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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA

Ensaio de tração

Prof. Rafael S. F. Pereira


e-mail: rafael.pereira@ifsc.edu.br

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A máquina de tração

Como vocês fariam pra tracionar as peças?


Como prender a peça?
F(N) F(N)

O que é importante de ser medido e como medir?

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A máquina de tração

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O corpo-de-prova

Durante o ensaio, deseja-se controlar com precisão a tensão aplicada (σ) e a deformação (ε) desenvolvida.

No local onde o corpo-de-prova é preso, existe uma tensão não controlada, desenvolvida pelo processo de
ancoramento utilizado.

Qual a solução para garantir a medida da tensão?

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Ensaio de tração

Durante o ensaio de tração, normalmente, é obtido um gráfico de força (F) versus deslocamento (ΔL)!

Deste gráfico são retiradas diversas propriedades mecânicas dos materiais, assim como o
comportamento mecânico de componentes e peças.

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Ensaio de tração

O que acontece durante o ensaio de tração?

Existem três diferentes estágios para o comportamento tensão versus deformação:

No primeiro estágio (quase) todos os materiais se comportam em uma razão constante entre tensão e
deformação. Esta região é chamada de região elástica, ou linear, dos materiais.

Em um segundo estágio já não existe a linearidade e o comportamento pode variar bastante de acordo
com o material. Esta segunda região é chamada de região de deformação plástica uniforme.

Na terceira região ocorre a bagunça do material. Agora nada mais se comporta de uma maneira previsível.
Essa região é chamada de região de deformação plástica não uniforme, ou estricção.

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Ensaio de tração

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Comportamentos mecânicos

As três diferentes regiões do gráfico definem a classificação mecânica


dos materiais em dúcteis e frágeis.

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Zona elástica

Na zona elástica, o material pode ser tratado como uma mola!

É aplicada uma tensão, que deforma o material (assim com o a mola). Se a tensão
for removida, o material volta à sua dimensão inicial (assim como a mola).

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Zona elástica

O comportamento dos materiais na zona elástica é descrito pela lei de Hooke:


𝝈
𝑬=
𝜺

Esta razão é chamada de módulo de elasticidade, e demonstra o quanto de tensão é necessária para causar um certo
nível de deformação no material.

Assim como as molas, os materiais podem ou não ultrapassar a


região linear (elástica). Não ultrapassar, significa fraturar (romper).
Assim, é definida como tensão de ruptura aquela que o material
fraturou, que pode ser na zona elástica ou não.

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Zona elástica

Da zona elástica do gráfico tensão versus deformação, pode-se tirar algumas importantes propriedades do material:

120 Qual material possui o maior a maior


tensão de ruptura?
σ1
90 Qual material possui a maior resistência
mecânica?
σ (MPa)

60 Qual material possui o maior módulo de


σ2 elasticidade?
30
Qual material possui a maior deformação?

0
0 0,02 0,04 0,06 0,08
ε
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Zona elástica

Como visto, ao se causar uma deformação em “x”, também existirá uma deformação no plano perpendicular, no caso
de um CP padrão, a área de um círculo.

A razão entre a deformação, linear, entre dois eixos é chamada de coeficiente de Poisson, e pode ser descrita como:

𝝐𝒛 𝝐𝒚
ν=− =−
𝝐𝒙 𝝐𝒙

Os materiais que obedecem essa igualdade podem ser chamados isotrópicos.

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Transição plástico - elástico

Qual a importância do
limite de escoamento?

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Deformação plástica

Depois que o material passa o limite de


escoamento, tem início a deformação plástica
(irreversível).

A tensão e a deformação continuam aumentando


até o ponto máximo da curva, que é chamado de
limite de resistência à tração.

O fenômeno do aumento de resistência durante a


deformação plástica é chamado de encruamento.

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Estricção

Depois do limite máximo, alguma parte do CP experimenta uma deformação maior que o restante.

Como a tensão depende da área, a maior tensão estará localizada nesta área de menor secção transversal. Assim, toda
a deformação medida pela máquina corresponderá apenas a essa área.

A região onde este fenômeno ocorre é chamada de “pescoço” e o fenômeno se chama estricção (ou empescoçamento).

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Limite de escoamento após deformação

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Ductilidade

A ductilidade mede o quanto o material se deforma plasticamente antes da sua fratura.

Pode ser medida pela redução da área ou pelo alongamento.

𝒍𝒇 − 𝒍𝟎
𝑨𝑳% = 𝐱 𝟏𝟎𝟎
𝒍𝟎

𝑨𝟎 − 𝑨𝒇
𝑹𝑨% = 𝐱 𝟏𝟎𝟎
𝑨𝟎

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Tenacidade

A tenacidade de um material é muitas vezes confundida com a dureza do mesmo.

Se a ductilidade de um material mede o quanto de deformação que o mesmo suportou até a fratura, a
tenacidade mede a energia que ele absorveu antes de fraturar. É análogo à resiliência, mas vale para o
gráfico todo.

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Fratura

A deformação plástica no material define como o material se comporta, que define sua fratura.

Materiais frágeis: Clivagem – Fratura perpendicular ao carregamento. Rompimento de ligações.

Materiais dúcteis: Cisalhamento – Fratura taça-cone. Deslizamento de planos.

Materiais muito dúcteis: Cisalhamento – Fratura de cones. Empescoçamento de 100%.

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Fratura

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Temperatura de ensaio

Aumentar a temperatura de um material significa dar mais liberdade para seus átomos.

Logo, o que se espera das propriedades mecânicas dos materiais?

Módulo de elasticidade? Plasticidade?

Limite de escoamento? Resiliência?

Tensão máxima? Tenacidade?

Tensão de ruptura?

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Temperatura de ensaio

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Velocidade de ensaio

Aumentar a velocidade de ensaio diminui o tempo para que os átomos se acomodem.

Logo, o que se espera das propriedades mecânicas dos materiais?

Módulo de elasticidade? Plasticidade?

Limite de escoamento? Resiliência?

Tensão máxima? Tenacidade?

Tensão de ruptura?

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Tensão e deformação verdadeiras

A máquina de tração mede força e deslocamento.


A curva que geramos é de tensão x deformação.
Pra calcularmos a tensão, utilizamos a área inicial do CP.
Contudo, a área muda no decorrer do ensaio, o que não foi considerado até então. A curva que fizemos, sem
considerar a variação da área, é chamada curva de engenharia.

A correção da curva de engenharia para a curva verdadeira pode ser realizada utilizando as equações:

𝑙𝑖
𝜖𝑉 = ln 𝜖𝑉 = ln 1 + 𝜖 𝜎𝑉 = σ 1 + 𝜖
𝑙0

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Tensão e deformação verdadeiras

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Importância das regiões para o projeto

• Tensão de escoamento e limites do projeto.

• Encruamento e aumento de resistência.

• Tenacidade e resistência ao impacto.

• Resiliência e propriedades elásticas.

• Deformação plástica e processabilidade.

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Importância das regiões para o projeto

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Tensão e deformação verdadeiras

Qual a utilidade de se usar a curva verdadeira?

No projeto de peças e produtos é usada a tensão de engenharia.


O delineamento de processos de conformação é feito utilizando-se a curva verdadeira, pois com ela é
possível calcular o coeficiente de encruamento do material segundo e equação de Hollomon:

𝜎𝑣 = 𝐾. 𝜖𝑣𝑛

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Anisotropia

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Tamanho de grão

O tamanho de grão influencia fortemente o limite de escoamento dos materiais policristalinos.

Para os materiais metálicos, grão menor resulta em material com maior limite de escoamento.
𝒌𝒚
A relação pode ser dada pela equação de Hall-Petch: 𝝈𝒚 = 𝝈𝟎 +
𝒅

30
Tamanho de grão

E o módulo de elasticidade?

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