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Entende-se por relação a referência de uma pessoa ou de uma coisa a outra pessoa ou outra

coisa. Toda a relação está constituída por três elementos: o sujeito, o termo e o fundamento.

 O sujeito é a pessoa ou a coisa que se relaciona com outro.


 O termo é a pessoa ou a coisa até à qual tende o sujeito da relação.
 O fundamento é o fato em que se baseia a relação de uma pessoa ou coisa com
outro. Exemplos de fundamentos em relações interpessoais: amor conjugal, amizade,
geração, etc.

A relação em Deus

A analogia exige despojar as relações divinas do carácter acidental das relações que se dão
entre os homens. Em Deus não há “acidentes” em sentido metafísico; por exemplo não há um
antes, nem um depois de ser Pai.
Assim, ao aplicar a analogia ficamos com o que é uma relação em si mesma (uma referência) e
negamos em Deus o aspecto acidental das relações humanas.
As relações em Deus são subsistentes, não acidentes: existem em si mesmas e identificam-
se com a substância divina. Os homens têm relações, em Deus a relação é Deus.
Quem gera é o Pai, não a substância, e quem espira é o Pai e o Filho, não a substância.
O Concílio de Latrão IV ensina que as três Pessoas se identificam com a substância divina e
se distinguem exclusivamente pelas suas relações de origem.
“Relação” e “substância” são dois conceitos distintos, que em Deus se identificam. Mas as
relações em Deus distinguem-se realmente entre si.
Dado que há duas processões reais em Deus (gerar e espirar), há quatro relações reais:
Paternidade, Filiação, Espiração ativa (sujeito: Pai e Filho, e termo: Espírito Santo), e
Espiração passiva (sujeito: Espírito Santo, e termo: Pai e Filho).
Segundo a filosofia, duas relações opõem-se quando trocam sujeito e termo, sendo o
fundamento o mesmo. Assim por exemplo, paternidade e filiação opõem-se porque o pai é
sujeito da paternidade e termo da filiação, e o filho é sujeito da filiação e termo da paternidade,
sendo o fundamento igual (geração).

Concílio de Florença (1442): Em Deus “tudo é uno, exceto onde houver oposição de
relação”.
Paternidade e Filiação opõem-se conforme vimos: distinguem o Pai e o Filho. Espiração
ativa e passiva também se opõem segundo vimos: distinguem juntamente o Pai e o Filho,
do Espírito Santo.

A Espiração ativa consiste em espirar: Pai e Filho podem espirar o Espírito Santo, sem
contradição com o fato de serem Pai e Filho.

O Pai gera o Filho e ama-O espirando o Espírito Santo, e o Filho é gerado pelo Pai e ama-O
espirando junto com Ele o Espírito Santo.

A Espiração passiva consiste em ser espirado. O Pai não o pode ser, dado que é sem princípio.
O Filho também não pode ser espirado porque já é gerado. Só o Espírito Santo pode ser
espirado.

As relações divinas são o modelo da vida e das relações humanas.

 À luz das relações divinas, a Trindade revela-se-nos como a mais perfeita realização
da ‘comunhão entre distintos’ e, como tal, é luz que ilumina as relações humanas
interpessoais. Por isso, a família é imagem da comunhão trinitária.
 Na Última Ceia, Jesus revela-nos a unidade das três Pessoas divinas como origem e
modelo para a união entre os homens: “Que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em
mim e eu em ti, para que também eles sejam um em nós” (Jo 17, 21).

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