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CONCEITOS INICIAIS

• O coração é um órgão autônomo e possui um sistema


com capacidade de se autorregular através de estímulos
elétricos.
• As ondas elétricas geradas pelo sistema intrínseco do
coração se distribuem por todo corpo. Afinal, a
eletricidade é conduzida pela água e o corpo é 70%
constituído por água. Desse modo, esse estímulo pode
ser captado por um eletrocardiograma.

AS DERIVAÇÕES
• São “fotografias” do coração realizadas de diferentes
ângulos.
o Ou seja, são maneiras de captar o estímulo
elétrico do coração em diversos ângulos
diferentes. Gerando a oportunidade de avaliar o
órgão de maneira tridimensional.
• Tradicionalmente, existem 12 “fotografias” do coração,
chamadas de derivações. E são elas:
o DI, DII, DIII, aVF, aVR, aVL, V1, V2, V3, V4,
V5 e V6.
• O estímulo elétrico gerado no nó sinusal vai em direção
aos ventrículos, podendo, assim, ser representando
como um vetor.
• O nó sinusal, estrutura localizada na região superior do
átrio direito, é responsável pela gênese do estímulo o Esse vetor tem uma cauda e uma ponta.
elétrico.
• Por convenção, as ondas que são “enxergadas” no
• Esse estímulo é gerado primeiramente próximo aos sentido cauda-ponta são vistas de forma positiva. Já
átrios e é registrado como a Onda P no ECG. Essa onda quando, a derivação “enxerga” as ondas no sentido
é responsável pela contração atrial. ponta-cauda, elas são vistas de formas negativas.
• O estímulo avança de maneira descendente pelo coração • Quando se observa as derivações em conjuntos, pode-se
e chega aos ventrículos, realizando a contração visualizar uma parede cardíaca.
ventricular. Esse estímulo corresponde ao complexo de
ondas denominado QRS no ECG. • Por exemplo, DII, avF e DIII, “fotografam” a parte
inferior do coração, ou seja, a parede inferior do
• As estruturas que contraíram precisam repolarizar para coração.
receber novo estímulo no próximo ciclo cardíaco.
o A repolarização atrial ocorre dentro do complexo
de ondas QRS.
o A repolarização ventricular é registrado pela
Onda T do ECG.
DEFININDO O RÍTMO CARDÍACO • Como já mencionado, a Onda P reflete a contração
atrial. Quando não há Onda P, não houve contração
• Um laudo de ECG segue um padrão internacional. A atrial. Os átrios estão, na realidade, fibrilando. Por
primeira coisa que se deve observar para gerar um laudo exemplo:
de ECG é o ritmo cardíaco.
o Existe um único ritmo normal, que é o ritmo
sinusal. Esse, reflete que o coração está sendo
comandado pelo nó sinusal.
o Os outros ritmos que fogem da normalidade são
considerados anômalos, não necessariamente
patológicos.
• A Onda P é uma maneira de avaliar o ritmo.
Principalmente, quando observamos pelas derivações
DII, DIII ou aVF.
o Quando a Onda P é positiva nessas derivações,
estamos diante um ritmo sinusal.
o Esse ECG mostra que a ausência de onda P,
• Alguns exemplos de ECG com ritmo sinusal: possuindo um ritmo de fibrilação atrial.
▪ Nesse paciente, há risco de formação de
trombo-embolo.
→ Se for à direita, pode gerar TEP. Se for
à esquerda, AVC isquêmico
cardioembólico.
DEFININDO A FREQUÊNCIA CARDÍACA
• O papel que registra o ECG é composto de quadrados
grandes e pequenos. Esse papel é chamado de
milimetrado.
• Cada quadrado pequeno (quadradinho) corresponde a
1mm de tamanho. Já um quadrado grande, corresponde
a 5mm.
• Uma máquina de ECG registra os dados numa
velocidade padrão de 25mm/s. Nesse caso, em 1 minuto,
a máquina percorre 1500mm.
• A frequência cardíaca é dada pela unidade de
batimentos por minuto (BPM). Assim, sabemos que a
cada grupo de ondas PQRST, temos um batimento.
• Para calcular a frequência cardíaca, observamos dois
complexos QRS consecutivos (mais especificamente a
distância entre as duas ondas R). Assim, contamos
quantos quadradinhos existem entre eles (que
o Há presença de Onda P positiva nas derivações
basicamente é a distância em mm entre os complexos) e
DII, DIII e avF.
dividimos pelo valor de 1500, que é a distância
• Exemplo de ritmo não sinusal: percorrida em 1 min.
o Por exemplo:

o A onda P é negativa nas derivações supracitadas.


• Porém, contar os quadradinhos pode ser uma tarefa ▪ Um paciente com insuficiência cardíaca
trabalhosa. Deste modo, é melhor contar os quadrados tratado com o tripé medicamentoso de
maiores e dividir por 300. IECA/BRA + BB + Espironolactona
pode se apresentar bradicárdico
o Usamos o número 300, pois cada quadrado
grande possui o tamanho de 5mm e a cada 60s a DEFININDO O EIXO CARDÍACO
máquina percorre 1500mm. Logo, em 1min, a
máquina percorreu a distância de 300 quadrados CONCEITOS
grandes.
• A derivação que forma um ângulo de 0º com o vetor é
o Um exemplo de como é feito: aquela que identifica as ondas positivas com maior
amplitude. Afinal, a ponta/cabeça do vetor do estímulo
gerado no nó sinusal está apontando para essa direção.
o Lembrando que esse vetor é gerado na região
superior do átrio direito e segue de forma
descendente até o ápice cardíaco.
• Já a derivação que estiver a 90º do vetor, verá um
traçado com ondas próximas ao 0 de amplitude. Essa
300 ÷ 4 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑑𝑜𝑠 = 75𝑏𝑝𝑚 onda é chamada de isodifásica.
• No entanto, esse raciocínio só é valido quando estamos
diante um ritmo sinusal.
PAREDE LATERAL ALTA
• Quando o ritmo não for sinusal, devemos nos lembrar
que máquina de ECG registra a atividade cardíaca
durante um período de 10s. Logo, a derivação conhecida
como DII longo reflete a atividade cardíaca em um
período de 10s.
• Sendo assim, basta contar o número de complexos
Ondas PQRST (que corresponde a uma “batida” do
coração) presentes nesse DII longo e multiplicar por 6,
para saber o valor em um período de 60s.
PAREDE INFERIOR

o Quando dividimos o tórax em 4 quadrantes, o


coração, na maioria dos indivíduos, está mais a
BRADICARDIA E TAQUICARDIA esquerda e mais na região inferior do tórax.
• Uma frequência cardíaca normal no adulto varia entre ▪ Essa região é compreendida entre os
60 e 100bpm. Sendo assim, abaixo de 60bpm dizemos ângulos 0º e +90º.
que o indivíduo está com braquicardia e acima de → Também chamada de 1º quadrante.
100bpm, taquicardia.
o A derivação aVF está localizada numa região
o A taquicardia nem sempre é patológica. mediana do tórax.
▪ Por exemplo, uma corrida pode levar a o A derivação DI está na posição de 0º.
um aumento da FC.
o A derivação DII está na posição +60º.
▪ Para saber se estamos diante de uma
patologia, devemos examinar o paciente. • A combinação DI + aVL é chamada de parede lateral
alta.
▪ Exemplos de condições patológicas:
• A parede inferior é determinada por DII, DIII e aVF.
→ Sepse, Febre, Hipertireoidismo,
Choque Hemorrágico e Dispneia. DETERMINANDO O EIXO NA PRÁTICA
o Da mesma forma, a bradicardia nem sempre é • Para definir o eixo cardíaco, devemos encontrar para
patológica. onde está apontado o ápice do coração.
▪ Como exemplo de condição fisiológico, o Saberemos isso ao olharmos para a derivação que
podemos citar um atleta bem vê o vetor do estímulo elétrico com maior
condicionado ou um indivíduo amplitude positiva;
dormindo.
o Para ter certeza, observamos, também, uma
▪ Um exemplo de bradicardia patológica derivação que está a 90º do ápice.
se dá em um paciente em hipertenso em
uso de betabloqueador. ▪ Aquela que possui a menor amplitude de
onda (onda isodifásica).
CASO CLÍNICO VALORES NORMAIS

• Observe o ECG a seguir: • Altura: até 2,5mm, que equivale a 0,25mV.


• Largura: até 2,5mm, que equivale 0,10s.
• Uma Onda P normal representada em verde na figura
anterior.
DEFININDO SOBRECARGAS ATRIAIS

• Um conceito importante é que as câmaras cardíacas


direitas são mais anteriores do que as câmaras
esquerdas.
• Dessa forma, em condições patológicas, como a
estenose de valvas, os átrios precisam realizar mais
força para ejetarem o sangue de seu interior. Assim, eles
se alargam.
• A onda que possui maior amplitude é DI e a derivação
SOBRECARGA ATRIAL ESQUERDA
isodifásica (aquela que está a 90º do vetor) é DIII.
o Sabemos que DI está na posição 0º dos • O átrio esquerdo, se alarga no sentido do pulmão
quadrantes e que DIII está na posição +150º dos esquerdo. Logo, a distância que o estímulo, oriundo do
quadrantes. átrio direito, precisa percorrer é maior, aumentando,
logicamente, o tempo desta onda.
▪ Se nos basearmos apenas pela derivação
de maior amplitude, diríamos que o eixo o Assim, as sobrecargas atriais esquerdas são
cardíaco está em 0º, pois é DI que está visualizadas no ECG como alargamento da Onda
com maior amplitude. PORÉM, ISSO P (eixo horizontal).
ESTÁ ERRADO. SOBRECARGA ATRIAL DIREITA

→ Devemos sempre verificar a onda • O átrio direito, por sua vez, alarga-se no sentido crânio-
isodifásica, que está obrigatoriamente a caudal.
90º do vetor. Nesse caso, a onda
isodifásica está na derivação DIII o As sobrecargas atriais direitas são visualizadas
(posicionada no eixo de +120º). no ECG como aumento de amplitude da Onda P
LOGO, O VETOR ESTÁ (eixo vertical).
OBRIGATORIAMENTE EM +30º. SOBRECARGA BIATRIAL
→ DI estava mais positiva, pois era a • É quando há aumento no eixo vertical e horizontal da
derivação mais próxima da ponta deste Onda P, concomitantemente, além dos limites
eixo. No entanto, não estava localizada superiores pré-estabelecidos.
precisamente sobre ele.
INTERVALO P-R
• Resumindo, sempre deve-se buscar a derivação que
contém a onda isodifásica. Pois, é ela que está • É medido na melhor derivação para “enxergar” a Onda
precisamente a 90º do eixo cardíaco (direção que aponta P, que é DII.
o vetor).
• É a distância do início da Onda P ao início do Complexo
ANÁLISE DAS ONDAS QRS.

A ONDA P
• Refere-se e reflete a contração atrial. Logo, se os átrios
crescerem por algum motivo, essa onda tende a crescer
também.
COMO MEDIR A ONDA P NORMAL

• Para medirmos a Onda P, necessitamos de utilizar o


papel milimetrado do próprio ECG.
• Essa medição reflete o tempo de condução cardíaca.
o Tempo que o estímulo leva para percorrer o
coração, ou seja, do nó sinusal até o ápice.
o Os valores normais são de 0,12s a 0,20s.
▪ Três a cinco quadradinhos no papel
milimetrado.
• Um intervalo P-R prolongado revela um Bloqueio • Dependendo da amplitude de cada uma dessas ondas,
Atrioventricular (BAV). iremos nomear o intervalo QRS de diferentes formas.
Por exemplo:
o Existem vários graus de BAV: 1º, 2º e 3º.
▪ O BAV só pode ser visto no ECG.
→ A presença de um BAV pode indicar a
troca da medicação. Por exemplo,
betabloqueadores, bloqueadores dos
canais lentos de cálcio e antiarrítmicos
(p. ex, amiodarona) podem aumentar
esse bloqueio.
• Um intervalo P-R diminuído (menor que 0,12s) é visto
na síndrome cardíaca congênita de Wolff-Parkinson-
White (WPW).
o Nesta síndrome há uma conexão elétrica
adicional entre os átrios e os ventrículos.
o Uma onda delta, que é vista na síndrome é uma
projeção do QRS: • Um QRS normal é estreito. A medida é dada do início
da Onda Q até o final da Onda S.
o Em valores, deve ser igual a Onda P, ou seja, até
0,10s ou 100ms.
▪ O que corresponde a 2,5mm ou 2,5
quadradinhos.
DERIVAÇÕES DA PAREDE ANTERIOR

• V1, V2, V3, V4, V5 e V6 são derivações que


“fotografam” a parede anterior do coração. São
conhecidas como derivações precordiais.
o Um infarto na parede anterior será visualizado
nessas derivações.
• Um exemplo de ECG com P-R curto + Onda delta:
• Em um ECG normal, a onda R tem que crescer de V1 a
V6 (parede anterior).

o Esses sinais são diagnósticos de WPW.


▪ Diagnosticado exclusivamente por ECG. • Um exemplo de QRS alargado e sem crescimento de R
na parede anterior:
INTERVALO QRS
PAREDE ANTERIOR SEM CRESCIMENTO DE R
• Esse intervalo reflete a despolarização (contração) dos
ventrículos e a repolarização dos átrios.
QRS ALARGADO >2,5mm / 0,10s
o Alterações aqui refletem, possivelmente,
patologias ventriculares.
• Há três ondas dentro desse complexo.
o A onda R é única onda positiva dentro desse
complexo.
o Q e S são ondas negativas.
o Esse ECG, provavelmente, é de um paciente com • O Segmento ST deve estar na linha de base, para ser
Insuficiência Cardíaca (IC) por cardiomegalia. normal.
• Um ECG com QRS estreito e crescimento de R na o É uma linha imaginária que todas as ondas estão
parede anterior, porém com aumento brusco do R ao ancoradas.
• Não existe problemas isquêmicos em derivações únicas,
mas em paredes.
o Lembrando:
▪ Parede Anterior: V1, V2, V3, V4, V5 e
V6.
▪ Parede Inferior: DIII, aVF e DII.
▪ Parede Lateral Alta: DI e aVL.
PAREDE ANTERIOR COM CRESCIMENTO • Quando o Segmento ST está abaixo da linha de base,
ANÔMALO DE R temos um infradesnivelamento.

longo de V1-V6:
o Provavelmente, se trata de um paciente com
ventrículos aumentados.
PADRÃO DE V1 E V6

• O V1 aponta para a direção medial e o V6 para a direção


lateral.
• Quando o Segmento ST está acima da linha de base,
o Dessa forma, V1 e V6 são opostos. Logo, são
temos um supradesnivelamento.
espelhados e as ondas que são positivas em um
são negativas no outro.
▪ Em V1 temos rS, já em V6 temos qR, em
um ECG normal.

• Ambos podem representar IAM.


• ECG de um indivíduo com supradesnivelamento de
Segmento ST nas paredes Lateral Alta (DI+aVF) e
Anterior (V1, V2, V3, V4, V5 e V6).
SEGMENTO ST
• É medido entre o final do Complexo QRS e o início da
onda T.

o Esse ECG + quadro clínico anginoso = IAM na


parede anterior e lateral alta.
A ONDA T
• Representa a repolarização dos ventrículos.
• Uma Onda T normal reflete uma repolarização
adequada.
• Pode representar um problema isquêmico agudo.
PAREDES CARDÍACAS VISTAS PELO ECG
ONDA T
PAREDE LATERAL ALTA PAREDE ANTERIOR

X Y
• Para ser considerada normal, a Onda T deve ser positiva
e assimétrica.
o A assimetria pode ser vista, pois o ramo
ascendente tem menor inclinação (é mais lento),
enquanto o ramo descendente tem maior
inclinação (é mais rápido).
▪ Porém, isso é de difícil visualização
prática e geralmente observa-se somente
sua positividade.
• A Onda T segue o Segmento ST, devendo ser avaliados
juntos. RITMO JUNCIONAL
• Exemplo de Onda T patológica: • O ritmo sinusal é aquele que reflete que o coração está
sendo controlado pelos impulsos elétricos gerados pelo
nó sinusal/sinoatrial, na região superior do átrio direito.
• Porém, quando o nó sinusal/sinoatrial está deficiente por
envelhecimento estrutural, depósito amiloide, fibrose ou
quaisquer outras patologias, o estímulo deixa de ser
gerado nessa estrutura.
• Sendo assim, uma estrutura, localizada na junção entre
ONDA T INVERTIDA átrios e ventrículos (região juncional), chamada nó
NA PAREDE LATERAL atrioventricular (importante na eletrofisiologia normal
ALTA do coração também) começa a gerar os impulsos para o
coração.
ONDA T INVERTIDA
• O nó atrioventricular gera um estímulo que pode ser
NA PAREDE descrito como um vetor, também.
O ROTEIRO DE ANÁLISE E LAUDO DE UM ECG • Porém, como o nó atrioventricular está numa região
mais inferior, o estímulo para a despolarização atrial
1) Determinar se o Ritmo é Sinusal ou não.
(Onda P) vai caminhar no sentido inferior-superior.
2) Determinar a Frequência Cardíaca.
o Gerando um vetor que ascende em direção a
3) Definir o Eixo do coração. região superior do átrio.
4) Analisar a Onda P – Sua largura e amplitude devem ser ▪ Esse vetor está ao contrário do sentido
menores que 2,5mm cada. fisiológico (sentido que nasce na base e
desce até o ápice).
5) Analisar o Intervalo P-R – Sua duração deve estar entre
0,12s e 0,20s. ▪ Dessa forma, veremos uma Onda P
negativa nas derivações da Parede
6) Analisar o Complexo QRS – Deve ser estreito (<2,5mm),
Inferior (DII, aVF e DIII).
ondas Q-, R+ e S- nas derivações de mesmo sentido do
vetor, o padrão em V1 deve ser rS e V6 qR, devemos
observar crescimento da onda R de V1 a V6.
7) Analisar o Segmento ST – Verificar se está na linha de
base ou desnivelado (infra ou supra).
8) Analisar Onda T – Analisar positividade da onda nas
derivações que estão no mesmo sentido do vetor e se ela
é assimétrica. • O estímulo que segue para os ventrículos é visualizada
de maneira normal, afinal o sentido do vetor, para essas
9) Saber qual parede é determinada pelo grupo respectivo de estruturas que estão inferiores, é o mesmo.
derivações.
• No ritmo juncional, o Intervalo P-R pode ser curto,
10) Se todos os parâmetros estiverem normais, afinal o estímulo percorrer uma distância menor até os
acrescentamos “ECG normal” abaixo do eixo cardíaco. ventrículos.
FIBRILAÇÃO ATRIAL (FA) • É sinônimo de isquemia da parede.
• É o segundo ritmo mais frequente nos indivíduos. • Um ECG com um distúrbio primário da repolarização:
• Caracteriza-se por ser um ritmo completamente
irregular e sem a presença de Onda P (não há contração
atrial).
• As auriculetas (apêndices atriais) são como extensões
das câmaras atriais.
o Quando há fibrilação atrial, o sangue se acumula
no interior dessas cavidades e não é expulso, pois
não há contração, podendo gerar trombos.
▪ Esses trombos podem dar origem a
êmbolos.
CALCULANDO A FREQUÊNCIA CARDÍACA MÉDIA NA FIBRILAÇÃO ATRIAL o Distúrbio causado por isquemia miocárdica em
• Já mencionamos que o aparelho que registra os dados no parede lateral alta e anterior.
papel milimetrado a uma velocidade de 25mm/s.
DISTÚRBIOS SECUNDÁRIOS DA REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR
o Ou seja, percorre 5 quadrados por segundo (cada
quadrado possui 5 quadradinhos de 1mm). • A Onda T é negativa e assimétrica.

• Logo, contamos quantos batimentos existem dentro do • O distúrbio é secundário, geralmente, a doenças e
intervalo de 15 quadrados (ou seja, 3 segundos de condições crônicas. Mas, aqui, não há isquemia.
atividade cardíaca) e multiplicamos por 20 para o Fibroses, Sobrecargas de Ventrículo Esquerdo,
encontrar o valor dentro de 60s. Insuficiência Cardíaca, HAS e uso de medicações
o Isso é feita para ritmos irregulares e/ou ritmos podem levar ao distúrbio secundário da
muito taquicárdicos. repolarização.

o O resultado chamamos de Frequência Cardíaca


Média.
• Por exemplo:

o Ondas T negativas e assimétricas apontadas nas


setas.
▪ Distúrbio secundário da repolarização
ventricular na parede anterior e inferior.
o Nesse eletro com FA, selecionamos 15
quadrados em DII longo. → Trata-se de um quadro crônico e o
seguimento é ambulatorial.
▪ Nota-se que há 4 batimentos/ciclos
cardíacos neste intervalo. Logo, ao COMO É FEITO UM ELETROCARDIOGRAMA?
multiplicar por 20, para descobrir a
frequência cardíaca média em 60s, PARTE HISTÓRICA
obtemos o valor de 80bpm. • Em 1901 foi realizado o primeiro ECG.
DISTÚRBIOS DA REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR NA PAREDE o O médico criador se chamava Willem Einthoven
e ganho um Nobel de Medicina em 1924.
• A Onda T deve ser positiva e assimétrica para ser
considerada normal. • Einthoven conectou eletrodos no braço direito, esquerdo
o Pode ser negativa em uma derivação e ser e perna esquerda de seu paciente.
normal. O problema é quando é negativa e o Dessa forma, ligou o braço direito ao esquerdo,
simétrica em uma parede. formando DI.
DISTÚRBIOS PRIMÁRIOS DA REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR o Também, ligou o braço direito a perna esquerda,
formando DII.
• A Onda T é negativa e simétrica nesse distúrbio.
o E por fim, ligou o braço esquerdo a perna
esquerda, formando DIII.
o Já a perna direita é o aterramento do circuito.

• Assim, formamos as 12 derivações, que são usadas até


hoje.

o A junção dessas derivações foi chamada de


Triângulo de Einthoven.
• Durante 30 anos, existiam apenas essas 3 derivações:
DI, DII, DIII.
o Chamadas de derivações multipolares, pois
compara a diferença de potencial entre duas
péposições (polos).
REALIZANDO O ECG
• Na década de 1932, foram criadas derivações unipolares
V1, V2, V3, V4, V5 e V6 (visualizam o estímulo gerado • Pedimos ao paciente para retirar apenas a camisa.
apenas no local). o Não há necessidade de retirar objetos metálicos e
o Permitindo a visualização da Parede Anterior. celulares.
• Devemos proceder com a limpeza, com álcool 70% do
precórdio e das regiões dos membros que serão
conectadas as pinças.
o A região de musculatura dos membros possui
mais água, sendo uma região mais favorável a
transmissão das ondas elétricas.
▪ Portanto, evitamos áreas tendinosas e
ósseas ao conectar as pinças.
o Devemos remover, com o álcool, a gordura
superficial que reveste a epiderme.
▪ Movimentos unidirecionais até a região
ficar com discreto rubor.
• Na década de 1940, foram criadas as derivações VR, VL
e VF. • A ordem das pinças é:

o Vector Right, Vector Left e Vector Foot,


respectivamente.
o Também são derivações unipolares.
o Porém, tinham amplitude reduzida e
necessitaram ser aumentadas pelo técnico do
aparelho, gerando as derivações aVR, aVL e aVF
(“a” de augmented).
• Para posicionar as derivações V1, V2, V3, V4, V5 e V6, o Também, podemos aumentar a velocidade e isso
tomamos como referência o 4º espaço intercostal implica na diminuição horizontal das ondas e
(geralmente, posicionado na linha mamilar) e o 5º maior quantidade captação dos estímulos.
espaço intercostal. ▪ Isso é útil para melhor visualização de
o V1: no 4º espaço intercostal, na linha algumas ondas, em casos de dúvidas.
paraesternal direita.
→ Por exemplo, ver mais ciclos cardíacos
o V2: no 4º espaço intercostal, na paraesternal e visualizar alguma arritmia.
esquerda.
TROCA DE ELETRODOS
o V3: Entre V2 e V4
• Um dos sinais mais claros que os braços foram
o V4: no 5º espaço intercostal, na linha mamilar. invertidos é DI completamente negativo.
o V5: no 5º espaço intercostal, na linha axilar
anterior.
o V6: no 5º espaço intercostal, na axilar média.

AVALIANDO A QUALIDADE DO EXAME


CALIBRAÇÃO DO APARELHO
INTERFERÊNCIAS NO ECG, COMO CONSERTAR?
• A calibração é feita através de um pulso emitido com
• Quando o paciente move um membro superior, a 10mm de amplitude e 5mm de largura.
interferência impacta as derivações aVL e aVR. Sendo
que a derivação mais impactada será a ipsilateral ao
membro movido. No entanto, por simetria, a
contralateral capta interferência.
• Quando o paciente move os membros inferiores, a
derivação aVF é afetada com interferência.
o Um paciente com Parkinson ou com Edema
Agudo de Pulmão (dispneico) com certeza irão
• A calibração em um ECG é indicada pela sigla CAL
atrapalhar a qualidade do exame.
próxima ao pulso emitido.
▪ São condições em que não é possível
corrigir o exame.
▪ Quando for possível, pedir para o
paciente relaxar ao máximo.
MANIPULANDO O TAMANHO DAS ONDAS

• O valor N é o tamanho padrão.


• Podemos aumentar ou diminuir o tamanho das ondas,
para facilitar a visualização.
o yN: Aumento a Onda.
o N/y: Diminuo a Onda.
• A seta amarela está apontando para letra N, que indica
MANIPULANDO A VELOCIDADE que as amplitudes de onda estão no padrão normal.
• A velocidade padrão é 25mm/s. • A seta verde está apontando para o 25, que indica que a
velocidade é padrão 25mm/s.
• Podemos diminuir a velocidade e isso implica no
aumento horizontal das ondas e menor quantidade INTERFERÊNCIA
captação dos estímulos.
• Nem sempre uma interferência irá descartar o ECG.
o Isso é útil para melhor visualização de algumas
ondas, em casos de dúvidas.
▪ Os antidepressivos podem gerar
alargamento de Q-T.
▪ Alguns antibióticos, como Quinolonas.
▪ Alguns anticancerígenos.

• Observa-se que provavelmente, durante execução do


exame, o eletrodo em V3 e V6 tiveram algum problema
de aderência ao tórax, gerando interferência.
o Há causas diversas para isso, como uma paciente
do sexo feminino com alto volume mamário, o Um Q-T longo medindo 0,64s.
região mal higienizada, entre outros.
• Um Q-T curto, também, é relacionado com morte súbita
• Para observar interferência das derivações periféricas é e é uma cardiopatia congênita.
só observar aVF, aVL e/ou aVR. Afinal, cada uma delas
reflete um membro – perna esquerda, braço esquerdo e o Acomete homens em uma faixa de 20-30 anos.
braço direito, respectivamente. o Possui alta dominância na família, podendo
afetar todos homens de uma mesma família.
O INTERVALO Q-T
o Não é tão frequente.
• Medido entre o início do QRS até o final da Onda T.
CORREÇÃO DO INTERVALO Q-T
• Geralmente é feito em pacientes taquicárdicos ou
bradicárdicos, pois essas condições podem falsear um
Q-T diminuído ou alargado.
o Taquicardias diminuem todos os intervalos,
inclusive o Q-T.
o Bradicardias aumentam todos os intervalos,
inclusive Q-T.
• Para efetuar a correção, usamos a seguinte fórmula:

𝑄𝑇
= 𝑄𝑇 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
• É chamado de sístole elétrica. √𝑅𝑅
• Os valores normais de largura são entre 8mm e 11mm • Ambos os valores devem ser trabalhados em mm/s.
(0,32s a 0,44s).
DEFININDO O EIXO CARDÍACO SEM ONDA ISODIFÁSICA PERFEITA
• Mais bem medido na derivação que tem a melhor Onda
T, geralmente na parede anterior. • A onda isodifásica é aquela que mais se aproxima do 0
de amplitude e a altura da maior onda positiva e a
• Um Q-T longo é acima de 0,44s e está relacionado a profundidade da maior onda negativa são semelhantes.
morte súbita.
• Por exemplo:
o Há uma versão congênita.
▪ Geralmente, não é diagnosticada com
frequência. Pois, necessita monitorizar a
criança e isso não costuma ser feito em
• Nem sempre, no ECG, há uma onda isodifásica perfeita,
situações comuns.
em que amplitude positiva e negativa tem o mesmo
▪ Felizmente, é uma condição rara. valor.
o Há uma versão medicamentosa. o Geralmente, um desses valores é maior.
▪ Causado por antiarrítmicos (amiodarona, ▪ Sendo assim, isso revela que o vetor
sotalol, propafenona, entre outras) cardíaco não está precisamente a 90º
dessa derivação.
→ Sempre acompanhar os pacientes com
um ECG.
• Caso a amplitude positiva seja maior: O vetor está 10º
mais próximo do eixo da derivação isodifásica.
o O vetor se aproximando = ver onda mais positiva.
• Caso a amplitude negativa seja maior: O vetor está
10º mais longe do eixo da derivação isodifásica.
o O vetor se afastando = ver onda mais negativa.
• É importante saber o eixo com precisão, principalmente
nas condições em o paciente está nas fronteiras da
normalidade (0º e +90º).

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