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AULA 6 – Taquiarritmias 30/08 QRS: estreito ou largo?

– lembrando que cada


quadradinho na longitudinal mede 40
Nas taquiarritmia, tirando as particularidades de milissegundos.
ter que conhecer todos os ritmos, isso cai tanto
na pratica como na prova teórica. Na pratica, é Estreito (<0,12 s – menor que três quadradinhos
muito parecida com a bradi, o que importa é se ou <120 milissegundos): taquiarritmia
o paciente está estável ou instável e saber supraventricular
diferenciar os ritmos. Largo (>0,12 s – maior que três quadradinhos ou
>120 milissegundos): taquiarritmia ventricular ou
Um ritmo para ser sinusal ele tem que ter onda supraventricular com condução aberrante
P, e essa onda P tem que ser positiva em D2, D3,
AVF, e negativa em AVE. Se o ritmo tiver onda P, Quando o QRS é largo, ate que se prove o
mas a onda P não tiver essa característica, então contrário, nós estamos falando de uma
essa onda P não foi originada no nodo sinusal, taquiarritmia ventricular. Aí vamos ver se essa
então não podemos dizer que o ritmo é sinusal, taquiarritmia tem pulso ou não tem, logicamente
para se sinusal essa onda P tem que preceder o vai ter, se não tiver, é parada, PCR.
complexo QRS e ser positiva nas derivações que
veem parede inferior, em D2, D3, AVF, e negativa Ai essa taquiarritmia supra ventricular pode ser
em AVE. Essa informação é importante pois polimorfa ou monomorfa. Monomórfica é
vamos ver vários ritmos que não tem onda P. quando os complexos QRS são iguais e polimorfa
é quando são diferentes. Então quando
analisamos o QRS, nos já conseguimos saber
onde que esse ritmo se originou.

TAQUICARDIA SINUSAL TAQUIARRITMIA MONOMORFICA

Quando falamos em arritmia, taquiarritmia,


falamos de um ritmo em que a frequência
cardíaca é maior que 100bpm, isso
considerando que os valores normais são entre
50 e 100bpm, por isso valores maiores são TAQUIARRITMIA POLIMORFICA
taquiarritmia.
Existe também uma taquicardia com o QRS largo
Mas o que realmente importa no ACLS é se essa que é originada acima do ventrículo, essa se
taquiarritmia vai causar sintomas de chama taquicardia supraventricular com
instabilidade no paciente. aberrância.

Como identificar uma taquiarritmia A taquiarritmia supraventricular com


aberrância é uma taquiarritmia que originou um
Esse é um macete, que segue a regra, não serve estimulo elétrico acima do ventrículo, mas ela
para todos os casos pois existem exceções, mas tem algum distúrbio de condução, então o QRS
a regra é essa. Para um paciente que tem a alargou. Se lembrarmos sobre bloqueio de
frequência cardíaca > 100bpm, a primeira coisa campo que deixa o QRS alargado, então um
que temos que analisar é o QRS, saber se ele é paciente com uma taquiarritmia originada
estreito ou se ele é largo. acima do ventrículo, e esse paciente tem algum
problema no sistema de condução, ele pode ter Então considerando isso, se o R-R for irregular,
alguma taquiarritmia com o QRS alargado. ate que se prove o contrário, é uma fibrilação
atrial.
Se na emergência chegar um paciente com
taquiarritmia e nós não soubermos os critérios
de Brugada, os critérios de Vereckei ou os
critérios dos Santos, e não sabemos se vamos
tratar TV ou uma taquicardia supraventricular FIBRILAÇÃO ATRIAL
com aberrância vamos tratar como TV, que é o
mais comum, ate porque a chance de uma TV A fibrilação atrial funciona de forma semelhante
matar é muito maior, então sempre tratar toda a uma fibrilação ventricular, são vários focos
taquiarritmia com o QRS alargado como uma disparando dentro do átrio ao mesmo tempo e
TV. conduzem focos diferentes, então o ritmo atrial
fica irregular.
Mas isso dá taquicardia supraventricular com
aberrância não é cobrado em pratica, o que é Há onda P visível?
cobrado é se sabemos diferencia um ritmo
ventricular e um não ventricular e se o paciente Se tiver onda P, ate que se prove o contrário, é
está estável ou não. sinusal ou atrial (quando temos um foco
diferente do nodo diferente do sinusal, mas gera
Pois bem, quando nós analisamos um QRS e ele onda P).
é estreito, significa que aquele ritmo ele girou
acima do ventrículo, ou seja, é supraventricular, Se não tiver onda P, a próxima pergunta é tem
e se ele estiver com ritmo acima de 100bpm, é onda F? se sim, é um Flutter atrial, se não tiver, é
uma taquicardia supraventricular. uma taquicardia supraventricular com
reentrada nodal.

TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR
FLUTTER ATRIAL
Se o QRS for largo, é uma taquicardia ventricular,
ate que se prove o contrário. Por isso a Resumindo: se o QRS for estreito < 0,12 segundos,
importância de avaliar os dois lados. Se é estreito e o QRS largo > 0,12 segundos. Se o QRS dor
é supraventricular, se é largo é ventricular. estreito, vamos ver se o R-R é regular, ou se é
irregular.
Ritmo: regular ou irregular:
TAQUICARDIAS DE QRS ESTREITO
Tá, mas não é so isso, sendo largo, é uma
taquicardia ventricular até que se prove o
contrário, mas se for estreito, tem mais dois
caminhos. O R-R irregular ou o R-R regular.
TAQUICARDIA SINUSAL

Uma taquicardia que acontece controlada pelo


nodo sinusal, de QRS estreito, o QRS só vai ser
largo quando houver aberrância de condução, e
normalmente ela nunca vai ser a causa de um
problema, não e a taquicardia sinusal que vai
causar a instabilidade no paciente, pois ela é passar os 300, ele deixa passar a cada duas F
sempre a consequência do problema. Se um QRS, então ao frequência das ondas F é de
chocarmos uma taquicardia sinusal vamos 300, mas a frequência ventricular é de 150, pois
piorar o problema. Ela pode ser consequência de o nodo sinusal não deixa passar os 300.
uma hipoxemia, hipovolemia, hipertermia, Normalmente a frequência é de 150, o R-R tende
tromboembolismo pulmonar, choque séptico, a ser regular.
choque cardiogênico, choque distributivo,
choque hipovolêmico, dor de qualquer tipo,
hipertireoidismo, insuficiência cardíaca, bala,
infarto, cafeína, cocaína, exercício físico, medo,
ansiedade, nicotina. Basicamente, a taquicardia
TAQUICARDIA VENTRICULAR POR REENTRADA NODAL
sinusal nunca é a causa, sempre a consequência.
Taquicardias de QRS estreito, não há onda P, não há
onda F, o R-R é regular, que também é chamada de
taquisupra. Essa taquiarritmia acontece pois pode ser
que dentro do próprio nó AV comece a girar o circuito,
FIBRILAÇÃO ATRIAL aí esse circuito dispara para cima e para baixo, e aí ele
depolariza o átrio de baixo pra cima e o estimulo desce
pro ventrículo. Mas como o estimulo ainda saiu do nó
Taquiarritmia supraventricular com QRS estreito AV, o QRS ainda é estreito.
e gerada acima do ventrículo e com R-R
irregular. Além do R-R irregular, a linha de base TRATAMENTO
é toda tremida, essas são as ondas atriais
geradas pelos vários focos despolarizando ao Quando falamos de taquiarritmia, o que interessa não
mesmo tempo na fibrilação atrial. Quando é é se o QRS é estreito ou alargado, o que interessa é se o
uma fibrilação atrial recente, essa linha de base paciente está estável ou instável. A única taquicardia
que não devemos tratar a própria taquicardia é a
treme mais, quando já é uma fibrilação atrial
taquicardia sinusal, onde nos vamos atras da causa
mais antiga a linha treme menos. para trata-la. As outras nós vamos nos perguntar, esse
paciente está instável por conta da taquiarritmia?

FLUTTER ATRIAL

Taquiarritmia de QRS estreito, ou seja, foi gerada


acima do ventrículo. A linha do Flutter parece um
cerrote, essas são as ondas F. Essas ondas são
formadas pois no Flutter existe um foco único
que normalmente acontece perto do nó AV, aí
esse único foco despolariza os átrios, mas ele
despolariza de baixo pra cima, enquanto o nodo
sinusal de cima pra baixo.

Como o átrio é despolariza de baixo pra cima, Se o paciente estiver instável por conta da
quando coloca um observador lá no pé, que é o taquiarritmia, a conduta é cardioversão elétrica, se o
paciente estiver estável, é monitoração de frequência se
D2, ele vai ver essa onda negativa. Normalmente
taquicardia supraventricular (QRS estreito) e se
esse foco roda na frequência de 300bpm por
taquicardia ventricular (QRS largo) é amiodarona.
minuto, ou seja, essa onda F tem uma frequência
de 300bpm por minuto, mas o nó AV tem fibras Se chega um paciente na emergência com queixa de
de condução mais lenta, então ele não deixa palpitação, então vamos fazer a avaliação primaria,
oxigênio se precisar, monitorar, acesso venoso e se o No paciente que está com uma palpitação, mas estiver
paciente estiver estável ou não tão grave, vamos tentar estável vamos fazer medicação para o controle de
fazer um eletro de 12 derivações, para saber em qual frequência cardíaca, serve o betabloqueador ate que o
daqueles ritmos o paciente se encaixa. Se o paciente especialista chegue. Se o paciente estiver estável, não
chegar muito grave, com uma taquiarritmia que não é vamos mexer em uma FA, pois ela pode gerar trombos
sinusal, não importa se o QRS é estreito ou largo, pois dentro do átrio e se revertemos sem a anticoagulação
vamos cardioverter de qualquer jeito. adequada, o trombo pode sair e ir pra cabeça e causar
um AVC.
Ou seja, o eletrocardiograma não deve atrasar a
cardioversão elétrica se o paciente estiver muito O Flutter se o paciente estiver instável vamos fazer a
instável. Lembrar que se for sinusal não adianta cardioversão com 50J no bifásico. Se estiver estável é
cardioverter. controle de frequência e chamar o especialista.

Os critérios de instabilidade são diminuição da pressão, A taquisupra se o paciente estiver instável vamos fazer
da consciência, sincope, diminuição da perfusão, dor cardioversão elétrica, se o paciente estiver estável
torácica, dispneia. O que indica a cardioversão elétrica vamos reverter também. Mas podemos reverter com
é a instabilidade hemodinâmica, só vamos cardioverter manobra vagal, pode ser com um palito e balançar a
o paciente instável. úvula, podemos fazer uma manobra de valsava (põe o
paciente sentado e pede pra ele soprar uma seringa de
Ao cardioverter, vamos lembrar de OSASCO: 20 por 15 segundos, essa manobra diminui o retorno
venoso por conta do aumento da pressão na caixa
O – Orientar o paciente caso ele esteja consciente. O toráxica, ai levanta as pernas do paciente de uma vez,
senhor está com uma taquiarritmia e vamos ter que isso aumenta rapidamente o retorno venoso, enche a
colocar o senhor pra dormir e vamos dar um choquinho, câmera e aumenta o volume diastólico, revertendo a
e jaja o senhor fica bem e já pode ir pra casa. taquisupra), pode ser uma massagem no seio
S – Sedar. Tropofol, midazolan, diazepan e analgesia. carotídeo, isso vai estimular o barorreceptor, que vai
Morfina, fentanil. mandar um estimulo, vai descer um estimulo
A - Ambusar. Quando o paciente é sedado cai a língua, parassimpático que vai diminuir a condução no nó AV,
então precisamos organizar para poder ambusar ele. E e aí reverte.
lembrar de deixar o material de intubação preparado
pro caso de precisar. Se não reverter com essas manobras nós vamos fazer
S – Sincronizar. A diferença da cardioversão para a uma medicação que freia a condução no nó AV, vamos
desfibrilação é que na cardioversão temos que fazer adenosina com dose inicial de 6mg, e se não
sincronizar o ritmo para o choque, o aparelho mostra reverter vamos fazer 12mg (fazemos o acesso venoso e
pinguinhos em cima do QRS, pois o choque é dado em ele tem duas vias, que tem que ficar abertas. Nós
cima do QRS. Sincronizando, diminui as chances de pegamos a adenosina e empurra ela e a agua logo atras
degenerar com uma fibrilação. Quando chocamos a e levantar o braço, para evitar que ela metabolize
esmo, faz um fenômeno chamado R sobre P. Sync. dentro do vaso sanguíneo antes de chegar no nó AV).
C – Cardioverter. Depois de cardioverter o paciente tem Se não reverter vamos fazer outras medicações que
três possibilidades, que são, cardioverter mesmo, freiam essa condução, betabloqueadores, bloqueador
continuar com o ritmo que estava, aí aumentamos a de cálcio não diidopiridinicos, berapamil e diazem. Se
carga e fazemos o OSASCO de novo, ou evoluir com não der certo, podemos fazer amiodarona, e se ainda
fibrilação ventricular. não reverter pode fazer goxina EV.
O – Observar os riscos. Se formos cardioverter
novamente temos que sincronizar de novo, pois o OBS: cuidado com a massagem do seio carotídeo se o
aparelho já sai automático do modo de sincronização, paciente tiver fator de risco para aterosclerose. Se ele
pois ele já assume que o paciente pode sair com FV e tiver fator de risco vamos auscultar o paciente antes de
precisar do modo desfibrilador. fazer massagem, se tiver sopro, não vamos fazer a
massagem.
OBS: taquicardia sinusal a conduta é tratar a causa.
Recomenda-se ao fazer a adenosina, fazer um
Na fibrilação atrial se o paciente estiver instável vamos eletrocardiograma continuo, pois qualquer
fazer a cardioversão elétrica, mas a fibrilação atrial taquiarritmia supraventricular acima de 150bpm, pode
precisa de mais carga, portanto no monofásico 200j e ser confundida com uma taquisupra, pois acima de 150
se for bifásico 120 a 200J. Se não reverter, OSASCO de o R-R passa a ser regular em quase todas elas, pode ser
novo e aumenta a carga. um Flutter, pode ser uma FA.
Taquicardia ventricular instável faz cardioversão
elétrica, se estável faz amiodarona 150mg em 10
minutos. Se não reverter, repete. Se reverter faz dose de
manutenção 1mg por minuto nas primeiras 6h em
bomba de infusão contínua.

Quando a TV polimórfica é muito irregular, o aparelho


não consegue sincronizar, aí se o paciente está instável
e não sincroniza, vamos desfibrilar. A única
taquiarritmia com pulso que vamos desfibrilar é a TV
polimórfica.

O único erro é que a TV polimórfica, o ritmo no canto


inferior esquerdo não vamos cardioverter, mas sim
desfibrilar.

OBS: paciente com TV se estiver estável e a sedação não


oferecer nenhum risco para o paciente, podemos
cardioverter.

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