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Introdução ao ECG
Bases anatômicas e fisiológicas do coração
O Eletrocardiograma
Para DI: BD - e BE +
Para DII: BD - e PE +
Para DIII: BE - e PE +
Reparem que as derivações seguem a lógica de
despolarização do coração (de cima para baixo e da direita para Figura 7 - Triângulo de Einthoven
a esquerda).
Dessas derivações, surgiram as derivações
unipolares dos membros: aVR, aVL e aVF. Para a realização
delas, pega-se o Triângulo de Einthoven e faz-se a conexão
dos pontos médios de cada lado (eletrodo -) com o vértice
oposto (eletrodo +). Dessa forma, surgem coordenadas
intermediárias entre DI, DII e DIII.
Assim, surge o sistema de coordenadas frontais do
coração, sendo cada uma separada por um ângulo de 30°.
Assim, é de fundamental importância entender o sistema de
eixos para a compreensão dos achados eletrocardiográficos:
Figura 8 - Em azul: Bipolares. Em
vermelho: Unipolares
DII é a derivação que se encontra mais próxima do eixo cardíaco normal, por isso
suas leituras quase sempre serão as maiores e as que melhores podem ser vistas
(por isso o DII longo no inferior dos ECGs);
aVR, por sua vez, está na direção oposta às outras derivações, por isso seu registro
sempre será, consequentemente, o oposto à elas;
Em V1, a onda P se apresentará com 2 fases, uma positiva e outra negativa, esssa
resultante da despolarização do átrio esquerdo em direção oposta ao eixo da
derivação
No plano horizontal, temos as derivações precordiais. Isso se deve porque os eletrodos
positivos são colocados diretamente no precórdio, em posições determinadas. Elas permitem com
que se veja os fenômenos cardíacos de cima, desse modo:
Você é o observador
As derivações precordiais são, no geral: V1, V2, V3, V4, V5 e V6. Contudo ainda podem se
fazer V7, V8 e V9, para observar a parte posterior do coração, e as “VRs” (V1R, V2R, V3R ...),
colocadas na mesma posição, porém no lado direito. Elas são colocadas da seguinte forma:
Existem 3 mecanismos que podem alterar a amplitude de um evento. (1) O próprio aumento
da voltagem lida; (2) Deslocamento do eixo de despolarização, aproximando ou afastando o vetor ao
nível da derivação; e (3) Presença de interferências entre o eletrodo e o coração (como no derrame
pericárdico, por exemplo). Já o componente temporal é, basicamente, alterado pelas alterações
temporais de despolarização e reporlarização.
Onda P
A onda P é a primeira deflexão na sequência do
eletrocardiograma. Ela é resultante da despolarização atrial. O
primeiro item a ser a avaliado é a presença ou não da onda P
precedendo todos os QRS, ou seja, o ritmo cardíaco está sendo
controlado pelo átrio.
Após isso, é necessário avaliar se essa onda P resulta do marca-passo normal (nó SA) ou de
algum marca passo ectópico. Para isso, basta avaliar o eixo da onda P. Tendo em vista que o nó
sinusal reside perto do óstio da V. cava superior, seu eixo será: (1) para baixo; (2) para a esquerda; e
(3) ligeiramente para a parte anterior do coração. Assim, no plano frontal, estará coincidindo com o
quadrantes positivos de DI e aVF. Logo, se a onda P for positiva em DI e aVF, é considerado ritmo
sinusal.
Definido ritmo sinusal, agora veremos as características da onda P normal. Cada átrio
contribui com uma porção da onda P. Assim, o átrio direito, como é o local do inicial normal da
despolarização, tem maior contribuição com a 1ª metade da onda. O átrio esquerdo, por sua vez, é
o maior constituinte da 2ª metade. A interferência das duas ondas resulta na onda P vista no ECG,
que possui:
(1) Morfologia: Arredondada e monofásica
(exceto em V1 – “plus-minus”)
(2) Duração: < 110ms (aproximadamente 3 < 2,5mm
quadradinhos)
(3) Amplitude: no máximo 2,5mm (em DII)
(4) Eixo: geralmente, positiva em DI e aVF < 110ms
(0 e +90°) Figura 12 - Onda P
Intervalo PR
O intervalo PR compreende o espaço entre o início da
onda P e o início do complexo QRS (Se difere do segmento PR,
o qual se situa ao final da onda P até o início do QRS). Assim,
dentro do intervalo PR situam-se 2 eventos: (1) a
despolarização atrial; e (2) o alentecimento do potencial de
ação no nó AV. Como esse último se inicia no meio da onda P,
não se consegue separá-lo em um evento único no ECG. Dessa forma, a análise do alentecimento
AV se faz no intervalo PR.
Normalmente, o intervalo PR possui duração de 120 a 200ms, podendo alterar ligeiramente
com a idade e com o nível de esforço físico de uma pessoa.
Complexo QRS
O complexo QRS é o maior evento do ECG. Como já
dito ele representa a despolarização ventricular, assim ele irá
possui grande amplitude (tendo em vista a maior massa
muscular) e estreita faixa temporal (devido as fibras de
condução ultrarrápida).
O complexo QRS é quem fornece os valores da frequência cardíaca. Isso se deve ao fato de
serem os ventrículos os responsáveis por bombear o sangue para o corpo. Pense, por exemplo, em
um bloqueio atrioventricular completo, em que se gera um ritmo de escape. Mesmo com o nó SA se
despolarizando a 60bpm, o ritmo do ventrículo será diferente e independente do nó sinoatrial, sendo
esse valor refletido na frequência medida através dos pulsos periféricos. O cálculo da FC se faz a
partir da distância R-R, na seguinte fórmula:
1500
𝐹𝐶(𝑏𝑝𝑚) =
𝐷𝑟𝑟 (𝑚𝑚)
Quanto ás características do QRS normal, temos:
(1) Morfologia: padrão varia amplamente em cada derivação
(2) Duração: < 120ms (3 quadradinhos)
(3) Amplitude: 5 a 20mm (plano frontal) e 10 a 30mm (plano horizontal)
(4) Eixo: entre -30° e +90°, ou seja, + em DI e DII
Cada onda, no ECG é definida da seguinte
forma. A onda será chamada de “Q” se ela for a
primeira deflexão do complexo e for negativa. Será
onda “S” quando a deflexão negativa for precedida
de uma deflexão positiva, as quais serão chamadas
sempre de ondas “R”. Se a leitura desse complexo
for unicamente uma onda negativa, tem-se um
padrão “QS”.
De acordo com sua amplitude, cada onda pode
ser escrita com letra maiúscula, se for de grande
amplitude, ou minúscula se sua leitura for
pequena. Dessa forma existem vários padrões para
esse complexo. Fato é que a onda Q quase sempre
Figura 13 - Padrões do QRS
será de amplitude pequena, podendo até mesmo
estar ausente.
No plano horizontal, o complexo QRS possui característica de ter transição de dominância entre
as ondas R e S, geralmente com:
1 – Onda S dominante em V1 (padrão rS);
2 – Onda R dominante, com redução do tamanho da onda S em V5 e V6;
3 – Zona de transição, formada por V3 e V4 (padrão RS)
Linha de Base
𝑄𝑇𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜
𝐹ó𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎 𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑧𝑧𝑒𝑡: 𝑄𝑇𝑐 =
√𝑅𝑅
Os valores de QTc, na normalidade, são ao máximo de 470 para homens e 450 para
mulheres. Já para as crianças, temos o máximo de 460 e mínimo de 340.
Pode haver, em ECGs normais, a
presença de uma pequena onda sucedendo a
onda T, chamada de onda U, resultante da
despolarização dos músculos papilares ou
fibras de Purkinje mais distais.
B Bs
α α
A RAB A RAB
Sobrecarga Biventricular
Sobrecarga direita (Amplitude > 2,5mm) + Sobrecarga Esquerda (Duração > 120ms)
Sobrecarga Ventricular Esquerda
Como o ventrículo esquerdo encontra-se muito próximo do eixo cardíaco normal, o que
haverá na sobrecarga dessa câmara é o reforço do valor do vetor. Dessa forma, observar-se-á um
aumento na inscrição das ondas QRS normais de cada derivação (S amplo em V1/V2; R amplo em
V5/V6):
Strain
o Eixo de QRS no plano frontal para +110° (negativa em DI e aumento no registro de DIII)
o Presença de grande R em V1/V2 e grande onda S em V5/V6 (inversão da transição)
RV1 + SV5/V6 > 10,5mm
o Morfologia qR ou qRs em V1 e V2 (maior gravidade)
o Mordologia rsR’ nas precordiais direitas (V1 e V2)
o Padrão strain nas precodiais direitas (V1 e V2)
Sobrecarga Biventricular
o Critérios para sobrecarga direita: Desvio do eixo para a direita (registro “R” em V1/V2)
o Critérios para sobrecarga esquerda: Sokolow ou Cornell
o Complexos QRS isodifásicos amplos (RS) nas precordiais intermediarias (V2, V3 e V4)
Cardiopatia Isquêmica
Após uma lesão isquêmica no musculo cardíaco, surgem alterações na condução do sinal
elétrico decorrente da falência dos mecanismos celulares de controle da membrana. Sabendo disso,
pode-se observar no eletrocardiograma alterações específicas que permitem, juntamente à clínica
do paciente, a definição rápida do diagnóstico.
Lembrando que para observar ventrículo direito usamos V3R, V4R ... e para parede posterior
V7, V8 e V9.
Basicamente temos 3 eventos que norteiam a isquemia cardíaca no eletrocardiograma:
alteração de onda T, onda Q patológica e o desnivelamento do segmento ST, cada uma relacionada
a uma etapa do infarto.
Isquemia e Alterações da Onda T
De início, a isquemia determina alterações da onda T. Essas, resumem-se á: simetria,
estreitamento e aumento da amplitude, tornando-se pontiaguda. Além disso, dependo do local da
isquemia, pode-se ter inversão da onda T, ocorrendo isso quando for uma isquemia subepicárdica.
Supradesnível de ST
A corrente de lesão forma uma “imagem espelho” nas derivações opostas. Dessa forma,
pode-se haver um infra de ST em DIII e aVF decorrentes de um infarto com supra de ST em aVL, por
exemplo.
Necrose e Onda Q
O evento isquêmico culmina na necrose do
miocárdio. Esse local torna-se eletricamente
inativo. Assim, ele é responsável pelo
aparecimento de onda Q patológica (> 40ms ou
>1mm em 2 derivações contíguas), podendo
também estar associado ao desaparecimento de
onda R. Dessa forma, a parede torna-se discinética,
não havendo a formação dos fenômenos elétricos
nela (isso pode atingir regiões do sistema de
condução, causando bloqueios de ramos, que
serão vistos depois). Figura 19 - Onda Q na Necrose
R de pequena
amplitude
Supra de ST
Onda Q
Onda Q
Imagem espelho Onda Q
1 2
PR prolongado
Figura 28 - BAV 1º Grau (PR prolongado e igual em todos os ciclos)
2. Bloqueio de 2º grau: aqui, nem todos os potenciais passam ao ventrículos. Ele é dividido
em 3 tipos:
o Mobitz I (Wenckebach): nesse tipo, observa-se um atraso cada vez maior na
junção AV, até que um potencial não consegue passar ao ventrículo. Logo, há
aumento progressivo do intervalo PR até que haja uma onda P não sucedida por
QRS;
P P P P P
Vias AV alternativas
Em determinadas patologias, há um feixe anômalo que permite a passagem de potenciais
do átrio para o ventrículo. Nesse caso, o potencial irá passar para o ventrículo e começará sua
despolarização antes do potencial que normalmente viria pelo nó AV, já que não estará sujeito ao
mesmo alentecimento. Dessa forma, uma característica fundamental dessas arritmias é a diminuição
do intervalo PR.
1. Síndrome de Wolf-Parkinson-White: nessa síndrome, uma via anômala chamada feixe de
Kent conecta o compartimento supraventricular com o ventricular pelas laterais. Assim, ele
promove uma despolarização inicial da parte lateral do ventrículo, até que essa onda se
encontre com o potencial conduzido pelo nó AV. No ECG, será obeservado diminuição do
intervalo PR (<120ms ou 3 quadradinhos) e um entalhe na porção inicial do QRS, a onda
delta (decorrente daquela despolarização inicial de uma das bordas). Essa onda delta sucede
imediatamente a onda P, podendo até mesmo interrompe-la.
A importância dessas vias anômalas, além da despolarização precoce do ventrículo, é que elas
predispõe á fenômenos de reentrada do potencial, facilitando o surgimento de novas arritmias.
Fibrilação e Flutter
Por fim, temos os fenômenos de fibrilação e flutter. Ambos são causados por potenciais não
uniformes, que percorrem o músculo cardíaco, sem, no entanto, realizar contração conjunta das
fibras, tornando pois a contração ineficaz. Tanto a fibrilação quanto o flutter podem ocorrer nos 2
compartimentos (supra e ventricular), cada qual impondo alterações na onda correspondente (P e
QRS, respectivamente).
Flutter Fibrilação
Nos ventrículos, tanto flutter quanto fibrilação terão o mesmo aspecto no ECG. Teremos a
substituição do QRS por um ritmo ventricular rápido e irregular, com ondas de morfologia caótica.
Ambos os fenômenos determinarão parada cardíaca.