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Ana Luiza Dias

Medicina | UEMG

ECG Cardiologia

A disposição das derivações foi feita de uma


forma que permitisse a visualização da atividade
elétrica cardíaca de uma maneira tridimensional.
o comportamento elétrico das células cardíacas Assim, elas foram divididas em plano frontal e
gera uma alteração de potencial elétrico na horizontal
superfície de suas membranas, formando um
vetor que acompanha o sentido da corrente DERIVAÇÕES DO PLANO FRONTAL
elétrica. Esse vetor pode ser percebido pelo
eletrocardiograma que produz um traçado
correspondente  como o eletrocardiograma Derivações bipolares  triangulo de
faz isso? Einthoven (3 eletrodos dispostos de forma a
formar um triangulo)
DERIVAÇÕES E FORMAÇÃO
DO TRAÇADO
 O comportamento da atividade elétrica
cardíaca pode ser visualizado através de
vetores  estes dependem da diferença
de carga presente no coração que pode
ser mensurada através do posicionamento
de dois eletrodos no paciente (um
negativo e outro positivo)  a linha
imaginaria que une esses eletrodos é
chamada de derivação
o Quando o vetor resultante aponta
para o eletrodo positivo, a onda
gerada no ECG é positiva (deflexão Derivação DI: eletrodo positivo no braço
positiva  traçado ‘’sobe’’ esquerdo e o eletrodo negativo no braço
o Quando o vetor resultando aponta direito.
Derivação DII: o eletrodo positivo é
para o eletrodo negativo, a onda
conectado à perna esquerda e o eletrodo
gerada no ECG é negativa (deflexão
negativo ao braço direito. Derivação
negativa  traçado ‘’desce’’)
DIII: o eletrodo positivo é colocado
o Quando o vetor for perpendicular ao
também na perna esquerda, enquanto o
eixo da derivação, o trado será
eletrodo negativo, no braço esquerdo
isodifásico (deflexão positiva e
Derivações unipolares  captam a diferença
negativa do mesmo tamanho) ou
isoelétrico (sem qualquer deflexão) de potencial entre um eletrodo positivo e um
ponto de potencial zero (o qual seria o centro do
coração)
 Três derivações no plano frontal que
refletem a diferença de potencial entre
cada um dos vértices do triângulo de
Einthoven e o centro elétrico do coração
(VL, VR e VF),
ventricular – é isolar o vetor em um dos quatro
quadrantes principais, separados por ângulos de
90º

A polaridade do QRS em DI define se o vetor


está orientado para esquerda (positivo) ou
direita (negativo), enquanto aVF nos informa se
está para baixo (positivo) ou para cima
(negativo). Portanto, considerando a interseção
destas duas derivações, teremos a definição de
que quadrante o eixo elétrico do QRS se
encontra
SISTEMA HEXAXIAL (ROSA DOS
VENTOS DO ECG)

 As derivações são separadas por um


ângulo de 30º, e que as partes sólidas
correspondem às metades positivas e as
pontilhadas, às negativas.
 Por convenção, o correto é representar as
derivações através de uma seta que vai do
eletrodo negativo para o eletrodo positivo.
Assim, se a projeção do vetor tiver o mesmo
sentido da derivação, será gerada uma onda
positiva, o contrário ocorrendo quando a
projeção do vetor estiver voltada para o
sentido oposto ao da derivação

Uma vez realizado esse passo inicial, basta


agora olhar para as derivações que não cruzam o
quadrante encontrado para achar o intervalo
mínimo de 30º onde estará contido o vetor.
CÁLCULO DO EIXO ELETRICO DO QRS
NO PLANO FRONTAL

Quando o vetor da despolarização ventricular


tiver o mesmo sentido da derivação, o QRS
formado naquela derivação será
predominantemente positivo (mesmo que tenha
alguma pequena onda negativa). Ao contrário,
quando o vetor tiver sentido oposto ao da
derivação, o QRS será predominantemente Macete: quando o complexo QRS é isodifásico
negativo ou isoelétrico em uma derivação qualquer,
significa que o vetor é perpendicular àquela
O primeiro passo para calcular o eixo elétrico derivação. Assim, encontrar o eixo nestes casos
médio do QRS – eixo médio da despolarização torna-se mais fácil!
de infarto inferior (nesse contexto, os mais uteis
DERIVAÇÕES DO PLANO HORIZONTAL são V3R e V4R)

Derivações precordiais  permitem análise


tridimensional da atividade elétrica cardíaca
 São unipolares  registram diferença de
potencial entre os eletrodos positivos
localizados ao longo do tórax e o
‘’terminal central’’

Além disso, nos casos em que há também


suspeita de infarto de parede posterior do VE,
podemos lançar mão de V7 e V8 (5º espaço
intercostal na linha axilar posterior e linha
escapular posterior, respectivamente)

NA PRÁTICA
COLOCAÇÃO DOS ELETRODOS PELAS
Na posição normal do coração, o VD localiza-se
CORES
logo atras do esterno, enquanto o VE está
deslocado para a esquerda  V1 e V2
Existem dois padrões de codificação dos cabos
representam melhor o septo interventricular (e
para a confecção do ECG tradicional de 12
eventualmente o próprio VD); já V3 e V4
derivações (DI, DII, DIII, aVR, aVL, aVF, V1 a
"enxergam" melhor a parede anterior do VE;
V6): (1) Europeu/Internacional (IEC –
enquanto V5 e V6 são as ideais para a parede
International Electrotechnical Commission); (2)
lateral do VE
Americano (AHA – American Heart
Association). No Brasil, usa-se muito mais o
padrão internacional.

Derivações precordiais direitas: utilizadas


para diagnosticar o infarto do VD na presença ECG DO PAPEL E REGISTRO
. O papel utilizado para interpretação do registro
é milimetrado, demarcando quadrados de 1 e 5
mm através, respectivamente, de linhas claras Melhor derivação: DII e V1
(formam "quadradinhos") e escuras (formam
"quadradões"). A voltagem é representada no Eixo médio: 0º a +90º.
eixo vertical, onde cada milímetro do papel
representa 0,1 mV. O aparelho deve sempre ser Formato: monofásica, positiva e arredondada
calibrado antes de iniciar o registro para que em DII / bifásica em V 1.
esta proporção (1 mV = 10 mm) seja respeitada.
O tempo é representado no eixo horizontal, Duração (largura): até 100 ms (ou 2,5
onde cada quadradinho de 1 mm corresponde a quadradinhos), embora alguns autores
0,04s ou 40 ms (velocidade padrão de registro considerem até 120 ms (ou três quadradinhos).
de 25 mm/s)
Amplitude (altura): até 2,5 mm em DII (ou 2,5
quadradinhos) e até 1,5 mm em V 1.

A duração da onda P é diretamente proporcional


à idade e inversamente à frequência cardíaca, e
não deve exceder 100 ms.

INTERVALO E SEGMENTO PR

CICLO CARDÍACO E ECG Significado: condução atrioventricular


Um traçado eletrocardiográfico é composto por (condução do estímulo através do nodo
ondas, segmentos e intervalos que juntos atrioventricular, do feixe de His e das fibras de
compõem o ciclo elétrico cardíaco Purkinje)

As ondas devem sempre ser avaliadas quanto à Formato: vai do início da onda P até o início do
morfologia, à amplitude (altura), à duração complexo QRS.
(largura) e à polaridade
Duração (largura): 120 a 200 ms (3 a 5
quadradinhos).

Sua duração é inversamente proporcional à


frequência cardíaca. É importante sempre
pesquisarmos desníveis deste segmento
(comparar com a linha de base do início da onda
P), pois sua presença está associada a algumas
doenças importantes como a pericardite
(infradesnível)

O intervalo PR é a associação da onda P com o


segmento PR. Na prática, a análise deste
ONDA P intervalo é uma referência mais fidedigna da
condução atrioventricular, pois representa o
Significado: Depolarização dos átrios deslocamento do estímulo desde o nodo sinusal
até os miócitos ventriculares.
A ativação do átrio direito forma a sua
parte inicial, havendo, em seguida, um
período de interseção dos dois átrios, COMPLEXO QRS
enquanto somente o átrio esquerdo é
responsável por gerar a parte final. Significado: despolarização ventricular.
Eixo médio: -30º a +90º.
Em geral, ele fica em torno de +60º:
lembre-se que deverá ser sempre
positivo em DI, DII e aVF e negativo
em aVR, podendo ser variável em DIII
e aVL.

Formato: variável; torna-se gradualmente


positiva de V1 a V 6.
Isso porque, à medida que os eletrodos
vão se aproximando do ventrículo
esquerdo, passam a observar a frente
do vetor de maior amplitude da
despolarização ventricular
O momento em que o QRS troca de
polaridade no plano horizontal é
chamado de "zona de transição" e
geralmente ocorre em V3 ou V4.
Duração (largura): < 120 ms (3 quadradinhos),
embora não costume ultrapassar 100 ms (2,5
quadradinhos).
A duração é diretamente proporcional à
idade e ao tamanho do coração e a onda Q deve ser analisada com mais atenção,
inversamente à FC pois alterações nela podem significar um
infarto... A onda Q deve ter uma duração < 40
Amplitude (altura): não pode ser < 5 mm nas ms (1 quadradinho) e uma amplitude que não
derivações frontais ou < 8 mm nas precordiais ultrapasse 1 /3 do tamanho da onda R. Valores
Quando nenhuma onda de qualquer superiores a estes configuram a chamada "onda
derivação no plano frontal e horizontal Q patológica"
for maior do que estes valores, haverá, ALTERAÇÕES DO COMPLEXO QRS
por definição, baixa voltagem do
complexo QRS, que pode estar
 Redução da amplitude: cardiomiopatia
associada a diversas patologias, como o
infiltrativa (amiloidose, hemocromatose),
derrame pericárdico, amiloidose,
maior resistência entre coração e
enfisema pulmonar e hipotireoidismo.
eletrodos (derrame pericárdico,
De uma forma geral, a amplitude do
pneumotórax, derrame pleural, obesidade,
complexo QRS é maior em indivíduos
enfisema pulmonar), hipotireoidismo
magros (menor resistência da parede
(mixedema);
torácica) e naqueles com maior massa
cardíaca (maior quantidade de dipolos)
 Aumento da amplitude: sobrecargas
ventriculares (esquerda e direita);

 Aumento da duração: bloqueios de ramo


(esquerdo e direito), ritmo idioventricular
(estímulo elétrico começa no ventrículo),
alterações eletrolíticas (hipercalemia,
hipercalcemia);

 Desvio do eixo para esquerda: desvios


mecânicos (elevação do diafragma:
gestação, ascite, tumor abdominal),
hemibloqueio anterior esquerdo, bloqueio
de ramo esquerdo, infarto de parede
inferior;

 Desvio do eixo para direita: sobrecarga


ventricular direita, hemibloqueio posterior
esquerdo, dextrocardia, infarto de parede
lateral.

SEGMENTO ST

No momento que o complexo QRS termina


(ponto J), começa o segmento ST.
Nesta fase, a maioria das células ventriculares Uma modificação na onda T é genericamente
estão despolarizadas ou iniciando o processo de descrita como "alteração na repolarização
repolarização e, por isso, não geram diferenças ventricular", que pode ser primária (a própria
de potenciais registráveis pelo repolarização ocorre de modo anormal) ou
eletrocardiograma. secundária a modificações da despolarização
(uma despolarização anormal gera uma
Os fatores mais importantes a serem observados repolarização alterada)  como diferenciar?
no segmento ST são sua forma e a presença ou
não de desnivelamentos, os quais são
percebidos sempre avaliando o ponto J em  Onda T simétrica (oposta ou não ao
relação à linha de base determinada pelo complexo QRS): acometimento
segmento PR. primário da repolarização, como ocorre
na isquemia miocárdica e hipercalemia.
Desnivelamentos menores que 1 mm podem
estar presentes em pessoas normais. A presença  Onda T ainda assimétrica, mas com
de um ST convexo em mais de uma derivação polaridade anormal (oposta ao
invariavelmente é sinal de alguma patologia complexo QRS): alteração da
especialmente se houver um desnivelamento repolarização secundária a algum
associado – esta alteração é particularmente distúrbio da despolarização, como
observada na isquemia. Por outro lado, o ST observaremos nos bloqueios de ramo e
pode apresentar uma concavidade para cima, sobrecargas ventriculares.
principalmente de V2 a V4, na presença de
vagotonia e em indivíduos jovens do sexo
masculino. A chamada "repolarização precoce" INTERVALO QT
também pode cursar com este padrão, sendo
considerada apenas uma variação da O intervalo QT compreende todo processo
normalidade. elétrico ventricular (ativação e repolarização),
englobando complexo QRS, segmento ST e
ONDA T onda T  seria a representação elétrica do
"período refratário"
Significado: repolarização ventricular.
Em indivíduos normais, ela sempre deverá ser
Eixo médio: 0º a + 90º (geralmente a polaridade positiva em DI, DII e aVF e negativa em aVR,
acompanha o complexo QRS). apresentando polaridade variável em DIII e
Sendo positiva em DI, DII e aVF, aVL.
negativa em aVR, e variável em DIII e
aVL. ALTERAÇÕES DO INTERVALO QT
Portanto, nestas duas últimas
derivações e nas precordiais direitas  Aumento da duração: síndrome do
(V1-V2 e mais raramente até V3 e V4), QT longo congênita (Lange-Nielsen,
a onda T até pode ter Romano-Ward), distúrbios eletrolíticos
orientação oposta ao do complexo QRS (hipocalcemia, hipocalemia), drogas
ou ser isodifásica, sem significar (ex.: amiodarona, quinidina, sotalol,
patologia alguma. cloroquina, antidepressivos tricíclicos,
haloperidol...).
Formato: monofásica e assimétrica.
A onda T normal é assimétrica, com ONDA U
uma ascensão lenta e uma queda mais
rápida Sucede a onda T e está presente em 40-50% da
população, sendo melhor visualizada em V2 e
Duração (largura) e amplitude (altura): sem V3.
critérios definidos.
Em condições normais, sempre tem a mesma
polaridade da onda T

Diversas doenças podem influenciar sua


amplitude (ex.: hipocalemia – aumento) e
polaridade (ex.: sobrecarga do ventrículo
esquerdo – inversão).

RITMO CARDÍACO
O fator mais importante para que o ritmo
cardíaco seja caracterizado como normal, é a
origem do estímulo responsável pela
despolarização ventricular  ritmo sinusal
 Onda P precedendo o complexo QRS
em todas as derivações
 Onda P sempre positiva em DI e DII e
negativa em aVR
 Intervalo PR constante e < 200ms

FREQUENCIA CARDIACA
FC normal: 50-100 BPM

Como calcular?
 FC = 1.500 / nº quadradinhos entre RR
 FC = 300 / nº quadradões entre RR

Se ritmo irregular
 FC = nº de R entre 15 quadradões x 20

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