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Dor abdominal
(Ver também Harrison Medicina Interna, 17a edição, Cap. 14.)
Definição
Epidemiologia
• Incidência
oo Um dos problemas mais comuns nos setores de emergência.
oo Responsável por cerca de 10% de todas as consultas de emergência.
oo Metade dos adultos sadios tem dor abdominal ao serem interrogados a respeito.
• Idade e sexo
oo Dependendo da causa da dor abdominal.
Mecanismo
Sinais e sintomas
Origem abdominal
Causas funcionais
Diagnóstico diferencial
• Causas neurogênicas
oo Orgânicas
Tabes dorsalis.
Herpes-zoster.
Causalgia e outras.
oo Funcionais
SII: uma das causas mais comuns de dor abdominal.
Abordagem ao diagnóstico
Considerações gerais
Abordagem ao diagnóstico
oo Auscultação
Os sons intestinais podem ser enganadores.
Pode ocorrer obstrução do intestino delgado estrangulado ou apendicite perfurada
com sons peristálticos normais.
Quando a parte proximal do intestino acima de uma obstrução ficar
acentuadamente distendida e edematosa, os sons peristálticos podem perder as
características de borborigmos e tornar-se fracos ou ausentes, mesmo quando não
há peritonite.
A peritonite química grave de início súbito em geral está associada a um abdome
verdadeiramente silencioso.
oo A avaliação do estado de hidratação do paciente é importante.
• Exames laboratoriais (conforme indicados).
oo Podem ser válidos, embora raramente estabeleçam o diagnóstico.
oo Hemograma completo.
oo Perfil bioquímico, inclusive nitrogênio uréico sanguíneo, glicose, bilirrubina, amilase e
lipase.
oo Exame de urina.
• Exames radiológicos (conforme indicados).
oo Radiografias simples e na posição ortostática ou em decúbito lateral.
oo Enema contrastado.
oo Ultra-sonografia.
oo TC.
oo Cintigrafias com radioisótopos (HIDA).
oo Exame baritado ou com contraste hidrossolúvel do trato GI superior.
Útil nas circunstâncias raras em que o diagnóstico não é claro.
Evitar a administração oral de sulfato de bário, se houver dúvida quanto à
obstrução do cólon.
• Laparoscopia.
Exames laboratoriais
• Exame de urina
oo Pode revelar o estado de hidratação.
oo Excluir doença renal grave, diabetes ou infecção urinária.
• Hemograma completo
oo Leucocitose
Não é o único fator a decidir pela intervenção cirúrgica.
Contagens > 20.000/µL podem ser vistas na perfuração de vísceras, na
pancreatite, na colecistite aguda, na doença inflamatória pélvica e no infarto
intestinal.
Não é raro a leucometria estar normal na perfuração de vísceras abdominais.
oo O diagnóstico de anemia pode ser mais útil do que a leucometria, especialmente quando
combinada com a anamnese.
• Bioquímica sanguínea
oo Nitrogênio uréico sanguíneo, glicose e bilirrubina sérica podem ser úteis.
oo Amilase sérica: pode estar elevada na pancreatite, com úlcera perfurada, obstrução
intestinal por estrangulamento e na colecistite aguda.
Elevações não excluem a necessidade de cirurgia.
oo Lipase sérica.
Pode ter maior acurácia do que a amilase sérica.
oo Níveis de β-gonadotropina coriônica humana em mulheres na pré ou perimenopausa.
• Culturas de sangue e urina em pacientes com febre ou sinais vitais instáveis.
• Teste para o HIV, se relevante.
Exames de imagem
Procedimentos diagnósticos
• Laparoscopia
oo Especialmente útil para o diagnóstico de condições pélvicas, como:
Cistos ovarianos.
Gravidez tubária.
Salpingite.
Apendicite aguda.
• Lavado peritonial usado apenas nos casos de traumatismo.
oo Tem sido substituído como recurso diagnóstico pelo ultra-som, pela TC e pela
laparoscopia.
Abordagem ao tratamento
• Estabilizar o paciente.
• Certificar-se da necessidade de intervenção cirúrgica urgente.
oo Caso afirmativo, estabelecer acesso venoso para reposição de líquido e começar a
cirurgia imediatamente.
• Providenciar alívio da dor.
oo Narcóticos ou analgésicos não devem ser retirados até o diagnóstico definitivo ou ter
sido formulado um plano de tratamento.
oo É pouco provável que a analgesia adequada ofusque o diagnóstico.
• Prescrever antibioticoterapia empírica, se suspeitar de infecção intra-abdominal.
Tratamentos específicos
• Controle da dor
oo Analgésicos opióides são de uso comum (p. ex., hidromorfona: 1 a 2 mg SC ou IM;
meperidina: 75 a 100 mg IM).
oo Antiácidos ou antagonistas do receptor H2 para a dor em queimação, causada por ácido
gástrico (famotidina: 20 mg/50 mL IV; ranitidina: 50 mg).
oo Pode-se usar cetorolac intravenoso (15 a 30 mg) para cólica renal ou biliar.
• Controle da êmese intratável
oo Droperidol (2,5 mg IM).
oo Proclorperazina (5 a 10 mg IM).
oo Prometazina (12,5 a 25 mg IM).
oo Trimetobenzamida (200 mg IM).
oo Os agentes supracitados podem causar alterações do estado mental.
• Sonda nasogástrica com aspiração na suspeita de obstrução do intestino delgado.
Tratamento definitivo
Monitoramento
• Acompanhamento cuidadoso com reexame freqüente (pelo mesmo médico, quando possível).
Complicações
oo Intestino isquêmico.
oo Hemorragia intra-abdominal.
oo Obstrução intestinal.
oo Obstrução urinária.
oo Infarto esplênico.
oo Morte.
Prognóstico
Prevenção
CID-9-MC
Ver também
• Abscesso abdominal.
• Aneurisma aórtico abdominal.
• Apendicite aguda.
• Colecistite aguda.
• Obstrução intestinal aguda.
• Pancreatite aguda.
• Pancreatite crônica.
• Cálculos biliares.
• Gastrite.
• Síndrome do intestino irritável.
• Doença inflamatória pélvica.
• Doença ulcerosa péptica.
• Peritonite.
Sites
• Profissionais
oo Homepage-Physicians
American College of Gastroenterology.
• Pacientes
oo Dor abdominal.
MedlinePlus.
oo Dor abdominal.
American College of Gastroenterology.
Bibliografia
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Dicas
• A avaliação do paciente com dor abdominal aguda pode ser vista como um processo em 3
etapas:
oo Pacientes hemodinamicamente instáveis correm o risco de ter tido um evento vascular
catastrófico como ruptura de aneurisma aórtico e são encaminhados diretamente para
cirurgia.
oo As 3 condições que precisam ser avaliadas a seguir são obstrução intestinal, peritonite
e ruptura de gravidez ectópica. O desfecho é influenciado pela demora na intervenção
cirúrgica.
oo Em um paciente hemodinamicamente estável sem obstrução, peritonite ou ruptura de
gravidez ectópica, a avaliação pode ser mais deliberativa e ter como base a localização
da dor.
• Patologia grave pode ser mascarada em pacientes imunossuprimidos ou idosos, por causa
de uma resposta inflamatória comprometida. Os sinais e sintomas de peritonite podem se
modificar.
• Dor abdominal irradiada em geral é percebida perto da superfície do corpo.
• A dor no quadrante superior esquerdo em um paciente com fibrilação atrial (ou sob outro
risco de tromboembolia) pode indicar infarto esplênico.