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CLÍNICA MÉDICA

DISTÚRBIOS CARDIOVASCULARES

I- Introdução

O coração é um órgão muscular oco localizado no centro do mediastino, responsável pelo bombeamento
sanguíneo para oferta de oxigênio e nutrientes e remoção de gás carbônico.

A ação de bombeamento rítmico do coração é realizada em ciclo composto por duas fases (ciclo
cardíaco): sístole (contração) e diástole (relaxamento). Durante a sístole o coração ejeta o sangue para as
grandes artérias e na fase de diástole, ocorre enchimento ventricular para preparação da ejeção subsequente,
fechando um ciclo cardíaco.

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1-OBJETIVA – 2023
Considerando-se a fisiologia cardiovascular, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e,
após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(_) O ventrículo esquerdo bombeia sangue pela circulação pulmonar.
(_) O ventrículo direito bombeia sangue pela circulação sistêmica.
(_) O sistema circulatório troca gases respiratórios, nutrientes e produtos residuais entre o sangue e os tecidos.
A. C - C - E.
B. E - E - C.
C. C - E - C.
D. E - C - E.

2-AMEOSC – 2023
O coração bombeia sangue para os pulmões e para todas as partes do corpo, por meio de uma
sequência de contrações altamente organizadas de suas quatro câmaras. O fluxo sanguíneo precisa
seguir por um sentido único para que o processo de oxigenação disponibilize a nutrição das células nos
tecidos e órgãos. Assim, algumas estruturas anatômicas atuam como mecanismo para impedir o refluxo
de sangue venoso, garantindo a eficiência do ciclo cardíaco. Assinale a alternativa que apresenta o nome
dessas estruturas.
A. Valvas.
B. Câmaras.
C. Septos.
D. Veias.

O eletrocardiograma (ECG) é um exame útil no diagnóstico de desordens do ritmo, eventos isquêmicos,


ditúrbios eletrolíticos e farmacológicos. O ECG permite uma visão prismal do coração, ou seja, uma visão da
atividade elétrica do coração.

O ECG padrão ou standart é composto por 12 derivações, sendo: derivações periféricas – bipolares =
DI, DII e DIII; unipolares = AVR (braço direito), AVL (braço esquerdo) e AVF (perna esquerda); derivações
precordiais = V1, V2, V3, V4, V5 e V6.

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V1 – 4° espaço intercostal à borda esternal direita


V2 – 4° espaço intercostal à borda esternal esquerda
V3 – Ponto médio entre V2 e V4
V4 – 5° espaço intercostal linha média clavicular esquerda
V5 – 5° espaço intercostal na linha axilar anterior
V6 – 5° espaço intercostal na linha axilar média
Para avaliar alterações de parede posterior pode ser necessário:
V7 – 5° espaço intercostal na linha axilar posterior
V8 – 5° espaço intercostal na linha escapular
V9 – 5° espaço intercostal na linha vertebral
Para avaliar alterações de parede direira pode ser necessário:
V1R – corresponde ao V2
V2R – corresponde ao V1
V3R, V4R e V5R – mesma posição de V3, V4 e V5 mas do lado direito

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3-CPCON – 2023
O ECG é uma ferramenta de notável poder clínico, tanto pela facilidade com que pode ser dominada
quanto pela extraordinária gama de situações que podem fornecer informações úteis e até mesmo
bastante expressivas. Para preparar o paciente para um ECG de doze derivações, os eletrodos devem ser
colocados da seguinte forma:
A. 2 eletrodos nos braços e 2 nas pernas. Eles fornecem as bases para as 6 derivações precordiais. 6 eletrodos
também são colocados no tórax, formando as 6 derivações dos membros.
B. 1 eletrodo no braço esquerdo e mais 1 eletrodo na perna esquerda, os quais fornecerão as bases para as 6
derivações dos membros. 6 eletrodos também são colocados no tórax, formando as 6 derivações
precordiais.
C. 2 eletrodos são colocados nos membros de forma alternada, sendo 1 no braço esquerdo e outro na perna
direita. Eles fornecem as bases para as 6 derivações dos membros. 6 eletrodos também são colocados no
tórax, formando as 6 derivações precordiais.
D. 3 eletrodos são colocados nos membros, sendo 1 no braço esquerdo, 1 no braço direito e mais 1 na perna
esquerda, os quais fornecerão as bases para as 6 derivações dos membros. 6 eletrodos também são
colocados no tórax, formando as 6 derivações precordiais.
E. 2 eletrodos nos braços e 2 nas pernas. Eles fornecem as bases para as 6 derivações dos membros. 6
eletrodos também são colocados no tórax, formando as 6 derivações precordiais.

4-VUNESP – 2023
F.S., 63 anos, sexo masculino compareceu ao ambulatório de especialidades para a realização de
eletrocardiograma. Ao realizar o exame, quando posicionava os eletrodos para obtenção das derivações
periféricas, o técnico de enfermagem (TE) constatou que o usuário apresentava amputação do membro
inferior esquerdo, à altura do joelho.Frente a essa situação, o TE deve realizar o exame
A. mantendo o eletrodo correspondente à perna esquerda (F) desabilitado.
B. posicionando o eletrodo F na parte distal do coto do membro amputado.
C. posicionando o eletrodo F na parte mais próxima do tronco do membro inferior direito, mantendo o eletrodo
neutro (N) na posição ideal.
D. substituindo o posicionamento do eletrodo neutro (N) pelo eletrodo F.
E. mantendo o eletrodo F junto ao eletrodo posicionado no braço esquerdo (L).

Análise de ECG:

O papel do ECG é milimetrado, cada quadrado maior possui 5mm x 5mm e cada quadrado menor 1mm x
1mm:

- Eixo horizontal do papel: cada quadrado maior tem duração de 0,20s e cada quadrado menor tem 0,04s
- Eixo vertical do papel (Amplitude ou voltagem): cada quadrado maior tem 0,5mV e cada quadrado menor tem
0,1mV

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A atividade elétrica do coração é captada pelos eletrodos e apresentada em cada derivação na forma de
ondas, complexos, intervalos e segmentos:
- Ondas P = despolarização do músculo atrial, onda positiva, simétrica precede todos os complexos QRS;
- Intervalo PR= representa o tempo necessário para despolarização atrial e desaceleração do impulso no nódulo
AV antes da despolarização ventricular, fisiológicamente a duração máxima é de 0,2s;
- QRS= despolarização do músculo ventricular, duração máxima de 0,10-0,12s;
- Onda Q= negativa antes da onda R observada em AVR, quando superior a 1/3 do qrs e largura superior a
0,04s é sugestiva de infarto;
- Segmento ST= repolarização ventricular inicial, geralmente isoelétrica;
- Intervalo QT= representa o tempo total de despolarização e repolarização ventriculares, normalmente não
ultrapassa 0,40s;
- Onda T= repolarização do músculo ventricular, fisiológicamente positiva;
- Onda U= repolarização tardia dos ventrículos e das fibras de Purkinje, normalmente não é visualizada no ECG.

ECG Normal:
Determinação da FC pelo ECG:
Ritmo sinusal:

- Ritmo proveniente do NSA


- Frequência cardíaca normal entre 60 e 100 bpm
- Onda P normal presente, precedendo cada complexo QRS
- Intervalo R-R regular
- Melhor avaliado em DII (DII longo)

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Arritmias Sinusais:

Taquicardia Sinusal:

- FC> 100 bpm, ritmo sinusal com onda P, regular;


- Causas: dor, febre, hipóxia, estresse, insuficiência cardíaca congestiva, choque, hipertireoidismo, anemia, uso
de medicamentos simpaticomiméticos e substâncias estimulantes, síndrome da taquicardia ortostática postural
(disfunção autônoma);
- Prejudicial no IAM pois aumenta o trabalho cardíaco e a demanda miocárdica;
- Tratamento: Identificação e extinção da causa, manobra vagal (compressão do seio carotídeo), uso de beta-
bloqueador, bloqueador do canal de cálcio. A ablação por cateter é um procedimento realizado após um estudo
eletrofisiológico para identificar e cauterizar vias anômalas geradoras de taquicardia

Bradicardia Sinusal:

- Ritmo sinusal com onda P normal e regular, porém, com FC <60bpm;


- Leva à diminuição do débito cardíaco e da PA, síncope, angina;
- Pode estar associada com a evolução de arritmias mais graves, permite que um foco ectópico assuma o papel
de marcapasso;
- Causas: estimulação vagal (manobra valsalva, procedimentos invasivos de TGI e respiratório, compressão seio
carotídeo), intoxicação digitálica, aumento da PIC, tamponamento cardíaco, IAM, acidose, hipotermia, alterações
de potássio, atletas, uso de medicamentos (bloqueadores do canal de cálcio, amiodarona, beta-bloqueadores)
hipotireoidismo (Mixedema), hipocorticalismo (doença de Addison) e pan-hipopituitarismo;
- Tratamento: Identificação e extinção da causa, atropina.

5-CESPE / CEBRASPE - Petrobras - 2023


Considerando aspectos da prática profissional em enfermagem e informações em saúde presentes nas
publicações reconhecidas pelo Ministério da Saúde, julgue o item que se segue.
Uma ação de enfermagem recomendada em caso de arritmia cardíaca é transmitir segurança ao paciente
para diminuir sua ansiedade.
A. Certo
B. Errado

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Esse processo é repetido cerca de 60 a 100 vezes/min no adulto normal, bombeando aproximadamente
70ml por ejeção (Volume Sistólico – VS) e 5 litros de sangue por minuto (Débito Cardíaco – DC).

Débito Cardíaco: Quantidade de sangue bombeado pelos ventrículos em 1 minuto.


DC = VS x FC
O VS depende de:
1- Pré-carga = Volume de enchimento (lei de Frank-starling)
2- Contratilidade
3- Pós-carga = Resistência do sistema vascular ao bombeamento cardíaco (RVS – Lei de Leplace)
Fração de ejeção: Fração do volume término-diastólico ejetado (>50%) = índice de contratilidade

Pressão Arterial: Tensão do sangue na parede das artérias.


PA = DC x RVP
RVP: Resistência Vascular Periférica = resistência dos vasos ao fluxo sanguíneo.
Vasodilatação => diminuição RVP e PA
Vasoconstricção=> aumento RVP e PA

PAS = Pressão máxima durante a sístole


PAD = Pressão mínima durante a diástole
PAM = Pressão Arterial Média (PAS + 2 X PAD)
3
Pressão de Pulso (PP) = Diferença PAS – PAD
PP aumentada = ansiedade, exercícios, bradicardia, febre, envelhecimento, hipertensão
PP diminuída = choque, IC, hipovolemia, estenose mitral ou aórtica

6-IDESG - 2023
É CORRETO afirmar que para a pressão arterial de 120/80 mmHg, a pressão de pulso é de:
A. 40 mmHg.
B. 70mmHg.
C. 50 mmHg.
D. 200 mmHg.

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II – Distúrbios Cardiovasculares Clínicos

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Miocardiopatias ou Cardiomiopatias

Doença do músculo cardíaco associada a disfunção cardíaca = IC. Pode ser classifica em:
Miocardiopatia Dilatada: Mais comum, ocorre dilatação ventricular com disfunção sistólica e redução da FE.
Pode ser causada pelo consumo crônico de álcool, gravidez, infecções virais ou idiopática.
Miocardiopatia Hipertrófica: Aumento da camada muscular do coração com disfunção diastólica. Causa mais
comum é a hipertensão arterial
Miocardiopatia Restritiva: Menos comum, ocorre limitação do estiramento ventricular com disfunção diastólica.
Etiologia em grande parte desconhecida (idiopática), amiloidose (acúmulo de amilóide, uma substância proteica,
dentro das células).

Complicações:
ICC
EAP

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Choque Cardiogênico
Manifestações: Semelhantes a IC
Tratamento Clínico:
É paliativo, visa corrigir a IC
Tratamento Definitivo: Transplantes Cardíacos, terapia com células tronco.

7-(UNESC - Prefeitura - 2022) Assinale a alternativa CORRETA que é uma inflamação da membrana que
reveste as cavidades e as valvas cardíacas. Pode ser resultante de infecção ou de um processo
autoimune.
A. Miocardite.
B. Doenças cardíacas congênitas.
C. Pericardites.
D. Endocardite.

d-Hipertensão Arterial Sistêmica

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não-transmissível (DCNT) definida por níveis
pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou medicamentoso) superam os riscos
(Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, SBC, 2020).

PA SISTÓLICA (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA DIASTÓLICA (PAD) maior ou igual a 90
mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos 2 OU MAIS ocasiões diferentes, em INTERVALO de DIAS
ou SEMANAS, na ausência de medicação anti-hipertensiva (SBC, 2020).

ATENÇÃO! O Caderno de Atenção Básica nº 37 do Ministério da Saúde (2013) determina que a HAS consiste
na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90mmHg, verificada em pelo menos 3 dias diferentes com
intervalo mínimo de 1 semana entre as medidas (soma-se a média das medidas do 1º dia mais as 2 medidas
subsequentes e divide-se por 3). Destaca-se que constatação de um valor elevado em apenas um dia,
mesmo que em mais do que uma medida, não é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hipertensão
(MS, 2013).

A primeira verificação deve ser realizada em ambos os braços. Caso haja diferença entre os valores,
deve ser considerada a medida de maior valor. O braço com o maior valor aferido deve ser utilizado como
referência nas próximas medidas. O indivíduo deverá ser investigado para doenças arteriais se apresentar
diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para as pressões
sistólica/diastólica, respectivamente.

8-(Instituto Consulplan - SEAS RO - Analista de Enfermagem - 2023) A hipertensão arterial é a doença


crônica mais comum no adulto que evolui de forma silenciosa. É uma condição multifatorial que se
caracteriza pela técnica de medição correta que demonstre valores de:
A. Pressão arterial sistólica ≥140 mmHg e/ou pressão arterial diástólica ≥90 mmHg medida em qualquer
momento.
B. Pressão arterial sistólica >120 mmHg e/ou pressão arterial diástólica >80 mmHg medida em pelo menos duas
ocasiões diferentes.
C. Pressão arterial sistólica >120 mmHg e/ou pressão arterial diástólica >80 mmHg medida em qualquer
momento e na ausência de medicação anti-hipertensiva.
D. Pressão arterial sistólica ≥140 mmHg e/ou pressão arterial diástólica ≥90 mmHg medida em pelo menos duas
ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva.
E. Pressão arterial sistólica >120 mmHg e/ou pressão arterial diástólica >80 mmHg medida em pelo menos duas
ocasiões diferentes e na ausência de medicação anti-hipertensiva.

A classificação da PA varia em função da referência adotada. Atualmente, apenas as classificações e


respectivos valores das Diretrizes de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020) e do
Caderno de Atenção Básica nº 37 do Ministério da Saúde (2013) estão alinhadas. Observe:

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A SBC (2020) traz, ainda, como destaque os dois seguintes diagnósticos:


▪ HA SISTÓLICA ISOLADA é caracterizada pela PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg, podendo ser classificada
em 1, 2 ou 3, de acordo com os valores da PAS nos intervalos indicados.
▪ HA DIASTÓLICA ISOLADA é caracterizada pela PAS < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg, é classificada em 1, 2
ou 3, de acordo com os valores da PAD nos intervalos indicados.

9-UFF - COSEAC – 2023


A hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica multifatorial que pode gerar complicações graves. O
profissional de enfermagem deve conhecer os parâmetros de normalidade da pressão arterial (PA) para
saber avaliar seu paciente nas situações de urgências hipertensivas. De acordo com as Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, a HA é caracterizada quando a medida da pressão arterial se
mantém com a:
A. PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg.
B. PA sistólica (PAS) maior ou igual a 130 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 80 mmHg.
C. PA sistólica (PAS) maior ou igual a 120 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 70 mmHg.
D. PA sistólica (PAS) maior ou igual a 110 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 70 mmHg.
E. PA sistólica (PAS) maior ou igual a 100 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 70 mmHg.

Rastreamento da PA (MS, 2013)

Todo adulto com 18 anos ou mais de idade, quando vier à Unidade Básica de Saúde (UBS) para
consulta, atividades educativas, procedimentos, entre outros, e não tiver registro no prontuário de ao menos uma
verificação da PA nos últimos dois anos, deverá tê-la verificada e registrada (MS, 2013).

a cada 2 anos se PA < 120x80mmHg


Rastreamento

a cada ano se PA entre 120-139/80-89 mmHg nas pessoas sem outros fatores de
risco para DCV

em mais de 2 se PA ≥ a 140/90 mmHg ou PA entre 120-139/80-89 mmHg


momentos em na presença de outros fatores de risco para (DCV).
um intervalo e
1-2 semanas

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Triagem e diagnóstico de hipertensão arterial. PA: pressão arterial; MAPA: monitorização ambulatorial da
pressão arterial; MRPA: monitorização residencial da pressão arterial; NV: normotensão verdadeira; HAB:
hipertensão do avental branco; HM: hipertensão mascarada; HS: hipertensão sustentada

Medida da PA fora do Consultório (SBC e MS,2013)

O EAB é a diferença de pressão entre as medidas obtidas no


consultório e fora dele, desde que essa diferença seja igual
ou superior a 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg na PAD. Essa
EFEITO DO AVENTAL BRANCO situação não muda o diagnóstico, ou seja, se o indivíduo é
normotenso, permanecerá normotenso, e se é hipertenso,
continuará sendo hipertenso;
É a situação clínica caracterizada por valores anormais da PA
HIPERTENSÃO DO AVENTAL no consultório, porém com valores considerados normais pela
BRANCO MAPA ou MRPA
É caracterizada por valores normais da PA no consultório,
HIPERTENSÃO MASCARADA porém com PA elevada pela MAPA ou medidas residenciais

HIPERTENSÃO SISTÓLICA É definida como PAS aumentada com PAD normal.


ISOLADA

A medida da PA em crianças é recomendada em toda avaliação clínica após os 3 anos de idade, pelo menos
anualmente, como parte do seu atendimento pediátrico primário, devendo respeitar as padronizações
estabelecidas para os adultos.

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Em gestantes a pressão arterial deve ser obtida com os mesmos equipamentos e com a mesma técnica
recomendada para adultos, entretanto a PA também pode ser medida no braço esquerdo na posição de decúbito
lateral esquerdo em repouso, e esta não deve diferir da posição sentada. O 5 ruído de Korotkoff deve ser
considerado como a pressão diastólica.

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10-UFRJ - Técnico em Enfermagem – 2013 (ADAPTADO)


Assinale a alternativa que respeita as recomendações das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial, para a medida da pressão arterial.
A. A interpretação dos valores de pressão arterial obtidos em crianças e adolescentes deve levar em conta
a idade, o sexo, o peso e a altura.
B. O paciente não deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão arterial.
C. Em gestantes, a pressão arterial também pode ser medida no braço esquerdo na posição de decúbito lateral
esquerdo em repouso, e esta não deve diferir da posição sentada.
D. Certificar-se de que o paciente não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos ou fumou até 10 minutos antes
da aferição.
E. Em braços com circunferência superior a 50 cm, onde não há manguito disponível, pode-se fazer a medida
na perna, e o pulso auscultado deve ser o pedioso.

Tipos de Hipertensão:

- Hipertensão primária ou essencial: indica a pressão alta a partir de uma causa desconhecida, ocorre em 90 a
95% dos casos de hipertensão.

- Hipertensão secundária: aumento da pressão relacionada a causas específicas, como estenose de artérias
renais, coarctação da aorta, doença renal, hiperaldosteronismo, síndrome de Cushing, hipertireoidismo,
acromegalia, feocromocitoma, uso de medicamentos, gravidez (DHEG), além de causa exógenas como drogas,
álcool, tabagismo (especialmente em grandes quantidades), cafeína, intoxicação química por metais pesados.
Complicações:
• Doença cérebro-vascular • Doença renal crônica
• Doença arterial coronariana • Doença arterial periférica
• Insuficiência cardíaca

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Fatores de Risco

- Idade: Há uma associação direta e linear entre envelhecimento e prevalência de HA, relacionada ao: i) aumento da
expectativa de vida da população brasileira, atualmente 74,9 anos; ii) aumento na população de idosos ≥ 60 anos na
última década (2000 a 2010), de 6,7% para 10,8%.

- Sexo e etnia: A prevalência de HA é estatisticamente diferente entre os sexos, sendo maior entre mulheres (24,2%)
e pessoas de raça negra/cor preta (24,2%) comparada a adultos pardos (20,0%), mas não nos brancos (22,1%).

- Excesso de peso e obesidade: aumenta a prevalência quando há excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2) e obesidade
(IMC ≥ 30 kg/m2).

- Ingestão de Sal: O consumo excessivo de sódio, um dos principaisfatores de risco para hipertensão arterial,
associa-se a eventos cardiovasculares e renais.

- Ingestão Álcool: Consumo crônico e elevado de bebidas alcoólicas aumenta a PA de forma consistente

- Sedentarismo e fatores socioeconômicos: Observa-se associação significativa entre HA e idade, sexo masculino,
sobrepeso, adiposidade central, sedentarismo nos momentos de folga e durante o trabalho, escolaridade inferior a 8
anos e renda per capita < 3 salários mínimos.

- Genética

Tratamento não-medicamentoso = Modificações no Estilo de Vida (MEV)

Recomendações da SBC (2020):

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- Consumo ácidos graxos insaturados (ômega-3 provenientes dos óleos de peixe) ≥ 2g/dia;
- Associação de cloreto de potássio ao de sódio - a substituição do sal à base de cloreto de sódio por apresentações
de sal com baixo teor de sódio e elevado de potássio, os quais resultaram em redução da PA;
- Outros alimentos que podem reduzir discretamente a PA: laticínios, fibras, alho, oleaginosas (castanha), café e chá
verde (doses habituais), chocolate amargo (>70% cacau);
- Cessação do tabagismo;
- Atividade física: hipertensos devem fazer no mínimo 30min de atividade física moderada, de forma conínua ou
acumulada (2x 15min ou 3x 10min) 5-7 dias da semana;
- Respiração lenta: redução da frequência respiratória para menos de 6 a 10 respirações/ minuto durante 15-20
minutos/dia para promover redução na PA casual;
- Controle estresse: meditação, psicoterapias comportamentais, biofeedback e relaxamento;
- Equipe multiprofissional.

De acordo com o MS (2013):

11-IF-PA – 2023
O diagnóstico da hipertensão arterial sistêmica no adulto é feito pelo profissional médico e deve ser
baseado em pelo menos duas aferições de pressão arterial por consulta, em pelo menos duas consultas.
Esses indivíduos exigem acompanhamento cuidadoso e orientado. Fazem parte da orientação do
tratamento não medicamentoso, EXCETO:
A. Evitar o consumo de alimentos gordurosos.
B. Manter o peso corporal controlado e manutenção do índice de massa corpórea menor que 25 kg/m2 .
C. No preparo da dieta dar preferência ao uso de tempero pronto por favorecer o consumo controlado de sódio.
D. Praticar atividade física aeróbica pelo menos três vezes por semana com duração mínima de trinta minutos
cada sessão.

Crises Hipertensivas

Emergências hipertensivas são condições em que há elevação crítica da pressão arterial com quadro
clínico grave, progressiva lesão de órgãos-alvo e risco de morte, exigindo imediata redução da pressão arterial com
agentes aplicados por via parenteral. Há elevação abrupta da pressão arterial ocasionando, em território cerebral,
perda da autorregulação do fluxo sanguíneo e evidências de lesão vascular, com quadro clínico de encefalopatia
hipertensiva, lesões hemorrágicas dos vasos da retina e papiledema.

A elevação crítica da pressão arterial, em geral pressão arterial diastólica ≥ 120mmHg, porém com
estabilidade clínica, sem comprometimento de órgãos-alvo, caracteriza o que se convencionou definir como urgência
hipertensiva (UH).

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Pacientes que cursam com UH estão expostos a maior risco futuro de eventos cardiovasculares com- parados
com hipertensos que não apresentam, fato que evidencia o seu impacto no risco cardiovascular de indivíduos
hipertensos e enfatiza a necessidade de controle adequado da pressão arterial cronicamen- te. A pressão arterial,
nesses casos, deverá ser tratada com medicamentos por via oral, buscando-se sua redução em até 24 horas.

A chamada pseudocrise hipertensiva é uma situação que não se enquadra na classificação tradi- cional de
urgência e emergência hipertensiva, porém, apresenta-se com uma frequência muito maior em serviços de Atenção
Básica. Geralmente, apresenta-se como uma medida de PA elevada associada a queixas vagas de cefaleia ou
sintomas e sinais de ansiedade, sem sinais de comprometimento de órgão-alvo. O tratamento, nesses casos, dever
ser dirigido à causa da elevação arterial, como uso de analgésicos na presença de cefaleia, de modo a evitar o risco
de hipotensão e isquemia cerebral ou miocárdica.

e- Doença Arterial Coronariana

As artérias coronárias são responsáveis por transportar sangue oxigenado ao miocárdio. A circulação
coronariana possui algumas características diferenciais:
- Alta demanda de O2 (miocárdio consome de 70 a 80% do oxigênio, enquanto o músculo esquelético somente 25-
30%)
- Perfusão durante a diástole.

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O coração possui 2 artérias principais:


- Artéria Coronária Direita: irriga o átrio direito, nodo sino atrial, e as paredes inferior e posterior do coração (ramo
interventricular ou descendente posterior)
- Artéria Coronária Esquerda (dominante): dividida em três ramos: tronco, descendente anterior e circunflexa. Irrigam
a parede anterior e lateral esquerda do coração.

A causa mais comum de DCV é a aterosclerose, que consiste em um acúmulo anormal de lipídeos ou
substâncias gordurosas e tecido fibroso no revestimento das paredes das artérias. Essas substâncias provocam
bloqueio e estreitamento dos vasos coronários, reduzindo o fluxo sanguíneo para o miocárdio. A aterosclerose
envolve uma resposta inflamatória repetitiva à lesão da parede arterial e alteração subsequente das propriedades
estruturais e bioquímicas das paredes das artérias.

A calcificação da placa de ateroma ativa a agregação plaquetária por meio da liberação de tromboxane A2
pelas plaquetas aderidas à placa. Isto dá início ao processo de coagulação com ativação dos fatores de coagulação
(protrombina, trombina, fibrinogênio, entre outros) até a formação do coágulo de fibrina que oblitera parcial ou
totalmente a luz do vaso levando à Síndrome Coronariana Aguda (SCA), que pode resultar em infarto agudo do
miocárdio (IAM).

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A Doença Arterial Coronariana (DAC) produz sintomas e complicações de acordo com a localização e o grau de
estreitamento da luz arterial, formação de trombo e obstrução do fluxo sanguíneo para o miocárdio. Esse
comprometimento do fluxo de sangue é habitualmente progressivo, resultando em suprimento inadequado, que priva
as células musculares cardíacas de oxigênio, condição conhecida como isquemia.

Na vigência de uma dinuição da oferta de O2 para o miocárdio ou por um aumento do consumo, a isquemia
miocárdica gera um conjunto de sinais e sintomas característicos desta síndrome: dor retroesternal, irradiada ou não
para pescoço, mandíbula, MSE, podendo estar associada a fraqueza ou dormência nos braços, falta de ar, sudorese,
palidez, pele fria, tonteira ou vertigem, náuseas, soluços e vômitos. Devido à neuropatia, os pacientes diabéticos e
idosos podem não sentir a dor precordial clássica (“infarto silencioso”).
A SCA pode acontecer devido à angina ou ao infarto, sendo necessária a avaliação clínica, enzimática e
eletrocardiográfica para diferenciação dos quadros que geram sinais e sintomas semelhantes.

A dislipidemia é um quadro que dá início a formação das placas de ateroma. O aumento do colesterol total
(>200mg/dl) e do colesterol de baixa densidade (LDL >100mg/dl), associado a uma diminuição do colesterol de alta
densidade (HDL<40mg/dl), aumento dos triglicerídeos (>150mg/dl), HAS e DM tipo II são os principais fatores de
risco para a DAC. Além disso, um conjunto de anormalidades metabólicas conhecido como síndrome metabólica,
emergiu como importante fator de risco para doença cardiovascular.

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De acordo com Brunner (2016), o diagnóstico desta síndrome inclui três das seguintes condições:
- Resitência à insulina (glicemia em jejum >100mg/dl ou teste tolerância à glicose alterado);
- Obesidade central (CA >90cm nas mulheres e >100cm nos homens)
- Dislipidemia
- PA >130/85 mmHg
- Estado proinflamatório (níveis elevados de PCR)
- Estado protrombótico (nível elevado de fibrinigênio)

As medidas preventivas incluem dietas hipolipídicas, ricas em fibras, atividades físicas regulares, perda de peso,
abandono do uso do tabaco, tratamento da HAS e controle do DM e, em alguns casos, uso de medicamenos como as
estatinas (atorvastatina, sinvastatina, rousovastatina - atentar para função hepática!), ácidos nicotínicos, fíbricos,
entre outros.

Angina de Peito (Pectoris)

Síndrome clínica caracterizada por episódios de dor ou sensação de aperto no peito, associados a uma
diminuição do fluxo sanguíneo coronariano em decorrência a uma obstrução parcial de uma artéria coronária. Existe
uma demanda de oxigênio maior que a oferta.

Alterações fisiológicas: aterosclerose dos vasos principais → diminuição do fluxo de sangue por obstrução →
diminuição da oferta de oxigênio e nutrientes → dor anginosa
Causas: doença aterosclerótica do coração, aortite, taquicardia, estenose ou insuficiência aórtica
Fatores Desencadeantes: exercícios físicos, exposição ao frio, ingestão de refeição “pesada”, emoção, estresse. A
angina instável não está associada a fator desencadeante, podendo ocorrer em repouso.
Manifestações: dor retroesternal, irradiada ou não para pescoço, mandíbula, MSE, podendo estar associada a
fraqueza ou dormência nos braços, falta de ar, palidez, tonteira ou vertigem, náuseas e vômitos. Tem duração
aproximada de 5-15’ e alívio com repouso ou uso de nitratos. No ECG observa-se isquemia com inversão da onda T.
Obs.: Devido à neuropatia, os pacientes diabéticos podem não sentir a dor anginosa (isquemia silenciosa)
Tipos:

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Terapêutica:
Repouso imediato no leito
Redução da ansiedade e do estresse
Vasodilatadores: São utilizados a Nitroglicerina (tridil) e isordil, pois causam dilatação venosa, diminuição retorno
venoso, dilatação arterial e diminuição da PA, diminuição DC. Observar sinais de rubor, cefaléia, hipotensão e
taquicardia.
Antagonistas do Cálcio (nifedipina, diltiazem): dilatação da circulação coronariana, indicados nos casos de angina de
Prinzmetal (vasoespasmo).
Bloqueadores β – adrenérgicos (propranolol, atenolo): reduzem o trabalho cardíaco , diminuindo o consumo de
oxigênio pelo miocárdio. Avaliar bradicardia, fadiga, sonolência e cefaléia.
Antiplaquetários (AAS, clopidogrel, ticlopidina, inibidores da glicoproteína IIb/IIa [Abcximabe, Tirofibana, Eptifibatida])
e anticoagulantes (heparina, enoxaparina, heparina de baixo peso molecular): atuam na prevenção da formação de
novos coágulos sanguíneos e obstrução do sistema coronariano.
Oxigênio para aumentar a oferta de O2 para as células miocárdicas para manter SatO2 >93% (Brunner, 2016).
Mudança nos hábitos de vida.
Terapêutica Cirúrgica:
Revascularização cirúrgica do miocárdio
Angioplastia coronariana transluminal percutânea (PTCA)

A falta de O2 e a evolução do processo isquêmico provoca lesão (injúria = fase aguda reversível) que avança para
uma necrose miocárdica (= fase crônica irreversível). Estas alterações provocam liberação de enzimas específicas na
corrente sanguínea que podem ser usadas como marcador diagnóstico associadas à dor precordial persistente e
alterações específicas no ECG.
Manifestações Clínicas:
Dor Torácica → sem alívio com repouso, constante >15min
Sudorese e pele fria
Diminuição PA, Cianose nas extremidades
Presença de B3, B4
Dispnéia, falta de ar, taquipnéia, estertores e Fadiga
Taqui ou Bradicardia
Náuseas e Vômitos
Ansiedade e Confusão

Zona de Isquemia miocárdica: onda T invertida


Zona de Injúria: supra ou infradesnivelamento de ST >1mm em 2 derivações contíguas
Zona de Infarto: Onda Q patológica

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Abordagem na SCA:

- Repouso absoluto no leito por um período mínimo de 12-24h, preferencialmente no CTI


- Monitorização caríaca e de oximetria de pulso
- Acesso venoso periférico para terapia medicamentosa e coleta de sangue para análise de enzimas
- Débito urinário horário
- Providenciar: ECG (deve ser realizado em até 10 min e deve ser repetido nos casos não diagnósticos, pelo menos
uma vez, em até 6 horas), dosagem de enzimas e trombolíticos (até 30min). Nos casos em que a PTCA primária não
for viável dentro de no máximo 120 minutos (idealmente até 90 minutos) ou for contraindicada, os trombolíticos ou
fibrinolíticos (estreptoquinase, alteplase – t-Pa, tenecteplase) são essenciais se administrados PRECOCEMENTE
após o diagnóstico de IAM. Acredita-se que após 24h, quando já ocorre necrose transmural, estas drogas não tragam
benefícios, somente riscos (Brunner & Suddarth), portanto os trombolíticos devem ser administrados o mais
precocemente possível, de preferencia nas primeiras 3-6h. Os trombolíticos podem causar complicações
hemorrágicas, incluindo AVCh, hipotensão e anafilaxia (estreptoquinase).

12-Quadrix – 2023
Um homem deu entrada no pronto-socorro com sudorese, vertigens, cefaleia e angina.Nesse caso, os
sintomas apresentados pelo paciente são característicos de
A. diabetes melito.
B. infarto agudo do miocárdio.
C. choque cardiogênico.
D. acidente vascular encefálico.
E. sepse.

MONAB
Morfina: analgesia e redução da ansiedade, reduz a resistência vascular, pode causar hipotensão e depressão respiratória),
Oxigênio: é recomendável a monitorização da saturação sanguínea de oxigênio (pela oximetria de pulso), devendo os
pacientes que apresentam hipoxemia arterial clinicamente evidente ou documentada (saturação de O2 < 94%) receber
suplementação de oxigênio por máscara ou cateter nasal (2 a 4 L/min) para melhora da oxigenação miocárdica
Nitratos por via oral, sublingual, IV e intradérmica: vasodilatador coronariano, reduz a pré e a pós-carga, pode causar cefléia e
hipotensão (contraindicado se PAS <100mmHg)
AAS: antiagregante plaquetário na dose de 62-300 mg em dose de ataque, com dose de manutenção de 81-100 mg/dia, pode
causar gastrite e úlceras
Beta-bloqueador: diminuí a FC, o trabalho cardíaco e a PA , o alvo da FC 60bpm, não devendo ser usado em casos de
bradicardia.

Outras drogas:
- Heparina não fracionada
- Enoxaparina
- IECA
- Clopidogrel (MONABc = CLOPIDOGREL!)
- Benzodiazepínicos para redução de ansiedade em pacientes de alto risco
- Não é recomendado o emprego rotineiro de antagonistas dos canais de cálcio, exceto na angina variante
(Prinzmetal), sendo contraindicado, em particular, o uso isolado da nifedipina de ação rápida.

Angioplastia Coronariana Trasluminal Percutânea (PTCA), é um procedimento realizado por meio de


cateterismo cardíaco pela artéria femoral para desobstrução da coronária e, se necessário, implante de stent
coronariano. Quando indicada deve ser providenciada em até 90 min para maior sobrevida nos quadros de IAM.
Cuidados: Jejum 8-12h antes do exame, avaliar alergia a iodo, avaliar sítio de inserção do cateter quanto a
sangramento ou hematoma, avaliar coloração pulso e temperatura do membro afetado, se utilizada artéria femoral
repouso no leito 2-6h após o exame.

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13-(Instituto Consulplan - PM RN - 2022) “O termo Síndrome Coronariana Aguda (SCA) é empregado em


situações em que o paciente apresenta evidências clínicas e/ou laboratoriais de isquemia miocárdica aguda,
produzida por desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio para o miocárdio, tendo como causa principal
a instabilização de uma placa aterosclerótica.” Sobre as formas clínicas da SCA, assinale a alternativa
correta.
A. Angina de peito.
B. Angina estável, apenas.
C. Angina estável e angina instável.
D. Infarto agudo do miocárdio, apenas.
E. Angina instável e infarto agudo do miocárdio.

14-(FUNDATEC - Prefeitura de Viamão - 2022) A angina pectoris é uma síndrome clínica caracterizada por
paroxismos de dor ou sensação de pressão na região anterior do tórax. A causa consiste em fluxo sanguíneo
coronariano insuficiente, resultando em aporte inadequado de oxigênio para atender à demanda do
miocárdio. Referente às intervenções de enfermagem no tratamento da angina, analise as assertivas abaixo:
I. Agir imediatamente caso o paciente se queixe de dor ou sintomas prodrômicos sugestivos de isquemia cardíaca,
incluindo sensação de indigestão ou náuseas, sufocação, fraqueza ou dormência nos membros superiores, dispneia
ou tontura.
II. Orientar o paciente sobre a interrupção de todas as atividades e sobre sentar-se ou repousar no leito em uma
posição de semi-fowler, para reduzir as necessidades de oxigênio do miocárdio isquêmico.
III. Obter um ECG de 12 derivações e colocar o paciente sob monitoramento cardíaco contínuo.
IV. Aferir os sinais vitais e observar a existência de sinais de angústia respiratória.

Quais estão corretas?


A. Apenas I e II.
B. Apenas II e III.
C. Apenas I, III e IV.
D. Apenas II, III e IV.
E. I, II, III e IV.

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Principais Complicações do cateterismo cardíaco/PTCA: arritmias, infecção na incisão, perfuração cardíaca, IAM e
embolia.

Complicações do IAM: Arritmias ventriculares, bloqueios, discinesia e hipocinesia cardíaca, laceração da parede
ventricular, CIV, insuficiência mitral, insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão, choque cardiogênico.

15-(Quadrix - Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás - 2023) As intervenções coronarianas percutâneas (ICP) são
procedimentos invasivos que incluem angioplastia coronária transluminal percutânea (ACTP), stent de artéria
coronária, aterectomia e braquiterapia. No que se refere às complicações de um procedimento de ICP, julgue
os próximos itens.

I Pode ocorrer um fechamento abrupto ou vasoespasmo da artéria coronária durante o procedimento.


II Podem ocorrer infarto do miocárdio, arritmias agudas e parada cardíaca durante o procedimento.
III Podem ocorrer sangramento retroperitoneal, pseudoaneurisma, embolismo distal e insuficiência renal aguda após
o procedimento.

Assinale a alternativa correta.


A. Nenhum item está certo.
B. Apenas o item I está certo.
C. Apenas o item II está certo.
D. Apenas o item III está certo.
E. Todos os itens estão certos.

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f- Insuficiência Cardíaca Congestiva

Incapacidade do coração de bombear o sangue para o suprimento de nutrientes e oxigênio. Pode ocorrer
congestão sistêmica e/ou pulmonar. Do ponto de vista funcional, existem dois tipos de insuficiência cardíaca: IC
sistólica → déficit de contração com redução da fração de ejeção (<40%) e IC diastólica → déficit de relaxamento
com FE normal.

Causas:
Doenças cardíacas anteriores (DAC, IAM, miocardiopatia, hipertensão, doenças valvulares)
Acidose metabólica ou respiratória: diminuição da contratilidade
Doença muscular inflamatória ou degenerativa
Outras: hipermetabolismo (febre, tireotoxicose), hipóxia e anemia

Sinais e Sintomas:

Terapêutica Medicamentosa:
IECA (captopril, enalapril)- inibe a formação de angiotensina II = vasodilatação e redução da pós-carga, diminuem a
liberação de aldosterona aumentando a diurese e reduzindo a pré-carga. Atentar para hipotensão, hiponatremia,
hipercalemia e tosse persistente.
Bloqueador do receptor de angiotensina II (candesartan, losartan)- reduz a pós-carga e o trabalho cardíaco. Efeitos
colaterais similares aos IECA.
Beta-bloqueador (propranolol, atenolol, metoprolol)- reduzem a FC e o trabalho cardíaco. Atentar para tonteira,
hipotensão, bradicardia e broncoespasmo (uso restrito em DPOC).

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Diuréticos (furosemida, aldactone, hidroclorotiazida)- aumentam o débito urinário, reduzindo a pré-carga. Cuidados:
atentar para desequilíbrio eletrolítico (hiponatremia e hipocalemia, e hipercalemia no caso do aldactone), hipotensão
severa e ototoxidade.
Bloqueadores do Canal de Cálcio (nifedipina, diltiazem, amlodipina) - provocam vasodilatação reduzindo a pós-carga.
Estão contra-indicados nos pacientes com disfunção sistólica.

Terapia com Digitálicos ou Cardiotônicos (digoxina): Aumentam a contratilidade e lentificam a condução AV. Atentar para sinais
de intoxicação digitálica: anorexia, náuseas, vômitos, fadiga, depressão, mal-estar, bradicardia, taquicardia atrial, bigeminismo,
BAV, visão turva. ATENÇÃO: Pacientes em uso de ATB orais, quinidina, amiodarona, bloqueadores do canal de cálcio, com
hipocalemia ou função renal prejudicada tem risco maior de desenvolver intoxicação digitálica. Nos casos de intoxicação deve ser
administrado o FAB imune antidigoxina (Digibind) e nos casos de bradicardia grave a atropina é uma droga de escolha.

Drogas IV são reservadas para disfunções graves:


- Milrinona - inibidor da fosfodiesterase (inotrópico positivo e vasodilatador), causa hipotensão.
- Dobutamina - agonista Beta-1-adrenérgico inotrópico, aumenta a FC e taquiarritmias

Cuidados Importantes:
- Orientar quanto ao repouso relativo (avaliar tolerância atividade)
- Dieta hipossódica (<=2-3g/dia de sódio - Brunner, 2016)
- Restrição hídrica, balanço hídrico
- Peso diário
- Avaliar oxigenoterapia
- Monitorizar sintomas de sobrecarga hídrica (dispneia, turgência jugular, aumento da PA)

A cor pulmonale é uma condição em que o ventrículo direito do coração aumenta em decorrência da
hipertensão arterial pulmonar, tipicamente associada ao DPOC grave.
g- Edema Agudo de Pulmão

Acúmulo anormal de líquidos nos alvéolos e espaços intersticiais, geralmente ocasionado pela congestão
pulmonar secundária ao IAM e ICC (cardiogênico). Outras causas incluem: crise hipertensiva, insuficiência renal
grave, sepse/SARA, queimaduras de VAS e hipoalbuminemia.

Manifestações Clínicas: Ansiedade, confusão mental, seguida de sinais de angústa respiratórica como cianose,
dispnéia, ortopnéia (intolerância ao decúbito), tosse com expectoração mucóide aerada de coloração rósea,
hemoptise, estertores em todos os campos pulmonares, presença de B3.

Abordagem:
- Repouso no leito, mantendo o paciente na posição vertical com os MMII pendentes no leito (torniquetes em desuso)
- Abertura de VAS e oxigenação (CPAP/PEEP ou EOT/VM)
- CVD para DU horário e BH (negativo)
- Monitorização cardíaca e dos sinais vitais
- Morfina (reduz a ansiedade e a resistência vascular periférica e pulmonar)
- Diuréticos (reduzem a pré-carga e a congestão)
- Digoxina, dobutamina (melhoram o débito cardíaco)

16-FUNDATEC – 2022
O edema agudo de pulmão é um processo patológico secundário caracterizado por acúmulo de líquido nos
espaços intersticial e alveolar, impedindo a adequada difusão de oxigênio e dióxido de carbono. Em relação a
essa patologia, assinale a alternativa INCORRETA.
A. São sinais e sintomas característicos do edema agudo de pulmão: dispneia acentuada, diaforese, hemoptoicos,
ortopneia, entre outros.
B. O tratamento medicamentoso recomendado a ser administrado: morfina, nitratos, nitroglicerina, nitroprussiato de
sódio, furosemida e dobutamina.

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C. A origem do aspecto rosáceo da expectoração espumosa se dá pela diminuição da pressão na rede capilar
pulmonar associada a alterações da falta de permeabilidade da membrana capilar que permitem a passagem de
plasma e de algumas hemácias.
D. O tratamento com oxigenioterapia envolve a utilização de máscaras faciais com reservatórios. Em algumas
situações, é necessária a utilização da ventilação mecânica não invasiva ou intubação traqueal e ventilação
mecânica invasiva.
E. As causas mais comuns de edema agudo de pulmão de origem cardiogênico são: insuficiência ventricular
esquerda, arritmias cardíacas, infarto agudo do miocárdio e emergência hipertensiva.

Distúrbios Respiratórios

I- Introdução: Anatomia clínica e fisiologia respiratória

O sistema respiratório é composto dos tratos respiratórios superior e inferior, responsáveis por realizar a
ventilação e a hematose (troca gasosa). A cada ciclo respiratório (inspiração/expiração), promove a difusão do
oxigênio para o sangue e do dióxido de carbono para o alvéolo. Um adulto normal respira cerca de 12-20 vezes por
minuto e a cada respiração o volume de ar que entra e sai dos pulmões (volume corrente - VC) corresponde a 500 ml.

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O ar é conduzido até a unidade funcional dos pulmões (alvéolos) por meio das vias aéreas. As vias aéreas
podem ser divididas em vias aéreas superiores e inferiores. À medida que o ar vai passando pelo trajeto das vias
aéreas, vai sofrendo modificações até que chegue na porção final pronto para sofrer a hematose.

Vias Aéreas Superiores:

Nariz: trajeto da condução do ar até os pulmões, filtra as impurezas, umidifica e aquece o ar inspirado. Responsável
pelo olfato.

Seios Paranasais: servem como câmara de ressonância na fala. São eles: frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar.

Ossos Turbinados (conchas nasais): conchas superior, média e inferior. Aumentam a superfície da mucosa
aquecendo e umidificando o ar inspirado.

Faringe: dá passagem para os tratos respiratório e digestivo. Liga as cavidades oral e nasal à laringe:
 Nasofaringe: aloja as amígdalas faríngeas ou adenoides;
 Orofaringe: aloja as amígdalas faciais ou palatinas;
 Laringofaringe ou hipofaringe: transição da faringe com a laringe (órgão exclusivo do sistema respiratório).

Nasofaringe: aloja as amígdalas faríngeas ou adenóides

Orofaringe: aloja as amígdalas faciais ou palatinas

Laringofaringe ou hipofarínge: transição da faringe com a laringe (órgão exclusivo do sistema respiratório)

Laringe; órgão cartilaginoso, vocal, liga a faringe à traqueia. Faz a vocalização (“caixa de voz”). Protege as VAS
inferiores de substâncias estranhas e facilita a tosse. Composta por epiglote, glote, cartilagens tireoide, cricoide,
aritnoide e cordas vocais. O nervo laríngeo recorrente inerva a laringe e é responsável pela produção da voz.

Vias Aéreas Inferiores:

Traqueia: órgão de condução, liga a laringe aos brônquios. A carina é a região de bifurcação da traqueia.

Brônquios principais: se bifurcam em brônquios lobares, segmentares, bronquíolos terminais e bronquíolos


respiratórios

Saco alveolar: área de superfície para troca gasosa. Células alveolares (pneumócitos): tipo I (células epiteliais); tipo
II (secretam surfactante); tipo III (fagocíticas = defesa).

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ATENÇÃO: o Surfactante Pulmonar é um fosfolipídio que reveste a superfície alveolar e é responsável por impedir o
colabamento do alvéolo por reduzir a tensão superficial gerada pela força de atração das moléculas de água do vapor
de ar que chega ao alvéolo.

OBSERVAÇÃO: A Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) do recém-nascido ou Doença da Membrana Hialina


é a expressão clínica decorrente da deficiência do surfactante alveolar associada à imaturidade estrutural dos
pulmões, complicada pela má-adaptação do RN à vida extrauterina e pela imaturidade de múltiplos órgãos. Como a

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maturação do pulmão fetal guarda relação com a idade gestacional, tanto a incidência como a gravidade da doença
relacionam-se diretamente com o grau da prematuridade.

Pleuras

Fina membrana fibrosa que envolve internamente a caixa torácica (pleura parietal) e os pulmões (pleura visceral).
O espaço entre as pleuras é denominado cavidade pleural, onde há cerca de 5-15ml de líquido pleural com a função
de evitar o atrito pleural durante o ciclo respiratório.

Mecânica Ventilatória:

A pressão na cavidade pleural é negativa e a variação de pressão na cavidade pleural provocada pelo
trabalho dos músculos da respiração, em especial o diafragma, determina a inspiração fisiológica. A expiração é um
processo PASSIVO, determinado pelo relaxamento dos músculos respiratórios e complacência pulmonar (grau de
elasticidade).

A resistência das vias aéreas é diretamente proporcional ao trabalho dos músculos da respiração. Quanto maior a
resistência ao ar (broncospasmo), maior é o trabalho muscular para forçar a entrada do ar (dispneia).

A difusão é o processo pelo qual o O2 e o CO2 são trocados na interface ar-sangue, a perfusão é o fluxo
sanguíneo real através da circulação pulmonar.

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17-IGEDUC – 2023
O oxigênio dentro dos alvéolos pulmonares difunde-se até os capilares sanguíneos, penetrando nas
hemácias, onde se liga com a hemoglobina, sendo o gás carbônico jogado para fora. Esse processo
denomina-se hematose.
A. Certo
B. Errado

Controle da Respiração

A respiração é controlada pelo centro respiratório, sendo que os centros inspiratório e expiratório localizados na
medula oblonga (bulbo) e na ponte controlam a frequência e a profundidade da respiração. O centro apnêustico
localizado na ponte estimula o centro inspiratório a promover inspirações profundas e prolongadas, enquanto o centro
pneumotáxico, também localizado na ponte controla o padrão das respirações.

- Quimioceptores centrais – localizados na medula respondem a alterações de pH (CO2)


- Quimioceptores periféricos – localizados no arco aórico e nas artérias carótidas respondem primeiramente à
alterações de PO2.
- Reflexo de Hering-Breuer – estiramento dos alvéolos, inibe a inspiração

Oxigênio x DPOC:
O paciente retentor crônico de CO2 (DPOC) perde a capacidade de funcionamento dos
quimioceptores centrais. Portanto o único estímulo para respiração nestes pacientes é a ativação dos
quimiceptores periféricos pela oscilação da PaO2.
A oferta excessiva de O2 ao paciente DPOC pode saturar também os quimiceptores periféricos,
inibindo o reflexo respiratório o que ocasiona depressão respiratória.

Toracocentese

Punção realizada no espaço pleural, usado com finalidades diagnósticas ou terapêuticas, tais como: remoção de
líquido ou ar da cavidade pleural, biópsia pleural e instilação de medicamentos na pleura. Pode ser realizada sob

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orientação ultrassonográfica, reduzindo as taxas de complicações como pneumotórax por punção do parênquima
pulmonar e lesão diafragmática.

Cuidados durante a Toracocentese:


- Atentar para realização de radiografias torácicas antes do procedimento;
- Posicionar o paciente expondo o tórax e o local a ser puncionado será direcionado pela radiografia:
no caso de líquido a punção deve ocorrer entre o 4-6º espaço intercostal e no caso de ar entre o 2º e
3º espaço intercostal;
- Posição ideal: sentado ereto com os braços apoiados sobre uma mesa;
- Garantir técnica rigorosamente asséptica para prevenir infecção (pleurite ou pleurisia);
- Após o procedimento é necessário repouso, compressão local e radiografia de tórax para avaliar
pneumotórax (principal complicação).

18-CESPE – 2018
Julgue os próximos itens, relativos à assistência de enfermagem em situação de trauma. No caso de paciente
em procedimento de toracocentese, ou seja, punção da cavidade pleural para drenar um derrame, além das
exigências próprias de assepsia na manipulação do frasco de drenagem, é fundamental ter cuidado de não
elevá-lo acima do nível do tórax do paciente, salvo quando isso for exigido em situação de transporte,
durante o qual se deve fazer o pinçamento do tubo.
A. Certo
B. Errado

III- Distúrbios Respiratórios

a- Patologias Pleurais

- Pleurite ou pleurisia: inflamação das pleuras visceral e parietal causada por pneumonia, tuberculose, câncer, IVAS
e pós-toracotomia. Quando as membranas inflamadas se atritam, durante a respiração há dor intensa. O tratamento
visa controle da doença de base, alívio dos sintomas e indometacina.

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- Derrame pleural: coleção de líquido no espaço pleural superior a 5 -15ml, pode ser claro (exsudato ou transudato),
sangue ou pus secundário. O derrame pleural pode ser secundário à pneumonia, tuberculose, câncer, pleurisia, ICC,
síndrome nefrótica, embolia pulmonar e câncer de pulmão (carcinoma broncogêncio). As manifestações clínicas
incluem febre, calafrios, dor torácica (secundário à pneumonia), dispnéia e tosse (secundário à malignidade).

- Empiema: coleção de líquido infectado na cavidade pleural, devido a abcesso e infecção pulmonar. As
manifestações são febre, sudorese noturna, dor pleural, dispneia, anorexia e perda de peso, ausência de sons
respiratórios. O tratamento é realizado por meio da drenagem torácica fechada em selo d’água ou drenagem aberta,
remoção da pleura espessada, pus e ressecar tecido pulmonar afetado.

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- Hemotórax: coleção de sangue em cavidades torácicas por rompimento dos vasos intercostais e laceração dos
pulmões.

- Quilotórax: lesão do ducto linfático torácico e extravasamento de quilo (linfa gordurosa) no espaço pleural.
Complicação pós-operatória de cirurgias torácicas.

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19-Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ – 2019


O paciente é submetido a uma drenagem torácica para remoção de pus no espaço intrapleural. O termo
utilizado para designar essa presença indesejada é:
A. empiema
B. quilotórax
C. hemotórax
D. pneumotórax

- Pneumotórax: extravasamento de ar dos pulmões para cavidade pleural. Pode ser classificado em aberto, levando
ao colapso do pulmão ou fechado (hipertensivo) que pode causar desvio do mediastino e choque obstrutivo.

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O pneumotórax ocorre quando a pleura parietal ou visceral é violada e o espaço pleural é exposto à pressão
atmosférica positiva. Normalmente, a pressão no espaço pleural é negativa (ou subatmosférica). Essa pressão
negativa é necessária para manter a adequada insuflação pulmonar. Quando a integridade da pleura é
comprometida, o ar entra no espaço pleural e o pulmão ou parte dele colapsa.

IMPORTANTE: A parede torácica é aberta cirurgicamente (toracotomia) se forem aspirados mais de 1.500 mℓ de
sangue inicialmente pela toracocentese (ou a produção inicial do dreno de tórax), ou se a produção do dreno de tórax
continuar acima de 200 mℓ por hora.

Manifestações clínicas
 A dor geralmente é repentina e pode ser pleurítica;
 Angústia respiratória é mínima com um leve desconforto no tórax;
 Taquipneia, em caso de pneumotórax simples pequeno ou não complicado;
 Se o pneumotórax for grande e o pulmão colapsar totalmente, ocorre angústia respiratória aguda;
 O paciente fica ansioso, tem dispneia e sente falta de ar, usa amplamente os músculos acessórios e pode
desenvolver cianose central pela hipoxemia grave.

Tratamento
 Em casos de pneumotórax, insere-se um dreno de tórax de pequeno calibre (28 Fr) perto do segundo espaço
intercostal; este espaço é utilizado porque é a parte mais fina da parede torácica, minimiza o perigo de entrar em
contato com o nervo torácico e deixa uma cicatriz menos visível.

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 Se houver hemotórax, insere-se um dreno de tórax de grosso calibre (32 Fr ou maior), normalmente no 4º o ou 5º
espaço intercostal, na linha axilar média;
 Quando se aplica sucção (=~ 20mmHg), ocorre a descompressão efetivada cavidade pleural (conteúdo aéreo e
hemático);
 Em uma situação de emergência que resulta em pneumotórax, qualquer coisa que seja grande o suficiente pode
ser usada para vedar a ferida no tórax – toalha, lenço ou palma da mão. Se estiver consciente, o cliente é
orientado a inspirar e fazer força contra a glote fechada. Esta ação ajuda a reexpandir os pulmões e a ejetar o ar
do tórax.
 No hospital, a abertura é tampada vedando-a com gaze impregnada com petrolato (vaselina). Aplica-se um
curativo compressivo.
 Normalmente, insere-se um dreno de tórax conectado à drenagem com selo d’água para remover o ar e o líquido;
 Geralmente, prescrevem-se antibióticos para combater a infecção pela contaminação;
 O cliente com possível pneumotórax hipertensivo deve receber imediatamente uma alta concentração de oxigênio
suplementar para tratar a hipoxemia; deve-se realizar oximetria de pulso para monitorar a saturação de oxigênio;
 Em uma situação de emergência, o pneumotórax hipertensivo pode ser descompactado ou convertido
rapidamente em pneumotórax simples pela inserção de uma agulha de grosso calibre (calibre 14) no segundo
espaço intercostal, na linha hemiclavicular no lado afetado. Isto alivia a pressão e libera a pressão positiva para o
ambiente externo.

Drenagem de Tórax em Selo D'água:

O mecanismo normal de respiração opera com base no princípio da pressão negativa. A pressão no interior
da cavidade torácica normalmente é menor do que a pressão da atmosfera, fazendo com que o ar se mova para
dentro dos pulmões durante a inspiração.

Sempre que o tórax é aberto, ocorre perda dessa pressão negativa, o que resulta em colapso do pulmão. O
acúmulo de ar, líquido ou outras substâncias no tórax pode comprometer a função cardiopulmonar e também pode
fazer com que o pulmão colapse. As substâncias patológicas que se acumulam no espaço pleural incluem fibrina ou
sangue coagulado, líquidos (líquidos serosos, sangue, pus, quilo) e gases (ar do pulmão, da árvore traqueobrônquica
ou do esôfago).

Procediento de instalação de um dreno na cavidade pleural, entre a pleura visceral e a pleura parietal com a
finalidade de drenar líquido (derrame pleural), sangue (hemotórax), pus (empiema) ou ar (pneumotórax).

O dreno de tórax é conectado a um sistema hermeticamente fechado com a extremidade distal do tubo
imersa em um selo d'água de 2cm. Em alguns casos, conforme critério médico, pode-se realizar aspiração contínua
por meio de um segundo frasco de aspiração conectado à uma rede de vácuo. A coluna de água neste frasco
determinará a pressão de aspiração, que não deverá exceder 20cmH2O, a adição de mais líquido resulta em mais
apiração e pode causar lesão pleural.

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cm

É importante certificar-se do funcionamento do sistema de drenagem avaliando a presença de oscilação na


coluna d`água, conhecida como “Fenômeno de Maré”. A eliminação de bolhas no frasco de selo d`água quando o
paciente tossir ou inspirar profundamente indica a presença de fuga aérea.

Lembre-se:
 A ordenha do sistema deve ser realizada periodicamente para impedir a obstrução por coágulos de fibrina, caso
ocorra a obstrução o sistema para de oscilar subitamente (alguns autores não recomendam mais essa prática).
 O paciente teve ser instruído a tossir e estimulado a respirar profundamente e deambular, caso não seja possível
deambular deve haver mobilização no leito a cada 1,5 a 2h.
 Observar a drenagem (característica, oscilação, volume drenado). No caso de hemotórax, quando o paciente estiver
sangrando com muita intensidade, como 100ml a cada 15 min, verificar a drenagem a cada 5min.
 O sistema deve ser mantido abaixo do nível torácico, o clampeamento deverá ser realizado sempre que o sistema for
aberto para evitar a entrada de ar na pleura (pneumotórax). NÃO CLAMPEAR O DRENO DURANTE O
TRANSPORTE, manter o sistema abaixo do nível do tórax.
 Observar sinais de pneumotórax tais como respiração rápida e superficial, cianose, pressão no tórax, enfisema
subcutâneo, e alterações significativas nos sinais vitais.
 As complicações incluem o pneumotórax hipertensivo (obstrução ou clampeamento do dreno) ou aberto (desconexão
acidental ou abertura do sistema sem clampeamento), desvio mediastinal, hemorragia, dor, embolia pulmonar,
tamponamento cardíaco e infecção.

20-UNICENTRO – 2022
A incorreta manipulação do dreno de tórax pode acarretar uma série de complicações que podem resultar em
aumento da morbidade, prolongamento de uma hospitalização e, em alguns casos, a morte. A permeabilidade
e a integridade do sistema de drenagem são cruciais para a preservação do desempenho cardiopulmonar e
da saúde e bem-estar do paciente. Diante desse contexto, como um cuidado da equipe de enfermagem, um
dreno de tórax deve ser sempre mantido:
A. Acima do ponto de inserção no tórax do paciente.
B. Abaixo do ponto de inserção no tórax do paciente.

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C. O tempo todo pinçado, inclusive no transporte.


D. O tempo todo pinçado sem nenhuma manipulação até sua retirada.
E. As alternativas A, C e D estão corretas em relação aos cuidados de enfermagem com um dreno de tórax.

b- Atelectasia

Refere-se ao fechamento ou colabamento alveolar com alterações radiográficas e achados clínicos de disfunção
pulmonar.

Causas: pós-operatório (hipoventilação), padrão respiratório superficial (insuf. respiratória), imobilização, secreção
excessivas ou tampões mucosos, DPOC, compressão pulmonar por derrame pleural, pneumotórax e hemotórax.
Manifestações Clínicas: tosse, febre baixa, angústia respiratória, dispnéia, taquicardia, taquipnéia, cianose central.
Diagnóstico: Ausculta pulmonar com murmúrios vesiculares diminuídos e estertores na área afetada, oximetria de
pulso e gasometria (hipóxia), radiografia de tórax.

Prevenindo a Atelectasia: mudança de decúbito, mobilização precoce, estimular a respiração


profunda e tosse, aspiração de secreções traqueobrônquicas quando o paciente indicado, drenagem
postural e ventilação com pressão positiva expiratória final (PEEP – CPAP).

21-UFU-MG – 2019
Na assistência ao paciente com distúrbio do tórax e das vias aéreas inferiores, o profissional de enfermagem
deve estar atento aos sinais de atelectasia, que se constitui por
A. rangido ou chiado localizado, causada pelo atrito entre as pleuras visceral e parietal inflamadas.
B. colapso ou ausência de ar nos alvéolos causada por hipoventilação, por obstrução das vias respiratórias ou por
compressão.
C. acúmulo anormal de líquido no espaço pleural, também chamada de efusão pleural.
D. tosse com sangue proveniente das vias respiratórias inferiores.

c- Pneumonia

Inflamação do parênquima pulmonar causada por agentes infecciosos. O termo Pneumonite refere-se a um
processo inflamatório no tecido pulmonar que pode predispor a uma infecção, ocorre nos casos de radioterapia,
ingestão de substâncias químicas e broncoaspiração.

Quando uma parte substancial de um ou mais lobos está acometida, a doença é designada como Pneumonia
Lobar. O termo Broncopneumonia é utilizado para descrever a pneumonia distribuída de maneira focal, que tem a sua

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origem em uma ou mais áreas localizadas dentro dos brônquios e que se estende para o parênquima pulmonar
circundante adjacente. A broncopneumonia é mais comuma do que a pneumonia lobar.

De acordo com os agentes etiológicos envolvidos, as pneumonias são classicamente divididas em:

- Pneumonia Bacteriana ou Típica: causada principalmente Stretococcus Pneumoniae (pneumococo – Gram +) e


Haemophilus influenzae, associada a exsudato alveolar com hipoventilação e perfusão reduzida. A pneumonia em
pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é mais grave e de difícil diagnóstico. As
manifestações clínicas são: início súbito com calafrios e febre alta, dor torácica (dor pleurítica), taquipnéia, batimentos
de asa do nariz e uso dos músculos acessórios da respiração.

- Pneumonia Atípica: causada principalmente pelo Mycoplasma pneumoniae, mas também pode ser causada por
clamídia, fungos e vírus como o influenzae. A pneumonia pelo Pneumocystis carinii (nomenclatura antiga) ou
Pneumocystis jiroveci - PPC (nomenclatura atual) é um tipo de pneumonia que acomete pacientes com AIDS/SIDA e
outras condições imunodepressoras. A pneumonia atípica é associada à exsudato intersticial, hipoventilação e
perfusão reduzida. As manifestações clínicas incluem congestão nasal, dor de garganta, cefaléia, febre baixa ou
ausente, dor pleurítica, mialgia, erupção cutânea, faringite.

Fatores de risco para pneumonia

A pneumonia ocorre em clientes com certas condições e doenças subjacentes, como obstruções de VA,
imunossupressão, imobilidade, diminuição do reflexo de tosse, idade avançada, insuficiência cardíaca, diabetes,
alcoolismo, DPOC e AIDS. Certas doenças também têm sido associadas a agentes patogênicos específicos. Por
exemplo, a pneumonia estafilocócica tem sido observada depois de epidemias de gripe, e os clientes com DPOC
estão em maior risco de desenvolvimento de pneumonia causada por pneumococos ou H. influenzae.

A fibrose cística está associada a infecção respiratória causada por Pseudomonas e estafilococos, e a PPC
tem sido associada à AIDS.

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ATENÇÃO! Na função respiratória normal, segundo Craven e Hirnle (2006), a defesa mais importante é a tosse forte
e efetiva, uma vez que ela depura as vias aéreas inferiores, prevenido a formação de tampões, e mantém os pulmões
sem infecção.

Manifestações clínicas da pneumonia

Os sinais e sintomas de pneumonia variam dependendo do tipo, do microrganismo causal e da existência ou


não de doença subjacente. No entanto, não é possível diagnosticar um tipo específico ou classificação de pneumonia
somente pelas manifestações clínicas.

O cliente com pneumonia estreptocócica (pneumocócica) geralmente tem:


 Calafrios de início súbito;
 Febre que aumenta rapidamente (38,5 ° para 40,5 °C);
 Dor pleurítica que é agravada pela respiração profunda e tosse;
 O cliente está em condição grave, com taquipneia acentuada (de 25 a 45 incursões por minuto), acompanhada de
outros sinais de angústia respiratória (falta de ar, uso de musculatura acessória);
 A bradicardia relativa (déficit na relação frequência cardíaca temperatura, em que a frequência cardíaca é mais lenta
do que o esperado para uma dada temperatura).

Os sintomas predominantes podem ser:


 Cefaleia;
 Febre baixa;
 Dor pleurítica;
 Mialgia;
 Erupção cutânea e faringite;
 Expectoração de escarro mucoide ou mucopurulento (depois de alguns dias).

Na pneumonia grave, as bochechas são coradas, e os lábios e unhas revelam cianose central (um sinal
tardio de má oxigenação [hipoxemia]). Expectoração purulenta ou pequenas mudanças nos sintomas respiratórios
podem ser o único sinal de pneumonia em clientes com DPOC.

Pode ser difícil determinar se o aumento dos sintomas é decorrente de uma exacerbação do processo de
doença subjacente ou de um processo infeccioso adicional.

Diagnóstico

O diagnóstico da pneumonia é feito pela história (particularmente por uma infecção recente do sistema
respiratório), exame físico, radiografia de tórax, hemocultura, e exame de escarro.

Tratamento

O tratamento da pneumonia inclui a administração do antibiótico adequado, tal como determinado pelos
resultados de cultura e sensibilidade. Os clientes internados devem passar da administração intravenosa (IV) para
terapia oral quando estiverem hemodinamicamente estáveis, estiverem melhorando clinicamente, conseguirem ingerir
os medicamentos/líquidos e o sistema digestório estiver funcionando normalmente. Assim que os clientes estiverem
clinicamente estáveis, não tiverem problemas de saúde e tiverem um ambiente seguro para os cuidados contínuos,
devem receber alta do hospital.

Estabilidade clínica é definida como:


 Temperatura menor ou igual a 37,8 °C;
 Frequência cardíaca menor ou igual a 100 bpm;
 Frequência respiratória menor ou igual a 24 incursões por minuto;
 Pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 90 mmHg;
 Saturação de oxigênio maior ou igual a 90%, com a capacidade de manter a ingestão e o estado mental normal (de
base).

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Complicações
 Choque e insuficiência respiratória (especialmente na doença bacteriana Gram negativa em clientes idosos).
 Derrame pleural (O derrame pleural parapneumônico é qualquer derrame pleural associado à pneumonia
bacteriana, abscesso pulmonar ou bronquiectasia).

Depois que o derrame pleural é detectado na radiografia de tórax, pode-se realizar toracocentese para remover
o líquido, que é enviado ao laboratório para análise. Há três estágios de derrames pleurais parapneumônicos, de
acordo com a patogênese: não complicado, complicado e empiema torácico.

22-GSA CONCURSOS – 2019


A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar causada por diversos microrganismos, incluindo
bactérias, micobactérias, fungos e vírus. Sobre a Pneumonia, é incorreto afirmar que:
A. A broncopneumonia, o tipo mais comum, distribui-se de maneira focal e origina-se nos brônquios, estendendo-
se para o parênquima pulmonar circundante adjacente.
B. No paciente gravemente doente, ocorrem bradipneia pronunciada (abaixo de 20 incursões/min), dispneia e uso
dos músculos respiratórios acessórios.
C. O suporte ventilatório inclui altas concentrações de oxigênio inspiratório, intubação endotraqueal e ventilação
mecânica, dependendo do caso de cada paciente.
D. Além da antibioticoterapia, o tratamento de suporte consiste em hidratação, antipiréticos, medicamentos
antitussígenos, anti-histamínicos ou descongestionantes nasais.
E. O paciente deve assumir uma posição confortável para promover o repouso e a respiração (p. ex., posição
semi-Fowler) e deve mudar de posição com frequência, a fim de intensificar a drenagem das secreções e a
ventilação e perfusão pulmonares.

23-CESPE / CEBRASPE - Petrobras - 2023


A respeito de anatomia, fisiologia, farmacologia e nutrição, julgue o próximo item. O uso de xaropes contra
a tosse é fortemente recomendado para o tratamento da pneumonia.
A. Certo
B. Errado

d- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória prevenível e tratável, que se
caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que não é totalmente reversível. A obstrução do
fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação
de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo. Embora a DPOC comprometa os pulmões,
ela também produz consequências sistêmicas significativas.

O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos
(bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). A predominância destas alterações é variável
em cada indivíduo, tendo relação com os sintomas apresentados.

Os fatores de risco para DPOC incluem:

 Tabagismo;
 Tabagismo Passivo e Poluição Tabagística Ambiental (PTA);
 Exposição Ocupacional (poeira, substâncias químicas);
 Poluição Ambiental;
 Desnutrição na Infância;
 Deficiência Genética de Alfa1-Antitripsina (inbidor enzimático que normalmente se contrapõe à destruicão
enzimática do tecido pulmonar).

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Além disso, pneumonia, bronquiolite e tuberculose, por causarem cicatrizes nas vias aéreas, também podem ser
consideradas fatores de risco com impacto significativo sobre essas doenças (Brasil. Ministério da Saúde. Doenças
respiratórias crônicas, p.10).

Novidade:
Outras doenças como a Fibrose cística ou Mucoviscidose (doença genética, crônica, que afeta principalmente
os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo, caracterizada pelo espessamento do muco), a Bronquiectasia (dilatação
irreversível dos brônquios em decorrência da destruição dos componentes elásticos e musculares de sua parede) e a
Asma, que outrora eram classificados como tipos de DPOC, são classificadas, hoje em dia, como distúrbios pulmonares
crônicos. Na atualidade, a asma é considerada um distúrbio separado e distinto, sendo classifcada como uma condição
anormal das vias respiratórias, caracterizada principalmente por uma inflamação reversível (Brunner, 2016).

Manifestações Clínicas:
 Tosse;
 Expectoração;
 Hemoptise;
 Sibilância;
 Dor torácica;
 Taquipneia e dispneia;
 Cianose;
 Baqueteamento digital.

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ATENÇÃO: a definição clássica de sintomático respiratório é o indivíduo que apresenta tosse, associada ou
não a outra alteração respiratória, por algumas semanas. Esse conceito se aplica tanto a adolescentes quanto a
adultos (recomenda-se a baciloscopia para descartar ou não a presença de tuberculose). Em pessoas acima de 40
anos, a tosse pode estar associada a DPOC ou carcinoma brônquico.

Diagnóstico

A tosse é o sintoma mais encontrado, pode ser diária ou intermitente e pode preceder a dispneia ou aparecer
simultaneamente a ela. O aparecimento da tosse no fumante é tão frequente que muitos pacientes não a percebem
como sintomas de doença, considerando-a como o “pigarro do fumante”.

A tosse produtiva ocorre em a aproximadamente 50% dos fumantes. A dispneia é o principal sintoma
associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. É geralmente progressiva com a
evolução da doença.

Muitos pacientes só referem a dispneia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da
incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico aproximadamente 50% dos fumantes.

Bronquite crônica

É definida como a presença de tosse e produção de escarro durante pelo menos 3 meses, a cada 2 anos
consecutivos. A irritação constante da fumaça de cigarro ou irritantes ambientais provoca aumento no número de
glândulas secretoras de muco e células caliciformes, resultando em inflamação e hipersecreção de muco, as paredes
brônquicas também se tornam espessadas e os alvéolos adjacentes sofrem lesão e fibrose.

O tamponamento da via respiratória pelo muco diminui a função ciliar, e as paredes brônquicas tornam-se
espessadas, com estreitamento do lúmen brônquico. Os alvéolos adjacentes aos bronquíolos podem sofrer lesão e
fibrose, resultando em função alterada dos macrófagos alveolares; em consequência, o cliente torna-se mais
suscetível à infecção respiratória.

Bronquite simples: bronquite crônica sem obstruções do fluxo aéreo.


Metas:
- Medida profilática envolve higiene rigorosa das vias aéreas;
- Cessação do tabagismo;
- Imunização contra o vírus influenza;

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- Tratamento imediato com antibióticos para as exacerbações agudas provocadas pela traqueobronquite
bacteriana.

Bronquite obstrutiva crônica: Bronquite crônica com obstrução do fluxo aéreo.


Metas:
- Reverter ou lentificar a progressão da obstrução da via aérea e do edema de mucosa;
- Diminuir o volume da secreção;
- Aliviar os espasmos da musculatura lisa brônquica;
- Diminuir a inflamação da via aérea.

Enfisema Pulmonar

No enfisema pulmonar, o comprometimento na troca de oxigênio e dióxido de carbono resulta da destruição


das paredes dos alvéolos hiperdistendidos. O termo enfisema descreve uma distensão anormal dos espaços aéreos
além dos bronquíolos terminais, com destruição das paredes dos alvéolos e redução da área de superfície de troca
gasosa, resultando em Aumento do Espaço Morto (ar que não sofre troca), Tórax em Barril, Hipoxemia e Hipercapnia
Crônica (aumento da pressão de dióxido de carbono no sangue arterial) com Acidose Respiratória.

À medida que as paredes dos alvéolos são destruídas (um processo acelerado por infecções recorrentes), a
área de superfície alveolar em contato direto com os capilares pulmonares diminui continuamente. Esse processo
provoca aumento do espaço morto (área pulmonar em que não pode ocorrer nenhuma troca gasosa) e
comprometimento da difusão de oxigênio, levando à hipoxemia.

Nos estágios mais avançados da doença, a eliminação de dióxido de carbono fica comprometida, resultando
em aumento da pressão de dióxido de carbono no sangue arterial (hipercapnia), com consequente acidose
respiratória. À medida que as paredes capilares continuam o processo de destruição, o leito capilar pulmonar diminui
de tamanho, aumentando, assim, a resistência ao fluxo sanguíneo pulmonar, forçando o ventrículo direito a manter
pressão arterial mais elevada na artéria pulmonar. Por esse motivo, a insuficiência cardíaca direita (cor pulmonale)
constitui uma das complicações do enfisema.

A hipoxemia crônica aumenta a liberação de eritropoetina pelos rins, este hormônio estimula a medula óssea a
produzir mais hemácias, gerando um quadro conhecido como Policitemia. Outra manifestação clínica da hipoxemia
crônica é o Baqueteamento Digital.

Existem dois tipos principais de enfisema, com base nas alterações que ocorrem no pulmão, ambos podem
ocorrer no mesmo paciente:

 Panlobular (Panacinar): destruição do bronquíolo respiratório, ducto alveolar e alvéolo.

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 Centrilobular (centroacinar): as alterações são observadas no centro do lóbulo secundário, preservando as funções
periféricas do ácino.

Tratamento

O tratamento farmacológico do DPOC inclui o uso de Broncodilatadores para aliviar o broncoespasmo, tais
como o Fenoterol, Albuterol, Terbutalina e o Salbutamol (agonistas beta-adrenérgicos) o Ipatrópio
(parassimpaticolítico ou anticolinérgico) e a Aminofilina e Teofilina (metilxantina). Atentar para os efeitos colaterais
destes medicamentos que incluem taquicardia, tremores, sudorese e aumento da pressão arterial.

Os Corticoesteróides também são drogas muito usadas devido ao seu poder antiinflamatório, melhorando o
edema, a hiperemia e a producão de secreção. A combinação de broncodilatadores agonistas beta2-adrenérgicos e
corticoesteróides inalatórios pode ser apropriada, tais como formoterol/budesonida e salmeterol/fluticasona.

No uso de corticoides deve-se estar atento ao uso crônico desses medicamentos, pois podem levar à
monilíase orofaríngea, estrias na pele, glaucoma, osteoporose, necrose asséptica de cabeça de fêmur, fáscies
cushingoide, entre outros. Esses efeitos são dose-dependentes e mais comumente associados ao uso de corticoide
por via oral. Deve-se ensinar ao paciente a lavar a boca e a beber um pouco de líquido para prevenir a ocorrência de
monilíase oral ou faríngea.

24-AGIRH – 2021
Broncodilatador usado em casos de asma, bronquite crônica e DPOC:
A. alendronato sódico.
B. fenoterol.
C. digoxina.
D. tramadol.

ATENÇÃO: Asma brônquica: é a doença com maior confusão diagnóstica. Ela difere da DPOC em muitos aspectos,
desde a epidemiologia até o processo inflamatório e, principalmente, pela resposta ao tratamento com corticóide
inalatório.

No caso da asma, quando o componente alérgico está presente, o uso de Adrenalina por via subcutânea é uma
alternativa farmacológica eficaz para reversão rápida do mal asmático. Outros tratamentos farmacológicos podem ser
utilizados, tais como a terapia de aumento da alfa1-antitripsina, agentes antibióticos, Mucolíticos (acetilcisteína),
antitussígenos, vasodilatadores (o Sildenafil é muito usado no tratamento do cor pulmonale) e narcóticos.

25-SELECON – 2023
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, que provoca hiper-responsividade das vias
aéreas, edema da mucosa e produção de muco. As principais manifestações clínicas da asma são:
A. fadiga, sensação de aperto no tórax, bradicardia e taquipneia
B. tosse, sensação de constrição no tórax, sibilância e dispneia
C. calafrios, dor em pontada no tórax, crepitações e bradipneia
D. febre, sensação de aperto no tórax, estertores e dispneia

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26-Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ – 2019


Doença inflamatória crônica caracterizada por resposta aumentada das vias aéreas a alérgenos, por infecção
virótica e acessos de grave dificuldade respiratória produzida por episódios de obstrução aguda e reversível
dos bronquíolos, que pode levar à limitação permanente do fluxo aéreo. Trata-se da:
A. pneumonia
B. asma brônquica
C. edema pulmonar
D. atelectasia

CLÍNICA MÉDICA

DISTÚRBIOS DO SISTEMA RENAL

ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RENAL E URINÁRIO

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A função dos sistemas renal e urinário é essencial para a vida. A principal finalidade desses sistemas consiste
em manter o estado de homeostasia do corpo através da regulação cuidadosa dos líquidos e eletrólitos, remoção dos
produtos de degradação e desempenho de outras funções. A disfunção dos rins e do trato urinário inferior é comum,
podendo ocorrer em qualquer idade e com graus variáveis de gravidade. A avaliação da função dos tratos urinários
superior e inferior constitui parte de todo exame de saúde e requer uma compreensão da anatomia e da fisiologia do
sistema urinário, bem como dos efeitos das alterações do sistema sobre outras funções fisiológicas.

O sistema urinário é composto pelos rins (órgãos retroperitoneais localizados na região dos flancos, onde a urina
é produzida), ureteres (conduzem a urina produzida nos rins para a bexiga), bexiga (órgão muscular - músculo detrusor,
que tem a função de armazenar a urina produzida) e uretra (canal por onde a urina é eliminada no processo de micção.
No caso do homem, a próstata também faz parte do sistema urinário.

Os néfrons são as unidades morfofuncionais dos rins, onde a urina é formada. Cada néfron consiste em um
glomérulo (estrutura de filtração) e um sistema de túbulos responsáveis pela reabsorção (água, glicose, sódio,
bicarbonato e outros) e secreção (potássio, hidrogênio e outros).

O sangue chega a cada rim pela artéria renal que se subdivide em ramos até formar a arteríola aferente, que
se capilariza formando o glomérulo.

O sangue que sai do glomérulo cai na arteríola eferente. Este sangue que foi filtrado pelos glomérulos é
drenado pela veia renal e cai na circulação sistêmica. Após passar pelo glomérulo, o filtrado glomerular cai na
cápsula de Bowman, onde inicia o seu trajeto pelo sistema de túbulos (túbulo contornado proximal, alça de Henle,
túbulo contornado distal e ducto coletor).

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27 -IGEDUC - 2023
Os rins extraem os produtos residuais do sangue através de milhões de pequenos filtros, denominadas
néfrons, que são as unidades funcionais dos rins.
A) Certo
B) Errado

28 -FUNDATEC - 2021
Uma das atribuições do enfermeiro é registrar em prontuário os cuidados prestados ao paciente, bem como os
sinais e sintomas observados e relatados pelo paciente. Para tal atividade, é imprescindível o uso correto das
terminologias técnicas utilizadas na área da saúde. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta, correta
e respectivamente, as definições dos seguintes termos: Disúria – Enurese – Polaciúria – Poliúria.
A) Incontinência urinária – Dor e dificuldade de urinar – Aumento da frequência urinária – Aumento do volume urinário.
B) Dor e dificuldade de urinar – Incontinência urinária – Aumento do volume urinário – Aumento da frequência urinária.
C) Incontinência urinária – Aumento do volume urinário – Aumento da frequência urinária – Dor e dificuldade de urinar.
D) Dor e dificuldade de urinar – Incontinência urinária – Aumento da frequência urinária – Aumento do volume urinário.
E) Aumento da frequência urinária – Aumento do volume urinário – Dor e dificuldade de urinar – Incontinência urinária.

29 -AMEOSC - 2021
É CORRETO afirmar que Enurese, é
A) Incontinência urinária.
B) Dor na região epigástrica.
C) Respiração normal, fácil.
D) Fluxo de sangue pelas narinas, hemorragia nasal.

A urina formada nos néfrons flui para a pelve renal e, em seguida, para os ureteres, que consistem em longos tubos
fibromusculares que unem cada rim à bexiga. O revestimento dos ureteres é constituído de epitélio de células de
transição, denominado urotélio, responsável por impedir a reabsorção da urina.

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O movimento da urina a partir de cada pelve renal até a bexiga, através dos ureteres, é facilitado pela contração
peristáltica dos músculos lisos na parede dos ureteres. A bexiga urinária é um saco muscular oco, localizado
exatamente atrás do osso púbico. A capacidade da bexiga no adulto é de 400 a 500 mℓ. Ela se caracteriza por sua área
central oca, denominada vesícula, que apresenta duas entradas (ureteres) e uma saída (a uretra).

A parede da bexiga contém quatro camadas. A camada interna contém epitélio de células de transição especializadas,
uma membrana que é impermeável à água e que impede a reabsorção da urina armazenada na bexiga. O colo vesical
contém feixes de - músculo liso involuntário, que formam uma porção do esfíncter uretral, conhecido como esfíncter
interno. Uma parte importante do mecanismo esfincteriano que ajuda manter a continência é o esfíncter urinário
externo na uretra anterior, o segmento mais distal em relação à bexiga.

Durante a micção, a pressão intravesical aumentada mantém a junção uretrovesical fechada e a urina dentro dos
ureteres. Tão logo termine a micção, a pressão intravesical retorna a seu valor basal baixo normal, permitindo que
recomece o efluxo da urina. Por conseguinte, o único momento em que a bexiga está totalmente vazia é nos últimos
segundos da micção, antes de recomeçar o efluxo de urina.

A uretra origina-se na base da bexiga: no homem, atravessa o pênis; na mulher, abre-se anteriormente à vagina. No
homem, a próstata, que se localiza exatamente abaixo do colo vesical, circunda a uretra posterior e lateralmente.

O processo de depuração renal para formação da urina passa por três etapas: Filtração Glomerular, Reabsorção e
Secreção Tubular.

ATENÇÃO!! O termo Azotemia ou Uremia descreve a incapacidade renal de excreção de catabólitos ou escórias
nitrogenadas, causando uma elevação dos níveis séricos destas substâncias, tais como ureia (>40mg/dl) e creatinina
(>1,2mg/dl). A dosagem plasmática de escórias é um importante marcador para identificação de insuficiência renal.

- Síntese das funções dos sistemas renal e urinário:

 Regulação da produção de eritrócitos por meio da secreção de eritropoetina. Ao detectarem diminuição da tensão
de oxigênio no fluxo sanguíneo renal, em decorrência de anemia, hipoxia arterial ou fluxo sanguíneo inadequado, os
rins liberam esse hormônio, uma glicoproteína do rim, responsável por estimular a medula óssea a produzir eritrócitos;
 Manutenção do equilíbrio acidobásico por meio da excreção de Hidrogênio na urina (ácida) e reabsorção de HCO3
(bicarbonato) para o sangue (levemente alcalinizado); outra função é síntese de amônia e excreção de cloreto de
amônio;
 Regulação eletrolítica de sódio e potássio pela ação do hormônio aldosterona (mineralocorticoide produzido na
glândula suprarrenal) = aumenta a reabsorção de sódio e água e excreta o potássio;
 Regulação da osmolalidade sérica e urinária pela ação do Hormônio Antidiurético (ADH) - Osmolalidade (grau de
diluição ou de concentração da urina) e Osmalaridade (razão entre solutos e água);
 Hormônio Antidiurético (ADH). Regulação eletrolítica de sódio e potássio pela ação do hormônio aldosterona
(mineralocorticoide produzido na glândula suprarrenal) => aumenta a reabsorção de sódio e água e excreta o potássio;
 Regulação da pressão arterial por meio da liberação de Renina e ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona: Angiotensinogênio => Angiotensina I => ECA=> Angiotensina II => Vasoconstricção (aumento da PA) e
liberação de Aldosterona (Glândula suprarrenal) => Reabsorção de Na+ e H2O, Secreção de K+;
 Formação de urina (filtração glomerular e reabsorção e secreção tubular);
 Osmolalidade (grau de diluição ou de concentração da urina) e Osmolalaridade (razão entre solutos e água);
 Regulação da excreção de água;
 Regulação da excreção de eletrólitos;
 Depuração Renal: clearence renal se refere à capacidade dos rins de retirar solutos do plasma;
 Síntese de vitamina D: Os rins também são responsáveis pela conversão final da vitamina D inativa em sua forma
ativa, o 1,25-di-hidroxicolecalciferol;
 Manutenção dos níveis de cálcio e fosfato do sangue;
 Secreção de prostaglandinas: também produzem prostaglandina E, bem como prostaciclina (PGI2), tromboxanos
e leucotrienos, que exercem efeitos vasodilatadores;
 Excreção das escórias metabólicas;
 Armazenamento da urina e esvaziamento da bexiga.

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30-CPCON – 2020
Leia os itens abaixo e depois responda ao que se pede:
I- Diurese se refere à secreção de urina.
II- Disúria se refere a uma micção com presença de leucócitos na urina.
III- Nictúria se refere ao despertar à noite para urinar.
IV- Enurese se refere à emissão involuntária de urina frequentemente à noite.
V- Hematúria consiste na micção dolorosa ou difícil.

Em relação aos conceitos básicos e anormalidades do trato urinário, está CORRETA o que se afirma apenas
em:
A) III.
B) I, II e III.
C) II e V.
D) I, II e V
E) I, III e IV

DISTÚRBIOS DO SISTEMA RENAL E URINÁRIO

- Síndrome Nefrítica

A Síndrome Nefrítica Aguda é a manifestação clínica da inflamação glomerular. A Glomerulonefrite refere-se a uma
inflamação dos capilares glomerulares, que pode ocorrer nas formas aguda (pós-infecciosa) e crônica (autoimune),
quando complexos de antígeno-anticorpo formados no sangue são aprisionados nos glomérulos, estimulando a
inflamação e produzindo lesão renal.

- Etiologia

As doenças glomerulares primárias incluem a glomerulonefrite pós-infecciosa, a glomerulonefrite rapidamente


progressiva, a glomerulonefrite membrano-proliferativa e a glomerulonefrite membranosa. As principais causas pós-
infecciosas consistem em infecção da faringe por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A, em geral, manifesta-se
de 7 a 21 dias após o quadro infeccioso.

Pode ocorrer também após o impetigo (infecção da pele), após infecções virais agudas (infecções das vias
respiratórias superiores, caxumba, varicela-zóster, Epstein- -Barr, hepatite B e infecção pelo vírus da imunodeficiência
humana (HIV), antígenos externos ao corpo (p. ex., medicamentos, soro estranho) iniciam o processo, resultando no
depósito de complexos de antígeno-anticorpo nos glomérulos.

- Principais Manifestações

Características de apresentação de uma inflamação glomerular aguda consistem em:


 Retenção de sódio e água;
 Hipertensão arterial;
 Oligúria, ocasionalmente (DU<400ml/dia);
 Edema periorbital;
 Hematúria (a urina pode exibir uma coloração de coca-cola, devido à presença de hemácias e tampões ou
cilindros de proteína);
 Azotemia (concentração anormal de produtos de degradação nitrogenados no sangue).

Na maioria, observa-se alto grau de edema associado, hipoalbuminemia, hiperlipidemia e cilindros gordurosos na urina
e hipertensão, assim como proteinúria acentuada, podendo haver anemia também. Em casos mais graves, pode
ocorrer sobrecarga circulatória, com dispneia, veias jugulares ingurgitadas, cardiomegalia e edema pulmonar. Os
sintomas atípicos consistem em confusão, sonolência, convulsões e, frequentemente, são confundidos com os
sintomas de um distúrbio neurológico primário.

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- Diagnóstico

Rins tornam-se aumentados, edemaciados e congestos. Os pacientes com nefropatia por imunoglobulina A (IgA)
apresentam nível sérico elevado de IgA e níveis baixos a normais de complemento. A microscopia eletrônica e a
análise por imunofluorescência ajudam a identificar a natureza da lesão. Biopsia renal: para diagnóstico definitivo.

- Tratamento

A doença, em geral, é autolimitada.


 Corticosteroides;
 Manejo da hipertensão arterial;
 Controle da proteinúria;
 Se houver suspeita de infecção estreptocócica residual, a penicilina é o antibiótico de escolha;
 A proteína dietética é restrita quando há desenvolvimento de insuficiência renal e de retenção de nitrogênio (ureia
elevada).

Recomenda-se o repouso relativo, restrição hídrica, de sal e proteínas e balanço hídrico rigoroso. Uma dieta rica em
carboidratos oferta energia e reduz o catabolismo proteico.

- Complicações

 Encefalopatia hipertensiva;
 Insuficiência cardíaca;
 Edema pulmonar.

31-FGV - 2021 - FUNSAÚDE - CE


O paciente oligúrico apresenta, em 24 horas, um volume urinário abaixo de
A) 50 mL.
B) 100 mL.
C) 400 mL.
D) 600 mL.
E) 800 mL.

32-UNESC – 2022
Em relação a síndrome nefrítica aguda, é CORRETO afirmar que:
A) Na forma menos grave da doença, podem ocorrer cefaleia, mal-estar e dor no flanco.
B) Verifica-se a existência de algum grau de edema e hipertensão arterial na maioria dos clientes.
C) As principais características de apresentação de uma inflamação glomerular aguda consistem em hematúria,
edema, azotemia, que se refere a uma concentração normal de produtos de degradação nitrogenados no sangue.
D) Os níveis de ureia no sangue e os níveis séricos de creatinina podem diminuir à medida que o débito urinário
diminui, pode ocorrer anemia.

- Síndrome Nefrótica

A Síndrome Nefrótica é uma doença glomerular primária, caracterizada por aumento da permeabilidade glomerular e
que se manifesta por proteinúria maciça. Os achados clínicos consistem em aumento acentuado da proteína
(particularmente albumina) na urina (proteinúria), diminuição da albumina no sangue (hipoalbuminemia), edema difuso,
níveis séricos elevados de colesterol e lipoproteínas de baixa densidade (hiperlipidemia).

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A síndrome é aparente em qualquer condição que provoque grave lesão da membrana capilar dos glomérulos,
resultando em aumento da permeabilidade glomerular às proteínas plasmáticas na urina. Embora o fígado seja capaz
de aumentar a produção de albumina, ele não consegue acompanhar a perda diária de albumina através dos rins. Em
consequência, ocorre hipoalbuminemia.

ATENÇÃO! A Síndrome Nefrótica não se trata de uma doença glomerular específica, mas de uma constelação de
achados clínicos que resultam da lesão glomerular. Pode ocorrer ascite, mal-estar, cefaleia, tromboembolia, e
aterosclerose acelerada.

Outras maneiras de definir proteinúria nefrótica:

 Proteinúria maior do que 50 mg/kg de peso/24 horas;


 Índice proteinúria/creatininúria em amostra urinária maior do que 3,5;

A síndrome nefrótica não é uma doença glomerular específica, mas um agrupamento de achados clínicos, incluindo:
 Aumento acentuado de proteína (principalmente a albumina na urina);
 Diminuição da albumina no sangue (hipoalbuminemia);
 Edema;
 Colesterol e lipoproteína de baixa densidade sérica altos (hiperlipidemia).

- Manifestações clínicas

A principal manifestação da síndrome nefrótica é o edema. Ele é comumente macio, depressível e acontece em geral
ao redor dos olhos (periorbital), nas áreas pendentes (sacro, tornozelos e mãos) e no abdome (ascite). Os pacientes
também podem exibir irritabilidade, cefaleia e mal-estar.

- Diagnóstico

 Proteinúria: excedendo 3,5g/dia;


 Leucócitos aumentados na urina, bem como cilindros, granulosos e epiteliais;
 Biópsia renal.

- Complicações

As complicações de síndrome nefrótica incluem:


 Infecção (devido a uma resposta imune deficiente);
 Tromboembolismo (principalmente da veia renal);
 Embolia pulmonar, IRA (decorrente da hipovolemia);
 Aterosclerose acelerada (devido a hiperlipidemia).

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- Tratamento
 Diuréticos podem ser prescritos para pacientes com edema grave;
 O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) em combinação com diuréticos de alça
frequentemente reduz o grau de proteinúria;
 Agentes antineoplásicos: ciclosfosfamida;
 Imunossupressores: azatioprina; clorambucila ou ciclosporina, pode ser necessário repetir o tratamento com
corticosteroides quando ocorre a recidiva;
 Restrição de sódio e repouso podem ser suficientes. Em casos selecionados, é necessário o uso cuidadoso de
diuréticos;
 Dieta: 1 g/dia de proteínas com alto valor biológico. Calorias: 35 kcal/kg/dia;
 Tratamento específico dependendo da causa da síndrome.

- Assistência de enfermagem

 Observar os distúrbios hidroeletrolíticos comuns na doença renal;


 Alterações nos estados hidroeletrolíticos;
 Alterações nos estados cardíacos e neurológicos.

33-SELECON - 2022
Uma doença glomerular primária, caracterizada por proteinúria, hipoalbuminemia, edema difuso e
hiperlipidemia que pode gerar os sinais e sintomas como ascite, mal-estar, cefaleia, tromboembolia e
aterosclerose acelerada, é chamada de sindrome:
A) Patau
B) nefrite
C) nefrótica
D) Duchene

- Principais diferenças entre a síndrome nefrítica e a síndrome nefrótica

Urolitíase e Nefrolitíase

A urolitíase e a nefrolitíase referem-se à existência de cálculos nas vias urinárias e no rim, respectivamente.

- Fisiopatologia

Os cálculos formam-se no sistema urinário quando as concentrações urinárias de determinadas substâncias


aumentam, como oxalato de cálcio, fosfato de cálcio e ácido úrico. Esse processo, designado como supersaturação,
depende da quantidade da substância, da força iônica e do pH da urina. Os cálculos podem ser encontrados em
qualquer local, desde o rim até a bexiga, e podem variar quanto ao tamanho, desde minúsculos depósitos granulares,
denominados areia, até cálculos vesicais do tamanho de uma laranja.

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- Locais potenciais para urolitíase

- Manifestações clínicas

Os sinais e os sintomas de cálculos no sistema urinário dependem da existência de obstrução, infecção e edema.

Os cálculos na pelve renal causam dor intensa e profunda na região costo-vertebral. Com frequência, existe hematúria
e pode ocorrer também piúria. A dor, que se origina na área renal, irradia-se anteriormente e para baixo, em direção à
bexiga (na mulher) e aos testículos (no homem). Quando a dor se torna subitamente aguda, com dor à percussão da
área costo-vertebral, e aparecem náuseas e vômitos, o paciente está apresentando um episódio de cólica renal.
Diarreia e o desconforto abdominal são decorrentes dos reflexos renointestinais e da proximidade anatômica dos rins
com o estômago, o pâncreas e o intestino grosso.

Os cálculos alojados no ureter (obstrução ureteral) causam dor aguda, excruciante, em cólica e semelhante a uma
onda, que se irradia para baixo pela coxa e até a genitália. Com frequência, o paciente deseja urinar, porém elimina
pouca urina, que habitualmente contém sangue, devido à ação abrasiva do cálculo. Esse grupo de sintomas é
denominado cólica ureteral. A cólica é mediada pela prostaglandina E, uma substância que aumenta a contratilidade
ureteral e o fluxo sanguíneo renal e que leva a um aumento da pressão intraureteral, causando dor.

Os cálculos alojados na bexiga apresentam sinais/sintomas de irritação e podem estar associados a infecção urinária e
hematúria. Se o cálculo causar obstrução do colo da bexiga, ocorre retenção urinária. Se a infecção estiver associada a
um cálculo, a condição é muito mais grave, com risco potencial de desenvolvimento de urossepse.

- Diagnóstico

 TC sem contraste;
 A bioquímica do sangue e o exame da urina de 24 horas para determinação de cálcio, ácido úrico, creatinina,
sódio, pH e volume total podem constituir parte da investigação diagnóstica;
 Cálculos que são recuperados (sejam eles eliminados livremente pelo paciente ou removidos por procedimentos
especiais), efetua-se uma análise química para determinar sua composição.

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ATENÇÃO!! O paciente que precisa fazer a coleta de urina de 24 horas deve ser orientado a desprezar a primeira urina
do dia (que diz respeito ao trabalho de filtração renal do dia anterior) e só a partir disso começar a coleta de urina até o
dia seguinte, quando completar as 24 horas.

- Tratamento

As metas do manejo consistem em erradicar o cálculo, determinar o seu tipo, evitar a destruição dos néfrons, controlar
a infecção e aliviar qualquer obstrução.

Objetivo imediato do tratamento da cólica renal ou ureteral consiste em aliviar a dor até que a sua causa seja
eliminada. São administrados analgésicos opioides para evitar o choque e a síncope que podem resultar da dor
excruciante.

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) mostram-se efetivos no tratamento da dor causada por cálculos renais,
visto que proporcionam alívio da dor específica.

Os banhos quentes ou o calor úmido na área do flanco também podem ser úteis.

A não ser que o paciente esteja vomitando ou tenha insuficiência cardíaca ou qualquer outra condição que exija
restrição hídrica, incentiva-se o consumo de líquido. Isso aumenta a pressão hidrostática “atrás” dos cálculos, ajudando
a sua passagem para baixo.

A terapia nutricional é importante na prevenção dos cálculos renais. O consumo de líquidos constitui a base da maioria
das terapias clínicas para os cálculos renais. A não ser que os líquidos estejam contraindicados, os pacientes com
cálculos renais devem beber 8 a 10 copos de água de 240 m ℓ /dia ou ter soluções intravenosas prescritas para manter
a urina diluída. É aconselhável obter um débito urinário superior a 2 ℓ/ dia.

34-UFRJ - Técnico em Enfermagem - 2013


O paciente que irá fazer o exame de urina de 24 horas deverá ser orientado a:
A) coletar a primeira urina do dia e continuar coletando toda a urina até o dia seguinte, quando completar 24
horas.
B) desprezar o primeiro jato da urina do dia e, a partir daí, coletar toda a urina até o dia seguinte quando completar 24
horas.
C) seguir técnica asséptica ao desprezar o primeiro jato da urina do dia e, a partir daí, coletar toda a urina até o dia
seguinte, quando completar 24 horas.
D) desprezar toda a primeira urina do dia e, a partir daí coletar toda a urina até o dia seguinte quando completar 24
horas.
E) fazer higienização dos genitais externos com água e sabão ao desprezar o primeiro jato da urina do dia e, a
partir daí, coletar toda a urina até o dia seguinte quando completar 24 horas.

35-OBJETIVA - 2023
As concentrações urinárias de determinadas substâncias aumentam, como oxalato de cálcio, fosfato de cálcio
e ácido úrico. Essa fisiopatologia faz referência à:
A) Urolitíase.
B) Colite.
C) Gastrite nervosa.
D) Apendicite.

Insuficiência Renal Lesão Renal Aguda (LRA)

A lesão renal aguda refere-se a uma abrupta e rápida perda da função renal, devido à lesão dos rins. Dependendo da
duração e da gravidade da LRA, pode ocorrer uma ampla gama de complicações metabólicas potencialmente fatais,
incluindo acidose metabólica, bem como distúrbios hidroeletrolíticos.

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O tratamento tem por objetivo substituir temporariamente a função renal para minimizar as complicações
potencialmente fatais e reduzir as causas potenciais de lesão renal aumentada, com o objetivo de minimizar a perda a
longo prazo da função renal.

A LRA é um problema observado em clientes hospitalizados, bem como em clientes que estão em ambientes
ambulatoriais. Um critério amplamente aceito para a LRA consiste em uma elevação de 50% ou mais da creatinina
sérica acima de seu valor de referência (o nível normal de creatinina é inferior a 1 mg/dℓ). O volume urinário pode estar
normal, ou podem se observar alterações. As possíveis alterações consistem em oligúria (menos de 0,5 mℓ/kg/h), não
oligúria (superior a 800 mℓ/dia) ou anúria (inferior a 50 mℓ/dia).

ATENÇÃO!! Um dos sinais que indicam lesão renal aguda é um fluxo urinário, no período de 6 horas,
menor que 0,5mL/Kg/h.

- Categorias da lesão renal aguda

 Pré-renal: é causada por condições de hipoperfusão renal, tais como hipovolemia e hipotensão com redução do
fluxo renal (hemorragia, perdas renais/gostrointestinais), vasodilatação extrema (choque séptico, anafilaxia,
medicamento anti-hipertensivo) e déficit de contratilidade miocárdica (IAM, ICC, arritmias, choque cardiogênico).

 Intra-renal: é consequência da lesão parenquimatosa dos glomérulos e túbulos renais (lesão renal) como acontece
em ocasião de queimaduras, lesões por esmagamento, infecções, reações transfusionais, drogas nefrotóxicas (AINEs,
vancomicina, anfotericina, aminoglicosídeos como gentamicina), síndrome hemolítico- urêmica, rabdomiólise entre
outras.

 Pós-renal: secundária a obstrução das vias urinárias (cálculos, tumores, estenose, hiperplasia de próstata,
hidronefrose). Observação: A doença renal crônica (DRC), o diabetes melito (DM), a insuficiência cardíaca (IC), a
hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a cirrose podem levar à necrose tubular aguda.

ATENÇÃO! Um dos sinais que indicam lesão renal aguda é um fluxo urinário, no período de 6 horas, menor que
0,5mL/Kg/h.

36-FGV - 2021 - FUNSAÚDE


Um dos sinais que indicam lesão renal aguda é um fluxo urinário, no período de 6 horas, menor que
A) 0,5mL/Kg/h.
B) 0,7mL/Kg/h.
C) 0,9mL/Kg/h.
D) 1,0mL/Kg/h.
E) 1,5mL/Kg/h.

- Manifestações clínicas

 Pode ocorrer elevação uniforme do nível sanguíneo de ureia, dependendo do grau de catabolismo; os níveis
séricos de creatinina aumentam (acima de 1 mg/dℓ) com a evolução da doença;
 A hiperpotassemia pode levar a arritmias e parada cardíaca;

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 Podem-se observar a ocorrência de acidose progressiva, elevação nas concentrações séricas de fosfato e baixos
níveis séricos de cálcio;
 Ocorre anemia em consequência da perda de sangue provocada por lesões GI urêmicas, redução do tempo de
sobrevida dos eritrócitos e produção diminuída de eritropoetina. Observa-se a ocorrência de doença grave e letargia,
com náuseas, vômitos e diarreia persistentes;
 A pele e as mucosas estão secas;
 As manifestações do sistema nervoso central consistem em sonolência, cefaleia, contrações musculares e
convulsões;
 O débito urinário varia de escasso a normal; a urina pode apresentar sangue com densidade específica baixa.

- Diagnóstico
 Medições do débito urinário (oligúria: inferior a 0,5 mℓ/kg por hora; sem oligúria: acima de 800 mℓ/dia; ou anúria:
menos de 50 mℓ/dia);
 Possível ocorrência de hematúria; baixa densidade específica da urina (em comparação com um valor normal de
1,010 a 1,025);
 Classificação utilizando os critérios para LRA do grupo Acute Dialysis Quality Initiative (risco, lesão, falência, perda
e doença renal terminal);
 Azotemia pré-renal: quantidade diminuída de sódio na urina (menos de 20 mEq/ℓ) e sedimento urinário normal;
 Azotemia intrarrenal: em geral níveis urinários de sódio acima de 40 mEq/ℓ, com cilindros urinários e outros restos
celulares;
 Ultrassonografia, TC e RM dos rins;
 Análises dos níveis de ureia, creatinina e eletrólitos, incluindo hiperpotassemia e acidose metabólica.

37-FGV - 2021
O Enfermeiro, ao fechar o balanço hídrico de um paciente, observou que ele apresentava oligúria. Isso significa
que o volume urinário desse paciente, nas 24 horas, foi
A) inferior a 100 ml.
B) superior a 400 ml.
C) igual ou superior a 600 ml.
D) igual ou inferior a 400 ml.

38-FUNDATEC - 2021
Em muitas doenças, o controle e o registro de diurese do paciente são imprescindíveis para o
acompanhamento e tratamento da doença. Sabemos que um adequado registro e evolução do paciente exige
termos apropriados para a compreensão de toda a equipe de saúde. Sobre isso, assinale a alternativa abaixo
que apresenta a terminologia e seu significado de forma correta.
A) Oligúria: aumento no volume de urina excretada.
B) Poliúria: diminuição no volume de urina excretada.
C) Disúria: desconforto ao urinar.
D) Anúria: dor ao urinar.

- Tratamento
 O tratamento tem por objetivo restaurar o equilíbrio químico normal e evitar as complicações até que possam
ocorrer o reparo dos tecidos renais e a restauração da função renal.
 As possíveis causas da lesão são identificadas e tratadas.
 O equilíbrio hídrico é tratado com base no peso corporal diário, medições seriadas da pressão venosa central,
concentrações séricas e urinárias, perdas hídricas, pressão arterial e estado clínico do cliente. A existência de excesso
de líquidos é tratada com manitol, furosemida ou ácido etacrínico para iniciar a diurese e evitar ou minimizar o
desenvolvimento subsequente de insuficiência renal.
 O fluxo sanguíneo é restaurado para os rins com o uso de líquidos IV, albumina ou transfusões de
hemoderivados.
 A diálise (hemodiálise, hemofiltração ou diálise peritoneal) é iniciada para evitar as complicações, incluindo
hiperpotassemia, acidose metabólica, pericardite e edema pulmonar.
 Resinas de troca catiônica, como sulfonato de poliestireno sódico, são administradas por via oral ou por enema de
retenção.

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 Glicose a 50% por via IV, insulina e reposição de cálcio são administradas ao cliente que está
hemodinamicamente instável (hipotensão arterial, alterações do estado mental, arritmia), para tratamento de
hipercalemia >5,0 mEq/ℓ.
 O choque e a infecção são tratados, quando presentes. A gasometria arterial é monitorada na existência de
acidose grave. O bicarbonato de sódio é administrado para elevar o pH do plasma.
 Se houver desenvolvimento de problemas respiratórios, são instituídas medida de suporte ventilatório.
 São administrados agentes de ligação do fosfato para controlar as concentrações séricas elevadas de fosfato.
 A reposição de proteínas nutricionais é individualizada para proporcionar o máximo benefício e minimizar os
sintomas urêmicos. As necessidades calóricas são supridas com refeições ricas em carboidratos ou com nutrição
parenteral (NP). Os alimentos e líquidos contendo potássio e fósforo são restringidos.
 Os exames de bioquímica do sangue são realizados para determinar a quantidade de reposição de sódio,
potássio e água durante a fase de oligúria.

- Assistência de enfermagem
 Monitorar o equilíbrio hidroeletrolítico: a função cardíaca e o estado musculoesquelético do cliente são
rigorosamente monitorados à procura de sinais de hiperpotassemia;
 Monitorar o estado hídrico, dispensando uma atenção cuidadosa para o aporte de líquidos (os medicamentos
intravenosos devem ser administrados com o menor volume possível) para o débito urinário, a presença de edema
aparente, a ocorrência de distensão das veias jugulares, alterações nas bulhas cardíacas e sons respiratórios e
dificuldade crescente na respiração;
 A pesagem diária acurada e os registros do equilíbrio hídrico são essenciais;
 Redução da taxa metabólica: enfermeira toma as providências necessárias para reduzir a taxa metabólica do
cliente. O repouso no leito pode ser indicado para diminuir o esforço e a taxa metabólica durante o estágio mais
avançado do distúrbio. A febre e a infecção, que aumentam a taxa metabólica e o catabolismo, são evitadas ou
tratadas imediatamente;
 Cliente é auxiliado a mudar de decúbito, tossir e realizar respirações profundas com frequência, a fim de evitar o
desenvolvimento de atelectasia e infecção da via respiratória;
 A assepsia é essencial com linhas invasivas e cateteres, a fim de minimizar o risco de infecção e de aumento do
metabolismo. Evita-se o uso de cateter urinário de demora, sempre que possível, devido ao elevado risco de ITU
associado a seu uso;
 A pele pode ser seca ou suscetível à ruptura em consequência do edema; por conseguinte, é importante efetuar
um cuidado meticuloso da pele. Além disso, a escoriação e o prurido da pele podem resultar do depósito de toxinas
irritantes nos tecidos do cliente. Banhar o cliente com água fria, efetuar mudanças frequentes de decúbito e manter a
pele limpa e bem umidificada e as unhas das mãos cortadas para evitar a escoriação.

Doença Renal Crônica (DRC)

A Doença Renal Crônica (DRC) é um termo abrangente que descreve a ocorrência de lesão renal ou de diminuição da
taxa de filtração glomerular (TFG), de duração maior ou igual a 3 meses. A DRC está associada a uma diminuição na
qualidade de vida do indivíduo, aumento dos gastos relacionados com os cuidados da saúde e morte.

Sem tratamento, a DRC pode levar à Doença Renal Terminal (DRT), que constitui o estágio final da insuficiência renal.
A DRT resulta em retenção dos produtos de degradação urêmicos e necessidade de terapia de substituição renal,
diálise ou transplante de rim. Os fatores de risco incluem doença cardiovascular, diabetes melito, hipertensão arterial e
obesidade, entre outros.

O diabetes melito constitui a principal causa de DRC em clientes que iniciam a terapia de substituição renal. A segunda
causa principal é a hipertensão, seguida de glomerulonefrite e pielonefrite crônicas; distúrbios policísticos, hereditários
ou congênitos; e cânceres renais. Também pode ocorrer por obstruções do trato urinário, distúrbios vasculares,
infecções e medicações/agentes tóxicos.

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- Manifestações clínicas

Em geral se manifesta por azotemia, hipercalemia, hipertensão arterial, ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva),
congestão pulmonar, EAP (Edema Agudo de Pulmão), hipocalcemia (atentar para sinais de tetania = Trousseau e
Chvostec), anemia pela deficiência de eritropoietina, acidose metabólica, coma urêmico.

Numa avaliação por sistemas, aparecem as seguintes alterações:


 Neurológicos: fraqueza, fadiga, confusão, incapacidade de se concentrar, desorientação, tremores, inquietação
com as pernas, queimação na sola dos pés, alterações de comportamento.
 Tegumentares: coloração cutânea cinza-acobreado, pele seca e descamativa, prurido, equimose, unhas finas e
quebradiças, cabelos finos e ásperos.
 Cardiovasculares: hipertensão, edema depressível, edema periorbitário, hipercalemia, hiperlipidemia,
tamponamento cardíaco.
 Pulmonares: estertores, escarro espesso, dispneia, respiração de Kussmaul, dor pleurítica, reflexo de tosse
diminuído.
 Gastrointestinais: hálito urêmico, anorexia, vômitos, constipação ou diarreia, sangramento gastrointestinal.
 Hematológicos: anemia, trombocitopenia. • Reprodutivos: amenorreia, atrofia testicular, infertilidade, libido
diminuída.
 Musculoesqueléticos: cãibras, perda da força muscular, dor óssea, fraturas ósseas.

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- Alterações clínicas:
 Retenção de sódio e água: O rim não pode concentrar nem diluir normalmente a urina na DRET. Portanto, não
ocorrem as respostas renais adequadas às alterações na ingestão diária de água e eletrólitos. Alguns pacientes retêm
sódio e água, aumentando o risco para edema, insuficiência cardíaca e hipertensão. Outros pacientes apresentam
tendências para perder sódio e correm o risco de desenvolver hipotensão e hipovolemia.
 Acidose: Na doença renal avançada, a acidose metabólica acontece porque os rins são incapazes de excretar
cargas aumentadas de ácido. A secreção ácida diminuída resulta da incapacidade dos túbulos renais para excretar
amônia (NH-³) e para reabsorver o bicarbonato de sódio (HCO-³). Também existe excreção diminuída de fosfato e
outros orgânicos.
 Anemia: A anemia desenvolve-se em consequência da produção inadequada eritropoietina, o espectro de vida
encurtado dos eritrócitos, deficiências nutricionais e a tendências hemorrágicas do paciente, principalmente a partir do
trato GI.
 Distúrbios de cálcio e fósforo: Outra anormalidade importante observada na insuficiência renal crônica é um
distúrbio no metabolismo de cálcio e fósforo. Os níveis séricos de cálcio e fosfato possuem uma relação inversa no
organismo: quando um aumenta, o outro diminui. Com uma diminuição na filtração através do glomérulo do rim, há um
aumento no nível sérico de fosfato e uma diminuição inversa ou correspondente no nível sérico de cálcio. A doença
óssea urêmica, frequentemente chamada de osteodistrofia renal, desenvolve-se devido as alterações complexas no
equilíbrio do cálcio, fosfato e paratormônio.

- Complicações
 Pericardite: derrame pericárdico e tamponamento pericárdico devido à retenção dos produtos residuais urêmicos e
dialise inadequada;
 Hipertensão: decorrente da retenção de sódio e água e mau funcionamento do sistema renina-angiotensina-
aldosterona;
 Doença óssea, calcificação metastática e vasculares: devido a retenção do fósforo, níveis séricos de cálcio baixos,
metabolismo anormal de vitamina D e níveis de alumínio elevados;

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 Infecções: são as causas mais frequentes de complicações nos pacientes com IRA, principalmente nos casos de
pós-operatório. São também as causas mais frequentes de óbito. As infecções mais comuns são as pulmonares,
urinárias e sepse (80%, 60% e 30%, respectivamente). Os cateteres venosos, arteriais e vesicais, bem como os
acessos vasculares para tratamento dialítico se tornam as portas de entrada mais frequente dos agentes infecciosos;
 Complicações cirúrgicas: pacientes que desenvolvem IRA pós-cirurgia têm uma alta incidência de complicações,
geralmente difíceis de diagnosticar, ocorrem em 33% dos casos e tem 83% e mortalidade;
 Complicações gastrointestinais: o sangramento gastrointestinal não é tão frequente se o paciente estiver bem
dialisado. Os bloqueadores de secreção gástrica têm sua utilidade na profilaxia desses sangramentos. Frequentemente
os pacientes estão anoréticos e podem apresentar náuseas e vômitos;
 Outras complicações: insuficiência cardíaca por retenção de líquidos, confusão mental, convulsões e etc;
 Utilização de drogas: deve-se considerar que tanto em casos de IRA oligúrica, quanto não oligúrica, a depuração
da creatinina está geralmente abaixo de 10 mL/ min e a correção das dosagens deve ser feita de acordo com esse
parâmetro, evitando a utilização dos valores da creatinina sérica para cálculos do ajuste de drogas.

- Tratamento

O tratamento visa a manutenção da homeostase orgânica durante o quadro e a correção da causa básica. Pacientes
com boa diurese podem ser mantidos em tratamento conservador, sem necessidade de diálise, com a prescrição de
dieta hipoproteica com 0,6 g/kg de proteínas de alto valor biológico e hidratação baseada na diurese e outras perdas,
mantendo-se o balanço hídrico.

A diálise deve ser indicada nas seguintes condições:


 Uremia (definida por sinais e/ou sintomas);
 Hipervolemia;
 Hiperpotassemia;
 Acidose metabólica grave.

ATENÇÃO! Um dos cuidados de enfermagem para o paciente em acidose metabólica consiste em higiene oral
frequente.

Intoxicações por algumas drogas também podem ser tratadas com hemodiálise, que é efetiva para a retirada de
moléculas com pouca afinidade a lipídeos, baixa ligação a proteínas plasmáticas, com baixo volume de distribuição e
de baixo peso molecular.

Pacientes oligoanúricos e/ou hipercatabólicos devem ser submetidos a diálise precocemente, assim que se constate a
condição, e antes que a ureia atinja valores de 200 mg/dL. Nos pacientes criticamente enfermos e hipercatabólicos, a
necessidade proteica diária é mais elevada, variando de 1,2 a 1,5 g/kg/dia e está indicada terapia dialítica diária
enquanto o quadro persistir.

A modalidade dialítica a ser indicada depende das condições hemodinâmicas do paciente. Diálise peritoneal,
habitualmente, é a primeira indicação em pacientes pediátricos. Em adultos com boas condições hemodinâmicas, a
hemodiálise convencional deve ser a primeira escolha. Pode ser realizada sem heparina em casos onde haja
necessidade.

Procedimentos dialíticos contínuos (hemodiafiltração venovenosa contínua, hemofiltração venovenosa contínua) e


híbridos (hemodiálise diária estendida de baixo fluxo) estão indicados em pacientes com instabilidade hemodinâmica.

Procedimentos contínuos também estão relacionados à melhor depuração de citocinas inflamatórias, com benefício em
pacientes com sepse e melhor preservação da perfusão cerebral em pacientes com insuficiência hepática fulminante e
lesão cerebral aguda.

- Cuidados adicionais com o paciente com DRC (Diretrizes Clínicas para o cuidado ao paciente com DRC no
SUS - MS,2014):
 Tratamento da Anemia na DRC: a anemia é definida como concentração de hemoglobina menor do que 13,0 g/dl
entre os homens e 12,0 g/dl entre as mulheres. Sempre que o diagnóstico de anemia for feito, em qualquer estágio,
deve-se dosar a ferritina e o índice de saturação de transferrina, conforme descrito anteriormente. Duas estratégias

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devem ser consideradas, no que diz respeito especificamente à DRC: a reposição de ferro e o uso de agentes
estimuladores da eritopoese, a eritopoetina.

 Tratamento dos Distúrbios do Metabolismo Mineral e Ósseo na DRC: em relação aos distúrbios do
metabolismo mineral e ósseo (MMO), deve-se considerar como parâmetros para o tratamento os valores de fósforo,
PTH e vitamina D, apenas para pacientes com DRC nos estágios 3, 4 e 5. Os níveis séricos de fósforo de PTH devem
ser mantidos na faixa de normalidade, de acordo com o estágio da DRC. Os quelantes de fósforo devem ser prescritos
se, apesar da restrição dietética, o fósforo sérico ou o PTH estiverem acima dos níveis recomendados.

39-OBJETIVA - 2023
A doença renal, aguda ou crônica, é uma entidade nosológica que pode ser resultado de um processo
patológico primário ou uma complicação de doenças subjacentes como o diabetes melito. Sobre a função
renal, analisar os itens abaixo:
I. Insuficiência renal (IR) é a incapacidade de os rins executarem as principais funções de remover escórias
metabólicas do corpo ou realizar funções reguladoras.
II. Insuficiência renal crônica é uma doença de evolução prolongada, insidiosa, podendo ser assintomática, na qual
ocorre perda irreversível da função glomerular.
III. As manifestações clínicas gastrintestinais das disfunções urinária e renal incluem: náuseas, vômito, diarreia,
desconforto abdominal e íleo paralítico.

Está(ão) CORRETO(S):
A) Somente o item I. C) Somente os itens I e III.
B) Somente o item II. D) Todos os itens.

- Terapias de substituição renal (TSR ou diálise)

O tratamento dialítico tem como objetivo:


 Remover os subprodutos do metabolismo proteico (ureia, creatinina, ácido úrico);
 Remover o excesso de água;
 Restabelecer o equilíbrio ácido-base;
 Restabelecer o equilíbrio de eletrólitos.

As principais indicações clínicas para a realização de um tratamento dialítico são:


 Paciente oligúricos;
 Pacientes anúricos;
 Hipercalemia > 6,5mEq\L;
 Acidemias graves (pH< 7,1);
 Azotemia (ureia> 150mg\dL);
 Hipervolemia com sinais de congestão pulmonar, edema agudo de pulmão;
 Encefalopatia, pericardite e neuropatia urêmica.

A dialise é empregada para remover líquidos e produtos residuais urêmicos do organismo quando os rins não são
capazes de fazê-los. Pode ser utilizado para tratar pacientes com edema que não responde a outros tratamentos, coma
hepático, hipercalemia, hipercalcemia, hipertensão e uremia. Os métodos de terapia compreendem a hemodiálise e
diálise peritoneal. A necessidade de diálise pode ser aguda ou crônica.

ATENÇÃO! A principal indicação dialítica em paciente com lesão renal aguda é o potássio sérico > 6,5mEq/L.

40-FGV - 2021 - FUNSAÚDE


Assinale a opção que indica a principal indicação dialítica em paciente com lesão renal aguda.
A) Potássio sérico > 6,5mEq/L.
B) Acidose respiratória grave.
C) Oligúria por mais de 24 horas.
D) Ureia sérica > 45mg/dL.
E) Creatinina sérica > 3mg/dL.

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- Dispositivos de acesso vascular

Cateter venoso percutâneo: para acesso de poucas semanas. O acesso imediato à circulação do paciente para
hemodiálise aguda é alcançado inserindo-se um cateter calibroso, com dupla luz, na veia subclávia, jugular interna ou
femoral. Este método de acesso vascular envolve algum risco (p. ex., hematoma, pneumotórax, infecção, trombose da
veia subclávia, fluxo inadequado). O cateter é removido quando não é mais necessário (p. ex., devido à melhora da
condição do cliente ou ao estabelecimento de outro tipo de acesso permanente).

Fístula arteriovenosa (arterialização da veia ou FAV): é o acesso vascular permanente mais seguro e de mais longa
duração, utilizado em pacientes renais crônicos. Uma artéria e uma veia do paciente são cirurgicamente ligadas, o que
faz com que o sangue mantenha sua pressão alta e que a veia se dilate, permitindo inserções repetidas de agulhas. É
necessário aguardar de 4-6 semanas para início do uso da fístula, para “amadurecer” antes que possa ser utilizado. À
medida que a FAV amadurece, o segmento venoso se dilata, devido ao fluxo sanguíneo aumentado que provém
diretamente da artéria. Não se deve aferir PA neste membro nem utilizar a fístula para outras finalidades.

A hipotensão arterial é a principal complicação da diálise e as intervenções incluem reduzir a velocidade de


ultrafiltração e remoção de sódio, elevar os MMII e infundir solução salina. Também pode provocar dislipidemia,

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desequilíbrio hidroeletrolítico (síndrome do desequilíbrio pós-dialítico - cãibras, náuseas e vômitos, convulsões),


complicações hemorrágicas devido ao uso de heparina.

41-INSTITUTO AOCP - 2021


Quando um paciente com doença renal crônica é portador de shunt ou fístula arteriovenosa, é adequado
A) promover curativos circunferenciais que possam garrotear o membro.
B) manter o membro sempre para baixo.
C) realizar compressão adequada para hemostasia após a punção.
D) dar preferência para aferição de pressão arterial no membro com shunt.
E) utilizar a via venosa como a preferencial para infusão de antimicrobianos.

Hemodiálise (HD)

Método que utiliza os princípios de difusão, osmose e ultrafiltração para remoção de toxinas, escórias e excesso de
líquidos, a hemodiálise consiste na filtragem do sangue por via extracorpórea, através de uma membrana sintética
especial (contida em um dispositivo chamado dialisador) para extrair as substâncias nitrogenadas tóxicas do sangue e
remover o excesso de líquido. O sangue é bombeado através de tubos até o dialisador, onde ocorrem trocas seletivas
de substâncias com o meio externo, e retorna em seguida ao corpo do paciente.

O dialisador é banhado por uma solução aquosa denominada dialisato ou fluido de diálise, composto de eletrólitos,
bicarbonato e glicose dissolvidos em água pura, que não entra em contato direto com o sangue, mas troca substâncias
através da membrana do dialisador.

Compostos como ureia, creatinina, água em excesso, entre outros, passam pela membrana, indo do sangue para o
dialisato, assim como alguns eletrólitos, bicarbonato e glicose são transferidos do dialisato para o sangue.

A maioria dos clientes recebe hemodiálise intermitente, que consiste em tratamentos 3 vezes/semana, com duração
média entre 3 e 5h em um ambiente ambulatorial. A hemodiálise também pode ser realizada em casa pelo cliente e por
um cuidador familiar. Com a diálise domiciliar, o tempo de manejo e a sua frequência podem ser ajustados para suprir
as necessidades ideais do cliente.

- Complicações da hemodiálise

 Doença cardiovascular aterosclerótica;


 Hipertrigliceridemia;
 Insuficiência cardíaca;
 Doença de artéria coronária e dor anginosa;
 AVC;
 Doença vascular periférica;
 Insuficiência vascular periférica;
 Hipotensão (pode acontecer durante o tratamento, à medida que o líquido é removido);
 A cãimbra muscular dolorosa (pode acontecer tardiamente na diálise);

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 A exsanguinação (pode acontecer quando as linhas de sangue se destacam ou as agulhas de diálise se


deslocam);
 As arritmias (podem resultar de alterações eletrolíticas e de pH ou da remoção de medicamentos antiarrítmicos
durante a diálise);
 A embolia gasosa é rara, porém pode acontecer quando o ar penetra no sistema vascular;
 A dor torácica pode ocorrer nos pacientes com anemia ou cardiopatia arteriosclerótica.

Diálise Peritoneal (DP)

A diálise peritoneal pode ser o tratamento de escolha para pacientes com insuficiência renal que são incapazes ou não
têm vontade de se submeter à hemodiálise ou ao transplante renal. Pacientes com diabetes ou doença cardiovascular,
muitos idosos e aqueles que podem estar em risco para efeitos adversos da heparina sistêmica são candidatos
prováveis à diálise peritoneal.

Na DP, a membrana peritoneal que cobre os órgãos abdominais e que reveste a parede do abdome atua como
membrana semipermeável. O líquido do dialisado de dextrose estéril é introduzido na cavidade peritoneal por meio de
um cateter abdominal a determinados intervalos. Quando a solução estéril se encontra na cavidade peritoneal, as
toxinas urêmicas, como a ureia e a creatinina, começam a ser depuradas do sangue. Ocorrem difusão e osmose, à
medida que os produtos de degradação se movem de uma área de concentração mais elevada (a corrente sanguínea)
para uma área de menor concentração (o líquido do dialisado) por meio de uma membrana semipermeável (o
peritônio). A remoção do excesso de água durante a DP ocorre pelo fato de que o dialisado possui uma alta
concentração de glicose, tornando-o hipertônico. Um gradiente osmótico é criado entre o sangue e a solução do
dialisado.

São utilizados cateteres para uso por longo prazo (Tenckoff, Swan, Cruz), usualmente feitos de silicone, radiopacos, o
que permite sua visualização na radiografia.

- Preparando o Equipamento:
 Adicionar heparina para prevenir oclusão do cateter;
 O cloreto de potássio pode ser prescrito para evitar a hipocalemia;
 Os antibióticos podem ser prescritos para tratar a peritonite;
 Soluções frias podem provocar dor, cólicas e vasoconstricção, além de reduzirem o clearence de ureia, por isso,
as soluções são previamentre aquecidas até a temperatura corporal.

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Complicações da diálise peritoneal

Agudas:

Peritonite: complicação mais comum! Os sintomas de infecção são líquido de drenagem do dialisado turvo, dor
abdominal difusa e hipersensibilidade de rebote. A hipotensão e outros sinais de choque também podem ocorrer com a
infecção avançada. Em geral, são acrescentados antibióticos (aminoglicosídios ou cefalosporinas) às trocas
subsequentes, a administração intraperitoneal de antibióticos é tão efetiva quanto a administração por via intravenosa
e, portanto, é usada com mais frequência. A antibioticoterapia é mantida por 10 a 14 dias.

Vazamento: pode ocorrer extravasamento do dialisado no local do cateter imediatamente após a sua inserção. Em
geral, o vazamento cessa de modo espontâneo se a diálise for suspensa por vários dias, dando ao tecido que circunda
os cuffs localizados no cateter abdominal a possibilidade de infiltrar o Dacron e fechar o túnel de inserção. Pode-se
evitar o vazamento com o uso de pequenos volumes (500 mℓ) de dialisado, aumentando gradualmente o volume até
2.000 a 3.000 mℓ.

Sangramento: em certas ocasiões, pode-se observar um efluente sanguinolento (drenagem), particularmente em


mulheres jovens que menstruam (o líquido hipertônico puxa o sangue a partir do útero, através da abertura nas tubas
uterinas e para o interior da cavidade peritoneal). O sangramento também é comum durante as primeiras trocas depois
da inserção de um novo cateter, visto que uma certa quantidade de sangue penetra na cavidade abdominal após a
inserção.

De longo prazo:

Hipertrigliceridemia: é comum em clientes que se submetem a DP a longo prazo, sugerindo que a terapia pode
acelerar a aterogênese. A doença cardiovascular constitui a principal causa de morbidade e de mortalidade em clientes
com insuficiência renal, e muitos clientes apresentam um controle subótimo da pressão arterial. Devem-se utilizar
betabloqueadores e inibidores da ECA para controlar a hipertensão ou proteger o coração e deve-se considerar o uso
de ácido acetilsalicílico e estatinas.

Hérnias abdominais: incisional, inguinal, diafragmática e umbilical, provavelmente devido à pressão intra-abdominal
continuamente elevada. A elevação persistente da pressão intra-abdominal também agrava os sintomas da hérnia de
hiato e das hemorroidas.

Lombalgia e anorexia: devido ao líquido existente no abdome e a um sabor doce constante relacionado com a
absorção de glicose.

42-FGV - 2021 - FUNSAÚDE


Assinale a opção que indica a principal e mais grave complicação da diálise peritoneal.
A) Pielonefrite.
B) Peritonite.
C) Nefroesclerose.
D) Nefrite intersticial.
E) Necrose tubular.

43-CETREDE - 2021
A insuficiência renal é a incapacidade de os rins executarem suas principais funções, ou seja, a regulação de
líquidos, ácidos e a eliminação de substâncias de que o organismo não mais necessita. Sobre o procedimento
de diálise peritoneal, assinale a alternativa CORRETA.
A) A etapa da difusão é caracterizada pelo tempo em que a solução de diálise ficará em contato com o diafragma
B) A drenagem é a primeira fase de um ciclo de diálise peritoneal
C) Deve-se infundir cerca de 4.000 ml de solução padrão de diálise, aquecida a 37 graus
D) A hiperpotassemia não é um indicativo de diálise
E) Uma complicação da diálise peritoneal aguda é o sangramento em torno do cateter.

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SAÚDE DO IDOSO E DO HOMEM

O Conceito de Envelhecimento

O envelhecimento pode ser definido como “um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não
patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o
tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de
morte”, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

SEQUENCIAL INDIVIDUAL

UNIVERSAL ACUMULATIVO

PROCESSO

NÃO PATOLÓGICO IRREVERSÍVEL

A compreensão do envelhecimento como um processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos
indivíduos (senescência), que não costuma provocar qualquer problema e, em condições normais, podendo até ter
seus efeitos minimizados por meio da adoção de um estilo de vida saudável; além do entendimento das condições de
sobrecarga - doenças, acidentes e estresse emocional, por exemplo - pode ocasionar uma condição patológica que
requeira assistência (senilidade) tem sido amplamente explorados pelas bancas de concursos e deve ser bem
assimilada pelo candidato.

Epidemiologia

A epidemiologia do envelhecimento humano em todo planeta é fundamental para a compreensão do fenômeno. A


teoria que explica a dinâmica populacional é Transição Demográfica (TD) como uma conquista mundial. No
entanto, ela demonstra diferenças substanciais entre países desenvolvidos (com melhorias gerais das condições de

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vida) e em desenvolvimento (de forma socialmente desorganizada e com o setor de saúde inadequado para atender às
demandas das pessoas).

Um marco muito importante a ser compreendido é que as pessoas com idade ≥ 60 anos são consideradas idosas,
tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS), quanto o Estatuto do Idoso (EI) e a Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa (PNSPI). Isto posto, uma síntese da TD brasileira pode ser observada a seguir:

• Entre 1940 e 1970: alta fecundidade (número de filhos que uma mulher terá ao longo de sua vida reprodutiva), alta
mortalidade, pequena proporção de idosos;

• Entre 1970 e 2000: queda da fecundidade, baixa mortalidade, inchaço populacional, discreto aumento na
proporção de idosos;

• Entre 2000 e 2050: tendência de queda da fecundidade, baixa mortalidade e expressivo aumento da % de idosos.

44-FCC - 2023
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa tem por finalidade desenvolver ações que visam recuperar,
manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e
individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.
São beneficiados por essas ações todos os cidadãos brasileiros com idade mínima de
A) 60 anos.
B) 65 anos.
C) 50 anos.
D) 55 anos.
E) 80 anos.

A TD não deve ser confundida com a Transição Epidemiológica (TE), que se trata das modificações dos padrões
de morbidade, invalidez e mortalidade que caracterizam uma população e que ocorrem em consonância com a
TD. No caso da população idosa brasileira é caracterizado por:

• Substituição das doenças transmissíveis e agudas por Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e causas
externas como principais causas de morte (acidentes e violência);

• Deslocamento da carga de morbimortalidade da população mais jovem para os mais idosos;

• Transformação da situação de domínio de mortalidade para domínio da morbidade.

Desde o final da década de 90, a OMS tomou o termo Envelhecimento Ativo em substituição à expressão
“envelhecimento saudável” com o objetivo de incluir os múltiplos aspectos que afetam esse fenômeno, além dos
cuidados com a saúde. Essa expressão diz respeito ao envelhecimento que mantém a capacidade funcional e a
autonomia como meta de toda ação de saúde, permeando todas as fases da vida humana, desde o pré-natal até a
vehice. A abordagem do envelhecimento ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos das pessoas idosas e nos
princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização determinados pela ONU.

Em outubro de 2006, então, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) foi normatizada, com as principais
diretrizes:

• envelhecimento ativo, • fortalecimento do controle social,


• atenção integral e integrada à saúde da pessoa • garantia de orçamento, incentivo a estudos e
idosa, pesquisas.
• estímulo às ações intersetoriais,

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A meta final dessa política é atenção à saúde adequada e digna para os idosos, principalmente para aquela parcela da
população idosa que teve um processo de envelhecimento marcado por doenças e agravos que impõem sérias
limitações ao seu bem-estar.

Em 2017, a Lei nº 13.466/2017 alterou alguns artigos do Estatuto do Idoso a fim de estabelecer a prioridade especial
das pessoas maiores de 80 anos para atender suas necessidades preferencialmente em relação aos demais
idosos, inclusive em atendimentos de saúde, excetuando os casos de emergência.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a expectativa de vida é um fenômeno inédito na história: em 2050, a população
idosa ultrapassará a de jovens com idade < 15 anos. Tal projeção vem associada à mudança de alguns indicadores
sociais, principalmente à queda da fecundidade, natalidade (nascidos vivos/1000habitantes) e mortalidade infantil
(óbitos no primeiro ano de vida/1000 nascidos vivos), além do aumento da esperança de vida.

Quanto ao gênero, 55% da população idosa é formada por mulheres e essa proporção aumenta conforme a idade,
principalmente em zonas urbanas. Nas rurais, o predomínio é masculino, o que pode resultar em isolamento e
abandono desses idosos.

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45-UFG - 2023
A Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006, apresenta como diretrizes o estímulo às ações intersetoriais,
visando à integralidade da atenção, ao estímulo à participação e fortalecimento do controle social, ao apoio ao
desenvolvimento de estudos e pesquisas e à formação e educação permanente dos profissionais de saúde do
SUS na área de saúde da pessoa idosa. Essa Portaria aprovou a
A) Política Nacional de Promoção da Saúde.
B) Política Nacional de Humanização.
C) Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
D) Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.

Atenção à Saúde da Pessoa Idosa

O público idoso requer atenção à saúde constante, uma vez que é mais acometido pelas Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT), além de risco aumentado e progressivo com a idade e de estar associado a um grande
espectro de comorbidades. Tais condições geram processos de incapacidade que afetam a autonomia e a
idependência, impactando a qualidade de vida, impedindo-os de desempenhar Atividades de Vida Diária (AVD) - que
serão detalhadas mais adiante nessa apostila.

As políticas de saúde pública para os idosos têm como função promover o alcance da melhor qualidade de
vida possível associado ao aumento da longevidade. Os profissionais de saúde devem trabalhar para que o fenômeno
do envelhecimento se dê de forma ativa, com a implementação de uma cultura de valorização da pessoa idosa,
atenção aos seus direitos, preservação de sua independência, autonomia e dignidade. Para isso, é preciso
otimizar oportunidades de promoção à saúde, participação e segurança deste público.

Isso envolve um modo de viver mais saudável e seguro em todas as etapas da vida, favorecendo a prática
de atividades físicas no cotidiano e no lazer, a prevenção às situações de violência familiar e urbana, o acesso à
alimentos saudáveis e à redução do consumo de tabaco, por exemplo. Medidas assim contribuem para o alcance de
um envelhecimento rico em qualidade de vida e melhor status de saúde, além de reconhecer os idosos como
sujeitos responsáveis pelo autocuidado e aptos a exercer a própria cidadania.

Política Nacional de Humanização, o dispositivo Acolhimento e a Comunicação

A Política Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde, incentiva a valorização de todos os


atores e sujeitos participantes da produção da saúde e tem como parte de sua operacionalização a oferta de
dispositivos como o acolhimento - um modo de operar os processos de trabalho em saúde dando atenção a todos que
procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher,
escutar e pactuar respostas adequadas.

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Para a efetivação do Acolhimento da pessoa idosa, os profissionais de saúde devem compreender as


especificidades dessa população e a própria legislação brasileira vigente. Para isso, devem:

• Estar preparados para lidar com as questões do processo de envelhecimento, particularmente no que concerne à
dimensão subjetiva da pessoa idosa;
• Romper com a fragmentação do processo de trabalho e interação precária nas equipes multiprofissionais, pois, é
preciso reconhecer que a complementaridade interdisciplinar e a integração entre a rede básica e o sistema de
referências;
• Facilitar o acesso dos idosos aos diversos níveis de complexidade da atenção;
• Investir na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à saúde da pessoa idosa
.
No Acolhimento à pessoa idosa os profissionais de saúde devem estar atentos, entre outros aspectos, para:

• O estabelecimento de uma relação respeitosa, considerando que, com a experiência de toda uma vida, as pessoas se
tornam em geral mais sábias, desenvolvem maior senso de dignidade e prudência e esperam ser reconhecidas por
isso;

• Partir do pressuposto de que o idoso é capaz de compreender as perguntas que lhe são feitas ou as orientações que
lhe são fornecidas, nunca se dirigindo primeiramente a seu acompanhante;

• Chamar a pessoa idosa por seu nome e manter contato visual, preferencialmente, de frente e em local iluminado,
considerando um possível declínio visual ou auditivo;

• A utilização de uma linguagem clara, evitando-se a adoção de termos técnicos que podem não ser compreendidos.

A comunicação é considerada uma necessidade fundamental, cuja satisfação envolve um conjunto de condições
biopsicossociais. Comunicar envolve, além das palavras que são expressas por meio da fala ou da escrita, todos os
sinais transmitidos pelas expressões faciais, pelo corpo, postura corporal e distância que se mantém entre as
pessoas; a capacidade e jeito de tocar ou mesmo o silêncio em uma conversa. No que diz respeito à comunicação
com a pessoa idosa, deve-se observar algumas estratégias:

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Entre os maiores desafios da comunicação com a pessoa idosa, o principal é a deficiência auditiva, que gera o
maior distúrbio de comunicação entre esse público, muitas vezes impedindo-o de desempenhar plenamente seu papel
na sociedade. Algumas medidas simples podem auxiliar a comunicação com as pessoas idosas que apresentem
declínio auditivo:

• Evite ambientes ruidosos;


• Evite submeter as pessoas idosas a situações constrangedoras quando essas não entenderem o que lhes foi dito ou
pedirem para que a fala seja repetida;
• Procure falar de forma clara e pausada e, aumente o tom de voz somente se isso realmente for necessário e
posicione-se de frente, para que a pessoa idosa possa fazer a leitura labial.

As alterações vocais também são inerentes à senescência. Indivíduos que seguem as orientações de saúde vocal
durante sua vida podem minimizar as possíveis dificuldades decorrentes do avanço da idade. São elas:

• Evitar gritar ou falar com esforço; • Evitar álcool em excesso e cigarro;


• Evitar competir com outras vozes ou ruídos do ambiente; • Beber água quando falar muito ou cantar, pois, a água
• Evitar falar durante caminhada intensa, corrida ou hidrata o corpo e faz as pregas vocais funcionarem
ginástica, pois, isso dificulta a respiração solta e livre; melhor;
• Articular bem as palavras; • Evitar o pigarro e a tosse, exceto quando for reação a
• Verificar a necessidade e condições de próteses algum distúrbio;
dentárias e/ou auditivas; • Evitar mudanças bruscas de temperatura;
• Fazer atividades que estimulem o uso da voz como a • Diminuir a distância entre os falantes;
conversação e o canto; • Falar em ambiente iluminado para facilitar a leitura labial;
• Manter uma alimentação saudável; • Manter o convívio social e familiar.

O tipo de linguagem utilizada para se comunicar com idosos deve ser definida de acordo com observação da
sua habilidade cognitiva e de seu nível de orientação, considerando seus déficits sensoriais, o uso de medicações, à
postura e ao toque, expressos durante o atendimento. Se por um lado, as pessoas idosas podem apresentar algumas
dificuldades na comunicação verbal, por outro, elas podem estar muito atentas e treinadas na decodificação da
comunicação não-verbal, por já terem vivenciado inúmeras experiências ao longo da vida.

Outro ponto a ser considerado é que a pessoa idosa pode ter perdido a capacidade de escrever, falar, ler ou
entender o que os outros dizem, em consequência de alterações neurológicas. A falta dessas habilidades prejudica
sobremaneira seu desempenho social, comprometendo sua identidade, autoestima e qualidade de vida. Essas
dificuldades estão associadas, geralmente, à compreensão da linguagem e não necessariamente à capacidade
intelectual.

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Senescência, Senilidade e suas particularidades

Conceitos muito importantes de serem assimilados são os de senescência e senilidade: o primeiro nada mais é
que o processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos, que pode ter seus efeiros
amortecidos por um estilo de vida mais ativo e que, em condições normais, não provoca grandes problemas. Já o
segundo ocorre em situações de sobrecarga (estresse, doenças, acidentes) que reverberam em necessidade de
assistência.

Dois erros muito recorrentes na atenção à saúde do idoso que devem ser evitados: considerar que todas as
alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes da senescência (atitude que pode impedir a detecção
precoce de doenças e retardar o início do tratamento em tempo hábil) e tratar senescência como se fosse senilidade,
impondo a realização de exames e tratamentos desnecessários, originários de sinais e sintomas que podem ser
facilmente explicados pelo envelhecimento natural. Embora os processos incapacitantes tendam a ser mais
prevalentes com o avançar da idade, só o tempo não pode ser considerado como preditor único.

Fragilidade em Idosos

Ao assistir um paciente idoso, o profissional de saúde deve ter sempre em mente que não basta conhecer a
idade para estimar sua fragilidade. Pense no exemplo de dois indivíduos de 60 anos, em que um mantém desde
muito jovem hábitos de vida e rotina saudáveis e outro, com a mesma idade, com diagnóstico de hipertensão, diabetes,
comprometimento renal e hepático, estágio inicial de demência, além de hábitos elitista e tabagista. A diferença entre
os dois casos configura o conceito de heterogeinidade.

Assim, o conceito de fragilidade é: uma síndrome clínica caracterizada pela diminuição da reserva
energética e pela resistência reduzida aos estressores. Essa condição resulta de declínio cumulativo dos sistemas
fisiológicos e causa vulnerabilidade às condições adversas (declínio funcional, quedas, internação hospitalar,
institucionalização e óbito), por haver dificuldade de manutenção da homeostase em situações de exposição às
perturbações tais como alterações ambientais e variações na condição de saúde. São três as principais mudanças
relacionadas à idade que estão subjacentes à síndrome:
• alterações neuromusculares (principalmente sarcopenia);
• desregulação do sistema neuroendócrino;
• disfunção do sistema imunológico.

Hábitos de Vida Saudáveis na Promoção à Saúde da Pessoa Idosa

Para que a promoção de hábitos de vida saudáveis e a prevenção de doenças sejam adequadamente
implementadas, os profissionais de saúde devem elaborar estratégias com objetivo de alcançar um envelhecimento
mais ativo e saudável de seus pacientes, o que otimizará a qualidade de vida deles. Nesse sentido, três eixos devem
ser especialmente contemplados: alimentação, prática corporal/atividade física e trabalho em grupo.

No eixo alimentação, idosos saudáveis e aqueles que possuem diabetes, hipertensão, obesidade e
hipercolesterolemia podem receber orientações mais genéricas, que estejam em consonância com as melhores

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evidências disponíveis; caso sejam necessárias orientações nutricionais específicas, a equipe pode necessitar de um
suporte com nutricionista para desenvolver um planejamento da ação em conjunto. Um tema importante a ser
trabalhado sobre alimentação saudável é a leitura dos rótulos dos alimentos para escolhas de alimentos mais
saudáveis.

É bastante prevalente a inatividade física entre os idosos, um dos fatores de risco mais importantes para as
doenças crônicas, associadas a dieta inadequada e uso do fumo. O estilo de vida moderno propicia o gasto da maior
parte do tempo livre em atividades sedentárias, como por exemplo, assistir televisão ou usar o celular.

Em relação ao eixo incorporação da prática corporal / atividade física, aspectos facilitadores tais como o
incentivo de amigos e familiares, a procura por companhia ou ocupação, alguns programas específicos de atividade
física e, principalmente, a orientação do profissional de saúde estimulando a população idosa a incorporar um estilo de
vida mais saudável e ativo.

Os benefícios da prática corporal/atividade física para a saúde têm sido amplamente documentados. Os
principais benefícios biológicos, psicológicos e sociais proporcionados pelo desempenho da atividade física/prática
corporal podem ser observados no quadro a seguir:

Recomenda-se que haja sempre uma avaliação de saúde antes de iniciar qualquer prática corporal/atividade
física. No caso de exercícios, pode-se iniciar a prática corporal/atividade física antes da avaliação, para que essa não
se transforme em uma barreira para o engajamento da pessoa idosa na sua realização.

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Sugere-se a prática de 30 minutos de prática corporal/atividade física regular (ao menos três vezes por
semana). Os exercícios de força são os que realmente podem diminuir ou reverter alguma forma de perda de massa
muscular (sarcopenia) e óssea (osteoporose), sendo, portanto, as atividades de preferência na manutenção da
capacidade funcional e independência.

Já o eixo trabalho em grupos possibilita a ampliação do vínculo entre equipe e pessoa idosa, sendo um espaço
complementar da consulta individual, de troca de informações, de oferecimento de orientação e de educação em
saúde, uma vez que haja interesses e temas em comum entre seus participantes. Ele permite descobrir
potencialidades e trabalhar a vulnerabilidade e, consequentemente, eleva a autoestima, por meio de uma rede de apoio
para discussão das situações comuns vivenciadas no dia a dia.
Exemplo: HIPERDIA.

Avaliação da Pessoa Idosa

Outra peculiaridade importante dos idosos é que entre eles não se aplica o conceito de Doença Única, em que um
só problema explica todos os sinais e sintomas, uma vez que podem se tratar de várias alterações
concomitantes. É preciso tem em mente que a insuficiência de um sistema pode levar à insuficiência de outro, o que
costuma ser denominado “Efeito Cascata”. Observe alguns exemplos:

• uma pessoa idosa portadora de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) pode, após um quadro gripal,
desenvolver insuficiência respiratória;

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• uma pessoa idosa, normalmente muito comunicativa, de repente passa a ficar mais quieta, conversando menos
e, após algum tempo, começa a apresentar períodos de confusão mental. Nesse caso, é importante avaliar a presença
de infecções, mesmo na ausência de febre;
• um idoso com osteoartrose que apresente dor, tende a reduzir sua participação em atividades externas à sua
residência. Isso pode ocasionar um maior isolamento que, com o passar do tempo, pode levá-lo a desenvolver um
quadro depressivo.

As afecções em pessoas idosas costumam ter apresentações bem atípicas em relação às de um adulto jovem
uma vez que o processo natural de envelhecimento acaba interferindo nos mecanismos homeostáticos e nas
respostas orgânicas. Idosos têm, ainda, capacidade de reserva, defesa e adaptação diminuídos, tornando-se
mais vulneráveis aos estresses infecciosos, traumáticos e psicológicos, tendo sua saúde impactada mais
facilmente.

Avaliação de Incontinência Urinária

A Incontinência Urinária (IU) ou perda involuntária que pode variar desde um escape ocasional até uma incapacidade
total para segurar qualquer quantidade de urina, sendo um sério problema de saúde que afeta milhões de pessoas. O
distúrbio pode ocorrer em qualquer idade, tendendo a manifestar-se mais frequentemente com o aumentar da idade,
principalmente, nas mulheres (danos secundários à partos e, na perimenopausa, por hipotrofia dos tecidos que
revestem e envolvem a uretra, bexiga e vagina).

Entre os homens, o aumento da próstata é, provavelmente, o principal fator responsável pelas alterações do
fluxo urinário. As alterações da função vesical e da uretra que ocorrem em ambos os sexos incluem redução da
contratilidade e da capacidade vesical, declínio da habilidade para retardar a micção, aumento do volume residual
(para não mais de 50 a 100 ml) e aparecimento de contrações vesicais não inibidas pelo detrusor. Além disso, o
problema tende a aumentar à medida que aumentam o número de medicamentos em uso e as comorbidades.

Pessoas idosas não institucionalizadas, em até 30% dos casos, são acometidas por IU e, muitas vezes, não
referem o problema por pudor ou por acharem que se trata de uma condição inerente ao envelhecimento. Isso pode ter
repercussões intensas, ainda que sejam reversíveis (delírio, restrição de mobilidade, retenção urinária, infecções e
efeito medicamentoso) e, por esse motivo, devem ser adequadamente investigadas. A frequência e a importância do
evento estão associadas às repercussões emocionais e sociais.

As IU também predispõem às infecções urinárias e genitais; provoca maceração e ruptura da pele; facilita a
formação de úlceras por pressão, celulites; contribui para disfunção sexual e para perda da função renal; afeta a
qualidade do sono (normalmente interrompendo-o) e predispõe à ocorrência de quedas. Algumas vezes, é o primeiro e
único sintoma de infecção do trato urinário (ITU).

As causas de incontinência urinária na pessoa idosapodem ser divididas em agudas (temporárias) e crônicas.
As Causas Agudas – devem ser descartadas antes de se realizar qualquer outra intervenção:

• Endócrinas - hiperglicemia, hiperpotassemia, diabetes, vaginite atrófica. A hipotrofia dos tecidos periuretrais e
vaginais ocorre em mulheres após a menopausa e implica em adelgaçamento epitelial com perda do selo mucoso da

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uretra, irritação local, mucosa vaginal friável, com petéquias e eritema. A incontinência é caracterizada por urgência e
disúria.

• Psicológicas - depressão (quando severa, pode levar a pessoa a não se importar com perda urinária ou
reduzir a iniciativa de chegar ao banheiro), idéias delirantes.

• Farmacológicas - Efeitos adversos tratamentos medicamentosos. Os principais fármacos ou substâncias que


podem causar Incontinência são: diuréticos, anticolinérgicos, antide-pressivos, antipsicóticos, hipnóticos-sedativos,
narcóticos, agonista alfa-adrenérgico, antagonista alfa-adrenérgico, bloqueadores de cálcio, cafeína e álcool.

• Infecciosas - Infecção do trato urinário (ITU) sintomática trata-se de uma importante causa transitória de
incontinência urinária, uma vez que os sintomas de urgência miccional e disúria podem ser intensos a ponto de não
permitir a chegada ao banheiro a tempo; mas a ITU assintomática, muito comum em idosos, não é causa de
incontinência.

• Neurológicas - Doença vascular cerebral, doença de Parkinson, hidrocefalia normotensa; Delirium - deve ser
identificado, principalmente pela eventual morbimortalidade de sua causa de base - uma vez revertida essa causa,
tanto o delirium como a incontinência precipitada normalmente se resolvem; Redução da consciência, que leva à perda
da capacidade voluntária de contração esfincteriana.

• Redução da mobilidade pode impedir a pessoa de acessar o banheiro a tempo e pode ser causada por
fatores físicos (limitação ao leito ou cadeira de rodas) ou dificuldades de deambulação, por neuropatia diabética ou
osteoartrose, má acuidade visual, etc.

• Excesso de débito urinário - pode ocorrer em condições como hiperglicemia e hipercalcemia e com o uso de
diuréticos, inclusive cafeína e álcool.

• Obstipação Intestinal - impactação fecal (fecaloma) que pode levar a incontinência urinária e fecal e deve-se
fazer suspeita em caso da coexistência de ambas as condições. O mecanismo pode envolver o estímulo mecânico de
receptores opióides ou da uretra e bexiga. A remoção do fecaloma resolve ambas as condições.

As causas crônicas podem ser divididas em quatro grupos, cujos sintomas e causas mais frequentes
podem ser assim resumidos (sobre o conteúdo de IU, o quadro abaixo resume as cobranças mais explorada pelas
bancas de concursos de todo país):

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O processo diagnóstico pode identificar claramente o tipo e causa da incontinência. Todos os fatores que
possam precipitar uma incontinência transitória devem ser avaliados e manejados. Medidas gerais devem fazer parte
da orientação de todas as pessoas com incontinência e incluem:

• Evitar ingestão de grandes quantidades de líquidos quando não houver disponibilidade de banheiros
acessíveis.
• Evitar alimentos como cafeína e bebidas alcoólicas.
• Tratar adequadamente quadros de obstipação intestinal crônica.

As ações de intervenção para a incontinência urinária crônica constituem um amplo espectro, e ainda que a
maioria delas exija a participação de especialistas no assunto, o enfermeiro deve conhecê-las. Elas estão resumidas no
quadro a seguir:

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Outras medidas não farmacológicas incluem:

1. Adaptação e manipulação ambiental – facilitando acesso e uso do banheiro ou uso de coletores (urinol, papagaio ou
comadre) à beira do leito.
2. Terapias de comportamento (Exercícios de musculatura pélvica e treinamento vesical; treinamento do hábito e a
micção programada).

Destacamos o assunto “fortalecimento do assoalho pélvico”, que tem por objetivo aumentar a força e o
volume dos músculos do assoalho pélvico, incluindo os exercícios de Kegel, os cones vaginais e o biofeedack e a
estimulação elétrica (indicadas, somente, após diagnóstico e devendo ser orientadas ou acompanhadas por
profissionais treinados).

• Exercícios de Kegel: podem ser realizados em qualquer lugar, sentado, em pé ou deitado. Primeiro, a
pessoa deve identificar onde se localizam os seus músculos pélvicos. Uma maneira de fazê-lo é começar a urinar e
então tentar prender a urina. Se conseguir pelo menos diminuir o jato de urina, é porque está usando os músculos
corretos. A pessoa não deve contrair os músculos das nádegas ou os músculos abdominais. Para um treinamento de
força eficaz, recomenda-se de 8 a 12 contrações lentas e próximas da força máxima, com período de manutenção da
contração de pelo menos 6 segundos, em três séries, 3 a 4 vezes por semana.
• Cones vaginais:consiste na introdução vaginal de cones com diferentes pesos. Para retê-los é necessário a
contração da musculatura do assoalho pélvico. Fáceis de executar e de baixo custo.
• A Eletroestimulação e o Biofeedback: são técnicas que também podem ser utilizadas com bons resultados,
embora necessitem de profissionais especializados e aparelhos especiais, disponíveis em centros especializados.

Incontinência Fecal

• Indivíduos idosos, os com alterações do sistema nervoso central ou lesões têm um risco muito maior de
perda de controle intestinal e constipação grave do que outras pessoas.
• Pode ser muito difícil de tratar a constipação intestinal sem causar perdas fecais, ou para evitar as perdas
fecais sem causar obstipação.
• O treinamento intestinal pode ser útil para alcançar um padrão de evacuação eficaz.
• A orientação do paciente em treinamento intestinal contempla múltiplos aspectos como atenção à rotina, à
alimentação e hidratação, às atividades físicas, ao horário dos medicamentos, principalmente laxantes e
supositórios), massagem abdominal.

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Veja como esse assunto já foi abordado pela UFRJ:

46-(UFRJ, 2013) Um programa de treinamento intestinal pode ajudar alguns pacientes idosos com
incontinência a alcançar evacuação normal, especialmente aqueles que ainda têm algum controle
neuromuscular, e para atingir os objetivos deve oferecer:

A) diariamente amolecedores fecais por via oral ou supositórios catárticos no mínimo duas horas antes da hora
selecionada para evacuar.
B) em dias alternados amolecedores fecais por via oral ou supositórios catárticos no mínimo meia hora antes da hora
selecionada para evacuar
C) em dias alternados amolecedores fecais por via oral ou supositórios catárticos no mínimo duas horas antes da hora
selecionada para evacuar
D) em dias alternados supositórios catárticos no mínimo duas horas antes da hora selecionada para evacuar
E) diariamente amolecedores fecais por via oral ou supositórios catárticos no mínimo meia hora antes da hora
selecionada para evacuar.

Comentário:

A utilização de amolecedores fecais pela via oral (laxantes), deve ser realizada em base diária, sem rigor de horário em
relação ao horário da evacuação. No entanto, o uso de supositórios catárticos deve acontecer nos minutos que
precedem a evacuação, pois seu período de latência é de cerca de 30 minutos.

Avaliação da Sexualidade e Prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis em Idosos

Atualmente, são muitos os fatores que estimulam o prolongamento da atividade sexual desse grupo populacional:
maior expectativa de vida saudável, incremento da vida social e, consequentemente, da vida sexual (em decorrência
de novas drogas para a disfunção erétil, medicamentos que minimizam os efeitos da menopausa) fazendo com que os
homens e mulheres frequentem mais os serviços de saúde. A crescente difusão da prática de exercícios físicos,
turismo direcionado para esse segmento, dentre outros recursos, vem permitindo que os homens e as mulheres idosos
prolonguem ainda mais o exercício de sua sexualidade.

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Segundo o Ministério da Saúde, 74% dos homens e 56% das mulheres casadas mantêm vida sexual ativa
após os 60 anos. A identificação de disfunções sexuais pode indicar problemas fisiológicos e psicológicos, além de
serem, em muitos casos, resolvidos com orientação e educação adequadas, não devendo, assim, serem considerados
como parte normal do envelhecimeto. O enfermeiro deve considerar, especialmente, casos como artrites, diabetes,
fadiga, medo de infarto, efeitos colaterais de fármacos e álcool como condições que afetam o desempenho sexual.

As mulheres após a menopausa, principalmente, após os 60 anos, normalmente apresentam algum desconforto nas
relações sexuais com penetração vaginal, devido às condições de hipoestrogenismo e, consequentemente, hipotrofia
dos tecidos genitais. A utilização de um creme vaginal à base de estriol, 2ml, uma a duas vezes por semana, permite
uma manutenção do trofismo do epitélio (mucosa), favorecendo uma melhoria nas condições genitais para o exercício
pleno da sexualidade.

Outro fator importante a ser avaliado no atendimento à pessoa idosa está relacionado ao fato da epidemia de
HIV e aids em pessoas idosas no Brasil tem emergido como um problema de saúde pública, nos últimos anos, devido a
dois aspectos emergentes: incremento da notificação de transmissão do HIV após os 60 anos de idade e o
envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV. Segundo o IBGE, o grupo populacional com 60 anos ou mais
representa 8,6% da população em geral: cerca de 15 milhões de pessoas.

A incidência de aids entre as pessoas idosas está em torno de 2,1%, sendo a relação sexual a forma
predominante de infecção pelo HIV. Mas há uma crescente evidência de que esse grupo está se infectando cada vez
mais não só pelo HIV, mas também, por outras doenças sexualmente transmissíveis como sífilis e gonorreia.

Por isso, deve fazer parte da avaliação sistemática das pessoas idosas sexualmente ativas a investigação de
infecções sexualmente transmissíveis/AIDS, por meio de perguntas diretas e bem especificas para obter histórico de
ISTs, com oportuna orientação acerca dos métodos de prevenção.

As intervenções de prevenção dirigidas aos idosos devem focar em:


• Estimular o acesso e utilização correta dos preservativos masculino e feminino e a lubrificantes.
• Testar, diagnosticar e tratar com procedimentos que levem em consideração as necessidades desse grupo
populacional.
• Incluir a prevenção de DST-HIV/AIDS focando as especificidades desse grupo, na rede de Atenção Básica.
• Fomentar a mobilização de organizações da sociedade civil e do protagonismo, para a realização de
trabalhos preventivos específicos para idosos.
• Articular intra e intersetorialmente a garantia de ampliação e continuidade das ações.

Avaliação da Vacinação

A situação vacinal da pessoa idosa também deve ser inquirida de forma sistemática. Recomenda-se uma dose anual
da vacina contra influenza no outono, partir de 60 anos de idade, pois existe um risco aumentado de formas graves e
óbito pelas complicações dessa infecção, bem como hospitalização e morte, principalmente entre individuos com
doenças crônicas cardiovasculares e pulmonares. Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas ou
medicamentos, em diferentes sítios anatômicos.

Idosos com mais de 60 anos constituem grupo de risco para complicações e mortalidade por doenças
pneumocócicas e devem também receber ao menos uma dose de vacina antipneumocócica durante a vida (os idosos

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institucionalizados e não vacinados deverão receber uma dose da vacina e outra após cinco anos da primeira, caso a
institucionalização persista; além desses, aqueles com DCNT podem receber essa vacina, desde que haja prescrição
médica).

Além disso, a vacina dupla adulto (dT – contra difteria e tétano) deve ser administrada em três doses para
idosos não vacinados ou naqueles com história vacinal desconhecida e depois a cada dez anos (podendo ser
reforçada em cinco anos no caso de ferimentos considerados “sujos”). A vacina para Hepatite B, a depender da
situação vacinal, em três doses (esquema 0 – 1 - 6 meses) ou completar o esquema.

Após a avaliação de risco/benefício, idosos não imunizados previamente podem receber uma dose da vacina
para Febre Amarela, a depender da situação epidemiológica local. Todas as vacinas deverão ser registradas na
Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa para o acompanhamento das datas.

Demência e Avaliação Cognitiva

Demência se trata de uma síndrome clínica decorrente de doença ou disfunção cerebral, de natureza crônica e
progressiva, na qual ocorre perturbação de múltiplas funções cognitivas, incluindo memória, atenção e
aprendizado, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, linguagem e julgamento. O comprometimento das
funções cognitivas é comumente acompanhado, e ocasionalmente precedido, por deterioração do controle
emocional, comportamento social ou motivação.

A demência produz um declínio apreciável no funcionamento intelectual que interfere nas atividades de vida diárias
(higiene pessoal, vestimenta, alimentação, atividades fisiológicas e de toalete). Entre as pessoas idosas, a demência
faz parte do grupo das mais importantes doenças que acarretam declínio funcional progressivo e perda
gradual da autonomia e da independência. A incidência e a prevalência das demências aumentam
exponencialmente com a idade.

Vários são os tipos e as causas de demências e elas podem ser classificas em reversíveis ou irreversíveis. A seguir
serão apresentados os tipos mais comuns de demências irreversíveis, assim como suas características principais:

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São causas reversíveis de demência:

• Uso de medicamentos (psicotrópicos e analgésicos narcóticos).


• Metabólica (distúrbio hidroeletrolítco, desidratação, insuficiência renal ou hepática e hipoxemia).
• Neurológica (hidrocefalia de pressão normal, tumor e hematoma subdural crônico).
• Infecciosas (Meningite crônica, AIDS, neurossífilis).
• Colágeno-Vascular (lúpus eritematoso sistêmico, arterite temporal, vasculite reumatóide, sarcoidose e púrpura
trombocitopênica trombótica).
• Endócrinas (doença tireoidiana, doença paratireoidiana, doença da adrenal e doença da pituitária).
• Nutricionais (deficiência de vitamina B12, ácido fólico, tiamina e niacina).
• Alcoolismo crônico.
• Outras (DPOC, insuficiência cardíaca congestiva e apnéia do sono).

Entre todos os tipos de demências, a Doença de Alzheimer (DA) é a mais prevalente e, provavelmente por isso,
a mais explorada pelas bancas, por isso discutiremos esse tipo pormenorizadamente. Trata-se de uma doença
cerebral degenerativa primária, de etiologia pouco conhecida, com aspectos neuropatológicos e
neuroquímicos característicos.

Possui como fatores de risco:


• hipertensão arterial,
• diabetes,
• processos isquêmicos cerebrais e
• dislipidemia.

Fatores genéticos são relevantes, pois além da idade a existência de um familiar próximo com demência é o único
fator sistematicamente associado. A baixa escolaridade e baixa atividade intelectual também estão fortemente
relacionadas com o desenvolvimento da DA. De forma oposta, ainda que não esteja claramente explicado o
mecanismo, o estímulo para que os idosos mantenham sua mente ativa se trata de uma medida profilática.

A DA evolui em três estágios hierárquicos que podem sofrer alterações (aspectos explorados em provas de
concursos de todo país):

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• Fase inicial: é caracterizada por sintomas vagos e difusos, que se desenvolvem insidiosamente sendo o
comprometimento da memória o sintoma mais proeminente e precoce, em especial a memória recente. Com
frequência, as pessoas acometidas perdem objetos pessoais (chaves, carteira, óculos) e se esquecem dos alimentos
em preparo no fogão.
Há desorientação progressiva em relação ao tempo e ao espaço. Em alguns casos podem apresentar perda de
concentração, desatenção, perda de iniciativa, retraimento social, abandono dos passatempos, mudanças de humor
(depressão) alterações de comportamento (explosões de raiva, ansiedade, irritabilidade e hiperatividade) e mais
raramente idéias delirantes.

• Fase intermediária: caracteriza-se por deterioração mais acentuada dos déficits de memória e pelo acometimento de
outros domínios da cognição, como afasia, agnosia, alterações visuoespaciais e visuoconstrutivas e apraxia. Os
distúrbios de linguagem inicialmente caracterizados pela dificuldade de nomeação, progridem, com dificuldade na
escrita, empobrecimento de vocabulário, parafasias semânticas e fonêmicas, perseverações, perda de conteúdo e
dificuldade de compreensão.
A capacidade de aprendizado, a memória remota, a capacidade em fazer cálculos, abstrações, resolver problemas,
organizar, planejar e realizar tarefas em etapas são seriamente comprometidas. O julgamento é alterado, perdendo a
noção de riscos. Essas alterações levam a um progressivo declínio funcional, hierárquico de AIVD para AVD. Pode
ocorrer ainda agitação, perambulação, agressividade, questionamentos repetitivos, reações catastróficas, distúrbios do
sono e a denominada “síndrome do entardecer”, ou seja, a ocorrência de confusão mental e alterações de
comportamento, geralmente, próximos do horário do pôr do sol.

• Fase avançada ou estágio terminal: todas as funções cognitivas estão gravemente comprometidas com dificuldade
para reconhecer pessoas e espaços familiares. Tornam-se totalmente dependentes para as AVD. Acentuam-se as
alterações de linguagem, podendo ocorrer drástica redução da fluência levando o paciente a comunicarem-se por meio
de ecolalias, vocalizações inarticuladas, sons incompreensíveis e jargões semânticos, até alcançarem o mutismo.
Na fase final, geralmente, estão acamados e incontinentes e normalmente acabam falecendo por alguma complicação
da síndrome da imobilidade.

O diagnóstico definitivo da DA só é realizado mediante estudo histopatológico post-mortem do cérebro, por este
motivo, o que se pode fazer um diagnóstico eminentemente clínico e de exclusão. Os possíveis diagnósticos
diferenciais são: depressão, transtorno psicótico de início tardio e delirium. A depressão pode estar presente em até
metade dos quadros iniciais de DA e a ocorrência do delirium, confusão mental aguda, geralmente, por causa orgânica
ou medicamentosa, denota uma fragilidade cerebral e, muitas vezes, é a manifestação inicial de um quadro de DA.

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Os desempenhos físico e social da pessoa idosa dependem diretamente da sua função cognitiva, por isso,
essa avaliação faz parte do exame clínico desses pacientes e o melhor instrumento para isso é o Mini Exame do
Estado Mental (MEEM), dada sua aplicação rápida e fácil.

Outros testes que podem ser utilizados para a avaliação cognitiva são:

• Desenho do Relógio (solicitar à pessoa idosa que desenhe um mostrador de relógio com números e, em
seguida, solicitar que sejam acrescentados os ponteiros do relógio, representando ali um horário específico, por
exemplo, 2 horas e 50 minutos);

• Teste de Fluência Verbal por Categorias Semânticas (solicitar à pessoa idosa que diga o maior número
possível de animais em 1(um) minuto);

• Questionário Pfeffer / QPAF – Questionário Pfeffer de Avaliação Funcional (uma escala de 11 questões
aplicada ao acompanhante ou cuidador da pessoa idosa discorrendo sobre a capacidade desse em desempenhar
determinadas funções. As respostas seguem um padrão: sim é capaz (0); nunca o fez, mas poderia fazer agora (0);
com alguma dificuldade, mas faz (1); nunca fez e teria dificuldade agora (1); necessita de ajuda (2); não é capaz (3).
A pontuação máxima é igual a 33 pontos e pontuações de seis ou mais sugerem maior dependência).

A equipe de enfermagem deve estar apta a reconhecer os indícios precoces de deterioração cognitiva em
pessoas idosas. Diagnosticada a demência, deve ser definidas várias medidas para assegurar o bem-estar da
pessoa, conforme proposto no quadro a seguir:

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Caso, ao final dos testes, ainda haja dúvidas acerca do diagnóstico, a pessoa idosa deverá ser encaminhada
para testes neuropsicológicos mais elaborados.

Avaliação de Depressão

Por se tratar de um dos transtornos psiquiátricos mais prevalentes entre as pessoas idosas, principalmente
estre as do sexo feminino e naquelas que estão institocionalizadas, deve ter seus sintomas avaliados,
diferenciando-se a tristeza da depressão, em especial. Idosos com depressão tendem a apresentar maior
comprometimento físico, social e funcional, o que afeta muito sua qualidade de vida, o que exige identificação e
tratamento precoces, por meio de um Projeto Terapêutico Singular (PTS).

A depressão é a doença psiquiátrica mais comum que leva ao suicídio e os idosos formam o grupo etário, que com
mais frequência, se suicida. Costumam utilizar os meios mais letais, ainda que não se possa ignorar os chamados
suicídios latentes ou passivos - abandono de tratamento e recusa alimentar. Os fatores de risco incluem: isolamento,
dificuldades nas relações pessoais, problemas de comunicação e conflitos com a família ou com outras pessoas, além
de episódios de violência intrafamiliar.

Outras situações importantes a serem consideradas na investigação do humor depressivo são:

• Antecedentes depressivos prévios.


• Institucionalização.
• Doença incapacitante, sobretudo se há deterioração
funcional implicando numa mudança brusca e rápida. • Morte de cônjuge, familiar ou amigo próximo.

• Doença dolorosa (neoplasia, doença osteoarticular • Uso de medicamentos como os benzodiazepínicos,


deformante). betabloqueadores, metildopa, reserpina, clonidina,
cinarizina, flunarizina, digoxina e esteróides.
• Abandono e/ou maus tratos.

ATENÇÃO às situações que, quando associadas, podem sugerir perfil suicida na pessoa idosa:

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• Sexo masculino. • Doença médica severa, dolorosa, incapacitante.

• Viver só. • Perda recente do cônjuge.

• Doença depressiva severa. • Institucionalizado ou dependente de cuidados de longa


duração.
• Insônia persistente.
• Etilista.
• Inquietude psicomotora importante.
• Ter sentimentos de culpa excessiva.

O tratamento da depressão contemplará:

• a promoção da saúde e a reabilitação psicossocial;


• a prevenção de recorrências, a piora de outras doenças presentes e do suicídio;
• a melhora cognitiva e funcional e;
• ajuda para que a pessoa idosa possa lidar com suas dificuldades.

A depressão é um transtorno crônico e recorrente, quando não tratada adequadamente. A cronificação,


geralmente, está associada a:

• Demora em iniciar o tratamento.


• Tratamento baseado apenas na medicalização.
• Utilização de medicações inadequadas e em doses inadequadas.
• Descontinuidade ou redução precoce da medicação.

O atendimento individual inclui: acompanhamento e orientação; psicoterapia e farmacoterapia. Já os atendimentos


coletivos podem ser dar por meio de grupos e de atividades comunitárias.

Veja como esse assunto já foi abordado pela UFRJ:

47-(UFRJ, 2013) A Doença de Pick é um tipo de demência caracterizada por:

A) deficiência nutricional, principalmente de vitamina B12, problemas de concentração, fadiga, depressão e


perda do equilíbrio
B) início a partir de 45 anos, o comprometimento da memória é tardio e são comuns alterações do
comportamento sexual, alteração da linguagem e ganho de peso
C) início insidioso, perda de memória e declínio cognitivo lento e progressivo, há desorientação progressiva em
relação ao tempo e espaço
D) início abrupto, geralmente após um episódio vascular, com deteriorização em degraus e flutuação do déficit
cognitivo
E) fadiga matutina, retardo psicomotor, redução da afetividade, com progressão rápida e perda de memória para
acontecimentos recentes

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Comentário:

A deficiência de tiamina e de vitamina B12, em si, podem causar sintomas como palidez, fraqueza, fadiga,
tonturas, além de alterações de humor e equilíbrio. Quando essa falta é muito grave, pode ocorrer lesão nervosa,
formigamentos e alterações de sensibilidade em mãos e pés.

A Doença de Alzheimer é caracterizada por um início insidioso, perda de memória e declínio cognitivo lento e
progressivo, há desorientação progressiva em relação ao tempo e espaço. Já a Demência Vascular é aquela cujo início
abrupto, geralmente após um episódio vascular, com deteriorização em degraus e flutuação do déficit cognitivo.

Já sintomas como fadiga matutina, retardo psicomotor, redução da afetividade, com progressão rápida e perda
de memória para acontecimentos recentes, são característicos da depressão.

Assim, a Doença de Pick está adequadamente descrita por detalhes como início a partir de 45 anos, o
comprometimento da memória é tardio e são comuns alterações do comportamento sexual, alteração da linguagem e
ganho de peso.

Avaliação da Mobilidade, do Risco de Quedas e Osteoporose

Pessoas idosas têm grande risco para instabilidade postural, alterações de marcha e quedas devido a acometimentos
motores, sensório, de equilíbrio e cognitivos. Os passos tipicamente cutos, lentos e arrastados predispõem o idoso a
acidentes.

É preciso destacar que eventos adversos como quedas representam um sério problema associado a elevados índices
de morbi-mortalidade, redução da capacidade funcional e institucionalização precoce. O enfermeiro deve questionar a
ocorrência e frequência o tipo de quedas, bem como os fatores ambientais a que o idoso está exposto (escadas,
ausência de diferenciação de degraus e corrimãos, iluminação inadequada, tapetes soltos, obstáculos como fios
elétricos, pisos mal-conservados, etc), registrando as informações na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Suas
consequências incluem: injúria, incapacidade, institucionalização e morte (como resultado da combinação de alta
incidência com alta suscetibilidade a lesões).

Cerca de 30% das pessoas idosas caem a cada ano. Essa taxa aumenta para 40% entre os idosos com mais de 80
anos e 50% entre os que residem em ILPI. As mulheres tendem a cair mais que os homens até os 75 anos de
idade, a partir dessa idade as frequências se igualam. Dos que caem, cerca de 2,5% requerem hospitalização e

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desses, apenas metade sobreviverá após um ano. As causas mais comuns relacionadas às quedas de pessoas idosas
na comunidade são:

• Relacionadas ao ambiente.
• Lesão no SNC.
• Fraqueza/distúrbios de equilíbrio e marcha.
• Síncope.
• Tontura/vertigem.
• Redução da visão.
• Alteração postural/hipotensão ortostática.

Os fatores de risco podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos. Fatores intrínsecos:decorrem das
alterações fisiológicas relacionadas ao avançar da idade, da presença de doenças, de fatores psicológicos e de
reações adversas de medicações em uso:

• idosos com mais de 80 anos;


• fraqueza muscular de MMII e MMSS (hand grip);
• sexo feminino;
• alterações cognitivas;
• imobilidade;
• doença de Parkinson;
• quedas precedentes;
• polifarmácia (5 ou mais remédios);
• equilíbrio diminuído;
• uso de hipoglicemiantes orais, anti-
• marcha lenta e com passos curtos; hipertensivossedativos, antiarrítmico, hipnóticos e
ansioliticos.
• baixa aptidão física;

Fatores extrínsecos: relacionados aos comportamentos e atividades das pessoas idosas e ao meio ambiente.

• Ambientes inseguros e mal iluminados,

• mal planejados e mal construídos,

• com barreiras arquitetônicas representam os principais fatores de risco para quedas.

A maioria das quedas acidentais ocorre dentro de casa ou em seus arredores, geralmente durante o
desempenho de atividades cotidianas como caminhar, mudar de posição, ir ao banheiro. A influência dos fatores

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ambientais no risco de quedas associa-se ao estado funcional e mobilidade da pessoa idosa: quanto mais frágil, mais
suscetível. São fatores que agravam a ocorrência de lesão na queda:

• Ausência de reflexos de proteção; • Idade avançada;

• Densidade mineral óssea reduzida – osteoporose; • Resistência e rigidez da superfície sobre a qual se cai;

• Desnutrição; • Dificuldade para levantar-se após a queda.

Quedas com impacto direto sobre quadril e punho têm maior probabilidade de resultar em fraturas.
Quando há uma superfície intermediária, por exemplo, uma cadeira, a probabilidade de ocorrer fratura diminui, bem
como com aqueles que conseguem reduzir a energia da queda, segurando-se.

A avaliação da queda visa:

a) Identificar a causa que levou a queda e tratá-la.


b) Reconhecer fatores de risco para prevenir futuros eventos, implementando intervenções adequadas.

Os riscos domésticos para queda incluem:

Medidas práticas para minimizar as quedas e suas consequências entre as pessoas idosas:

a) Educação para o autocuidado.


b) Utilização de dispositivos de auxílio à marcha (quando necessário) como bengalas, andadores e cadeiras de
rodas.
c) Utilização criteriosa de medicamentos.
d) Adaptação do meio AMBIENTE (residência e locais públicos):

• Acomodação de gêneros alimentícios e de outros objetos de uso cotidiano em locais de fácil acesso, evitando-se a
necessidade de uso de escadas e banquinhos.

• Orientação para a reorganização do ambiente interno à residência, com o consentimento da pessoa idosa e da
família.

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• Sugerir a colocação de um diferenciador de degraus nas escadas bem como iluminação adequada, corrimãos
bilaterais para apoio e retirada de tapetes no início e fim da escada.

• Colocação de pisos antiderrapantes e barras de apoio nos banheiros, evitar o uso de banheiras, orientar o banho
sentado quando da instabilidade postural e orientar a não trancar o banheiro.

Veja como esse assunto já foi abordado pela UFRJ:

48-(UFRJ, 2016) Um paciente de 72 anos de idade foi internado no setor de clínica médica para tratamento de
diabetes mellitus, com histórico de hipertensão arterial sistêmica, arritmia cardíaca, diminuição da acuidade
visual, desequilíbrio postural e histórico de queda. O referido paciente faz uso de hipoglicemiante oral,
diurético, anti-hipertensivo e antiarrítmico. Considerando o perfil deste paciente, assinale a alternativa que,
respectivamente, configura os fatores de risco para quedas e as medidas preventivas específicas.
A) Alteração no equilíbrio corporal; orientar o paciente a levantar-se do leito somente com o auxílio do acompanhante
ou familiar.
B) Incontinência ou urgência urinária; orientar o paciente e o acompanhante ou familiar sobre a utilização de aparelho
auditivo ao sair da cama.
C) Uso de medicamentos como hipoglicemiante oral, antiarrítmicos e diuréticos; orientar o paciente e acompanhante
sobre os efeitos colaterais desses medicamentos que podem potencializar a queda.
D) Comprometimento sensorial visual; auxiliar o paciente a locomover-se em cadeira de rodas.
E) Histórico de queda; restringir a independência e a autonomia para a deambulação e manter o paciente restrito ao
leito.

Comentários:

Não há indicação de orientar o paciente a levantar-se do leito somente com o auxílio do acompanhante ou familiar
quando ele está internado na unidade de saúde, pois a equipe de enfermagem também pode auxiliá-lo a levantar-se.

As incontinências não têm relação necessária com a utilização de aparelhos auditivos.

Também não há a correlação entre a diminuição da acuidade visual e o uso de cadeira de rodas.

Por fim, não se deve restringir a independência, muito menos a autonomia do paciente por conta de um histórico de
quedas.

Assim, a única alternativa viável é a terceira, uma vez que ela descreve medicamentos que, de fato, aumentam o risco
de quedas e uma das medidas preventivas para evitar esse evento adverso é, ustamente, orientar o paciente,
familiares e cuidadores sobre os efeitos colaterais da terapia.

Outro aspecto importante a ser avaliado é a Osteoporose, doença sistêmica progressiva que leva a uma desordem
esquelética, caracterizada por força óssea comprometida, predispondo a um aumento do risco de fratura (força óssea,
primariamente, reflete integração entre densidade e qualidade óssea). Considerada pela OMS como “a epidemia

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silenciosa do século” e um problema de saúde pública mundial que afeta indivíduos de maior idade, de ambos os
sexos, mas, principalmente, mulheres na pós-menopausa, que também apresentam mais fraturas.

Destaque-se a gravidade das fraturas de corpos vertebrais e de quadril: a mortalidade das pessoas com fratura de
quadril é de 10 a 20% em seis meses e, do restante, 50% precisarão de algum tipo de auxílio para deambular
(caminhar) e 25% necessitarão de assistência domiciliar ou internação em casas geriátricas.

Uma formação óssea adequada nas duas primeiras décadas de vida é fundamental para se evitar a osteoporose,
sendo que o pico da massa óssea é atingido entre a adolescência e os 35 anos de idade, sendo 20 a 30% maior nos
homens e 10% maior nos negros. A genética contribui com cerca de 70% para o pico de massa óssea, enquanto o
restante fica por conta da ingestão de cálcio, exposição ao sol, exercícios físicos e época de puberdade -
aproximadamente 60% da massa óssea são formados durante o desenvolvimento puberal.

Alguns anos após a formação óssea máxima, inicia-se uma redução progressiva, com uma média de perda de
0,3% ao ano para os homens e 1% ao ano para as mulheres. Na pós-menopausa ocorre uma diminuição acelerada da
massa óssea, a qual pode ser até 10 vezes maior do que a observada no período de pré-menopausa, sendo que nos
primeiros 5 a 10 anos que seguem a última menstruação, essa perda pode ser de 2% a 4% ao ano para osso
trabecular e de 1% ao ano para o osso cortical.

Os fatores de risco para osteoporose e fraturas ósseas podem ser divididos em maiores e menores:

A incidência de osteoporose pode ser impactada por meio de medidas preventivas desde a infância e por toda a vida
(realização de exercícios com frequência regular, associada à uma dieta rica em cálcio e exposição regular ao sol por
causa da vitamina D). O tratamento da osteoporose também inclui dieta, atividade física, exposição solar, além das
medidas preventivas de quedas e uso de medicamentos. No caso da osteoporose secundária, além das medidas
citadas anteriormente, a terapia deverá ser direcionada à doença de base estabelecida.

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Avaliação da Capacidade Funcional

Por meio da Avaliação da Capacidade Funcional (ACF), os profissionais de saúde podem estebelecer
diagnóstico, prognóstico e julgamento clínico precisos que subsidiarão o delineamento de uma linha de
cuidado e a necessidade de apoio da equipe multiprofissional. Por ser um parâmetro passível de ser associado a
outros indicadores de saúde, são úteis para determinar efetividade e eficiência das ações em saúde.

A ACF verifica e sistematiza o impacto das doenças e agravos no desempenho, autonomia e independência
nas AVDs. A dependência funcional deve ser evitada ou postergada num trabalho conjunto entre o idoso, a equipe de
saúde e sua rede social.

Compreendida como uma tentativa sistematizada de avaliar de forma objetiva os níveis no qual uma
pessoa está funcionando numa variedade de áreas utilizando diferentes habilidades, a ACF determinará
comprometimentos e necessidade de auxílio. Didaticamente as Atividades de Vida Diária são subdivididas em:

a) Atividades Bábicas de Vida Diária (ABVD): relacionadas ao autocuidado (alimentar-se; banhar-se; vestir-se;
mobilizar-se; deambular; usar o banheiro e; controlar as necessidades fisiológicas).
A Escala mais utilizada é a de Katz, planejada para medir a habilidade da pessoa em desempenhar suas
atividades cotidianas de forma independente e assim determinar as necessárias intervenções de reabilitação.

b) Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD): relacionadas à participação do idoso em seu entorno social e
indicam a capacidade de um indivíduo em levar uma vida independente em comunidade (utilizar meios de
transporte; manipular medicamentos; fazer compras; realizar tarefas domésticas; usar o telefone; preparar refeições e;
administrar as próprias finanças). A Escala mais utilizada é a de Lawton.

Aqui, três conceitos apresentam-se interligados e interdependentes quando se discute o processo


incapacitante entre a população idosa:

• Autonomia– pode ser definida como autogoverno e se expressa na liberdade para agir e para tomar decisões.

• Independência– significa ser capaz de realizar as atividades sem ajuda de outra pessoa.

• Dependência– significa não ser capaz de realizar as atividades cotidianas sem a ajuda de outra pessoa.

49-FAU - 2022
São as alterações pelas quais o corpo passa e que são decorrentes de processos fisiológicos, que não
caracterizam doenças e são comuns a todos os elementos da mesma espécie, com variações biológicas, como
a queda ou o embranquecimento dos cabelos, a perda de flexibilidade da pele e o aparecimento de rugas:
A) Senilidade.
B) Convalescência.
C) Senescência.
D) Homeostasia reversa.
E) Arco senil.

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50-ARES – 2021
A enfermeira de uma instituição de longa permanência acompanha um idoso com crônica “perda involuntária
de urina que ocorre imediatamente após uma forte sensação de iminência para urinar”, não conseguindo
chegar ao banheiro em tempo de evitar a perda urinária. De acordo com a taxonomia NANDA-I (2018-2020), a
enfermeira identifica que o idoso apresenta o diagnóstico de enfermagem:
A) Incontinência urinária de esforço.
B) Incontinência urinária de urgência.
C) Incontinência urinária funcional.
D) Incontinência urinária reflexa.

SAÚDE DO HOMEM

O SUS, inicialemente, deu prioridade à Atenção à Saúde da Criança e da Mulher, mas, desde meados dos
anos 2000, passou a considerar a importância de atender às demandas específicas da Saúde do Idoso e do Homem.

Os homens, especificamente, habituaram-se a evitar o contato com os espaços da saúde orgulhando-se de


uma pretensa “invulnerabilidade”. Avessos à prevenção e ao autocuidado, é comum que protelem a procura de
atendimento, permitindo agravemento das doenças e ocasionando, ao final, maiores problemas e despesas para si e
para o sistema de saúde, que é obrigado a intervir nas fases mais avançadas.

De acordo com o Ministério da Saúde (2009), 49% da população brasileira é constituída por homens, sendo
27% do total de brasileiros com idade entre 20 e 59 anos de idade, o que significa nada menos que 52 milhões de
indivíduos, na prática pouco visibilizados ainda nas estratégias públicas de atenção à saúde. Não há como esquecer,
ainda, que do total de 38 milhões de trabalhadores brasileiros no setor formal da economia, 22,5 milhões são do sexo
masculino.

ATENÇÃO!! O foco da área de atenção à saúde masculina é o grupo de 20 a 59 anos e essa informação
já constituiu questão de prova algumas vezes.

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51-FAUEL – 2023
Vários estudos comparativos, entre homens e mulheres, têm comprovado o fato de que os homens são
mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais precocemente
que as mulheres. Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as
medidas de prevenção primária. Sendo assim, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
(PNAISH) foi instituída em 2009, com o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população masculina na faixa
etária de:
A) 18 a 55 anos.
B) 18 a 69 anos.
C) 20 a 59 anos.
D) 20 a 69 anos.
E) 25 a 79 anos.

Os desafios incluem o enfrentamento das causas externas (acidentes e violência) de mortalidade que acomete
esse público: a violência, por exemplo, vitima no geral o dobro de homens em relação às mulheres, e ao triplo, se
considerarmos a faixa de 20 a 39 anos. Enquanto isso, de cada cem óbitos em acidentes de transporte terrestre,
oitenta e dois são de homens, em geral jovens.

Outro aspecto relevante é considerar que a 60% dos óbitos por causa cardiovasculares se dão entre homens. Ainda
em 2009, a esperança de vida ao nascer já atingiu a média de 76,71 anos para as mulheres e 69,11 para os homens,
um indicador cuja melhoria está ligada fundamentalmente à elevação da expectativa de vida dos homens.

Estudos comparativos têm comprovado o fato de que, em relação às mulheres, os homens são mais vulneráveis às
doenças, sobretudo no que se refere a enfermidades graves e crônicas, além de morrerem mais precocemente. A
despeito disso, os homens não buscam, como as mulheres, os serviços de atenção básica.

Uma questão apontada pelos homens para a não procura pelos serviços de saúde está ligada à sua posição de
provedor: alegam que o horário do funcionamento dos serviços coincide com a carga horária do trabalho, o que faz
sentido, ao se considerar o papel historicamente atribuído ao homem de ser responsável pelo sustento da família.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), formulada para promover ações de saúde
que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos contextos
socioculturais e político-econômicos, está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entradado
SUS.

Além disso, a ênfase dessa política está reservada para o trabalho de prevenção, promoção e proteção básica à
saúde, com fundamento no conceito mestre de que cada homem pode manter-se saudável em qualquer idade. Para
isso, a PNAISH vem para qualificar a saúde da população masculina na perspectiva de linhas de cuidado que
resguardem a integralidade da atenção.

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Mobilizar a população masculina brasileira pela luta e garantia do direito social à saúde é um dos desafios da
política, que pretende tornar os homens protagonistas de demandas que consolidem seus direitos de cidadania.

ATENÇÃO!! A PNAISH considera a heterogeneidade das possibilidades de ser homem. As masculinidades são
construídas historicamente e sócio-culturalmente, sendo a significação da masculinidade um processo em permanente
construção e transformação. O ser homem, assim como o ser mulher é 7 constituído tanto a partir do masculino como
do feminino. Masculino e feminino são modelos culturais de gênero que convivem no imaginário dos homens e das
mulheres.

PNAISH

Na formulação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem teve-se também a clareza de integrá-la
às outras Políticas de Saúde. Uma referência importante para a Política é o Pacto pela Vida – um compromisso entre
gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam um impacto sobre a saúde da população brasileira – que
define como um de seus eixos principais a Saúde do Homem.

A PNAISH foi estabelecida por meio da Portaria nº 1.944 de 27 de agosto de 2009 e, atualmente, está consolidada
na Portaria de Consolidação nº2 de 2017, mais especificamente no anexo XII, o que significa que qualquer alteração
futura deverá ser verificada nesta última:

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OBJETIVO GERAL

Promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo
efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade dessa população, através do enfrentamento racional dos
fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde.

PRINCÍPIOS DA PNAISH

I - Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde voltados para a população masculina, abrangendo a
disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;
II - Humanização e qualificação da atenção à saúde do homem, com vistas à garantia, promoção e proteção dos
direitos do homem, em conformidade com os preceitos éticos e suas peculiaridades socioculturais;
III - Orientação à população masculina, aos familiares e à comunidade sobre a promoção, a prevenção, a
proteção, o tratamento e a recuperação dos agravos e das enfermidades do homem.

Para cumprir esses princípios de humanização e da qualidade da atenção integral devem-se considerar os
seguintes elementos:

1. Acesso da população masculina aos serviços de saúde hierarquizados nos diferentes níveis de atenção e
organizados em rede, possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas e acompanhamento do usuário
pela equipe de saúde;

2. Articular-se com as diversas áreas do governo com o setor privado e a sociedade, compondo redes de
compromisso e corresponsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da população masculina;

3. Informações e orientação à população masculina, aos familiares e a comunidade sobre a promoção, prevenção e
tratamento dos agravos e das enfermidades do homem;

4. Captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primaria relativa às doenças
cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes;

5. Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o atendimento do homem;

6. Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;

7. Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação continuada dos serviços e do desempenho dos


profissionais de saúde, com participação dos usuários;

8. Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores monitorar as ações e serviços e avaliar seu
impacto, redefinindo as estratégias e/ou atividades que se fizerem necessárias.

Veja como esse assunto já foi abordado pela UFRJ:

52-(UFRJ, 2016) A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem objetiva orientar as ações e
serviços de saúde para a população masculina, com integralidade e equidade, primando pela humanização e
qualidade da atenção. Com base no exposto, assinale a alternativa correta quanto ao cumprimento desses
princípios de humanização e de qualidade da atenção integral.
A) Captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primária, considerando,
principalmente, a melhoria do grau de resolutividade dos problemas relacionados às doenças psicossomáticas e o
acompanhamento do usuário pela equipe de saúde.
B) Articulação das diversas áreas do governo com o setor privado e a sociedade, imputando ao setor privado
a responsabilidade e o compromisso quanto à saúde e à qualidade de vida da população masculina.
C) Capacitação técnica, principalmente, dos profissionais de saúde de hospitais universitários para o
atendimento do homem; possibilitando a melhoria do grau de resoluti- vidade dos problemas e o acompanhamento do
usuário pela equipe de saúde.

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D) Acesso da população masculina aos serviços de saúde hierarquizados, nos diferentes níveis de atenção e
organizados em rede, possibilitando a melhoria do grau de resolutividade dos problemas e o acompanhamento do
usuário pela equipe de saúde.
E) Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação continuada dos serviços e do
desempenho dos profissionais de saúde, sem considerar a participação dos usuários.

Comentários:

Na verdade, a captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primaria relativa às doenças
cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes e não aos problemas psicossomáticos.

Também não há nenhuma imputação de responsabilidade ao setor provado, mas sim uma rede de apoio formada
por diversos setores da sociedade.

A captação técnica deve ser dos profissionais de saúde em geral, e não apenas daqueles que atendem a um
determinado nível de atenção.

Nenhuma avaliação de desempenho no SUS desconsidera a participação dos usuários.

De fato, o acesso da população masculina aos serviços de saúde hierarquizados nos diferentes níveis de atenção e
organizados em rede, possibilitando melhoria do grau de resolutividade dos problemas e acompanhamento do usuário
pela equipe de saúde , constitui um elemento a ser considerado no cumprimento dos princípios de humanização e
qualidade integral contidos na PNAISH.

53-UFRJ - 2013
Sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PSH), estabelecida pela Portaria Nº 1.944,
de 27 de agosto de 2009, assinale a alternativa INCORRETA.
A) A PSH está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entrada do Sistema Único de
Saúde – e com as estratégias de humanização em saúde, em consonância com os princípios do SUS.
B) A implementação da política deverá ocorrer de forma independente das demais políticas existentes, numa
lógica hierarquizada de atenção à saúde, priorizando a atenção primária como porta de entrada de um sistema
de saúde universal, integral e equânime.
C) Essa política tem como princípios a humanização e a qualidade, que implicam a promoção, reconhecimento e
respeito à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas peculiaridades socioculturais.
D) A PSH deve considerar a heterogeneidade das possibilidades de ser homem. As masculinidades são
construídas historicamente e socioculturalmente, sendo a significação da masculinidade um processo em
permanente construção e
transformação.
E) A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade,
mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família.

DIRETRIZES

I - Integralidade, que abrange:


a) assistência à saúde do usuário em todos os níveis da atenção, na perspectiva de uma linha de cuidado que
estabeleça uma dinâmica de referência e de contrarreferência entre a atenção básica e as de média e alta
complexidade, assegurando a continuidade no processo de atenção;

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b) compreensão sobre os agravos e a complexidade dos modos de vida e da situação social do indivíduo, a fim de
promover intervenções sistêmicas que envolvam, inclusive, as determinações sociais sobre a saúde e a doença;
II -organização dos serviços públicos de saúde de modo a acolher e fazer com que o homem sinta-se integrado;
III - implementação hierarquizada da política, priorizando a atenção básica;
IV - priorização da atenção básica, com foco na estratégia de Saúde da Família;
V -reorganização das ações de saúde, por meio de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os
serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde reconheçam os homens
como sujeitos que necessitem de cuidados; e
VI - integração da execução da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem às demais políticas,
programas, estratégias e ações do Ministério da Saúde.

ATENÇÃO!! Tais diretrizes foram elaboradas visando:


 integralidade,
 factibilidade,
 coerência e
 viabilidade.
Todas norteadas pela humanização e a qualidade da assistência, princípios que devem permear todas as ações.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PNAISH

I - promover a mudança de paradigmas no que concerne à percepção da população masculina em relação ao cuidado
com a sua saúde e a saúde de sua família;
II - captar precocemente a população masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças
cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes;
III - organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo o território brasileiro, a atenção integral à saúde do homem;
IV - fortalecer a assistência básica no cuidado com o homem, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da
atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde;
V - capacitar e qualificar os profissionais da rede básica para o correto atendimento à saúde do homem;
VI - implantar e implementar a atenção à saúde sexual e reprodutiva dos homens, incluindo as ações de planejamento
e assistência às disfunções sexuais e reprodutivas, com enfoque na infertilidade;
VII - ampliar e qualificar a atenção ao planejamento reprodutivo masculino;
VIII - estimular a participação e a inclusão do homem nas ações de planejamento de sua vida sexual e reprodutiva,
enfocando as ações educativas, inclusive no que toca à paternidade;
IX - garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária masculina nos termos da legislação específica;
X - promover a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV;
XI - garantir o acesso aos serviços especializados de atenção secundária e terciária;
XII - promover a atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em situação de risco, e em situação carcerária,
entre outros;
XIII - estimular a articulação das ações governamentais com as da sociedade civil organizada, a fim de possibilitar o
protagonismo social na enunciação das reais condições de saúde da população masculina, inclusive no tocante à
ampla divulgação das medidas preventivas;
XIV -ampliar o acesso às informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e as enfermidades que atingem
a população masculina;

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XV - incluir o enfoque de gênero, orientação sexual, identidade de gênero e condição étnico-racial nas ações
socioeducativas;
XVI - estimular, na população masculina, o cuidado com sua própria saúde, visando à realização de exames
preventivos regulares e à adoção de hábitos saudáveis; e
XVII - aperfeiçoar os sistemas de informação de maneira a possibilitar um melhor monitoramento que permita tomadas
de decisão.

ATENÇÃO!! Observe que todos os objetivos iniciam-se com verbos no infinitivo.

Conforme o Ministério da Saúde (2018), para atingir o seu objetivo geral de promover a melhoria das condições de
saúde da população masculina adulta – 20 a 59 anos – do Brasil, a PNAISH é desenvolvida a partir de cinco (05) eixos
temáticos:

1- ACESSO E ACOLHIMENTO: Objetiva reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual
os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços
reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados.

2- SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA: Busca sensibilizar gestores(as), profissionais de saúde e a população em


geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os envolvendo nas ações voltadas
a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática.

3- PATERNIDADE E CUIDADO: Objetiva sensibilizar gestores(as), profissionais de saúde e a população em geral


sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado
com seus(uas) filhos(as), destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de
vínculos saudáveis entre crianças, homens e suas (eus) parceiras(os).

4- DOENÇAS PREVALENTES NA POPULAÇÃO MASCULINA: Busca fortalecer A assistência básica no cuidado à


saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos
fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.

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5- PREVENÇÃO DE ACIDENTES E VIOLÊNCIAS: Visa propor e/ou desenvolver ações que chamem
atenção para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência
urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral e os profissionais de saúde sobre o tema.

O IMPACTO DA VIOLÊNCIA E DOS ACIDENTES NA SAÚDE DO HOMEM

A violência é um fenômeno difuso, complexo, multicausal, com raízes em fatores sociais, culturais, políticos,
econômicos e psicobiológicos, que envolve práticas em diferentes níveis. O homem é mais vulnerável à violência, seja
como autor, seja como vítima, especialemente adolescentes e jovens.

ATENÇÃO!! A violência, no sentido amplo, deve ser compreendida como determinante dos indicadores de
morbimortalidade por causas externas em todas as suas dimensões, a saber: acidentes por transporte, agressões e
lesões autoprovocadas voluntariamente e/ou suicídios, de acordo com os dados apresentados na PNAISH
(CONASS, 2007).

A agressividade está biologicamente associada ao sexo masculino e, em grande parte, vinculada ao uso abusivo
de álcool, de drogas ilícitas e ao acesso as armas de fogo. Sob o ponto de vista sociocultural, a violência é uma forma
social de poder que fragiliza a própria pessoa que a pratica. Além disso, cabe ressaltar que outra consequência da
maior vulnerabilidade dos homens à autoria da violência, grande parte da população carcerária no Brasil é formada por
esse público.

ALCOOLISMO E TABAGISMO

Em relação ao alcoolismo e ao tabagismo, os homens usam essas substâncias também com maior frequência que
as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade às doenças cardiovasculares, cânceres, doenças pulmonares
obstrutivas crônicas, doenças bucais e outras.

DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

É necessário conscientizar os homens do dever e do direito à participação no planejamento reprodutivo. A paternidade


não deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal, mas, sobretudo, como um direito do homem a
participar de todo o processo, desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do
acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da educação da criança.

ATENÇÃO!! A PNAISH afirma que adolescentes e adultos jovens também devem ser reconhecidos como sujeitos de
direitos sexuais e reprodutivos e que a paternidade na adolescência não deve ser vista apenas como algo a ser
evitado. Os adolescentes e jovens adultos devem ser assistidos diante de suas necessidades e projetos de vida, e não
apenas segundo a percepção do profissional de saúde.

TUMORES COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE MASCULINO

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Os tumores que incidem com maior frequência na população masculina são oriundos dos aparelhos digestivo,
respiratório e urinário. Essa informação está em consonância com dados estimados pelo INCA (2020):

Taxas de incidência por localizações primárias de câncer, exceto pele não melanoma, estimadas para 2020, no
Brasil (taxas brutas).

Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)

A próstata é uma glândula do aparelho genital masculino localizada em frente ao reto e abaixo da bexiga. Tem
como principal função a produção do líquido responsável pela nutrição e proteção dos espermatozoides, além de
fluidificar o sêmen.

Trata-se de uma das condições mais comuns em homens a partir de 40 anos, sendo de 50% dos homens com
idade >40 anos apresentará HPB e, aos 85 anos essa porcentagem subirá para 90%. Além disso, a HPB é a causa
mais comum de intervenções cirúrgica em homens >60 anos.

Os fatores de risco para o desenvolvimento da HPB incluem:

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 Tabagismo;
 Álcool;
 Obesidade;
 Redução do nível de atividade;
 Cardiopatia;
 Diabetes Mellitus;
 Dieta ocidental (rica em gordura e proteína animal e carboidratos refinados, com baixo teor de fibras).

A HPB reverbera em alterações no trato urinário que ocorrem de forma lenta e insidiosa. Ela é responsável pelo
aumento da resistência prostática ao redor da uretra, inviabilizando o esvaziamento satisfatório da bexiga e
promovendo a retenção urinária. Esse acúmulo vesical pode evoluir para Infecção do Trato Urinário (ITU), dilatação do
ureter (hidroureter) e dos rins (hidronefrose).

Os sinais e sintomas são:

 Fadiga;
 Anorexia;
 Náusea;
 Vômitos;
 Dor pélvica;
 Polaciúria;
 Urgência;
 Nictúria;
 Esvaziamento vesical incompleto;
 Retenção aguda – volumes >60ml;
 ITU recorrentes.

Diagnóstico:

 Hematúria e ITU ao exame laboratorial;


 Registro de fluxo urinário e medição do volume residual pós-miccional (RPM);
 Estudo urodinâmico, uretrocitoscopia e ultrassonografia.

Tratamento:

 Farmacológico: a base de bloqueadores alfa-adrenérgicos que relaxam a musculatura vesical e prostática,


aliviando os sintomas da HPB por meio do aumento do fluxo urinário e de inibidores da alfa 1 redutase, capazes de
converter testosterona em dihidrotestosterona, reduzindo o volume prostático.

 Cirúrgico: variando do minimamente invasivo à ressecção prostática

Câncer de próstata

O câncer de próstata começa quando as células saudáveis da próstata perdem o controle normal de crescimento e
divisão. Essas células passam a apresentar as seguintes características:

 crescimento descontrolado;
 estrutura anormal; e
 capacidade de se deslocar para outras partes do corpo (invasividade)

Trata-se de um tumor altamente curável se identificado em estágios iniciais, no entanto, nesta etapa, é muito pequeno,
assintomático e de crescimento muito lento. Considerado como um tipo de câncer da terceira idade, uma vez que ¾
ocorrem a partir dos 65 anos, é o segundo tipo mais prevalente, ficando atrás apenas dos tumores de pele não-
melanoma.

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Do mesmo jeito que a idade é um importante fator de risco para a incidência, quão mais velho, maior a mortalidade,
também.

Os fatores de risco para o desenvolvimento o CA de próstata incluem:

 Histórico familiar, principalmente pai ou irmão diagnosticado antes dos 60 anos;


 Obesidade;
 Exposição a agentes químicos como aminas aromáticas, arsênio, derivados do petróleo, hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos, dioxinas e fuligem.

Os sinais e sintomas são ausentes nos estágios iniciais, mas quando manifestos são:

 Dificuldade para urinar;


 Diminuição do jato urinário;
 Jato interrompido;
 Polaciúria;
 Hematúria;
 Disfunção erétil;
 Retenção urinária;
 Fraqueza ou dormência em membros inferiores.

A detecção precoce deve se dar por meio da investigação de pessoas com sinais e sintomas sugestivos OU de
pessoas em risco, mesmo que sem clínica típica. Essa detecção é feita por meio do exame clínico (toque retal),
laboratorial (Antígeno Prostático Específico - PSA), exames endoscópicos ou radiológicos. No entanto, já não se
recomenda a realização de exames de rotina (rastreamento) para essa finalidade, pois na população em
geral, os riscos superam os benefícios.

ATENÇÃO!! Ao toque retal é o teste mais utilizado, apesar de suas limitações, uma vez que somente as porções
posterior e lateral da próstata podem ser palpadas, deixando de 40% a 50% dos tumores fora do seu alcance. As
estimativas de sensibilidade variam entre 55% e 68%.

Diagnóstico:

 PSA;
 Exame do Toque Retal.
 Estadiamento por biópsia (pontuação de Gleason) e exames de imagem.

ATENÇÃO!! O PSA é tecido-específico, mas não tumor-específico. Por esse motivo, outras condições podem elevar
o nível de PSA, como o aumento benigno da próstata, prostatite e infecções do trato urinário inferior, por exemplo.
Além disso, cerca de 2/3 dos homens com PSA elevado NÃO têm câncer de próstata detectado na biópsia e até
20% de todos os homens com câncer de próstata clinicamente significativo têm PSA normal.

Isso justifica que sua indicação se dê sob determinados critérios:

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 Sinais e sintomas urológicos em fase inicial;


 Casos de câncer de próstata na família;
 Quadros de obesidade;
 Que seja tabagista.

Tratamento:

 Cirurgia (prostatectomia radical), radioterapia, criocirurgia, hormonioterapia, quimioterapia e vacina;


 Criocirurgia: é utilizada para tratar por congelamento o câncer de próstata localizado. A crioterapia às vezes é
usada para tratar o câncer de próstata em estágio inicial;
 Hormonioterapia: terapia de privação de andrógeno ou terapia de supressão androgênica tem o objetivo de reduzir
o nível dos hormônios masculinos (andrógenos) no corpo;
 Quimioterapia.

CURIOSIDADE: Vacinas podem ser utilizadas para tratar cânceres prostáticos que deixaram de responder à
hormonioterapia, desde que não estejam causando sintomas. Esse tipo de abordagem estimula o sistema imune do
paciente a reconhecer e destruir as células cancerígenas de forma eficaz.

54-(UERJ, 2019) A feminilização dos espaços de saúde na atenção básica tem favorecido a desigualdade do
acesso e a invisibilidade das necessidades da saúde masculina e, por isso, a entrada de homens no sistema de
saúde tem sido feita, na maioria das vezes, por meio da atenção especializada. Segundo a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Homem, a patologia mais comum, a partir da quinta década de vida, e que
apresenta impacto negativo na qualidade de vida dos homens pelos sintomas urinários é o(a):
A) câncer de pênis
B) câncer de mama
C) hipertrofia prostática benigna
D) hipertrofia prostática maligna

55-OBJETIVA - 2022
Sobre a próstata e o câncer de próstata, assinalar a alternativa CORRETA:
A) A próstata é um órgão muito pequeno que faz parte do reto e do sistema digestivo.
B) A doença é mais comum nos homens, mas pode afetar também as mulheres.
C) Todo homem acima dos 30 anos deve fazer anualmente o exame de toque.
D) A maioria dos casos ocorre em homens com idade superior aos 50 anos.

GABARITO

1–B 2–A 3-E 4–B 5-A 6–A 7-D 8-D 9-A 10 – C


11 - C 12 - B 13 - E 14 - E 15 - E 16 - C 17 - A 18 - A 19 – A 20 – B
21 - B 22 - B 23 - B 24 -B 25 - B 26 - B 27 – A 28 - D 29 - A 30 – E
31 - C 32 - B 33 - C 34 - D 35 - A 36 - A 37 - D 38 - C 39 - D 40 – A
41 - C 42 - B 43 - E 44 - A 45 - C 46 - E 47 - B 48 - C 49 - C 50 - B
51 - C 52 - D 53 - B 54 - C 55 - D

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