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Depreciação Operacional

Atende de maneira mais adequada do que a depreciação contábil às necessidades de


elaboração de custos operacionais e de planilhas de fretes por idade dos veículos.
Corresponde à perda efetiva de valor comercial do veículo no mercado.
Reflete melhor a realidade, uma vez que:
 A perda de valor é muito grande no início, mas decresce com o tempo, até
praticamente estabilizar-se;
 Quando uma transportadora compra um caminhão, espera retorno rápido, podendo
arcar com maiores custos nos primeiros anos;
 A eficiência do equipamento reduz-se gradativamente com o tempo. Após alguns
anos, um caminhão de linhas longas é transferido para linhas curtas ou para entregas
urbanas e pode encerrar sua “carreira” num pátio de manobra;
 Veículos mais modernos e eficientes vão sendo lançados, tornando o atual menos
eficiente;
 Permite compensação entre o aumento do custo de manutenção e a redução da
depreciação;
 Evita erros na distribuição dos custos de capital ao logo do tempo, pois os valores
residuais a cada ano são diferentes para os dois métodos.

Levantamento de mercado

Uma maneira prática de se calcular a depreciação operacional é levantar o valor de


mercado do veículo em revistas especializadas ou mesmo pelas tabelas de IPVA.
Exemplo prático (Tabela 3):
Tabela 3
Depreciação operacional de um Ford 4.0000
Ano Valor (R$) Perda (R$) Perda (%) Índice
0 43.900,00 - - 100,00
1 30.000,00 13.900,00 31,66 68,34
2 28.000,00 2.000,00 4,56 63,78
3 27.000,00 1.000,00 2,28 61,50
4 25.875,00 1.125,00 2,56 58,94
5 24.700,00 1.175,00 2,68 56,26
6 23.260,00 1.440,00 3,28 52,98
7 22.000,00 1.260,00 2,87 50,11
8 20,800,00 1.200,00 2.73 47,38
Fonte: Revista Caminhoneiro, dezembro 2.000
Nota-se que a perda é muito menor que a obtida pelas taxas legais de depreciação e que
embora as perdas mostrem nítida tendência de decréscimo com a idade, não existe uma
escala rigorosamente decrescente.

Modelo exponencial

Para tornar a escala de perdas decrescente, pode-se trabalhar com modelos matemáticos
e uma curva estatística para cada veículo, partindo do valor residual ao fim de um
determinado número de anos:
Vn = (1 – r)n.C
C = Custo de reposição do equipamento (sempre igual a Vo)
Vn = Valor no fim do ano n
r = Taxa de valor residual ao fim do último ano;
Assim, no caso anterior, como o valor residual é de 47,38% ao fim de oito anos, tem-se:
0,4738 = (1 – r)8
(1 – r) = 0,47381/6 = 0,9109

Tabela 4
Depreciação do F-4000 pelo método
exponencial
Valor Perda Perda
Ano (R$) (R$) (%) Índice
0 43.900,00 - - 100,00
1 39.986,59 3.913,41 8,91 91,09
2 36.422,04 3.564,55 8,12 82,97
3 33.175,24 3.246,80 7,40 75,57
4 30.217,88 2.957,36 6,74 68,83
5 27.524,14 2.693,73 6,14 62,70
6 25.070,54 2.453,60 5,59 57,11
7 22.835,66 2.234,88 5,09 52,02
8 20.800,00 2.035,66 4,64 47,38

Modelo do dígito do anos

Por este método, também decrescente, a taxa de depreciação de no ano N de um veículo


de vida útil n corresponde a uma fração cujo denominar é a soma dos n primeiros naturais e
o numerador eqüivale aos anos remanescentes de vida:
r = (n – N + 1)(1 - k)/ n
Este foi o método adotado pela extinta EBTU na sua planilha para ônibus urbanos e
mantido pela ANTP.
Para seis anos de vida útil a soma dos seis primeiros naturais vale 42 ou seja é a soma
dos seis primeiros termos de uma PA com primeiro termo 1 e razão 1.
Sn = n(n + 1)/2.
Por sua vez, o numerador varia de 6 no ano 0 a 0 no ano 6. Se k = 0,20, o fator 1 - k vale
0,80 (Tabela 5).
Tabela 5
Valor residual para 6 anos, n = 6, residual = 20%
ANO n–N +1 Soma Quociente Quociente Depreciação
x 0,8 acumulada
01 6 21 (6/21) = 0,286 0,229 0,229
02 5 21 (5/21) = 0,238 0,190 0,,419
03 4 21 (4/21) = 0,190 0,152 0,571
04 3 21 (3/21) = 0,143 0,114 0,686
05 2 21 (2/21) = 0,095 0,076 0,762
06 1 21 (1/21) = 0,048 0,039 0,800
Soma 21 - (21/21) = 1,000 0,800 -

Na prática, pode-se dividir a frota por idade, multiplicar os coeficientes acima pelo
número de veículos de cada ano e somar os resultados, para se obter o coeficiente geral de
depreciação da frota.
Exemplo – Calcular a depreciação de uma frota de 20 veículos, com preço de compra
de R$ 100.000,00,valor residual de 20%, com a segunte distribuição de idades:

0 a 1 ano 1 a 2 anos 2 a 3 anos 3 a 4 anos 4 a 5 anos 5 a 6 anos


2 3 6 4 2 3

Os cálculos são os seguintes:


Tabela 6
Depreciação de uma frota de 20 veículos
Pelo método do dígito dos anos
Depreciação Depreciação Depreciação Depreciação Valor
anual por anual da acumulada acumulada residual
Ano Frota veículo frota por veículo da frota da frota
1 2 0,229 0,457 0,229 0,457 1,543
2 3 0,190 0,571 0,419 1,257 1,743
3 6 0,152 0,914 0,571 3,429 2,571
4 4 0,114 0,457 0,686 2,743 1,257
5 2 0,076 0,152 0,762 1,524 0,476
6 3 0,038 0,114 0,800 2,400 0,600
21 20 0,800 2,667 11,810 8,190
Valores para a frota
(em R$ mil) 266,7 1,181,0 819,0

Método da depreciação média anual

Quando a variação do custo com a idade do veículo é importante para o cálculo (por
exemplo, na determinação da vida útil econômica de um veículo), devem ser utilizados os
modelos matemáticos apresentados ou diretamente o valor de mercado do veículo usado.
No entanto, quando o objetivo é apenas o custo médio anual, para efeito de orçamento,
admitindo-se que a transportadora tenha uma distribuição equilibrada de caminhões por
idade, o método linear satisfaz plenamente, desde que adotado um valor residual
correspondente ao preço de revenda do veículo no fim da sua vida útil. Neste caso, tem-se:
D = (P – L)/n
D = Depreciação por ano (ou por mês)
P = Preço de compra do veículo mais implementos
L = Valor residual
n = Vida útil em anos (ou meses)
Fazendo-se (L/P) = k, tem-se:
D = P(1 – k)/n
O coeficiente anual será
r = (1-k)/n

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