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Cometimento e Capacidade para a Expansão de Acções

para a Redução da Desnutrição Crónica em Moçambique

Relatório da Análise Situacional

Fevereiro de 2010
CONTEÚDO

ABREVIATURAS ............................................................................................................... 2

1. ANTECEDENTES ............................................................................................................ 3

2. INTRODUÇÃO: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO CRÓNICA ...... 4

3. OBJECTIVOS................................................................................................................... 8

4. METODOLOGIA ............................................................................................................. 8

4.1 Analise Situacional – “Landscape Analysis” ..................................................................... 8

5. RESULTADOS das entrevistas efectuadas com a metodologia do “Landscape Analysis” . 9

5.1 Percepção do Problema de Desnutrição Crónica ....................................................................... 9

5.2 Compromisso Politico para a Redução a Desnutrição Crónica em Moçambique ..................... 10

5.3 Coordenação Intra e Intersectorial e envolvimento dos sectores na nutrição ............................ 11

5.4. Planos Estratégicos, Planos de Acção e Protocolos ................................................................ 13

5.5 Situação de Recursos Humanos para nutrição ......................................................................... 14

5.6 Monitoria e Avaliação ............................................................................................................ 15

5.7 Disponibilidade e Mobilização de Recursos Financeiros ......................................................... 16

5.8 Capacidade de implementação a nível comunitário e US ........................................................ 16

6. RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................... 17

6.1 Recomendações resultantes do “Landscape analysis”: ............................................................ 18

6.2 Recomendações para reduzir o impacto das causas subjacentes: ............................................. 22

1
ABREVIATURAS
ACS Agente Comunitário de Saúde
APE Agente Polivalente Elementar
DPS Direcção Provincial de Saúde
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IDS Inquérito Demográfico e de Saúde
ISCISA Instituto Superior de Ciências de Saúde
MICS Inquérito de Indicadores Múltiplos
MISAU Ministério da Saúde
MMAS Ministério da Mulher e Acção Social
OMS Organização Mundial da Saúde
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
ONG Organização Não-Governamental
PARPA Programa de Apoio à Redução da Pobreza
ESAN Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional
PASAN Plano de Acção para a Segurança Alimentar e Nutricional
RAI Avaliação Rápida do Impacto
SAN Segurança Alimentar e Nutricional
SA Segurança Alimentar
SETSAN Secretariado Técnico para Segurança Alimentar e Nutricional
SIDA Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
SMI Saúde Materna e Infantil
SSR Saúde Sexual e Reprodutiva
SWAp Abordagem Sectorial Alargada
InSAN Insegurança alimentar
US Unidade Sanitária
1. ANTECEDENTES

Nos últimos cinco anos a prevalência de desnutrição crónica em Moçambique diminuiu de 48% (IDS,
2003)1, para 44% (MICS, 2008). Contudo, esta permanece nos níveis mais altos da escala da OMS.

O Governo de Moçambique reconhece que a desnutrição crónica é o principal problema de nutrição


no país como foi realçado na Reunião Nacional de Nutrição do Ministério da Saúde em 2008.

Alguns documentos de análise estratégica sobre nutrição elaborados há já alguns anos abordam a
questão da desnutrição crónica, como é o caso do Plano Estratégico de Nutrição para Moçambique
elaborado em 2002, e a Estratégia de Desenvolvimento Nutricional elaborada em 2004. Ambos fazem
uma análise excelente da situação nutricional em Moçambique e das possíveis abordagens para fazer
face à situação. A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional II (ESAN II) também se refere à
relevância do problema da desnutrição crónica e seu impacto socioeconómico em Moçambique.

No entanto, apesar de os temas nutrição e segurança alimentar serem mencionados no Plano


Estratégico para Redução da Pobreza, 2006-2009 (PARPA II) nos Pilares do Capital Humano e dos
Assuntos Transversais, não é dada suficiente ênfase específica ao problema da desnutrição crónica,
conforme refere o Relatório de Avaliação de Impacto RAI-2009 do PARPA II (2006-2009) que faz
uma análise aprofundada da situação de desnutrição crónica em Moçambique e faz recomendações
para acelerar progressos para a sua redução no país.

Em Outubro de 2009 uma missão de alto nível das Nações Unidas reuniu-se com o Ministro da Saúde
e representantes de outros ministérios para discutir a situação de nutrição no país e identificar
próximos passos a dar. No encontro ficou acordada a realização de um Seminário Nacional com o
objectivo de obter um consenso nacional sobre um Plano de Acção multissectorial para combater a
desnutrição crónica em Moçambique.

É neste contexto que, em preparação do seminário nacional, o MISAU solicitou a realização de uma
análise da situação do cometimento e capacidade na área de nutrição no país, tendo esta sido iniciada
a 12 de Janeiro de 2010 com o envolvimento de técnicos do MISAU e sectores relacionados e das
agencias das Nações Unidas. Este é um exercício recomendado pela OMS para todos os países com
alta prevalência de desnutrição crónica.

1
Prevalência recalculada com base na população padrão da OMS de 2006
2. INTRODUÇÃO: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO
CRÓNICA

A desnutrição em geral, é uma doença causada por uma combinação entre a ingestão inadequada de
alimentos e/ou doenças/infecções frequentes.

Existem 3 tipos de desnutrição, uma que se manifesta em crianças magras (desnutrição aguda), outra
que se manifesta em crianças com baixo peso para a idade, e por fim, a desnutrição crónica, que se
manifesta em crianças baixinhas para a sua idade. Destes três, o mais preocupante em Moçambique é
a desnutrição crónica, com uma prevalência de 44%2 em crianças menores de 5 anos. Portanto, quase
que 1 em 2 crianças sofrem de desnutrição crónica.

As crianças que sofrem de desnutrição crónica não conseguem atingir o seu potencial genético no que
se refere ao seu desenvolvimento físico, mental e cognitivo. O sinal principal desta doença nas
crianças é uma estatura significativamente mais baixa que a de outras crianças do mesmo grupo
etário. A desnutrição crónica não só conduz ao aumento da mortalidade infantil como também leva ao
atraso do desenvolvimento físico e mental da criança, o que afecta subsequentemente o desempenho e
a frequência escolar das crianças, e o aumento do risco de doenças crónicas na idade adulta. Isto tudo
tem um impacto no desenvolvimento e produtividade do indivíduo e da nação. Estudos realizados por
diferentes autores3 indicam que as perdas do PIB devido à fome e desnutrição variam entre 3-6%.

O estado nutricional da mulher antes e durante a gravidez influencia o crescimento e desenvolvimento


do feto, assim como o peso da criança à nascença. A desnutrição crónica pode resultar do fraco
desenvolvimento do feto e/ou do crescimento insuficiente da criança durante os dois primeiros anos
de vida. Deste modo, os factores mais importantes que influenciam a desnutrição crónica são: o estado
de saúde da mãe antes e durante a gravidez, a alimentação, os cuidados e o estado de saúde da criança
nos primeiros dois anos de vida. Esforços para intervir durante este período (desde à concepção até os
dois anos de vida) para contrariar os efeitos da desnutrição crónica podem reverter os efeitos
negativos causados, mas se esta oportunidade é perdida, a criança nunca mais conseguirá compensar a
diferença no crescimento e desenvolvimento físico e mental, e ficará irreversivelmente prejudicada
para o resto da sua vida.

Isto é um fenómeno intergeracional, porque aquelas mulheres que sofreram de desnutrição crónica em
pequenas, tornam-se em adultas mulheres com baixa estatura que por sua vez também têm maior
probabilidade de dar à luz bebés com baixo peso à nascença e baixa estatura, perpetuando assim o
ciclo da desnutrição de geração para geração.

A desnutrição crónica resulta de uma variedade de factores que podem prejudicar o crescimento e
desenvolvimento da criança. Estes factores variam de acordo com as circunstâncias específicas em
que cada criança foi criada. Existem conjuntos de factores que interagem negativamente e que
agravam o problema, aonde se incluem o peso da criança à nascença, a forma como ela foi alimentada

2
Multiple Indicator Cluster Survey, Mozambique 2008
3
Roger Shripton (2003), Helder Martins (2004) e o SETSAN (2007) indicam que a fome e desnutrição causam perdas de
cerca de 5.9 % do PIB de 2006. Programas de erradicação da Fome no país exigem um custo de 185 milhões de dólares
4
na infância, as doenças/infecções frequentes na criança, a qualidade e conteúdo nutricional da sua
dieta, o estado nutricional da mãe antes e durante a gravidez, a higiene ambiental, a educação da mãe,
e cuidados inadequados durante a infância. Estes factores estão representados no quadro conceptual
da UNICEF (ver figura 1)

Figura 1. O quadro conceptual para nutrição

As causas imediatas e subjacentes da desnutrição crónica em Moçambique são várias. Não é possível
atribuir a “culpa” a um só factor, daí a importância do envolvimento e coordenação multissectorial de
sectores relacionados com a alimentação, saúde, água e saneamento, educação, género, entre outras
áreas relevantes.

5
As causas imediatas e subjacentes em Moçambique podem ser listadas como:

1. Práticas inadequadas de aleitamento materno exclusivo: Os dados do MICS 2008 mostram


que somente 37% de crianças menores de seis meses receberam aleitamento materno
exclusivo.

2. Práticas de aleitamento materno inadequadas devido a várias crenças e tabus (exemplo: o


não aleitamento materno com o colostro que é extremamente importante para o bebé, dar
água, chás e outros líquidos aos bebés nos primeiros 6 meses de vida o que pode provocar
diarreia e outras infecções, interrupção da amamentação quando a mãe engravida ou está
doente e outras).

3. Ingestão alimentar nutricionalmente inadequada em crianças menores de 5 anos devido a


uma dieta pouco variada e, portanto, deficiente em calorias, proteínas completas, gorduras e
micronutrientes (vitaminas e minerais). Um estudo conduzido em alguns distritos da
Província da Zambézia, em crianças dos 2-5 anos, mostrou que em 9 grupos de alimentos, as
crianças consumiam em média apenas 3 grupos. A situação para crianças menores de 2 anos
pode ser pior já que as práticas alimentares, moduladas por crenças e tabús, restringem alguns
alimentos especialmente para crianças menores de 2 anos. O IDS 2003 mostrou que o
consumo de alimentos ricos em Vitamina A em crianças menores de três anos foi muito fraco
nos últimos sete dias antes do inquérito.

4. Práticas de alimentação da criança (menores de 5 anos) inadequadas, incluindo a frequência


de alimentação que não é suficiente. O MICS 2008 mostrou que para a maioria das crianças
dos 6-11 meses a frequência de alimentação não era a ideal. Uma criança precisa de comer 3-
5 vezes por dia (dependendo da idade) para conseguir ingerir uma alimentação com as
calorias, proteínas, gordura e micronutrientes necessários. Em Moçambique, as crianças
comem uma média de 2-3 vezes por dia. Um estudo conduzido em alguns distritos da
Província da Zambézia mostrou que muitas mães não costumam estimular/incentivar a
criança pequena a comer, preferem que a criança pequena partilhe o prato com outros mais
velhos, reduzem a quantidade de alimentos quando esta tem diarreia, e não dão certos
alimentos à criança (considerados como nutricionalmente ricos) por causa de algumas crenças
e tabús.

5. Taxa elevada de deficiência de vitaminas e minerais que contribuem para a mortalidade e


morbilidade infantil. As mais comuns em Moçambique são: a deficiência de vitamina A,
anemia por deficiência de ferro e deficiência de iodo. A deficiência de vitamina A e anemia
por deficiência de ferro em crianças menores de 5 anos é de 69% e 74%, respectivamente.
Moçambique tem uma deficiência de iodo ligeira, que abrange 68% da população em idade
escolar.

6. Falta de conhecimento das mães e dos cuidadores das crianças sobre as práticas alimentares
e de higiene mais adequadas, o valor nutricional dos alimentos e sua importância para as
crianças e sobre os cuidados a ter com elas. Uma das razões para esta falta de conhecimento
resulta de um baixo nível de educação das mães. Os dados do MICS 2008 mostram que o
6
estado nutricional das crianças varia substancialmente com o nível de escolaridade da mãe. O
risco de desnutrição crónica é duas vezes superior em crianças de 0-5 anos de idade cuja mãe
não foi à escola, em comparação com crianças cuja mãe tem uma educação secundária.

7. Desnutrição nas mulheres. Os dados do IDS 2003 mostram que 9% das mães tinham um
Índice de Massa Corporal inferior a 18,5 kg/m2, indicando desnutrição, e a média da altura
das mulheres entre os 25-49 anos de idade era de 155,2 cm, que é considerada baixa e
portanto sinal de desnutrição crónica. O estudo conduzido em 2002 à escala nacional mostrou
que a prevalência de deficiência de vitamina A e anemia em mães de crianças menores de 5
anos era de 11% e 48% respectivamente. Um estudo conduzido em alguns distritos da
Província da Zambézia em 2003 mostrou que 18% das mulheres eram desnutridas (Índice de
Massa Corporal inferior a 18,5 kg/m2). Ė importante também recolher os dados que reflictam
o estado nutricional das mulheres grávidas em Moçambique, pelo grande impacto que este
tem sobre o estado nutricional da criança. Infelizmente, estes dados não estão disponíveis.

8. Baixo peso à nascença, que é um importante indicador do estado nutricional do feto e,


consequentemente, um determinante do subsequente estado de saúde e crescimento da
criança. Ė também um indicador aproximado (“proxy”) do estado de saúde e nutricional da
mãe antes e durante a gravidez. Para o caso de Moçambique, os dados do MICS 2008
mostram que 58% dos recém-nascidos foram pesados ao nascer, dos quais, 15% tiveram um
peso inferior a 2.500 gramas.

9. Difícil acesso aos alimentos necessários para uma alimentação adequada para a família
porque as famílias não conseguem produzir e armazenar todos os alimentos que precisam
durante o ano, e não têm dinheiro para comprar os restantes alimentos que faltam. A
consequência disto é que 35% das famílias em Moçambique vivem em insegurança alimentar
crónica, muitas famílias (principalmente no Norte) só conseguem fazer 1 refeição por dia e a
diversidade da dieta é considerada baixa.

10. Doenças e infecções frequentes nas crianças: Os dados do MICS 2008 mostraram que 18%
das crianças menores de cinco anos sofreram de doenças diarreicas e 24% tiveram febres
(indicação de ocorrência de malária) nas duas últimas semanas antes do inquérito.

11. Consultas pré-natais insuficientes nas mães grávidas.

12. Taxas altas de HIV em mulheres grávidas (16%). A consequência disto é que: 1) as mulheres
grávidas vivendo com HIV têm um maior risco de ficar desnutridas, e por consequência os
seus filhos têm um maior risco de ficar com desnutrição crónica, 2) os adultos infectados e as
famílias com pessoas infectadas têm uma capacidade reduzida de cuidar das crianças, 3) as
crianças vivendo com HIV têm maior risco de desnutrição aguda e/ou crónica.

13. Acesso a serviços de saúde, condições de água e saneamento considerado baixo: O MICS
2008 mostrou que somente 36% da população tem acesso a cuidados de saúde num raio de 30
minutos das suas casas, que somente 19% das famílias no país tem acesso a saneamento
seguro nas suas casas, e que pouco menos da metade (48%) têm acesso à água potável.

7
As causas imediatas e subjacentes em Moçambique já são mencionadas em outros documentos. O
documento de Roger Shrimpton, Plano Estratégico para a Nutrição em Moçambique (2002) já faz
referência e análise destas causas. O que não tem sido muito mencionado nem analisado em outros
documentos são as causas básicas da desnutrição crónica. Intervenções direccionadas a reduzir as
causas básicas não têm um impacto directo nem imediato na redução das desnutrição crónica como é
o caso das intervenções direccionadas a reduzir as causas imediatas e subjacentes. No entanto, os
factores que compõem as causas básicas definem a plataforma, ambiente e estrutura para o sucesso ou
insucesso das intervenções.

A definição das causas básicas em Moçambique formam a análise e a avaliação deste documento e
são mencionadas mais tarde neste documento.

Com base no reconhecimento das causas principais (imediatas, subjacentes e básicas) da desnutrição
crónica em Moçambique, os vários sectores do Governo e não governamentais devem mostrar
compromisso, envolvimento e devem-se coordenar para desenharem um pacote integrado de
intervenções dirigido a melhorar as causas da desnutrição crónica mencionadas acima.

3. OBJECTIVOS

A Análise Situacional do cometimento e Capacidade tem os seguintes objectivos:

1. Avaliar o potencial de implementação de acções tendentes a reduzir a desnutrição crónica;


2. Difundir o conhecimento sobre o impacto e determinantes da desnutrição crónica e no
processo, criar um ímpeto crescente para o engajamento intersectorial;
3. Desenvolver recomendações para o plano de acção multissectorial.

4. METODOLOGIA

4.1 Análise Situacional – “Landscape Analysis”


Foi feita uma análise situacional do grau de cometimento e capacidade de alguns sectores do
Governo, Nações Unidas, parceiros de cooperação, ONGs e sociedade civil na implementação de
actividades na área de nutrição ou actividades que possam contribuir para uma redução da
desnutrição. As entrevistas foram dirigidas a gestores e técnicos de instituições governamentais a
nível Central, Provincial (Nampula, Manica e Gaza) e Distrital, principalmente as de Saúde, Mulher e
Acção Social, Edução e Cultura, Agricultura, Finanças, Obras Públicas e Habitação e Planificação),
ao pessoal das unidades sanitárias e aos gestores e técnicos de outras instituições de formação e não
governamentais que desenvolvem actividades relacionadas com a nutrição ou que podem contribuir
para a intervenção na área da nutrição. As províncias (Nampula, Manica e Gaza) foram seleccionadas
com base em índices de desnutrição crónica e representando as várias regiões do país. Por sua vez, o
critério de selecção dos distritos baseou-se nas taxas e índices díspares de baixo peso à nascença e de
Insegurança Alimenta (InSAN).

8
Para esta análise, recorreu-se à administração de questionários semi-estruturados desenhados pela
OMS, uma metodologia intitulada de “Landscape Analyis”4. A análise destes dados foi efectuada de
forma participativa com os membros das equipes que estiveram envolvidos na colheita de dados, e
também com outros técnicos do Departamento de Nutrição.

O “Landscape Analyis” é um processo que permitiu identificar as grandes linhas para definir as
grandes acções do plano, mas uma análise das intervenções específicas por sector serão conduzidas no
momento da elaboração do plano de acção.

5. RESULTADOS das entrevistas efectuadas com a metodologia do


“Landscape Analysis”

A análise, que foi predominantemente de carácter qualitativo, foi orientada para a identificação de
pontos fortes e fracos em relação aos várias factores que pertencem as causas básicas da desnutrição
crónica e que de um certo modo reflectem o envolvimento, compromisso e a capacidade do Governo
na implementação do Plano de Acção para a Redução da Desnutrição Crónica em preparação.

5.1 Percepção do Problema de Desnutrição Crónica


Para fazer face à desnutrição crónica é necessário conhecer a natureza do problema e colocá-lo no
devido nível de prioridade. Assim, é preciso que os diversos intervenientes sectoriais compreendam
bem e possam identificar devidamente o problema da desnutrição crónica e seus determinantes, por
forma a assumirem a urgência de se empenharem especificamente na implementação de um plano de
acção para o seu combate.

Pontos Fortes
 Todos os entrevistados, a todos os níveis, mostraram-se preocupados e consideraram a
nutrição como um problema no país.

 Nas entrevistas a nível central, a desnutrição crónica foi frequentemente identificada como
problema principal.

 Em geral, os entrevistados reconhecem a ligação entre segurança alimentar e uma melhoria na


nutrição.

 A nível provincial, alguns entrevistados mencionaram os tabús, acesso a água potável, aos
serviços de saúde, deficiência em micronutrientes, e baixo peso à nascença como causas para
a desnutrição.

4
SCN, SCN News 37, Landscape Analysis on Countries’ readiness to accelerate action in nutrition, 2009
9
Pontos fracos

 A nível provincial, distrital e nos centros de saúde, apesar de os entrevistados reconhecerem a


nutrição em geral como um problema, estes não mencionaram a desnutrição crónica como o
problema principal. Apesar de os entrevistados conseguirem listar 1-3 causas, estes
demonstraram não ter uma visão compreensiva sobre as causas da desnutrição e sobre como
os vários factores causadores estão interligados.

 A nível provincial, foi comum observar uma confusão sobre a percepção do que é segurança
alimentar com a percepção do que é nutrição, com muitos entrevistados que consideraram que
uma coisa é igual a outra.

 A ausência ou inexistência de informação e advocacia sobre a nutrição em geral e sobre a


problemática da desnutrição crónica em particular pode explicar a baixa prioridade que lhe é
atribuída. Esta baixa prioridade, é um provável contributo para a deficiente implementação e
integração das intervenções a todos os níveis.

 As entrevistas mostram que há percepção de que a obesidade não é só um problema de saúde


só de ricos, mas mostram também que os entrevistados não reconhecem a relação que existe
entre a obesidade e a desnutrição crónica.

A baixa percepção do problema pode reflectir-se em um obstáculo à mobilização e alocação de


recursos financeiros. Pode também limitar o alcance e a integração das respostas para resolver o
problema.

5.2 Compromisso Político para a Redução a Desnutrição Crónica em


Moçambique
O compromisso político a todos os níveis é imprescindível para o sucesso de um plano de acção para
redução da desnutrição crónica no país. Dado o seu impacto global no desenvolvimento
socioeconómico do país, o problema de desnutrição crónica necessita do envolvimento directo de
líderes políticos ao mais alto nível para advocacia, mobilização de recursos e canalização de um
esforço multissectorial coordenado e que envolva profundamente a sociedade em geral.

Pontos Fortes
 A declaração do Ministro da Saúde em 2008 sobre a urgência de reduzir a taxa de desnutrição
crónica em Moçambique e a elevação da Repartição de Nutrição para o nível de departamento
é considerado um ponto forte importante. Tal foi consubstanciado no comunicado final da
Reunião Nacional de Nutrição a qual concluiu que a desnutrição crónica é o principal
problema de nutrição em Moçambique.

 Por outro lado na Cimeira Mundial de Alimentação em 1996, Moçambique assumiu o


compromisso de reduzir o índice de insegurança alimentar e a desnutrição para metade até
2015. Neste sentido, em 1998, o Conselho de Ministros através do Resolução interna No
16/98 aprovou a Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional (ESAN). Em 2007, a ESAN
10
II é revista e aprovada pelo Conselho de Ministros. A ESAN II incorpora princípios dos
Direitos Humanos à Alimentação Adequada, um Plano de acção multissectorial de SAN
(PASAN) com indicadores de monitoria e os grupos-alvo específicos para direccionamento
das acções de SAN, no período de 2008-2015.

 Outra demonstração de cometimento político foi a inclusão da SAN como tema transversal no
Plano Quinquenal do Governo para os anos de 2010-2015.

 Em 2000, o Governo de Moçambique comprometeu-se em atingir os Objectivos de


Desenvolvimento do Milénio.

 Os temas Nutrição e Segurança Alimentar são mencionados no PARPA II.

Pontos fracos

 Apesar dos temas Nutrição e Segurança Alimentar serem mencionados no PARPA II (2006-
2009) dentro dos Pilares do Capital Humano e dos Assuntos Transversais, respectivamente ao
problema da desnutrição crónica (baixa altura para idade) não é dada muita ênfase.

 O compromisso político demonstrado para redução da desnutrição crónica parece estar


limitado ao sector de Saúde.

 Apesar de muitos sectores mencionarem que a SA é um dos factores subjacentes necessários


para combater a desnutrição, a maioria não demonstra compromisso com a Nutrição por si,
referindo que esta é da responsabilidade do sector de saúde.

Considerando o seu sério impacto biológico e socioeconómico, a desnutrição crónica deveria


merecer um cometimento político ao mais alto nível e com carácter de urgência, com uma liderança
que permita um verdadeiro envolvimento de todos os sectores relacionados e com capacidade para
uma mobilização social abrangente.

5.3 Coordenação Intra e Intersectorial e envolvimento dos sectores na


nutrição
Dentro de cada sector deve haver uma forte capacidade de coordenação de acções que de alguma
forma tenham a ver com o combate à desnutrição crónica por forma a mobilizar e usar racionalmente
os recursos financeiros e humanos e coordenar os planos de acção. Da mesma forma, é também
necessário reforçar a coordenação intersectorial, factor que de certa forma está ligado aos aspectos de
compromisso político acima referidos.

11
Pontos Fortes

 A existência do Secretariado Técnico para Segurança Alimentar e Nutrição (SETSAN) criado


em 1998, como órgão técnico multissectorial para coordenar acções na área de segurança
alimentar e nutricional a nível central e com pontos focais a nível provincial é uma boa
oportunidade de coordenação. O SETSAN funciona também como secretariado para o
Conselho Económico e para os Governos Provinciais em matéria de segurança alimentar e
nutricional.

 Existe também um Conselho Consultivo Nacional para Promoção e Protecção da Aleitamento


Materno, dirigido pelo Ministro da saúde.

 Existe também a Comissão Coordenadora para o Sal Iodado que promove acções para
garantir a iodização do sal produzido e comercializado no país.

 No âmbito da coordenação com os parceiros de cooperação funciona o Grupo Técnico de


trabalho do SWAp para SSR/SMI e Nutrição.

Pontos Fracos
 Apesar da existência do SETSAN como órgão multissectorial de coordenação das acções e
políticas de SAN no País, que foi originalmente concebido para ser um órgão de alta
visibilidade e relevância, este órgão não tem autonomia suficiente (estatuto orgânico) para
fazer face aos desafios de coordenação multissectorial de SAN, implementar, avaliar e
monitorar o PASAN. Isto é assim reflectido nos desafios que o SETSAN tem sofrido para
conseguir coordenar actividades relacionadas com a segurança alimentar e nutrição.

 O SETSAN, que foi concebido para ser um órgão de alta visibilidade e relevância cobrindo
com a mesma prioridade questões de segurança alimentar e de nutrição, acaba focalizando
principalmente a sua acção na área de segurança alimentar, por falta de ténicos na área de
nutrição.

 Uma parte dos sectores do governo não reconhece a importância da integração das
actividades e multissectorialidade para incluir a nutrição como um assunto chave para os
sectores. A integração e ligação entre segurança alimentar, saúde e nutrição a nível
provincial, distrital e comunitário para os vários sectores, e o papel do SETSAN em
coordenar esta multissectorialidade é ainda fraca.

 Foi constatado, durante as entrevistas de campo, que os outros sectores que não a saúde não
tinham uma idéia clara de como é que poderiam contribuir para a redução da desnutrição
crónica. Alguns mencionaram a produção de alimentos, mas não mencionaram outra
actividades que poderiam complementar e apoiar as actividades do sector de saúde, como por
exemplo promoção, educação e capacitação para a área de nutrição.

 Foi também constatado durante as entrevistas de campo, que as DPS têm alguma dificuldade
em coordenar as actividades dentro da área puramente da nutrição entre as várias instituições
e organizações e de tentar integrá-la em outras actividades como a segurança alimentar e
12
dentro das actividades de outros sectores governamentais como o da educação e da mulher e
acção social.

 De maneira informal existe um grupo técnico de nutrição em cujos encontros se faz a


coordenação das actividades entre o Departamento de Nutrição e parceiros. Este grupo
técnico não tem uma existência formalizada e uma frequência de encontro institucionalizada.

Assim o problema da desnutrição crónica continua a ser tratado como um problema sectorial quando
na verdade é fortemente multissectorial. Estas fraquezas institucionais nos órgãos de coordenação e
no envolvimento dos sectores reflectem-se seriamente na capacidade de coordenação e supervisão
das acções dos múltiplos parceiros a nível central, provincial e distrital dirigidas a melhorarem as
causas subjacentes da desnutrição crónica e SA em Moçambique.

5.4. Planos Estratégicos, Planos de Acção e Protocolos


A existência de estratégias claramente definidas, com respectivos planos de acção e protocolos de
implementação das mesmas devidamente traduzidos para todos os intervenientes e os níveis de
implementação é absolutamente fundamental para o sucesso no esforço para a redução da desnutrição
crónica. Os planos de acção precisam de ser acessíveis na disponibilidade e compreensão para que
cada um entenda claramente o seu papel e potencial impacto do seu trabalho.

Pontos fortes
 Nos diversos sectores existem diversos planos estratégicos de acção e protocolos de
implementação. Um dos planos principais existentes é o Plano de Acção de Segurança
Alimentar e Nutricional (PASAN) ligado à ESAN II. No sector de saúde, os Planos
Estratégicos do Sector de Saúde são guiados pela Politica Nacional de Saúde. Os planos de
acção na área de nutrição são principalmente orientados pela Estratégia de Desenvolvimento
Nutricional de 2004.

Pontos fracos
 Nas visitas às províncias observou-se a ausência, pouca disponibilidade e/ou acesso aos
documentos de políticas ou estratégias nacionais, provinciais e distritais específicos para a
área de nutrição. Por outro lado, a actualização das políticas, manuais de treino, normas e
protocolos é um processo demorado o que atrasa a sua implementação e ou leva à utilização
de protocolos e manuais não actualizados.

 Na essência observa-se, em geral, uma grande debilidade na tradução de grandes documentos


estratégicos em planos operacionais com acções concretas definidas para alcançar objectivos,
com objectivos claros para os implementadores. De uma forma geral a componente nutrição
está pouco reflectida nos planos sectoriais distritais e nem sempre de maneira adequada. Há
uma evidente falta de partilha de políticas e estratégias entre os sectores o que resulta na débil
coordenação e integração.

 O próprio PASAN, o plano de acção que faz a uma referência a problemática da desnutrição
crónica, sugere intervenções muito gerais e, apesar de se referir ao nível provincial, este não
reflecte intervenções ao nível distrital. Principalmente, não especifica como é que estas

13
intervenções poderão garantir que os grupos mais críticos para a redução da desnutrição
crónica, as mulheres grávidas, lactantes e as crianças menores de 24 meses, sejam abrangidos
e beneficiados.

5.5 Situação de Recursos Humanos para Nutrição


A existência de recursos humanos capacitados para a definição de estratégias, elaboração de
protocolos e de planos de implementação adequados às condições específicas locais é central para o
sucesso de acções para a redução da desnutrição crónica.

Pontos Fortes

 A revisão curricular para formação de técnicos de nutrição foi já finalizada. Para o pessoal já
formado está-se a trabalhar na promoção dos actuais agentes de nutrição para categoria de
técnico após um período de formação.

 Actualmente, duas instituições de ensino superior, nomeadamente a Unilúrio e o ISCISA já


formam técnicos de nutrição de nível superior.

 Já efectuada a redefinição do papel dos técnicos de nutrição para os tornar mais actuantes nas
acções dirigidas a reduzir a desnutrição crónica.

 Componentes de nutrição estão integradas nos currículos de formação de várias


especialidades de trabalhadores de saúde desde pessoal clínico a pessoal de medicina
preventiva. Existem também iniciativas individuais/locais de alguns centros de treinar pessoal
não técnico para algumas intervenções, como por exemplo na área de SAN e Direito Humano
à Alimentação Adequada (DHAA).
.
Pontos fracos
 Há uma clara insuficiência de pessoal especializado em nutrição aos vários níveis para
garantir a coordenação, planificação, implementação, supervisão, monitoria, avaliação e
coordenação das acções na área de nutrição.

 Nessas condições as actividades na área de nutrição são muitas vezes a responsabilidade de


indivíduos de outras especialidades para quem a nutrição é uma prioridade menor.

 Dada a limitada capacidade das instituições de formação e à existência de outras áreas de


especialidade consideradas mais prioritárias a formação de pessoal especializado em nutrição
não pode acontecer ao ritmo desejado.

 Apesar da aposta na intensificação da formação a falta de quadros qualificados para a


docência nos cursos de formação para técnicos de nutrição é um obstáculo para este processo.

 A recente revisão curricular no curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade


Eduardo Mondlane resultou numa considerável redução da componente de nutrição na
formação de médicos.

14
 Falta de actualização dos manuais de formação na área de nutrição para enfatizar a
abordagem em relação à desnutrição crónica.

5.6 Monitoria e Avaliação


Para avaliar o progresso, as lacunas e o impacto da implementação de planos de trabalho é necessária
a existência de sistemas que permitam monitorar o esforço e avaliar o seu impacto para que medidas
correctivas possam ser tomadas sempre que necessário.

Pontos Fortes
 O Departamento de Nutrição estabeleceu recentemente postos sentinela em todas as
províncias do país para monitorização da situação nutricional no país. Esses postos têm como
função recolher e analisar sistematicamente dados que permitam calcular e seguir indicadores
nutricionais.

 Para além disso há uma boa integração entre o MISAU e o SETSAN na recolha e partilha de
dados sobre a desnutrição crónica.

 A Direcção Nacional de Planificação e Cooperação do MISAU recolhe também


sistematicamente dados sobre baixo peso à nascença e crescimento insuficiente.

 A nível de implementação, vários parceiros têm recolhido e analisado a informação do nível


da comunidade.

Pontos fracos

 A metodologia usada nos postos sentinela requer muito tempo do ponto focal responsável
pela nutrição comprometendo a qualidade e regularidade da colheita, processamento e envio
dos dados. Por outro lado, parte dos dados recolhidos pelo sistema de vigilância nutricional
são colhidos paralelamente em todos os distritos do país e enviados para a Direcção Nacional
de Planificação e Cooperação/MISAU.

 Para vários programas de nutrição, não se tem recolhido sistematicamente dados de


monitoria, e não se colecta dados sobre o impacto das actividades.

 O pessoal de saúde está muito sobrecarregado para conseguir preencher todas as fichas
necessárias para o registo de dados. Para além disso, foi observado, que ainda há muita
dificuldade em preencher as fichas correctamente e não está a haver um seguimento adequado
das actividades nas US para poder melhorar e corrigir estes problemas.

 Sabe-se que vários parceiros de implementação também colhem dados no âmbito da


implementação das suas actividades, sendo esses dados raramente partilhados com órgãos
governamentais e e não governamentais. Esta multiplicidade de fontes de informação, por
vezes com metodologias e formatos diferentes, pode tornar-se numa fonte de disparidades na
informação nutricional disponível para acção.

15
5.7 Disponibilidade e Mobilização de Recursos Financeiros
A implementação de planos requer recursos financeiros em quantidade adequada, de forma atempada
e estável.

Pontos Fortes
 Principalmente devido à pandemia do HIV e SIDA, os recursos directa ou indirectamente
alocados para acções na área da nutrição têm crescido de forma substancial.

 Em geral reconhece-se que fundos específicos para outros programas devem contribuir para
acções na área de nutrição para que as suas acções específicas tenham o impacto desejado.

 O sector da agricultura tem fundos específicos para actividades de nutrição embora


insuficientes.

Pontos fracos
 Quando comparada com outras áreas há poucos parceiros que trabalham na área especifica de
nutrição em comparação com outros programas. A maior parte dos parceiros é incapaz de
quantificar os fundos que dedica à nutrição. Isto acontece pelo facto de maior parte das vezes
a nutrição ser abordada como uma área integrada noutros programas. Assim, é também difícil
garantir que a nutrição receba os recursos que necessita pois compete com outras actividades
programáticas.

 A nível provincial e distrital há pouca clareza quanto à disponibilidade de fundos


especificamente alocados para área da nutrição tanto da parte do governo como do lado dos
parceiros, o que dificulta a planificação de actividades de nutrição. Apesar de lógica, a
integração da nutrição noutros programas torna difícil estimar com precisão os recursos
financeiros disponíveis para a nutrição. Dessa forma torna-se também difícil definir o
adicional necessário.

 A ausência de planos claramente orçamentados torna difícil a obtenção de apoio financeiro de


parceiros. Os fundos dos parceiros disponíveis habitualmente não contemplam a formação de
nutricionistas. Em geral há escassez de recursos financeiros para actividades integradas.

5.8 Capacidade de Implementação a Nível Comunitário e US

Pontos fortes
 Quase todas as unidades sanitárias implementam as actividades de nutrição no Centro de
Saude marcadas na lista de actividades necessárias.

 As unidades sanitárias fazem actividades que contribuem para uma melhor nutrição nas
escolas.

 As ONG implementam actividades nas comunidades e há boas lições aprendidas. A maioria


implementa intervenções sobre nutrição e HIV.
16
Pontos fracos

 Algumas unidades sanitárias mostraram quebra de stocks de suplementos de vitamina A,


mebendazol, suplementos nutricionais e falta de guiões e manuais de tratamento e
procedimentos e instrumentos que os apoiem na avaliação nutricional. As condições para
promoção e educação nutricional nos centros de saúde são difíceis, pontuadas por falta de
espaço, falta de pessoal, falta de material de IEC para promoção e educação e falta de
material para as demonstrações culinárias.

 Apesar de algumas unidades sanitárias conseguirem fazer actividades de promoção de saúde


(incluindo nutrição) nas comunidades e o trabalho com líderes comunitários, a maioria tem
dificuldade em implementar actividades de nutrição nas comunidades.

 Os outros sectores (por exemplo de agricultura, de educação e de obras publicas) fazem


poucas actividades sobre promoção e educação nutricional, higiene e saneamento nas
comunidades e escolas.

 Assim, as ONGs são quem mais fazem actividades de nutrição nas comunidades. No entanto,
estas não são muitas das vezes coordenadas e perdem a sustentabilidade quando os projectos
terminam. Também, não se tem bem a idéia de quem está a fazer o quê e aonde.

Deve se mencionar que não foi possível verificar a implementação das actividades como tal, as
observações acima foram tomadas com base nas entrevistas e poucas observações. É importante
fazer uma actividade de mapeamento para recolher informação sobre o tipo de actividades
directamente ou indirectamente de nutrição em curso no pais, para se analisar a cobertura e as
necessidades de mais intervenções.

6. RECOMENDAÇÕES
O propósito do “Landscape analysis” era principalmente o de traçar recomendações que pudessem
melhorar as condições estratégicas, institucionais e estruturas, em suma, as causas básicas,
mencionadas na secção acima, porque para que as intervenções/acções directas e imediatas tenham
sucesso é importante ter uma estrutura que funcione.

No entanto, é também importante definir intervenções/acções específicas que têm um impacto directo
e mais imediato na redução da desnutrição crónica. As intervenções listas na subsecção 6.2 resultam
de conhecimento técnico e científico das intervenções chaves para a redução da desnutrição, da
revisão de estratégias e planos desenhados para Moçambique (ESAN/PASAN II, Documento de RAI
para PARPAII – desnutrição crónica, Plano Estratégico para Nutrição 2002 – Roger Shrimpton, e o
Plano de Desenvolvimento Nutricional 2004 – Helder Martins) e do processo de consultas
multissectoriais como parte do “Landscape Analysis”. No entanto, durante o desenho do plano de
acção é importante que se faça uma análise mais detalhada de cada intervenção aqui recomendada de
forma a produzir acções específicas para cada intervenção e por nível de intervenção. Para tal, vai ser
preciso olhar para o seguinte:

17
1. Que intervenções estão a ser implementadas em Moçambique, com potencial para reduzir a
desnutrição crónica?

2. Qual têm sido o desempenho ou impacto destas intervenções a todos os níveis?

3. Quais têm sido os constrangimentos, qual a razão deles e como ultrapassa-los?

4. O que fazer para melhorar/fortalecer estas intervenções de forma a melhorar/aumentar o


seu impacto/sucesso?

5. Que outras intervenções inovativas e que mostraram sucesso noutros países podem ser
adequadamente implementadas em Moçambique?

6. Qual o custo destas intervenções?

7. Como é que cada sector pode contribuir para cada ou algumas destas intervenções?

8. Aonde, por quem e com que frequência é que estas intervenções tem que ser
implementadas?

9. Quais os mecanismos e instrumentos necessários para sua implementação?

10. Que tipo de monitoria e avaliação é necessária e com que frequência. Que indicadores
devem ser recolhidos?

11. Quem deve supervisionar, treinar e coordenar estas intervenções?

É importante neste processo fazer-se um mapeamento de todas as actividades/intervenções que estão a


ser implementadas em Moçambique na área da nutrição ou em outras áreas que possam ter um forte
impacto na redução da desnutrição crónica. Este mapeamento deverá incluir: quem está a fazer o quê
(que organizações e instituições do governo e não governamentais), aonde (em que províncias e
distritos) e a que nível (institucional, centro de saúde, comunitário, e individual). Isso facilitará a
integração, coordenação e planificação das intervenções.

Sempre que um problema de grande magnitude, como é o caso da desnutrição crónica é identificado,
há a tendência de se traçarem múltiplas recomendações. Por isso, seria recomendável que, de uma
forma mais abrangente e participativa possível, fossem estrategicamente seleccionadas e
hierarquizadas as prioridades mais “prioritárias” cuja adopção possa resultar num rápido e marcado
ímpeto nas acções tendentes a reduzir o problema. No processo de prioritização seria fundamental
traçar um cronograma para implementação das recomendações.

6.1 Recomendações Resultantes do “Landscape analysis”:


Algumas das recomendações aqui mencionadas não entram em detalhe, e serão aprofundadas durante
o seminário de modo a serem desenvolvidas recomendações específicas.

18
6.1.1 Advogar para a Melhoria da Percepção do Problema a todos os Níveis
 Implementar uma campanha alargada de advocacia a todos os níveis para sensibilizar sobre o
problema, especificamente sobre a natureza do problema, causas, consequencia e gravidade;

 Capacitar os Governadores Provincias, Administradores Distritais e Conselhos Consultivos


em materia de nutrição;

6.1.2 Reforçar o cometimento dos vários sectores e de alto nível para combate à
desnutrição crónica
O peso, impacto e multissectorialidade do problema da desnutrição crónica requerem coordenação de
alto nível que possa com facilidade promover a articulação das acções nesta área. Uma iniciativa deste
género poderia ser liderada por uma figura proeminente que trabalhasse no sentido de:

 Advocar continuamente com dirigentes de alto nível, de forma a assegurar um cometimento


político para o combate a desnutrição crónica;

 Definição dos papéis e responsabilidade de cada sector. Criar o sentimento de


responsabilidade nos sectores intervenientes na área de nutrição através de um
reconhecimento do papel de cada sector;

 Cada sector deverá identificar acções a implementar e indicadores para medir o impacto
destas;

 Acompanhar o desempenho na implementação do plano de acção através de indicadores


específicos para medir o cumprimento destas;

 Mobilizar recursos para apoiar os diferentes sectores envolvidos;

 Manter o ímpeto no envolvimento político e da sociedade na implementação de acções para a


redução da desnutrição crónica.

6.1.3 Reforçar os mecanismos de coordenação em nutrição


É evidente que um dos principais problemas é a ausência de coordenação multissectorial na
abordagem dos problemas de nutrição em geral e da desnutrição crónica em particular. Assim,
recomenda-se que sejam avaliadas as seguintes opções:

 Recomenda-se uma estrutura de coordenação multi-sectorial que seja independente, colocada


ao nível mais alto, com capacitada e dotada de recursos humanos e financeiros.

 A coordenação multissectorial deverá estar reflectida a todos os níveis, através da


institucionalização a nível provincial, distrital;

 Rever a missão do SETSAN e sua estrutura de acordo com a situação presente;

 Se eventualmente se considerar melhor o estabelecimento de uma outra estrutura seria


necessário ter em conta todas os aspectos para garantir uma real funcionalidade da mesma.
Seria também necessário definir a sua relação com o SETSAN dada a complementaridade
entre segurança alimentar e nutrição adequada;

19
 Elevar o SETSAN ou qualquer outra instituição coordenadora a nível mais alto e
independente dos diferentes intervenientes;

 A instituição coordenadora deverá ser multi-sectorial que seja independente, colocada ao


nível mais alto, capacitada e dotada de recursos humanos e financeiros;

 Cada Ministério deverá nomear um ponto focal que responda pela implementação do plano de
acção;

 Coordenar as acções de vários sectores para integrar a nutrição em outras actividades que não
são necessariamente de nutrição mas que se complementam e reforçam.

6.1.4 Mobilizar Recursos Financeiros dentro de cada sector para a Implementação


do Plano de Acção
Dada a magnitude do problema há que mobilizar recursos financeiros para actividades e acções
específicas para redução da desnutrição crónica e, por outro lado, garantir o incremento de recursos
financeiros em actividades integradas. Assim recomenda-se:

 Fazer uma estimativa de custo de implementação do plano de acção e inserir no cenário fiscal
do médio prazo;

 Integrar sistematicamente a componente de nutrição nas propostas de mobilização de recursos


nos planos sectoriais e intersectoriais;

 Melhorar a coordenação com o Ministério das Finanças, Ministério do Plano e


Desenvolvimento e Minsitério da Administração Estatal para que o compromisso do governo
se traduza num aumento do orçamento para a nutrição a todos os níveis;

 Criar mecanismos para tornar visível e monitorar a proporção de fundos alocados a nutrição
nos planos dos diferentes sectores a todos os níveis;

 Advogar junto aos parceiros para alocar fundos necessários para a formação de quadros
qualificados em nutrição.

6.1.5 Reforçar a área dos Recursos Humanos para a Nutrição


A implementação bem-sucedida de um plano de acção com metas ambiciosas de impacto tem que ter
como base a disponibilidade de recursos humanos em quantidade e qualidade ajustada às necessidades
de trabalho. Assim, recomendam-se as seguintes acções:

 Reforçar o SETSAN com técnicos da área de nutrição, de forma a assegurar uma abordagem
holistica da nutrição;

 Treinar os extensionistas, agentes de saúde comunitária e técnicos de organização


governamentais e não governamentais em matéria de nutrição;

 A longo prazo, aumentar o número de técnicos de nutrição nas DPS, distritos e a curto prazo
reforçar o conhecimento do pessoal de saúde a todos os níveis sobre um leque de intervenções
essenciais para a redução da desnutrição crónica;

20
 Assegurar a componente de nutrição com enfoque na redução da desnutrição crónica em
todos os curricula de formação do pessoal médico, técnico e paramédico;

 Treinar/Actualizar de modo a reforçar as habilidades em nutrição do pessoal de saúde


existente e dos outros sectores actuando na área de nutrição;

 Reforçar/Introduzir a componente nutrição com enfoque na redução da desnutrição crónica


nos curricula de formação do pessoal de outros sectores actuando na área de nutrição,
especialmente dos professores do ensino primário;

 Mobilizar recursos para acelerar a formação dos técnicos de nutrição;

 Actualizar os materiais de formação na área de nutrição;

 Definir um plano de formação para nutrição assegurando a rotação e o treino em cascata a


nível provincial e distrital.

6.2.6 Reforçar a Capacidade Técnica e de Gestão para Nutrição


O plano nacional deveria ter em atenção especial a necessidade de reforço da capacidade técnica,
abordando os seguintes aspectos:

 Actualização dos materiais de treino incluindo/reforçando a componente de nutrição nos


manuais existentes e em preparação (cuidados pré-natais, saúde infantil, APE);

 Controle de crescimento, Aconselhamento para a Saúde com enfoque na prevenção e impacto


da desnutrição crónica;

 Dotar as unidades sanitárias de equipamento necessário para o monitoramento contínuo do


estado nutricional da população;

 Assegurar que o gestor do programa de nutrição seja uma pessoa capacitada e com
competência em nutrição, gestão, planificação, monitoria e avaliação tanto a nível distrital
como ao nível das principais US;

 Assegurar que os diferentes sectores e a vários níveis tenham uma biblioteca com materiais
técnicos de nutrição para consulta;

 Dar mais prioridade a formação em trabalho;

 Fazer exames antes e depois da formação como forma de medir as habilidades e os


conhecimentos adquiridos durante a formação;

 Dar a devida importância ao seguimento pós-formação para garantir a devida implementação


dos conhecimentos adquiridos.

21
6.2.7 Reforçar a Capacidade para Monitoria e Avaliação
A implementação adequada de um plano de acção requer que haja mecanismos eficazes de monitoria
e avaliação que permitam avaliar o progresso e impacto por forma a realinhar as acções se tal se
verificar necessário. Para isso recomenda-se:

 Reforçar a capacidade na área de monitoria e avaliação com a alocação de recursos humanos


e materiais para uma atempada e eficiente colheita de dados em todos os sectores;

 Compatibilizar a recolha de dados entre o DIS/DNPC e o Departamento de Nutrição,


integrando os indicadores de vigilância nutricional no sistema de vigilância nacional
existente;

 Estimular o uso de dados a nível local para tomada de decisões e revisão de estratégias e
planos de acção;

 Produzir regularmente informação sobre a situação nutricional (boletim) de modo a que todos
os intervenientes a todos os níveis tenham acesso;

 Garantir que os parceiros de implementação na área de nutrição partilhem os seus dados com
as entidades do governo e outros;

 Rever e definir uma lista de indicadores nacionais prioritários essenciais e suficientemente


abrangente. Esta lista deverá ser específica por sector.

6.2 Recomendações para Reduzir o Impacto das Causas Subjacentes:

6.2.1 Segurança alimentar


1. Expansão de programas de segurança alimentar com maior ênfase em produtos agrícolas com
maior conteúdo nutricional (por exemplo, a Batata Doce de Polpa Alaranjada e a moringa) e
para alguns destes produtos, promover a sua ligação a mercados, e ao sector privado
(industrial e comercial);

2. Inserir aspectos de segurança alimentar e nutricional nos planos estratégicos de


desenvolvimento do distrito;

3. Suplementação nutricional para crianças dos 6-24 meses para prevenir a desnutrição crónica;

4. Produção local de suplementos nutricionais que podem ser vendidos a baixo custo em
mercados e assim facilitando o acesso das mães a produtos nutricionalmente ricos, e de
simples preparação;

5. Fortificação de alimentos chaves (açúcar, farinha de milho e óleo) e a expansão e


fortalecimento do programa de fortificação do sal com iodo;

6. Intensificação de programas de segurança alimentar com ênfase numa produção de alimentos


diversificados e direccionados a populações mais vulneráveis como as mulheres grávidas e
lactantes e pessoas vivendo com HIV/SIDA;

22
7. Intensificar actividades (incluindo capacitações) e construção de infra-estrutura para
armazenamento e processamento de alimentos;

8. Intensificar actividades (incluindo capacitações) e construção de infra-estrutura de recolha de


água da chuva, e sistemas de irrigação para a irrigação das culturas;

9. Fortalecimento e expansão dos programas de produção escolar (hortas escolares) e a inclusão


de produtos (culturas) alimentares diversificados e nutricionalmente ricos;

10. Transferência de dinheiro (“cash transfers”) para mulheres grávidas e lactantes e famílias de
crianças dos 6-24 meses com condições socioeconómicas consideradas baixas;

11. Promover e facilitar para as mulheres grávidas e lactantes e famílias de crianças dos 6-24
meses com condições socioeconómicas consideradas baixas a aquisição de animais de
criação;

12. Facilitar o acesso dos excedentes agrícolas aos mercados;

13. Criação de stocks de alimentos a nível provincial para os casos de crises alimentares e
choques naturais.

6.2.2 Cuidados adequados para as mulheres e crianças


1. Expansão, fortalecimento e intensificação de actividades de promoção e apoio ao aleitamento
materno, incluindo no contexto de HIV e SIDA, com ênfase no aleitamento materno
exclusivo nos centros de saúde, mas principalmente nas comunidades; Capitalizar a existência
de redes de trabalhadores de extensão agrária, educação, acção social e da saúde como
promotores;

2. Expansão, fortalecimento e intensificação de actividades de promoção e apoio a práticas de


alimentação complementar (para crianças dos 6-59 meses de idade), incluindo no contexto de
HIV e SIDA, e praticas de higiene nos centros de saúde, mas principalmente nas
comunidades. Capitalizar a existência de redes de trabalhadores de extensão agrária,
educação, acção social e da saúde como promotores;

3. Sensibilização das comunidades para aumentar o número de consultas pré-natais, os partos


institucionais e as consultas pós-natais, para que as mulheres grávidas tenham o acesso a pelo
menos quatro consultas pré-natais, um parto seguro e aconselhamento pós-parto;

4. Expandir e melhorar o programa das demonstrações culinárias para as comunidades.


Capitalizar a existência de redes de trabalhadores de extensão agrária, educação, acção social
e da saúde como promotores;

5. Promoção do uso do sal iodado nas comunidades. Capitalizar a existência de redes de


trabalhadores de extensão agrária, educação, acção social e da saúde como promotores;

6. Expansão, fortalecimento e intensificação da triagem das crianças desnutridas nas


comunidades e referência para as unidades sanitárias;

7. Expansão, fortalecimento e intensificação do planeamento familiar nas unidades sanitarias e


na communidade;

23
8. Criação de grupos de mães nas comunidades para fortalecer e apoiar as recomendações 1- 7;

9. Criação de uma cadeira sobre saúde escolar no currículo do ensino primário que entre outras
matérias devera incluir segurança alimentar e nutrição;

10. Pesquisas cientificamente validas sobre o conteúdo nutricional (calórico, proteico, e de micro
nutrientes) e diversidade das dietas das crianças dos 6-24 meses, o custo de uma dieta
adequada e a capacidade financeira das famílias em assegura-las;

11. Pesquisas aprofundadas sobre praticas alimentares inadequadas com o objectivo de


desenvolver mensagens mais culturalmente sensíveis e aceitáveis que tenham maior impacto
na mudança de comportamento;

12. Promoção de uma campanha de “mass media” para despertar a atenção, informar, convencer e
mudar o comportamento da população/sociedade, e em especial dos grupos mais relevantes
sobre as causas da desnutrição crónica, e como combatê-la.

6.2.3 Acesso a serviços de saúde, condições de água e saneamento


1. Iniciar e expandir a suplementação com micronutrientes e desparasitação das raparigas e
mulheres em idade fértil, mulheres grávidas e lactantes;

2. Continuar sem interrupções com a suplementação de vitamina A e desparasitação das crianças


de 6-59 meses (11-59 meses para a desparasitação) nas semanas nacionais de saúde;

3. Expansão e fortalecimento do programa de suplementação nutricional para mulheres grávidas


e lactantes desnutridas dentro do programa de SMI (incluindo PTV), incluindo o registo dos
dados da triagem nutricional para monitoria e seguimento do seu estado nutricional;

4. Fortalecer e expandir as intervenções do Programa de Tratamento, Reabilitação e


suplementação Nutricional para crianças, adoelscentes e adultos sofrendo de desnutrição
aguda severa e moderada, incluindo aqueles HIV e TB positivos, nos centros de saúde e
fortalecer a sua ligação com as comunidades;

5. Intensificar, expandir e melhorar as intervenções de saneamento do meio melhorado e de


abastecimento de água potável, incluindo criação de infra-estrutura nas comunidades e
agregados familiares, com prioridade nas áreas com altas taxas de desnutrição;

6. Fortalecer e expandir as intervenções para a Atenção Integrada às Doenças da Infância


(AIDI), e garantir que as actividades de nutrição estejam sempre presentes;

7. Garantir que os centros de saúde não tenham falta de stock de suplementos nutricionais e de
micro nutrientes, de Mbendazol, anti-malárico, soro fisiológico, de balanças e altímetros,
fichas de registo e normas de avaliação nutricional, guiões para tratamento e procedimentos e
material IEC para aconselhamento nutricional e de higiene;

8. Reduzir a prevalência das doenças prevalentes na infância e com impacto no estado


nutricional como a malária (aumentar a distribuição de Redes Mosquiteiras Impregnadas de
Longa Duração (RMILD) para crianças menores de cinco anos e promover o seu uso – sem
custo ou a um custo subsidiado) e a diarreia (aumentar a distribuição de certeza ou cloro para
o tratamento da agua da família e promover o seu uso – sem custo ou a um custo subsidiado);

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9. Intensificar actividades de construção de infra-estruturas de recolha da água da chuva como
agua potável para beber.

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