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Arte é a pergunta feita de formas inúmeras.

Quem a faz é o artista, a


resposta fica ao prazer da crítica. Muitas vezes é dita sem o som das
palavras, sem a luz da visão. É de uma outra dimensão i...nvisível? E
como se já estivesse sempre ali n...o espaço vazio vem surgindo e se
materializa no ato da diferenciação. O indivíduo singular repleto de
vontade e de uma expressão oculta, múltipla, coletiva, toma pra si essa
energia transformadora, que gestante vem de um “nada”, vira etérea,
gasosa e líquida, e, nunca de repente, se solidifica. Todos devem ser
artistas, pois a arte é um estado comum do ser. Vejo o rosto e as mãos do
velho florista, o “bouquet” ficou lindo. Sou eu no papel de crítico. É ele no
papel do artista. Eu escrevo, ela dança, nós moldamos, eles pintam. “Zwei
e Zweifel - dois e dúvida. O elo entre estas palavras vai além da simples
aliteração. Onde há dois não há certeza. Quando o outro é reconhecido
como independente e não como extensão, a incerteza é reconhecida e
aceita. Ser duplo significa consentir em indeterminar o futuro”. Amor
Líquido de Zygmunt Bauman. O passado descrito em teorias que afetam e
tranformam deixando claro e simples. A materialização de um conceito
nos possibilita ser esses dois, critico e artista, não nessa ordem. E o
tempo, senhor das nossas trevas, a cada instante nos avisa “sou isso ou
sou aquilo”. É a vida, sentido simples da nossa existência exposta na rua,
no lar, na galeria (...) então, por obséquio, o que fazemos senão buscar a
luz ou mergulhar na escuridão? Alcançar ao menos num momento a
contemplação da plenitude. Naquele momento sublime, eu no papel do
ser crítico, amedrontado por ser mínimo, e, encaro em meu silêncio
escuro apenas as minhas perguntas. Sou artista? Porque faço crítica?
Posso ver o invisível? Como expôr o que eu sinto? Quanto tempo terá
minha vida? Acabou o sentido de ser dos “ismos”? Indivíduos já não se
uniam em redes coletivas? Aquele que sozinho se sente único e sem que
ele perceba a gente o encontra num igual do outro lado do mundo. Agora.
"A arte não espelha a vida. O artista não reproduz, produz. Cria a vida tal
como ela não existia antes dele". Dostoievski. Na memória subversiva
pós-contemporânea. Ser Humano, nós podemos transformar tudo em
nada e até mesmo o que parecer invisível voltar a ser imagético, tátil,
sensível. E diante da visibilidade catalisada em fragmentos dos sonhos,
subverter as possibilidades imaginárias de criar um verbo cônscio "Arter".
Eu arto; Tu artes; Ele arte; Nós artemos; Vós arteis; Eles artem. Tens o
poder para experimentar todos os tipos de suporte para isso (...) É a
história da arte que compartilha o que é belo e feio com o mundo. E os
mortais desprovidos dos conhecimentos teóricos e que não são estudiosos
de arte não entendem nada, entra pelos olhos e sai por onde? Deixas de
ser criatura para tornares criador. Recebes o tempo e o espaço para
transportares, pois agora existes. O código da causa foi decifrado e por
conseqüência estão todos aqui. Entre a escolha e a certeza podes ler o
que você diz. Podes sentir o que você faz. Podes criar. Simplesmente
porque sois copia do vosso ser. Porque vedes em cada luz que se apaga e
em cada espaço que se preenche com nada. Nesse vazio, forjas deuses a
vossa imagem e projetas vossos sonhos em obstáculos. Sois transgênicos
e transmeméticos, observais e sois observados, canibais da vossa própria
cultura magnética, naquele infinito que o inverno vem depois do outono.
Sois todos iguais. Todos expulsos da proteção cósmica uterina e forçados
a gritar; alguns não conseguiram. Percebestes então que havia algo mais.
As mãos manchadas de sangue tocaram uma rocha. Eras tu aqui
marcando esse lugar. O primeiro veículo de comunicação celular, numa
única mancha a informação foi deixada pra trás. Um dia alguém a
encontraria. E encontram sim, rochas imensas manchadas de sangue,
pigmentos de argila e seiva natural, simbolizando a vida de um momento
eternizado. E o tempo, lembra aquele que vos foi dado? Passou. Por
milhares de invernos que depois de outonos viram mais uma vez um por
do sol. E hoje um novo dia nasceu e aquela mão manchada de sangue,
tocando uma rocha na gruta, representa a singularidade da vossa
informação genética e memética, decifrada por vossa própria sabedoria,
lembra? Tens o poder da criação. Vós depositastes naquele espaço vazio,
um oco, invisível, nesse espaço um pouco do que eu vi. Toda a vossa
informação singular. Deixadas como rastro, aqueles que pensaram e
transmitiram suas idéias subversivas através dos tempos, criaram. Na
memética, alusão de Richard Dawkins, as habilidades manuais foram
acompanhadas pelas habilidades intelectuais, e, literalmente ambas
manipularam e subverteram toda a nossa informação (...) segue ao
futuro. Dois mil e doze. O futuro mandará notícias: Um talho rompeu
sobre a terra. Uma fenda enorme se abriu, separou as profundezas do
firmamento. Refez o mundo ao contrário. O vazio engoliu os protocolos
dos sábios de Sião. A vida, as manhãs, os tons de azul, o medo, a paixão,
o horizonte e a cruz. O que não resistiu foi lançado no abismo. Ficaram no
ar, a cores do céu e nuvens brancas de papel. O misterioso momento
antes da criação. Vislumbre dessa imagem em tudo e nada. Uma nova
oportunidade para recriar o tempo e o espaço, vida e arte. Volta a ser
disponível a experiência múltipla, mas singular, repleta de memória
coletiva que novamente romperá na inquietude, no diminuto gesto da
desconexão. Expulso mesmo estando fixo, desde o primeiro instante,
agora: Síntese, glória fúnebre. Assim ressuscitou, em verdade ressuscitou,
pois a eterna Luz continua acesa. Ocupando espaços, na busca do limite
sem dimensão, eles buscam numa forma de arte colaborativa o que não é
visível. Permitem o reencontro entre o espectador, parte viva da obra e o
artista que reverbera a causa primordial da criação. “O que supera não é
melhor do que antecede”. Paulo Sergio Duarte (Palestra na exposição -
Tempo Tempo Tempo 2010 - EAV). Debruçaram-se nos livros e
encontraram justas comprovações em Jorge Luis Borges. ”(...) Vi a
circulação de meu escuro sangue, vi a engrenagem do amor e a
modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra,
e na terra outra vez o Aleph, e no Aleph a terra, vi meu rosto e minhas
vísceras, vi teu rosto e senti vertigem e chorei, porque meus olhos haviam
visto esse objeto secreto e conjetura cujo nome usurpa os homens, mas
que nenhum homem olhou: o inconcebível universo.” (O Aleph – 1949) E
inspiraram-se nos longínquos sentimentos poéticos e filosóficos de
Antoine de Saint-Exupéry. “O essencial é invisível aos olhos” (O Pequeno
Príncipe – 1943) e na explosão cósmica, consolidada na transformação do
tudo em nada, no lapso do tempo que irradia ao espaço o seu reflexo
multidimensional da criação na obra de Aleksandr Rodtjenko (Construções
Espaciais – 1929). Dois mil e dez. Uma mensagem vibra no toque de um
celular. ”INVISÍVEL”: Manifesto da subversão que se move. Guarda em si a
metainformação. É singular, transferível, manipulável, contemplativo. O
berço fecundo aceitou a conexão. Engoliu a semente dos conteúdos
encodificados na memória que emanam da mesma Luz. E simplesmente
assim, na obra deles, se refletiu. Ver mais

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