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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS MINISTRO REIS VELLOSO


CURSO: FISIOTERAPIA
DISCIPLINA: FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA I

CINTYA MARIA PEREIRA OLIVEIRA


DEBORAH MARIA DANTAS DE CARVALHO
REBECA GALDINO MEDEIROS
RHAMON ASAFE DA SILVA COSTA

RELATÓRIO AULA PRÁTICA: ELETROCARDIOGRAMA

Parnaíba-PI
2019
1. INTRODUÇÃO
ECG (Eletrocardiograma) é o registro gráfico da atividade elétrica do coração, em uma
sucessão de ciclos cardíacos, composto de 12 derivações 1. Quando o impulso cardíaco passa
através do coração, uma corrente elétrica também se propaga do coração para os tecidos
adjacentes que o circundam. E pequena parte da corrente se propaga até a superfície do corpo.
Se eletrodos forem colocados sobre a pele, em lados opostos do coração, será possível
registrar os potenciais elétricos gerados por essa corrente: esse registro é conhecido como
Eletrocardiograma2.
O eletrocardiograma é o procedimento mais utilizado para auxílio do diagnóstico de
doenças cardiovasculares, é considerado padrão ouro para diagnóstico não invasivo das
arritmias, distúrbios de condução, além de ser importante nos quadros isquêmicos,
constituindo um marcador de doença do coração 3. É um método de investigação
cardiovascular que estabelece um prognóstico e diagnóstico de grande valor, é de fácil
manipulação e apresenta um baixo custo e grande utilidade clínica4.
Na monitorização eletrocardiográfica são utilizados eletrodos que são colocados no tórax
do paciente, para receber a corrente elétrica do tecido muscular cardíaco em diferentes
derivações. O coração durante sua atividade age como um gerador de correntes elétricas e
estas correntes quando se espalham no sistema condutor, geram potenciais elétricos. Assim
funciona o eletrocardiograma que é o registro das variações do potencial elétrico do meio
extracelular decorrentes da atividade cardíaca. Consiste de ondas características (P, Q, R, S e
T), as quais correspondem à eventos elétricos e mecânicos da ativação do miocárdio.5
A utilização do eletrocardiograma é preconizada como aditivo na avaliação previamente a
reabilitação, o que permite estratificação de risco e diagnóstico clínico para prevenção de
morte súbita por eventos cardiovasculares5. Através da análise do ECG, o fisioterapeuta
determina com mais seguridade as técnicas apropriadas na intervenção, evitando que ocorra
alguma intercorrência durante o atendimento.

2. OBJETIVO
Realizar o eletrocardiograma em uma paciente (voluntária), fazer a análise do exame e
descrever todos os registros obtidos nas 12 variações.

3. METODOLOGIA
Durante a aula prática da disciplina Fisioterapia Cardiorrespiratória I, o exame
eletrocardiograma foi realizado da seguinte forma: paciente em decúbito dorsal na maca, com
a região do tórax quase desnuda e relaxada. Dois travesseiros foram utilizados, um sob a
cabeça e outro sob os joelhos, para melhor estabilização da coluna cervical e lombar.
Inicialmente foram colocados no aparelho do exame os dados da paciente constituídos
pelo número de identificação, nome, idade, altura e peso. Realizou-se o asseio da voluntária
através de álcool na região torácica, pulsos, abaixo dos tornozelos para o posicionamento dos
eletrodos periféricos e precordiais. Estes possuem cores diferentes e são fixados ao corpo,
sendo utilizado um gel condutor para melhor condução/captação dos sinais.
Em seguida, foram colocados os eletrodos periféricos, o eletrodo da cor vermelha é
colocado no braço direito, o amarelo no braço esquerdo, o verde na perna esquerda e o preto
na perna direita. Logo após, os eletrodos precordiais são dispostos no tórax. O primeiro
eletrodo torácico (V1) é fixado no 4º espaço intercostal, à direita do esterno; o segundo (V2)
no 4º espaço intercostal, à esquerda do esterno; o terceiro (V3) fica entre o V2 e o V4; o
quarto (V4) fica no 5º espaço intercostal esquerdo, na linha hemiclavicular; o quinto (V5)
também posicionado no 5º espaço intercostal, mas na linha axilar anterior; o último (V6) no
mesmo nível que V4 e V5, mas na linha axilar média.

4. EXAME
O eletrocardiograma (ECG) é constituído pelas ondas P, complexo QRS e a onda T. A
onda P é produzida pelos potenciais elétricos gerados quando ocorre a despolarização atrial,
antes da contração2. O complexo QRS é produzido pelos potenciais gerados quando ocorre a
despolarização ventricular, antes da contração. A onda T (Repolarização) é produzida pelos
potenciais gerados, enquanto os ventrículos se reestabelecem do estado de despolarização. O
exame apresenta 12 derivações eletrocardiográficas, sendo registradas em: I, II, II, aVR, aVL,
aVF, V1, V2, V3, V4, V5 e V6.

4.1 Derivações eletrocardiográficas


 As três derivações bipolares dos membros: São chamados bipolares, pois os
eletrodos do eletrocardiográfico são colocados em dois lados diferentes do coração para o
registro, formando assim um circuito2. Derivação (I): O terminal negativo é conectado ao
braço direito e o terminal positivo ao braço esquerdo. Derivação (II): O terminal negativo é
conectado ao braço direito, e o terminal positivo, a perna esquerda. De forma que quando o
braço direito estiver negativo em relação à perna o eletrocardiográfico exiba o registro
positivo. Derivação (III): O terminal negativo é conectado ao braço esquerdo, e o terminal
positivo a perna esquerda. Quando o braço esquerdo estiver negativo em relação à perna
esquerda o eletrocardiográfico irá registrar o registro positivo. Estas derivações representam
as seguintes regiões do coração: I- lateral alta do ventrículo esquerdo; II- face esquerda da
parede inferior; III- face direita da parede inferior.
 Triangulo de Eithoven: É uma figura geométrica que mostra os braços e a perna
esquerda formam os ápices de um triangulo que circunda o coração, os pontos superiores são
os braços se conectando eletricamente aos líquidos ao redor do coração, e o ponto inferior é o
qual a perna esquerda se conecta a esses líquidos2.

Figura 1. Triangulo de Eithoven.

 Derivações Torácicas (Derivações precordiais): Os eletrodos são dispostos na


parede anterior do tórax, diretamente sobre o coração. V1 e V2: Registram o complexo QRS
do coração normal, na maior parte das vezes aparece negativo. Os eletrodos ficam mais
próximos à base cardíaca e a base do coração fica eletronegativa durante a despolarização.
V4, V5 e V6: Registram o complexo QRS de modo oposto, que na maior parte do tempo
aparece positivo. Os eletrodos se encontram próximo ao ápice do coração que fica mais
eletropositivo durante a despolarização2. V1 e V2 observam a parede anterior coração,
formada pelo ventrículo direito; V3 e V4 observam o septo interventricular; V5 e V6
observam a parede livre do ventrículo esquerdo.
 Derivações unipolares aumentadas dos membros: Dois dos membros são
conectados ao terminal negativo e o terceiro é conectado ao terminal positivo. Quando o
terminal positivo está no braço direito é a derivação aVR; quando está no braço esquerdo
aVL; quando está na perna esquerda aVF. Estas derivações representam as seguintes regiões
do coração: aVR- ventricular direita; aVL- lateral alta do ventrículo esquerdo; aVF- face
média da parede inferior, entre a face esquerda e a face direita.
Figura 2. Derivações precordiais.

5. ANÁLISE
5.1 Eletrocardiograma normal

Imagem 1: Sciencedirect, 2019.

Os padrões fisiológicos encontrados no ECG são:


 Onda P: é de baixa amplitude (<2,5 mm, ou seja, dois e meio quadradinhos) porque o
músculo atrial é bem menor que o ventricular. Normalmente, o início do ciclo começa com a
excitação do nódulo sinoatrial comumente difásico em V1 e V2. É mais bem analisado em D2
e V1. Duração de onda P: 0,06 – 0,10s. Isto é, < 3 quadradinhos;
 Intervalo PR: é um intervalo sem alteração da linha isoelétrica do ECG de superfície.
É o intervalo entre o início da onda P e início do complexo QRS. É um indicativo da
velocidade de condução entre os átrios e os ventrículos e corresponde ao tempo de condução
do impulso elétrico desde o nodo atrioventricular até aos ventrículos. Duração do intervalo
PR: 0,12-0,21 s; varia com a frequência cardíaca e a idade.
 Onda QRS: representa a despolarização dos ventrículos; ondulações Q e S são sempre
negativas e R positiva. Os tamanhos dessas ondas variam em cada derivação de acordo com a
projeção do eixo elétrico sobre os lados do triângulo de Elinthoven. Quando Q normal aparece
em D1, D3, aVL, V5 e V6. Duração de QRS – 0,06 – 0,10 s.
 Intervalo RR: É o intervalo entre duas ondas R. Corresponde à frequência de
despolarização ventricular, ou simplesmente frequência ventricular.
 Onda T: expressa a principal manifestação da repolarização ventricular. Positiva em
D1, D2, V5, e V6, difásica ou baixa em D3, aVL, V1 e V2. Negativa em aVR.
 Intervalo ST-T: traduz a repolarização ventricular; o segmento ST isoelétrico com
final discretamente ascendente para se conectar com a onda T; esta é na maioria das
derivações positiva, arredondada, com ramo ascendente mais demorado que o descendente.
Duração de ST-T é medida junto com QRS.
 Intervalo QT: significa duração de atividade elétrica ventricular, mede-se do início de
QRS ao final de T.
 Onda U: é uma onda positiva, inconstante que aparece preferentemente em D2, V2,
V3 e V4 de origem ainda não inteiramente explicada (pós-potenciais ventriculares,
repolarização do septo ou das fibras de Purkinje).
 Intervalo PP: É o intervalo entre o início de duas ondas P. Corresponde à frequência de
despolarização atrial, ou simplesmente frequência atrial.
 I, II e III- registros do complexo QRS positivos.
 aVR- registros do complexo QRS negativos; aVF e aVL- registros do complexo QRS
positivos.
 V1 e V2- registros do complexo QRS negativos; V3- registros do complexo QRS
negativos e positivos; V4, V5 e V6-  registros do complexo QRS positivos².

5.2 Resultados do eletrocardiograma realizado na aula prática

Derivações bipolares (I, II e III):


Imagem 2: ECG Deborah, 2019.
Paciente apresenta parâmetros fisiológicos normais.

Derivações unipolares (aVR, aVF e VL):

Imagem 3: ECG Deborah, 2019.


Paciente apresenta parâmetros fisiológicos normais.

Derivações precordiais (torácicas):

Imagem 4: ECG Deborah, 2019.


Paciente apresenta parâmetros fisiológicos normais.
REFERÊNCIAS

1. VIEIRA J. et al. Manual básico de eletrocardiograma. UFU. Disponível em:


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4419568/mod_resource/content/1/Manual
%20basico_de_eletrocardiograma.pdf. Acesso em 14 de Mar, 2019.

2. GUYTON&HALL. Tratado de fisiologia medica. Elviser. Rio de Janeiro, 2011.

3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Diretriz de interpretação de


eletrocardiograma de repouso. Sociedade brasileira de cardiologia. Vol 80. Brasil, 2003.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abc/v80s2/a01v80s2.pdf. Acesso em 14 de Mar,
2010.

4. MARCOLINO; MILENA SORIANO et al. Prevalence of normal electrocardiograms in


primary care patients. Rev. Assoc. Med. Bras, São Paulo, v. 60, n. 3, p. 236-241. Jun,
2014. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S010442302014000300236&lng=en&nrm=iso. Acesso em 14 de
Mar, 2019.

5. SILVA B C S. Eletrocardiograma para identificação de risco cardiovascular em esporte de


explosão. UnB. Brasília, 2018. Disponível em:
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/20655/1/2018_BrendaCarolineSouzaSilva_tcc.pdf.
Acesso em 17 de Mar, 2019.

6. NETO, O. N. R. ECG - Ciência e aplicação clínica. 1. ed. São Paulo: Sarvier, 2016.

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