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CONCEITO DE DIVISÃO DOS PODERES

O conceito de uma divisão dos poderes como hoje conhecemos, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário, tem origem no berço da civilização ocidental, na Grécia Antiga com Aristóteles,
polímata grego fundamentando a importância de uma divisão das funções do Estado, dividindo
tais funções em três poderes, o poder que decide após reflexões os assuntos Estatais; o poder
que administra as necessidades do Estado; e o poder que engloba os cargos de jurisdição. Já
neste momento da humanidade, Aristóteles já percebeu que deixar o poder nas mãos de um
único homem era loucura e perigoso demais.
Sempre que a sociedade se encontrava frente a problemas com suas formas de governo, era
presente em todas as épocas, alguém apresentar um modelo atualizado, com respeito ao
período histórico dos três poderes fundamentados por Aristóteles. No período do século XVII, o
filosofo John Locke escreveu sua obra “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”, nesta obra
Locke cita sobre a existência de três poderes para exercer as funções governamentais, os
poderes Legislativo, Executivo e Federativo, cada um com uma função diferente, tendo como
princípio o poder Legislativo como poder supremo, acima dos outros dois. Até então o modelo
de Locke era o considerado mais aplicável a sociedade, somente que no ano de 1748 o filósofo
francês Montesquieu, em sua obra clássica “O Espirito das Leis”, que expos ao mundo a melhor
versão da separação dos poderes de forma harmônica, desta forma reformulando o poder do
Estado e limitando-o.
Para Montesquieu, o poder do Estado deveria ser dividido em funções especificas, com o
objetivo de limitar o poder tendo em vista sua incompletude. Em sua divisão ao poder
Executivo é função a administração o Estado, e executar as relações da esfera pública; para o
Legislativo tem a função de congregar representantes políticos eleitos pela população que
instituem a criação de novas leis e a edição de outras; e, portanto, ao Judiciário tem como
função com princípio na legalidade, julgar e aplicar as leis em conflitos. Como a separação dos
poderes de Montesquieu da aos poderes uma maior independência, ele cria uma medida para
limitar e controlar os poderes para que os mesmos não se tornem superior aos outros ou
inferior, foi criado então os freios e contra pesos. Este modelo é atualmente o mais aceito pelas
sociedades contemporâneas.
Hodiernamente cada esfera do poder recebe uma atribuição distinta e independente de
forma que possam trabalhar os três de forma harmoniosa como engrenagens no sistema
interno de um relógio. Na esfera executiva quem exerce o poder é o chefe de governo do
Estado, no âmbito federal, quem exerce tal poder é o Presidente da República junto de seus
ministros, secretários e conselheiros; no âmbito estadual cabe ao governador e seus secretários
estaduais já no âmbito municipal é o prefeito e seus secretários municipais. Cabe a ele os atos
de chefia e é o presidente que dialoga com o Legislativo tendo o poder de sancionar ou rejeitar
uma lei aprovada pelo Congresso Nacional. Esta é a denominada função típica do Executivo,
entretanto ele possui outras funções atípicas, tendo na natureza legislativa o presidente pode
adota medida provisória com força de lei, e na natureza jurisdicional o poder Executivo pode
julgar defesas e recursos administrativos.
Na esfera legislativa quem exerce são os Deputados e Senadores federais no setor federal; os
Deputados estaduais no setor estadual e os Vereadores no setor municipal. Eles que legislam e
elaboram as leis, fazer parte da fiscalização contábil, orçamentária do Executivo, exercendo
uma postura de controle político-administrativo e financeiro-orçamentário. Em suas funções
atípicas, de natureza executiva concedendo a suas organizações seus direitos e garantias, tais
como providencia de cargos, concedendo férias e licenças, entre outros. Já na função de
natureza jurisdicional, cabe ao Senado julgar o Presidente quando a crimes de
responsabilidade.
Por último na esfera jurídica, quem exerce o poder são os Ministros, Desembargadores e
Promotores de justiça e os Juízes. São eles que julgam e aplicam as leis com base nas regras
constitucionais e leis criadas pelo Legislativo. Sua função de natureza executiva, cabe conceder
licenças e férias a seus magistrados, e em sua natureza legislativa tema função de
administração interna dos tribunais.
Entendendo a função de cada poder é possível compreender o que Montesquieu quer dizer
quando alega que “Todo aquele que detém o poder tende a abusar dele e o abuso vai até onde
se encontrem os limites. O poder é o que deve frear o próprio poder.” Ou seja, tendo o poder
concentrado nas mãos de um único individuo ou grupo seria declarar o próprio fim, tendo a
separação dos poderes como o mecanismo de descentralização do poder e assim evitando seu
abuso. Este sistema ficou conhecido como Sistema de Freios e Contrapesos, uma forma de
limitar o poder utilizando o próprio poder.
Para conhecer totalmente este sistema é primeiro importante conhecer as duas faculdades
que compõem este sistema, a faculdade de estatuir e a faculdade de impedir. Montesquieu
fundamenta que a faculdade de estatuir tem o poder de corrigir o que foi ordenado pelo outro,
e a faculdade de impedir tem como poder a anulação a ação tomada por outro. As faculdades
dão possibilidades tanto ao Legislativo, em examinar como as leis elaboradas foram efetuadas,
enquanto o Executivo tem o poder de impedir decisões que transformaria o Legislativo em um
poder tirano. Enquanto para ele o Judiciário não tem nenhuma faculdade atribuída.
Atualmente no ordenamento jurídico brasileiro, cada poder tem um contrapeso atribuído de
acordo com o entendimento do Estado. O poder executivo em associação ao legislativo pode
adotar medidas provisórias, com força de poder de acordo com o Art. 62 da Constituição
Federal de 1988 “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar
medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso
Nacional.”; em associação com o executivo o legislativo pode julgar ambos o Presidente e Vice
Presidente, como também promover o impeachment; já em associação com o legislativo o
judiciário ressalta o Art. 53, § 1 da Constituição Federal de 1988 “Os Deputados e Senadores,
desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal.”. Estas medidas, assim assegura que nenhum poder irá se sobrepor ao outro.
Em nossa Constituição, a separação dos poderes é um princípio fundamental, como cita o
Art. 2. da CF/88 “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.”, ou seja, a separação é uma clausula pétrea, inalterável, como bem
explicado no Art. 60 da CF/88, § 4 “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:”, inciso III “a separação dos Poderes”

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