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Documento assinado via Token digitalmente por HUMBERTO JACQUES DE MEDEIROS, em 26/08/2020 23:34. Para verificar a assinatura acesse
RECLAMANTE Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
RECLAMADO Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
RELATOR Min. Gilmar Mendes
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Egrégio Supremo Tribunal Federal,
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:46 c
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PARECER
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das decisões do Supremo Tribunal Federal.
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2. A petição inicial aduz que o acórdão reclamado desrespeitou as decisões
proferidas:
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(a) na Reclamação 32.9891, na medida em que esta teria a rmado que o
Senador Flávio Nantes Bolsonaro não possuiria prerrogativa de foro no
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STF, quanto a apuração da prática de fatos anteriores ou sem relação
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com o atual mandato;
(b) na ADI 2797, uma vez que tal decisão teria xado que “não há
extensão do foro por prerrogativa a ex-exercentes de cargos públicos
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afirmar que a Suprema Corte não é competente para apreciar os fatos. Também
repeliu a afronta à autoridade da decisão proferida na ADI 2797, pontuando que o
precedente não tratou da hipótese de continuidade de foro por prerrogativa.
7. Por fim, afirmou inexistir desrespeito à tese fixada na AP 937 QO/RJ,
porque tal decisão se ateria à hipótese de perda do mandato. Ao final, requereu a
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negativa de seguimento à Reclamação ou a total improcedência dos pedidos.
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atribuição para atuação no feito seria da Procuradoria-Geral da República, não do
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Ministério Público Estadual. Apontou que não foi esgotada a jurisdição do
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Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, uma vez que não teria sido
interposto recurso contra o acórdão impugnado.
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9.
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Quanto às decisões indicadas como paradigmas, informou que a
Reclamação 32.989 não determinou a submissão de um Senador da República à
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pre
12. A presente reclamação não deve ser conhecida, pelas razões a seguir
expostas.
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A própria correição parcial, no âmbito na legislação federal, é regulada no art. 6º da Lei nº 5.010,
de 1966.
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com sua inclusão no RISTF, estendendo-se até à promulgação da CF/67); 3ª –
Fase de consolidação (da CF/67 até a EC 7/77); 4ª – Fase de definição (da EC
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7/77 até o regime constitucional anterior ao da CF/88); e 5ª – Fase de plenificação
do instituto (a partir da promulgação da CF/88)”.
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15. Sempre se discutiu a natureza jurídica da reclamação7: Pontes de Miranda
(ação), Moacyr Amaral Santos e Alcides de Mendonça Lima (recurso ou
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sucedâneo recursal), Orosimbo Nonato (remédio incomum), Moniz de Aragão
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(incidente processual), José Frederico Marques (medida de direito processual
constitucional) e Djaci Falcão (medida processual de caráter excepcional).
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Caso McCulloch v. Maryland, julgado pela Suprema Corte Norte-Americana em 1819. Esta
decisão, na qual a Suprema Corte considerou válida a criação de um banco nacional pelo Congresso
sso
(Bank of the United States) e inválida a tributação de suas atividades pelo Estado de Maryland, é
mais conhecida pelo estabelecimento da denominada teoria dos poderes implícitos, pela qual é
legítimo o desempenho pela União de competências que não estão expressas na Constituição, mas
pre
são necessárias e apropriadas para a realização dos fins nela estabelecidos. Cf. Luís Roberto
Barroso. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro . 3ª ed. São Paulo: Saraiva: 2008,
Im
p. 10.
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CF/88, art. 102, I, l , reclamação constitucional para o STF, e art. 105, I, f, reclamação
constitucional para o Superior Tribunal de Justiça. O instituto da reclamação, tanto para o STF
quanto para o STJ, estava regulamentado nos arts. 13 a 18 da Lei nº 8.038, de 1990. A EC 92/16
acrescentou o § 3º ao art. 111-A da CF/88 para prever a reclamação ao Tribunal Superior do
Trabalho.
5
Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor,
2000.
6
Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor,
2000, p. 46-48.
7
Cf. voto do Min. Celso de Melo na Reclamação 336, DJ de 15.3.91.
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Representação 1.092, Rel. Min. Djaci Falcão, DJ de 19.12.84.
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relatada, entendeu que o constituinte estadual não poderia contemplar na
constituição estadual dispositivo outorgando competência para o tribunal de justiça
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julgar reclamação destinada a garantir a autoridade de seus julgados e das suas
competências.
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19. O julgado recebeu a seguinte ementa: “Criação, por norma de
Constituição estadual ou do Regimento do Tribunal de Justiça, de reclamação
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destinada à preservação da competência deste, ou à garantia de suas decisões.
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Relevância jurídica da argüição, que se lhe opõe, de invasão da competência
privativa da União para legislar sobre direito processual (Constituição, art. 22, I).” 9
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processo dos feitos submetidos a seu julgamento (CF 67, art. 119, § 3º, c/ a
redação da E.C. 7-77); hoje expressamente previsto no art. 102, I, l , da Carta
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processual, sobre a qual cabe à União privativamente dispor (CF, art. 22, I).
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ADIn 2212, liminar deferida, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ de 30.3.01.
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Este é um dos raros casos em que o STF concedeu a liminar, mas negou a procedência do pedido
formulado na ação direta de inconstitucionalidade.
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Na linha da opinião externada em artigo de Ada Pelegrini Grinover (“A reclamação para garantia
da autoridade das decisões dos Tribunais”).
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constitucional de petição previsto no artigo 5º, inciso XXXIV da
Constituição Federal. Em conseqüência, a sua adoção pelo Estado-membro,
pela via legislativa local, não implica em invasão da competência privativa da
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União para legislar sobre direito processual (art. 22, I da CF).
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2. A reclamação constitui instrumento que, aplicado no âmbito dos
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Estados-membros, tem como objetivo evitar, no caso de ofensa à autoridade
de um julgado, o caminho tortuoso e demorado dos recursos previstos na
legislação processual, inegavelmente inconvenientes quando já tem a parte
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uma decisão definitiva. Visa, também, à preservação da competência dos
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Tribunais de Justiça estaduais, diante de eventual usurpação por parte de
Juízo ou outro Tribunal local.
3. A adoção desse instrumento pelos Estados-membros, além de estar em
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sintonia com o princípio da simetria, está em consonância com o princípio da
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ADIn 2.212, mérito, por maioria, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 14.11.03.
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ADIn 2.480, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 15.6.07.
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Aqui ocorreu um lapso quanto ao número do inciso em que é previsto o direito de petição, pois
ele vem insculpido no inciso XXXIV do art. 5º, da CF/88.
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RE 405.031, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 17.4.09.
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pelo constituinte estadual16, mas não pode ser criado em regimento interno de
tribunal17.
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25. Para finalizar, há posição doutrinária defendendo que o Supremo
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Tribunal Federal, em função do novo Código de Processo Civil, aceitou a tese de
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que a natureza jurídica da reclamação constitucional passou a ser a de ação.18 Nos
precedentes localizados, contudo, o que se nota é que alguns Ministros comentam
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sobre o tema, mas não se revela possível afirmar, com segurança, que houve uma
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mudança convicta e fundamentada do entendimento do Supremo Tribunal Federal
acerca da natureza jurídica da reclamação constitucional.
0 - 1-
27. A despeito das diversas críticas sobre os referidos institutos (ADC e efeito
vinculante), no julgamento da Questão de Ordem na Ação Declaratória de
Constitucionalidade nº 1, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela
sso
pre
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ADIns 2.212 e 2.480.
Im
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RE 405.031.
18
Nesse sentido: Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha. Curso de direito processual civil
meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais v. 3. 17a. ed. Salvador : Editora
JusPodivm, 2020, p. 660. No STF: AgRg na Reclamação 24417 (1 a. Turma, j. 7.3.17), o Min.
Roberto Barroso faz a seguinte menção: “Isto é, a reclamação indiscutivelmente tornou-se uma
ação,...”; e a Questão de Ordem na Reconsideração na Reclamação 25.638 (Plenário, j.9.5.19), nos
votos dos Ministros Dias Toffoli e Luiz Fux há referências de que a reclamação tem natureza
jurídica de ação.
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Vale recordar o seguinte fato: o “efeito vinculante” surgiu inicialmente para a representação
interpretativa e ele consta no art. 187 do RISTF.
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Efeito vinculante a decisões judiciais é matéria reservada à criação pelo legislador constituinte e
disciplinada pelo legislador ordinário.
28. No seu voto, o Ministro Moreira Alves, relator, estabeleceu que se o efeito
vinculante não fosse respeitado poderia ser ajuizada reclamação diretamente no
Supremo Tribunal Federal:
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“De feito, se a eficácia erga omnes que também possuem suas decisões de
mérito lhe dá a mesma eficácia que têm as decisões de mérito das ações diretas
de inconstitucionalidade (e – note-se – é em virtude dessa eficácia erga omnes
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que esta Corte, por ser alcançada igualmente por ela, não pode voltar atrás na
declaração que nela fez anteriormente), do efeito vinculante que lhe é próprio
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resulta: a) – se os demais órgãos do Poder Judiciário, nos casos concretos sob
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seu julgamento, não respeitarem a decisão prolatada nessa ação, a parte
prejudicada poderá valer-se do instituto da reclamação para o Supremo
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Tribunal Federal, a fim de que este garanta a autoridade dessa decisão; e b) –
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essa decisão (e isso se restringe ao dispositivo dela, não abrangendo – como
sucede na Alemanha – os seus fundamentos determinantes, até porque a
Emenda Constitucional n. 3 só atribui efeito vinculante à própria decisão
definitiva de mérito), essa decisão, repito, alcança os atos normativos de igual
0 - 1-
demais órgãos do Poder Judiciário e do Poder Executivo, uma vez que ela não
alcança os atos editados pelo Poder Legislativo.” 22
7/0 5.7
30. Boa parte da doutrina pátria entendeu que seria inconstitucional a atitude
Em por
do legislador de atribuir por lei ordinária o efeito vinculante para a ação direta de
inconstitucionalidade, já que o efeito vinculante foi criado para a ação declaratória
sso
21
QO na ADC 1, Rel. Min. Moreira Alves, DJ de 16.6.95. A constitucionalidade da EC 3/93 foi
questionada na ADIn 913, não conhecida por ausência de pertinência temática da Associação dos
Magistrados Brasileiros (acórdão publicado no DJ de 5.5.95).
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Necessário destacar que o STF, no julgamento da Reclamação 4.374, j. 10.4.13, aceitou a
reclamação até para modificar entendimento proferido em sede de controle concentrado. Ou seja, a
reclamação foi usada como uma ação rescisória desconstituindo julgado proferido numa ação direta
de inconstitucionalidade. Em suma, o STF não se considera vinculado ao efeito vinculante.
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Essa aliás foi a linha de raciocínio defendida pelo Ministro Moreira Alves no julgamento do AgRg
na Reclamação 1.880. A discussão doutrinária, como se sabe, está esgotada, pois a EC 45/04 dispôs
que a decisão da ação direta de inconstitucionalidade tem efeito vinculante (art. 102, § 2º, da
Constituição Federal).
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33. A partir dessa decisão, mudou o entendimento do Supremo Tribunal
Federal acerca da legitimidade para a propositura de reclamação constitucional,
como se verá a seguir.
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A legitimidade para a propositura da reclamação constitucional
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34. Inicialmente, o Supremo Tribunal Federal apenas admitia o ajuizamento
de reclamação por quem havia sido parte no processo.25 Ou seja, teria que ter sido
requerente ou requerido, no controle concentrado (ADIn/ADC/ADPF), ou
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recorrente ou recorrido, no controle difuso (RE, por exemplo).
36. Esse quadro não mudou com a Emenda Constitucional 45, de 2004, que
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39. De forma esquematizada, cabe reclamação constitucional para o Supremo
Tribunal Federal em duas hipóteses31: (i) violação à sua competência (ii) não
observância da autoridade do seu julgado.
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40. E – aqui importa ressaltar – que dentro do desrespeito à autoridade do
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julgado do Supremo Tribunal Federal, há uma única hipótese no processo
objetivo32: quando a decisão do Supremo Tribunal Federal tiver efeito vinculante.
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41. Necessário recordar que a parte em determinado processo subjetivo
(controle difuso) julgado pelo Supremo Tribunal Federal também dispõe de
legitimidade para ajuizar reclamação perante este Tribunal quando a autoridade de
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42. Em outras palavras, só cabe reclamação – por quem não foi parte –
quando o decidido pelo Supremo Tribunal Federal ocorrer em sede de controle
8/2 95
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Art. 7º da Lei nº 11.417, de 2006.
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Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão
Em por
de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
sso
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas,
pre
acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre
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decorrente do efeito vinculante, como bem disse, certa vez, o Ministro Carlos
Velloso36: “Certo é que o efeito vinculante propicia às partes virem diretamente ao
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Supremo Tribunal, no caso de descumprimento desse efeito, mediante
reclamação.”
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45. Firmado o entendimento de quem tem legitimidade para a propositura de
reclamação, cumpre examinar os tipos de reclamação.
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33
Reclamação 4.335 (DJ 22.10.14). A reclamação foi julgada procedente em razão da súmula
7/0 5.7
requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.”) e do artigo 462 do Código de Processo Civil
de 1973 (“Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do
Em por
decisão impugnada” (AgR na Reclamação nº 8.846, DJe de 9.4.10, e AgR na Reclamação nº 7.989,
DJe de 20.8.12).
34
Assinala Luís Roberto Barroso: “Ainda no regime constitucional anterior, o STF, no julgamento
pre
apreciação de caso concreto. No controle por via principal concentrado, a simples decisão da Corte,
por maioria absoluta, já importa na perda de eficácia da lei ou ato normativo. V. STF, DJU, 16
maio 1977,p. 3123.” O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2008, p.121.
35
Não se pretende discutir aqui as ADIns 3406 e 3470 (conhecidas como “Caso Amianto”), pois a
Ministra Rosa Weber, Relator, suspendeu, em parte, os efeitos da decisão (decisão de 19.12.17).
Também houve a interposição de embargos de declaração ainda pendentes de julgamento. Na
doutrina sobre esses julgados ver: Pedro Lenza. Direito constitucional esquematizado. 23a. ed. São
Paulo : Saraiva, 2019, p. 314-318; e Juliano Taveira Bernardes e Olavo Augusto Vianna Alves
Ferreira. Direito constitucional tomo I – Teoria da constituição. 8a ed. Salvador : Editora
JusPodivm, 2018, p. 388-389.
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Aparte no julgamento do AgRg na Reclamação 1.880.
47. Correto dizer, portanto, que o constituinte resolveu permitir para aquelas
partes que já haviam tido sucesso com as suas demandas no âmbito do Superior
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Tribunal de Justiça (último intérprete do direito infraconstitucional) e/ou no
âmbito do Supremo Tribunal Federal (último intérprete do direito constitucional)
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ajuizar reclamação quando as decisões desses tribunais não estivessem sendo
executadas de acordo com a coisa julgada firmada por esses tribunais ou que
9
estivessem sendo descumpridas pelos juízes das instâncias inferiores.
:43 l 41
48. Pareceu para o constituinte que seria um absurdo que o vencedor da causa
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tivesse de percorrer novamente todas as instâncias da justiça para que o Superior
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Tribunal de Justiça e/ou Supremo Tribunal Federal reinterpretassem as suas
decisões para dizer o correto modo de aplicá-las.
0 - 1-
50. Por outro lado, a reclamação chamada de objetiva/de não parte poderia ser
ajuizada por qualquer pessoa que se sentisse prejudicada, já que a decisão proferida
7/0 5.7
37
A reclamação objetiva (reclamação de não parte) é aquela permitida quando há violação a uma
decisão proferida em sede de processo objetivo. Explica Luís Roberto Barroso: “ (…) Trata-se de
pre
um processo objetivo, sem partes, que não se presta à tutela de direitos subjetivos, de situações
jurídicas individuais.” (O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro . 3ª ed. São Paulo:
Im
Saraiva: 2008, p.146). Na jurisprudência do STF sobre processo objetivo ver: Representação 1.016,
Representação 1.405, Ação Rescisória 878 e QO na ADC 1.
38
Processo subjetivo é o processo regulado pelo Código de Processo Civil. No controle concentrado
impera o processo objetivo:“(...) Por essa razão, os princípios constitucionais do processo (leia-se:
do processo subjetivo) não podem ser aplicados ao processo objetivo sem apurada dose de cautela”.
Clèmerson Merlin Clève. A fiscalização abstrata de constitucionalidade no direito brasileiro. São
Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2000, p. 143-145. Cabe ressaltar, por honestidade
intelectual, que a distinção entre processo objetivo e processo subjetivo não ocorre de modo
absoluto (Cf. José Joaquim Gomes Canotilho. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 2ª
ed. Coimbra : Livraria Almedina, 1998, p. 861).
39
Ressalte-se que o STF não está sujeito ao seu efeito vinculante, de acordo com o julgamento da
Reclamação nº 4.374 (DJ 4.9.13).
54. Até porque assumi-la como regra significaria admitir que o usual no Brasil
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é o não cumprimento das decisões judiciais.
55. Tanto é assim que ela somente é prevista para o Supremo Tribunal
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Federal e para o Superior Tribunal de Justiça em situações exaustivamente
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descritas pelo poder constituinte originário40: violar competência do Supremo
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Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça ou negar autoridade a julgado
do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
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56. Em conclusão parcial, dentro da moldura constitucional criada pelo poder
constituinte, há dois tipos de reclamação: a subjetiva (de parte) e a objetiva (de não
parte). Para o Supremo Tribunal Federal é possível o ajuizamento dos dois tipos
0 - 1-
-VI-
8/2 95
58. Da análise da inicial, constata-se que se alega que houve violação a três
julgados do Supremo Tribunal Federal. São eles: (i) a Ação Penal n. 937 (QO), (ii)
Im
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suposta violação ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2797.45
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tentativa do legislador de ressuscitar a vigência do enunciado 394 da sua súmula.
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O entendimento antigo do Supremo Tribunal Federal era o de que a prerrogativa
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de foro ficava mantida mesmo após o exercício da função pública. Todavia, quando
revogou a súmula, tal entendimento deixou de existir.
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62. Em outros termos, o Supremo Tribunal Federal estipulara no enunciado
da súmula 394 que: “Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a
competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação
0 - 1-
DF (QO) e Inq 656-AC (QO), rel. Min. Moreira Alves, 25.8.99]. O legislador na
lei n. 10.62846 quis positivar em lei o entendimento do enunciado da Súmula 394,
7/0 5.7
nacional" (art. 103, IX, CF): Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público - CONAMP 1. Ao julgar, a ADIn 3153-AgR, 12.08.04, Pertence, Inf
STF 356, o plenário do Supremo Tribunal abandonou o entendimento que
sso
43
Partes da Reclamação 32989: Reclamante Flavio Nantes Bolsonaro e Reclamado Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro. Foi proferida decisão em 1.2.19 e certificado o trânsito em
julgado em 20.3.19. Informações obtidas no site do STF.
44
Dos três julgados citados somente o da ADIn 2797 constitui decisão provida de efeito vinculante.
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Na doutrina sobre o julgado ver: Luís Roberto Barroso. Curso de direito constitucional
contemporâneo. Saraiva : São Paulo, 1999, p. 133.
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Restabelecia a tese jurídica anterior: a de subsistência da competência especial mesmo após a
cessação do exercício da função pública que a determinou.
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Processo Penal: pretensão inadmissível de interpretação autêntica da
Constituição por lei ordinária e usurpação da competência do Supremo
Tribunal para interpretar a Constituição: inconstitucionalidade declarada. 1. O
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novo § 1º do art. 84 CPrPen constitui evidente reação legislativa ao
9
cancelamento da Súmula 394 por decisão tomada pelo Supremo Tribunal no
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Inq 687-QO, 25.8.97, rel. o em. Ministro Sydney Sanches (RTJ 179/912),
cujos fundamentos a lei nova contraria inequivocamente. 2. Tanto a Súmula
394, como a decisão do Supremo Tribunal, que a cancelou, derivaram de
:46 c
interpretação direta e exclusiva da Constituição Federal. 3. Não pode a lei
09 10 R
ordinária pretender impor, como seu objeto imediato, uma interpretação da
Constituição: a questão é de inconstitucionalidade formal, ínsita a toda norma
de gradação inferior que se proponha a ditar interpretação da norma de
0 - 1-
hierarquia superior. 4. Quando, ao vício de inconstitucionalidade formal, a lei
Constituição - como entendida pelo órgão que ela própria erigiu em guarda da
sua supremacia -, só constituiria o correto entendimento da Lei Suprema na
medida da inteligência que lhe desse outro órgão constituído, o legislador
Em por
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hipóteses dos seus arts. 29, X e 96, III -, reservou explicitamente às
Constituições dos Estados-membros a de nição da competência dos seus
tribunais, o que afasta a possibilidade de ser ela alterada por lei federal
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ordinária. V. Ação de improbidade administrativa e competência
9
constitucional para o julgamento dos crimes de responsabilidade. 1. O eventual
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acolhimento da tese de que a competência constitucional para julgar os crimes
de responsabilidade haveria de estender-se ao processo e julgamento da ação de
improbidade, agitada na Rcl 2138, ora pendente de julgamento no Supremo
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Tribunal, não prejudica nem é prejudicada pela inconstitucionalidade do novo
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§ 2º do art. 84 do C.Pr.Penal. 2. A competência originária dos tribunais para
julgar crimes de responsabilidade é bem mais restrita que a de julgar
autoridades por crimes comuns: afora o caso dos chefes do Poder Executivo -
0 - 1-
cujo impeachment é da competência dos órgãos políticos - a cogitada
64. Firmada essa premissa, importante dizer que o efeito vinculante dessa
sso
decisão se refere apenas à sua parte dispositiva47 : não pode o julgador decidir
processos seja aplicando a súmula 394 do Supremo Tribunal Federal, seja
aplicando a lei n. 10.628, de 2002. Aceitando competência já desfeita pela ação da
pre
65. O julgador que acaso elasteça o foro por prerrogativa de função como
outrora estará, em verdade, aplicando direito inexistente. A uma, porque o
enunciado da súmula (admitindo apenas para argumentação súmula como fonte
do direito) foi revogada. A duas, porque estará aplicando lei já retirada do
ordenamento jurídico (a lei n. 10.628, de 2002).
47
Voto do Min. Moreira Alves já transcrito aqui (páginas 7 e 8).
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67. Na decisão ora reclamada, todavia, nada disso ocorreu. Aliás não há no
10
acórdão menção expressa à súmula 394 ou à lei 10.628, de 2002. Nesse sentido,
basta ver a sua ementa:
9
:43 l 41
Habeas Corpus. Questionamento sobre regra de competência do foro especial
por prerrogativa de função em razão dos fatos sob investigação serem
:46 c
contemporâneos e relacionados ao mandato eletivo que o paciente exercia, à
09 10 R
época, como Deputado Estadual na Assembleia Legislativa do Estado do Rio
de Janeiro, o que, portanto, atrairia o foro especial e competência do Órgão
Especial deste Tribunal de Justiça para o processamento e o julgamento,
afastando, pois, a competência do Juiz de Primeiro Grau. No caso em análise, o
0 - 1-
interregno temporal entre os cargos eletivos. Sob a ótica dos novos contornos
oferecidos pelo STF recentemente sobre o tema (Questão de Ordem na A.P.
7/0 5.7
937) não se encontra uma resposta objetiva à questão trazida neste habeas
corpus, sendo exigível, portanto, um maior exercício interpretativo para se
de nir a quem toca a competência de julgar o paciente. Havendo inequívoca
: 2 : 00
§ 4º, 240, 802 e 957 do CPC e art. 567 do CPP, este último permitindo a
utilização dos atos instrutórios produzidos, ainda que realizados por
autoridade absolutamente incompetente, sendo certo que até mesmo atos
decisórios praticados por juízo incompetente são rati cáveis, de acordo com o
que dispõe o artigo 108, §1º do CPP. Nesse contexto, os atos cuja validade se
questiona consistem em medidas cautelares, com caráter instrutório, praticadas
na fase investigativa, portanto, poder-se-ia aplicar a chamada “teoria do juízo
aparente”. Em segundo lugar, pondere-se que as cortes superiores rmaram
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jurisprudência no sentido de ser possível à verdadeira autoridade competente a
rati cação dos atos instrutórios e decisórios proferidos por juízo incompetente.
Por m, também é pací co na jurisprudência dos tribunais superiores que o
10
reconhecimento de nulidades no curso do processo penal, seja ela absoluta ou
9
relativa, reclama efetiva demonstração de prejuízo, o que não compete à esta
:43 l 41
Egrégia Câmara valorar e sim ao Órgão Especial competente para julgar a
causa. Precedentes do STJ e do STF. Por derradeiro, impende destacar que a
regra geral é de desmembramento de investigação ou de ação quando houver
:46 c
outros investigados/corréus sem foro por prerrogativa de função. Contudo, na
09 10 R
linha de entendimento do E. Supremo Tribunal Federal, não deve ocorrer o
desmembramento quando este representar prejuízo às investigações ou, ainda,
quando o julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação
0 - 1-
jurisdicional, cabendo ao órgão competente para julgar a autoridade com foro
do voto ora reclamados não se discutiu a questão jurídica sob a ótica do julgamento
da ADIn 2797.
sso
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Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. RECLAMAÇÃO. AUSÊNCIA DE
EFICÁCIA GERAL VINCULANTE DO PARADIGMA INVOCADO.
10
INVIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE RECLAMAÇÃO COMO
9
SUCEDÂNEO RECURSAL. AGRAVO AO QUAL SE NEGA
:43 l 41
PROVIMENTO. I - Ausente a e cácia geral vinculante do paradigma
invocado, cuja relação processual a reclamante não integrou, incabível se mostra
a via reclamatória. II - Somente são legitimados à propositura de reclamação
:46 c
constitucional aqueles prejudicados por atos contrários às decisões de e cácia
09 10 R
vinculante e geral ou, ainda, a parte que compôs a relação processual, onde a
decisão, que se objetiva preservar, tenha alcance subjetivo. III – É rme a
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte no sentido da impossibilidade
0 - 1-
do uso da reclamação constitucional como sucedâneo recursal. IV – Agravo
71. Assim, não cabe a presente reclamação por ofensa ao quanto decidido na
ADIn 2797, já que na decisão ora questionada não houve violação ao efeito
pre
-VII-
48
Entre outros: AgRg na Rcl 5.926, j. 26.6.09, DJe 12.11.09.
49
Não se pretende discutir aqui diferenças elencadas pela doutrina acerca de repristinação, efeito
repristinatório e efeito revigorador. A ideia que se busca reter se refere a um novo aproveitamento
da súmula 394.
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Ação Penal. Limitação do foro por prerrogativa de função aos crimes
praticados no cargo e em razão dele. Estabelecimento de marco temporal de
xação de competência. I. Quanto ao sentido e alcance do foro por prerrogativa
10
1. O foro por prerrogativa de função, ou foro privilegiado, na interpretação até
aqui adotada pelo Supremo Tribunal Federal, alcança todos os crimes de que
9
são acusados os agentes públicos previstos no art. 102, I, b e c da Constituição,
:43 l 41
inclusive os praticados antes da investidura no cargo e os que não guardam
qualquer relação com o seu exercício. 2. Impõe-se, todavia, a alteração desta
:46 c
linha de entendimento, para restringir o foro privilegiado aos crimes praticados
09 10 R
no cargo e em razão do cargo. É que a prática atual não realiza adequadamente
princípios constitucionais estruturantes, como igualdade e república, por
impedir, em grande número de casos, a responsabilização de agentes públicos
por crimes de naturezas diversas. Além disso, a falta de efetividade mínima do
0 - 1-
outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. A
jurisprudência desta Corte admite a possibilidade de prorrogação de
competências constitucionais quando necessária para preservar a efetividade e a
racionalidade da prestação jurisdicional. Precedentes. III. Conclusão 6.
Resolução da questão de ordem com a xação das seguintes teses: “(i) O foro
por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o
exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e (ii) Após o nal
da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações nais, a competência para processar e julgar ações
penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar cargo ou
deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo”. 7. Aplicação da nova
linha interpretativa aos processos em curso. Ressalva de todos os atos
praticados e decisões proferidas pelo STF e demais juízos com base na
jurisprudência anterior. 8. Como resultado, determinação de baixa da ação
penal ao Juízo da 256ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, em razão de o réu ter
renunciado ao cargo de Deputado Federal e tendo em vista que a instrução
processual já havia sido nalizada perante a 1ª instância.
(negrito nosso, AP 937 QO, Rel. Luís Roberto Barroso, j. 3.5.18, publicação
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11.12.18)
9 10
Na medida em que os autos ainda estavam no STF, o Min. Barroso, Relator,
:43 l 41
suscitou a questão de ordem para enfrentar o tema da prerrogativa de foro.
Descrevendo uma problemática, qual seja, o que chamou de
“disfuncionalidade prática do regime de foro”, sustentou a necessidade de se
:46 c
repensar o instituto, seja por alteração constitucional (lembramos que o
09 10 R
Senado Federal aprovou a PEC 10/2013), seja por drástica mudança de
interpretação constitucional (mutação constitucional), a partir de três razões:
75. Seja como for, mister destacar que, em nenhum momento, se reconhece
caráter vinculante a esse julgado tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência. A
decisão, com efeito, não foi proferida em sede de controle concentrado. A decisão
não tem, portanto, efeito vinculante. Não vincula os demais órgãos do Poder
Judiciário. Tanto assim que a parte dispositiva do acórdão se limita a determinar a
baixa dos autos. Decisão proferida em processo objetivo e em sede de controle
concentrado de constitucionalidade não gera baixa dos autos. O processo onde está
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fica: no Supremo Tribunal Federal.
10
76. Não há efeito vinculante em julgamento proferido no bojo de uma ação
penal, cujo desfecho limita-se a condenar ou absolver. A questão de ordem, a seu
9
turno, é de índole endógena, não sendo possível atribuir-lhe efeito vinculante. Na
:43 l 41
AP 937, a questão de ordem foi suscitada ex officio pelo Ministro Luís Roberto
Barroso.
:46 c
09 10 R
77. Ora, como a decisão da AP 937 (QO) não tem efeito vinculante, não há
que se admitir o cabimento da presente reclamação constitucional por esse
fundamento.
0 - 1-
12.692 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 20.3.14, negrito nosso). No mesmo sentido:
Em por
vinculante e geral ou, ainda, a parte que compôs a relação processual, onde a
decisão, que se objetiva preservar, tenha alcance subjetivo. III – É rme a
orientação jurisprudencial desta Suprema Corte no sentido da impossibilidade
do uso da reclamação constitucional como sucedâneo recursal. IV – Agravo
regimental ao qual se nega provimento.
(Reclamação 27622 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ 30.4.18,
negrito nosso)
- VIII-
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80. Resta, por fim, o exame da presente reclamação na parte em que se
apresenta como reclamação subjetiva (de parte)50: violação à decisão da Reclamação
10
n. 32.989.
9
:43 l 41
81. Na reclamação n. 32.989, o Ministro Relator, em sede monocrática, não a
conheceu nos seguintes termos:
:46 c
"(…) 2. Assento imprópria a autuação. A tônica, no âmbito da Administração
09 10 R
Pública, é a publicidade. O sigilo corre à conta de situações jurídicas em que a
lei o preveja. Nada justi ca lançar, no cabeçalho, apenas as iniciais do
reclamante, em razão, até mesmo, da ampla divulgação dada a este processo. O
0 - 1-
50
Partes da Reclamação 32989: Reclamante Flavio Nantes Bolsonaro e Reclamado Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro.
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82. Da leitura da decisão, extrai-se que a Reclamação 32.989 foi proposta com
fulcro na tese de que estaria havendo desrespeito à competência do Supremo
10
Tribunal Federal porque o então reclamante (Flávio Nantes Bolsonaro), por ser
9
parlamentar federal, deveria ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Em
:43 l 41
síntese, estaria sendo usurpada a competência do Supremo Tribunal Federal.
:46 c
83. Ora, o que foi dito pelo Min. Marco Aurélio é que a reclamação não
09 10 R
poderia ser conhecida, já que os atos que teriam sido praticados pelo reclamante se
deram no exercício não do mandato federal, mas do mandato estadual, o que
afastaria a competência do Supremo Tribunal Federal. Não coube a alegação,
0 - 1-
85. E, nesse ponto, cumpre frisar que o Min. Marco Aurélio não disse qual
pre
juiz seria competente, apenas sinalizou que não estava aberta a jurisdição do
Supremo Tribunal Federal para o julgamento daquela reclamação. Em outros
Im
51
Segundo pesquisa realizada no site do STF.
52
Partes da Reclamação 32989: Reclamante Flavio Nantes Bolsonaro e Reclamado Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro.
86. Em conclusão:
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(ii) Não cabe reclamação constitucional objetiva (de não parte)
para garantir julgado do Supremo Tribunal Federal desprovido
de efeito vinculante (AP 937 QO);
9 10
(iii) Não cabe reclamação constitucional subjetiva (de parte) para
:43 l 41
discutir decisão monocrática proferida em sede de reclamação
constitucional que apenas entendeu ausente usurpação da
:46 c
competência do Supremo Tribunal Federal.
09 10 R
- IX -
0 - 1-
87. Uma vez que se superem os óbices já elencados, é preciso repisar a função
Tribunal Federal.
7/0 5.7
88. Seu campo de atuação é restrito, nem poderia ser diferente. Não se pode
: 2 : 00
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Tribunal Federal, aí sim a competência seria do Supremo Tribunal Federal
estabelecida por ele próprio. Diria a corte: minha competência foi usurpada, logo
10
julgarei o processo.
9
93. Em outras palavras, aclarar a competência somente aconteceria, no caso
:43 l 41
em tela, se o Supremo Tribunal Federal assumisse a usurpação da sua competência.
Fora dessa hipótese não há como a reclamação ser conhecida; não há como dizer
:46 c
qual o juízo competente, pois.
94. 09 10 R
Também na inicial pretende-se, ainda que de forma disfarçada, a prática
de overruling.53 Quando o Supremo Tribunal Federal decidiu a Questão de
0 - 1-
95. As teses traduzem princípios, muito mais que regras. Não se dispôs sobre
toda a casuística.
7/0 5.7
para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente
público vir a ocupar cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o
pre
motivo”.
(negrito nosso)
Im
99. Por fim, em recurso especial eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral nega o
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seu registro de candidatura no ano de 2018, extinguindo-se, com isso, o mandato.
No julgamento, o Tribunal Superior Eleitoral aplicou a LC n. 135/2010 (Lei da
10
Ficha Limpa)54.
9
100. Nota-se que o case da Ação Penal 937 jamais se ocupou de parlamentares
:43 l 41
eleitos, de maneira ininterrupta, muito menos para casas legislativas diversas.
Trata-se de uma especificidade que, por si só, já distingue os casos cotejados.
:46 c
09 10 R
101. Ainda no que tange à AP 937 QO/RJ, o requerente aponta alguns casos
provenientes do entendimento nela firmado, quais sejam:
0 - 1-
•
7/0 5.7
• PET 7734
pre
ocupados. É o caso do INQ 4204 (Dep. Federal Adelson Barreto), que teve seu
mandato interrompido por cassação.
104. No INQ 3621 (Sen. Weverton Rocha Marques de Souza), o cargo anterior
era de Secretário estadual. No INQ 4358, os supostos delitos foram praticados, em
tese, em circunstâncias alheias à atividade parlamentar. E assim por diante...
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105. O Superior Tribunal de Justiça replicou a tese fixada na AP 937 QO, de
modo a restringir o foro de governadores e conselheiros de contas para somente
10
contemplar as hipóteses em que os delitos foram praticados durante o exercício do
9
cargo e em razão deste (Corte Especial, QO na APn 857).
:43 l 41
106. Não o fez, porém, quando se trata de Desembargadores. Neste caso, após
:46 c
uma distinção, o Superior Tribunal de Justiça simplesmente manteve o foro por
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prerrogativa de função, independentemente de considerações outras sobre nexo
temático e contemporaneidade (APn 878 QO), ou seja, nessa casuísta, a tese fixada
0 - 1-
cruzados”.
: 2 : 00
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110. Nessa linha, cita-se decisão do Ministro Marco Aurélio que, ao interpretar
o julgado da AP 937 (QO), dele extraiu que não deve ser julgado pelo Supremo
10
Tribunal Federal atual Deputado Federal acusado de cometer crime ao tempo que
ocupava o cargo de Senador da República:
9
:43 l 41
Neste inquérito, constata-se que só delitos praticados ao investigado Aécio
Neves da Cunha, atualmente Deputado Federal, teriam sido cometidos no
:46 c
exercício do cargo de Senador da República, e em razão deste. A situação
09 10 R
jurídica não se enquadra na Constituição Federal em termos de competência
do Supremo.
3. Declino da competência para a primeira instância da Justiça Federal de São
0 - 1-
Paulo, Subseção Judiciária de São Paulo/SP, considerado o local do suposto
111. No mesmo sentido, são as decisões na AP 1.035 (Rel. Min. Rosa Weber) e
7/0 5.7
113. Dessa breve exposição, constata-se que há diversas hipóteses e situações que
não foram ainda pacificadas pelo Supremo Tribunal Federal. Igualmente também
Im
no exercício da função de deputado estadual) não foi ainda tratada pelo Supremo
Tribunal Federal.
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seja do Supremo Tribunal Federal).
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higidez da investigação que já está em avançado estágio. Mas isso já o fez o
9
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Janeiro quando assentou:
:43 l 41
(…) Quanto ao pleito que persegue a nulidade da investigação, não encontra
:46 c
melhor sorte a impetração. Em primeiro lugar, o aproveitamento dos atos
09 10 R
processuais praticados por juízo incompetente, em homenagem aos princípios
da instrumentalidade das formas, da celeridade e da economia processual,
encontra assento tanto na seara do direito processual civil quanto do direito
0 - 1-
processual penal, conforme artigos 64, § 4º, 240, 802 e 957 do CPC e art. 567
rati cáveis, de acordo com o que dispõe o artigo 108, §1º do CPP. (…)
7/0 5.7
117. Por fim, mas não menos importante, cabe frisar sempre a possibilidade de
: 2 : 00
concessão de habeas corpus de ofício pelo Supremo Tribunal Federal. Foi o que
aconteceu, por exemplo, na Reclamação n. 24.506:
Em por
5854-75.2016.403.6181.
Determino, ainda, que o Juízo Federal da 6ª Vara Criminal Especializada em
Im
118. Finalizando: a reclamação constitucional não pode ser usada para alcançar
entendimento inédito no âmbito da jurisdição originária do Supremo Tribunal
Federal. Não é esse o seu escopo. A reclamação constitucional não é instrumento
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destinado a fazer tese do porvir (criar fonte do direito) no âmbito da jurisdição
originária do Supremo Tribunal Federal sob pena de desvirtuar tanto a sua
natureza quanto a competência de direito estrito do próprio Supremo Tribunal
10
Federal (CF/88, art. 102, I).
9
:43 l 41
-X -
:46 c
09 10 R
não cabimento da reclamação constitucional proposta.
Vice-Procurador-Geral da República
8/2 95
7/0 5.7
: 2 : 00
Em por
sso
pre
Im