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Regimento de 1613 PDF
Regimento de 1613 PDF
com os Inquisidores, e cumpre que outra pessoa não saiba deles conteúdo, em
tal caso, o Inquisidor poderá trazer achave a bom recado.
V Na Casa do Secreto, haverá estantes postâs em boa ordem, e nelas
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estaÍão todos os feitos findos, e os que processarem, por sua ordem; dos quais
haverá um repertório, para se saber de quem são e em que tempo se trataram e
o caso que é, de maneira que facilmente se possa achar, quando cumprir.
VI Haverá" na dita Câmara do Secreto, os Liwos necessários para o
-
ministério do S. Ofício e, em um deles, se escreverão as criações e osjuramentos
dos Inquisidores e Oficiais e se trasladarão suas provisões e assim mais um em
que se escrevam as reconciliações secretas e confissões que se Íizeram, antes
das pessoas serem presas e haverá outro Livro em que se escrevam as denun-
ciações que se vierem fazer ao S. Oficio; dos quais Livros serão assinadas as
folhas, por uma das margens, por um dos InquisidoÍes, e numeradas; e no fim
delas se fará declaração de quantas são, e de como vão assinadas todas pelo
Inquisidor, o qual assinará a tal declaração no fim do Livro.
E assim haverá outro Livro, no qual o Promotor do S. Oficio, acabado o
auto da Fé, escreverá por lista todas as pessoas que nele saíram e foram
despachadas pelos Inquisidores, declarando os nomes das terras de que forem
naturais e as culpas que cometeram, e as penas que por elas houveram, como
se dirá no título do Promotor.
E haverá mais outro Livro, em gue se lancem em receita todos os Liwos
que houverem de ficar na Inquisição, para se emendarem, ou por se não poderem
ter sem licençq como se dirá no título dos Inquisidores, Capítulo XVI.
E assim haverá outro Livro, que seÍva de receita por lembrança de todas
as penas pecuniárias, e dinheiro das comutações de penitências, como se dirá
no mesmo título dos Inquisidores, Capítulo XX)ilII.
VII Nos livros das denunciagões e reconciliagões, haverá repertório
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abecedário de todas as pessoas que estiverem culpadas nos ditos Livros,
declaradas por seus nomes e sobrenomes e circunstâncias, por onde se possa
saber quem são.
E assim haverá outro repertório geral, que não, tão-somente compreenda
todas estas pessoas, que estiverem particularmente declaradas nos Livros, mas
também outras que estiverem culpadas por autos de reconoiliação em outas
partes separadas dos ditos Livros de que o Promotorteráespecial cuidado, como
em seu título se dirá, para que sem trabalho se possa saber o que se passa e o
dito Promotor, tanto que se escrever a dita reconciliação, ou denunciação,
lmçarâ logo a pessoa culpada no repertório, sem que haja mais dilação.
VIII Haverá mais no dito Secreto um Liwo apartado dos outros, em
-
que ordinariamente se registrem os mandados e as diligências dos Inquisidores
que saírem para fora, ou seja para prisões, ou paÍa outras diligências, tanto que
for assinado pelos Inquisidores e fará declaração na forma seguinte: <A tantos
dias de tal mês, passou tal mandado, ou tal diligência parctal coisa, assinado
pelos Inquisidores F. e F., e foi entregue a F. para o entregar, ou para o dar à
devida execução>>.
E apartadamente se fará título destas coisas, que passarem em cada um
ano, paÍa mais breve se poder saber a diligência que se fez nisso; e se
cumpriram, far-se-á na maÍgem mengão de como se cumpriram, e é satisfeito
ao que se manda.
E assim havenâ outro Livro, em que se escrevam todas as fianças que se
derem no Santo Ofïcio, com as folhasnumeradase assinadaspeloslnquisidores.
IX O selo da Inquisigão estaná em uma arca dento na Câmara do
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Secreto, e os Notrários selarão as cartas, as diligências e os papeis, que se
passarem para fora e levar-se-á de cada selo que se puser a petição das partes,
vinte réis. E quando se passaÍ mandado algum, para virem a Juízo algumas
testemunhas, que hão de ser examinadas no Santo Oficio, se as testemuúas
estiverem dentro da Cidade e seu Termo, os tais mandados não levarão selo.
X Neúuns papéis se tirarão nunca da Casa do Secreto, nem faslado
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deles, nem traslado algum de autos que pertençam ao Santo Ofïcio e os
Inquisidores não mandarão darpapéis alguns, sem ordem e licençado Conselho
geral e os Notários os não poderão dar de ouúa maneira.
XI Na Câmara do Secreto, não entrarão senão os Inquisidores e os
-
Notrários do Secreto, e Promotor e não entrarão nela outros Oficiais alguns.
)m Haverá no Secreto da Inquisição uma aÍca com três chaves, na
qual -
se meterá todo o diúeiro das rendas da Inquisição, como estií ordenado,
e duas das ditâs chaves terão os dois Inquisidores mais amigos, e a outateú o
Tesoureiro do Santo Oficio e na Inquisição de Lisboa, as duas chaves da dita
arc4 que esÍá no Secreto do Conselho, terão dois Deputados do Conselho Geral
mais antigos e todo o dito diúeiro que nela se meter, se assentará em um Livro,
ordenado para o mesmo efeito, que estará na mesma aÍca, no qual se assentará
também a quantidade que se tira, e o di4 e para que efeito.
rÍrut otl
Da ordem que se lui de ter na visitação que se faz
por parte do Santo ofrcio, e do tempo da graça
concedida aos culpados no crime
de heresia e apostasia.
lhes assinarlao certo confessor que teúa as mesmas qualidades, com que se
confessem, para o mesmo efeito e paÍa examinar bem sua consciênci4 lhes
mandarão que se confessem as quatro festas principais do ano, e tomem o
Santíssimo Sacramento quando parecer bem a seu confessor, e o mais que
parecer que convém.
rÍruro m
Dos que vemfora de tempo da graça pedir
perüio de suas culpas
I - Vindo alguma p€sso4 fora do tempo da graçq com conüição e
arrependimento de suas culpas, será examinada e recebida como se contém no
Título II, Capítulo VII e não havendo testemuúas, abjurará perante os Inqui-
sidores, Notário e testemunhas, sem hábito penitencial, nem cárcere; mas
haverá penitências espirituais, como parecer aos Inquisidores e mandarão que
faça o mais que no dito Capítulo VII se contém.
E havendo testemunhas que teúam já testemunhado das tais culpas, ou
sabendo que as há, por qualquer via, ou pela própria pessoa que pedir perdão
dizer em sua confissão que algumas pessoas sabem de suas culpas, em todos
estes casos, as tais testemuúas serão examinadas, na forma do dito Capítulo
VII, para se ver se é boa e verdadeira a confissão que faz a dita pessoa e
achando-se que a dita pessoa fazboa e verdadeira confissão, e parecendo que
se deve receber a reconciliação, será recebida e abjurará em público, no lugar
que parecer aos Inquisidores, conforÍne a qualidade da dita pessoa e sua
confissão e culpas e levará hábito penitencial, o qual lhe será tirado depois de
lida sua sentença.
E, parecendo aos Inquisidores, que vista a qualidade da pessoa e confissão,
não deve levar hábito ao lugar onde abjurar, se dará conta disso ao Conselho
Geral, para ordenar o que for mais serviço de Deus e haverá as mais penitências
que parecer aos Inquisidores, conforme a Direito e sendo as ditas pessoas
menores de vinte e cinco anos, se lhes dará curador, na forma declaÍada no dito
Capítulo VII.
II E parecendo que a dita confissão não é boa e verdadeira, a dita
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pessoa será retida e examinada para se proceder no caso, como for justiça; e os
Inquisidores lhe farão as sessões que lhe parecer, antes da dita pessoa ser
recolhida ao cárcere paÍa constaÍ de suas faltas e depois de bem examinad4
não satisfazendo, como é obrigad4 sendo as culpas de qualidade e a prova
bastante para se haver de proceder, ficará a dita pessoa presa e se lhe fará
seqüesho de bens e se procederá contra ela e se dará copia de sua confissão e
das ditas culpas ao Promotor da Justiça, o qual aceitaní a confissão enquanto
faz contra o confidente e o acusará das mais culpas de que está negativo.
poderá em tal caso um dos Inquisidores, por si só, absolver e reconciliar o tal
penitente, sem o Ordinrârio.
VIII Se algum reconciliado, no tempo dagraça, ou depois, se jatar ou
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gabar, em público, ou diante de algumas pessoas dizendo que ele não cometera,
nem cometeu as heresias e os eÍïores por ele confessados, ou que não errou
tanto que confessou, sendo-lhe provado, se procederá confa ele, segundo forma
de Direito, a qualidade de suas culpas.
IX Se alguns filhos ou netos de hereges inconerem no crime de heresia
-
e apostasi4 por serem ensinados por seus pais e avós, sendo menores de vinte
e cinco anos, se vierem reconciliar, e confessarem inteiramente seus heréticos
eÍïores, assim de si, como das pessoas que os dogmatizaram, com estes tais
menores, ainda que veúam depois do tempo de graça, os Inquisidores usarão
de muita misericórdia e os receberão caritativamente a reconciliação, impon-
do'lhes penitências menos graves que aos outros maiores.
E, pórem, os menores de idade de discrição não serão obrigados a abjurar
publicamente. Os quais anos de discrição são quatorze anos no varão e doze na
fêmea, e sendo maiores dos ditos anos, abjurarão os heréticos errores que
fiz-eran e cometeram na menoridade, sendo deles capazes.
X Acontecendo vir alguma pessoa reconciliar-se, e sendo examinada
-
em form4 e recebida sua reconciliação, achando-se depois, e constando por
testemunhas que dele vierem denunciar, que não falou verdade em suas confis-
sões, em tal caso, mandar-se-á chamar o tal penitente, e com muito resguardo,
que se não assente, e se examinarão suas culpas, e será examinado e perguntado,
conforme a elas, significando-lhe que ele não tem satisfeito, e que as confissões
por ele até então são fingidas e simuladas, e não verdadeiras, nem satisfatórias,
que abra os olhos da alma e confesse a verdade.
E tornando o tal confidente sobre si, e conformando-se com o que dizem
as testemunhas e com a verdade e pedindo perdão, com moshas de bom
penitente, se usará com ele de misericórdia, achando que a merece, pronuncian-
do os Inquisidores, assim em sua reconciliação, como nas mais penas e
penitências que o penitente merecer, e como parecer que convém a serviço de
Nosso Seúor, e salvação de sua alma. E não abjurará segunda vez; mas será
absoluto da excomuúão de que ficou ligado por não descobrir os cúmplices.
E quando trouxer hábito penitencial, se lhe acrescentará o dito hábito e
cárcere, como parecer que suas culpas o mereceram e não trazendo hábito
penitencial, o levará quando for ao auto, e o trará público, o tempo que parecer
aos Inquisidores os quais terão grande resguardo a cerca destes reconciliados,
que não confessarem inteiramente, ao tempo de sua reconciliação, de si, nem
de outras pessoas, o que sabiam dos ditos crimes, especialmente em coisas e
atos graves assinados, feitos e comunicados com tais pessoas, üio coúecidas
chamada à Mes4 nem examinada, nem se faÍá com ela diligência algum4
porque se sabe por experiência que não há de confessar que é herege, estando
solta em sua liberdade; e semelhantes exames servem mais de avisar os
culpados, que de outro bom efeito e assim convém mais esperar que sobreve-
nham novos indícios ou nova prova.
IV Quando se houver de pronunciar sobre as culpas de alguma pessoa,
-
pÍìra se prender, se terá muito aviso e tento se as culpas são tomadas de muitos
dias ou poucos, porque será necessário saber se as testemuúas são vivas ao
tempo da prisão; porque sendo falecidas, sem serem ratificadas, se prendesse,
haveria depois grande defeito na prova, segundo a prática que se tem conforme
a direito.
E o seqüestro de bens se não fará, senão em caso de heresia" ou em casos
que haja confiscação de bens pertencentes ao Santo Ofïcio; nem se seqüestrarão
bens possuídos por terceiro possuidor, salvo quando o dito possuidor os tiver
da mão do dito preso.
V Assim mesmo se olhaná muito a qualidade das testemunhas, e o
-
crédito que se lhes deve dar, segundo a qualidade do caso e da pessoa e os
Inquisidores farão diligências sobre o crédito que devem dar às testemunhas,
antes que procedam à prisão, como em negócio de tanta importância se requer.
E o mesmo farão em todas as mais testemuúas que perguntarem e quando se
mandar pedir de uma Inquisição a outra crédito da testemuúa será por
remissória e não por carta.
VI Os Inquisidores receberão as denúncias e testemunhas de ouvidas
-
as quais se escreverão por Livro das denúncias; e, porém, não parafaznrem obra
por elas, senão para averiguarem a verdade acerca das culpas que tocam em seu
referimento; e depois se perguntarão as referidas.
E quando parecer necessário confrontarem-se as testemunhas umas com
as outras, de rosto a rosto, e na qualidade do caso o requer, o poderão fazer os
Inquisidores: mas será raramente com muita cautel4 circunspecção e urgente
causa; e havendo lugar, darão primeiro conta disso ao conselho.
VII Quando se perguntarem as testemuúas das denúncias, declarem
-
sempre sua idade, se são casados ou solteiros e que ofïcios têm, onde vivem e
donde são naturais, e se são criados de algumas pessoas, e se têm raça dejudeus
ou mouros ou se foram reconciliados ou penitenciados pelo Santo Oficio, ou
se são filhos ou netos de condenados pelo crime de heresia com as mais
circunstÍincias que parecerem necessárias para constar, e se saber em todo o
tempo, da testemuúa e qualidade dela.
E outrasim declararão a idade da pessoa culpada, quando não constar será
maior de idade. E tanto que as testemuúas depuserem, se ratificarão logo,
conforme ao estilo.
Mafamede, será perguntado por cada uma das cerimônias da dita lei ou seita, e
por crença dela, porque achando-se compreendido em algumas delas, as con-
fesse e salve sua alma; e as perguntas se multiplicarão, segundo a qualidade do
caso.
Depois desta sessão se fará a terceira admoestação, na qual será o réu
admoestado e perguntado em particular por cada uma das culpas que tiver,
conforme ao tempo em que as fez, e cerimônias de que está delato é pessoas
com que as comunicou e não será nunca perguntado por pessoa alguma em
particular, nomeando-a por seu nome, por evitar a sugestão que do contriário se
segue, salvo havendo bastante informação, e dando primeiro conta disso ao
Conselho.
Xry Confessando o réu em alguma das audiências sobreditas, os
Inquisidores- o deixarão prosseguir e continuar sua confissão, sem a interrom-
perem com perguntas e, depois do réu acabar de dizer o que lhe lembrar, lhe
perguntarão o propósito e a ocasião que houve parafazer, ou dizer o que tiver
confessado, e a intenção que nisso teve, e que declare o tempo, o lugar e as
pessoas que se acharam presentes; e confessando ter dito alguma proposição
herética, judaica ou de seita de mouros, ou feito alguma cerimônia judaica, ou
das ditas seitas, lhe perguntarão se ao tempo que disse as ditas heresias, ou fez
as ditas cerimônias, sabia e entendia que eram contriárias à nossa Santa Fé
Católica e contra o que tem e ensina a Santa Madre Igreja de Roma, paÍa com
isso ficar constituindo em penitência e herege consumado.
E assim lhe perguntarão quando começou a crer as coisas que tem confes-
sado, e até que tempo lhe durou a crença dos ditos erros e quem lhos ensinou e
onde os aprendeu e que causa o moveu a deixar os ditos erros e apartar-se deles
e que é o que ao presente crê.
E lhe farão as mais perguntas que lhe parecerem necessiírias para bem do
negócio e clarcza de sua confissão, principalmente as que resultarem das
respostas que o réu der. E lhe perguntarão se, nas confissões sacramentais
fingidas qu,e fazia, confessava os ditos erros de seus confessores e se recebia o
Santíssimo Sacramento, e quantas vezes e a que fim se confessava e comunga-
va.
E confessando o réu algumas cerimônias de judeus e mouros, declarará o
modo em que as fazia, e com que palavras; e se escreverá tudo o que disser por
extenso e da mesma maneira as orações que confessar que rezava, perguntan-
do-lhe com que pessoas tratou, e comunicou os erros e as cerimonias que tiver
confessado, e quem lhas viu fazer oudizer ou sabe delas ou poderá saber.
XV o réu tiver dito que fez algumas coisas, ou comunicou
- Quando
com algumas pessoas e no decurso de suas confissões acrescentaroutros delitos
ou cúmplices ou que os já confessados cometeu mais vezes, se não contentem
os Inquisidores com o réu dizer que fez e comunicou aquela culpa com as
pessoas que tem declarado, ou no tempo que tem confessado em tal sessão; mas
farão que o réu particularmente diga em çada sessão os nomes de todas as
pessoas que se acharam presentes, e a substÍincia da culpas, que cometeram, e
declaração que tiveram, e tempo e lugar, com as mais circunstâncias necessá-
rias, não referindo umas confissões às outas, para que o testemunho fique mais
claro e concludente, e as publicações se possam fazer com certeza.
XVI Os Inquisidores terão muita consideração quando fizerem per-
guntas aos-réus, que seja com muito tento, e não lhes perguntem coisa de que
não estejam indicados ou a que eles hajam dado ocasião em suas respostas,
usando de todo o bom termo, de maneira que o que for somente suspeita ou
presunção, se lhe não de a entender que está provado e para que nisto não possa
haver excesso, oNotiário escreverátudo o que os Inquisidores perguntarem aos
réus, e o que eles responderem, sem deixar coisa alguma por assentar, paÍa que
de todo hajaclarcza.
E quando parecer que o preso ou presa deve ser mudado da casa em que
primeiro foi posto, ou das em que depois estiver, se assentará em seu processo
o dia em que foi mudado da dita casa, e para onde, e paÍa que compaúia se
mudou, e que compaúia tinha antes e porque causa mudou; e da mesma
maneira se ponha no processo do companheiro e quando o preso vier de novo
para o cáÍcere, se declarará em seu processo a casa em que foi recolhido por
mandado dos Inquisidores.
XIX Os Inquisidores visitarão o cárcere do Santo Ofïcio, ao menos de
-
mês em mês, e todas as mais vezes que for necessário, posto que haja despacho
final; e ouvirão os presos a cerca de suas necessidades, e os mandaÍão prover,
e consolar e saberão se lhe dão algum mau tratamento, e proverão em todo o
que lhes parecer que cumpre; e levarão sempre consigo um Notário, Ptrâ
mandarem tomar em lembrança o que os presos requerem e assim qualquer
outra coisa que paÍecer necessiária e cumprir a serviço de Nosso Senhor. E o
Alcaide do cárcere não será presente à dita visita, mas a pessoa que os
Inquisidores escolherem, que irá diante, com as chaves, abrindo as portas onde
os presos estiverem.
XX Por evitar os inconvenientes que comumente sucedem, de falarem
- de fora com os presos, os Inquisidores
as pessoas olharão muito nisso e
ordenarão como o Alcaide não de lugar, nem consinta que o tal se faç4 sem
sua licença, salvo quando fossem pessoas religiosas e doutas, ou Sacerdotes,
por mandado dos Inquisidores, para sua consolação e edificação e sempre estariá
presente um Notário com o preso, e religioso que lhe falar; e de outra maneira
ie não fará nunca, salvo quando se confessaÍ sacrÍÌmentalmente, como na
Capítulo XIV, Título X, se dirá.
De quando se dará confessor ao preso
XXI Se algum preso adoecer no cárcere, além dos Inquisidores serem
obrigados -mandá-lo curar com diligências, e prover que se lhe dê todo o
necessário para sua saúde, com parecer do médico ou dos médicos, que o
curaÍem, se pedir confessor se lhe dará pessoa qualificada, e de confiança; a
qual jurará nã Mesa que terá segredo, e que, se o penitente disser em confissão
alguma coisa que dê por aviso fora do cárcere, não aceite o tal secreto não dê
semelhantes avisos; e dizendo-lho fora da confissão, o dirá aos Inquisidores e
o avisarão e instruirão da forma como se há de haver com o penitente,
significando-lhe que, mais pois está preso por herege, se não manifestar suas
héresias judicialmente, sendo culpado, não pode ser absolvido; e o mais se
deixará a consciência do dito confessor, o qual será pessoa douta para que
entenda o que em semelhante caso se deve fazer.
E quando o réu estiver são, e tiver saúde, e se pedir confessor, o mais seguro
é não lho dar, salvo quando tivesse confessado judicialmente suas culpas, e
tivesse satisfeito os autos; porque, em tal caso, parece coisa conveniente dar-lhe
confessor, para que o console e esforce; mas como não pode ser absoluto do
crime da heresia antes ser reconciliado ao grêmio da Santa Madre lgreja, parece
que a confissão não terá total efeito, salvo se estiver no último artigo de morte,
ou for mulher prenha, que esteja chegada ao parto, porque as se guardará o que
o direito em tal caso dispõe: e quando o réu não pedisse confessor, e o médico
desconfiasse, ou estivesse duvidoso de sua saúde, pode-se lhe persuadir por
todas as vias que se confesse.
Das suspeições
XXII Quando as partes vierem com suspensão a ambos os Inquisido-
-
res, se lhes parecer que as tais suspensões são frívolas, não as receberão, e
procederão na causa em diante, como lhes paÍecer justiça e sendo tais, que
paÍeça que se devem recebeç as remeterão ao Inquisidor-Geral e ao Conselho
da Inquisição, assinando termo às partes, paÍa que vão requerer suajustiça sobre
elas, ante o Inquisidor-Gera, ou Conselho.
E quando a suspeição for posta a um dos Inquisidores somente, o outro
Inquisidor tomarâ coúecimento do tal feito; e, não seguindo a parte a suspei-
ção, no tempo que lhe for assinado, o Inquisidor a quem for intentada a
suspeição será havido por não suspeito e procederá na causa.
E vindo com suspeição a um dos noüários ou a algum outro Oficial, os
Inquisidores serão Juízes das tais suspeições.
Das apelações
Dos ausmtes
em sua negativa, lhe mandarão dar o traslado de sua acusação e, sendo mulher,
lhe será lida por algumas vezes, para lhe poder ficar na memóri4 e estar
informada e instruída da matéria de sua acusação. E logo mandarão ao preso,
que nomeie advogado, que o defenda; e aceitada a causa pelo procurador, feita
a solenidade do direito, e recebido juramento em forma perante o réu, como se
contém no título de seu ofïcio.
O réu estará com seu procurador, que lido o traslado de sua acusagão, o
exortará e aconselhará que confesse a verdade, e não diga o contrário dela, nem
confesse o que não tem feito; e querendo o réu confessar suÍls culpas, o
procurador o remeterá aos Inquisidores, sem lhes tomarem ouvir sua confissão,
nem estar presente a ela, nem se lhe dar ópia do que disser; e os Inquisidores
na Mesa receberão a confissão do dito preso; e, continuando o réu na sua
negativa o dito procurador lhe fará sua defesa e ao tempo que a fizer estará
presente um Notário, sendo possível, e estando ocupado, um Oficial do S.
Oficio, que paÍecer aos Inquisidores (o que também se fará as vezes que o
procurador estiver o réu); e o proourador apresentará a defesa e abonação do
dito réu, nomeando as testemuúas para prova delas aos Inquisidores.
Sobre o recebimento da defesa do réu
XXXIV E oferecida assim a dita defesa, com o haslado do libelo, os
-
Inquisidores pronunciarão que a recebem si et in quqrrtum, e que admitem as
partes a prova, salvo procedendo os Inquisidores que a dita defesa lhes deve ir
conclusa para verem se provada lhe aproveitarâatalcontrariedade, e poder-se
escusar de assinar dilação as partes, havendo consideração que no Júzo da
Inquisição, as inquirições são cerradas. E os Inquisidores darão ordem que as
tais testemunhas nomeadas pelo réu sejam em breve examinadas e recebidas
com sua qualidade, posto que não sejam omni exceptie maiores, para depois se
lhe dar crédito que se lhes deve dar. E pedindo a parte papel para fazer memória
de sua defesa, se lhe dará o que parecer aos Inquisidores, numeradas, e assinadas
todas as folhas peloNoüário; e disso se faráGrmo no processo, de quantas folhas
lhe deram e como as tornou; e todas as vezes que a parte quiser vir com artigos
de defesa, será admitid4 entendendo os inquisidores, que o não faz por malícia
e cautela.
o"u':#"ï,1'i;#;'"iïw;i,i"!r*'
XXXV Quando as partes disserem que não querem procurador, e
-
parecer aos Inquisidores que é o negócio de qualidade para lhe ser dado, sempre
lho darão, e mandarão que procure por eles e defenda suas causas, para que não
fiquem indefesos; e quando forem tão pobres que não tiverem por onde PaEü,
lhe mandarão satisfazer seu üabalho, à custa do diúeiro das despesas da
Inquisição.
Das ratificações
XXXVI Pelo perigo que pode haver na falta da prova dajustiç4 sendo
-
as testemunhas da Justiça mortas ou ausentes, sem serem ratificadas, confor-
mando-nos com o estilo praticado no Santo Ofício, mandamos, que, tanto que
depuserem as testemuúas no Santo Oficio, contra alguma pessoa ou pessoas
se ratifiquem logo e assim o requererá o Promotor, sendo presentes à tal
ratificagão duas pessoas religiosas, que o direito requer; e bastará serem
Sacerdotes, pessoas honestas, e discretas, de boa consciência; as quais recebe-
rão juramento de terem segredo e fidelidade, negócio e caso do Santo Oficio,
paÍa que foram chamadas.
E, depois de assinar a testemunha seu testemunho, os Inquisidores, e
honestas pessoas, saída a testemuúa para foÍ4 perguntarão as ditas honestas
pessoÍrs, pelo juramento que tem recebido, se lhe parece que a dita testemuúa
falou a verdade no que testemuúou, segundo o modo e a maneira, com que lho
ouviram e viram dizer; e o que disserem escreverá o Notário e tudo será assinado
pelas ditas honestas pessoas e Inquisidores. E a mesma diligência se fará com
as testemunhas que de novo o Promotor nomeaÍ e apresentar, em favor e ajuda
de sua prova. E querendo o Promotor verjurar as testemunhas, as poderá ver
jurar; e, porém, não estará presente ao tempo de sua ratificação, pois é, parte,
como se diná no título que pertence ao ofïcio do Promotor.
E depois de assinados os ditos das testemuúas, se fará termo pelo Notiário,
em que se declare a variação, e o titubear das testemunhas, quando o caso
acontece com as mais circunstâncias que parecer, de falarem a verdade, ou o
contnário dela" para crédito que depois se lhe deve dar e este termo se assinará
pelo Inquisidor que estiver presente. E o Notrário declarará, na ratificação que
fizer, se o preso está doente, e o lugar em que se ratificq e se é no cárcere e o
porquê e se tem ferros, ou prisão apertada; e da mesma maneira se ratificarão
as testemunhas, quando se procede contra os casados duas vezes.
Das publicações
Das contraditas
E não vindo logo com contraditas, podená vir com elas até a primeira ou
segundaaudiênci4 ou atéotempo que paÍeceraos inquisidores, posto que esteja
tomado assento em seu processo, considerados os termos a que chega a
evidência da sua malícia, para se lhe não conceder mais tempo e será de maneira
que o réu fique indefeso. E ao procuradornão ficarátraslado algum, nem minuta
da dita publicação, nem o levará para cas4 nem papel algum, nem lembrança
que pertença ao Santo Oficio, nem comunicará as ditas contraditas com pessoa
alguma e assim o jurará se cumprir: nem nomeará testemunhas para prova das
ditas contraditas, por cumprir assim ao segredo do Santo Oficio, pelo perigo
que disso se pode seguir e tudo o que houver de escrever, o fará no Santo Oficio
e este estilo se guardará em todas as Inquisições.
E, porém, sendo o caso de qualidade, que se não possa provar por outrasi
pessoas, e dizendo o réu com juramento, que não tem outras testemunhas, os
Inquisidores as admitirão, para lhes dar o crédito que se lhes deve dar e enquanto
for possível, não se receberá para prova das ditas contaditas peso algum da
nação dos crisülos-novos. E, sendo caso que os réus não se lembrem de dar
testemunhas, que sejam de receber, paÍa prova de algum artigo das ditas
contraditas, para que não fique indefeso, Os inquisidores terão cuidado de fazer
diligência, ex-fficio,nos ditos casos, fazendo de modo que não sejam pergun-
tadas pessoas, pelas quais veúa o réu a saber quem testemuúou contra ele.
Os Inquisidores, depois de nomeadas as ditas testemuúas pelo réu, lhe
farão perguntas, comjuramento, se depois de acontecer o que dizem em suasi
contraditas, se falava e comunicava com as testemunhas, ou iam uns à casa dos
outros e o que o réu disser se escreverá" pôr termo, no fim da dita nomeação de
testemunhas.
Do tormento
XLVII Quando parecer que o réu deve posto a tormento, por ter contra
-
si indícios bastante, os Inquisidores e Deputados estejam advertidos que não
votem no que depois do tormento se há de determinar na causa, confessando
ou negando, mas declararão no assento o tormento que se deve dar, e dirão que
de novo se torne aveÍ,pata conforme ao que suceder, lhe ser dada a pena que
por direito merecer. E no mesmo assento declarará o gênero de tormento que
se há de dar e se há de ser esperto, ou não, e quantos tratos há de haver.
E, querendo o Ordinário assistir ao dito tormento, o poderá fazer, e assim
lho dirão os Inquisidores; e não vindo, nem mandado, os ditos Inquisidores
farão a diligência do tormento, como até agora fizerem.
matéria de henesia. E nos processos dos que confessam, depois que tem assento
de relorados, posto que os tais sejam recebidos depois do assento, em todos os
feitos do pecado nefando, depois de sentenciados. E nos feitos dos cristiÍos-
velhos, que disseram não estar na Hóstia consagrada o Corpo de Cristo Nosso
Seúor, tão perfeitamente, como estiá nos Céus.
E em todos os processos das pessoas, que pelo Regimento do Conselho, se
não podem prender, sem consultar o Inquisidor-Geral, ou o mesmo Conselho,
que os clérigos, religiosos de qualquer ordem, Fidalgos, pessoas de qualidade,
mercadores muito ricos, e notáveis e em todos os ditos casos serão enviados os
ditos processos ao Conselho Geral, com o assento que neles se tomar, e
fundamentos e razões dos votos.
E nisto poderá haver assim mesmo lugar, considerando o modo com que
o penitente faz sua confissão, e sinal de sua conversão e arrependimento e
declaração das culpas que fez, e dos culpados no mesmo crime, e especialmente
se confessa" tanto que for preso, nas próprias sessões, ou depois, sendo-lhe lida
sua acusação. E quando a confissão do dito réu não merecer o tal favor, será
condenado em ciárcere perpétuo, e se poráno assento, que, passado certo tempo,
se lembre ao Inquisidor Geral para que dispense no cárcere perpétuo.
LXI Tanto que algum culpado for relaxado por sentença à Cúria
-
Secular, além de se fazer diligência que se contem no capítulo LX atrás, três
dias antes que se faça o Auto da Fé, lhe mandarão notificar, por um Notrário do
Santo Ofïcio, que os Inquisidores ordenarem, como ele por suas culpas está
rela:<ado ao braço secular, que dispoúa sua alm4 e que olhe o que lhe cumpre
a sua consciênci4 e se confesse e encomende a Nosso Senhor, para que o
encamiúe ao conhecimento da verdade, e lhe tire a cegueira que tem em seu
entendimento, fazendoJhe as mais admoestações que forem necessiírias para
o caso.
E se cumprir que esta admoestação lhe faça pessoa de que o réu teúa
confiança que lhe falará verdade aceitaaele,lhafará4 e o confessor estará diante
para logo o consolar e estar com ele, indo primeiro instruído das coisas que lhe
hâ de dner paÍa sua salvação, e do estado em o réu estrí e dai em diante terá o
confessor cuidado de comunicar o tal penitente, e sempre persuadindo-lhe, e
induzindo-o com santas palavras, para que confesse a verdade e o Alcaide tená
especial cuidado de olhar por ele, de maneira que não aconteça algum perigo.
E a tal notificação se fará por auto e parecendo que o penitente não crê
inteiramente ser relaxado, e que isso dá causa a não dispor também sua I
consciência, em tal caso, o çonfessor o notificará aos inquisidores, paÍa lhe ser 1
lida e publicada sua própria sentença, de modo que, sendo desenganado de sua
condenação, faça o que convém para sua salvação. E quando parecer que é
necessário ler-se a sentença, será à véspera do Auto, para evita.'perigos e
Nosso Seúor e sendo diferentes, enviarão relação do caso, bem declarada, com
seu parecer e fundamentos, ao Inquisidor-Geral, ou ao conselho da Inquisição,
para se determinar o que for justiça, conforme o que estiá assentado no Título
IV, Capífulo LW, e se alguma diferença particular entre eles nascer, não se
podendo concordar, o terão em segredo, e farão a saber ao Inquisidor Geral,
para que o remedeie como vir que convém, a bem do Santo OÍïcio, e segredo
dele.
O que se entenderá nas Inquisições deste Reino; porque nas de fora dele,
não se concordando os Inquisidores entre si, chamarão os Deputados, e os
assentará o que se determinar pelos mais votos, como estrá dito no dito Capítulo
Lry.
De como os inquisidores não hão de on'ir rogos sobre
presos, nem dar audiências em sucts ccrsas
II Os Inquisidores não ouvirão rogos de pessoas algumas, sobre pre-
-
sos, e coisas tocantes e pertencentes ao Santo Ofício da Inquisição, nem em
suas casas darão audiência, nem ouvirão outros requerentes, nem outra pessoa
alguma que por eles requerer e mansamente lhe dirão que vão à casa de
despacho da Inquisição, onde comumente residem os inquisidores, e ali serão
ouvidos, e lhes será feito inteiro cumprimento de justiç4 e o mesmo cumprirão
os deputados do Santo Ofïcio.
Das pessocrs a que os Inquisidores hão de mandar dar
cadeira de espaldas, vindo à Mesa, e da proibição
de se tomarem recados de fora nela
m Os Inquisidores guardarão em tudo a autoridade que se deve ao
tribunal -do S. Oficio, tratando as pessoas que vierem à Mesa, conforme a
qualidade delas, e com boas palavras e somente mandarão dar cadeiras de
espaldas às seguintes pessoas, a saber:
Dignidades, Cônegos de Sé, ou Igejas Colegiadas, Provisores, Vigários e
Desembargadores dos Prelados e Relações Eclesirásticas, Priores de Conventos
ou Colégio, ou Abades ou Religiosos, ou Priores ou Abades de Igrejas Paro-
quias, Fidalgos, Desembargadores, Corregedores, Juízes, Ouvidores, Vereado-
res ou Cidadãos das Cidades ou do governo de Vilas noúveis, Doutores ou
Licenciados por Universidade, e Bacharéis formados pelas Universidades
aprovadas ou aos que têm privilégio de Desembargadores, aos Secretários
d'El-Rei, escrivão da fazenda da Comarca" assim d'El-Rei, como das Cidades,
ou Vilas notiâveis ou pessoas nobres, e por tais conhecidas. E as mais pessoas
darão cadeira rasa.
E não consentirão que pessoa alguma entre na Casa do Despacho a dar
recados de fora, a eles, ou Deputados, ou a outros Oficiais nem farão negócio
algum na Mesa, que não seja da mesma Casa. E sucedendo caso que seja muito
necessário, poderá cada uma das ditas pessoas sair à casa de fora tomar o tal
recado.
Do caderno que coda urn dos Inquisidores lui de ter, para bom
expediente do ministério do Santo Ofuio
Í
I
Sônia Aparecida de Siqueira
e Írs perguntas que fizerem aos confidentes, e pertinazes serão mais a fim de
lhes salvar as almas, que as vidas, atendendo às suas consciências, e ao Direito,
como está dito no Capítulo VIII, do Título IV.
De como o Notario hó de escrever todas as perguntas
e respostas que se fizerem aos presos
cujas freguesias falecerem alguns Letrados, que lho façam logo saber, ou aos
ditos Revedores, para que se faça rol dos livros de defunto, e se não vendam os
que forem defesos.
E o mesmo se fará pela mesma ordem, por outro título apariado, de todo o
dinheiro das comutações e dispensas das penitências que no dito tempo houver,
com as mesmas adições feitas de cada pessoa em particular, e da quantia do
dinheiro que há de pagar que em todo o tempo conste se ficou coisa por receber,
e se arrecade as quais receitas serão assinadas pelos Inquisidores e por elas
tomanâ depois conta ao tesoureiro da Inquisição.
rÍruro vr
Das coisas que tocam os Inquisidores
e Oficiais da Inquisição em geral
IHGB, RiodeJaneiro,157(392):615-69l,jul./set.1996.
^
,
Sônia Aparecida de Siqueira
i IX Neúum Oficial
da Santa Inquisição levaná parte alguma do que se
perder para - Santa Inquisição, porquanto, por razío de seus cargos, são
a
í,
obrigados afazertodaadiligencia, pelo que cumpre ao Santo Ofício. E, porém,
I algum Oficial descobrir alguma coisa, que se perca pdra a Santa Inquisição, o
r' fará a saber ao Inquisidor-Geral, que terá lembrança de lhe fazer isso à mercê
i que for razío.
afazer negócio a suas horas, a ouçam e estas Missas dirão aos Notrários do Santo '
Ofïcio, cada um sua semana e haverão de esmolas delas, em cada um ano, doze
mil réis, que se repartirão por todos os quais pagaúL o tesoureiro da Casa e as
poderão dizer por sua intenção.
rÍrurovu
Do Promotor do Santo Oficio da Inquisição
I O Promotor terá grande cuidado e diligência em paÍisar os livros e
-
papéis que houver no Santo Ofïcio da Inquisição, para não somente estarem por
sua ordem, mas também para requerer que se passem mandados para prender
os culpados assim presentes, como ausentes e assim paÍa se perguntarem as
testemunhas que estiverem referidas, para se fazerem as diligências que cum-
prem, e se saber a verdade das culpas de cada um. E assim terá cuidado de t
requerer, quando lhe parecer necessário, que se ponham em ordem os registros
e originais dos negócios, dos feitos e papéis, que houver na CâmaÍa e no Secreto
da Inquisição, por seus repertórios, de modo que se ache cada coisa facilmente,
e para isto se poder fazer se ordenará tempo e horas. Eterâcuidado de acusar,
com muita diligência" os culpados judicialmente, por seus termos ordiniírios,
até se concluírem os processos.
II Não fará artigo fundado em testemunhas de ouvida a outra pesso4
- requererá que tomem as testemuúas de ouvida, paÍa por elas se
e somente
ì
requerer e não estará nunca presente às audiências que se fizerem aos presos e
virá por sua pessoa por sua acusação, a qual lerá aos presos, diante dos
inquisidores, estando o reu em pé e estará presente ao concertar das culpas que
se trasladaÍem. E contará todos os feitos que os Inquisidores processarem
conforme o estilo eclesiástico, e terá o Regimento dele e se as partes a que
tocarem as ditas contas se sentirem agravadas se queixarão aos Inquisidores. E
numerará os processos e, quando for ao Conselho, os verá se esüÍo perfeitos e,
achando que lhe falta alguma coisa, a fará suprir e contará os feitos e lançará
os culpados nos repertórios o que fará com muita diligência e cuidado
IV O Promotor será obrigado a acusar todos aqueles que
negarem a
- culpas
tenção das que confessarem, assim como os casados duas vezes, e os
que confessarem heresias, materiais, negando atengão, e os confidentes dimi-
nutos, posto que a diminuição não teúa mais prova contra si, que a presunção
de direito, como são os que se fizeram judeus até certo tempo, e esüío diminutos
nele, a parte post e os que ftzeram ritos ou cerimônias, que confessam, de
alguma lei ou seita, contra nossa Santa Fé Católica, da qual negam atenção, e
a sendo o réu já acusado por algumas culpas, acrescendo-lhe outras da mesma
espécie, não será acusado por elas, mas somente lhe farão a saber os inquisido-
res, nas perguntas que lhe fizerem, que lhe acresce prova de novo. Mas, porém,
os que fizessem jejuns, ou cerimônias, no qárcere do Santo Oficio, posto que
já estejam acusados por outros jejuns, ou cerimônias semelhantes, que fizeram
antes de serem presos, serão de novo acusados por elas e esta acusação se terá
com tais circunstâncias, que não se declare o lugar onde foram cometidas e
quando o preso pedir que lhe dêem o lugar em que cometeu o delito, o Promotor
lhe declarará o lugar geral em que foi cometido, e não o lugar do lugar.
V Terá em rol todos os processos para saber em que termos estão seus
-
negócios, e o que deve requerer e assim terá cuidado de requerer todas as fianças
que se perderem, pelas coisas nelas declaradas, para que hajam efeito. E sená
obrigado enviar às outras Inquisições o rol dos culpados que houver no Santo
Ofício e terá cuidado saber se as pessoas que foram mandadas prender, e se
ausentaram, tornaram a vir às mesmas terras, para se mandarem buscar de novo.
Vm
- Levarâdos
contra quem
feitos que se tratarem no Santo OÍïcio, dos culpados
fonnar a acusação, o salário seguinte, convém a saber: dos
sentenciados de leve suspeita, quatrocentos réis, dos veementes, seiscentos réis
e dos declarados por hereges, novecentos réis ainda que o réu confesse o porquê
há de ser acusado, o qual diúeiro lhe será pago no tempo que paÍecer aos
Inquisidores, das fazendas dos réus, se as tiverem, ou sendo pobres, ou necon-
ciliados, se pagará dos bens confiscados, como até agora se pagou. E indo o
dito Promotor fora, afazer alguma diligênci4 levará cada dia seiscentos réis,
pela mesma ordem pagos.
IX Por quanto acontece moÍïerem alguns presos no cárcere, ou fugi-
- antes
rem dele, de suas causas serem sentenciadas em final, mandamos ao
Promotor tenha muita vigilância em saber dos termos em que estiverem as
causas das ditas pessoas, parufazer correr com elas, até se dar final sentenç4
da qual passará certidão, para o Juiz do Fisco prover os seus inventiírios,
confonne o seu Regimento.
X Mandamos que tanto que houver denúncia de alguma pessoa de
-
outro distrito, o Promotor seja obrigado, dentro em oito dias, fazer trasladar as
tais culpas e enviá-las à Inquisição, de cujo distrito forem as pessoas culpadas,
sob pena de lhe ser muito estranhado, não o cumprindo assim. E a mesma
obrigaçãotenâoPromotormandar às outras Inquisições orol detodas as pessoas
que saíram no Auto da Fé, depois de feito, daí a quinze dias primeiros seguintes,
declarando os nomes dasterras de que forem naturais e as culpas que cometerem
e as penitências que por elas houveram. E estes róis se trasladarão em um Livro
que se farâ,para este efeito somente, em cada Inquisição, para a todo o tempo
se poder ver e saber por ele o que cumprir acerca de tais pessoas.
XI O Promotor terá cuidado de requerer aos inquisidores que mandem
recolher-os mandados de prisão, que se passaram paÍa os Comissrários e
familiares do Santo Oficio, que não tiveram efeito, nem se espera tê-lo tão cedo,
por não ficarem os papéis de segredo em mãos alheias. E terâ obrigagão de
assinar as certidões que os Notiários passarem para outras Inquisições, de como
se não acham cutpas no Secreto do Santo Ofïcio contra as pessoas para que se
pedem.
TÍTTJLo Vm
Dos Notarios do Santo Ofrcio da Inquisição
sos, segundo cada um estiveÍ mais disposto para o poder fazer, e parecer bem
aos inquisidores. E serão avisados que quando as partes apelarem e agravarem
dos Inquisidores, mandarão os próprios processos e autos, e virão ao Conselho,
por pessoa de muita confiança e assim virão os autos dependentes e anexos e
conexos, que cumprirem, segundo para despacho da causa aos Inquisidores
parecer necessiirio, para mais clarcza da justiça.
E os Notrários não trasladarão neúuns autos para se enviarem a outras
partes, sem mandado dos inquisidores, e assinado por eles e terão especial
cuidado de tirarem as culpas do original, ao processo, e concertá-las com ouÍo
Notiârio, estando o promotor presente; o que se guardará com efeito, vendo-se
o original com o traslado e no concerto dirá o Noüário que esteve presente o
Promotor.
II Os Noüírios estarão avisados que não falem, nem digam coisa
-
alguma aos presos; e somente entendam em fazet bem, e como devem seus
t oficios e querendo o Notrário avisar alguma coisa aos inquisidores, que lhe
paÍega que cumpre ao Santo Ofício, principalmente estando o preso presente,
ì"
o fará secÍetamente, por escrito e com muito resguardo.
m Os Notrários escreverão, a letra e formalmente, as perguntas feitas
-
e propostas pelos inquisidores e não se contentarão com dizer: <e perguntando
e respondendo etc>> e da mesma maneira escreverão tudo o que o réu responder,
o que se guardará inteiramente, assim no exame do réu como no das testemu-
nhas, como está dito no Título dos Inquisidores, Cap. XI[.
seu lugar não escreverá Oficial nenhum do Santo Ofício e isto enquanto se não
der outra ordem.
Xm Por enquanto achamos que, algumas vezes, os Notários do Santo
-
Oficio assistiam nas ratificações que se fizesse,às testemuúas da Justiça, como
honestas e religiosas pessoas, o que pode ter alguns inconvenientes, mandamos
que daqui em diante, os inquisidores não admitam os ditos Notários às tais
ratificações, salvo sendo o negócio de tanto segredo, que convenha ao Santo
Ofïcio não assistirem pessoas de fora, ou de tanta brevidade, que não sofra
dilação e, nestes casos, o Notiário que escreveu o testemunho não poderá assistir
como honesta e religiosa pessoa.
rÍrulo x
Do Meirinho do Santo Oficio da Inquisição
I- O Meiriúo irá pela manhã, e à tarde, a hora ordenada, aos Inquisi-
dores, para os acompanhar até a Casa do Despacho da Inquisição, e assim
esperará até que acabem, e depois os acompanharát, e o mesmo fará todas as
vezes que os Inquisidores forem à Missa ou a outros lugares públicos, e partes
que cumprir, e assim mais fará tudo o que lhe mandarem os Inquisidores.
U O Meirinho fará, bem e fielmente, seu ofício, e com muito segredo,
-
e não terá familiaridade com pessoas suspeitas, nem com outras algumas que
tenham negócio perante os Inquisidores, que pertença ao Santo Oficio; e traná
consigo os homens que lhe são ordenados, os quais ele não tomará, sem primeiro
os apresentar aos Inquisidores, e serem poÍ eles aprovados, nem os poderá
despedir, sem licença dos mesmos Inquisidores, que examinarão primeiro as
causas que para isso houver.
E não prenderá nunca pessoa alguma, sem ter mandado dos Inquisidores,
assinado por eles e as prisões se farão com todo o segredo, e os presos e as
-
pessoas serão bem tratados dele, com toda a honestidade, e teú muito cuidado
de olhar que neúuma pessoa de fora entre na Casa da Inquisição com annas.
m o Meiriúo for fora da cidade, ou lugar onde estiver a
- eQuando
Inquisição, não poder tornar naquele dia a sua casa, por ser ajornada grande,
pagar-se-lhe-á, por cada dia que assim andar em serviço do Santo Ofício,
intendendo no que os Inquisidores lhe mandarem fazer, quatrocentos réis, o
qual dinheiro se lhe paganá à custa das partes, se,tiverem diúeiro, e quando
forem pobres, se pagará do diúeiro das despesas da Inquisição.
IV Indo o Meirinho, ou qualquer outro Oficial do Santo Oficio, fora,
-
por mandado dos Inquisidores, prender algumas pessoas, tenâ cuidado que as
tais pessoas tragam cama, fato necessário para seu uso, e dinheiro, até vinte mil
réis, oú o que puder, para alimentos do preso, que trouxer; e sendo pobres, trará
rÍruro x
Do Alcaide do cárcere da Santa Inquisição
que confessem suas culpas, nem os induzirá a isso e quando for e vier com
os presos, irá calado. -
X Não falará com os presos em nenhuma matéria, fora das que
-
pertencem ao oficio de alcaide, sob pena de se proceder contra ele com todo o
rigor; e sendo caso que os presos queiram falar com ele na matéria de suas
culpas, ou em ouhas que não forem de seu oficio, lhes diú que vão à Mesa dos
Inquisidores, para que eles os ouçam, e lhes dêem o remédio que convém e
terá cuidado de tratar os presos com toda a caridade, benignidade e bom -
tratamento que frr possível, e provê-los e consolá-los em suas paixões, com a
mesma caridade.
XI Não consentirá que os pÍesos joguem as cartas, nem dados, nem
-
outros jogos, nem consinta que arreneguem, nem blasfemem, e acontecendo
cada uma das ditas cousas, o fará logo a saber aos Inquisidores.
XII joganí
- Onem
alcaide, nem nenhum dos guardas,
comerá, beberá, nem
com presos, os conversará familiarmente, nem os parentes, nem os
requerentes dos presos, nem receberão nenhuma cousa para si, por pequena que
seja e o alcaide terá especial cuidado das chaves do cárcere, e as não fianâ
-
dos guardas, nem de algumas outras pessoas.
)CII O alcaide, nem cousa su4 nem guarda do cárcere,nem oficial da
-
Inquisição não mandarão fazer obra alguma paÍa sua pessoa, ou de sua casa,
aos presos que estiverem debaixo de seu poder, sua guarda e suajurisdição,
posto que lhe queira pagar seu trabalho, nem isso mesmo venderão, nem
comprarão cousa alguma aos presos.
XIV Neúuma pesso4 de qualquer qualidade que seja, posto que
-
Inquisidor, falará com os presos no cárcere, e quando um Inquisidor quiser falar,
será estando presente um Notrírio; e sendo necessário vir alguma pessoa de fora"
para lhe aplicar alguma meziúa" ou lhe fazer algum beneficio para sua saúde,
proverão os Inquisidores que esta pessoa seja tal, que não possa haver contra
ela alguma suspeita, e que seja cristii-velh4 sem raça alguma, a qual se dará
juramento de segredo na Mesa do Santo OÍïcio, e que não levará avisos de fora,
nem de dentro do çiârcere; e não poderá a dita pessoa falar com o preso, senão
estando presente o alcaide, salvo quando for confessor; e o dito alcaide terá
muito tento, que as ditas pessoas não dêem visos, nem cartas, ou de palavra, ou
de outra maneira; e todo o que achar ou compreender, assim dos presos, como
de oufias pessoÍts, fará a saber aos Inquisidores.
TITULO )ilV
Dos guardas do cárcere da Santa Inquisição
I Os Inquisidores nomearão ao Inquisidor-Geral os que forem guardas
-
necessários para serviço do cárcere, os quais serão pessoas de idade, consciên-
cia e segredo, confiança, e de boa vid4 e que não sejam parentes, nem criados
do alcaide e não terão outro oÍïcio incompatível, nem indecente, e serão casados
e tirar-se-á informação de sua geração, e de suas mulheres, por testemunhas,
conforme o estilo do Santo ofïcio a qualinformação se mandará ao Conselho
Geral, para se pôr em uma arca, e se fará assento, no Livro das Criações, do dia
em que começarem a servir, dando-lhes juramento, conforme estilo.
II Não mandarão fazer obra alguma paÍa sua pessoq ou de sua casa"
aos presos -
do cárcere, posto que lhe queiram pagar seu fiabalho, nem venderão,
nem comprarão coisa alguma aos presos, nem comerão, nem beberão com eles,
nem os conversarão familiarmente, nem os parentes, nem requerentes dos
presos, nem receberão coisa alguma para si, por pequena que seja" que os presos
lhe deêm, ou lhes pertença, nem terão as chaves das portas do cárcere, salvo
quando os inquisidores outra coisa ordenarem, sendo necessiírio.
m Proverão os presos das comidas e coisas necessárias, estando
-
presente o alcaide, sem haver comunicação alguma dos presos com os ditos
guardas e sempre ao mudar dos presos de uma casa paÍa outra estará presente
um guarda, pelo menos, com o alcaide, e assim ao buscar dos presos, quando
entram no cárcere.
IV Os guardas que servirem no cárcere, além das mais obrigações que
-
têm de seu caÍgo, serão obrigados avigiar os presos, de noite e de dia, e saber
se falam oucomunicam uns com osouhos, parao dizerem aoalcaide, e saberem
os Inquisidores o que passa no cárcere.
V Um dos guardas do ciircere da Santa Inquisição de Lisboa terá
-
cuidado de fechar a porta do pátio dosestaos de noite, as horas que lhe for
mandado pelo alcaide, que terá a dita chave, e a recolherá, e o dito guarda a
abrirá pela manhã, ao tempo que lhe for mandado.
\{I guardas do cárcere, o Tesoureiro, por mandado dos
- Aos
pagarâ
Inquisidores, constando-lhe como tem servido inteiramente seu tempo e feito
o que são obrigados; e bastará constar por informação verbal do alcaide e
fazendo o que não devem, os Inquisidores darão conta ao Inquisidor-Geral, para
serem despedidos, ou castigados como o caso merecer.
VU Os Inquisidores terão muita vigilância acerca dos guardas do
-
cárcere, informando-se particularmente se estão nele às horas devidas, ou
andam pela Cidade, e se vâo à casa de cristãos-novos, especialmente os que
foram presos no cárcere do Santo Oficio, com os quais se pode presumir que
terão alguma comunicação, ou lhe descobrirão segredos, ou levarão recados do
cárcere, ou os trarão de pessoas de fora; porque disto se seguem grandes
inconvenientes ao segredo e ministério do Santo Ofício. E achando algum dos
ditos guardas culpados nas coisas, o despedirão ou castigarão como a culpa o
merecer, dando primeiro conta ao Inquisidor-geral, e sempre ficarão dois
guardas no cárcere, enquanto um vai jantar, ou ouvir Missa, e logo se tornarão
para o câtcere,para que todos vigiem e cumprÍÌm com sua obrigação. E os ditos
guardas não irão afazer negócio algum fora do cárcere, salvo quando forem
buscaras meziúas àbotica, ou forem chamaro médico oucirurgião, ou alguma
outra coisa que importe fazer-se com brevidade e não irão comprar coisa alguma
para os presos.
rÍru1,o xv
Do Tesoureiro da Inquisição
e cumprirem as penitências que lhes foram impostas os quais fiatará com muita
caridade, procurando-lhes esmolas para se sustentarem, que repartirá conforme
as necessidades de cada um, com fidelidade e os vigiará, e saberá se cumprem
com o que lhes foi mandado, ou se procedem com quietação, ou tem entre si
dúvidas, ou pelejas, paÍa que de tudo vá dar conta aos Inquisidores e terá os
ditos penitenciados a bom recado, que não possam fugir do dito cárcere.
II Não deixará falar pessoa alguma com os ditos penitenciados, sem
licença -dos Inquisidores, nem sem ela sairão fora do ciárcere; e quando forem
ouvir Missa, ou pregação, à Igreja para isso ordenada, os acompanhará à ida e
vinda e saberá se cumprem suas penitências, enquanto andarem com o hábito
penitencial, e se continuaram nas Missas e pregações, notando-lhe e escrevendo
as faltas que fizerem, para depois dar disso informação aos Inquisidores, quando
lha pedirem.
L
RegimenÍo do Sento Oficio 1613
-
ADIÇÕES
E DECLARAÇOES DO REGIMENTO
não recebidos, e se lhe irão perguntando as testemuúas que deu a cada um, e
iú acrescentando as testemuúas, que mais lhe lembrarem, a uns e a outros, de
modo que naquele que faltaram nomeaÍ ouhas de novo, porque desta maneira
nilo fica indefeso, nem pode vir em coúecimento da testemunha taxada.
XIX Sendo caso que ao réu lhe declarem na Mesa que há de ser posto
-
a tormento, e antes de lida a sentença, ou depois de lida confesse alguma cois4
se há de ratificar em forma, depois de vinte e quatro horas, como se confessara
no tormento, posto que se lhe não dê; e neste caso se sobrestará no tormento
que se lhe manda dar, até ser ratificado e quando não satisfizer, se verá em mesa
se há de continuar o tormento, ou o que se deve fazer. t
XX Havendo-se de continuar o tormento, não é necessiírio sentença
-
de novo, mas basta a primeira que foi publicada ao réu, mas quando se houver
de repetir o tormento, e por novos indícios, então se pronunciará sentenga de
novo, depois do assento da Mesa.
X)O Menor de vinte e cinco anos terá Curador em form4 conforme o
Cap. XX, -Tít.V, do Regimento, o qual menor em sua presençq recebido
juramento, ratificará a sua confissão que o dito Curador disse que aceitava a
curadoria, e, quanto com direito devi4 lhe dava sua autoridade, e bem e
fielmente e com diligência o defenderia nesta causa. E o dito curador estará
presente à sentença do tormento do tal menoÍ, pata que, se lhe parecer, possa
dela apelar.
)OflI No Cap. LVI, Tít. fV, do Regimento se contém que os Inquisi-
-
dores poderão dar sobre fiança os culpados que andarem soltos, sem consultar
o Inquisidor-Geral, ou o Conselho. Declaramos que o mesmo serii quando os
culpados estiverem presos pelos ordinários por culpas leves.
XXIII Sendo alguma pessoq presa pelo Santo Ofício, por culpas de
-
heresia, ou outras pertencentes a ele, e sendo absoluta ab instatia, os Inquisi-
dores publicarão a dita sentença na Mesa, e não em ato público, salvo quando
a parte o pedisse; e entiÍo se não relatarão as culpas por que for preso, mas
somente se dirá que foi acusado por crime de heresi4 ou de sodomia, ou outro
semelhante.
X)OV Se alguma pessoa, por causa que fzesse, ou dissesse, perten-
-
cente ao Santo Ofïcio, foi condenada em pena de açoites, ou em degredo, ou
pena pecuniiíri4 semelhantes sentenças não se cosfuma mandarem-se ler na
Paróquia à estação, mÍls em auto público, salvo quando a pena fosse aplicada
ao Santíssimo Sacramento ou à Confraria de algum santo.
XXV Quando a pessoa que se há de relaxar à Justiça Secular for de
-
ordens Sacras, háde dizerasenteçaque o condenam em pertencerem, emandam
que seja degradado atualmente, com a solenidade que o Direito requer, detodas
i.
F as Ordens que tem: e a estes tais não se porão as insígneas dos relaxados, senão
I depois de feita a dita degradação.
(
, R IHGB, Rio de Janeiro, 157(392): 615-691, jul./set. 1996. 69t