Letra d.

Esta questão pode ser resolvida pelo simples bom senso diante da situação.

A base legal é o art. 1277 do CC:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as


interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, pro-
vocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Como houve desrespeito à norma citada, os fatos causadores dos incômodos e des-

confortos autorizam o ingresso de dois tipos ações judiciais, que, conforme o caso

poderá ser a ação indenizatória por perdas e danos, quando o prejuízo já ocorreu,

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ou, no caso de situação presente ou continuativa de prejuízo à segurança, sossego

e saúde do vizinho ofendido, a ação de obrigação de fazer ou não fazer com comi-

nação de multa diária para se evitar a reincidência, e o pedido indenizatório que

poderá ser cumulativo, bem como o pedido da cessação da perturbação.

Questão 8    (FGV/ISS/RECIFE-PE/AUDITOR-FISCAL/2014) Luiz e Gerson nasceram

no bairro X e são amigos de longa data. Ao constituírem família, decidiram con-

tinuar morando no mesmo bairro, tornando-se vizinhos. Tudo corria bem até que

alguns problemas começaram a ocorrer entre os vizinhos.

A respeito do direito de vizinhança, assinale a opção correta.

a) Se houver uma árvore no terreno de Gerson e suas raízes e ramos começarem

a invadir o terreno de Luiz, este poderá cortá-la até o ponto divisório, devendo res-

tituir ao vizinho os frutos que caírem em seu terreno.

b) Se o prédio de Gerson não tiver acesso à rua, poderá ele, mediante pagamento

de indenização, forçar o vizinho a constituir uma servidão de passagem.

c) Se não for mais possível determinar onde começa o terreno de Luiz e onde acaba

o terreno de Gerson, um pode exigir do outro que proceda, com ele, à demarcação

entre os dois terrenos e os limites serão determinados de acordo com a posse justa.

d) Gerson está obrigado a aceitar que Luiz, independente de aviso prévio, entre

em seu terreno para buscar suas coisas, bem como quando for necessário realizar

limpeza do muro divisório.

e) Se Gerson resolver criar porcos e galinhas em seu terreno, tal fato não gera o

direito de Luiz exigir a construção de tapumes especiais para impedir a passagem

dos animais.

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Letra c.

Análise das alternativas.

a) Errada. A assertiva está em conformidade com o art. 1283 do CC, mas em de-

sacordo com o art. 1284 do CC.

Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, po-


derão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade particular.

b) Errada. Em desacordo com o art. 1285 do CC.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

Não se pode confundir os conceitos de servidão de passagem (direito real sobre

coisa alheia) e de passagem forçada (direito de vizinhança).

A passagem forçada é direito de vizinhança que não exige registro, enquanto que

a servidão é um direito real sobre coisa alheia e tem sua constituição com o re-

gistro no Cartório de Registro de Imóveis. Enquanto a passagem forçada decorre

da lei e é uma limitação ao direito de propriedade, a servidão limita o domínio e

constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e

subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Veja a jurisprudência a seguir:

Jurisprudência
APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE SERVIDÃO DE PAS-
SAGEM - EXISTÊNCIA DE OUTRO CAMINHO - NÃO DESNATURALIZAÇÃO DA
POSSIBILIDADE DE PROTEÇÃO POSSESSÓRIA NA ESTRADA SOB LITÍGIO -
SERVIDÃO DE PASSAGEM E PASSAGEM FORÇADA - DISTINÇÃO - NÃO CARAC-

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TERIZAÇÃO DE MERA TOLERÂNCIA - PROVAS CONTUNDENTES DO EXERCÍCIO


DA POSSE E DO ESBULHO - DIREITO DE PASSAGEM RECONHECIDO - RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.
1 - A passagem forçada não se confunde com a servidão de passagem. Aquela,
tem seu fundamento na necessidade, na indispensabilidade de passagem por
determinado local em razão do encravamento de prédio. Esta, por sua vez, não
pressupõe encravamento, não se apresenta como necessidade real e absoluta,
nem é indispensável ao uso do prédio.
2 - Mas, não há de se afastar a servidão de passagem quando existe outra
via de acesso às propriedades dos autores, se o caminho fechado pelo réu é o
que melhor atende aos interesses daquele, por ser mais curto e por propiciar
acesso mais rápido, mais econômico e menos penoso.
3 - Não há que se falar em mera tolerância na utilização de uma estrada, por
70 anos, por várias pessoas, veículos e animais, pois, durante todos estes
anos, não se pode conceber o uso meramente eventual da estrada ou, sim-
plesmente, o uso consentido pelos seus então titulares. Está-se, sim, diante
de passagem contínua, permanente, evidenciando atos de posse que se pro-
longam há vários anos, e, portanto, têm respaldo no direito. 4 - Caracterizado
o exercício da posse, há mais de 70 anos, sobre a estrada que corta a pro-
priedad0e do prédio servien0te, e restando cristaliname0nte configurado, por
meio de fotos, prova testemunhal e inspeção judicial, o esbulho por este pra-
ticado, é de ser julgada procedente a pretensão de reintegração de posse da
servidão de passagem. 5 - Recurso conhecido e desprovido.
(TJ-ES - AC: 20040012427 ES 20040012427, Relator: ÁLVARO MANOEL
ROSINDO BOURGUIGNON, Data de Julgamento: 03/10/2006, SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/02/2007)

c) Certa. Conforme os arts. 1297 e 1298 do CC.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo
o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele
à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.

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Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de


conformidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado
se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda,
se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

d) Errada. Em desacordo com o art. 1313 do CC.

Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho


entre no prédio, mediante prévio aviso, para:
I – dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, recons-
trução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II – apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.

e) Errada. Em desacordo com o art. 1297, § 3º do CC.

Art. 1297, § 3º A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de ani-


mais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a ne-
cessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.

Creio que, com as questões, você tenha percebido que a parte referente ao Direito

de Vizinhança se apega muito ao bom senso e à literalidade da lei.

Questão 9    (FGV/PREFEITURA DE PAULÍNEA-SP/PROCURADOR/2016) Em janeiro

de 2010, Fabio e Marta, companheiros e pais de Jorge, menor impúbere, se tornam

coproprietários de um único imóvel de 90 metros quadrados na cidade de São Pau-

lo. Em dezembro de 2012, Fabio abandona o lar, deixando Marta e Jorge sós. Marta

permanece no imóvel e o utiliza exclusivamente para a sua moradia e a de sua fa-

mília. Passados 2 anos do ocorrido, sem que houvesse notícias de Fabio e sem que

houvesse oposição à posse direta e exclusiva de Marta, pode-se afirmar que:

a) Marta poderá requerer judicialmente que seja declarado adquirido o domínio

integral do imóvel, mediante usucapião familiar.

b) Marta poderá requerer judicialmente que seja declarado adquirido o domínio

integral do imóvel por meio de usucapião extraordinária habitacional.

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c) Marta poderá requerer judicialmente que seja declarado adquirido o domínio

integral do imóvel por meio de usucapião ordinária habitacional.

d) Marta é obrigada a intentar ação de divórcio em face de Fabio requerendo

posterior partilha de bens, para ter concedido o domínio integral do imóvel do

casal.

e) Marta é obrigada a iniciar procedimento de declaração de morte presumida por

ausência de Fabio, para então propor a dissolução da união estável e a partilha dos

bens do casal, para que possa adquirir o domínio integral do imóvel.

Letra a.

A situação descreve uma hipótese de usucapião familiar, previsto no art. 1.240-A

do CC.

Questão 10    (FGV/MPE-RJ/ANALISTA PROCESSUAL/2016) Durante anos Berenice

manteve limpo o terreno situado ao lado de sua residência, contratando periodi-

camente os serviços de Amarildo, para roçar e retirar o mato, evitando, assim, a

presença de animais e a utilização do local para atividades indesejadas, como a

presença de drogados ou de casais para encontros íntimos. O terreno pertence a

Mirela, que está residindo na Alemanha.

Sempre que Berenice percebia que o mato estava alto e que pessoas estavam uti-

lizando o terreno para os fins mencionados, solicitava a Amarildo, no dia seguinte,

que limpasse o terreno e cortasse o mato.

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É correto afirmar que Berenice:

a) é possuidora do terreno, podendo inclusive usucapir o imóvel;

b) é possuidora direta do terreno, não podendo usucapir, por falta de ânimo de

dono;

c) é a proprietária do terreno;

d) não está exercendo a posse do terreno, mas Amarildo está;

e) tem no máximo a detenção eventual do terreno, não podendo ser considerada

possuidora.

Letra e.

Pelo enunciado da questão, fica claro que Berenice não tem o animus de possuir o

imóvel. Ou seja, ela apenas manda cortar o mato para evitar a presença de animais

e a utilização do local para atividades indesejadas.

A fundamentação legal está no art. 1.198 do CC.

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