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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOFÍSICA E FARMACOLOGIA
DISCIPLINA: BIOFÍSICA

O Coração e sua relação


com os potencias elétricos.

Frederico Lemos 11/2022


O coração: bomba aspirante e
premente

Espaço mediastino;

Suspenso por artérias;

Ápice no diafragma;

Voltado para esquerda.


De que o coração é feito:

Células de marca-passo – fonte de disparo


dos potenciais;

Células de condução elétrica – o circuito de


“fios condutores” do coração;

Células miocárdicas – a parte contráctil do


coração.
Uma célula marca-passo

0mV

-90mV

Elas não têm tempo de repouso. Sua carga


elétrica cai para -90mV e permanece por um
momento e se eleva até atingir o limiar para
um despolarização súbita. Elas disparem de
60 a 100 vezes por minuto.
Ciclo elétrico de uma célula
marca-passo

A – Potencial mais negativo


A → B – Elevação lenta: uma despolarização lenta
e gradual
B – O limiar é ultrapassado e a célula despolariza
de forma rápida - PA
C → D – É a repolarização da célula
Células da condução elétrica
 Formam caminhos elétrico por dentro do
coração num verdadeiro circuito elétrico.
Para uma melhor apreciação da
condução do sinal elétrico
As células de condução elétrica

Especializadas em gerar e conduzir os
estímulos elétricos. São longas e finas
semelhantes a fios elétricos.

Transportam corrente de forma rápida e
eficiente.
Células miocárdicas

A maioria das células do coração são miocárdicas
de 50 a 100µm de tamanho.


Quando a onda de
despolarização
atinge uma célula
miocárdica o cálcio é
liberado para dentro
dela, levando-a a se
contrair.
Resumo !!!
O coração pode ser visto pelas
ondas elétricas que ele produz.

Eletrocardiograma (ECG)

Eletro-Vetorcardiograma (E-VCG)

Vetorcardiograma (VCG)
Eletrocardiograma DI, DII e DII

A história do Eletrocardiograma;
Os três sinais capturados;
O triângulo de Einthoven;

O vetor cardíaco – Vetorcardiograma (VCG)


O que se pode aprender desta
aula:
Os principais diagnósticos que o ECG permite;

Os tipos de células que interessam a um eletrocardiografista;

A relação entre o fenômeno elétrico e o mecânico;

A importância do íon de cálcio;

A origem das tensões registradas por Einthoven;

As derivações bipolares de Einthoven: DI, DII e DIII;

A importância da derivação DII;

As ondas nomeadas por Einthoven;

A onda que corresponde a despolarização atrial;

As ondas que representam a despolarização ventricular;

A onda que representa a repolarização ventricular;

O que vem a ser o vetor cardíaco, qual a sua importância e para onde ele aponta.
O Eletrocardiograma - ECG

Maior contribuição nas arritmias;


Sobrecarga de pressão nas câmaras cardíacas;


Miocardiopatias;


Insuficiência coronariana;


Infarto do miocárdio.
Como tudo começou...

Augustus Desire Weller, nasceu na França em 1856


http://caribbean.scielo.org/scielo.php?pid=S0043-31442005000300012&script=sci_arttext
Willem Einthoven nasceu em 21/05/1860

TCC → Eletroscopia por diferença de


cores.

Prof subst. → Universidade de Leiden

Herdou Laboratório e fez 5 pilares


(Wigger)

1883 – Com eletrômetro de Lippmann,


criado em 1873 em estágio com
Kirchhoff.

1901 - Galvanômetro de corda.

- 25 mm/s para o foto quimógrafo

- 1906 – sinais de ecg por telefone.


Correção matemática da forma
da onda capturada pelo
Eletrômetro de Lippmann
Correção Matemática
Galvanômetro de corda
As derivações de Einthoven

(O que Einthoven via)


Derivação DI

É a tensão lida entre o braço esquerdo e o braço direito
tomando-se como referência um eletrodo indiferente.

VR VL

VF D1 = VL - VR
Derivação DII

É a tensão lida entre a perna esquerda e o braço direito
tomando-se como referência um eletrodo indiferente.

VR VL

VF

D2 = VF - VR
Derivação DIII

É a tensão lida entre a perna esquerda e o braço esquerdo
tomando-se como referência um eletrodo indiferente.

VR VL

VF

D3 = VF - VL
Triângulo proposto por
Einthoven: D1, D2 e D3

D1
D2 = D1 + D3

D2 D3

O eixo elétrico que une os eletrodos usados para captar


os potenciais gerados pelo coração é chamado de
derivação eletrocardiográfica: “DI”, “DII” e “DIII”
Evolução do Triângulo de
Einthoven

O triângulo é na verdade um triângulo
escaleno devido a perna esquerda;

A derivações passam a ser conhecidas
como derivações bipolares dos
membros;

Nessas derivações bipolares o potencial de cada um


dos eletrodos varia constantemente, embora um
deles seja o “observador”.
Derivações bipolares
DI

Triângulo de Einthoven
DII DIII As derivações são como “olhares”
nas direções dos lados do triângulo,
no sentido contrário a seta.

DI

DII
DIII
O Sinal cardíaco por excelência

Sinal em DII

Despolarização ventricular

Despolarização atrial

Repolarização ventricular
Formação do QRS
Parada para manutenção
1) Quais são os três tipos de células que mais interessam a um eletrocardiografista ?

2) No coração, qual o fenômeno que acontece primeiro ? O elétrico ou o mecânico ?

3) Qual o íon que tem o papel de fazer a conexão entre o fenômeno elétrico e o fenômeno
mecânico ?

4) As tensões registradas por Einthoven são dos sincícios ou das células miocárdicas ?

5) Por que os registros feitos nas derivações DI, DII e DIII são conhecidos como bipolares ?

6) Qual das três derivações se tornou a representante da eletrocardiografia ?

7) Cite as ondas nomeadas por Einthoven.

8) Qual a onda que corresponde a despolarização atrial ?

9) Quais as ondas que representam a despolarização ventricular ?

10) Qual a onda que representa a repolarização ventricular ?


Células

- São polarizadas (“eletricamente neutras” devido


aos íons de sódio, potássio cálcio e cloro);

- A polarização é feita pelo trabalho das bombas;

- A despolarização é a perda da negatividade.


Onda de despolarização
Repolarização

A repolarização restaura a polaridade de repouso


de cada célula.
Tirando onda

~ Uma explicação de como os


eletrodos vêm as ondas das
fibras musculares em suas
direções.
Tensões flutuantes - -
- -

B
t A B VBA A
t1 3p 0p -3 + +
+ +
t2 3p 1p -2
t3 2p 2p 0

t4 2p 3p +1 VBA

t5 1p 2p +1

t6 3p 4p +1
t
Onda vista pelo eletrodo B

A B

Célula em repouso
- Equipotencial -
Onda vista pelo eletrodo B

A B

Onda de Despolarização

O potencial em B cresce porque A diminuiu no


tempo. Onda vista pelo eletrodo B.
Onda vista pelo eletrodo B

A B

Onda de Despolarização

O potencial em B decresce no tempo até


a condição isoelétrica.
Onda vista pelo eletrodo A

B
A

Em repouso
Onda vista pelo eletrodo A
Onda se afastando

B
A

Onda de Despolarização
Onda vista pelo eletrodo A
Onda se afastando de A

B
A

Onda de Despolarização alcança o final


da fibra muscular.
Ondas vista pelo eletrodo C

A B

C
Onda se aproxima Onda se afasta
Confira se você entendeu:
Qual a direção da onda de despolarização ?
Resumo da visão dos eletrodos
em relação a uma onda de
despolarização.
V1
As ondas de
despolarização e
repolarização são
representadas por
V2
vetores.
V3

Ex: Onda de despolarização SÂP


Composição dos vetores

Determinação do vetor resultante da despolarização em fibras miocárdicas


ativadas simultaneamente. (Modificado de Hamilton & Dow, p 333.)
Do livro do Garcia, pag 64.
Tudo bem, né ???
Agora que vocês entenderam
que cada eletrodo “olha” em
uma direção. Pergunta-se: O
que o eletrodo vai ver se a onda
passar inclinada em relação ao
olhar dele ?

~Como fica a intensidade e


forma da onda ?
DI
Direção dos “olhares” do
triângulo de Einthoven
DII DIII
Deslocamos os vetores para
que eles se cruzem no
centro do coração

DI

DII
DIII
Os eletrodos vêm a projeção do vetor
cardíaco médio “V” sobre a direção
do eixo quem ele está olhando. A
projeção é perpendicular ao olhar.
Exemplo:
0,3mV
DI

VI
DII DIII

VII VIII
0,6mV 0,4mV
Exemplo das projeções do vetor
“V” nas derivações aumentadas
de Goldberger
aVR aVL

Encontre um erro !!! aVF


Exemplo da projeção de um
vetor qualquer

Qual a amplitude do vetor H vista pela


derivação DII ?
Resumo da opera:
O Vetor cardíaco <–> Dipolo elétrico
O dipolo elétrico (a soma de todos
os vetores) pode ser rebatido
(projetado) nos lados do triângulo.
Vetorcardiograma


Mostra os vetores resultantes do processo
de ativação elétrica do coração.


Na última década devido aos recursos da
análise computacional é possível inferir o
VCG a partir do ECG.
Conclusões:
- É a partir do conhecimento das projeções
do vetor nas derivações que podemos
construí-lo no espaço e vice-versa.

- A amplitude do sinal elétrico é função do


tamanho da projeção do vetor na derivação
que está sendo examinada (“olhada”).

- A polaridade da onda é função da direção


da despolarização ou polarização.
Posição do vetor do coração
sadio.

DI

aVF
Posição do vetor de um coração
com uma área morta.

DI

Área morta

aVF
ou coronal

ou axial
Eletrocardiograma

Eletrocardiógrafo
Ligação dos eletrodos

OBS: A direção do papel !!!

Questão boa para a prova !


Uma fita papel termossensível que
corre a 25mm/s e registra de cada
derivação em um pedaço da fita.

Ou…
Resultado em papel A4
Os “quadradinhos”
Sinal QRS clássico (DII)
Parte II

As derivações unipolares
aumentadas de Goldberger:

Derivações nos membros


PROBLEMA !!!
ou limitação ???
As derivações de Einthoven são bipolares, isto
é, não têm um referencial fixo porque as
variações de carga no outro eletrodo
contribuíam para a formação do sinal.

Bipolar Unipolar
Wilson cria um terra virtual
1934
O Terminal Central de Wilson (CTW) foi criado
com a finalidade de medir o potencial elétrico
absoluto de cada extremidade do corpo.

O CTW funciona como um terra virtual pois


pela lei de Kirchhoff DI+DII+DII = 0.

Problema: Muito baixa amplitude, daí usa-se o


terminal central de Goldberber para se obter
conhecida por derivações aumentadas:
aVF; aVR; aVL.
Derivações unipolares de
Goldberger
aVR aVL
Tensão no Tensão no
braço direito braço Esquerdo

A tensões têm Tensão na perna


como referência esquerda
o CTW. aVF
Derivações Unipolares e o
triângulo de Einthoven
aVR aVL
DI

DII DIII

Terminal Central
de Wilson (CTW)
Terra virtual aVF
Combinação das derivações de
Einthoven com as de Goldberger

Olhando em várias as direções


Adicionando as derivações de
Goldberger

aVR aVL

DI

DII
DIII
aVF
Derivações no plano frontal
-60°

aVR -30°
aVL

-180°
DI 0°
+180°

+30°

DIII
DII
aVF
Visões no plano frontal
Derivações precordiais

Mais 6 derivações

agora no plano horizontal


Derivações no plano
horizontal
Derivações precordiais
Plano Horizontal

Wolferth & Wood 1932 – Derivações precordiais (Wilson ???)


Progressão da onda R

Veja - > http://ecg.med.br/derivacoes.asp


Resultado de um ECG

Eletrocardiograma com ritmo sinusal;

Frequência cardíaca de 70 bpm;

Onda P positiva em todas as derivações, exceto aVR;

QRS largo com eixo normal, cerca de 45°;

Intervalo PR considerado normal, 0,15s;

QT corrigido normal em 400ms;

O segmento ST é isoelétrico e sem alterações
relevantes;

A onda T é positiva em todas as derivações, exceto aVR;

Não há onda Q patológica;
Por enquanto é só
isto !!!
FIM
Reference: Medical Instrumentatin – John G. Webster
Livro texto – Garcia
Livro: O ECG essencial

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