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O CIRCO

RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
Introdução
• O Nódulo Sinusal (SA) recebe grande influência do sistema nervoso autônomo, simpático (adrenérgico) e
parassimpático (vagal, colinérgico).
• Nas situações de estresse (exercício
físico, emoção, hipovolemia, cirurgia,
infecção, etc.), o sistema adrenérgico
predomina, causando taquicardia
sinusal, enquanto, durante o sono,
predomina o sistema vagal, levando o
paciente à bradicardia sinusal ou
demais bradiarritmias sinusais
denominadas “benignas”.
• Bradicardia
o diminuição da frequencia
cardíaca.
• Taquicardia
o Aumento da frequencia
cardíaca.
• Arritmia
o Distúrbio do ritmo cardíaco.

Revisão – Sistema de condução cardíaco


• O estímulo que começa no nó sinusal, passa para o nó A-V através das vias internodais. No Nó A-V ele é
atrasado, e após isso passa para o feixe de hiss, onde vira dois ramos esquerdo e direito do feixe de hiss
chegando finalmente as fibras de Purkinje.
• Por que é necessário que haja esse sistema?
o Por que é necessário que a passagem do estímulo
seja rápida, se fosse célula a célula seria muito lento
e a frequencia cardíaca não conseguiria ser o valor
que é.
• Em uma condução normal, o estímulo é iniciado no Nodo
sinusal ou sinoatrial que é localizado na porção superior do
átrio direito.
o Para que isso seja possível, as células dessa
estrutura precisam ter uma importante propriedade
chamada automatismo, ou seja, a capacidade de
emitir estímulos elétricos (despolarização) de forma
espontânea e rítmica.
• Quem manda normalmente o valor da frequencia cardíaca
é o Nó sinusal.
o O que acontece se o nódulo SA for subitamente inibido? Será que o paciente entrará em assistolia?
Não, existem outras células dentro do sistema de condução com a propriedade de automatismo.
Vejamos quais são estas estruturas: algumas áreas do miocárdio atrial, a junção AV (que inclui o
nódulo AV e o feixe de His), os ramos e as fibras de Purkinje.
o Normalmente, o automatismo dessas células é inibido pelo próprio ritmo sinusal, que possui uma
“frequência intrínseca” de disparos maior (entre 60-100 bpm).
• Frequencias aproximadas de cada local:
o Nó sinusal – 60 a 100 bpm.
o Nó A-V – 40-50 bpm.
o Feixe de hiss – 30 bpm.
o Fibras de purkinje – 20 bpm.

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• Assim, quando o nódulo SA “falha”, um novo foco automático assume o ritmo cardíaco, com uma
“frequência intrínseca” menor, isso é chamado de ritmo de escape.

REVISÃO - Análise do eletrocardiograma


• Devemos analisar o eletrocardiograma por um parâmetro, o que foi orientado pela docente é a seguinte:
o Como está o ritmo do coração? É regular (sinusal) ?
o Como está a frequencia cardíaca?
o Há sobrecarga na onda P?
o O intervalo PR está normal? Ou mais curto ou
longo?
o Como está o QRS? Duração, eixo e amplitude
o Segmento ST/onda T.
o Intervalo QT.
• Analisando cada um separadamente:
o Ritmo sinusal x não sinusal
▪ Para o ritmo ser considerado regular (sinusal), temos que ter uma onda P arredondada e
monofásica, positiva em D1, D2 e AVF e deve preceder cada QRS.
• Se eu tenho uma onda P perdida após QRS, com certeza o ritmo deste batimento
não é sinusal.
▪ Sinusal – onda P precedendo o complexo
QRS, positiva em D1, D2 e AVF e negativa
em AVR.
▪ Por que ela tem que estar negativa em
AVR?
• Por que olhando a “a rosa dos
ventos das derivações” (Imagem
ao lado), AVR está oposto ao eixo
de despolarização que vai mais ou
menos do átrio direito em direção
ao ventrículo esquerdo, então se
o eixo se “afasta” de AVR, ele fica
negativo.
▪ Frequencia cardíaca deve estar entre 50 a 100 bpm.
o Frequência cardíaca
▪ Um eletro normal corre por segundo 25mm, logo em 1 min ele corre cerca de 1500 mm.
▪ Se eu pegar o número de quadradinhos entre duas ondas R, e dividir 1500 pelos
quadradinhos, eu tenho como resultado a minha frequência.
▪ Encontre uma linha R sobre uma linha escura (linha vermelha na imagem ao lado)
▪ Conte o número de
quadradinhos até a
próxima onda R.
▪ Divida 1500 pelo valor
obtido.
▪ Método Normal – 50 –
100bpm.
• 1500/25 (quadradinhos)
▪ Método prático (300)
• Eu conto quantos quadradões temos de diferença entre uma onda R e outra e depois
divido 300 pelo número encontrado.
▪ Contagem em ritmo irregular
• Se o ritmo for irregular, como eu posso contar se sempre as distancias serão
diferentes?

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• Se uma onda D2 longa que tem 10 segundos de duração e vejo quantas ondas R ela
tem, se pensarmos que em uma “batida” o coração só emite uma onda R, o numero
de ondas R em 10 segundos seria o quantas vezes ele bateu em 10 segundos.
• Pegamos esse valor e multiplicamos por 6 e teremos o quanto o coração bateu em 1
min.
• Pega uma D2 longa, conta todas as ondas R que tem e depois multiplica por 6

o Onde P – Sobrecarga?
▪ A onda P é formada, minimamente pela onda P da contração atrial esquerda e da direita, se
eu tenho sobrecarga da câmara, a energia para despolarizar
será maior, aumentando a despolarização, crescendo em altura
e duração.
• Dilatação de câmara direita: Por exemplo, quando eu
tenho uma sobrecarga de onda P por dilatação da
câmara direita, eu tenho aumento da amplitude da
onda P somente, uma vez que a parte da onda P, representada pela contração do
átrio esquerdo encobre o aumento do tempo de duração da onda P do átrio direito.
• Dilatação de câmara esquerda: Quando há sobrecarga da onda P por um aumento
do ventrículo esquerdo eu tenho aumento da duração e da amplitude da onda P.
o Podendo até mesmo formar uma fenda entre as duas ondas P de cada átrio.
o Intervalo PR – Normal? Curto? Longo?
▪ É o intervalo que corresponde desde o início da onda P até o inicio do complexo QRS, ou
seja, início da contração atrial e da contração ventricular.
▪ O intervalo normal é entre 3 a 5 quadradinhos.
▪ Seu alongamento reflete em
uma demora de condução, o
que pode me levar a pensar
em um bloqueio
atrioventricular de 1 grau.
o QRS – Duração, eixo, amplitude
▪ Duração: Um QRS normal dura até 3 quadradinhos.
▪ Eixo: O eixo do QRS deve estar mais ou menos em D2, podendo variar entre AVL e AVF.
• Por exemplo, o eixo do QRS deve estar positivo em AVL e AVF, indicando que o eixo
cardíaco aponta para a direção normal (Mais ou menos D2).
• Em alguma situação o AVF pode estar negativo?
o Sim, se o QRS estiver negativo em AVF, eu devo olhar para o D2, uma vez
que ele é perpendicular a AVL, e se D2 estiver positivo, quer dizer que o eixo
está para o lado correto.
▪ Amplitude: Aumenta igual na onda P, se houver sobrecarga, a amplitude dele aumenta.
o Segmento ST/ onda T
▪ Aqui me importa ver se estou vendo um supradesnivelamento de ST ou um
infradesnivelamento de ST.
▪ OBS: Supra de V2 e V3 é fisiológico na maioria dos pacientes.
• Mulheres até 2, e homens até 2,5.
▪ Onda T: Se o QRS for positivo, a onda T tem que ser positiva, se o QRS for negativo, a onda T
é negativa.
• Se a onda T não acompanhar essa polaridade é porque algo está errado.
o Intervalo QT
▪ Início da contração ventricular até o fim da Repolarização ventricular. Corresponde ao início
do complexo QRS até o fim da onda T.
▪ O aumento em duração da onda QR significa aumento da Repolarização, o que predispõe
arritmia.
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Eletrocardiograma infartado – Localização do infarto
• A localização das derivações me indica onde que está
ocorrendo o infarto no paciente.
• Se eu estou vendo um supra de ST em V1 a V6, D1 e AVL,
que area do coração do paciente está infartado?
o Região anterior extensa.
• Se eu estou vendo supra em D1 e AvL?
o Paciente provalvemente tem um infarto em
Região lateral Alta.

Mecanismos de Taquiarritmias
• Formação do impulso (Hiperautomaticidade)
o O que acontece na formação do impulso para o coração ficar
rápido?
o Há um aumento da formação do impulso por aumento do
estímulo simpático, assim o coração fica com maior
frequencia cardíaca.
o Eu posso ter um Hiperautomatismo normal, um nó sinusal
mandando mais estímulos para contração por ativação
simpática, hipertireoidismo febre...
o Ou posso ter um Hiperautomatismo anormal, células que não
deveriam ser tão automáticas derrepente passam a ser
automáticas.
▪ Um grupo isolado de células, seja do átrio, seja do
ventrículo, resolve disparar estímulos sozinhas.
▪ Isso pode ser sentido como uma extrassistole, uma
parte do ventrículo ou átrio que fica maIs ativo do
que deveria ser.
• Reentrada
o A reentrada é o mecanismo mais importante das taquiarritmias.
o Ocorre quando uma extrassístole é conduzida por uma via enquanto é bloqueada em outra paralela.
Se a condução anterógrada deste estímulo for suficientemente lenta, ele pode retornar pela via em
que foi inicialmente bloqueado, pois o seu período refratário terminou.
▪ OBS: Período refratário é o período em que aquela área não pode ser despolarizada
(contraída).
o Para que se forme um circuito de reentrada no miocárdio, existem três pré-requisitos: (1) áreas
adjacentes com períodos refratários diferentes; (2) áreas de condução lentificada; (3) um “gatilho”
(extrassístole).
o Reentrada: imagine que o miocárdio possua duas
áreas adjacentes com períodos refratários distintos.
Uma extrassístole (estímulo que vem antes do tempo)
pode surgir exatamente no instante em que a área B
ainda esteja refratária, mas a área A já tenha
recuperado a sua excitabilidade. O estímulo então
será bloqueado na área B, seguindo apenas pela área
A. Ao passar pela área C (zona de condução
lentificada), sofrerá certo atraso, suficiente para que a
área B recupere a excitabilidade. O resultado é que o
estímulo poderá “retornar” pela área B, formando o
circuito de reentrada
o Esse mecanismo de reentrada pode ocorrer tanto no átrio como nos ventrículos.

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o Exemplo: Se o paciente infartou, uma parte do musculo acabou necrosando, essa parte é substituída
por fibrose, com musculo saudável em volta dela. Musculo normal conduz os estímulos muito
melhor que na área de fibrose, assim a fibrose faz papel de via lenta e o musculo de via rápida,
fechando um possível circuito de reentrada.
• Atividade deflagrada
o São alterações geradas por variações no potencial de membrana que geram novos potenciais de
ação e consequentemente eventos
arrítmicos.
o Relembrando:
▪ Período refratário absoluto: Não
há como ocorrer despolarização
independente do estímulo.
▪ Período refratário relativo:
Dependendo do estímulo, se for
grande, pode ocorrer
despolarização novamente.
o A atividade deflagrada, um tipo especial
de hiperautomatismo, se inicia por uma
atividade elétrica espontânea que
ocorre antes do término do potencial de ação (pós-potencial precoce, na fase 2 ou 3) ou logo após o
seu término (pós-potencial tardio, na fase 4).
▪ O primeiro caso é desencadeado por drogas que aumentam a duração do potencial de ação
do miocárdio ventricular (medida através do intervalo QT, ou seja, drogas que aumentam o
intervalo QT, professora deu exemplo das quinolonas), uma vez que aumentando o tempo
de repolarização eu aumento as chances de que ocorra uma despolarização no período
refratário relativo, e o paciente desenvolve uma arritmia chamada de torsades de pointes,
uma taquicardia ventricular polimórfica que pode ser mortal.
• (Não dado) Outros medicamentos: alguns antiarrítmicos (grupo IA, sotalol),
antidepressivos tricíclicos, anti-histamínicos, pentamidina, cisaprida e eritromicina,
associados ou não à bradicardia ou a distúrbios eletrolíticos (hipocalemia,
hipomagnesemia).
▪ O segundo caso é desencadeado pelo aumento excessivo do cálcio citoplasmático, como
ocorre na intoxicação digitálica e adrenérgica.
Arritmia na UTI
• Incidência de 12 a 20% dos pacientes internados terão uma arritmia cardíaca.
• Fatores de risco:
o Idade mais avançada
o Doença cardiovascular prévia arritmogênica ou não.
o Ventilação mecânica
o Choque séptico ou qualquer tipo de choque devido ao uso de drogas vasoativas.
o DHE, principalmente distúrbios do potássio, cálcio e magnésio.
• Um dos diferenciais de pacientes que tem arritmias na UTI é que estes pacientes em sua maioria estão
sedados e sob ventilação mecânica, assim, perde-se parâmetros de quando o paciente está desenvolvendo
uma arritmia, como por exemplo a dor torácica que é um dos sinais de instabilidade geralmente presente
em uma arritmia cardíaca.
o Para isso, é importante a monitorização constante do paciente, observando a monitorização
cardíaca, contudo, temos que tomar cuidado visto que os monitores não são tão bons para
identificar algumas alterações como por exemplo supra segmento de ST (infarto), mas para arritmias
cardíacas eles costumam ser muito úteis.
o Dica do professor: Se viu algum ritmo não sinusal no monitor, sempre se possível é bom confirmar
com um eletrocardiograma para deixar comprovado.

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Assunto: Taquiarritmias
Como identificar as taquiarritmias?
• 1. Como está o QRS, estreito ou largo?
o Dependendo da largura do QRS que eu estou observando no ECG, eu posso deduzir por onde está
vindo o estímulo do coração:
o QRS estreito: estímulo pelo sistema de condução.
▪ Taquicardia com QRS ESTREITO: Eu já penso que é uma Taquicardia supraventricular, ou
uma taquicardia gerada antes do no A-V.
o QRS Alargado: Estímulo fora do sistema de condução ou sistema com problemas (BRE ou BRD).
▪ Taquicardia com QRS alargado eu posso deduzir que é uma taquicardia sendo produzida
abaixo do no A-V ou taquicardias ventriculares, podemos ter também neste caso as
chamadas supraventriculares de condução aberrante (mais raras).
o OBS: Falamos que o QRS é estreito quando ele tem menos de 0,12 seg ou menos que 3
quadradinhos e falamos que o QRS é largo quando ele tem mais de 0,12 seg ou mais que 3
quadradinhos.
• 2. O ritmo é regular ou irregular?
o Para saber se o ritmo é regular temos que olhar o intervalo entre as ondas R-R, caso o intervalo seja
constante então estamos diante de um ritmo REGULAR, caso não seja constante, então é um ritmo
IRREGULAR.
o QRS estreito ritmo irregular – Na grande maioria das vezes decorre de uma fibrilação atrial,
podendo ser também um flutter com BAV variável.
• 3. Há alguma onde P visível?
o QRS estreito com ritmo regular e com onda P sinusal presente – Estamos diante de uma taquicardia
sinusal.
o QRS estreito com ritmo regular e com onda P não sinusal presente – Estamos diante de uma
taquicardia atrial.
o QRS estreito com ritmo regular e com onda F presente – Estamos falando de um Flutter atrial
(aspecto serrilhado).
o QRS estreito com ritmo regular sem onda P ou F presente – Falamos que é uma taquicardia
supraventricular.

Taquicardia sinusal
• Causada por hiperautomatismo, é o ritmo sinusal taquicardíaco.
• A taquicardia sinusal é uma resposta fisiológica ao exercício físico
e ao estresse emocional (ansiedade).
• PROBLEMA na UTI: A taquicardia sinusal também costuma ser
uma resposta compensatória a determinadas condições
(secundária), como hipovolemia, febre, sepse, anemia,
insuficiência cardíaca, embolia pulmonar, etc.
o Drogas estimulantes, como cocaína, anfetamina e
teofilina, epinefrina, atropina e dopamina são outras
causas de taquicardia sinusal.
o Ou seja, praticamente todo quadro de um paciente que
está internado na UTI pode gerar taquicardia sinusal, sendo essa a arritmia mais frequente na UTI.

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Assunto: Taquiarritmias
o Devemos sempre pensar na taquicardia sinusal como consequência de alguma coisa e não como
causa de alguma coisa, ela é uma defesa do organismo para manter a circulação adequada em um
ambiente de perigo
ao corpo, por isso,
NUNCA deve-se
fazer um
antiarrítmico para
esses pacientes,
porém, em alguns
casos específicos
como dissecação de
aorta devemos
baixar a frequencia
cardíaca sim, mas
sempre pensando
na CAUSA da
mesma.
• No ECG, a taquicardia sinusal é definida por uma frequência acima de 100 bpm, com ondas P idênticas às do
ritmo sinusal normal (positivas em D1 e D2, negativa em AVT).
• A frequência cardíaca varia entre 100-160 bpm (no exercício, pode chegar a valores maiores).
• OBS: Mulher jovem importante excluir causas secundarias.

Taquicardia atrial unifocal


• Mecanismos que geram:
o Reentrada
o Automatismo
o Atividade deflagrada
• O termo “taquicardia atrial” é reservado para todas as outras
taquiarritmias atriais, entidades que, em comum, manifestam-se
com ondas P diferentes da morfologia sinusal, com uma frequência
entre 100-250 bpm.
• No eletro: Ou seja, todas as ondas P’s, estão precedendo o QRS,
contudo, nem todas estão com morfologia adequada (positiva).
• (Não dado) - Morfologia da onda P (“Foco da Arritmia”): se a P for
negativa em aVL e positiva em V1, o foco está no átrio esquerdo;
se for positiva em aVL e negativa em V1, o foco está no átrio
direito.
• Ondas P’s múltiplas:
o Em alguns eletrocardiogramas nos podemos observar, medindo as distancias de uma onda P a outra
onda P, que existe uma onda P no meio delas, assim, verificamos que existem 2 ondas P, para um
QRS, ou seja, o átrio está 2x mais rápido que o ventrículo (2:1), isso ocorre devido a condução
atrioventricular.
o Condução atrioventricular: na taquicardia atrial, a Frequência Cardíaca (FC) depende não só da
frequência atrial, mas também da condução atrioventricular (se 1:1, 2:1, 3:1 etc.). Por exemplo, uma
taquicardia atrial com uma frequência de P de 200 bpm pode se apresentar com uma FC de 200
bpm, se a condução AV for 1:1; ou com uma FC de 100 bpm, se a condução AV for de 2:1. Quando a
relação AV for maior que 1:1, identificamos uma “taquicardia atrial com bloqueio”.
• Cardiopatia estrutural
• Linha isoelétrica

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• Risco de TE

Taquicardia atrial multifocal (TAM)


• A Taquicardia Atrial Multifocal (TAM) é causada por
mecanismo de hiperautomatismo do miocárdio atrial.
o Surgem múltiplos focos automáticos ectópicos, cada
um determinando uma morfologia diferente para a
onda P no eletrocardiograma.
• Muito comum em Pneumopatias (DPOC).
o A maioria (cerca de 60%) dos pacientes com esta
arritmia apresenta pneumopatia crônica significativa,
geralmente DPOC. A taquicardia atrial multifocal é a
arritmia mais característica dos pacientes portadores
de DPOC!
o Esse tipo de eletrocardiograma é quase
patognomônico de doença pulmonar.
o A gênese da TAM em pacientes com DPOC é multifatorial: (1) aumento atrial direito pelo cor
pulmonale; (2) hipoxemia, hipercapnia, acidose; (3) hipocalemia e hipomagnesemia; (4) uso de
teofilina ou aminofilina.
• No eletro: Podemos observar o QRS estreito, mostrando um tipo de taquicardia supraventricular. E
observamos 3 ou mais tipos de morfologias de onda P.

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o 3 ou mais morfologia de P

Flutter atrial
• Mecanismo: Macrorrentrada
o O flutter atrial é uma taquiarritmia atrial por
macrorreentrada. Forma-se um “grande circuito elétrico”
no miocárdio do átrio direito, com rotação tipicamente
anti-horária.
o Não há linha isoelétrica pois o átrio está sempre
despolarizando.
• Dependente do ritmo cavo tricúspide
o Neste circuito, o estímulo desce pela crista terminalis,
caminhando pelo istmo entre o anel tricúspide e o óstio da
cava inferior, seguindo próximo ao seio venoso coronário, e
sobe pelo septo interatrial, completando o circuito próximo
ao óstio da cava superior
o O circuito de macrorreentrada responsável pelo flutter é
formado por miócitos atriais, ou seja, fibras de condução rápida; por isso, atinge uma frequência de
rotação tão alta quanto 300 bpm.
• Risco de Tromboembolismo maior
o Os pacientes com flutter atrial têm um risco de apresentar fenômenos tromboembólicos semelhante
aos pacientes com fibrilação atrial, especialmente acidentes vasculares cerebrais (AVC).
• No eletro: Observaremos o QRS estreito, aspecto serrilhado (Ondas F) e o intervalo RR pode ser regular ou
irregular, depende se o BAV é fixo ou variável.
o A frequencia atrial é elevada, geralmente 300 estímulos por minuto.
o Porém, o flutter quase sempre apresenta uma condução (BAV 2:1 para os ventrículos (a cada duas
ondas F, inscreve-se um complexo QRS) – por isso, esta arritmia costuma se apresentar numa
frequência cardíaca em torno de 150 bpm (no traçado, uma distância R-R exata de 1 cm).
▪ Assim, em alguns casos, a condição pode ser 3:1, logo, a frequencia será de 100 bpm, em
outros pode ser 4:1, e a frequencia será de 75 bpm. Porém, na maioria dos casos a condução
é 2:1 mesmo.

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o As ondas F (“dente de serra”) são bem visualizadas apenas nas derivações voltadas para a parede
inferior do VE (D2, D3 e aVF). Em tais derivações, as ondas F costumam ser negativas.

Taqui-supra (Taquicardia supraventricular paroxística)


• Envolve outros 3 tipos de taquicardia:
o Por reentrada (meio principal e que será discutido)
o Atrioventricular ortorrômbica (via acessoria).
o Juncional.
• O termo “taquicardia supraventricular paroxística” faz
referência às taquicardias de origem não ventricular que
sempre começam e terminam subitamente (caráter
paroxístico), excluindo as taquiarritmias de origem atrial
(taquicardia atrial, flutter e fibrilação atrial).
• Esse tipo de arritmia geralmente se origina como
um mecanismo de reentrada do nó A-V
(mecanismo de reentrada nodal), devido a isso,
essa arritmia responde as manobras de bloqueio
do nó A-V como a massagem do seio carotídeo.
• No eletro: Representada por um QRS estreito, um
intervalo entre as ondas R regular, taquicardia, sem
onda P aparente.
o Como nestes casos o estímulo é gerado no
Nó A-V, e o átrio e o ventrículo
despolarizam ao mesmo tempo, em alguns
casos podemos ver uma ondas que
parecem P, mas não são.
• Tratamento: Adenosina e manobras de bloqueio do Nó A-V.

Fibrilação atrial
• Taquiarritmia mais comum na emergência.
• Como surge:
o Decorre de múltiplos focos de reentrada atrial com
altíssima frequencia (+-500), bloqueio
atrioventricular variável e frequencia cardíaca com
intervalo RR irregular.
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• Então, ela é uma taquicardia supraventricular (QR S estreito), com intervalo RR variável.
• Muito frequente em pacientes com cardiopatia crônica e pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca.
• Nestes casos o paciente chega a perder de 20 a 30% do débito cardíaco por conta da contração irregular do
átrio, e por isso, precisa-se corrigir imediatamente esta arritmia.
• Manejo semelhante ao flutter atrial.
• Responde melhor ao tratamento farmacológico que o flutter atrial.
• Cardioversão externa – Necessita de cargas mais altas.

Caso clínico para praticar


• Homem, 33 anos, sem comorbidades, palpitações, há 1 hora, FC 187 bpm, apresentou o eletrocardiograma
abaixo:

• Análise do eletrocardiograma
o Paciente apresenta uma taquicardia (coração está batendo muito rápido, aumento da frequencia)
o QRS está estreito, o que isso me diz?
▪ Que a taquicardia está antes do nó A-V.
▪ Está sendo despolarizado pelo sistema de condução.
o Regular ou irregular?
▪ Nesse eletro não conseguimos observar a presença da onda P, então já consideramos como
ritmo irregular.
o Então até agora temos uma taquicardia, com QRS estreito de ritmo irregular sem a presença de
onda P.
▪ Isso tudo tem um nome = Taquicardia supraventricular paroxística.
• O que fazer?
• Ele te comove? Então MOVE – Sala de emergência.
o Monitorização.
o Oxigênio.
o Veias.
o Exames / ECG.
• Instável? 5D´s
o Dor torácica.
o Dispneia.
o Desmaio.
o Diminuição do nível de consciência.
o Diminuição da pressão arterial.

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• E agora? Podemos tentar baixar a frequencia cardíaca desse paciente por meio de algumas manobras.
o Massagem (compressão) do seio carotídeo
▪ Compressão vigorosa.
▪ A maioria das taquicardias supraventriculares são arritmias que o nó AV participa do circuito
ou o nó AV conduz tudo para o ventrículo. O jeito de ou interromper ou fazer um melhor
diagnóstico é vocês bloquearem o nó AV, por que se for uma arritmia que está reentrando
no nó AV, a arritmia vai acabar
• Estimulam o sistema autônomo parassimpático que vai fazer um tônus sobre o nó
AV, liberando acetilcolina e bradicardizando esse nó.
▪ Algumas taquicardias supraventriculares depende do estimulo do nó A-V, e fazendo a
manobra você também auxilia a corrigir essas taquicardias.
▪ Agora se for uma arritmia do tipo flutter que está rodando no átrio, mas passa para os
ventrículos através no nó AV, se vocês bloquearem o nó, vocês conseguem ver o serrilhado
que antes não era visível e fazer um diagnóstico que antes não era feito.
• Ou seja, ela também me auxilia a diagnosticar algo que antes eu não conseguiria.
▪ Por isso que se o paciente está estável, vamos tentar bloquear o nó AV para ou interromper
a arritmia ou fazer um diagnóstico para melhor tratá-lo
▪ Possui contraindicação?
• Infarto.
• Idoso acima de 65 anos.
• Doença aterosclerótica.
• Episódio AVC prévio ou acidente isquêmico transitório
• OBS: Quando comprimimos vigorosamente por 15 segundos, uma placa de ateroma
pode ser deslocada, por isso é contraindicada nesses pacientes.
o Ah, eu auscultei a carótida direita, tem sopro, mas do lado esquerdo não
tem. Eu posso comprimir do lado esquerdo? Não, por que se tem sopro no
outro lado, quem vai garantir que no esquerdo não tem placa de ateroma?
Então na presença de sopro, não é para comprimir nenhum lado.
o Manobra de valsalva
▪ Se há contraindicação da massagem do seio carotídeo pode-se optar por realizar a manobra
de valsalva.
▪ A manobra de valsalva modificada também pode ser realizada.
• Há alguma alternativa além das manobras?
o Adenosina
▪ Age bloqueando o nó A-V, causando basicamente uma assistolia.
• Por isso, ela gera uma sensação muito ruim no paciente.
▪ Contraindicação?
• Paciente asmático.
• Pacientes que têm broncoespasmo não podem receber adenosina.
▪ Dose: 6mg – 12 mg.
▪ Forma de administração IV.
• Ela cai na corrente sanguínea e em até 6 segundos ela já é metabolizada, por isso o
acesso deve ser feito o mais próximo possível do coração, no acesso deve ter uma
torneirinha em que um lado eu injeto adenosina e no outro lado logo injeto soro,
para fazer a adenosina correr o mais rápido possível para o coração.
▪ Sempre com desfibrilador ao lado.
• Devido ao seu mecanismo de ação, bloqueando o A-V, o paciente pode fazer uma
fibrilação atrial.
• Fizemos todos os passos anteriores, posso ficar tranquilo agora? Não, tem que fazer um novo
eletrocardiograma para descartar um possível achado que será descrito a seguir no próximo
eletrocardiograma.
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• Agora o eletrocardiograma do paciente está assim (próxima imagem), o que temos aqui?
o Ritmo sinusal, intervalo PR está curto.
▪ Lembrar que o intervalo PR é representado pela condução passando pelo nó A-V, mas e o
intervalo PR está curto, significa que a condução está sendo feita por outra estrutura
acessória (feixe acessório), e não pelo nó A-V.
o QRS está largo, mas porque está largo?
▪ Como a condução entre o átrio e o ventrículo está sendo feita por um feixe acessório, ele
levará o impulso para os ventrículos de célula a célula, assim a condução será lenta e o QRS
ficará largo.
o Então esse paciente tem
síndrome de Wolff-
Parkinson-White, por isso
que fazemos um ECG após
reversão.
▪ Mas por que se
chama síndrome de
Wolff-Parkinson-
White?
▪ Na anatomia de uma
pessoa normal, isso
seria impossível de
acontecer, uma vez
que os átrios são
isolados
eletricamente dos
ventrículos e o único
meio do átrio se comunicar com o ventrículo é por meio do Nó A-V. Mas nos pacientes com
a síndrome de Wolff-Parkinson-White existe um feixe acessório que permite que essa
comunicação não seja necessariamente feita pelo nó A-V.

Revisão para lembrar o que foi falado até agora.


• Taquicardia sinusal
o Como está o QRS?
▪ Estreito.
o Como intervalo RR regular ou irregular?
▪ Regular.
o Onda P presente e morfologia normal?
▪ Sim.
o Tudo isso indica que é uma taquicardia sinusal.
• Taquicardia atrial unifocal
o Como está o QRS?
▪ Estreito
o Como intervalo RR regular ou irregular?
▪ Regular
o Onda P presente e morfologia normal?
▪ Tem onda P, mas tem ondas P’s múltiplas, são mais ondas P para cada QRS que surge.
o Tudo isso indica que é uma taquicardia atrial unifocal, e ela é unifocal pois as onda P’s que
aparecem possuem apenas uma morfologia.
• Taquicardia atrial multifocal
o Como está o QRS?
▪ Estreito

13
O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
o Como intervalo RR regular ou irregular?
▪ Irregular
o Onda P presente e morfologia normal?
▪ Está presente, porem com as ondas P’s com morfologias diferentes.
o Tudo isso indica que é taquicardia atrial multifocal.
• Flutter atrial
o Como está o QRS?
▪ Estreito
o Como intervalo RR regular ou irregular?
▪ Regular
o Onda P presente e morfologia normal?
▪ Onda P não está presente.
▪ Lembre que para ter onda P presente, eu tenho apenas que olhar se tem onda P precedendo
QRS, se não tem isso, não tem onda P.
o Uma particularidade do eletro do flutter atrial é a presença do aspecto “serrilhado”.
o Tudo isso indica que é flutter atrial.
• Taquicardia supraventricular paroxística
o Como está o QRS?
▪ Estreito
o Como intervalo RR regular ou irregular?
▪ Intervalo RR regular.
o Onda P presente e morfologia normal?
▪ Não tem onda P aparente.
o Tudo isso indica que é uma taquicardia supraventricular paroxística.
• Taquicardia ventricular
o Como está o QRS?
▪ Alargado, apenas olhando isso, já nos indica basicamente que é uma taquicardia ventricular.
▪ Isso é importante, já caiu em uma questão na prova.
• Fibrilação atrial
o Como está o QRS?
▪ Estreito
o Como intervalo RR regular ou irregular?
▪ Irregular
o Onda P presente e morfologia normal?
▪ Onda P não está presente.
o Tudo isso indica que é fibrilação atrial.

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
Resumo das taquiarritmias

Algoritmo de tratamento das taquicardias de QRS estreito (supraventriculares)


• Se paciente chegou com QRS estreito, a primeira coisa é observar se ele tem ou não sinais de instabilidade
hemodinamica:
o Sinais de instabilidade hemodinâmica
▪ Pele fria e úmida
▪ Diminuição do débito urinario
▪ Congestão pulmonar
▪ Insuficiencia cardíaca
▪ Congestão pulmonar
▪ Dispneia
▪ Sinais de choque
• Caso paciente tenha sinais de instabilidade hemodinamica.
o Prossegue a realização de uma cardioversão elétrica sincronizada.
o Pega o desfibrilador, aperta no botão SINC (Sincroniza o choque com o complexo QRS) e realiza a
cardioversão elétrica sincronizada.
▪ Se você no meio da confusão esquecer de apertar esse botão SINC no desfibrilador, e por
um acaso o choque for bem na onda P, voce vai fazer o paciente partir para uma fibrilação
ventricular (ritmo de parada cardíaca), ou seja, VAI DA MERDA.
o Fibrilação atrial usamos cargas menores e flutter geralmente usa carga maior.
▪ Flutter atrial – 50 joules.
▪ Fibrilação atrial – 150-200 joules.
• Caso paciente NÃO tenha sinais de instabilidade hemodinamica, verifica-se o intervalo RR do paciente.
o Caso intervalo RR regular.
▪ Deve-se realizar uma manobravagal ou fazer adenosina para tentar bloquear o nó A-V à fim
de reverter a arritmia.
• Em adultos, a manobra vagal mais utilizada é a massagem do seio carotídeo, porém,
tambem temos como opção a manobra de valsalva.

15
O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
• Outras opções além da adenosina são o verapamil e diltiazem, porém essas
medicações podem levar a bradicardia e hipotensão.
▪ Se o paciente reverter para ritmo sinusal, provavelmente se tratava de uma taquicardia
supraventricular paroxística.
▪ Se o paciente não reverter, então temos que achar identificar qual a causa desta arritmia (as
vezes a taquicardia supraventricular paroxística esconde outras arritmias como flutters que
após realizado o bloqueio do Nó A-V, pode-se visualizar melhora esta arritmia) e se possível
diminuir a frequencia com beta-bloqueador ou outra droga, mas sempre tomar cuidado para
não reverter uma taquicardia sinusal sem indicação.
o Caso intervalo RR irregular
▪ Neste caso, provavelmente se trata de uma fibrilação atrial ou flutter atrial com BAV
variável, independente disso, temos que ou baixar a frequência cardíaca desse paciente ou
tentar reverter a arritmia.
▪ Para reverter a estas arritimias a droga de escolha é a amiodarona, mas cuidado, eu só
posso reverter com amiodarona SE A ARRITMIA ESTIVER ACONTECENDO POR < 48 HORAS.
Fibrilação atrial e flutter atrial são arritmias que podem gerar trombos dentro do atrio
geralmente depois de 48 horas, assim, após esse periodo não pode reverter a arritmia uma
vez que aquele trombo formado pode rapidamente embolizar e entupir algum vaso do
paciente.
• Ou seja, aquele paciente que chega na emergencia, fala que está com uma
“batedeira no coração” há uns 2 dias já e que começou a piorar e voce viu que é
uma fibrilação ou flutter, nunca deve-se reverter, apenas baixar a frequencia
cardiaca.
• Porém, aquele paciente internado na UTI que estava com ritmo sinusal que
derrepente virou um flutter atrial, voce pode realizar a cardioversão química com
amiodarona, depois manter a amiodarona por 24 horas em bomba de infusão após
reversão.
▪ Para poder reverter esses pacientes com total segurança quando há mais de 48 horas de
arritmias temos 2 opções:
• Fazer anticoagulante para desfazer qualquer trombo que tenha se formado.
• Ou Fazer um ecocardiograma transesofágico para olhar o átrio e ver se não tem
trombo formado.
• Pergunta de prova de residencia (professor falou que cai todo ano, a questão sempre é a mesma o
paciente só muda de roupa:
o Quando eu posso fazer uso de medicamentos para reverter uma taquicardia supraventricular?
▪ Sempre que o a paciente possuir estabiliadde hemodinamica, a qualquer sinal de
instabilidade hemodinamica deve-se imediatamente prosseguir a cardioversao eletrica
sincronizada.
o Se o paciente se apresentar com uma taquicardia com QRS estreito (supraventricular) e apresentar
instabilidade hemodinamica, qual a conduta imediata?
▪ Realizar a cardioversão elétrica sincronizada.

DETALHANDO MAIS O TRATAMENTO DAS TAQUICARDIAS SUPRAVENTRICULARES

Abordagem do paciente com taquicardia supraventricular – QRS Estreito


• Lembre, para todos os pacientes taquicardia, ele não te comove? Entao MOVE.
o Monitorização.
o Oxigênio.
o Veias.
o Porém, para eu decidir se faço ou não o eletro, eu preciso de mais um dado, meu paciente está
estável ou instável?

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
o Ele estará instável se possuir qualquer um desses D’s:
▪ Dor torácica.
▪ Dispneia.
▪ Desmaio.
▪ Diminuição do nível de consciência.
▪ Diminuição da pressão arterial.
o Sinais de instabilidade hemodinâmica paciente na UTI.
▪ Pele fria e úmida
▪ Diminuição do débito urinario
▪ Congestão pulmonar
▪ Insuficiencia cardíaca
▪ Congestão pulmonar
▪ Dispneia
▪ Sinais de choque
• Agora iremos conduzir a taquicardia do nosso paciente:
• Paciente ESTÁVEL? – Eu tenho Tempo para diagnosticar e tratar.
o 1ª Bloquear nó AV - Massagem do seio, valsalva, adenosina.
o Massagem (compressão) do seio carotídeo
▪ Compressão vigorosa.
▪ A maioria das taquicardias supraventriculares são arritmias que o nó AV participa do circuito
ou o nó AV conduz tudo para o ventrículo. O jeito de ou interromper ou fazer um melhor
diagnóstico é vocês bloquearem o nó AV, por que se for uma arritmia que está reentrando
no nó AV, a arritmia vai acabar
• Estimulam o sistema autônomo parassimpático que vai fazer um tônus sobre o nó
AV, liberando acetilcolina e bradicardizando esse nó.
▪ Algumas taquicardias supraventriculares dependem do estimulo do nó A-V, e fazendo a
manobra você também auxilia a corrigir essas taquicardias.
• Agora se for uma arritmia do tipo flutter que está rodando no átrio, mas passa para
os ventrículos através no nó AV, se vocês bloquearem o nó, vocês conseguem ver o
serrilhado que antes não era visível e fazer um diagnóstico que antes não era feito.
• Ou seja, ela também me auxilia a diagnosticar algo que antes eu não conseguiria.
▪ Por isso que se o paciente está estável, podemos imediatamente tentar bloquear o nó AV
para ou interromper a arritmia ou fazer um diagnóstico para melhor tratá-lo.
▪ Possui contraindicação essa manobra vagal?
• Infarto.
• Idoso acima de 65 anos.
• Doença aterosclerótica.
• Episódio AVC prévio ou acidente isquêmico transitório
• OBS: Quando comprimimos vigorosamente por 15 segundos, uma placa de ateroma
pode ser deslocada, por isso é contraindicada nesses pacientes.
o Ah, eu auscultei a carótida direita, tem sopro, mas do lado esquerdo não
tem. Eu posso comprimir do lado esquerdo? Não, por que se tem sopro no
outro lado, quem vai garantir que no esquerdo não tem placa de ateroma?
Então na presença de sopro, não é para comprimir nenhum lado.
o Qual alternativa para manobra vagal? Realizar a Manobra de valsalva
▪ Se há contraindicação da massagem do seio carotídeo pode-se optar por realizar a manobra
de valsalva.
▪ A manobra de valsalva modificada também pode ser realizada.
• Há alguma alternativa além das manobras?
o Adenosina
▪ Age bloqueando o nó A-V, causando basicamente uma assistolia.

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
• Por isso, ela gera uma sensação muito ruim no paciente.
▪ Contraindicação?
• Paciente asmático.
• Pacientes que têm broncoespasmo não podem receber adenosina.
▪ Dose: 6mg – 12 mg.
• Primeiro faz 6, se não reverter faz 12, se não reverter faz mais 12 mg.
▪ Forma de administração IV.
• Ela cai na corrente sanguínea e em até 6
segundos ela já é metabolizada, por isso o acesso
deve ser feito o mais próximo possível do
coração, no acesso deve ter uma torneirinha em
que um lado eu injeto adenosina e no outro lado
logo injeto soro, para fazer a adenosina correr o
mais rápido possível para o coração.
▪ Sempre com desfibrilador ao lado.
• Devido ao seu mecanismo de ação, bloqueando o A-V, o paciente pode fazer uma
fibrilação atrial.
o Se houver reversão da arritmia – significa que era uma Arritmia dependente do nó AV (reentrada
nodal, taquicardia atrioventricular mediada por via acessória).
o Sem reversão da arritmia – Consegue ver P’s que não se via antes? Pensar em taquicardia atrial,
flutter atrial).
• Paciente INSTÁVEL? - Necessário realizar cardioversão elétrica sincronizada – paciente está em risco de vida.
o Lembrar que apesar de ser o mesmo aparelho, eu não vou desfibrilar o paciente, eu irei realizar a
cardioversão sincronizada com o QRS do paciente.
o A cardioversão é feita com o paciente vivo, acordado, por isso eu tenho que sedar o paciente, e
dependendo da arritmia que eu identificar eu irei colocar certa carga de energia no aparelho.
o Método mnemônico para realizar a cardioversão – OSASCO.
▪ Orientação.
▪ Sedação.
▪ Ambu (Ventilação).
▪ Sincronização.
▪ Choque.
▪ Observa o monitor para ver se voltou ao normal ou se o paciente piorou para algo pior
(ritmo de parada).
o Quanto de energia?
▪ Flutter atrial – 50 joules.
▪ Fibrilação atrial – 150-200 joules.
▪ Demais 100 joules

Abordagem do paciente com Taquicardia atriais multifocais, unifocais e flutter atrial e fibrilação atrial
• Raciocinando, você pegou esse paciente, viu lá uma taquicardia supraventricular, fez manobra vagal e
derrepente viu que na verdade o paciente tinha um flutter atrial (apareceu o serrilhado), ou o paciente já
chegou com uma taquicardia dessas (atrial, flutter atrial ou fibrilação atrial) identificada ao ECG, nestes
casos, temos que reverter essa arritmia, PORÉM, nem toda arritmia pode ser revertida.
• Nem todo paciente pode ter sua arritmia revertida.
o Taquicardias atriais são as que causam mais AVC, pela formação de trombos no átrio devido a
arritmia, assim consideramos que elas predispõem a eventos cardio embólicos.
o Logo, não é todo paciente que eu não posso reverter essa arritmia.
o Eu apenas posso reverter a arritmia desses pacientes se eu tenho certeza que ela começou a menos
de 48 horas, uma vez que esse é o tempo para que haja a formação de trombos nos átrios.
• Então, todo paciente que chegar com esses diagnósticos, eu preciso me perguntar, faz quanto tempo?
18
O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
o Se for menos de 48 horas, pode parar a arritmia, o risco de ele fazer um embolo não é tão alto.
▪ Nestes casos então eu faço uma dose de amiodarona de 150 mg IV (dose de ataque),
administrado em período superior a 10 minutos e dose de 1mg/min por 6 horas e
0,5mg/min por 18 horas (totalizando 24 horas).
o Se for mais de 48 horas, você não pode corrigir pois você pode gerar um AVE no paciente se ele já
estiver formado trombo no átrio.
• Para esses pacientes que não podem ter a
arritmia revertida, eu preciso dar um
cronotrópico negativo para tentar diminuir a
frequencia cardíaca, são antiarrítmicos, mas
que não tiram a arritmia.
o Ex: Betabloqueadores, Bloqueadores de
canal de cálcio não di-hidropiridínicos e
digitálicos.
o Um dos usados é o metroprolol e o
esmolol.
• Se você realmente quer reverter a arritmia,
você precisa garantir que não tem trombo no
átrio, nos podemos fazer isso através do
ecocardiograma transesofágico (ECO TE).
o Se o exame mostrar que não tem trombo, você pode realizar a cardioversão sem problemas.
o Tem que ser o transesofágico pois ele que me consegue mostrar com melhor visualização os
possíveis trombos nos átrios.
• Se você não tem como realizar o ecocardiograma transesofágico, você pode começar a anticoagular o
paciente, para quando ele chegar ao serviço de referência, o possível trombo já ter se desfeito.
o É anticoagulante, não é antiplaquetário.
o Varfarina – Anti coagulante via oral.
▪ Problema da varfarina – a janela terapêutica dela é muito estreita, a dose é especifica para
cada pessoa, além disso tenho que deixar em uma janela de protrombina adequada
também.
▪ Além disso, você precisa garantir que o paciente fez 3 semanas de tratamento adequado
para poder realizar a cardioversão com segurança sem precisar do ecocardiograma
transesofágico.
▪ Mecanismo de ação – Age sobre os fatores dependentes da vitamina K.
o Novos anticoagulantes
▪ São muito melhores, possuem dose fixa, sem efeitos colaterais e sem necessidade de exame.
▪ Rivaroxabana (Xarelto®) – Inibidor do FXa.
▪ Edoxabana (Lixiana®) – Inibidor do FXa
▪ Apixabana (Eliquis®) – Inibidor do FXa
▪ Dabigatrana (Pradaxa®) – Inibidor da trombina.
• E se chegar um paciente com algumas dessas arritmias (atrial uni ou multifocal, flutter e fibrilação atrial)
com instabilidade hemodinâmica, o que se deve fazer?
REGRA DE OURO: Paciente com taquicardia supraventricular (QRS estreito), com instabilidade
hemodinâmica, você não pergunta como está o intervalo RR dele ou outra coisa, ele já vai direto para
cardioversão elétrica sincronizada.
o Caso paciente tenha risco de ter trombo formado no átrio, você pode fazer um anticoagulante antes
de cardioverter caso seja possível, e após revertido manter ele anticoagulados por 30 dias.
• Depois de revertido a arritmia, independentemente da idade do paciente, você precisa deixar o paciente
sobre a Anticoagulação por pelo menos 4 semanas.
o Isso é necessário pois o paciente pode ter risco de desenvolver trombos no átrio ainda.

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
o Alguns pacientes têm que anticoagular para sempre, dependendo do o que levou ele a arritmia atrial
e do risco desse paciente ter um evento cardio-embólico.
▪ Isso deve ser feito uma vez que você não consegue garantir que nunca mais esse paciente
irá fazer arritmia, e que nunca ele formara um trombo.
o Para isso é necessário investigar os pacientes que tem alto risco para ter eventos cardio-embólicos.
▪ Temos que estratificar o risco do paciente para saber se temos que anticoagular por 4
semanas, ou para sempre o
paciente.
▪ Para saber esse risco, utilizamos
um escore chamado,
“CHA2DS2VASC”, em que ele me
indica a presença ou não desse
paciente ter riscos embólicos.
o ESCORE – CHA2DS2VASC.
▪ C – Insuficiencia cardíaca. – 1
ponto.
▪ H – Hipertensão arterial – 1 ponto.
▪ A – Idade:
• > ou = 65 anos. – 1 ponto.
• > ou = 75 anos. – 2 pontos.
▪ D – Diabetes. - 1 ponto
▪ S – Stroke (AVC) – 2 pontos.
▪ VA – Doença vascular periférica. - 1 ponto
▪ S – Sexo feminino. - 1 ponto
▪ C – Cardiopatia isquêmica. - 1 ponto
▪ OBS: Todo paciente com 2 ou mais pontos tem critérios para anticoagular para a vida toda.
o Resumindo:
▪ ESCORE – CHA2DS2VASC < 2 - Anticoagular o paciente por 4 semanas
▪ ESCORE – CHA2DS2VASC > ou = 2 Anticoagular para sempre.
• Mas e se o paciente nao pode utilizar Anticoagulação?
o Podemos tentar tampar o apêndice atrial que é o local onde mais ocorre a formação de trombos nos
átrios.
o Isso é feito através de um procedimento mais invasivo pela colocação de um dispositivo que tampa o
apêndice atrial.
• Cardioversão
o Tipo química
▪ Podemos utilizar alguns fármacos que podem reverter a arritmia.
▪ Como a Amiodarona.
o Elétrica
▪ Utilizamos o aparelho e realizados todo o procedimento para cardioverter.

Taquicardia Ventricular Monomórfica e Polimórfica.


• A taquicardia ventricular é definida como um ritmo taquicardíaco
originário do ventrículo – o foco pode ser o próprio miocárdio ventricular
ou o sistema His-Purkinje.
• Todos os pacientes precisam ser internados, sempre é um paciente grave.
• São taquicardias com QRS alargado.
• Agora temos que nos perguntar, os QRS são iguais ou diferentes?
o Iguais – Taquicardia ventricular monomórfica.

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
▪ Neste caso ocorre por mecanismo de reentrada nos ventrículos, sendo a maioria das
taquicardias de QRS largo, mais frequente ainda em pacientes com doenças cardaicas
estruturais.
▪ Importante lembrar que neste caso o paciente tem pulso, uma vez que se o paciente não
tiver pulso, falamos que é um TV sem pulso, que é um ritmo de parada cardíaca.
o Diferentes – Taquicardia ventricular polimórfica
▪ Ocorre por conta do intervalo QT está muito
longo, o período refratário está muito longo e
facilita a ocorrência de atividade deflagrada,
geralmente drogas podem gerar isso como a
Hidroxicloroquina e azitromicina.
▪ Apresenta morfologia de QRS e intervalos RR
variáveis.
▪ O tipo mais comum é chamado de Torsidades
de pointes.
• Neste tipo, que geralmente surge
quando o paciente apresenta
instabilidade hemodinâmica, não
adianta tentar fazer cardioversão
elétrica sincronizada, tem que
desfibrilar mesmo o paciente.
Abordagem da taquicardia ventricular
• Paciente está instável? – Fazer Cardioversão elétrica
o Fazer o “OSASCO”
o Monomórfica – Sincronizada, iniciar com 100 joules.
o Polimórfica (Torsade pointes) – Não sincronizada, carga máxima (desfibrilação), vai desfibrilar o
paciente como se estivesse em parada. Por que tem que fazer isso? Porque o QRS fica variando sua
morfologia rapidamente e o aparelho não consegue Identificar o QRS então se você sincronizar, ele
não vai conseguir dar o CHOQUE.
• Paciente está Estável? – Eu dou antiarrítmico.
o Monomórfica - Amiodarona 150-300 mg em 20 minutos (dose máxima 1,2 g/dia)
▪ Outra opção de medicação é a procainamida.
▪ Tempestade elétrica: Sedação + IOT, associar lidocaína, BIA, Ablação de TV.
o Polimórfica – Sulfato de magnésio 1-2g.
▪ Como na maioria das vezes a causa da polimórfica é a torsão das pontas (aumento do QT) eu
dou algo como o sulfato de magnésio que diminui o intervalo QT.
• Observações:
o Sempre tem que internar o paciente.
o Sempre fazer a Investigação do porquê o paciente teve essa arritmia (Cardiopatia estrutural?
Trigger?)

Resumo para revisar tudo:


• Se paciente tiver qualquer
taquiarritmia, seja ela
ventricular ou
supraventricular e se
encontrar com instabilidade
hemodinâmica temos que
prosseguir com cardioversão
elétrica.

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias
o Em sua maioria das vezes será cardioversão elétrica sincronizada mas cuidado com as exceções
como a TV polimórfica que não realiza a sincronização, faz a desfibrilação direta do paciente.
• Se paciente tiver estabilidade hemodinâmica podemos tentar utilizar medicações e manobras.
o Taquicardia com QRS estreito ritmo regular – Tenta fazer manobra vagal ou adenosina para reverter.
o Taquicardia com QRS estreito ritmo irregular – Reverter com amiodarona, exceto em casos que
suspeita que tem trombo ali no átrio.

Eletrocardiograma 1

Eletrocardiograma 2

Eletrocardiograma 3

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias

Eletrocardiograma 4

Eletrocardiograma 5

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias

Eletrocardiograma 6

Eletrocardiograma 7

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O CIRCO
RESUMO UTI
Assunto: Taquiarritmias

Eletrocardiograma 8

Gabarito eletrocardiogramas
1. Taquicardia sinusal.
2. Flutter atrial.
3. Taquicardia supraventricular paroxística.
4. Taquicardia ventricular polimórfica.
5. Fibrilação atrial.
6. Taquicardia ventricular monomórfica.
7. Taquicardia atrial unifocal.
8. Taquicardia atrial multifocal.

“Você é o criador do seu próprio mérito, aconteça o que acontecer,


Você merece!” – Adrian Ferreira

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