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Curso: Engenharia de Produção

Disciplina: Ciência do Ambiente

Autor: Welington Kiffer de Freitas

Aula 1 – Importantes transformações ocorridas no planeta Terra

Meta

Apresentar os fundamentos relacionados a história geológica da Terra,


considerando, ainda, a relação do Homem com a natureza.

Objetivos

Após esta aula, você será capaz de:

1) Reconhecer as eras geológicas do planeta;

2) Relacionar as diferentes fases das civilizações que envolvem a relação do


Homem com a Natureza.

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1. Introdução

Já parou para pensar como foi para os pesquisadores entenderem o


surgimento das pegadas da nossa espécie na Terra? Principalmente, quando
consideramos os complexos mecanismos envolvidos na evolução do planeta e
dos inúmeros seres vivos que habitam essa grande diversidade de ambientes?

As transformações ocorridas no nosso planeta, ao longo de bilhões de anos,


moldaram a nossa paisagem atual e possibilitaram a evolução de um grandioso
número de seres vivos que convivem na Terra nos dias atuais.

A recente presença humana trouxe uma série de modificações na dinâmica


planetária, muito bem explicada através da complexa relação criada entre o
Homem e a Natureza, que veio despertar o interesse da sociedade após a
segunda metade do século XX.

Durante essa disciplina você poderá compreender a complexa relação que


proporciona a vida na Terra e de que forma o Homem pôde contribuir para o
ordenamento dos recursos naturais. Nessa aula você poderá observar o
esforço científico envolvido para a compreensão dos complexos mecanismos
evolutivos, envolvendo o meio físico e a evolução das espécies ao longo de
bilhões de anos da história do planeta. Finalmente, analisar o processo de
surgimento da espécie humana e suas relações com a natureza ao longo de
sua história.

2. História geológica da Terra

Durante a história geológica da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos, as


atividades vulcânicas, em conjunto com os movimentos das placas tectônicas,
foram responsáveis pelo lançamento de uma grande quantidade de O 2, H2 e
outros gases (CO2, CO, N2 e SO2) para a atmosfera. Sob as condições de
elevadas temperaturas, devido às intensas atividades vulcânicas, permitiram a
combinação de H2 e O2, formado a água em estado de vapor. À medida que a
temperatura do planeta foi amenizando, os vapores de água da contidos na
atmosfera condensaram-se e formaram as nuvens, que foram atraídas pelo

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centro gravitacional da Terra, originando as chuvas. As águas das chuvas
foram moldando às paisagens, dando início as transformações climáticas do
planeta.

No período de 3,85 bilhões de anos até 2,5 bilhões de anos, o interior da Terra
era extremamente quente, porém, na superfície as temperaturas não eram
muito diferentes das atuais, porque o Sol era 1/3 menos quente que hoje. Das
rochas formadas nessa época, exposta ao intenso bombardeamento de
meteoritos, poucas existem hoje. A atmosfera era rica em dióxido de carbono
(CO2) e praticamente sem oxigênio (O2). Nessa atmosfera, estima-se que a
vida já existia, mas era representada, provavelmente, por organismos
unicelulares primitivos (procariontes). De 3,6 a 3,2 bilhões de anos atrás, a
água já se encontrava em estado líquido, contida em bacias oceânicas
profundas, que circundava e interagia com a superfície sólida de um único
continente a Vaalbara.

Em uma fase de transição, de 2,5 bilhões de anos até 542 milhões de anos
atrás, o oxigênio (O2) se acumulou na camada sólida mais externa do planeta
(litosfera), formando óxidos, principalmente de silício e ferro. Nesse período,
supostamente, surgiram os primeiros organismos com material genético
contido no núcleo celular (eucariontes), incluindo as algas verdes e vermelhas.
Aproximadamente 900 milhões de anos, a única massa de continente estava
se acabando e fragmentando, originando os paleocontinentes: Laurentia
(América do Norte, Escócia, Irlanda do Norte e Groenlândia), Báltica (parte
centro-norte da Europa e Sibéria) e Gonduana (América do Sul, África,
Austrália, Antártida, Índia, Península Ibérica).

Há cerca de 2 bilhões de anos, a vida podia ser encontrada exclusivamente no


oceano, esses seres ainda não possuíam partes duras (conchas ou dentes),
por isso a dificuldades de se encontrar registros fósseis. As algas e bactérias,
que dominaram o oceano, consumiram muito CO2, liberando grande
concentração de O2 na atmosfera. Grande parte de O2 foi, por exemplo,
combinado com o ferro, formarando grandes depósitos minerais no solo.
Porém, a maioria das bactérias, que dominaram o planeta nessa fase, eram
anaeróbicas e, por não conseguirem sobreviver nesse ambiente altamente

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oxidante, foi dizimada. Nesse momento o planeta presenciou, talvez, a primeira
grande extinção e massa.

Figura 1 – Síntese da história da Terra.


Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=581

A maior explosão de vida no nosso planeta ocorreu, há cerca de 500 milhões


de anos atrás, quando também se formaram as primeiras jazidas de carvão, tão
importantes para a humanidade. Nessa ocasião, os animais tiveram grande
diversificação evolutiva, hoje chamada de “explosão cambriana”. Os animais de
corpo mole dividiram espaço, com outros, com carapaças duras, alguns com
pernas e outros apêndices, originando os principais grupos da fauna. Por outro
lado, a Terra não possuía cobertura vegetal, o reino vegetal era representado,
principalmente, por algas marinhas. Você consegue imaginar como seria essa
paisagem?

Em outra fase, há pelo menos 443 milhões de anos atrás, o clima começou a
apresentar temperaturas médias e atmosfera muito úmida, formando-se
grandes geleiras, o que causou provavelmente as extinções maciças, fato esse
que caracteriza essa fase.

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A aproximadamente 25 milhões de anos passados, o planeta foi marcado por
derretimento das calotas polares e elevação do nível dos mares, com
surgimento dos recifes de corais e os primeiros peixes com mandíbula. Os
artrópodes (animais invertebrados, que possuem exoesqueletos rígidos e
vários pares de apêndices articulados) invadiram o ambiente terrestre e, no
final do período, apareceram animais e plantas em áreas continentais.

De 416 milhões de anos até 359,2 milhões atrás, foi iniciado o “Período dos
Peixes”, marcando também o surgimento das plantas de pequeno porte e o
ápice do crescimento dos corais. Nesse período, as grandes florestas
começaram a crescer pelo continente, com consequente formação das grandes
jazidas de carvão, mas, ainda não no que chamamos, hoje, de território
brasileiro.

No período compreendido entre 251 milhões e 65,5 milhões de anos atrás, o


clima era inicialmente árido, originando-se vastos desertos arenosos. A
consolidação dessas areias, na forma de arenitos, rochas muito porosas e
permeáveis, formou o que hoje chamamos de Aquífero Guarani, um vasto
depósito de água subterrânea sul do Brasil e outros países vizinhos. Nesse
período, os dinossauros, pterossauros e plesiossauros dominaram a Terra e,
desapareceram de modo repentino, provavelmente devido à queda de um
enorme meteorito. Esse choque causou o que se acredita ser a segunda maior
extinção em massa da terra. Nesse ambiente, sob altas transformações,
desenvolveram-se os pequenos mamíferos, aves e as Angiospermas (plantas
cujas sementes são protegidas pelo fruto).

O período atual, iniciado a 65,5 milhões de anos atrás, a superfície da Terra


assumiu sua forma atual. Houve muita atividade vulcânica e a formação das
grandes cadeias montanhosas, como os Andes, os Alpes e o Himalaia, ou seja,
uma era de resfriamento, em longo prazo, com um leve aquecimento. Os
primeiros hominídeos só passaram a figurar nessa paisagem, há cerca 450.000
anos, representado pelo Homo heidelbergensis. Para alguns cientistas, o Homo
sapiens teria surgido há cerca de 250.000 anos. A antiguidade do homem no
Brasil é assunto controverso, admitindo-se que seja o Homem de Lagoa Santa
(60.000 anos)

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A história da Terra apresentou inúmeras eras glaciais. O último registro de era
glacial data de 2,5 milhões de anos atrás, provocada possivelmente pela
intensa atividade tectônica da estrutura do planeta.

As transformações no planeta continuaram ocorrendo. Nesse momento, entra


em cena a espécie que, sem dúvida, foi responsável pelas maiores
transformações ocorrida no planeta – O Homem.

Início da atividade

Atividade 1
Atende ao objetivo 1
Ao longo da Trajetória do planeta, muitos processos físico-químicos
modificaram profundas vezes as paisagens naturais. Sendo assim, podemos
observar que o planeta está em constante transformação e pode ser que, daqui
a milhares de anos, o planeta Terra seja bem diferente do que é hoje. Como
podemos atuar no campo da Engenharia sem alterar profundamente as
relações naturais que governam os processos evolutivos e as transformações
nas paisagens?

Resposta comentada
Primeiramente, refletindo sobre algumas questões relacionadas como a
capacidade máxima de produção do planeta; quantidade de habitantes
consumindo recursos ao longo das próximas gerações; forma de distribuição
desses recursos. Essas perguntas remetem diretamente para a
responsabilidade ambiental do Engenheiro, que hoje deve ter maior
conhecimento e consciência sobre os impactos que a atividade humana poderá
ocasionar ao ambiente natural. Como foi observado no texto, o planeta sofreu
profundas transformações desde a conformação da nossa atmosfera atual até
os dias de hoje, levando a processos de formação de matérias primas, como
por exemplo: os metais, o petróleo, os animais e vegetais, a água, e outros
recursos essenciais para nossa vida.
Fim da atividade

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2. A relação Homem-Natureza

Atualmente, muitas pessoas afirmam que os problemas que envolvem as


questões ambientais surgiram somente no século XX. Isso porque essa
temática só ganhou destaque, após a década de 1960, quando a sociedade
parou para avaliar as consequências da exploração descontrolada sobre os
recursos naturais.

Para melhor entender essa discussão é preciso retornar ao ponto do


surgimento dos nossos ancestrais no planeta, focando os modos de produção,
juntamente com a evolução das sociedades humanas.

O período Paleolítico (500.000 aC até 10.000aC) representa o maior período


da vida das sociedades humanas. Durante esse período, o Homo sapiens era
nômade, ou seja, não possuía residência fixa, adotando o modo de produção
baseado na caça e a coleta. Depois de esgotado os alimentos, os grupos
partiam para outros lugares, desse modo a natureza local ganhava tempo para
se recuperar daquela exploração pontual. A “descoberta” do fogo foi,
provavelmente, a primeira tecnologia aplicada para enfrentar as pressões do
meio natural, sendo utilizada para o aquecimento, iluminação, defesa e preparo
de alimentos. Com o passar do tempo, o homem primitivo já havia desenvolvido
diversas técnicas para se defender do frio (construção de abrigos e vestuário) e
para aprimorar o seu modo de produção (lanças e flechas). Todavia, os grupos
foram crescendo e a abrangência para o extrativismo cada vez dependia de
maiores fronteiras, muitas vezes, levando ao conflito entre os bandos. Assim,
depois de tantos aprendizados a sociedade foi direcionada para um novo
caminho.

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Figura 2 – Homem do período Paleolítico dominado e utilizando o fogo.
Fonte: Wikimedia commons. Domínio público. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Le_Moustier.jpg

Muitos especialistas afirmam que foi no período Mesolítico (10.000 aC até


6.000aC) que os grupos de caçadores-coletores começaram a armazenar
determinados recursos, durante boa parte do ano, permitindo assim que se
tornassem sedentários, ou seja, estabelecessem residências fixas. Assim os
grupos tornaram-se capazes de sustentar um número maior de membros. É
muito provável, que as atividades extrativistas (coleta e caça) levaram ao
conhecimento das técnicas de reprodução, conduzindo o processo de
domesticação de algumas espécies. Por esses motivos, uma parcela de
estudiosos consideram que a verdadeira revolução agrícola tenha ocorrido no
período Mesolítico, quando foram estipulados os pilares socioeconômicos
norteadores do “mundo social” que, mais tarde, durante o Neolítico (6.000 aC
até 3.200aC), foram aprimorados. Por outro lado, o processo de acúmulo de
bens poderia ter criado as primeiras desigualdades sociais e o surgimento de
hierarquias controladas pelos responsáveis pela gestão dos excedentes.

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Figura 3 – Micrólitos: Utensílios utilizados no período mesolótico para a coleta de moluscos e para a
sua abertura, como pontas de flecha, como raspadores, buris, etc.
Fonte: Wikimedia Commons. CC by SA3.0. http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesol%C3%ADtico#/media/File:OpgravingStevoort.jpg

O período Neolítico teve início há cerca de 9 mil a.C. Sobre terras férteis e com
disponibilidade de água, nasceram os primeiros núcleos urbanos. Nesse
período, os grupos puderam organizar-se política e socialmente, acumulando
as experiências, dividindo o trabalho e, também, produzindo suprimentos
alimentares regulares. Os excedentes produzidos por uma aldeia podiam ser
trocados por peças de artesanato, roupas, etc. com outras aldeias. Muitas
inovações tecnológicas foram criadas, como a roda, a tração animal, a
metalurgia, a cerâmica, a tecelagem, a cestaria, a moagem, dentre outras. Mas,
todos esses avanços também despertaram novas preocupações, o cuidado
com seu território, sendo necessário o desenvolvimento de novas tecnologias
voltadas para melhorar o aparato da segurança das vilas, sendo então
desenvolvidos os primeiros instrumentos bélicos. O desenvolvimento
tecnológico proporcionou o crescimento populacional, surgindo os primeiros
conceitos de cidades. A terra passou a ser vista como propriedade, o que pode
ter marcado o agravamento das desigualdades. Ainda assim, embora
dependentes dos elementos que regiam a natureza, já começaram a
considerar que o “mundo natural” representava uma forma de provimento para
o “mundo social”. Com tudo isso, as tecnologias foram sendo cada vez mais
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elaboradas, dominando novas matérias primas como, por exemplo, os metais,
ampliando as possibilidades de exploração sobre os recursos naturais.
Todavia, o nível tecnológico parecia não intervir sobre a generosidade do
planeta para produção de bens e serviço ambientais.

Figura 4 – Propriedade agrícola neolítica: estrutura de armazenamento e proteção da


produção.
Fonte: Flickr Autor: El Coleccionista de Instantes Fotografía & Video
https://www.flickr.com/photos/azuaje/6280779829

Ao longo da história, as sociedades humanas construíram imponentes impérios


ocidentais (Pré Colombianos, Mesopotâmios, Egípcios, Hebreus, Fenícios,
Romanos, Gregos etc) e orientais (Chineses, Indiano, Japoneses). Sob esse
ponto vista, percebe-se um forte antagonismo nas diferentes formas de
enxergar a natureza. Enquanto o olhar ocidental “vê”, o oriental “sente”. No
ocidente, prevalece a ideia de dominar uma Natureza múltipla e imprevisível,
despertando no interior do homem o sentido da busca para a evolução da
espécie, para a unificação das diferenças e para o progresso do indivíduo, do
pensamento humano e das civilizações. Já a filosofia oriental, baseava-se
numa relação construída sob a irmandade de algumas culturas com os
elementos naturais, o sobrenatural, a valorização da essência e do espírito em
detrimento do materialismo, do misticismo encontrado na natureza. Essas
bases dividiram o pensamento sobre a relação homem-natureza (Pré

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Revolução Industrial), uma vez que percebemos que a condição tecnológica,
dos últimos séculos até os dias atuais, se estende a todas as culturas e as
contradições capitalistas atingem globalmente as sociedades modernas.

Início do BOXE CURIOSIDADE

A economia das sociedades antigas gerava impactos ambientais?

Estudos arqueológicos descobriram que durante a cunhagem de moedas das


civilizações grega e romana já produziam sinais de contaminação ambiental.
Durante o processo de transformação do metal, cerca de 5% do chumbo
evaporava e, pelo e era disperso pelo vento, representando uma importante
fonte de poluição atmosférica daquela época. Nos tempos atuais, quando foi
analisado o manto de gelo da Groenlândia os cientistas encontraram uma
quantidade de mais do dobro da quantidade do que proveniente das emissões
naturais desse ocorridas desde a Pré-História.

Fim do BOXE CURIOSIDADE

Início do BOXE MULTIMÍDIA

A Organização Não Governamental WWF produziu um vídeo que serve para


nos alertar...

Assista ao vídeo “Uma hora volta para você”:


https://www.youtube.com/watch?v=ODDiCtucVZA

Fim do BOXE MULTIMÍDIA

A idade média, período também conhecido como feudalismo, perdurou durante


os séculos V ao XV. Nesse período, o modo de organização (social e político)
foi baseado nas relações servis, os senhores feudais conseguiam terras
cedidas pela nobreza, onde os camponeses eram responsáveis pela produção.
Nesse modo de produção, muitas áreas de florestas foram convertidas em
plantações, já que a agricultura foi atividade econômica predominante dessa
época. Após a queda do feudalismo, o vinculo feudal criado entre trabalho e
subsistência, foi substituído pelos ideais do capitalismo. Nesse sistema, o modo

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de produção baseava-se na manufatura e no conceito de mercadoria, com
objetivo final de acumulo de capital. Assim, o eixo do poder se desloca do
campo para a cidade, dando origem a uma modelo de vida construído sobre a
permanência urbana, vivenciado até os dias atuais.

Da idade moderna (século XV ao XVIII) em diante, o pensamento capitalista vai


alavancando, cada vez mais, as relações sociais. Dentro do biocentrismo,
pensadores como Darwin defendiam que o homem não passa de um animal,
sendo parte integrante da natureza, como tantas outras espécies. O
antropocêntrico abriu caminho para as novas sociedades capitalistas
européias desbravarem o mundo em suas embarcações em busca de fontes de
fartas de matérias primas e novos destino para suas mercadorias. Dentro
dessa ótica, o capital natural era relativamente superabundante e o capital
produzido pelo homem era o fator escasso e limitante do desenvolvimento
econômico. As revoluções liberais da Idade Moderna (principalmente a
Revolução Inglesa, a Revolução Francesa e a Independência dos Estados
Unidos da América) fizeram com que o capitalismo se estabelecesse como
sistema econômico predominante nos países da Europa ocidental e nos
Estados Unidos. Elas construíram a base para o desenvolvimento capitalista no
mundo contemporâneo.

Início do Verbete

Antropocentrismo – Vertente filosófica que põe o homem no centro do


universo, defendendo que tudo o que existe no planeta foi criado e
desenvolvido para a satisfação humana.

Biocentrismo – Corrente que defende o valor intrínseco das outras formas de


vida, independentemente do seu interesse para a espécie humana.

Fim do Verbete

No século XVIII, período da Revolução Industrial, essa visão foi ainda mais
enfática. Os métodos de produção deixaram de ser artesanais, ampliando a
participação da água e com a substituição da madeira pelo carvão mineral na
matriz energética. A Revolução Industrial teve inicio na Inglaterra e

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rapidamente se difundiu para outras partes da Europa e dos Estados Unidos.

Até que nem meados do século XX (1970), os movimentos ambientalista


surgiram em diversas partes do mundo, atuando no campo da educação, da
politica e, até mesmo, nos meios produtivos.

Esses movimentos inspiraram-se fortemente nas visões filosóficas do


biocentrismo e do antropocentrismo.

A primeira corrente originou o movimento “preservacionista”, que não ataca, de


fato, os fundamentos do crescimento econômico, porém defende a “ação de
retaguarda”, para a manutenção de espaços de natureza original, livres da
influência do mercado, como por exemplo, a criação de ambientes selvagens
desocupados - “Wilderness”, como as reservas biológicas e terras indígenas.

Por outro lado, o antropocentrismo, criou, dentre outras correntes, o movimento


“conservacionista”, aquela que agrupa as proposições centradas para o bem
estar dos seres humano (por isso antropocêntrica), visando tanto a qualidade e
quantidade dos recursos naturais, por exemplo, água, solo, as plantas. Dela
surge a premissa que para manter a existência da espécie humana no planeta
seria imprescindível à adoção de um novo conceito de produção, onde se
admite o uso dos recursos naturais pelas gerações presentes, porém sem
desperdícios e garantindo-os para as gerações futuras. Conceito esse, que
mais tarde, viria a ser conhecido como “Desenvolvimento Sustentável”.

Estas duas concepções ilustram bastante bem alguns aspectos do debate no


interior da política do ambiente em vários países: se, por um lado, a discussão
destaca o valor intrínseco dos sistemas naturais independentemente dos
interesses humanos, por outro, a ideia de que a natureza deve ser considerada
como um recurso que exige, mais do que nunca, uma gestão eficiente e
sustentável.

As sociedades de consumo vêm sendo assoladas por profundas crises


econômicas, sociais e ambientais, resultantes do ideal do progresso, do
desenvolvimento tecnológico, do consumismo, da degradação ambiental e da
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sobre exploração dos recursos naturais que tem dificultado a recuperação da
natureza na escala de tempo humana. Somente nas últimas décadas, muito se
tem discutido sobre os problemas ambientais que põem em risco a
manutenção dos ecossistemas na Terra.

Início da atividade

Atividade Final – Atende ao Objetivo 2

Conforme os trechos a seguir classifique as ações com relação às visões


biocêntricas ou antropocêntricas.

a) A Reserva Biológica Maicuru pertence ao mosaico de Unidades de


Conservação da Calha Norte do rio Amazonas. A Reserva possui mais
de 1 milhão de hectares e possui o objetivo de preservar os
ecossistemas naturais, contribuir para a manutenção dos serviços
ambientais e recargas de aquíferos, possibilitando a realização de
pesquisas científicas. As atividades humanas limitam-se as atividades
controladas de educação ambiental.

b) De acordo com o Ministério de Meio Ambiente a logística reversa é um


dos instrumentos para aplicação da responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos, conforme previsto na Política Nacional dos
Resíduos Sólidos - PNRS. Essa política define a logística reversa como
um "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado
por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada.”

Resposta Comentada

A - A Criação das Reservas Biológicas pressupõe de uma visão biocêntrica,


pois o foco de suas ações está na manutenção dos processos ecológicos,
tendo em vista os processos evolutivos das espécies presentes em seus
ecossistemas.

B - Logística Reversa é um instrumento da política pública baseado na visão


antropocêntrica, a qual pode ser encarada como desenvolvimento sustentável,
sendo aquela que prevê o uso dos recursos pelas gerações atuais, sem
desperdícios, garantindo-os para as gerações futuras.

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Início da atividade

No período Paleolítico, o Homem podia ser considerado mais um animal topo


de cadeia, totalmente inserido na Natureza. Era nômade, vivia em bando e
sobrevivia da caça e da coleta. Em que momento da história o Homem
começou a se distanciar da Natureza? O que fez com que se tornasse diferente
das outras espécies animais? Quando se deu o apogeu do rompimento dessa
relação?

Resposta comentada

Homem começou a se distanciar da Natureza quando se tornou sedentário e


passou a domesticar as espécies animais e vegetais para manter seus grupos,
tendo iniciado junto com período Mesolítico, principalmente após o surgimento
da Agricultura. A capacidade inventiva, que deu origem a os processos
tecnológicos colocou a espécie humana em uma posição diferenciada diante
dos demais animais. Porém, foi no século XVIII, com a advento da revolução
industrial que o Homem, de fato, começou a pensar que os recursos naturais
estavam disponíveis para produção humana, admitindo que o capital natural
era ilimitado, o capital manufaturado limitado e o maio ambiente capaz de
absorver todas externalidades (efeitos colaterais da produção de bens ou
serviços) negativas dos processos produtivos, por isso sendo considerado o
ápice da ruptura da relação do Homem com a Natureza.

Fim da atividade

Resumo

Para entender melhor essa discussão é necessário muito estudo para


reconstruir toda a evolução do planeta, tentar compreender a evolução dos
seres vivos desde que estes, há mais de 3500 milhões de anos, surgiram na
Terra.

Finalmente, a partir do surgimento do homem na história do planeta, as


transformações ora ocorridas, com total interferência dos mecanismos
biogeofísicos passaram a sofrer transformações bem aceleradas, através de
uma relação estabelecida entre o homem e a natureza, a qual determinava que
o desenvolvimento tecnológico fosse agente determinante para a ampliação
dessa dicotomia. Mesmo durante séculos de domínio, essa relação pode ser
interpretada por uma visão de que todas as espécies possuem igual valor

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diante dos processos evolutivos (biocentrismo) e também, de que o homem é a
parte central do planeta, sendo ele o responsável pelo controle da dinâmica
dos processos naturais (antropocentrismo).

Nas próximas aulas serão introduzidos os conceitos de Ecologia e


Conservação dos Recursos Naturais. Quando esses temas estiverem bem
consolidados, partiremos para uma nova discussão sobre as questões
ambientais após a segunda metade do século XX. Aproveitem e reflitam...
Esse é o único planeta que nós temos...

Referências Bibliográficas

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TAIOLI, F.; TEIXEIRA. W. Decifrando a Terra. 2ª Ed. São Paulo: IBEP, 2009.

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