Você está na página 1de 8

RESENHA – MÓDULO 4 (TRANSTORNOS ALIMENTARES – GASTRONOMIA

ESPORTIVA – LESÕES ESPORTIVAS)


Aluno: Gabriel Queiroz Fernandes

TRANSTORNOS ALIMENTARES EM ATLETAS


Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa (AN) e a bulimia
nervosa (BN). A anorexia nervosa é caracterizada pelo baixo peso corporal, intenso
medo de engordar e distorção da percepção corporal, sendo acompanhado
geralmente por comportamentos que envolvem restrição da ingesta calórica. A
bulimia nervosa, por sua vez, é definida por episódios recorrentes de compulsão
alimentar, comportamentos purgatórios recorrentes (por exemplo, uso de laxantes
ou vômitos provocados) e distorção da percepção corporal. Existem também o
transtorno alimentar não especificado e o transtorno da compulsão alimentar
periódica (TCAP), em que não há comportamento compensatório para evitar ganho
de peso.
Todos os transtornos alimentares têm consequências desastrosas para o organismo,
como desidratação, desnutrição, atrofia cerebral, infertilidade, retardo no
desenvolvimento puberal, esofagite, úlcera gástrica, cáries dentárias, anemia,
arritmia etc.
A AN pode ser do tipo restritivo (apresenta restrição alimentar e atividade física
exagerada, mas não há compulsão alimentar nem purgação) ou do tipo purgativo
(apresentam compulsão alimentar e episódios purgativos – como vômitos
provocados ou uso de laxantes e diuréticos). A BN pode ser do tipo purgativo (há
métodos compensatórios recorrentes) e não purgativo (existe apenas a restrição
alimentar e atividade física exagerada).
Atletas estão susceptíveis aos transtornos alimentares, especialmente em
modalidades que necessitam de um baixo teor de gordura corporal, sendo que a
pressão psicológica para a busca de resultados acaba por elevando o estresse do
atleta, tornando um ambiente propício para o desenvolvimento dos transtornos. As
modalidades que possuem um risco elevado pra essas doenças são: ginástica
artística, ginástica rítmica, nado sincronizado, patinação artística e endurance.
Uma síndrome importante que deve ser mencionada é a tríade da mulher atleta
(TMA), composta por desordem alimentar, amenorreia e osteoporose. Essa doença
não é exclusiva de competidoras, mas também pode ocorrer em mulheres que
praticam atividade física regular e intensa.
Os instrumentos para avaliação dos transtornos alimentares são compostos por
questionários autoaplicáveis, entrevistas clínicas e automonitorização. Dentre os
questionários, cita-se o Teste de Atitudes Alimentares (EAT) – que indica a presença
de padrões alimentares anormais; Inventário de Desordens Alimentares (EDI) – que
avalia características psicológicas e comportamentais presentes na AN e BN; Exame
de Desordens Alimentares (EDE); Binge Eating Scale (BES/ECAP) – que avalia a
gravidade da compulsão alimentar periódica em obesos; Bulimia Test (BULIT);
Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE) – que avalia a gravidade da bulimia;
Questionnaire on Eating and Weight Patterns (QEWP) – que fornece o diagnóstico
de TCAP.
Dentre as entrevistas clínicas, a mais utilizada é a Eating Disorder Examination
(EDE), que fornece avaliações descritivas da psicopatologia específica dos
transtornos, apresentado em 4 escalas: restrição alimentar, preocupação alimentar,
preocupação com a forma corporal e preocupação com o peso. Sua aplicação é
demorada e requer um avaliador treinado.
Como instrumento de automonitoração, tem-se o diário alimentar, em que o paciente
irá anotar todas as suas refeições do dia, geralmente por uma semana, juntamente
com sua experiência sensorial ao ingerir cada alimentação, para que se possa
identificar aspectos emocionais para serem trabalhados via terapia.
Existem também outros instrumentos de avaliação de aspectos diversos nos
transtornos alimentares, como a imagem corporal (Body Shape Questionnaire –
BSQ, Body Dissatsfaction Scale – BDS), o controle do comportamento alimentar
(Three fator Eating Questionnaire – TFEQ), a psicopatologia geral (Beck Depression
Inventory BDI, Symptom Checklist - SCL 90) e adequação social (Social Adjustment
Scale Self Report - SAS SR/EAS traduzida).

GASTRONOMIA ESPORTIVA E CULINÁRIA FIT


A gastronomia fit tem como base a escolha de ingredientes funcionais, sem que haja
perda da palatabilidade das refeições, além de prezar por métodos de preparo e
armazenamento saudáveis.
Para que uma alimentação seja considerada saudável, deve conter doses
balanceadas de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, vitaminas e minerais.
Dietas em que não haja ingesta adequada destes nutrientes, podem provocar um
aumento nos riscos de desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, como
diabetes mellitus tipo 2, obesidade, hipertensão arterial sistêmica etc.
Um alimento funcional é aquele que, além de nutrir, possui propriedades benéficas
para alguma função orgânica, seja para aumentar o bem-estar, seja para prevenir
doenças, desde que seja consumido em quantidades normais e não em cápsulas.
Dentre os alimentos funcionais, pode-se citar:
- Hortaliças
Possuem capacidade de prevenir certos tipos de câncer e doenças coronarianas.
Alguns tipos são ricos em antioxidantes, vitamina A e beta-caroteno. É recomendado
a ingestão de 5 a 9 porções diárias.
- Fibras
O consumo regular pode prevenir a constipação, hemorroidas, obesidade, diabetes,
câncer de cólon, coronariopatias e úlceras. Se ligam às gorduras, diminuindo a
absorção do colesterol. É recomendado a ingestão de 20 a 35g/dia.
- Amido
Uma pequena porcentagem do amido (amido resistente) não é digerido pelo
processo enzimático e segue para o cólon, onde será fermentado pelas
bifidobactérias, agindo como um prebiótico e tornando-se um alimento funcional, na
medida em que promoverá a absorção de minerais (cálcio, magnésio, zinco, ferro e
cobre), reduzirá o colesterol e triglicérides, auxiliando também na prevenção do
câncer de cólon. O amido resistente possui propriedades tanto de fibras solúveis,
quanto de fibras insolúveis. As fontes de amido resistente são a batata crua (fécula),
farinha de banana verde, amido de mandioca (polvilho doce) e feijão-da-china cru.
- Inulina
Possui propriedades prebióticas (fibra solúvel), aumenta a absorção de cálcio em
mulheres, diminui o colesterol e estabiliza a glicose sanguínea. É encontrada em
raízes de chicória, alho e cebola.
- Carotenoides
É uma classe de pigmentos amarelo-alaranjado-vermelho presentes em frutas,
hortaliças, temperos e ervas. Alguns carotenoides são precursores da vitamina A,
especialmente as hortaliças verde-escuras e nas amarelo-alaranjadas, sendo que o
betacaroteno, pigmento laranja, é o carotenoide provitamina A mais ativo. Os
carotenoides são antioxidantes.
- Licopeno
Trata-se de um pigmento vermelho presente em tomates, pimentões vermelhos,
goiaba e melancia, possuindo o dobro de poder antioxidante do betacaroteno.
Apresenta atividade anticancerígena e cardioprotetora.
- Luteína e Zeaxantina
São carotenoides presentes em hortaliças folhosas verde e verde-escuras, e se
localizam na retina e no cristalino do olho humano, reduzindo o risco de
degeneração macular e catarata.
- Vitamina C
O ácido ascórbico é um antioxidante com ação em diversas reações do organismo
humano, como na replicação do epitélio, saúde gengival, absorção do ferro,
formação do colágeno etc. Está presente em frutas e hortaliças, como laranja,
acerola, goiaba, morango, brócolis, limão, couve-flor etc.
- Polifenois
É uma classe de antioxidantes que engloba os flavonoides (berinjela, morango),
ácidos fenólicos, cumarinas, taninos e lignina. Possuem propriedades
anticancerígenas, antialérgicas e anti-inflamatórias.
- Ácido fólico (vitamina B9)
É uma vitamina essencial para a replicação do DNA humano. Sua deficiência pode
causar baixo crescimento, má formação dos eritrócitos, risco aumentado de
coronariopatias e defeitos no fechamento do tubo neural de fetos. A ingestão
recomendada é de 3mg/kg. Está disponível em fígado, feijão, hortaliças de folhas
verde-escuras, abacate, laranja, morango e tomate.
- Selênio
É um mineral essencial em níveis mínimos, pois torna-se tóxico em doses elevadas.
Apresenta propriedades benéficas em relação às doenças crônico-degenerativas,
como artropatias, aterosclerose, cirrose, enfisema e câncer. Está disponível em
brócolis, couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete.
- Indois
Diminuem a atividade do estrogênio, reduzindo o risco de cânceres dependentes
deste hormônio. Estão presentes em brócolis, couve-flor, mostarda e repolho.
- Isotiocianatos
Inibem substâncias carcinogênicas, especialmente tumores de pulmão e esôfago.
Estão presentes em couve-de-bruxelas, couve-flor, nabo e repolho.
- Sulforafane
Apresenta atividade bactericida contra H. Pylori. Está presente no brócolis.
- Isoflavonas
Tem atividade similar ao estrogênio, diminuindo sintomas do climatério. Estão
presentes na soja.
- Proteínas da soja
Suas proteínas possuem atividade redutora do colesterol.
- Ômega 3
Possui atividade anti-inflamatória, reduz o LDL e interfere no desenvolvimento
cerebral. É encontrado em peixes marinhos.
- Àcido α-linolênico
Possui atividade anti-inflamatória e estimula o sistema imune. É encontrado em
óleos de linhaça, soja, nozes e amêndoas.
- Catequinas
Apresentam atividade anti-cancerígena, reduzem o colesterol e estimulam o sistema
imune. São encontradas no chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva
rouxa e vinho tinto.
- Sulfetos alílicos
Possuem atividade anti-cancerígena, reduzem a pressão arterial e o colesterol,
estimulam o sistema imune. Presentes no alho e cebola.
- Lignanas
Possuem atividade inibitória sobre tumores hormônio-dependentes. Estão presentes
na linhaça e noz moscada.
- Tanino
Possui propriedades anti-sépticas, antioxidante e vasoconstritora. Está presente na
maçã, sorgo, manjericão, sálvia, uva e soja.
- Bifidobactérias e lactobacilos
São probióticos, apresentam efeito regulador sobre a motilidade intestinal. São
encontradas em leites fermentados, iorgutes e outros lácteos fermentados.
Os radicais livres são moléculas que roubam elétrons de outras moléculas estáveis,
provocando uma reação em cadeia, que pode gerar tumores, doenças cardíacas e
demências. Atletas de alto esforço físico geram radicais livres em excesso, o que
aumenta a necessidade de suplementação com agentes antioxidantes.

LESÕES ESPORTIVAS
As lesões fazem parte do dia a dia dos atletas e têm diversas causas, desde uma
queda, até o desgaste crônico de um tecido corporal. Dentre as principais lesões,
pode-se citar:
1. Cãibras
Trata-se de um espasmo muscular doloroso devido a um desequilíbrio
hidroeletrolítico ou acúmulo de ácido láctico na musculatura acometida, geralmente
devido a prática exaustiva de um exercício.
2. Distensão muscular
É uma lesão que acomete um músculo e seu respectivo tendão. Pode variar desde
um estiramento (pequena ruptura de fibras musculares), até um rompimento
completo da junção músculo-tendão. Geralmente origina devido a um esforço
extremo.
3. Tendinite
Trata-se de uma lesão inflamatória em um tendão, geralmente devido a um esforço
repetido ou recorrente. Atletas das modalidades de golf, tênis, basquete, futebol,
ginástica e maratonistas são mais susceptíveis à tendinite.
4. Contusão
A contusão é uma lesão devido a um trauma, podendo ser superficial ou profundo,
dependendo da energia do impacto. A maioria das contusões não são graves e
respondem bem ao repouso, gelo, compressa e elevação do membro.
5. Fraturas por stress
Trata-se de pequenas fissuras no osso, geralmente devido a uma carga exagerada
sobre ele. Não há ruptura do tecido cortical ósseo, neste tipo de fratura.
6. Bursite
É a inflamação da bolsa sinovial, presente em alguns tipos de articulações, que
facilita o deslizamento de um osso sobre outro.
7. Entorse e ruptura de ligamento
A entorse compreende uma excessiva distensão de um ligamento, sendo a lesão
mais comum em atletas, especialmente no tornozelo (tibiotársica) e no joelho
(ligamento cruzado).
8. Luxações e redução articular
Ocorre uma luxação quando um osso sai de sua respectiva articulação, sendo
passível de retorno (redução articular) sem demais complicações.
9. Lombalgia
É um tipo de dor localizada na região lombar, sendo proveniente de má-postura,
esforço exagerado, trauma, degeneração articular, hérnia discal, tumorações etc.
10. Traumatismo craniano
Trata-se de um trauma crânio-encefálico, podendo ser leve, moderado ou grave, de
acordo com a escala de coma de Glasgow e sintomas apresentados pelo paciente.
É comum em desportos que envolvem contato direto com o oponente, como boxe,
artes marciais, futebol, hóquei etc. Pode apresentar sequelas ou não, dependendo
da intensidade do trauma e do tratamento adequado.
NUTROTERAPIA ADEQUADA
A nutrição adequada visa balancear o desgaste nutricional e alterações fisiológicas
provocadas pelo exercício físico intenso. Envolve dois grupos distintos: os atletas de
elite e os praticantes de atividade física. Muitos atletas limitam sua ingestão
alimentar a fim de evitar o ganho de peso e para se adequarem ao padrão corporal
idealizado pelo desporto, e com isso acabam limitando a ingesta de nutrientes
necessários para melhorar sua performance esportiva.
Além disso, uma nutrição adequada é essencial para a recuperação tecidual de
atletas lesionados, que muitas vezes limitam sua alimentação para não ganharem
peso durante o processo de recuperação. A suplementação com vitaminas e
minerais também é primordial nesse caso.
A lesão tecidual compreende 3 fases: fase inflamatória (1 a 4 dias, caracterizada por
dor, edema e sinais flogísticos); fase proliferativa (4 a 21 dias, caracterizada pelo
surgimento de nova vasculatura para a região lesada e início da proliferação
tecidual); e fase remodeladora (21 dias a 2 anos, caracterizada pela substituição do
tecido lesado por tecido conjuntivo, especialmente fibras de colágeno tipo 1,
compreendendo 80% da força do tecido original).
RECURSOS ERGOGÊNICOS
Trata-se de substâncias ou artifícios utilizados para aumentar a performance
esportiva ou recuperação pós treino. Podem ser: mecânicos (roupas ou
equipamentos especiais para otimizar a performance); psicológicos (estratégias para
estimular ou acalmar o atleta); farmacológicos (hormônios ou esteroides
anabolizantes); fisiológicos (adaptações fisiológicas para melhorar o desempenho do
atleta) ou nutricionais (carboidratos, suplementos, cafeína, BCAA etc.).
NUTRICIONAIS
Os ergogênicos nutricionais atuam principalmente na oferta de energia e substrato
para o músculo, com o objetivo de hipertrofia muscular ou potencializar a fase de
recuperação.
Os nutrientes são divididos em 6 grupos: carboidratos, gorduras, proteínas,
vitaminas, minerais e água. São considerados suplementos as vitaminas e/ou
minerais vendidos separados ou combinados entre si, até a proporção de 100% da
IDR. Se a concentração ultrapassar essa porcentagem, é considerado medicamento
e só pode ser comercializado sob prescrição médica.
Produtos como a albumina, BCAA, whey protein etc; são considerados “alimentos
para praticantes de atividade física” e são classificados em: repositores
hidroeletrolíticos (carboidratos e/ou minerais), repositores energéticos (>90%
carboidratos), alimentos proteicos (>51% de proteínas), alimentos compensadores
[<90% carboidratos, >65% proteínas de alto valor biológico, gorduras em igual
proporção (1/3 saturada, 1/3 monoinsaturada e 1/3 polinsaturada) e opcionalmente
podem conter vitaminas e minerais abaixo de 100% do IDR], e aminoácidos de
cadeia ramificada (BCAA).
FARMACOLÓGICOS
Nesta categoria se enquadram principalmente os esteroides anabólicos e o
hormônio do crescimento (GH).
Os esteroides anabólicos tem modo de ação semelhante à testosterona,
aumentando o crescimento muscular, mas com os efeitos androgênicos
minimizados. Eles promovem o aumento da força muscular, diminuição da gordura e
formação de novas fibras musculares. Dentre os efeitos colaterais promovidos por
essas drogas, têm-se o aumento da agressividade, atrofia testicular, infertilidade,
calvície, acne, elevação da pressão arterial e dos lipídeos, além de hipertrofia do
ventrículo esquerdo.
O hormônio do crescimento (GH) é produzido pela hipófise e possui uma potente
ação anabolizante tecidual. Ele estimula o crescimento ósseo, acelera a lipólise e
diminui a quebra da glicose e dos aminoácidos. Esse hormônio, todavia, não
aumenta a performance do atleta, não sendo indicado sua utilização para esse fim.
O GH possui diversos efeitos adversos, quando usado de modo desnecessário,
como o fechamento prematura das epífises, hipertensão arterial, alargamento da
mandíbula, resistência à insulina etc.
PSICOLÓGICOS
Podem ser utilizados diversos recursos como estimulantes psicológicos, como a
música, vídeos, frases, oratória do treinador, cânticos da torcida etc. A música tem
se mostrado um excelente recurso ergogênico, especialmente em exercícios
submáximos e em atletas iniciantes, aumentando o tempo até a exaustão.

Você também pode gostar