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N˚ 05 - ANO 03

MARÇO/2011

Nutrition for
A REVISTA DA PRODUÇÃO ANIMAL Tomorrow

COBERTURA
COMPLETA

Cooperativismo

CAPAL | Adilson Roberto Fuga


COOASGO | Jair Antonio Borgmann
COOPERALFA | Cládis Jorge Furlanetto www.nftalliance.com.br
BATAVO | Jan Van Der Vinne
O ONTEM É
NOSSO ORGULHO.
1995. Nascia a Nutron.
O AMANHÃ É
Com o ideal de mudar a história
da nutrição animal, ousadia e NOSSO PRESENTE.
grande expertise, em apenas
Nutron - 16 anos de história,
3 anos a empresa já era líder
construindo o futuro da
nacional em seu segmento.
nutrição animal.
Depois de 16 anos de inovação,
ao olhar para trás, você pode ver
que o objetivo de revolucionar o
mercado da nutrição animal foi
realizado. E, olhando para frente,
pode ver a Nutron já escrevendo
o futuro desta história.

shaping tomorrow’s nutrition


ÍNDICE
NT
6 Giro na Produção Animal
Caros amigos,
O ano 2011 inicia-se com as atenções voltadas ao aumento dos
preços dos grãos e a nova inflação dos alimentos. Estes fatos têm GESTÃO
causado preocupação nas cadeias produtivas, principalmente de
aves e suínos. Embora os preços internacionais das carnes tenham
8 | IV WORKSHOP 18 | A VALORIZAÇÃO
subido, a valorização do Real tem impedido que nossa indústria se GESTÃO ESTRATÉGICA DE DO AGRONEGÓCIO
N˚ 05 I ano 03 I Março/2011
beneficie integralmente destas altas. Nos últimos dois anos, 40% do SUPRIMENTOS
aumento de preços das commodities tiveram seu impacto reduzido
Expediente pelo câmbio no Brasil. Assim, uma commodity cujo preço subiu 10%
no mercado internacional, teve alta de 6% em Reais. NOTÍCIAS
O cenário de 2011 é promissor do ponto de vista da demanda
A REVISTA NT é uma publicação
trimestral da Nutrition for Tomorrow (país cresce, consumo de carnes cresce), mas desafiador do ponto 20 | BALDEDE 26 | MARKETING 28 | 30 | 32 | NFT ASSINA
Alliance, distribuída gratuitamente para de vista dos custos de produção. OUROANUNCIAOS TRENDS APONTA NFT E AS PARCERIA DE ALIANÇA COM
a cadeia da produção animal. A Revista NT tem o propósito de difundir inovações nas áre- MAIORESPRODUTORES AS TENDÊNCIAS DO REDES CAMPEÕES A COMPANHIA
as técnica e de negócios relacionadas à produção de aves, suínos, DELEITEDOBRASIL AGRONEGÓCIO SOCIAIS GLOBAL INTERVET/
Comitê NT Alliance bovinos de corte e bovinos de leite. Além disso, a Revista NT tem
dedicado uma atenção especial à área de negócios, com análises
SCHERING-PLOUGH
Nutron Alimentos – Alessandro Roppa
Valefert – Thais Martins
ADRIANO MARCON
de mercado, tendências na indústria e casos inspiradores de empre- MERCADO ANIMAL HEALTH
Diretor Presidente
Jornalista responsável: Provimi Latin America
endedorismo. Com isso, a Revista NT também proporciona oportu-
nidades de benchmarking e de expansão da rede de relacionamento
34 | PERSPECTIVAS
Riba Velasco - MTB 2368 - PR aos empresários. 2011/2014
Nesta edição, trazemos artigos técnicos que contribuem para
Redação: vencermos os desafios de custo através do aumento de produtivida-
Riba Velasco - MTB 2368 - PR de. Além disso, temos a experiência de empresas vencedoras, cujos
Revisão:
líderes compartilham sua experiência e suas estratégias para 2011. BOVINOS DE CORTE
Encontramos na entrevista do amigo Cladis, os valores cooperativos
QUÊS – Ateliê de Comunicação
e a receita de sucesso que tem feito a Cooperalfa uma cooperativa 38 | ALIANÇAS 40 | OTIMIZAÇÃO DE
Foto da capa:
de referência pelo seu cuidado com o produtor e pela seriedade de MERCADOLÓGICAS NA PROCESSOS, FERRAMENTA
sua gestão. A Capal traz seu modelo de cooperativa – empresa que PECUÁRIA DE CORTE OU HÁBITO?
César machado - Agrostock
se destaca pelos seus padrões de governança e gestão. A Batavo
mostra como o legado da cultura Holandesa, há 100 anos na região,
Projeto gráfico e diagramação:
Produção Coletiva
contribuiu para a criação de uma organização próspera e profissio- BOVINOS DE LEITE
www.producaocoletiva.com.br
nal. Finalmente, temos o exemplo da Cooasgo, cujos investimentos 54 | CADERNO
na suinocultura têm agregado valor aos grãos do MS. Tem de fato
motivos para comemorar o Presidente Jair Borgman, após ter tripli-
44 | PROGRAMA 50 | NUTRIÇÃO ESPECIAL NUTRON
Impressão: TANQUE CHEIO X ALIMENTAÇÃO
Silvamarts cado o faturamento da cooperativa nos últimos três anos. TECNOLOGIA NA
Em 2011 continuaremos trazendo informações técnicas e cases PARTE 1
PECUÁRIA LEITEIRA
Tiragem: empresariais para fortalecer a competitividade de nossa comunida-
15 mil exemplares de de negócios.
AVES
Contato:
revista@nftalliance.com.br 82 | POR QUE HORMÔNIOS 86 | ESTRESSE CALÓRICO
COMITÊ NFT ALLIANCE Ter a resposta para perguntas que ainda não foram feitas. Partilhar NÃO SÃO USADOS NA E O EQUILÍBRIO ÁCIDO-
A revista em formato eletrônico pode ser metas e conjugar resultados. A Nutrition for Tomorrow Alliance encerra ALIMENTAÇÃO DE FRANGO DE BÁSICO
acessada no site www.nftalliance.com.br 2010 depois de muito trabalho, diversas vitórias e comunhão com os
ADRIANO MARCON,
parceiros. Uma etapa intensa. Um ano de sucesso com nossa experi-
CORTE
Nutron Alimentos
Nutrition for Tomorrow Alliance é um
projeto, desenvolvido e administrado
ência de marketing corporativo no agronegócio. A cada desafio, uma
solução. www.nftalliance.com.br: a plataforma de comunicação que SUÍNOS
pela Nutron Alimentos, que reúne
empresas do setor da produção
VILSON ANTONIO SIMON
Intervet/Schering-
cresce na rede mundial. A versão da revista que contempla o universo
latinoamericano. Avicultura, suinocultura, pecuária de corte e leite inter-
92 | MANEJO DE 96 | QUANDO INVESTIR
animal, concentrando o melhor capital ligadas em eventos com os melhores profissionais do setor. Agora, a sua VERÃO: CUIDADOS NA EM UM ADITIVO?
Plough Animal Health LACTAÇÃO
humano e fornecendo conteúdo Revista NT descortina mais uma etapa e de cara nova.
técnico para gerar e fortalecer a Uma identidade visual moderna para celebrar 2011 e deixar nos-
sustentabilidade dos clientes. PAULO ROBERTO DE sos amigos da cadeia produtiva com um conteúdo ainda mais atra-
CARVALHO E SILVA, ente. Antecipar-se aos acontecimentos. Nosso negócio envolve uma
parte sensível da cadeia de carnes, que é a nutrição dos plantéis. O
NUTRIÇÃO DO AMANHÃ
Serrana Nutrição Animal
A REVISTA NT é uma publicação
dirigida a produtores, empresários,
futuro traz boas novidades no campo econômico, com previsão de 100 | NUTRIÇÃO E MEIO AMBIENTE: O
continuidade do crescimento, aumento da renda das famílias e do QUE DEVE MUDAR NA NUTRIÇÃO PARA
técnicos, pesquisadores e consumo de proteína animal. Mas também um panorama de eleva-
colaboradores ligados à cadeia de ção no preço dos grãos, o que exige de todos os profissionais mais
ATENDER ESTAS NOVAS EXIGÊNCIAS?
produção animal. Os artigos assinados criatividade para oferecermos soluções interessantes e lucrativas
não expressam necessariamente a para os clientes.
opinião da revista. O conteúdo dos
A nutrição do amanhã se faz com alianças estratégicas, novas
artigos é de responsabilidade dos
ferramentas, trabalho cooperativo, profissionalização, treinamento,
autores. Não é permitida a reprodução
parcial ou total das reportagens e dos
criação e difusão de boas ideias, dinamismo e tecnologia. Palavras
que fazem sentido para todos nós que integramos a Alliance. Con-
104 Cooperativismo
106 Cooperativismo
108 Cooperativismo
112 Alta Gerência e
Empreendedorismo 118 | Agenda
artigos publicados sem autorização.
ceitos que ganharam o Brasil, avançaram pelas Américas, chegaram
CAPAL COASGO COPERALFA BATAVO
ao mundo.
Bem vindos ao futuro!
4 NT #5 NT #5 5
GIRO
na produção
NOVA LINHA
NUTRONNÚCLEO
animal PARA SUÍNOS.
O que você está “Para se vender mais carne suína a saída é investir dinheiro, muito dinheiro, e
ter comando unificado, nas mãos das entidades. Trabalho criativo, diferenciado.
Três novos programas para uma escolha certeira.
vendo no seu dia Se não for assim, não façam. Guardem o dinheiro. Não existe problema para fazer
publicidade com o suíno. Sejam arrojados. Loucos. Surpreendam. Marquem posi-
a dia referente à ção. Enalteçam as qualidades. Brinquem com os mitos e as controvérsias. Ironizem
as contradições. Gastem dinheiro. Mantenham a carne no ar. Façam publicidade
produção animal? e invistam em marketing. E aproveitem. Não existe problema algum para fazer
publicidade com o suíno”.
Washington Olivetto
Publicitário

Altíssimo desempenho.
Para suinocultores exigentes
e tecnificados que desejam
explorar o máximo potencial
produtivo do plantel.

Alto desempenho técnico e


econômico. Para suinocultores
que estejam em uma trajetória
de ampliação sustentável
de seus negócios.
“Observando o plano internacional, o “A produção animal está ga- “A concentração no setor de
ano de 2011 será marcado pela retomada nhando novos formatos, ajustando- carnes tem o ponto muito favorável
da produção mundial, firme, mas em níveis se à demandas crescentes que de tornar as empresas brasileiras
mais discretos, confirmando que teremos surgem de lados completamente globais, facilitando o acesso da
de conviver com taxas de crescimento mais distintos. Na produção, nossos ca- carne brasileira ao mercado
suaves. O positivo é que a retomada, tanto minhos precisam atender tanto as externo. Isso é algo muito positivo Efetivo e econômico.
Para a obtenção de um
de produção quanto de demanda, deverá demandas do consumidor quanto a e que pode mudar o tamanho da
bom desempenho técnico
atingir inclusive os países desenvolvidos - mais lógica da competitividade de merca- suinocultura brasileira. O lado nega- com total aproveitamento
afetados pela crise - e que são extremamente do, ao mesmo tempo em que não tivo é que toda concentração gera dos nutrientes.
importantes para o Brasil do ponto de vista de podemos perder o foco sobre as desconfiança de que o produtor
exportações. Quanto ao Brasil, os prognósticos novas tecnologias aplicáveis à pode perder margem. Isto é, que o
são de que cresça pelo menos o dobro das mé- produção animal. Muitas vezes, são ganho desses mercados beneficie Os conceitos mais modernos e as
dias mundiais, graças ao binômio virtuoso de pressões antagônicas, e o sucesso mais as empresas em detrimento últimas pesquisas em nutrição de suínos,
retomadas das importações internacionais e está na capacidade de equilibrar do produtor. Pessoalmente, acredi-
em três programas totalmente novos.
continuidade da firmeza da demanda interna. essas forças. Na suinocultura mo- to que esse ganho será repassado
Grãos terão seus preços mantidos, o que derna, vivemos isso a cada dia, de ao produtor, seja em volume ou em
NUTRONNÚCLEO SUÍNOS
refletirá nos das carnes, na rentabilidade dos forma irreversível. Meio-ambiente, preço. De maneira geral, acredito
produtores e, a médio prazo, poderá afetar a produtividade, bem estar animal e que a formação desses players
Excelência mundial em nutrição, convertida
demanda. Os preços de bovino seguirão em competitividade técnico-econômica globais vai favorecer a participação em benefício para o suinocultor.
alta, favorecendo internamente a ingestão precisam andar juntos, ao contrário brasileira no mercado internacional
da carne suína, já que a de frango (em 44 kg/ do que observávamos num passa- de carnes.”
capita) já se aproxima dos níveis de saturação”. do não muito distante.”
Alexandre Mendonça
Osler Desouzart Glauber Machado de Barros
ODConsulting, Brasil Integrall Soluções em Escola de Economia de
Produção Animal São Paulo (FGV) WWW.NUTRON.COM.BR

6 NT #5
GESTÃO

IV WORKSHOP
DE SUPRIMENTOS
GESTÃO NA PRODUÇÃO
ESTRATÉGICA ANIMAL

Ampliar os conhecimentos de compradores e profissionais das agroindústrias que atuam na gestão de suprimen-
tos sob o ponto de vista de especialistas do segmento. Este foi o resultado alcançado pelo IV Workshop Gestão Estra-
tégica de Suprimentos na Cadeia de Produção Animal, realizado no Hotel Plaza Itapema, em Itapema, litoral norte de
Santa Catarina, entre os dias 27 e 29 de outubro de 2010. Em sua quarta edição, o Workshop é promovido pela NFT
Alliance, em parceria com instituições de ensino renomadas, como a Fundação Dom Cabral, e já se consolidou como
um dos melhores e mais completos no setor de produção animal, além de promover o networking dos participantes.
A Nutrition For Tomorrow Alliance é o resultado de uma parceria entre as principais empresas que representam os
diversos elos da cadeia produtiva de proteína animal, cujo objetivo é fornecer conteúdo de relevância para garantir a
sustentabilidade da produção animal. Os temas discutidos foram: “Cenário Político Econômico, “Gestão Estratégica
de Estoques na Cadeia de Suprimentos”, “Estratégia de Excelência Operacional em Compras”, “Mercado de Grãos e
Carnes”, “Riscos de Contaminantes nas Exportações”, “Otimização do Valor das MP´s para Nutrição Animal e Atua-
lização de Mercado”, “Case sobre Gestão de Grãos” e “Perfil do Atual Profissional de Suprimentos”.

8 NT #5 NT #5 9
depoimentos
Cidinei Miotto Milton Serapião
Diretor Comercial da Nutron Elanco
“Gostaria de falar um pouco sobre os bons momentos que vivemos aqui. Em “Este 4º Workshop foi um grande desafio. Principalmente para a gente, que acompan-
primeiro lugar, ressaltar a fala do Adalberto Pioto, que abordou uma visão pró- hou o primeiro, lá em Indaiatuba, com a participação de 80 pessoas e um programa muito
pria, levando-nos a fazer algumas considerações bem interessantes sobre política interessante. Foi ali que lançamos a ideia de reunir fornecedores, pessoas ligadas à área de
econômica brasileira e o futuro político do nosso País, que está diretamente ligado decisão de produto. Naquela ocasião, tivemos que montar uma agenda de apresentações
ao dia a dia do nosso trabalho e do futuro. que provesse a essas pessoas algo de valor, que oferecesse capacitação para informações e
Da Fundação Dom Cabral, os professores Robert, Alexandre e Bruno trouxeram dados suficientes para a tomada de decisão. Então, a partir dessa época, o número de parti-
conceitos e dicas para exercitarmos o raciocínio de como aplicar nas empresas a cipantes só aumentou. E foi fácil alcançar isso. Afinal, temos conseguido um magnífico lugar
criação de demandas, visando a melhoria do trabalho e caminhando para a auto- para o evento, uma excelente agenda de temas e palestrantes cada vez mais ilustres.”.
performance.
Alexandre Mendonça de Barros fez uma análise muito interessante da nossa
situação neste ano e o que podemos esperar para este ano no mercado de grãos e
de carne, deixando temas para refletirmos
Precisamos ficar muito atentos à situação dos grãos, milho e soja principalmen-
te. Teremos um ano de bastante trabalho.
Gustavo Penz nos deixou uma visão interessante sobre o mercado mundial
de microingredientes, pois todo mundo fala em economia globalizada, do grande Ilmo Welter
parceiro comercial do mundo que é a China, porém sabemos que ninguém fica sem Presidente da Primato
comprar produtos chineses. E por isso, Penz destacou a importância de avaliar
com muito critério os fornecedores além mar. Ele também reforçou dois pontos
de preocupação para 2011, relacionados à Metionina e a Lisina, ambos produtos “Foi um prazer participar do evento porque a Nutron representa nossa principal parcei-
importantes da nossa indústria. ra, muito aberta em questão de qualidade, dos serviços prestados e dos produtos.
Nosso amigo, Flávio - colega da CVale explanou sob o exemplo de empresas Nossa área de suínos conta hoje com 8.430 matrizes, distribuídas em 42 propriedades.
globalizadas, preocupadas com qualidade e no binômio eficiente-eficaz. Eficiente E nós temos nesse setor, focados na indústria, produtos 100% Nutron. Em conjunto
no que faz e eficaz no sentido de segregar grãos. Provavelmente ele tem vários com a assistência técnica, a campo, dá uma representação de faturamento da cooperativa
outros exemplos interessantes para ouvirmos no futuro. em torno de 62%. Um resultado que ocorreu em decorrência deste trabalho desenvolvido
Do Sindicado das Indústrias de Alimentação Animal – Sindirações, Ariovaldo fa- com a Nutron, que é uma empresa parceria não só na venda do produto, mas também na
lou das preocupações e das responsabilidades de cada um de nós. Todos que fazem assistência técnica, que é o foco bem representativo da cooperativa”.
parte desta cadeia forte e importante para o Brasil precisam ter responsabilidade.
Fechando o evento, o professor Mandelli falou sobre empresas de alta perfor-
mance: o que nós estamos tentando atingir. Todos que estão aqui, certamente que-
rem transformar suas empresas em unidades profissionais de alta performance. E

Lourenço Lovatel
realmente é esta a ideia. Juntando tudo isso, temos nossa organização que tentou
trazer o máximo de confraternização, momentos de conversa, troca de ideias e
intercâmbio de experiências, dando bastante tempo entre os intervalos para que
tivéssemos uma profunda integração.
Gerente Comercial da Coperalfa
Agradeço aos parceiros da NFT Alliance. E sem dúvida nenhuma, agradecer a
vocês que fizeram o sucesso do evento, ao pessoal da América Latina que esteve “É sempre um prazer e uma experiência muito grande estar aqui, porque, a cada evento,
conosco - muitos deles pela primeira vez – pois vieram de longe e esperamos que podemos incrementar conhecimentos ao nosso meio, o que é uma das prioridades da Cooperal-
voltem. Obrigado também a todas as empresas do Brasil que tiveram o prazer de fa. Buscar inovação, novas tecnologias, novos trabalhos e até novos princípios de avaliação do
estar aqui conosco.” negócio. É um evento muito oportuno. Sem falar que o relacionamento com a Nutron vem de
anos, desde Indaiatuba, no primeiro evento, dez anos atrás. Nossa relação comercial não é mais
Esperamos todos no evento de 2011, com o desejo de que seja melhor ainda! uma parceria e sim uma cadeia. A Nutron tem agentes junto dos nossos, produtos associados e,
Obrigado! da mesma forma, estamos agora aqui, para nos congraçarmos em novas tecnologias e a base
que motiva tudo”.

10 NT #5 NT #5 11
depoimentos
Jair Meyer Marcos Farah
Cooperativa Agroindustrial Lar
Coordenador de Confinamiento da
“Como sempre, todo ano é surpreendente. Tivemos boa recepção, palestras de alto nível Brasil Foods
que, com certeza, vem agregar a nós, que somos a parte da cadeia que busca os componentes
da alimentação animal e as outras empresas que fazem parte deste conjunto. Na verdade,
“Ótimo! O local é muito bom, o pessoal da Nutron é muito atencioso e fez uma pauta muito
a Nutron e a Lar têm um trabalho conjunto há muitos anos. Nós estamos inseridos na ca-
interessante. Quer ajudar a gente, agregar valor à nossa cadeia, auxiliando nosso comprador a
deia avícola há mais de dez anos. Trabalhamos com bovinos, suínos, produzindo ração para
ter uma noção melhor do negócio. A Nutron é uma empresa bem focada nos objetivos, que é
o sistema de integração que temos com a Cooperativa Central Frimesa. O trabalho é sempre
reduzir custos e garantir qualidade e segurança alimentar para seus clientes. É uma empresa
muito profissional entre as empresas. A cooperativa atua com outras empresas do setor, mas
muito profissional, muito focada mesmo”.
sempre preocupada com a qualidade dos produtos. E a Nutron é uma das empresas que prima
pelo padrão elevado de qualidade, vindo com toda uma assistência técnica ligada aos produ-
tos. Por trás disto tem um trabalho muito sério, de toda a equipe técnica designada”.

Fábio Maia
Flávio Paulert Gerente da Veracruz Agropecuária
Gerente de Produção Avícola de CVale
“Foi extremamente enriquecedor em termos de conteúdo. O foco das palestras foi excepcio-
“O Worksop foi muito movimentado, a participação é grande, gente do país inteiro, nal, muito valioso para mim como experiência e conhecimento adquiridos. Coisas extremamen-
congregando 70% da produção de frangos do Brasil. Aqui estão as pessoas que fazem as te práticas, para implementação imediata. Para nós, que lidamos com compras de insumos e
compras para as empresas e eles estão aprendendo a fazer isso da melhor maneira pos- precisamos tomar decisões rápidas, as ferramentas apresentadas vão ser de suma importância
sível. E destaco que a CVale e a Nutron são parceiros de longa data. Produzimos frango num ambiente econômico de preços elevados nos insumos, quando é necessário manter a com-
e a Nutron produz micronutrientes e premix. É uma união profícua e que se solidifica a petitividade. A Nutron está com a gente desde 2005, sempre atuando como parceiro, não só
cada ano que passa”. com produtos, mas tendo foco nos negócios. Estamos cada vez mais juntos em todas as ações,
incluindo este workshop”.

Eduardo Fernandes
Coordenador de Compras da Cobb
“Não é o primeiro evento que participo, pois fui a todos. E é sempre um prazer ser chamado
pela Nutron. E também agradeço à Cobb por me liberar. O workshop traz um quadro de docen-
tes muito bom. Foram dois dias com palestras que só acrescentam em nosso currículo e em
nossa sabedoria. E falar da Nutron é mais fácil ainda porque é uma parceria que nos transmite
confiança, tanto no produto como na entrega. É uma honra para uma empresa que precisa
desta qualidade. Principalmente com os colaboradores que nos atendem. São pessoas que po-
demos contar sempre e nos dão grande confiabilidade no produto.

12 NT #5 NT #5 13
depoimentos
Ivan Vallon Daniel Dagiovani
Gerente de Compras da Noelma (Argentina) Globoaves (Argentina)
“É um evento muito importante para nós, pois estamos conseguindo ter uma boa visão do
“O encontro foi muito bom. Construtivo, interessante, com temas muito positivos e produ-
que está sendo feito fora do nosso país. Assim, podemos levar para aplicarmos lá, melhorando
tivos. E a nossa vinculação com a Provimi já tem aproximadamente oito anos. Trabalhamos
a nossa produção. A Globoaves e a Provimi estão trabalhando diretamente há dez anos, com
com muita energia e planejamento nessa união”.
aves reprodutoras. São ações conjuntas, fortes, comuns, integradas. E ambas estão crescendo
muito graças a isto”.

Emílio Cura
Solla (Colombia) Julian Rengifo
“Acho que é um evento de grande magnitude e muito interessante pelo enfoque das pa- Cercafé (Colombia)
lestras. Nossa empresa é muito importante na Colômbia e a Provimi é uma das principais “É minha primeira vez em eventos assim. E ficou muito acima de minhas expectativas por
empresas de aditivos do mundo. O relacionamento existe faz tempo e podemos ampliar ainda tudo o que se falou sobre alimentos concentrados, que é a base do meu trabalho em minha em-
mais essa parceria”. presa. Foi surpreendente conhecer as unidades de Campinas e Itapira. Eu não tinha ideia das di-
mensões, apenas referências. O laboratório é definitivamente espetacular. E uma das coisas que
mais chamou atenção é a forma com que fazem a auditoria em todo o processo. A telemetria foi

Andrez Luz muito interessante de conhecer. Vai ajudar demais, depois que fizermos os primeiros contatos
com a Provimi da Colômbia. Atuamos em suinocultura e deixamos claro aos nossos produtores
Solla (Colombia) o tipo de resultado que podemos alcançar usando a tecnologia da Provimi”.

“Nossa participação foi muito boa. As conferências são atuais e eventos assim são muito
importantes para a América Latina, para conhecermos o que está se passando no mercado.
A relação da empresa com a Provimi é muito boa, faz muitos anos e estamos exatamente
tentando fortalecê-la e ampliá-la ainda mais”. Rafael Reyes
Meria (México)
“Foi um evento muito interessante. Gostamos de estar neste país, compartilhando com gen-

Pablo Millauro te que trabalha com frangos. As questões vividas pela avicultura brasileira são muito semelhan-
tes às do México. Os temas também. É claro que também temos diferenças na produção, mas,
Pacuca S/A (Argentina) em termos gerais, consideramos interessante conhecer o que se passa aqui. E as instalações
que conhecemos são de um nível tecnológico altíssimo, as condições de bioseguridade também.
“Nossa participação no evento foi muito interessante. E ainda tivemos uma jornada em
A Provimi tem uma qualidade muito grande nas misturas. Somos clientes da Provimi e creio ter-
Campinas, além de visitar a instalação da Provimi, em Itapira. É uma unidade de alto nível,
mos uma relação limpa, sã e cordial. E estamos satisfeitos com os produtos oferecidos. Espero
muito interessante. Foi uma viagem inteira muito proveitosa. Temos uma relação direta com a
que a relação dure muito tempo”.
Provimi, eles são os nossos maiores provedores. E temos ainda um contrato de ida e volta, já
que em uma de nossas instalações elaboramos produtos da Provimi para outras empresas”.

Gabriel Perez Valadez


Felipe Pardo Guadalupe (México)
Itacol (Colombia) “Foi um evento que nos enriqueceu muito. Conhecemos mais detalhes da produção brasi-
“Foi um evento muito importante, sobretudo para estreitar ainda mais o vínculo entre nos- leira, que é referência mundial, com grande produção e tecnologia. Um modelo para seguirmos.
sa companhia e a Provimi. Conheci a fábrica e o laboratório, que são impressionantes. Mantive No mesmo sentido, a Provimi, que está chegando ao México, pode nos dar segurança em levar
contato com todos que fazem compras, pois é minha atividade principal na empresa e, assim, adiante algum tipo de negócio por sabermos do que podem fazer ao atuar em mercados sofis-
vou conseguir ajudar ainda mais nessa parceria. Estamos juntos há três anos e sabemos da ticados como o brasileiro. E as instalações que vistamos só confirmam os métodos e procedi-
excelência de todos os aditivos comercializados e estamos fazendo esforços conjuntos para mentos que garantem tanta qualidade na nutrição oferecida pela empresa, essencialmente no
nossa ligação ser ainda maior”. quesito segurança alimentar”.

14 NT #5 NT #5 15
depoimentos
Roberto Otero
Las Camélias (Argentina)
“Um evento muito interessante e produtivo para todos que participaram. Alto nível de pa-
lestras e temas. Além disso, o local é muito bonito e fomos muito bem tratados. Um relaciona-
mento tão bom quanto a associação que temos com a Provimi, na Argentina, que nos fornece
núcleos vitamínicos para reprodutoras“.

Julio Dassar
Pollos Vencedor (Colombia)
“Um evento muito bem organizado. Definitivamente, promove a integração entre os
parceiros das outras indústrias. O que me marcou foi o impacto de conhecer as instalações
de Campinas e Itapira. O laboratório é espetacular. A automatização, os relatórios. Tudo muito
bem organizado. Temos uma relação com a Provimi que nunca tivemos com outra empresa.
Os técnicos atuando diretamente em nossas granjas, trabalhando para melhorar os processos
e a produção de alimento balanceado, dando-nos um valor agregado que apreciamos muito.
Por isso, temos o maior prazer em trabalhar com a Provimi”.

Leonardo Cotamo
Avidesa (Colombia)
“Trabalhamos com matrizes e reprodutoras de frangos e viemos conhecer mais a Provimi.
As exposições no evento foram muito interessantes. E conhecemos também o desempenho
do setor avícola brasileiro, que é bastante satisfatório. A Provimi é um dos nossos maiores
provedores e nossa relação é marcada pela qualidade”.

16 NT #5
Marcos Fava Neves
é Professor Titular de Planejamento na Faculdade de Economia e Administração
da Universidade de São Paulo (FEA/USP) em Ribeirão Preto, autor de 22 livros
GESTÃO publicados em 5 países e Coordenador Científico do Markestrat.

A Valorização do O vencedor das eleições presidenciais não atingiu 50% dos eleitores totais e a diferença final de
11 milhões de votos foi pequena ante 37 milhões de abstenções, nulos e brancos. As urnas das regiões

Agronegócio
da agricultura, do agronegócio e da produção impuseram forte derrota ao Governo. E aí existe uma
importante reflexão para os vencedores, se humildes forem. O primeiro discurso da Presidente eleita foi
inspirador. Falou-se em reforma e eficiência do Estado, controle da divida pública, respeito a contratos,
fortalecimento das agências reguladoras, redução de tributos, meritocracia, combate aos juros e câm-
bio, medidas anti-dumping, punição a corruptos e liberdade de imprensa. Intriga esta guinada em relação
aos últimos oito anos, em que a Presidente eleita foi figura central de um Governo que não se comportou
como poderia nos aspectos acima citados e foi omisso com relação às reformas estruturantes, mesmo
lastreados por um cacife de 80% de aprovação. Pela maioria considerável no Congresso e no Senado,
espera-se que o novo Governo realize definitivamente as reformas que o Brasil precisa para ficar mais
competitivo. O país precisa ter velocidade na questão da infraestrutura para remover custos das cadeias
produtivas brasileiras, acertar rapidamente a questão das dívidas dos produtores, a questão ambiental
e trabalhista, além da política de juros e câmbio, que faz nossos agricultores perderem a já pequena
margem. O agronegócio, se estimulado, será um setor que mais rapidamente responderá ao Governo,
gerando exportações e renda para ser distribuída nos mais diversos tipos de “bolsas”.
Ao entrar agora na fase de composição de seus quadros e de planejamento estratégico para as mais
diversas áreas, o novo Governo que assumiu em janeiro de 2011 terá que buscar os melhores exemplos
mundiais e perseguir implacavelmente indicadores de desenvolvimento “classe mundial”. Na busca de
simplificação e reforma do Estado, como mostrou o discurso inicial da Presidente eleita, deve-se incluir a
criação de um super Ministério. Um Ministério para agregar pequena, média e grande agricultura, pesca,
extração, bioenergia, biodiversidade, entre outros. Tudo isto com coordenação única e uníssona. Afinal,
este Ministério representa um terço do PIB e o país coloca-se como o principal fornecedor mundial de
alimentos, num mundo que terá demanda explosiva nos próximos anos. Prova disso é que a cada hora,
22 hectares de terras brasileiras são compradas por estrangeiros... Portanto, esta valorização do agrone-
gócio será o melhor investimento do novo Governo.

18 NT #5 NT #5 19
NOTÍCIAS

Balde de
Ouroanuncia os maiores
produtores de leite do Brasil
O Troféu “Balde de Ouro”, pioneiro no setor ao homenagear os pecuaristas de leite do Brasil,
premiou os criadores mais produtivos do segmento em 2009, na noite do último dia 10 de no-
vembro, durante a 4ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite (Feileite 2010). O evento foi
promovido pela Nutron Alimentos, em parceria com a Feileite e apoio das empresas Bayer, CRV
Lagoa, Serrana, Zinpro, Mineração & Pesquisa Brasileira e Milkworld, e tem o objetivo de reconhe-
cer as fazendas e os produtores nacionais por seu trabalho e representatividade no mercado do
país. Na solenidade, foram premiados cinquenta dos maiores e mais representativos produtores
das raças Gir Leiteiro, Guzerá, Holandês, Girolando, Jersey e Pardo Suiço. Todas as fazendas par-
ticipantes inscreveram-se antecipadamente, enviando a quantidade de litros produzida no pe-
ríodo, o que determinou o ranking dos criadores. O Troféu Balde de Ouro também enalteceu o
número expressivo de 400 milhões de litros de leite produzidos por esses produtores em 2009.
Os dez primeiros colocados foram Fazenda São José, Fazenda Santa Rita, Fazenda São João – True,
Fazenda Colorado (Lair Antonio de Souza), Fazendas Reunidas ACP e Filhos, CIALNE XVI, XVII e
XVII (CIALNE – Companhia de Alimentos do Nordeste), Fazenda Palma e Fazenda Fini. A proposta
do Troféu Balde de Ouro é homenagear e reconhecer os maiores produtores de leite do Brasil,
que além de grande representatividade no cenário nacional, também são exportadores de co-
nhecimento e detentores de novas tecnologias na produção de leite, contribuindo consideravel-
mente pelo crescimento do setor no Brasil. “A ideia foi criar um evento que reconheça e premie
as pessoas que fazem do nosso país uma potência do agronegócio mundial. Nossa ambição é
fazer do Balde de Ouro o “Oscar do Leite” no Brasil. Para isto, esperamos em 2011 mais de 200
produtores inscritos e 100 homenageados”, explica Alessandro Roppa, da Nutron Alimentos. A
Feileite 2010 - 4ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite foi realizada 9 a 13 de novem-
bro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, Capital.

20 NT #5 NT #5 21
Fernando - Roberto Jank –
Agropecuária Carola Agrindus
Celso Mello – Presidente da Nutron Alimentos Ltda “Na verdade, estou “Para mim, estar entre
“Para nós, o Balde de Ouro é a realização de um sonho. Há representando meu os cem maiores significa
alguns anos, tivemos esta ideia, mas por várias razões não avô, Spólito Sebas- que temos conseguido
conseguimos realizar. Mas hoje, com o aceite do pessoal tian Antonio, que manter a escala, a
da Feileite, conseguimos materializar este sonho. É uma trabalhou durante produção alta e a viabi-
oportunidade de ajudar a cadeia toda do leite a se reunir. A sessenta anos. Ele lidade do negócio. Além
confraternização, a receptividade dos produtores, o conten- morreu em 2007 e do reconhecimento
tamento do evento e poder comemorar o Troféu Balde de agora estamos nós, das empresas que são
Ouro, certamente tornarão o evento uma tradição”. os netos, assumindo nossas fornecedoras.
essa responsabilida- Estou muito feliz de
de grande demais, estar aqui.”
que é estar entre os maiores produtores de leite. É
uma honra ser chamado para este evento e participar,
substituindo meu avô”.

Carlos Zeraick - Lair Antonio de


Fazenda Marajoara Souza – Fazenda
“É uma satisfação Colorado
muito grande poder ”A satisfação é muito
alimentar 20 milhões grande. Gostaria que
de crianças no Brasil meus funcionários
por ano. É uma satis- estivessem aqui para
fação muito grande. receber o prêmio,
Este evento é muito porque eles foram os
importante para a que tiveram o maior
confraternização dos trabalho. Estamos
produtores, de toda a fazendo novos inves-
cadeia. A valorização timentos na fazenda
do trabalho de um ano todo. Não só da gente, mas de para o maior conforto das vacas e espero em três ou
toda a equipe da fazenda”. quatro anos estar em primeiro lugar.”
Cidinei Miotto – Diretor Comercial da Nutron Rogério Isler – Nutron Alimentos Ltda
Alimentos Ltda “O Balde de Ouro, o “Oscar do leite” como chamamos,
“Para a Nutron, é uma honra poder participar e era um sonho nosso. Um evento mais para o lado social,
homenagear a cadeia produtiva do leite e todas as já que promovemos muitos eventos técnicos. E fazemos Francisco Galvão – Felipe Machado –
pessoas que estão presentes aqui. Para nós, que temos bem. Mas percebemos um buraco na cadeia do leite. Com Fazenda Pedroso Fazenda São Pedro
grande parceria com produtores de leite e estamos o Top Cem - os maiores produtores do país - resolvemos “Isto é muito impor- “É muito impor-
presentes em várias das grandes fazendas brasileiras, fazer um evento, entregando um quadro às fazendas do tante para a pecuária tante estar entre
é uma honra poder contribuir e colaborar nesta país e aos produtores, e hoje eles fazem coleção do quadro nacional porque hoje, os cem. Primeiro,
homenagem com eles. Atingimos nossos principais nos escritórios da fazenda. O evento é uma realidade, e a cada dia que passa, porque leite é
objetivos e deixo duas mensagens principais: o aceite para os próximos anos a expectativa é conseguir mais estamos procurando uma cultura muito
dos produtores em receber esta homenagem e a produtores presentes entre os mais eficientes. O que não produtividade e uma difícil de tocar,
parabenização e este produtor, que é um empreendedor, é fácil, mas nossa taxa de sucesso é sempre larga. É ótimo produção maior. Sen- administrar. E ser
um lutador. Só quem participa da lida diária sabe das quando conseguimos reunir e transmitir essa mensagem, do que a maior parte reconhecido como
dificuldades. Parabéns a todos e quero dizer que a uma coisa que o produtor entende, ele que trabalha sete está abandonando o um dos cem, numa
Nutron está sempre com eles, juntos, no que precisar, dias por semana, sabe o reconhecimento de algo ramo devido aos pro- gama de milhões
para atingir os objetivos de cada um em sua atividade.” diferenciado. Parabéns à Nutron e a todos os parceiros”. blemas de campo, o de produtores, não
êxodo rural, etc. Isto, para a gente, é o fruto que estamos tem como mensurar a importância. Muito obrigado à
colhendo, há anos atrás. Estou completando 30 anos de Nutron e Lagoa pelo evento.”
pecuária de leite. É um trabalho muito importante que
vocês estão reconhecendo. Muito obrigado”.

22 NT #5 NT #5 23
Gina Crema – Jorge Rodrigues – Maurício Silveira Jonadan Mada -
Fazenda Escala Fazenda Cabaña CR Coelho – Fazenda Fazenda Boa Fé
“Para a gente, é “Para a gente é o Santa Luzia “Não é apenas uma
muito importante este resultado de um “Enquanto produtor, motivação. É um
evento porque somos trabalho. É sempre é sempre importante alento para nossa
uma empresa familiar, importante ser ter este reconhe- atividade, dia e noite,
mas temos escala, reconhecido, principal- cimento. É o que 365 dias por ano.
somos reconhecidos mente na Feileite,que norteia e orienta Trabalhar motivado,
no Brasil e podemos é a maior exposição nosso caminho, com resultado, é o
transformar tudo isso do gado leiteiro do nosso trabalho. Vimos melhor de tudo. E ter
num produto. Estar país. Um estímulo ao conquistando nossas este reconhecimento
aqui com vocês é trabalho que estamos posições, acima dos é melhor ainda.”
muito importante e é realizando.” anos anteriores, o que
a primeira vez. Estou muito feliz de estar aqui hoje”. é muito interessante. É uma grata satisfação, enquanto
fazenda, estar neste grande evento.”

Mauro Ribeiro – Ulisses – Vale do Paulo Henrique – Rafael Carneiro –


Fazenda São José Leite Fazenda São João Fazenda Cialne
“É uma luta já que a “Este reconheci- True Type “É fruto de muito
gente trabalha com mento representa “Para a gente é mui- trabalho que a
leite desde 1960, um trabalho bem to importante este gente desenvolve.
um trabalho árduo feito, há dois reconhecimento. E este evento é o
e difícil. Realmente, anos, com cresci- Agradeço ao evento reconhecimento,
a gente tem que mento ao lado da por prestigiar tudo o um Oscar, uma
gostar de leite”. bacia leiteira do que a gente faz”. festa importante,
município onde onde todos se
estamos, em Goiás. confraternizam, se
Importante esta conhecem e trocam
premiação, um conhecimentos.
verdadeiro incentivo para o produtor de leite.” Aprovei e achei muito boa a festa.”

Odilon Barboza – Rogério Diniz – Reinaldo Figueiredo


Fazendas Reunidas Fazenda São José – Fazenda Figueiredo
HH da Mangabeira “Para nós, é uma
“É uma grande “É uma vitória, um satisfação. A primeira
satisfação para nós. reconhecimento que vez que estamos
Estamos represen- faz com que a gente entre os cem maiores.
tando aqui o senhor dê continuidade a Eu, que sou produtor
Horácio Moreira Dias. este trabalho. Vitória e filho de produtor,
Este prêmio é um esta que procuramos estudo há muito tem-
reconhecimento, pois há 35 anos, pois é a po este ramo. E nós,
estamos numa região propriedade que meu com nosso projetinho,
difícil, na Zona da pai tem há todo esse pequeno, humilde,
Mata. É um resultado tempo. Obrigado”. estamos aos poucos
de mais de 30 anos de seleção, um trabalho árduo, con- subindo, crescendo. Os desafios do leite são muito fortes.
tando sempre com a equipe da fazenda, que é a grande Mas é uma satisfação para mim e para a minha equipe.
responsável por este resultado.” Uma força. Espero que possamos contribuir bem mais
Equipe realizadora do Balde de Ouro
com a pecuária leiteira do país.”

24 NT #5 NT #5 25
NOTÍCIAS

Marketing Trends
aponta as tendências do
Agronegócio

Empresários, especialistas, executivos e representan- mas existem problemas de distribuição. Só que a popu-
tes de veículos de comunicação participaram no início de lação mundial vai saltar para 9 bilhões em 2050. Gente
novembro de 2010, em São Paulo (Capital), do Marketing que vai precisar de carne, pois a proteína animal precisará
Trends “Tendência de Marketing para o Agronegócio”, ter a produção incrementada em 23%. E a participação do
promovido pela Nutrition For Tomorrow Alliance (NFT). O Brasil vai ser decisiva. Mas precisamos de investimentos em
evento ocupou a sala da Escola de Negócios B.I. Internatio- produtividade e contínuas e novas soluções de eficiência,
nal, no World Trade Center, na capital paulista e teve como principalmente na área de nutrição”, resumiu Luciano. Nas
objetivo disseminar o conceito de “comarketing”, trazendo outras duas intervenções, os assuntos foram o detalhamen-
para um contato direto os executivos de comunicação das to da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), que pode ser
empresas de agronegócio e os representantes das edito- usada por pessoas físicas e jurídicas para aplicar parte do
ras e produtoras que trabalham com revistas, criação de si- imposto de renda devido em ações culturais, e as tendências
tes, participação em eventos, etc. Na primeira etapa do en- da Internet e dos negócios corporativos na rede mundial de
contro, que contou também com a presença do presidente informação. Na sequência, depois de umcoffee break, os
da Nutron, Celso Mello, foram realizadas três palestras. O participantes acompanharam a apresentação dos pacotes
vice presidente da Feed Solutions mundial, a área de ino- de Marketing Cooperado, feito por Alessandro Roppa, do
vação e tecnologia da Provimi, Luciano Roppa, falou sobre Comitê NFT Alliance. Por fim, foram realizadas as rodadas
o comércio mundial de carnes, destacando o avanço que o de negócios, quando as empresas “visitaram” as mesas dos
setor terá nos próximos anos e o papel que cabe às empre- parceiros que ofereciam os pacotes de comarketing. O Mar-
sas do segmento e aos países produtores. “Temos no pla- keting Trends “Tendência de Marketing para o Agronegó-
neta hoje mais obesos (1,3 bilhão) do que pessoas famintas cio” terminou com a realização de um coquetel para todos
(1 bilhão). Produzimos alimentos em quantidade suficiente, os participantes.

26 NT #5
NOTÍCIAS

Com apenas quatro


NFT E AS
dadas de uma maneira única, mas convergem no mesmo
objetivo de gerar e disseminar conteúdo e de possibilitar meses “no ar”, os
números são mais
a interação com o mercado, por meio de artigos, entre-
vistas, fóruns de discussão, divulgação de eventos e de
do que expressivos

REDES SOCIAIS
novas parcerias estabelecidas, entre outros.
Além disso, e conhecendo a carência por informa-
ções sobre determinado assunto, a NFT disponibiliza Resultados Outubro 2010 a Janeiro 2011
discussões sobre temas entre os colaboradores e segui-
dores destas ferramentas. Trata-se de uma consultoria
em tempo real, com troca de informações, experiências
e conteúdo que auxiliam a sanar essa demanda. O número de followers (seguidores) do
A NFT Alliance gera conteúdo 360º: recebe a opi- twitter dobra a cada mês.
Por Erica Rabecchi nião dos colaboradores das empresas parceiras que
representam os diversos elos da cadeia de produção
Comunicação direta com profissionais
e empresas do agronegócio,
veterinários, zootecnistas e estudantes.
de proteína animal sobre um determinado assunto,
promovendo discussão sobre o tema em questão, com 196 seguidores
transparência e idoneidade de informações a respeito Comunicação com o público-alvo
do que está em debate. no perfil da NFT e comunidades
relacionadas ao agronegócio.
Um dos grandes diferencias, é que não é mais um
informativo comum visto no mercado e em mídias con-
vencionais. A inovação está na possibilidade do internau- Cobertura de eventos da NFT
e parceiros.
ta interagir com os colaboradores (especialistas em seus
segmentos) e com outros usuários, enviando e recebendo
informações através dessas ferramentas.
Ao mapear a atuação da NFT nas redes sociais, uma 4.828 exibições das palestras on-line
pelo You Tube.
resposta imediata a esta visão inovadora e atualizada da Cobertura de eventos e palestras da
aliança aparece, dando a certeza de que seguir neste ca- NFT e parceiros.
minho transformará a NFT, cada vez mais, num modelo
de referência para o agronegócio no que diz respeito à Grupo com profissionais de
empresas da área para troca de
produção e distribuição de conteúdo. ideias e sugestões.
A Internet é a mais atual forma de comunicação. Além Ferramentas on-line de disseminação de conteúdo e Acompanhando diariamente os temas mais acessa-
do alto potencial de reverberação de informações pelas troca de informações diminuem, portanto, as distâncias dos e mais comentados, a equipe de conteúdo do Canal
possibilidades de acesso, o mundo digital estabeleceu entre consultores e produtores, colocando os assuntos NFT busca mais informações e contribuições sobre es- 72% dos visitantes vindos
uma nova forma de relação entres as pessoas e marcas, mais relevantes no centro de discussões dos colaborado- ses assuntos. do Google
res do Canal NFT. 2.424 palavras-chave
e é por isso que hoje é peça chave nos planejamentos de “O que observamos em outros canais de informações
comunicação e de negócios das empresas. Clientes, parceiros, seguidores, profissionais do mer- é publicação de notícias e conteúdos estáticos, sem a inte-
Para dimensionar o poder desta rede mundial, um a cado, estudantes, imprensa e todo o tipo de público que ração com o público. Sem a preocupação pela real neces-
cada três brasileiros já está conectado à internet, somando integra este universo pode acessar, seguir e comentar sidade do mercado, e com foco em quantidade de notícias
70 milhões de internautas em terras nacionais. O brasileiro tudo o que acontece nas redes sociais NFT. e informações. No Canal NFT pode-se realmente interagir
gasta cerca de 23 horas e doze minutos por mês na inter- O Canal NFT - site oficial da aliança: www.nftalliance.com.br com outras pessoas, com especialistas, com técnicos re-
net e 79% dos habitantes do país fazem parte das redes - concentra toda a atuação da NFT no universo digital e conhecidos, trocando informações e levando discussões 14.434 novos visitantes (público-alvo)
sociais, que agregam mais de 55 milhões de usuários. sua presença nas redes sociais. Neste endereço é possível a níveis mais profundos” diz Alessandro Roppa, responsá- Mais de 33.000 page views
acessar links com palestras online, e-books, versão digita- Crescimento de 82% em novas visitas
Neste cenário, as redes sociais figuram como ferra- vel pelo projeto NFT Alliance.
mentas estratégicas e poderosas de comunicação, ma- lizada da revista NT e acompanhar o caminho de atuação Segundo Celso Mello, presidente do comitê NFT
rketing e negócios. Utilizá-las sob um bom planejamento da NFT nas redes sociais. Alliance, os objetivos do projeto são acelerar a troca de
e manejo oferece como resultado, os benefícios decorren- São cinco ferramentas principais: blog, facebook, informações, gerar conteúdo de referência e auxiliar na
tes deste novo formato. twitter, flickr e linkedin. Em cada uma, as notícias são abor- sustentabilidade econômica de toda cadeia produtiva.

28 NT #5 NT #5 29
NOTÍCIAS

Barretos, no norte do Estado de São Paulo, a “capital localizados estrategicamente e hoje exporta para 100
brasileira do rodeio”, assistiu no segundo semestre de países. A compra de oito caminhões foi realizada com o
2010 a um casamento que também pode ser apontado Minerva usando créditos do Imposto sobre a Circulação
como simbólico. A união de dois grupos empresariais de Mercadorias e Serviços (ICMS). O restante dos veícu-
vencedores. De um lado, o Minerva, composto por sete los foi financiado pela Agência Especial de Financiamen-
complexos industriais que empregam sete mil pessoas to Industrial (FINAME), uma linha de crédito com recur-
e desossam até 24.800 quartos de bovinos por dia. De sos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
outro, a Pedro Monteleone Veículos e Motores LTDA, e Social (BNDES). “Foi o primeiro negócio fechado com o
concessionária da Mercedez-Benz com mais de 50 anos Minerva. Uma parceria que muito nos honra. Que seja a
de atuação, atendendo quarenta municípios do noroeste primeira de uma série de ações no segmento das carnes
do estado e que chega a comercializar 250 caminhões e com essa empresa tão vitoriosa”, concluiu Amarildo
por ano. A nova parceria foi concretizada com a venda Gazola. Já o presidente do Frigorífico Minerva, Edivar
de treze caminhões para o Minerva, um negócio de R$ Vilella de Queiroz, dono do Frigorífico Minerva, disse que
3,6 milhões. “A sede da Monteleone fica em Catanduva a marca e a localização da concessionária fizeram a dife-
e nossa nova unidade chegou a Barretos há dois anos e rença. “A marca é mundialmente famosa e trabalhamos

Parceria de
meio. Como trabalhamos numa região marcada funda- há muito tempo com a Mercedes, desde a época da Ex-
mentalmente pela atuação de usinas de cana de açúcar presso Barretos. Sabemos de sua eficiência e confiamos
- são quinze usinas - o acordo feito com o Minerva signi- no trabalho da concessionária. O atendimento é muito

campeões
fica um trabalho pioneiro de bom, não temos nenhum tipo de
captação de um cliente dife- reclamação. E ainda a compra foi
rente e diferenciado, o que é
O acordo feito com o feita aqui no estado porque so-
muito importante para nós”, Minerva significou um mos credores de ICMS e fizemos
explicou o gerente geral de trabalho pioneiro de como pagamento a transferência
Barretos, Amarildo Gazola. captação de um cliente deste imposto”, contou.
O grupo trabalha com cami- O Minerva S.A. é um dos lí-
nhões, ônibus (chassis), sprin-
diferente e diferenciado. deres no Brasil na produção e
ter, equipamentos e consór- comercialização de carne bovi-
cio, tudo ligado à marca Mercedes-Benz. na, couro e exportação de boi vivo e está entre os três
O equipamento adquirido pelo Minerva sobressai maiores exportadores brasileiros do setor em termos
pela diversidade e capacidade. Oito caminhões modelo de receita bruta de vendas. Presente nos estados de
ATEGO-2425, com terceiro eixo e capacidade para até 15 São Paulo, Rondônia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do
toneladas receberam câmaras frias para trabalho dentro Sul e no Paraguai, opera plantas de abate e desossa,
do frigorífico, no carregamento de carne. Seis veículos conta com curtume e centros de distribuição, além de
modelo 2726-K, com capacidade de tração máxima de atuar também no segmento de Food Services, produzin-
123 toneladas, estão sendo usados para transporte inter- do alimentos à base de carne bovina, suína e de aves.
no nas fazendas. Quatro unidades modelo 1718-FPM, para Possui uma receita líquida de R$ 909,9 milhões (terceiro
operação dentro da área de confinamento. Dois modelos trimestre de 2010), 31,2% acima do mesmo período do
L-1620, usados na distribuição de ração dentro do confi- ano passado. De setembro de 2009 a setembro de 2010,
namento. E um modelo 2644-S utilizado para transporte a receita cresceu 35,9%, alcançando R$ 3,232 bilhões.
dos animais. Trabalho é o que não vai faltar para essas No mesmo período, o Ebitda atingiu R$ 227,2 milhões,
máquinas. O Minerva abate e industrializa carne bovina avanço de 43,6%. “Tanto o negócio como o equipamen-
e derivados, oferecendo produtos de qualidade para os to agradaram muito”, sintetizou animado Edivar Vilella
cinco continentes. Possui quatro centros de distribuição de Queiroz.

30 NT #5 NT #5 31
NOTÍCIAS

NFT assina aliança com


a companhia global
Intervet/Schering-
Plough Animal Health
Por Erica Rabecchi

Neste início de 2011 a NFT Alliance ganhou mais um cessidades de cada cliente”, diz Vilson Antonio Simon
parceiro internacional, a Intervet – que está presente em diretor-presidente da Intervet/Schering-Plough.
mais de 50 países, incluindo o Brasil. Posicionada no ran- Ainda buscando a nutrição do futuro e asseguran-
king, desde 2008, entre as três primeiras indústrias de do a produção de alimentos seguros de forma sus-
medicamentos veterinários brasileira, a Intervet viu na tentável, sempre com a premissa de garantir forneci-
NFT a grande responsabilidade da aliança em fornecer mento à população crescente, a empresa viu na nova
a seus parceiros conteúdo de relevância e serviços seg- parceria um grande potencial para o complemento
mentados, para garantir a sustentabilidade da pecuária de seus serviços. “A cadeia produtiva esta cada vez
brasileira. “Os nossos clientes buscam soluções globais, mais integrada e empresas de referência em seus
ou seja, que sejamos capazes de entregar programas e segmentos têm a grande responsabilidade de disse-
serviços com competência em melhorias significativas minar o conhecimento, agregando valor à produção
de produtividade e ganho de eficiência. Considerando animal, suportando e fortalecendo a sustentabilidade
esta premissa, a entrada da Intervet na do setor. Este conceito está integrado aos valores da
NFT tem como objetivo final pro- pro Intervet/Schering-Plough Animal
ver soluções completas para os Health e vislumbramos na NFT
nossos clientes, buscando parce
parce- a oportunidade de promovê-
rias que complementem nossa lo, de forma mais consistente
competência em saúde animal. e abrangente , integrando as
E isto é uma tendência sem nossas sinergias e fortalezas
retorno, pois o Co-Marketing é para este objetivo comum”,
uma forma de inteligência de conclui Rudy Claure, diretor da
negócios que reúne diferentes unidade de avicultura da com-
ne
disciplinas, com o foco nas ne- panhia, sobre a nova parceria.

Rudy Claure
Diretor da unidade
de avicultura da
Vilson Antonio Intervet/Schering-
Simon Plough
Diretor-presidente
da Intervet/
Schering-Plough
32 NT #5
Amir Khair
é Engenheiro e Mestre em Finanças Públicas pela Fundação Getúlio Vargas,
foi secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo no período 1989/92 e
MERCADO atualmente é Consultor na Área Fiscal, Orçamentária e Tributária.

Nos próximos anos, o desenvolvimento mundial pliados. Outra medida de caráter geral, atingindo todo

Perspectivas
será puxado pelos países emergentes, com destaque o mercado de consumo é a redução dos juros cobrados
para a China e o Brasil. Os países desenvolvidos ain- pelo sistema financeiro e comércio. Para isso, deve ser
da deverão continuar em ritmo lento de crescimento dada continuidade à política de fortalecimento do Ban-
econômico. Os Estados Unidos ainda deverão sofrer as co do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF)
consequências dos seus déficits gêmeos, dos elevados para ampliar suas penetrações no mercado via oferta

2011/2014
níveis de desemprego, endividamento público e das de taxas de juros mais atraentes do que as oferecidas
pessoas. Os países da zona do euro terão de resolver pelo sistema financeiro privado. Infelizmente, o Brasil é
os graves problemas fiscais e de perda de competitivi- o país que cobra as mais altas taxas de juros do mundo
dade externa para a agressividade comercial chinesa. O aos seus tomadores. Mas não basta essa ação do BB e
Japão deverá continuar patinando, fugindo da ameaça CEF. O governo pode estabelecer a regra de graduar o
da deflação. O comércio internacional deve crescer em percentual de depósitos compulsórios de acordo com

Elas são favoráveis, desde ritmo lento e ser caracterizado por forte disputa para
ampliação e conquista de mercados, especialmente
as taxas de juros cobradas pelo banco. Serve ao mes-
mo tempo, de estímulo ou punição aos bancos, confor-

que não se adote a política


devido às novas camadas da po- me sua política de juros. Outras
pulação incluídas no mercado de regras voltadas ao tempo de
consumo dos países emergentes. Existem experiências de retenção do depósito compul-

de “pé no freio da economia” Todos precisando exportar e con-


ter importações. É uma equação
que não fecha e que pode trazer
sucesso em prefeituras que sório e sua remuneração pelo
Banco Central (BC) podem ser
deveriam ser difundidas para aplicadas com vistas à redu-
como consequência, elevação do serem aplicadas em outros ção da taxa de juros das ope-
por Amir Khair protecionismo, guerra cambial e municípios. É a aproximação rações do sistema financeiro.
estabilização ou redução dos pre- do produtor ao consumidor. Para implantar essas medidas,
ços em escala global. Dentro des- basta resolução do Conselho
te cenário, será difícil ampliar as Monetário Nacional (CMN), que
exportações, especialmente de produtos industrializa- depende só do governo, não tendo de passar pelo
dos. Devem ser exceção as commodity e os alimentos, Congresso Nacional.
também puxados pelo aumento do consumo interno Políticas de alto poder estimulador do consumo
dos países emergentes. Esse é o cenário externo que estão na redução do custo da reprodução da mão de
considero mais provável para os próximos quatro anos. obra. Além dos estímulos à produção de alimentos,
Face a esse quadro, o que deveríamos fazer? Como seus custos para o consumidor podem ser reduzidos
prioridades absolutas, continuar a desenvolver o mer- ao minimizar os custos de intermediação, com vanta-
cado interno e procurar reduzir o custo Brasil. O Brasil gens ao produtor e consumidor. Existem experiências
possui um imenso potencial ainda inexplorado no seu de sucesso em prefeituras que deveriam ser difundidas
mercado interno, fruto da má distribuição de renda, para serem aplicadas em outros municípios. É a aproxi-
que impede que amplas camadas da população partici- mação do produtor ao consumidor. Os custos para isso
pem do mercado de consumo e ampliem o consumo de são reduzidos. Despesas com transporte coletivo po-
bens e serviços cujo consumo é restrito devido à baixa dem ser reduzidas ao rebaixar os preços do óleo diesel,
renda. Para isso, várias políticas já implantadas devem eliminar tributos sobre a fabricação de ônibus, ampliar
ser ampliadas nos seus alcances. A mais importante a rede de metrôs e trens. É preferível jogar recursos
é a regra de correção do salário mínimo, que deveria em transporte de massas financiados do que para o
continuar crescendo e acompanhando o crescimento transporte individual. Os sistemas de metrô e trens nas
do Produto Interno Bruto (PIB). Em seguida, conside- grandes metrópoles estão mais de 30 anos atrasados
ro necessário ampliar o valor a ser destinado ao Bolsa como meio de transporte de massas. As despesas com
Família. Atualmente, a despesa deste programa é de R$ habitação podem ser reduzidas com a ampliação do
13 bilhões, que corresponde a 0,4% do PIB, ou 1,4% da programa “Minha Casa, Minha Vida”, conforme pro-
receita do governo federal. Existem vários outros pro- messa governamental. As despesas com medicamen-
gramas de redistribuição de renda que devem ser am- tos podem ser reduzidas pela gratuidade e/ou redução

34 NT #5 NT #5 35
de preços em farmácias populares para um conjunto externos e de lançamentos de debêntures. Quanto ao
de medicamentos de maior uso da população. Investi- capital de giro, as linhas oficiais de crédito seguem a
mentos em saneamento básico reduzem sobremanei- orientação do governo para redução gradual, e valem
ra as despesas com a saúde. Devem ser ampliados e aqui as mesmas observações feitas sobre a política di-
ocupar posição de destaque nos financiamentos das ferenciada de depósitos compulsórios.
fontes oficiais de crédito. Essas são apenas algumas Na redução de tributos, merece destaque a ple-
sugestões que contribuem para diminuir as despesas na desoneração dos investimentos e a redução do
forçadas da população, especialmente de menor poder Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
aquisitivo. Com menores despesas, sobram mais recur- setores que interessam estimular devido ao poder
sos para serem usados em consumo e lazer. da cadeia produtiva envolvida, de gerar empregos e
Costuma-se definir o custo do país como sendo a estimular a competição. A elevação do imposto de
sobrecarga de custos para as empresas trazida por importação, estabelecimento de preço mínimo ou
tributos, logística, infra-estrutura, juros e burocracia. cota de importação são necessários para os produ-
Todos esses custos podem impedir a competitividade tos importados com características de dumping, es-
interna e externa das empresas. O Programa de Ace- pecialmente provenientes do leste asiático. Falta a
leração do Crescimento (PAC) contribui para atacar transparência na informação do peso de cada tribu-
parte dos problemas de logística e infraestrutura. Seu to sobre o preço dos produtos. Pouco se informa que
alcance, no entanto, ainda é limita- o Imposto sobre Circulação de
do. Sabe-se que a participação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
recursos do Tesouro Nacional nes- Costuma-se definir o custo de responsabilidade exclusiva
te programa é da ordem de 13%, do país como sendo a dos Estados, é responsável por
ficando o restante por conta das metade dos custos do consu-
sobrecarga de custos para mo. Além disso, suas alíquotas
estatais e do setor privado, auxi-
liado ou não pelo Banco Nacional as empresas trazida por para o mesmo produto variam
de Desenvolvimento Econômico e tributos, logística, infra- de estado para estado, sendo
Social (BNDES). O governo deverá estrutura, juros e burocracia. fundamental a comparação
aumentar gradualmente os recur- entre essas alíquotas para evi-
sos próprios ao PAC e, ao mesmo denciar os estados que mais
tempo, é possível que ocorra pelas estatais, pelo setor abusam da tributação do ICMS e quais os que procu-
privado e BNDES. Além dessa evolução do volume de ram estimular as atividades em seu território. Quan-
recursos em ascensão pelo PAC, outras medidas podem to à burocracia, há muito o que fazer para simplificar
ser tomadas para reduzir o custo Brasil. Uma delas, de a vida das pessoas e das empresas, a começar pela
forte impacto, é na redução dos custos de transporte. redução das exigências de excesso de documentação
Além das novas estradas e ferrovias em construção, o para obter qualquer autorização ou comprovação por
preço do diesel pode ser reduzido em subsídio cruzado parte dos órgãos públicos. Conforme pregava o sau-
com a gasolina, que atende ao transporte individual. doso Hélio Beltrão, deve-se partir do princípio de que
Deveriam ficar isentos do pedágio e do Imposto sobre os cidadãos são honestos salvo prova em contrário.
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) os veí- Como isso não ocorre, cria-se um cipoal de controles
culos para transporte de carga. Parte dessa isenção que punem o conjunto da sociedade devido a uma
depende dos governos estaduais, os quais poderiam minoria que transgride, pois sempre acha um jeito
ser estimulados pelo governo federal na política de de livrar-se desses controles e a impunidade garante
transferência de recursos voluntários aos Estados. Na isso. Nos países com maior nível de cidadania, os que
questão relativa aos juros, o BNDES já cumpre função delinquem têm punição dura. Aqui, escapam pela ler-
importante na oferta de taxas de juros atrativas aos deza da Justiça. Creio que, trilhando esse caminho
investimentos de longo prazo e o governo já deu forte de fortalecimento do mercado interno e de redução
impulso para a ampliação do volume das operações do custo Brasil, o país tem condições de manter nível
deste banco de fomento. Enquanto o setor financei- elevado de crescimento sem riscos de inflação. Vejo
ro privado não aumentar sua oferta de créditos de perspectivas favoráveis. Desde que não se adote a
longo prazo, as empresas terão de investir com re- política de pé no freio da economia motivada por re-
cursos próprios da Bolsa de Valores, de empréstimos ceio da inflação e déficit externo.

36 NT #5
Sabrina Marcantonio Coneglian
é Zootecnista Doutora em Nutrição de Ruminantes
pela Universidade Estadual de Maringá e integrante do
BOVINOS DE CORTE Departamento Técnico da Serrana Nutrição Animal.

Alianças mente seus anseios chegam ao frigorífico. Menos ainda qualidade, aumentar o giro de capital dentro da sua pro-

mercadológicas na
ao pecuarista. Somente analisando a cadeia produtiva priedade devido ao fato de estar trabalhando com uma
como apresentada em sua totalidade (Figura 1), fica evi- matéria prima mais precoce, e também pela possibilida-
dente seu nível de complexidade e pode-se constatar que de de haver uma remuneração extra pela qualidade de
as poucas modificações alcançadas devem-se à estraté- seu produto. A indústria terá a garantia do fornecimento

PECUÁRIA DE CORTE
gias setoriais de curto prazo, sem aplicação de conceitos de sua matéria prima em quantidade e qualidade, com
modernos visando à diminuição das tensões entre os elos regularidade, pré determinada entre as partes. O varejo
e maximização do poder de adaptação às mudanças de poderá promover aproximação entre o consumidor e o
mercado (Lazzarini et al, 1996). As alianças na cadeia da produto garantido. Algumas vantagens e desvantagens
carne bovina são estratégias comerciais utilizadas em vá- gerais são descritas na Tabela 1.
rios países. Tanto na Austrália quanto nos Estados Unidos, Existem muitos desafios que poderiam ser traduzidos
na França e Inglaterra, esta iniciativa é feita na maioria das em incertezas ligadas ao ambiente e ao comportamento
vezes em conjunto com associações de raças e com apoio dos agentes: os pecuaristas encontram dificuldade em
do governo. Na Austrália, basta existir relacionamento trabalhar com oferta concentrada de novilhos ou bois
em apenas dois elos da cadeia para ser considerada uma para obter melhor fluxo de oferta, forçando as alianças
aliança, ou seja, uma iniciativa em conjunto com produ- a criar uma estratégia operacional, determinando um
tores e supermercado ou qualquer canal de distribuição fluxograma ou programação de produção mensal/anual
pode-se enquadrar no conceito. de novilhos acabados de acordo com os padrões estabe-
Uma estratégia através da aliança mercadológica lecidos para o abate e, com relação ao peso das carcaças,
visa trazer vantagens a todos os segmentos que a com- os quais afetam diretamente a produtividade industrial
põem. Para o pecuarista, participar de um programa de e padronização dos cortes. O custo operacional onera o
produto, motivo pelo qual os pesos das carcaças são tão
relevantes. Outra das principais dificuldades do sistema
Figura 1 de alianças é promover uma harmonia de interesses dos
Cadeia Produtiva da Carne Bovina participantes, que muitas vezes são conflitantes e requer
transparência do processo de coordenação dos objetivos
e das etapas a serem cumpridas por cada parte. Existe
uma enorme diferença entre o poder de barganha dos
distintos agentes. Segundo Perosa (1999), este poder de
barganha ora se apresenta maior para o pecuarista, ora
pelos frigoríficos e, mais recentemente, para os distribui-
dores varejistas, observando ainda hoje a postura opor-
tunista dos elos quando diz respeito a ganhos momentâ-
neos. Tal postura dificulta estabelecer um planejamento e
uma modernização ao longo da cadeia. Adiciona custos
Tabela 1 de transação e reduz a confiança das partes na relação.
Possíveis vantagens e Para obtenção de sucesso entre os relacionamentos
Na última década, o consumo de carne bovina sofreu cadológica no sistema da carne bovina é definida como
desvantagens das alianças estratégicas organizacionais, alguns aspectos devem ser levados em
profundas alterações relacionadas com as mudanças uma iniciativa conjunta de supermercados, frigoríficos e
consideração. A excelência individual de cada participan-
nos padrões alimentares da sociedade, ocasionados pelo pecuaristas, objetivando levar ao consumidor uma carne
te, com adequado padrão produtivo e tecnológico que
crescimento da renda, pela mudança nos preços relati- de origem conhecida e qualidade assegurada. Entretanto,
possam realmente contribuir para a produção de um
vos de outras carnes e a preocupação com a saúde e a não há porque não ampliar esta definição de modo a in-
produto diferenciado, pronto a atender as exigências dos
conservação do meio ambiente. De modo a encarar estes cluir outros agentes como açougues e serviços de alimen-
consumidores, torna-se importante para a parceria. As re-
desafios, o ambiente das empresas está cada vez mais tação. Alianças estão surgindo, pois clientes finais que
lações entre os participantes devem ser congruentes com
competitivo. Firmas locais e globais estão competindo consomem a matéria prima carne recebem na maioria
objetivos estratégicos a fim de beneficiar todos os parcei-
pelo tempo, dinheiro e atenção dos clientes. Aliança mer- das vezes um produto tratado como commodity e rara-
ros, devendo haver dependência mútua.

38 NT #5 NT #5 39
Lucas Lobo Bianconi
é do SGA – Programa Tomorrow.

BOVINOS DE CORTE

Otimização Recentemente, a arroba do boi gordo esteve em seus melhores preços, dentro de uma curva his-
tórica relativamente grande, fato este que trouxe para os empresários ligados ao setor um momento
de otimismo em relação ao negócio. No entanto, o momento revela-se ótimo para uma análise e

de processos,
reflexão sobre o seguinte ponto: o custo de produção. Sabemos que a alta da arroba vem associada
a uma elevação de custos da atividade e em patamares que não declinam após a redução do valor
pago pela arroba. Diante desta premissa, é o momento de avaliar friamente dentro do negócio a
matriz do custo de produção. Quando coloco a matriz do custo de produção, refiro-me à análise de

ferramenta ou
processos de uma empresa, pois, como muitos de nós nos deparamos, não são poucos os estudos
que fazemos que evidenciam Taxas Internas de Retorno acima dos valores de referência. No entanto,
quando operacionalizamos o projeto, também não são poucas as vezes que o extrato negativo do
banco nega todo um planejamento traçado.

hábito?
À esta diferença, que em grande parte das vezes nos leva a crer que determinadas tecnologias

40 NT #5 NT #5 41
não são viáveis ou que a atividade não traz lucros como Notamos, então, que a variação era muito grande e o Verificada a necessidade de aumentar o tempo nas
em outros segmentos, devemos nos atentar ao escopo impacto desta afetava o tempo de fornecimento de dieta atividades que agregam valor, ou seja, no caso do confi-
principal deste texto: a análise crítica dos processos, bus- dos animais e, por conseguinte, o seu desempenho. A me- namento, o tempo de arraçoamento e a redução de itens
cando a sua otimização. Um processo consiste em um dida tomada imediatamente foi promover a capacitação que só aumentam o custo como o trânsito. Iniciou-se a
conjunto de atividades que necessitam para a sua reali- deste funcionário e o acompanhamento direto do chefe implantação de medidas como alterações de rota de dis-
zação dos seguinte itens: insumos e mão de obra e, como do setor, que possuía uma curva padrão com baixa varia- tribuição, padronização dos funcionários através da quali-
conseqüência, teremos o produto deste processo. A nossa ção no item. ficação do chefe de setor ao folguista.
matriz de custo, que consta nos orçamentos das fazen- Um segundo ponto avaliado foi a questão do tempo No Ano 02 de avaliação, o gráfico apresentou a se-
das de forma ampla, engloba estes itens. Quando discri- do processo e, utilizando a metodologia do benchmark, guinte composição
minamos custos com mão de obra, óleo diesel, vacinas e chegamos ao seguinte gráfico:
serviços de terceiros, estamos colocando os números que Ano 02 de avaliação do trabalho, após a implantação
representam o processo macro da empresa. Estes núme- das mudanças.
ros, com certeza, são fundamentais e nos dão um norte
de qual lugar devemos priorizar para realizar cortes sem
afetar a produtividade da empresa.
No entanto, aqui vem a sugestão deste texto, uma
setorização de processos permite que a empresa pro-
mova cortes de custos em função da otimização de cada
uma das etapas de seu processo produtivo. Em resumo,
ao rastrearmos e identificarmos os processos da empre-
sa, criamos uma poderosa ferramenta de mensuração
de atividades que não geram valor nenhum ao produto,
portanto, totalmente passiveis de serem retiradas da em-
presa. Como exemplo, para facilitar o entendimento da
ideia, segue a análise de um processo de uma empresa Avaliando-se todas as etapas do processo nas duas
produtora de bois gordos. Avaliando-se o confinamento empresas, percebemos uma grande variação no tempo
de uma empresa, notamos a existência de mão de obra, de trato destinado aos animais, com diferenças no tempo O aumento percentual de 5% no tempo de arraçoa-
máquinas e insumos. Neste momento, devemos começar de deslocamento e arraçoamento. Criado o indicador de mento significa, nesta situação, que reduziu-se uma hora
a nos perguntar: como funciona a logística do meu trato? minutos/cabeça, conseguimos objetivar a mensuração de de trato no dia. Devemos ressaltar que esta empresa pos-
A mão de obra que tenho está sub ou superutilizada? quanto poderíamos melhorar o desempenho da organiza- suía cinco funcionários no confinamento e a hora reduzi-
Existe variação significativa na qualidade do trato entre ção. A melhoria da empresa com pior desempenho pas- da era a nona da jornada de trabalho, ou seja, a hora extra.
os funcionários? sou pela setorização do processo no qual identificamos a Em análise financeira de impactos das medidas, concluí-
Em propriedades de Mato Grosso do Sul, realizamos seguinte curva de distribuição no Ano 01. mos que houve uma redução de 2.700 diárias de confina-
algumas análises em seus confinamentos avaliando-se a mento, considerando-a mesma com valor de
matriz de mão de obra, logísitica e os insumos. O primei- Ano 01 de avaliação do trabalho R$ 5,00/cabeça/dia, o que pode representar um ciclo
ro item avaliado foi a mão de obra. No dia da avaliação, de confinamento de 30 cabeças. Perguntas como estas
conferimos com um funcionário recém contratado, que permitirão ao empresário detectar algumas deficiências
apresentou o seguinte gráfico de desempenho referente em seu processo e, em grandes partes dos casos, simples-
ao tempo de execução do trato dos animais: mente com a mudança do método, ou seja, trabalhando
somente o comportamento de sua organização, sem
custos iniciais com nenhum tipo de investimento, será
possível reduzir o custo do produção. Fato este que terá
repercussão no número macro presente no orçamento
com menores gastos em mão de obra, combustível entre
os outros itens.
Com este último parágrafo, fica a questão macro do
texto: otimização de processos, ferramenta ou hábito?
Pois, a partir do momento que for hábito em todos os
níveis da organização avaliar os processos, com certeza,
esta ferramenta será de grandes impactos para que a ar-
roba do boi seja interessante a R$ 100, R$ 90, R$ 80,00...

42 NT #5 NT #5 43
Leonardo Marçal da Silva
é Médico Veterinário e Gerente de Negócios
Bovinos de Leite da Nutron Alimentos para as
BOVINOS DE LEITE Regiões CO, NO e NE.

Programa Iniciativa de sucesso promove assessoria

Tanque Cheio
técnica, mudança de comportamento e tem
reconhecimento da Fundação Getúlio Vargas

A Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale nhecimentos e inovações para levar aos cooperados,
do Paranaíba (Agrovale), fundada em 1976, sempre ofe- de maneira simples e objetiva, de tal forma que a vida
receu assessoramento técnico às famílias integrantes do cooperado torne-se mais fácil e produtiva, trazen-
do seu quadro de associados. Porém, enxergou a ne- do resultados para o seu bolso”, explicou o Presidente
cessidade de criar um programa que estabelecesse a da Agrovale, Antônio Carlos Borges.
construção, manutenção e o desenvolvimento de uma O Programa Tanque Cheio, inicialmente formado
rede de assistência técnica e comportamental para as por 12 famílias de produtores rurais do município de
famílias de produtores rurais da cadeia produtiva do Quirinópolis (GO), conta hoje com aproximadamente
leite, integrando os sistemas de geração de tecno- 200 famílias, organizadas em treze comunidades, pre-
logias, consultores técnicos e produtores rurais. Foi sentes não só em Quirinópolis, mas em Cachoeira Alta,
escolhida a atividade leite, pois é a cadeia produtiva Caçu, Gouvelândia, Paranaiguara e Rio Verde, todos no
mais didática para trabalhar com assessoramento. De- sudoeste goiano. O Programa Tanque Cheio visa con-
senvolveu-se então, a partir do ano de 1998, o Progra- solidar mecanismos que agreguem valor às pessoas e
ma Tanque Cheio, cujo principal objetivo é fazer com instituições. Promover a geração de renda e melhoria
que as propriedades leiteiras cooperadas à Agrovale da gestão da propriedade, culminando no fortaleci-
aumentem a produtividade, produção, lucratividade mento e na melhoria da qualidade de vida de todas as
e, principalmente, a qualidade de vida das pessoas pessoas envolvidas na atividade”, salientou Alex José
envolvidas na atividade. “Estamos iniciando um novo Gonçalves, coordenador de desenvolvimento de capi-
período na Agrovale. A Cooperativa está focando seus tal social da Agrovale. A eficiência do programa está
esforços em reuniões com os cooperados e familiares, ligada à sua metodologia, que se baseia na formação
como o Programa Tanque Cheio, que foi classificado de grupos constituídos por aproximadamente 15 fa-
pela Fundação Getúlio Vargas como um dos melho- mílias, que são atendidas permanentemente por um
res trabalhos de cooperativas desenvolvidos no Brasil. Técnico em Nível Médio (agrícolas ou em agropecuá-
Assim, conhecemos quais são seus anseios e onde a ria), que por sua vez é coordenado por um núcleo de
Agrovale poderá ajudá-los, pois somente uma coope- Técnicos em Nível Superior (agrônomos, veterinários
rativa preocupada com o cooperado e seus familiares e zootecnistas) e por Técnicas em Desenvolvimento
contribuirá para que eles possam vencer seus desa- Humano que, integrados, formam uma rede de asses-
fios, por meio da união de forças e de conhecimentos. soramento profissional “do” produtor.
Na Agrovale, os técnicos estão sempre buscando co- Nessa rede, treze Técnicos em Nível Médio, qua-

44 NT #5 NT #5 45
tro Técnicos em Nível Superior e duas Técnicas em receptiva para receber conhecimentos, assumir com- na operacionalização do Programa”, reforça o Coor- a prática de um dos princípios da parceria, que é o da
Desenvolvimento Humano atuam permanentemente petências e adotar tecnologias; a COOPERAÇÃO, denador da Agrovale. Com esse trabalho, estimula-se unicidade das ações, economizando esforços e recur-
nas propriedades assistidas, sendo que, para realizar estimulando o caminhar juntos, até o ponto de fixar uma mudança de atitudes das famílias de produtores sos, e colocando o foco das instituições parceiras den-
qualquer intervenção, jamais desconsideram o co- no inconsciente o raciocínio cooperativo, o raciocínio rurais, tornando-as agentes de transformação de suas tro de um projeto comum. É o início da materialização
nhecimento da família do produtor, embasado no seu associativo; o PLANEJAMENTO E A GESTÃO, ofere- próprias realidades e, em conseqüência, agentes de de um grande sonho. Que começou lá nas proprieda-
“senso comum”, ou seja, no conhecimento que já se cendo condições para que as famílias tenham o co- transformações sociais. Formando indivíduos, espera- des rurais, e que caminha de volta para lá. Todos os
encontra instalado na propriedade. O objetivo, como nhecimento necessário para planejamento e gestão se transformar a sociedade. parceiros têm uma missão: a de contribuir com todos
já foi evidenciado, não é tornarem-se solucionadores de sua propriedade rural, tomando decisões baseadas A Agrovale mantém-se sempre aberta à amplia- os seus esforços, dentro das organizações que repre-
de problemas, mas sim facilitadores do crescimento em dados e fatos concretos; e a TECNOLOGIA, que ção de parcerias que sejam complementares para a sentam, para que esses caminhos sejam consolidados
e da emancipação da família do produtor rural, pro- muitas vezes é vista como algo sofisticado e caro, o emancipação social e econômica das famílias inte- e construídos da melhor maneira possível.
porcionando o desenvolvimento da consciência de co- que nem sempre é verdade. Esta pilar mostra-se im- grantes do Programa Tanque Cheio. Este núcleo de Na gestão destas parcerias, é feita a identificação
munidade, que é a percepção da interdependência, ou portantíssimo para a sustentabilidade, é a coisa certa, parcerias é composto por instituições públicas – no da demanda das famílias inseridas no Programa, a
seja, que juntos e somados são mais fortes que atuan- na hora certa e na quantidade certa. Ao final de cada âmbito político-institucional e no âmbito técnico-cien- identificação do perfil dos parceiros e a prospecção
do individualmente. “É preciso que, primeiramente, as mês, ocorre uma reunião em cada grupo, com todas tífico – e privadas, em qualquer âmbito, desde que ne- dos mesmos. Para formalizar as parcerias institucio-
famílias percebam e socializem os seus conhecimen- as famílias que o compõe, coordenada por uma das cessário ao desenvolvimento e evolução do trabalho. nais é firmado um Termo de Cooperação, em que
tos para que, a partir daí, os técnicos façam o reforço Técnicas em Desenvolvimento Humano, que cumpre Instituições dão as mãos e mostram para a sociedade cada instituição compromete-se a disponibilizar pro-
positivo por meio do assessoramento. Porque mesmo o papel de estimular a organização e o relacionamen- o objetivo comum que as une, por meio desse exer- dutos e/ou serviços pertinentes à sua área de atua-
a ciência, com conhecimento investigado e com me- to entre as famílias participantes. É um esforço con- cício da cooperação. Com este exemplo, dizem para ção. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
todologia, sem contar com esse conhecimento táci- junto com as famílias e a equipe técnica no sentido a sociedade, com muita humildade: “eu sozinha, não (EMBRAPA), Federação da Agricultura e Pecuária de
to, apresenta uma limitação no processo evolutivo”, de equilibrar a transformação do comportamento, a sou capaz de enfrentar um desafio tão grande”. Mas, Goiás (FAEG), Federação dos Trabalhadores na Agri-
apontou Alex José Gonçalves. A ideia é conectar essa adoção das práticas do dia a dia e a apropriação das ao mesmo tempo, a sociedade devolve o reconheci- cultura no Estado de Goiás (FETAEG), Instituto Fede-
rede de profissionais, capacitados, que envolvem as- tecnologias necessárias. “Para que haja uma correta mento de dizer: “mas você é fundamental e essencial ral Goiano (IFGoiano/RV), Instituto INOVAR Goiás,
pectos que estão fundamentados em quatro pilares apropriação de tecnologia por parte de uma família, nessa parceria”. E aí nós buscamos duas relações Organização das Cooperativas Brasileiras do Estado
do Programa Tanque Cheio, com esse universo de é necessário que ela tenha atitudes proativas, visão fundamentais, a complementaridade e a facilitação de Goiás (OCB-GO), Secretaria da Agricultura Pecu-
famílias de produtores rurais existentes. Aí sim, mul- de mundo e, principalmente, que perceba que aquilo de um processo de construção do desenvolvimento. ária e Abastecimento (SEAGRO - GO), Secretaria da
tiplicam-se as possibilidades de sucesso em todos os pode ser importante para ela. Sendo assim, toda deci- Constrói-se um laço de interdependência. No primeiro Ciência e Tecnologia (SECTEC), Secretaria de Edu-
aspectos. são passa por uma relação comportamental. E isto as momento, de dependência. No segundo, de um pro- cação do Estado de Goiás (SEE), Serviço de Apoio
São pilares norteadores do Programa Tanque Técnicas em Desenvolvimento Humano trabalham de cesso de emancipação, de independência institucio- às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Goiás
Cheio: o COMPORTAMENTO, partindo do princípio modo uniforme, atuando em parceria com os Técnicos nal, onde cada uma trabalha no seu dia a dia para o (SEBRAE-GO), Serviço Nacional de Aprendizagem do
de que se faz necessária uma mentalidade aberta e em Nível Superior e com os Técnicos em Nível Médio fortalecimento dessa Nação. E, no terceiro momento, Cooperativismo (SESCOOP-GO), Serviço Nacional de
de mãos dadas, consolidando o terceiro e maior está- Aprendizagem Rural (SENAR/AR-GO) e Universidade
gio da cooperação, que é a interdependência. Esse é Federal de Goiás (UFG) criaram e desenvolvem o Pro-
o espírito que se está construindo e se exercitando no jeto Sinergia, que tem no Tanque Cheio sua unidade
Programa Tanque Cheio. Um processo de correspon- piloto, com o propósito de, num futuro próximo, mul-
sabilidades, de estratégias e agendas comuns, ou seja, tiplicar essa experiência por todo o Estado de Goiás.

46 NT #5 NT #5 47
No caso das parcerias comerciais, o processo não é VALORES VALORES DA
diferente das demais, ou seja, abrem-se as portas do
COOPERATIVOS NUTRON
Programa Tanque Cheio às empresas interessantes
ou interessadas para conhecimento de todo o traba- AUTOSSUSTENTAÇÃO NUTRIÇÃO
lho. Em seguida, essas empresas podem “enxergar- RESPONSÁVEL
se” como parte do mesmo, pois ninguém melhor PRINCÍPIOS SOCIAIS EVOLUÇÃO nião do Programa Tanque Cheio e informado que, se mudança foi muito grande. Por isso, digo que vale a
do que ela própria para identificar quais as contri- E ÉTICOS CONSTANTE tirasse leite das vacas duas vezes por dia, a produção pena acreditarem e continuarem estimulando esse tra-
buições estratégicas que pode oferecer e, também, aumentaria. Essa foi apenas a primeira de muitas inter- balho. Quem tiver a oportunidade de investir em pes-
EQUILÍBRIO ALTA
como podem agregar aos seus os valores já existen- venções. Atualmente, são 37 matrizes, oito novilhas já soas, invista! Porque daí virá um bom retorno. E não se
FINANCEIRO PERFORMANCE
tes no Tanque Cheio. Em seguida, concebe-se essa inseminadas e outras sem inseminação. Nenhuma em- esqueçam de nós aqui no campo, viu?”, analisou brin-
identificação numa proposta de parceria, que depois prestada. A produção de leite atual é de 300 litros por cando Lucimar Ferreira Martins.
Projetos como SINERGIA e GERARENDA, apoia-
de discutida e, se for o caso, adequada, será valida- dia, com uma renda mensal média acima de R$ 6.000. O sucesso do Programa Tanque Cheio acontece, re-
dos, respectivamente, pelas cooperativas AGROVALE
da pelas partes, transformando-se em um Termo de Um trator com implementos, o carro, computador com almente, a partir do momento em que cada participante
(Cooperativa Agropecuária do Vale do Paranaíba), de
Cooperação que será firmado, consolidando assim a internet na fazenda e a moto exemplificam o sucesso. A entende o seu verdadeiro papel nessa vida, enquanto
Quirinópolis (Goiás), e COAPRO (Cooperativa Mista dos
parceria. médio prazo, pretendem alcançar a produção de cerca pessoa, enquanto família, enquanto produtor rural e,
Produtores Rurais de Orizona), de Orizona (Goiás), são
Uma das primeiras parcerias estabelecidas e que de um mil litros por dia. Para isto, as filhas Flaviene e principalmente, enquanto parte integrante de uma co-
atitudes autossustentáveis que têm apoio e aval direto
continua evoluindo é com a Nutron. O cooperativismo, Luciene ajudam no manuseio do rebanho e na retirada munidade. Quando o ser humano tem essa consciência,
da Nutron Alimentos. Procurar iniciativas inovadoras e
movimento criado com o objetivo de fortalecimento do leite. Engana-se quem acredita que esse é o ponto automaticamente a sua atividade desenvolve-se favora-
criar soluções autossustentáveis fazem parte da ideo-
mútuo dos seus criadores, tem como princípios bási- de partida da conversa. Todos da família Martins Pin- velmente. “Estamos muito satisfeitos com a orientação
logia da Nutron Alimentos. Temos a missão de trazer
cos a autossustentação, o equilíbrio financeiro, social to são orgulhosos de dizer, de antemão, que os bons dos técnicos da cooperativa da nossa região. Eles nos
aos nossos clientes os valores que extrapolem o sim-
e ético entre os membros que o praticam. Desde o resultados só podem ser alcançados graças a um tra- ensinaram a fazer uma reforma de pastagens consorcia-
ples fato de nutrir animais. Um exemplo dos resultados
início de sua prática no Brasil, esse movimento vem balho consistente de união, autoconhecimento e trans- das com milho que deu certo e o capim está muito bom.
já alcançados pelo Programa Tanque Cheio é o da famí-
crescendo em diversos setores, com um destaque formação comportamental, garantido pelas visitas Nós estamos felizes com a troca de experiência. A pessoa
lia Martins Pinto, formada pelo Antônio, a Lucimar e os
especial no ramo agropecuário. Nesse cenário, é inte- frequentes do técnico em agropecuária, do engenheiro nunca aprende tudo. Queremos continuar os trabalhos e
filhos Flávio, Flaviene e Luciene. Ela estava, há quatro
ressante destacar a participação de empresas parcei- agrônomo e da médica veterinária. Além das reuniões contar com o acompanhamento da Cooperativa Agro-
anos, de malas prontas para buscar outros horizontes.
ras das cooperativas cujos princípios vão de encontro mensais, conduzidas por técnicas em desenvolvimento vale na nossa vida. Sobre o trabalho de relacionamento
Embora não tivesse definido o lugar, acreditava na im-
dos seus valores. A Nutron Alimentos vem, ao longo humano da Agrovale. “Enquanto estamos reunidos, eu interpessoal, que é realizado dentro do Programa, quero
possibilidade de continuar vivendo em um pequeno
de sua história, aperfeiçoando-se na valorização do quero agradecer mais uma vez a todos, aproveitando dizer que nós somos um casal que nunca tinha ouvido
pedaço de terra, de aproximadamente vinte e cinco
atendimento de seus clientes. Hoje, o fato de 80% para deixar um recadinho bem simples: que vocês con- uma palestra sobre família. Depois que a Eva (Técnica
hectares, na Região da Cachoeirinha do Rio Preto, no
das cooperativas agropecuárias brasileiras serem tinuem acreditando no ser humano, pois este crédito em Desenvolvimento Humano do Programa Tanque
município de Quirinópolis. As quatro vacas empresta-
atendidas pela Nutron comprova que seus valores vale a pena. A prova é o resultado da comparação de Cheio) passou a trabalhar conosco, acredito que o gru-
das eram insuficientes para suprir precariamente as
(NUTRIÇÃO RESPONSÁVEL/ EVOLUÇÃO CONSTAN- quem nós éramos antes do Tanque Cheio e o que so- po completo, todos que participaram, cresceram demais
necessidades básicas da família. A única fonte de ren-
TE/ ALTA PERFORMANCE) estão aliados aos valores mos hoje. Só a gente, que está vivendo tudo isso, sabe neste sentido, sabendo respeitar o direito do outro, acei-
da, cerca de dezoito litros de leite por dia, proporcio-
cooperativos: a mudança que promovemos. Não só financeiramente tando o outro do jeito que ele é”, avaliaram José Ferreira
nava um rendimento de apenas R$ 300,00 (trezentos
falando, mas também mental e espiritualmente. Nossa Pinto e Aparecida Pinto.
reais) por mês. Antônio foi convidado para uma reu-

48 NT #5 NT #5 49
Rogério Isler
é Médico Veterinário formado pela UFLA e
Gerente de Negócios de Bovinos de Leite da
BOVINOS DE LEITE Nutron Alimentos.

Nutrição X Para conseguirmos o maior desempenho pro-


dutivo para rebanhos leiteiros temos que aliar uma
boa alimentação a boas práticas de manejo com os
Na primeira, podemos ter a interferência dos valo-
res dos alimentos que definimos para o programa de
formulação utilizado pelo nutricionista. Na segunda,

Alimentação
animais. Os passos de um bom programa nutricional quando o tratador está preparando o que foi receita-
são: garantir a qualidade dos alimentos que serão do, pode haver erros de pesagem dos alimentos e sair
oferecidos; elaborar um bom balanceamento da diferente da formulada. Na terceira, a vaca seleciona
Parte 1 dieta, assim como prepará-la de forma homogênea
e fidedigna conforme a proposta do especialista em
os alimentos na hora de comer, ou seja, a vaca não
está ingerindo a dieta correta. Isso afeta o resultado
nutrição animal; e monitorar para que os animais não na produção de leite esperado. Todos sabemos que
O adequado manejo da alimentação do rebanho leiteiro selecionem os alimentos no momento da ingestão. certa variação sempre vai ocorrer e o sucesso depen-
possibilita o máximo desempenho produtivo das vacas O nutricionista é o responsável por elaborar o ba- de do envolvimento de todos. Portanto, todo esforço
em lactação lanceamento da dieta que melhor atenda as neces-
sidades dos animais. Esse trabalho visa maximizar o
deve ser aplicado para minimizar essas diferenças.

desempenho produtivo e a maior rentabilidade para o O papel do nutricionista


produtor. Já o operacional da fazenda deve garantir o Para elaborar um bom programa alimentar o nu-
preparo fidedigno da mistura elaborada pelo nutricio- tricionista deve estabelecer, junto com a fazenda, um
nista, observar as variações que podem ocorrer, prin- programa de controle de qualidade dos alimentos,
cipalmente nos alimentos volumosos e no manejo de com análises visuais e laboratoriais. Em nutrição de
cocho dos lotes. Garantir a homogeneidade da mistura rebanhos leiteiros, sempre falamos em consumo de
da dieta, assim como observar se as vacas estão sele- matéria seca porque a forragem, que é o alimento
cionando os alimentos devem ser foco de atenção. mais volumoso da dieta, tem grande variação no teor
de umidade. Por isso, é muito importante que a fazen-
Por isso, dizemos que existem três dietas para a da tenha um controle sistemático do teor de matéria
mesma categoria animal dentro de uma fazenda: seca do volumoso para manter a dieta equilibrada.
- a elaborada pelo nutricionista. Esse trabalho pode ser feito através do Koster, um
- a preparada pelo tratador. equipamento simples e de fácil manuseio.
- a ingerida pelo animal. O importante para o nutricionista é a quantidade
de nutrientes (proteína, energia, minerais, aminoáci-

50 NT #5 NT #5 51
dos, entre outros) que o animal consome através da dieta. isso aumenta a salivação e o tamponamento ruminal. O falhas acarretam em grandes prejuízos econômicos para cultar que o mesmo selecione o alimento. Outro ponto
A necessidade de nutrientes de uma vaca está relaciona- espaço de cocho varia conforme seu tipo e a disponibili- a fazenda. importante a ser avaliado é a qualidade da sobra de trato
da ao seu peso corporal e à quantidade de leite produzido. dade de alimento. Numa pista de trato, a recomendação A pesagem correta dos ingredientes no preparo da que é recolhida no dia seguinte. Na gestão do manejo de
Assim, o nutricionista faz o balanceamento da dieta para é que se tenha de 55 a 70 cm de cocho por animal. Na- mistura do concentrado e da dieta é fundamental para cocho deve sempre ser observado se a sobra de alimen-
suprir essas necessidades e até desafiar o potencial pro- queles com acesso aos dois lados essa recomendação obter o equilíbrio nutricional prescrito pelo nutricionista. tos está semelhante à dieta oferecida. Caso contrário, o
dutivo dos animais. aumenta de 80 a 100 cm. Erros na adição dos ingredientes podem causar desde nutricionista deve ser avisado para identificar os proble-
Todo esse esforço visa aumentar o consumo de ma- O tempo de acesso ao alimento também influencia no um desbalanceamento nutricional, o que impossibilita às mas e definir as mudanças necessárias.
téria seca para garantir a ingestão de uma maior quan- espaço de cocho e no consumo. Vacas comem de 3 a 5h vacas expressarem seu potencial produtivo, a deficiências
tidade de nutrientes. Além das características do próprio por dia, fazendo de 9 a 13 refeições. Para motivar o máxi- nutricionais, intoxicação e até a morte de animais. Conclusão
alimento e do balanceamento correto de nutrientes, exis- mo de ingestão os animais devem ter alimento disponível Por ser a pessoa que está diretamente envolvida no Na prática, uma dieta pode funcionar muito bem em
tem outros fatores que afetam o consumo. No início da 20 horas por dia. Se o tempo para a disponibilização da preparo e distribuição de alimentos, o tratador precisa ser uma fazenda e contribuir para acidose em outra (Firkins,
lactação, as vacas têm baixa capacidade de consumo para dieta for menor do que essa recomendação, o espaça- bem treinado. A adequada capacitação desse profissio- 2002). A seleção dos animais contra a fibra longa ou dimi-
atender a alta demanda de nutrientes para a produção de mento de cocho deve ser aumentado para diminuir o efei- nal vai permitir que, no dia a dia, ele esteja apto a fazer nuição do número de refeições com o aumento do taman-
leite. É o período em que a vaca está em balanço ener- to da competição por alimento. os ajustes necessários da disponibilidade do alimento no ho das mesmas para compensar a ingestão total são dois
gético negativo, fator que exige um grande esforço para O consumo é maior nos horários mais frescos do dia, cocho e a evitar desperdícios na conta de maior impacto fatores que poderiam colocar uma quantidade razoável
minimizar os impactos nutricionais desse período. Por ou seja, início da manhã, final de tarde e início da noite. no custo de produção de leite. de animais em acidose, mesmo que no computador esta
isso, essa fase exige maior atenção do nutricionista e do Portanto, a disponibilidade de comida deve ser maior nes- dieta esteja perfeitamente balanceada.
tratador. ses horários. O efeito da dominância é marcante em lotes A seleção de alimentos pela vaca Em um próximo artigo abordaremos práticas funda-
Alimentos frescos estimulam o consumo do animal. Os de vacas multíparas e primíparas. Com a separação em lo- A má qualidade de mistura da dieta oferecida aos mentais a serem observadas no dia a dia da alimentação
fermentados, as silagens e os pré secados exigem maior tes distintos, obtém-se um resultado positivo no consumo animais é o erro mais grosseiro do manejo nutricional do do rebanho. Por enquanto, lembre-se: a comunicação, o
atenção, pois a fermentação indesejável pode produzir das primíparas por diminuir a competição. O importante rebanho, pois permite a seleção de alimentos pela vaca. envolvimento e a integração entre todos os envolvidos
ácido butírico, mofos, fungos e micotoxinas que reduzem é que o nutricionista conheça como esses fatores podem Atenção ao tamanho de partículas dos alimentos vo- no processo de manejo de animais, como nutricionistas,
a ingestão de matéria seca, a imunidade e até problemas prejudicar o desempenho das vacas e trabalhe junto ao lumosos e a efetividade da fibra no rúmen da vaca são técnicos e equipe da fazenda, são fundamentais para se
reprodutivos. Algumas características do cocho também produtor e a equipe da fazenda para minimizar o impacto fundamentais para manter a saúde ruminal e, consequen- obter os melhores resultados produtivos dos animais, ge-
interferem na adequada alimentação do rebanho. Entre desses aspectos no resultado produtivo do rebanho. temente, a do animal. Quando se trabalha com volumosos rando economia e maior rentabilidade para o produtor.
elas está o barro, fator marcante nas fazendas que não de partículas maiores corre-se o risco da vaca selecionar Termino a primeira parte deste artigo com uma céle-
possuem calçamento próximo do cocho, o que dificulta a O papel do tratador o alimento que vai ingerir e, assim, modificar a dieta que bre frase de palestrante num congresso de nutricionista:
chegada do animal ao local. Vacas preferem cocho com O tratador deve ser um funcionário muito bem prepa- foi preconizada.
superfície lisa, isso também facilita a limpeza reduzindo a rado. Ele é responsável por manejar mais de 50% do cus- Rodelas de sabugo e palhas esgarçadas na silagem
contaminação do alimento oferecido. A altura do fundo do
“Prestem atenção nas vacas!!!!
to variável de uma fazenda. Esse é um trabalho de grande de milho são alimentos facilmente separados pelo animal.
cocho deve estar entre 5 a 15 cm acima da sola do casco, responsabilidade e que deve ser muito bem feito, pois as Quando feno é adicionado na dieta, o comprimento não
Só elas estão 100% certas sobre
deve exceder o tamanho do focinho do animal para difi- produção de leite.”

52 NT #5 NT #5 53
CADERNO ESPECIAL NUTRON

Tecnologia
na pecuária
leiteira

54 NT #5 NT #5 55
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas
leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
CADERNO ESPECIAL NUTRON Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.

TECNOLOGIA

Até 2050, a produção de alimentos para erra- No gráfico abaixo (Fonte: Elanco), temos a evo-
dicar a fome no mundo deverá aumentar em mais lução da produtividade leiteira nos USA, em ordem

NA PECUÁRIA
de 70%, devido ao crescimento da população em cronológica, associada com tecnologias reconheci-
cerca de um bilhão de habitantes (relatório FAO). A das na época como marco da evolução tecnológica.
fome se torna cada vez mais inconveniente a todos.

LEITEIRA
De outro lado, teremos cada vez maior pressão am-
biental para minimizar os impactos do aquecimento
global e pressões para que menos áreas sejam uti-
lizadas ou destinadas para a agricultura e pecuária.
Esta luta, de forças de mesma intensidade e em sen-
tidos opostos, coloca toda a expectativa do supri-
mento dessa quantidade total de alimentos neces-
sária na utilização de tecnologias que aumentem e
intensifiquem a produtividade. Em recente evento,
um renomado palestrante disse que o mundo espe-
ra que 40% disto venha do Brasil. Como estamos
lançando uma nova linha de produtos, gostaríamos
de discutir pontos importantes sobre tecnologia na Tecnologia é um termo que envolve o conhecimento
atividade leiteira. técnico e científico e as ferramentas, processos e mate-
riais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento.
O que é tecnologia? (Wikipédia)
Tecnologia é um simples controle leiteiro men-
sal - a única forma de aplicarmos a “meritocracia” Tecnologia pode ser definida como eficiência: baixo
na produção de leite. Sem ela, exigimos mais dos intervalo entre partos, mínimo de 4500 kg de leite por
melhores animais, sem nada a oferecer em troca, vaca por lactação, baixa taxa de descarte, alta lotação
diminuindo sua sobrevivência ao longo do tempo. (litros de leite por hectare), baixa contagem de células
Dessa maneira, acabamos dando aos animais supe- somáticas, e tantos outros parâmetros que possam ser
riores menos oportunidades de deixar descenden- citados por todos dependendo do prisma de eficiência
te, pois reprodução é uma das últimas prioridades que se deseja explorar. Na verdade, tecnologia são os
do uso dos nutrientes para bovinos leiteiros. meios (aplicação de conhecimento, equipamentos, re-
cursos e ferramentas) para se chegar aos parâmetros
“Durante períodos de subnutrição, reprodução tem de eficiência desejados: alta taxa de lotação, baixa con-
sido sacrificada para manter a lactação.” Bauman et tagem de células somáticas, alta produtividade, baixo
al.(2004) University of Nottingham Conference. intervalo entre partos.

56 NT #5 NT #5 57
Na atividade leiteira, podemos dividir a aplicação de não utilizou o fator avaliado) como parâmetro de com- está falando, se sentirá totalmente satisfeita em pas-
tecnologia em 4 grandes disciplinas: paração e que são conduzidas por pesquisadores qualifi- sar informações detalhadas sobre o princípio ativo ou
Agronômica. Investimentos e conhecimentos funda- cados. A ruim é aquela feita apenas a campo, sem grupo conceito técnico do produto.
mentais sobre fertilidade do solo, manejo das pastagens, controle, sem publicações. Seguem abaixo algumas di- Fique atento para pesquisas de campo. Tome
irrigação, cultura do milho e/ou cana-de-açúcar ou outros cas adaptadas de um artigo de Joe West para a Hords cuidado: avaliação a campo é importante, porém não
alimentos forrageiros que serão à base da alimentação Dairyman, a revista do produtor de leite nos USA( publi- deve ser a única fonte de informação sobre o produto.
forrageira do rebanho. Essa tecnologia é necessária para cado na íntegra no site Milkpoint há alguns anos atrás ) Caso seja única, deve haver um grupo controle na sua
que a qualidade e a quantidade destes alimentos nunca que podem ajudar produtores e técnicos na tomada de produção. O representante da empresa deve estar ca-
sejam limitantes na produção de leite e para que sejam decisões quanto à tecnologias, parceiros e empresas na pacitado para fazer uma previsão e mostrar prazos para
produzidos a valores competitivos. adoção de tecnologia: que ocorram as respostas prometidas, baseadas nas in-
Estrutural. Ordenha alojamento dos animais, bebedo- Fique atento para palavras genéricas e floreadas formações sobre o seu produto a campo. Por exemplo, a
uros, corredores, trilhas, caminhos, comedouros, materni- como produto totalmente natural, que melhora a saúde produção de leite aumentará em duas semanas ou oco-
dade, bezerreiro e outras partes estruturais que muitas e alisa o pelo. A empresa tem que explicar exatamente rrerá redução de células somáticas em dois meses.
vezes são negligenciadas do ponto de vista de ciência na O grande problema da tecnologia do setor é que ela o que o produto faz como, por exemplo, se melhora a Fique atento: Tecnologias nutricionais (aditivos e
atividade leiteira. Existem recomendações técnicas sobre existe tanto para a melhora como para o lado ruim. O lado produção de leite ou a reprodução ou diminui a con- produtos) nunca devem ser utilizadas para corrigir fal-
quantos centímetros lineares de bebedouro devem ter bom mostra aquela tecnologia validada com pesquisas de tagem de células somáticas. A empresa deve ter uma has de manejo. Preste atenção com técnicos que lhe vi-
uma vaca leiteira, onde ele deve estar colocado ou como origem confiável, como em universidades conceituadas, explicação lógica do mecanismo de ação, que deve ser sitam para difundir tecnologia e que não se preocupam
se fazer uma drenagem eficiente dos corredores que le- de renome e credibilidade. Essas tecnologias são aquelas bem definido e razoável com a química, bioquímica ou com o seu rebanho. Um bom técnico sempre procura
vam as vacas ao pastejo, e isto pode limitar a atividade que estão publicadas em revista científica, que passaram a fisiologia animal e alicerçado por boas pesquisas. conhecer o rebanho, a propriedade, sua rotina e sempre
leiteira como um todo. por uma banca avaliadora e que nos dá garantia de que Produção de leite, reprodução, diminuição de mastites se interessará por informações preciosas que o produ-
Zootécnica. Envolve genética, cruzamento entre o número de animais é representativo. Com ela, a análise são resultados diretos de algum efeito no animal. Caso tor possa passar em relação a problemas ou dificuldades
raças, alimentação do rebanho, registros, interpretação estatística é confiável, feita com um grupo controle (que a empresa seja confiável e possua segurança no que que o rebanho esteja passando. Fique atento, reconheça
dos índices produtivos, reprodutivos, manejo do rebanho, um bom técnico pelo interesse dele no seu negócio.
entre outras disciplinas. Bons técnicos são focados nas vacas. Independente da
Sanidade. Relacionado com uma disciplina que ga- pressa que ele tenha, sempre dará um jeito de olhar para
rante que as três disciplinas acima irão ser executadas. as suas vacas. Caso você fale de mastite, ele certamente
Controle da mastite, ausência de doenças, calendário de fará perguntas sobre a sua ordenha. Caso fale sobre re-
vacinação, compra de animais sadios, qualidade da água tenção de placenta, ele terá grande disposição para visi-
que os animais consomem, saúde de cascos, saúde no pe- tar o seu piquete maternidade, independente da chuva,
ríodo peri parto e saúde na criação de bezerras são papéis distância ou qualquer outro empecilho.
muito importantes nesta disciplina. Existem ótimos produtos no mercado, como também
Qual é a mais importante? Para o produtor, a força de encontramos aqueles que fazem promessas impossíveis
uma corrente é a do seu elo mais fraco. Existem muitas de serem cumpridas. O mercado deve ser crítico e seleti-
discussões no meio acadêmico sobre o assunto e por vo em relação à enorme diversidade de produtos dispo-
mais que se tente achar uma disciplina mais importante, níveis. Segundo Michael Hutjens, o produtor deve pensar
o setor depende sempre de uma visão integrada de todos em quatro pontos na escolha de um aditivo: resposta,
os pontos para a eficiência do seu negócio. retorno, pesquisa e resultado. Outro ponto importante a
Tecnologia é aplicação da ciência no campo. Estamos ser considerado é a relatividade: Será que pode existir
lançando uma nova linha de produtos para nutrição de outro tipo de manejo que substitui o produto? Exemplo:
vacas leiteiras, com três níveis distintos de aplicação de Restrição de potássio (pastagens) elimina a necessidade
tecnologias: de uso de sais aniônicos ou parcelar a ração 3 vezes ao
dia pode diminuir consideravelmente o risco de acidose,
Linha Essencial – Nutrição focada para a exigência a ponto de tornar desnecessário o tamponante em cer-
do rebanho. Toda garantia em segurança alimentar, bio- tos casos.
disponibilidade e bioeficacia das fontes tradicionais de
minerais e vitaminas da nutrição animal. “Ciência se faz com fatos (dados), assim como uma
Linha Performa – Nutrição de resultados. Aditivos casa se faz com pedras. Um monte de pedras não é uma
consagrados com melhor custo/benefício para o desem- casa, da mesma forma que um monte de dados não é
penho do rebanho. ciência. ( Henri Poincaré)
Linha Máxima – Nutrição para a MÁXIMA vida pro-
dutiva do rebanho. Focado nos pontos de pressão que um Nutrição para a vida produtiva. Conheça a nova linha
rebanho pode apresentar ao longo do ano que podem de produtos da Nutron Alimentos. Ciência aplicada a to-
permitir produção e saúde dos animais. dos os pontos de pressão do seu rebanho.

58 NT #5 NT #5 59
Diego Langwisnki Renato Palma Nogueira
é Engenheiro Agrônomo com mestrado em é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo
Nutrição de Ruminantes pela Universidade Federal de vacas leiteiras, formado pela Universidade
do Rio Grande do Sul e Consultor Técnico em Federal de Lavras (UFLA) e Consultor Técnico em
CADERNO ESPECIAL NUTRON Bovinos de Leite da Nutron Alimentos. Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.

Objetivos do Programa Nutron de nutrição no período de transição são:

Conceitos da nova
Produzir colostro de excelente qualidade, o ponto de partida para criar uma bezerra saudável. A primeira pes-
quisa que cita a importância do colostro na criação de bezerras data de 1912 e fará 100 anos no próximo ano;
Adaptar os microrganismos do rúmen para uma nova dieta, com participação significativa de grãos na ali-

linha de produtos para mentação dos animais;


Minimizar o risco das vacas apresentarem doenças metabólicas e infecciosas no pré e pós parto (hipocalce-
mia, mastite, retenção de placenta, metrite, cetose e outras);

A FASE DE TRANSIÇÃO
Reforçar ao máximo o sistema de defesa dos animais (sistema imunológico) com a suplementação de micro-
minerais e vitaminas específicos;
Evitar mobilização excessiva de reservas corporais antes e após o parto;
Reforçar a função hepática dos animais com a tecnologia “Liver Function Tecnology” da Provimi.

DE VACAS LEITEIRAS Programa Nutron de Nutrição no


período de transição
os mais inovadores conceitos de balanceamento de dietas
e aditivos de última geração com resposta comprovada
neste período (Tabela 1). A Nutron está disponibilizando três
“Com grande freqüência a transição de uma vaca
não lactante para vaca lactante é uma experiência de- produtos para o produtor ou o nutricionista, baseados no
Introdução preocupação sobre a importância deste momento no
sastrosa para a vaca. A maioria das doenças metabólicas conhecimento dos seus desafios na fazenda, tenham a pos-
O período de maior desafio para a vaca leiteira mo- sistema de produção de leite. Consideramos a nutrição sibilidade de buscar a melhor solução nutricional (Tabela 2).
ocorre nas duas primeiras semanas pós-parto e também
derna é, sem sombra de dúvidas, o período compreendido na fase de transição, como o melhor momento para di- Os produtos terão as seguintes características:
doenças infecciosas, como a mastite tornam-se clinica-
entre o pré e o pós-parto, que recebe o nome de período recionar os investimentos de um rebanho em prol da me- NUTRONNUCLEO PERFORMA PP: produto recomen-
mente aparente nas duas primeiras semanas da lactação”
de transição. Neste curto período de tempo (três semanas lhoria conjunta de todos os seus resultados econômicos dado para rebanhos que estejam em situações de baixo
(Jesse Goff e Kayoto Kimura, 2008). Importante ressaltar
antes e três semanas depois do parto) a vaca sofre sensí- e zootécnicos. Para nós da Nutron Alimentos esta fase é desafio, que apresentem dieta total com potássio inferior a
que essas grandes alterações desta fase são naturais e
veis alterações de um dia para outro, como alterações hor- inegociável para o sucesso de uma propriedade leiteira. 1,5% da matéria seca e que tenham bom histórico de ín-
inevitáveis e vão ocorrer sem que nós possamos evitá-las.
monais, imunossupressão, crescimento fetal, produção de Verdadeiros desastres são vivenciados por nós no dia a dices reprodutivos e de contagem de células somáticas ou
No entanto, podemos interferir na magnitude em que as
colostro, início da lactação. Tudo isto acontece no momen- dia fruto das negligencias nesta fase tão importante para mastite. Possui na sua composição além de minerais e vi-
mesmas acontecem, diminuindo ou aumentando a ação
to em que repentina e consistentemente a vaca reduz o o resultado. Melhorias fantásticas de problemas conside- taminas que atendem as exigências nutricionais sugeridas
de alguma delas de acordo com o nosso interesse. Por
consumo de alimentos. (Revista NT nº 1) . rados sem solução são percebidas rapidamente quando pelo NRC 2001, alguns aditivos importantes para esta fase;
exemplo, podemos através de práticas de formulação e
“Talvez o maior avanço dos últimos 25 anos tenha se acerta o manejo e a nutrição no período de transição. NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP ANIONICO: produto
balanceamento de dietas FAVORECER a mobilização do
sido o foco da pesquisa no manejo do período de tran- Talvez seja o único momento da fase produtiva da vaca recomendado para rebanhos submetidos a situações de
cálcio ósseo, uma prática recomendável para evitar ou di-
sição de vacas leiteiras e, em particular, no pré e pós parto. leiteira onde uma simples ação pontual possa ser capaz alto desafio com problemas de febre do leite, reprodução
minuir as chances dos animais apresentarem a febre do
Aproximadamente 75% das doenças nas vacas leiteiras de aliar grandes respostas em aumentos de produção, e contagem de células somáticas ou mastite. Possui na
leite. Em contrapartida, podemos manipular a dieta para
acontecem no primeiro mês após parto (Le Blanc, 2006).” melhoria nos índices reprodutivos com aumento da imu- sua composição uma associação de aditivos para mi-
também diminuir a mobilização da gordura corporal, prá-
A afirmação do pesquisador acima reflete toda a nossa nidade e longevidade dos animais. nimizar problemas relacionados com a mobilização da
tica que diminui uma série de outras doenças metabólicas
e até mesmo infecciosas. Também podemos AUMENTAR gordura corporal e suas conseqüências. Estes aditivos
a exportação de gordura do fígado que é uma das mais visam melhorar a digestibilidade dos alimentos e auxiliar
promissoras práticas para aumentar a saúde de vacas no na função hepática. O produto também contém mineral
pós-parto. De uma forma resumida, um programa nutri- e vitaminas que atendem as exigências nutricionais su-
cional de transição deve considerar estas mudanças que geridas pelo NRC 2001, com exceção da vitamina E que
acontecem com a vaca e prepará-la de forma gradual supera em 50% esta recomendação;
para a fase de lactação. Isso envolve conhecimento sobre NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP TRANSIÇÃO: produto re-
fisiologia, nutrição, manejo, imunidade, reprodução e uma comendado para rebanhos que procuram maximizar a longe-
série de outras áreas inter relacionadas. vidade (máxima resposta e maior vida produtiva). É a melhor
Talvez a questão mais preocupante deste período é associação de aditivos da pesquisa (desempenho x imunidade
o reflexo das suas conseqüências em toda uma lactação. x longevidade). Ele é recomendado para rebanhos que este-
Curtis et al. (1985) relataram ,por exemplo, que vacas que jam em situações de alto desafio (alta contagem de células so-
apresentaram febre do leite foram 5 vezes mais propen- máticas e desempenho reprodutivo crítico com vacas obesas
sas para contrair mastite clinica. e alto histórico de problemas metabólicos) e que apresentem
O programa de nutrição no período de transição buscou dieta total com potássio inferior a 1,5% da matéria seca

60 NT #5 NT #5 61
De acordo com a citação dos pesquisadores acima, é de lote e de dieta, entre outras. Uma oportunidade
Tabela 1
Caracterização das funções dos aditivos presentes importante deixar bem claro que a fase de transição muito grande de melhoria na saúde dos animais para
em cada produto da linha de nutrição para o período de transição não acaba no dia do parto. Da mesma forma que o quem já faz manejo e nutrição diferenciados de tran-
período que antecede o parto esta é uma fase em que sição no pré-parto é fazer o mesmo por 10 a 15 dias
Aditivo Função PERFORMA PP MAXIMA PP MAXIMA PP as vacas leiteiras passam por uma série de mudanças: após o parto, respeitando as características próprias
ANIONICA TRANSIÇÃO
aumento de consumo, involução uterina, aumento na desta fase. É nesta fase que a maioria das doenças
Monensina Evitar mobilização gordura corporal sim sim sim produção de leite, dores, imunidade baixa, mudança metabólicas ocorre e que não devemos medir esfo-
Minerais de alta perfor- Diminuir CCS, melhorar performance repro- sim sim sim rços para aumentar o consumo dos animais. Segundo
mance (zinco, cobre e dutiva e saúde de casco Santos (2006), uma vaca de alta produção nesta fase
manganês e orgânicos)
pode estar perdendo 2 a 3 kg de peso diariamente
Biotina Proteção hepática e saúde de sim sim sim para sustentar a lactação que se iniciou.
casco,metabolismo glicose
Microminerais e Vitami- Exigência nutricional atende atende atende
nas NRC 2001
Vitamina E NRC Sistema imune atende Supera 50% Supera 50% Segundo pesquisadores de Minnesota, 25% das
Leveduras vivas Saúde ruminal e digestibilidade da fibra não sim sim vacas descartadas no estado, levantamento de
Cromo metionina Auxilia no metabolismo energético, consumo. não sim sim 5 anos, ocorreu até 50 dias após o parto. Uma
em cada quatro vacas deixou o rebanho neste
Probiótico Saúde ruminal.Aumento rápido ingestão. não sim sim
momento!! (Thomas Overton, 2008)
Colina Protegida Proteção hepática não não sim
Sais aniônicos Evitar hipocalcemia não sim não
Selênio orgânico Sistema imune e mastite sim sim sim

Tabela 2 O TRABALHO a seguir mostra alta


Modo de uso da linha de nutrição para o período de transição
capacidade de resposta a uma dieta de
Produto Recomendação de uso MÁXIMA concentração de nutrientes
NUTRONNUCLEO PERFORMA PP Produto de alta aceitabilidade pelos animais que pode ser usado na fabricação da de atuação antioxidante para aumento
NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP ração ou direto na dieta total. Usar 200 gramas/vaca/dia no período de pré-parto e
TRANSIÇÃO manter de 100 a 150 gramas/vaca/dia associado ao núcleo de lactação nas primei- da IMUNIDADE na TRANSIÇÃO.
ras semanas pós-parto.
NUTRONNUCLEO MÁXIMA PP Produto que pode ser usado na fabricação da ração ou direto na dieta total.
ANIONICO Recomenda-se sempre misturar a ração com algum volumoso, pois os sais Utilize o núcleo específico da transição associado com o núcleo da lactação em um lote pós-parto por no mínimo mais duas sema-
aniônicos presentes no produto são de baixa palatabilidade. Usar 600 gramas/ nas. Consulte um técnico da Nutron para auxiliá-lo. Aumente a imunidade dos animais nesta fase tão crítica para os animais.
vaca/dia no período de pré-parto, divididos em no mínimo dois tratos diários.
Não é indicado o seu fornecimento no período de pós-parto por possuírem sais Programa Nutron de transição para vacas leiteiras: A saúde dos seus animais é o nosso futuro.
aniônicos. Neste caso, recomenda-se qualquer um dos outros dois produtos
desta fase. Conheça todos os serviços da Nutron para esta fase:
Check List de manejo no período de transição; 60 itens avaliados conjuntamente em um relatório de pontos
críticos com ordem de prioridades.
Monitoramento do cálcio sanguíneo no dia do parto;
O pré parto nas palavras de grandes especialistas
Monitoramento da qualidade da água: água pode conter sódio e outros minerias, portanto pode ter DCAD !!!!
“É bem aceito que os distúrbios metabólicos pós parto estão associados com a fertilidade reduzida mais tarde duran-
Monitoramento do nível de potássio dietético;
te a reprodução.” (R. Butler. 2005)
Palestras focadas sobre manejo e nutrição específicos para difusão da importância da TRANSIÇÃO como: “O
“Desordens metabólicas como a hipocalcemia e a cetose exacerbam a supressão do sistema imune neste período tão
Contrato dos 100 dias” (Uma adaptação da Nutron da famosa palestra americana sobre o tema);
crítico. Muitas vezes em mais de 60 a 80% de perda da resposta imune do animal.” (Golf. 2008)
Treinamento técnico em manejo e programas nutricionais específicos para o período de transição;
“Pesquisas nos EUA sugerem que cerca de 5% das vacas desenvolvem a febre do leite e que a incidência da hipocal-
Formulações de dietas comprovadas de alto sucesso para a transição pré e pós-parto.
cemia subclínica seja próximo a 50% em vacas mais velhas.” (Golf. 2008)
“A transição aumenta consideravelmente o risco de doenças (metabólicas e infecciosas) e seus impactos negativos
na produção e reprodução.” (James Spain. 2009) Considerações Finais
“A probabilidade da vaca ficar gestante quando desenvolve um quadro de cetode subclínica é reduzido em 50%.” O período de transição é uma fase chave dentro da nutrição de vacas leiteiras e traz consigo
(S.J.Le Blanc) uma importância econômica muito grande. Por isso ele vem sendo e continuara sendo alvo de
“Pré parto e boa nutrição da vaca fresca para atingir altos níveis de ingestão durante todo o período de transição inúmeras pesquisas. A medida que elas foram trazendo informações concretas que possam
deve ser sempre a primeira área de foco.” (R. Butler. 2005. Western Canadian Dairy Seminar Proc. 17:35-46.) melhorar o resultado econômico e zootécnico dos animais na fazenda a Nutron estará disponi-
bilizando estas para seus clientes, como vem fazendo desde a sua fundação.

62 NT #5 NT #5 63
Neto Carvalho Renato Palma Nogueira
é Médico Veterinário, formado pela é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de
Unifenas, especializado em Reprodução vacas leiteiras, formado pela Universidade Federal de
Animal pela USP e Coordenador Técnico Lavras (UFLA) e Consultor Técnico em Bovinos de Leite
CADERNO ESPECIAL NUTRON de Bovinos de Leite da Nutron Alimentos. da Nutron Alimentos.

ENTENDA COMO A É um ponto muito importante


na nutrição de vacas leiteiras
EFICIENCIA ALIMENTAR (Conceito digest)

Eficiência alimentar é a habilidade de a vaca transformar cas leiteiras representa o maior custo de produção da atividade Existem três motivos principais para se olhar para a Exemplo de pontos críticos afetando a eficiência ali-
os alimentos ingeridos em leite. Seria como a autonomia de este número é muito importante. Mede a resposta fisiológica eficiência alimentar, segundo Mike Hutjens da universida- mentar em um rebanho. Dentro de um rebanho com um
um carro. Quantos quilômetros meu carro faz com 1 litro de da vaca submetida a uma dieta e a um manejo. Também pode de americana de Illinois: Ferramenta de olhar econômi- consumo médio de 20 kg de matéria seca e 1,5 de eficiên-
combustível? Quantos litros de leite a vaca produz consumin- explicar muito da diferença e do benefício entre produtos, con- co, maneira de avaliar fatores de manejo e monitoria da cia alimentar (EA). Simulação adaptada de uma apresen-
do um kg de matéria seca da dieta. Como alimentação das va- centrados e minerais, com preços diferentes. função ruminal. tação do Dr. Mike Hutjens na Pensilvânia 2009.

Conceitos Produção do Rebanho seria = 20 x 1,5 = 30 kg de leite/vaca/dia.


Matéria seca (MS) – Alimento menos a quantidade de água. Alimento desidratado. Exemplo: Se a vaca consumir 50 Se contagem de células somáticas subisse de 400.000 para 500.000 no tanque =rebanho perderia 0,06 unidades
kg de um capim que tem 78% de água a vaca ingeriu em matéria seca apenas 11 kg de alimento na matéria seca (22% de EA =20 x 0,06 - = menos1, 2 kg de leite na média do rebanho.
MS e 78% água). 39 kg eram água. Se a temperatura média subir de 22° C para 32°C = - 0,3 unidades de EA = 20 x 0,3 = 6 kg de leite a menos na pro-
Dieta – tudo que a vaca consumiu de alimentos na matéria seca em 24 horas. Pastejo + silagem + concentrado dução média do rebanho.
Eficiência alimentar – Produção de leite dividido pela ingestão da dieta na matéria seca em 24 horas. Exemplo: Se um Se as vacas avançarem o DEL de 150 para 200 dias = - 0,15 unidades de EA = 3 litros de leite a menos na produção média.
grupo de vacas produz 20 kg de leite e consumindo 15 kg de matéria seca = 20/15 = 1,33. A eficiência alimentar deste Se as vacas tiverem acidose subclínica = -0,1 unidades de EA = 2 kg de leite a menos.
lote é 1,33. Significa que a cada 1 kg de alimentos na matéria seca que as vacas consomem se produz 1,33 kg de leite. Se as vacas começassem a caminhar 500 metros/dia da ordenha ao pastejo nas duas ordenhas = -0,07 unidades =
1,4 litros de leite a menos por vaca/dia.

64 NT #5 NT #5 65
Lucro máximo ou custo mínimo?
Lembrem-se sempre: Quem paga tecnologia são as vacas. Dêem oportunidades para que isto ocorra,
vivemos do resultado do que o rebanho nos proporciona e não da economia em que deixamos de fornecer
na dieta das vacas. O que não se mede não se administra. Meça o consumo dos animais, a produção de leite e
avalie a condição corporal dos animais mensalmente. Podemos ter grandes oportunidades de aumentos na
eficiência com estas medidas e a certeza de tomar as decisões econômicas mais assertivas para o manejo e
nutrição do rebanho. Não se pode julgar dois produtos ou duas dietas ou dois manejos diferentes sem men-
surar a respostas entre eles. Elas podem ser diferentes. Se você não estiver mensurando a resposta você
assume que a reposta será a mesma. Será mesmo? Como no começo do texto comentei que a eficiência
alimentar se compara com a autonomia de um carro, usarei este exemplo para ilustrar a definição de custo
mínimo x lucro máximo:

Dois combustíveis de dois postos de gasolina diferentes


Posto 1 = Gasolina R$2,45/litro.
Posto 2 = Gasolina R$2,69/litro.

Qual comprar? Se jamais mediu a eficiência ou desempenho dos dois combustíveis sua res-
posta será obviamente a gasolina do posto 1. Porém se você mensurou a autonomia com os
dois combustíveis e chegou ao seguinte resultado:

Gasolina do posto 1 = 7 km rodado com 1 litro de combustível.


R$2,45/7 km = R$0,35 km rodado.

Gasolina do posto 2 = 9 km rodado com 1 litro de combustível.


R$2,69/ 9 km = R$ 0,30 km rodado.

A gasolina do posto 2 é R$0,05 por km rodado mais barato comparado com o posto1. Isto significa
14,28% mais retorno em desempenho em ser utilizada comparada com a gasolina do posto 1,que sem ser
avaliado por desempenho em um primeiro momento se mostrava 8,92% mais barata.
A gasolina do posto 2 é o típico exemplo de produto de lucro máximo, onde foi avaliado o preço do
combustível comparado com a performance que ele proporciona.A gasolina do posto 1 é o exemplo da
opção pelo custo mínimo, quando se toma uma decisão por preço sem mensurar a performance, assu-
mindo que todos os produtos são iguais.Não são. Deixe as vacas julgarem os produtos, afinal como se
diz em uma famosa palestra de vacas leiteiras, no negócio leite somente as vacas estão sempre certas,
portanto prestem atenção nas vacas !!!! São elas que mostrarão o caminho das melhores opções nu-
tricionais e de manejo para o seu rebanho. Existe alguma dúvida que se a gasolina do posto 2 permitiu
melhor desempenho ela também permitirá uma maior vida útil do motor ???

“Os produtos da nutrição animal podem ser consideradas commodities para quem os compra, porém
jamais serão para quem os consomem” (Antonio Mário Penz Jr – Diretor Técnico Mundial de avicultura do
Grupo Provimi)
Pontos que comprovadamente afetam a eficiência ros fatores já comentados que irão atuar conjuntamente
alimentar: Mastite sub clínica, nitrogênio uréico no leite, para atingir estes resultados.
deslocamento dos animais, dias em lactação, digestibili- Monensina sódica: “A observação de que rebanhos
dade/processamento dos carboidratos (Fibra e a fração mantidos a pasto apresentaram maior resposta de pro-
Carboidrato não fibroso), foto período, balanceamento dução de leite ao uso da monensina sódica é consisten-
protéico, aditivos, estresse térmico, dias em leite, taman- te com a conclusão de Ipharraguerre e Clark (2003) em
ho da vaca, acidose sub clínica, número de horas que as relação a dietas ricas em forragem (Duffield, 2008)”. “A
vacas deitam por dia, teor de gordura no leite, ordem de monensina sódica (Rumensin) aumenta a energia equiva-
parto, condição corporal do rebanho e outras. A eficiência lente a fornecer mais 0,45 a 0,91 kg de milho a uma dieta.
alimentar (E A) reflete a saúde do rúmen, qualidade dos (Randy Shaver, Universidade de Wisconsin)
alimentos, conforto (ambiência) e muitas outras práticas Levedura viva e ativa no rúmen: dados exclusivos mé-
de manejo e nutrição.Metas para eficiência alimentar em dia dos experimentos da levedura utilizada pela Nutron.(
um rebanho (padronizada para 3,5% de gordura): Fonte: Lallemand)

Eficiência alimentar em pastagens


tropicais
Excelente revisão do professor Flávio Portela Santos
da ESALQ-USP (Santos et al. 2003) que avaliaram a pro-
dução de leite de diversos trabalhos de vacas em sistemas
“O fornecimento de levedura viva em dietas de vacas
de produção exclusivamente em gramíneas tropicais a
lactação tem a probabilidade de se obter uma resposta
eficiência alimentar média foi de 0,83. Significa que para
real acima do custo da levedura em mais de 91% dos ca-
cada kg de matéria seca de pastagem tropical os animais
sos. Média de 51 experimentos. (Mike Hutjens).”
produziram 0,83 kg de leite. O consumo total de matéria
seca de pastagens foi de 10,95 kg e a produção de leite de
Mesma produção de leite consumindo menos die-
9,1 kg. Para a média de diversos trabalhos.
ta e diminuindo o custo/vaca/dia em situações de regu-
lação química de consumo ou onde energia não é limitante.
Conceito DIGEST. O que significa melhorar pontos de unidades de eficiência alimen-
A Nutron está lançando neste ano um conceito de aditivos tar sem aumentar a produção de leite. Exemplo real. Rebanho
com o nome DIGEST. Trata-se de uma associação de uma leve- com35kgdeproduçãodeleiteeasvacasconsumindoemmédia
duravivaativanorúmencomamonensinasódica.Esteconceito 23,1 kg de matéria seca por dia. Se após algumas mudanças nutri-
fará parte de toda a família de produtos da linha, desde premix, cionais as vacas permanecerem com 35 kg de leite, consumindo
núcleos fresh foragem, núcleos linha normais e tamponados. agora apenas 20,9 kg de matéria seca.
Toda vez que o produtor conter o nome DIGEST significa que ele Eficiência alimentar inicial = 35 kg leite/23,1 kg MS ingerida = 1,51
é focado em aditivos que melhorem a eficiência alimentar. Eficiência Alimentar posterior = 35 kg leite/20,9 kg MS
“Levedura ativa no rúmen melhora a eficiência ali- ingerida = 1,67
mentar em 0,1 unidades e a monensina sódica melhora a Diferença em EA de 1,67 – 1,51 = 0,16 unidades.
eficiência alimentar em 0,06 unidades (M Hutjens, Univer- Diferença em consumo de alimentos = 23,1 – 20,9 = 2,2
sidade de Illinois.)” kg de matéria seca.
Se dividirmos o consumo de matéria seca da proprie-
Benefícios da linha DIGEST. dade antes da alteração na dieta pelo resultado obtido
Aumento da produção de leite em dietas de fibra com a alteração (mesma produção consumindo 2,2 kg
alta ou restrição energética. MS a menos) = 23,1/2,2 = 10,5 pontos de economia. Isto
Pretendemos em vacas em pastejo estarmos próxi- significa que a partir da alteração dietética a cada 10,5
mos da relação de 1 kg de leite ara cada 1 kg de matéria vacas tem uma comendo inteiramente de graça com-
seca de pastagem consumida. Claro que existem inúme- parado com a situação inicial.

66 NT #5

Conheça os produtos da linha Digest. Conheça nosso check list de avaliação do manejo e a eficiência
alimentar de vacas para observar todos os pontos do sistema de produção que podem estar afetando a
eficiência alimentar do seu rebanho.

Linha Digest = Alta eficiência alimentar é mais saúde no rúmen e dieta


equilibrada = Vaca saudável =Mais lucro para o produtor. Linha Nova
de Produtos Nutron para Bovinos de Leite. A saúde do seu rebanho é o
nosso futuro. Vacas saudáveis produzem mais leite.

NT #5 67
Diego Langwisnki Renato Palma Nogueira
é Engenheiro Agrônomo com mestrado em é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo
Nutrição de Ruminantes pela Universidade Federal de vacas leiteiras, formado pela Universidade
do Rio Grande do Sul e Consultor Técnico em Federal de Lavras (UFLA) e Consultor Técnico em
CADERNO ESPECIAL NUTRON Bovinos de Leite da Nutron Alimentos. Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.

MICRO MACRO
INGREDIENTES, RESPONSABILIDADES
Jeremias 14:6 Os jumentos selvagens se põem nos desnudos altos e, ofegantes, sorvem o ar
como chacais; os seus olhos desfalecem, porque não há erva.(Bíblia)

Os primeiros relatos do reflexo da nutrição mineral na saúde dos animais foram feitos na Bíblia
(citação acima) A citação do Velho Testamento se refere à deficiência de vitamina A ocasionada
pela falta de pastagens na dieta de animais que vivem nas montanhas (pastagem é fonte de vi-
tamina A). O objetivo deste artigo, é mostrar a importância dos microminerais e vitaminas para
vacas leiteiras nos processos fisiológicos que envolvem a saúde e desempenho dos animais. Os
microingredientes possuem macro responsabilidades e muitas vezes são deixados em segundo
plano na nutrição de vacas leiteiras.
A biodisponibilidade não é uma característica inerente de uma fonte específica de um elemen-
to, mas um valor determinado experimentalmente que está relacionado à absorção e utilização
em condições de teste. Em outras palavras, a biodisponibilidade não é independente do animal
testado. Adaptado de Fairweather-Tait (1987)
Toda vez que falamos sobre nutrição mineral voltamos ao tema da biodisponibilidade ou co-
eficiente de absorção. Este conceito informa a proporção de um determinado elemento que após
a ingestão, é metabolizado pelo organismo animal, exercendo as suas funções metabólicas. Existe
uma série de fatores que afetam a biodisponibilidade dos minerais no trato digestivo dos animais,
como a interação entre os minerais e os outros componentes dos alimentos (Spears, 1989; Wapnir,
1998). Além disso, podemos somar a origem dos minerais (sulfatos, óxidos, carbonatos, proteina-
tos, complexos minerais aminoácidos, etc), estágio fisiológico, pH intestinal, idade e a presença de
agentes antagonistas. Dentre estes antagonistas os principais são:

68 NT #5 NT #5 69
Os próprios minerais suplementados de forma desba- Vitamina A. Vitamina A está envolvida com a visão, imu- retenção de placenta e metrite. Cio silencioso. Queda na
lanceada (ferro presente no solo, fósforo na forma fítica que nidade, saúde da glândula mamária e fertilidade. Abortos, imunidade. Função na saúde da glândula mamária O selê-
absorve outros microminerais); retenção de placenta e problemas com doenças infecciosas nio desempenha um papel fundamental na resposta imuni-
Ingestão de solo (argilas) junto com as pastagens ou podem ser sinais de deficiência de vitamina A. A estabilidade tária e tem um papel associado à vitamina E na proteção da
quaisquer outros alimentos; dos suplementos minerais vendidos é variável. Num estudo glândula mamária. Selênio também permite influxo mais
Qualidade da água (presença de sedimentos, com premix armazenado em ambiente quente e úmido por rápido de neutrófilos (células somáticas) no leite, no com-
salinidade, etc). três meses, a atividade da Vitamina A ficou com 30% a 80% bate de infecções intramamárias bacterianas. Função na
Além das questões relativas à fonte dos minerais e as con- (Feeding 2007); reprodução. Como o selênio tem um papel vital na resposta
dições da dieta das vacas leiteiras, devemos levar em conta o Vitamina D.Énecessáriaparamanteroequilíbriodecálcio imune e está associado com a vitamina E, é documentado
desafio a que elas estão sendo submetidas dentro do sistema e fósforo do organismo, além de estar envolvida na atividade baixo teor corporal de selênio em degeneração embrioná-
produtivo (produção de leite, condições de conforto, condições imunológica. As vacas podem produzir a sua própria Vitamina ria, levando ao aumento da reabsorção fetal e mortalidade
de higiene), pois elas definem uma exigência que não está pre- D quando expostas à luz do sol. Entretanto sua suplementação precoce de bezerros. Teores corporais baixos de selênio
vista no NRC (que basicamente leva em conta a excreção de é recomendada, devido à limitada armazenagem de vitamina também foram associados com má involução uterina, re-
minerais via leite, crescimento, pêlos e urina). Vários trabalhos D pelo animal e pouca exposição dos animais todos os dias à tenção de placenta, metrite, redução da fertilidade e cios
relatam a diminuição de microminerais no sangue em fases luz do sol (baixo custo de suplementação). fracos ou silenciosos;
de maior desafio (periparto), como por exemplo, o zinco. Nes- Vitamina E. iÉ necessária como antioxidante para ma- para dentro da glândula mamária. Função na reprodução.
te sentido, podemos definir a diferença entre requerimento nutenção da integridade celular, estando diretamente envol- Foi demonstrado que a deficiência de zinco reduz a taxa de O conceito DEFENSE
(NRC) e recomendação (J. Linn,Minesota): vida na imunidade e na reprodução. A relação entre suple- concepção, aumenta a incidência de retenção de placenta, O conceito DEFENSE na nova linha de produtos de alta
Requerimento é a quantidade de um determinado nu- mentação de vitamina E e redução na incidência de mastite é distocia e leva a um cio anormal. A deficiência de zinco em performance da Nutron Alimentos, foi formulado para reban-
triente necessária para manter o animal saudável, com bom bem documentada em diversos estudos. A literatura também vacas gestantes pode resultar em aborto, mumificação de hos que necessitam de máximo investimento para alcançar
desempenho reprodutivo e para produzir determinada quan- traz muitas informações sobre a Vitamina E associada com o fetos, menor peso ao nascer ou contratibilidade alterada do um status mineral e vitamínico ótimos, para que as células
tia de leite ou peso vivo sob condições ambientais específicas; selênio, na redução da incidência de retenção de placenta. miométrio com parto prolongado. Vacas com baixos níveis de defesas possam construir um sistema capaz de superar
Recomendação é a quantidade de um determinado nu- séricos de zinco tiveram menor incidência de distocia quan- as adversidades que os animais são submetidos no seu sis-
triente que para atender os requerimentos, sob condições am- Em meados dos anos 1960, começou a terceira fase da do suplementadas com zinco antes do parto; tema de produção. Sua formulação contém a tecnologia
bientais menos favoráveis, inclui uma margem de segurança medicina veterinária preventiva, a grande evolução nesta Cobre. Palavras chaves: Síntese de queratina. Função dos minerais de alta performance da Zinpro (Cobre, Zinco,
para contabilizar variações no consumo, produção e disponi- época foi o reconhecimento das doenças subclínicas como imune. Fertilidade. O cobre afeta a capacidade de defesa Selênio e Manganês) associados a um blend de compostos
bilidade do nutriente. um fator limitante na produtividade. (Le Blanc, 2006). dos glóbulos brancos do sangue, tais como neutrófilos (cé- antioxidantes, que potencializam a ação das vitaminas Estas
lulas somáticas) para matar agentes patogênicos. Função tecnologia, associadas atuam na preservação da integridade
Vitaminas na saúde da glândula mamária. É também necessário para celular (sistema de defesa), mantendo um sistema de defesa
Weiss (1998) sugeriu que o requerimento de vitamina o desenvolvimento de anticorpos e replicação dos linfóci- altamente eficiente. É importante ressaltar que todos estes
A e E para vacas leiteiras deveria ser aumentado de 50% a tos (glóbulos brancos). Função na reprodução. Os proble- microminerais têm um coeficiente de absorção (biodisponi-
500%, devido a resposta em função imune ser maior do que mas reprodutivos relacionados ao baixo status de cobre se bilidade) variáveis e desempenham um papel muito impor-
as baseadas em produção; manifestam em inibição da concepção, mesmo que o cio tante nesta difícil tarefa de proteger as células;
Tenha certeza que a vitamina que você fornece às vacas seja normal. Esta falha reprodutiva é causada por morte Os coeficientes de absorção aplicados aos micros minerais
vai trabalhar para você (Mary Beth de Ondarza); embrionária precoce e reabsorção do embrião. Também são baseados em estado fisiológico limpo (sem doenças, desa-
ocorre um aumento da retenção de placenta, com possível fios, bom ambiente e mínimo esforço). A variação que ocorre
necrose da placenta; na retenção de micromineral inorgânico a campo, por inúme-
Manganês. Palavras chaves: Papel chave na manu- ras razões é muito maior do que a diferença comparada entre
Micro minerais. tenção de pernas e pés saudáveis, devido sua importância uma boa fonte orgânica de um micromineral e o coeficiente de
No futuro próximo, o aprimoramento na nutrição de na formação da cartilagem. Sistema Imune. Função na re- absorção de uma boa fonte inorgânica. Dois grandes motivos
vitaminas e minerais provavelmente será a chave para produção. Necessário para formação de colesterol que é fazem com que a biodisponibilidade de fontes inorgânicas se-
a ciência da nutrição, visando aumentar a produtividade precursor da progesterona e do estrogênio. A deficiência jam variáveis: estresse e antagonismos.
dos rebanhos em regiões tropicais e subtropicais (John de manganês pode estar associada com a supressão do 1-Estresse. Quando um animal esta sob estresse, o
Arthington,Universidade da Flórida). cio e redução da taxa de concepção. Também vai contribuir cortisol é liberado na corrente sanguínea. A liberação de
Algumas considerações sobre o importante papel de para retardo da ovulação e um aumento da incidência de cortisol altera o metabolismo do animal e os nutrientes ne-
alguns minerais traços. abortos. O cio silencioso é um sinal comum de deficiência cessários para o sistema imunológico (células do sistema
Zinco. Palavras chaves: Síntese de queratina. Tecido leve de manganês. Função na saúde da glândula mamária imunitário) combater a infecção, são redirecionados para
epitelial de produção e reparação. Função na saúde da O manganês ajuda a melhorar a função imunológica, por escapar do evento estressante ou manter a função do ór-
glândula mamária. O zinco ajuda a manter a saúde e a meio de macrófagos (glóbulos brancos). Os macrófagos gão para sobreviver ao desafio de estresse.O estresse tam-
integridade da pele devido ao seu papel na regeneração são um dos tipos de células somáticas, liberados na glându- bém altera a forma como um animal absorve e retém os
celular e reparação. Ele também desempenha um papel crí- la mamária em maior concentração para ajudar a proteger nutrientes, como minerais, por exemplo.
tico na formação do tampão de queratina no canal do teto, contra infecções intramamárias; 2- Antagonismos. Os minerais podem interagir entre
onde as bactérias se alojam, impedindo-as de se mover Selênio. Palavras chaves: Aumento de incidência de si, com outros nutrientes e com fatores não nutritivos. Essas

70 NT #5 NT #5 71
I sImpósIo InternacIonal
Leite
interações podem ser sinergéticas ou antagônicas, tomam
lugar no próprio alimento, no trato digestivo, nos tecidos e
Integral
no metabolismo celular. Animais a pasto consomem 10% da
matéria seca de solo, o que efetivamente reduz a disponibili-
28 a 30 de abril de 2011
Ouro Minas Palace Hotel - Belo Horizonte/MG
dade de cobre pela metade (NRC 2001 – Tabela 3). As carên-
cias minerais são agrupadas como primárias e secundárias.
Primárias são as que não atendem os requerimentos do
PROGRAMAÇÃO* 16:30 às 17:00 - Sistema de criação de bezerras Vargem Grande, Monsenhor Paulo/MG)
animal pela sua suplementação. Secundárias são resultado
28/04 – Quinta-feira da Fazenda Santa Maria - Menge Gado Holandês - 16:15 às 16:45 – Milk Break
de uma avaliação correta da nutrição mineral do rebanho, Armando Menge (Pouso Alegre/MG, Brasil) 16:45 às 17:15 – Sistema de criação de bezerras
porém a presença de um antagonista diminui a disponibilida- 07:00 às 08:00 – Credenciamento e entrega de 17:00 às 17:30 – Sistema de criação de bezerras da Fazenda FINI - Hans Jan Groenwold (Fazenda
de do mineral e leva à deficiência. (Adaptado de John Arting- material da Fazenda Boa Vista - Soraia (Educampo e Faz. FINI, Castro/PR)
ton Novos Enfoques na Prod. e Reprod. de Bovinos 2008). 08:00 às 08:30 – Abertura Boa Vista – São José do Rio Pardo/SP) 17:15 às 18:30 – Espaço empresarial Bayer -
A Tabela 4 mostra o efeito da fonte do fertilizante sobre as 08:30 às 09:45 – Influência do manejo pré-parto 17:30 às 18:00 – Espaço empresarial Nutron Como reduzir a mortalidade por tristeza parasi-
concentrações hepáticas de cobre em bovinos. na qualidade do colostro e saúde das bezerras - tária no pós-desaleitamento
Dr. Jim Quigley (University of Tennessee, EUA) 29/04 – Sexta-feira
09:45 às 10:15 – Milk Break 30/04 - Sábado
10:15 às 11:30 – Influência da nutrição e dos 08:00 às 09:15 – Desempenho de bezerros
métodos de aleitamento e desaleitamento na manejados em alimentadores automáticos - Dr. 06:00 às 18:00 - Visita ao sistema de criação de
saúde, desenvolvimento do rúmen e desempe- Jeffrey Rushen (Pacific Agri-Food Research Centre, bezerras da Fazenda Santa Luzia e Leilão Giro-
nho das bezerras - Dr. James Drackley (University Agriculture and Agri-Food Canada - University of lando Santa Luzia
of Illinois, EUA) British Columbia, Canadá)
11:30 às 12:45 – Avaliação do comportamento 09:15 às 09:30 – Espaço empresarial Itambé CURSOS PRÉ-SIMPÓSIO
das bezerras como indicativos de estresse e 09:30 às 10:45 – Requisitos nutricionais de bezer-
doenças - Dr. Jeffrey Rushen (Pacific Agri-Food Re- ras e novilhas - Mark Hill (Provimi – EUA) Dia 26/04/2011 das 08:00 às 18:00
search Centre, Agriculture and Agri-Food Canada 10:45 às 11:15 – Milk Break
- University of British Columbia, Canadá) 11:15 às 12:30 - Causas, controle e prevenção da Nutrição e manejo de bezerras do nascimento
12:45 às 14:00 – Almoço mastite em novilha - Sarne De Vliegher (Faculty of aos 4 meses. - Dr. Jim Drackley (University of
14:00 às 15:15 – Como o manejo, a sanidade e Veterinary Medicine, Gent University, Belgica) Illinois, EUA)
a nutrição da bezerra podem afetar parâmetros 12:30 às 14:00 - Almoço
O ferro é o segundo metal traço mais freqüente na terra. Ele micro + vitaminas, núcleos da linha normal e núcleos tampona-
como idade e ECC ao 1º parto e produção de leite 14:00 às 15:15 - Efeitos da nutrição e ganho de Dia 27/04/2011 das 08:00 às 18:00
é encontrado em quase todas as fontes de alimentos, inclusive dos. É indicado para situações de rebanhos com sistema imune e peso no desenvolvimento funcional da glândula
- Jud Heinrichs (Penn State University, EUA)
na água. O papel mais importante do ferro na nutrição de vacas sob grandes desafios como: mamária - Kristy Daniels (The Ohio State Univer- Glândula Mamária - anatomia, desenvolvimento
15:15 às 15:30 – Espaço empresarial Itambé
leiteiras é o seu antagonismo com outros minerais, principal- presença de micotoxinas nos alimentos; sity - EUA) funcional e impactos da nutrição nas diferentes
15:30 às 16:00 - Sistema de criação de bezerras
mente o cobre e o zinco. Do ponto de vista da nutrição mineral, alta contagem de células somáticas; 15:15 às 15:30 – Espaço empresarial Milk Point fases de crescimento. - Dra. Kristy Daniels (The
da Fazenda Santa Luzia - Maurício Silveira Coelho
a preocupação com a qualidade da água é muito importante presenças de outros agentes infecciosos; 15:30 às 16:15 – Recria a pasto - Ronaldo Braga Ohio State University - EUA)
(Fazenda Santa Luzia - Passos/MG, Brasil)
porque uma vaca facilmente estará ingerindo quantidades de alta presença de abortos e/ou repetição de cios. Reis (Escola de Veterinária da UFMG, Fazenda
16:00 às 16:30 – Milk Break
águas superiores a 100 litros por dia e ela pode ter grande im- Outros fatores nas quais de a linha é indicada: estresse tér- *Programação sujeita a alterações

pacto na absorção dos microminerais pelos animais. Na Tabela mico, baixa qualidade da água ingerida pelos animais e rebanhos
5, assumindo uma vaca consumindo 23 kg de matéria seca por com históricos de baixos índices reprodutivos e de sanidade do infOrMações: www.simposioleiteintegral.com.br | leiteintegral@revistaleintegral.com.br | 31 3281.5862
dia e ingerindo 116 litros de água para produzir 40 kg de leite. rebanho, acidose e alta incidência de problemas metabólicos.
Patrocinadores Diamante: Patrocinadores Platina: Patrocinadores Ouro:

72 NT #5
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas
leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
CADERNO ESPECIAL NUTRON Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.

RT – MINERAIS
BALANCEAMENTO
DE FÓSFORO
Pontos importantes Dúvidas, contas e perguntas sadas para avaliar o efeito do fósforo na performan-
ce reprodutiva.Em alguns estudos, mas não em to-
O potencial poluente do fósforo motivou um aprofundamento do estudo deste mineral nos últimos 15 anos. respondidas no NRC 2001.
dos, a severa deficiência de fósforo dietético causou
Coeficiente de absorção do fósforo de fontes orgânicas é muito relevante para o balanceamento de fósforo. “Estima-se que, nos EUA, a indústria leiteira
infertilidade ou reduziu a performance reprodutiva
Fósforo representa um custo muito alto dentro da composição de um núcleo e um suplemento mineral. gasta desnecessários US$ 100 milhões anualmen-
de vacas leiteiras.(Alderman, 1963); Morrow, 1969;
Coeficiente de absorção do fósforo é dinâmico. te com o fornecimento excessivo de fósforo. Fonte:
McClure,1994). Normalmente a concentração de fós-
Fósforo é um recurso natural finito e insubstituível. 61st Cornell Nutrition Conference for Feed Manufac-
foro foi menor que 0,20 % na matéria seca, a dieta
turers. October, 1999.” Esta frase retirada dos anais
foi alimentada por um longo período de tempo (1 a
de um congresso da época mostram como estavam
4 anos) e quando medida, o consumo estava depri-
as discussões a respeito da nutrição do fósforo.
mido, causando deficiências coincidentes também
Acreditava-se que o fósforo teria efeito positivo na
de energia, proteína e outros nutrientes. A condição
reprodução. Porém, como pensar desta maneira se
corporal era geralmente baixa, sendo considerada a
Fósforo e a água potável. o animal está excretando grande parte do fósforo
principal causa do desempenho reprodutivo reduzido
O fósforo e o nitrogênio em excesso no meio que consome? “Nove estudos, com a concentração
em vacas com deficiência de fósforo.(Holmes, 1981) .
ambiente poluem as águas e causam um fenômeno de fósforo dietético variando de 0,24 a 0,65% na
chamado eutrofização. Este fenômeno por sua vez, matéria seca foi alimentada para vacas em lactação
é o maior causador da diminuição da qualidade da por um período variando das oito primeiras semanas Coeficiente de absorção do fósforo é
água do planeta. Além disso, a pressão ambiental é o da lactação até estudos de 3 lactações consecutivas, muito relevante de fontes orgânicas.
maior motivador para repensar a nutrição de fósfo- com a produção de leite média variando de 15 a 40 Trecho do NRC 2001, página 114.
ros para vacas em lactação. kg de leite para tentar responder esta questão. Fon-
te: NRC 2001” Baseada nos resultados dos nove estu-
Capítulo 6.
Cerca de 2/3 ou mais do fósforo em grãos de ce-
dos, a concentração de fósforo em uma faixa de 0,32
O grande questionamento. a 0,42% para vacas em lactação foi suficiente para
reais, farelos de oleaginosas e grãos de subprodutos
Se as fazendas leiteiras estão jogando fósforo estão ligados a fitato; caules e folhas. ( Nelson et al;
atender os requerimentos, ou seja, não há benefícios
no ambiente por meio do esterco e da urina, é mui- 1976). Fósforo ligado a fitato é muito pouco ou torna-
na performance da lactação em suplementar acima
to provável que este nutriente esteja em excesso e se quase indisponível para não ruminantes (Soares,
de 0,42% de fósforo.
sua redução não afetará o desempenho dos animais, 1995b; NRC, 1998). Entretanto, a atividade de fitases
além de representar um significativo potencial de re- dos microorganismos do rúmen torna quase todo o
duzir os custos com mineralização. Reprodução e fósforo no NRC 2001 – fósforo do fitato disponível para a absorção. (Reid et
trecho do NRC 2001, página 117. Capítulo 6 al., 1947; Nelson et al., 1976; Clark et al., 1986; Morse et
Publicações entre os anos 1923 e 1999 foram revi- al., 1992a; Ingalls e Okemo, 1994; Herbein et al., 1996).

74 NT #5 NT #5 75
Coeficiente de absorção dinâmico. Exigências atuais de fósforo em quatro diferentes
O coeficiente de absorção do P na dieta tam- normas nutricionais. Vaca produzindo 45 kg de leite
bém depende da porcentagem deste mineral na com 23 kg de MS
mesma. Equações de regressão indicam que o co-
eficiente de absorção é 1,0 quando o P na dieta é
0,22% na matéria seca e 0,64 quando sua concen-
tração é de 0,49% na matéria seca (NRC, 2001).
Coeficiente dinâmico. Quanto mais alto o fósforo,
menos eficiente se torna o animal.

A Nutron comparada com mais três


modelos americanos.
consumindo 15 gramas de núcleo por kg de lei-
te produzido com os nossos núcleos. Apesar do
mercado nos enxergar como produtos de baixo
fósforo, estamos acima das recomendações mais
modernas de fósforo em todo o mundo.

0,86 gramas de P é excretado para cada grama extra


de fósforo ingerido. Digestibilidade do fósforo diminui
muito em altas suplementações.

Fósforo é da humanidade.
“O fosfato corre o risco de esgotar-se antes do
petróleo”, corroborou José Oswaldo Siqueira, da Uni-
versidade Federal de Lavras (UFLA), em um encontro
sobre Bioenergia, realizado no dia 26 de setembro, em
São Paulo. Uma forte expansão da agricultura com fins
energéticos aceleraria esse esgotamento, o que é um
dado a ser considerado “em uma visão estratégica”.

Marrocos possui cerca de 42% das reservas mundiais,


incluindo o Saara Ocidental, um território que luta por sua
independência. A China, com 26%, e os Estados Unidos,
com 8% são as maiores reservas mundiais de fósforo.

Balanceamento correto do fósforo:


conceito validado no mundo inteiro.

76 NT #5
Renato Palma Nogueira
é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas
leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e
CADERNO ESPECIAL NUTRON Consultor Técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.

SAÚDE DOS CASCOS DE UMA


VACA LEITEIRA
UMA PREOCUPAÇÃO Prejuízo com problemas de casco na Para cada vaca manca que se consegue observar

DIÁRIA NA ROTINA DE
(percepção) em um rebanho,o produtor possui no mí-
ponta do lápis.
nimo mais três vacas que lhe causam prejuízos sub-
Europa: Claudicação ou vaca manca continua a ser
clinicos, devido a problemas subclínicos de saúde dos
um grande problema em rebanhos leiteiros no mundo

UM REBANHO LEITEIRO
cascos.(Whay ,2002.Proc. 12th Int’l. Symp. Lameness
inteiro. No Reino Unido, a incidência média é de cerca
in Ruminants).
de 50 casos por 100 vacas por ano. Devido ao seu efeito
subseqüente sobre fertilidade e produção, o custo de um
Para isto foi criado o escore de locomoção, que é
único caso de claudicação é estimado em cerca de 450
uma ferramenta prática de avaliação. O escore de loco-
dólares, embora isto possa variar muito de caso a caso,
Existe um famoso ditado americano que diz o seguinte: “No foot, no horse”. Este ditado antigo ex- moção é um índice qualitativo que mede a capacidade
dependendo da gravidade. ”Roger Blowey, Inglaterra.
pressa a sabedoria popular de que, sem a utilização plena e perfeita dos seus pés, o cavalo é inútil. Nos- da vaca de caminhar normalmente. As vacas são pon-
Estados Únidos: Claudicação é uma das princi-
so entendimento portanto, é de que este ditado serve tanto para cavalos, como para vacas leiteiras.O tuadas de 1 a 5 (veja tabela 1)
pais causas de descarte prematuro e perda de leite
prejuízo de ter graus variáveis de claudicação no rebanho é muito maior do se pode imaginar, quando em rebanhos leiteiros. Diversos relatórios mostraram
se avalia o efeito na produção e na reprodução do rebanho da sanidade Quanto custa a unha de uma que a claudicação está entre as três principais razões
vaca? Muitas vezes, custa à própria vaca. Porém, os prejuízos subclínicos são ainda maiores. Problemas para o descarte de vacas leiteiras nos E.U.A. Taxa de
de cascos podem ser causados por injúrias físicas, problemas nutricionais, instalações, ambiência e incidência anual de claudicação em rebanhos leitei-
conforto inadequados. Ela resulta em aumento das despesas veterinárias e de mão de obra, aumento ros relatada varia de 15% a 50%. A claudicação pode
dos descartes – é o maior sofrimento que uma vaca pode ter no rebanho –, além de diminuir a pro- também ser sutil e intangível, as vacas podem apenas
dução de leite e principalmente, a lucratividade da atividade. apresentar aumentos das perdas de peso e escore
de condição corporal, redução da produção de leite,
prejudicado desempenho reprodutivo. As implicações
econômicas associadas a claudicação podem ser sig-
nificativa e, muitas vezes, as perdas econômicas es-
tão entre US$100 para mais de 300 dólares por caso.
(Fonte: Jose E.P Santos e Michael Overton, Escola de
Medicina Veterinária de Davis, Califórnia).
Brasil: Ferreira et al.(2003) estudando rebanho lei-
teiro em Minas Gerais (Pedro Leopoldo) encontraram
um custo relacionado a manqueiras de US$ 74,60 por
animal alojado e mais um custo de U$$44,68 de trata-
mento e não computando as perdas relacionadas a
diminuição na produção de leite.
Escore de locomoção: Maneira prática de se avaliar
a sanidade dos cascos em um rebanho leiteiro.
César Machado - Agrostock

Há duas questões fundamentais relacionadas com clau-


dicação. A primeira é para determinar a extensão do pro-
blema e avaliar o seu custo, e a segunda é determinar como
aliviar o problema, se ele for considerado grave o suficiente
para que seja rentável para o fazer. (Peter Robinson).

78 NT #5 NT #5 79
A aplicação do escore de locomoção é fácil e permite veis que sejam adequados para a melhor qualidade essencial para a formação e integridade dos teci-
uma avaliação rápida de quanto sério e urgente é atacar- dos cascos dos animais. Sempre que possível, utilize dos queratinizados (pele, cabelo, unhas e pés) em
mos os problemas de casco dentro do nosso rebanho. uma dieta total e quando não conseguir minimize os mamíferos e aves (Maynard et al.,1979). Resultado
Interpretação das perdas indiretas com a saúde dos riscos de acidose com decisões nutricionais como: de estudos histológicos e bioquímicos apontam
cascos utilizando o escore de locomoção. utilização de gordura e/ou subprodutos substituin- que suplementação de biotina melhora a estrutura
Escore de locomoção e perda na produção de leite. (Tabela 2) Re- do parte do amido, redução da utilização de amido inter e intracelular do casco. (Hochstetter,1998).
fletindo a dificuldade crescente da vaca em caminhar. A vaca com es- de degradação mais rápida (grão úmido por exem-
core 1 é uma vaca que caminha normalmente e tem plena saúde dos plo), uso de aditivos comprovados que auxiliam na
cascos e uma vaca com escore 5 é um animal extremamente manco manutenção do pH do rúmen em níveis saudáveis.
e que tem um grave problema em uma das patas, com apenas três
patas funcionais. Os escores 2, 3 e 4 medem graus subclínicos de
manqueiras, que acarretam grandes prejuízos no rebanho.

Vacas com um escore de locomoção maior que


dois possuem (Adaptado de Sprecher, 1997):
15,6 vezes mais chance de aumentar os dias em
abertos;
9,0 vezes mais chances de aumentar os serviços
por concepção;
8,5 vezes mais chances de serem descartadas;
2,8 vezes mais chances de aumentar o período
de serviços.
Conceito Nutron de Saúde dos CASCOS.
A Nutron, em sua nova linha criou uma família de
produtos com o conceito CASCO. Premixes, núcleos
Se mais de 10% do rebanho estiver com escore Conforto das vacas: fresh forage, núcleos linha normais e tamponados fazem
de locomoção acima de três, a saúde dos cascos Evitar super lotações. Minimize o estresse tér- parte desta família e terão em sua composição, uma as-
do rebanho deve ser uma prioridade. mico. Lembre-se que uma vaca confinada deve sociação de zinco metionia + biotina para maior integri-
Problemas de cascos são multifatoriais. Exis- deitar-se 12 horas por dia e uma vaca em pastejo, dade dos cascos e aceleração da recuperação de lesões.
tem quatro linhas de frente do controle dos pro- mais do que 10 horas por dia. Preocupe-se muito O zinco metionina tem sido, há muito, associado
blemas de cascos. São elas: cuidados com os cas- em providenciar um local limpo, seco e sombreado A maioria das lesões de casco é o resultado de, ou
à melhor integridade do casco e da unha. Acredita-
cos, nutrição, transição e conforto de vacas. para as vacas deitarem. Vacas em ócio devem es- estão associados com a pobre integridade do casco.
se que ele melhora a integridade do casco, aumen-
tar deitadas. O fato das vacas não deitarem é um tando o teor de zinco, que por sua vez, aumenta (Greenough,1991).
grande sinal de desconforto ao rebanho, sem falar A suplementação de biotina cria uma estrutura mais
Cuidado com os cascos: a velocidade da cicatrização de feridas, a taxa de
que o tempo prolongado em estação (em pé) é um reparo do tecido epitelial e mantém a integridade definida e coesa (Fritsche,1990).
Duas vezes por ano é o ideal de se fazer o casquea-
dos causadores de laminite (problema vascular), celular. O zinco também é necessário para a matu-
mento preventivo em todas as vacas adultas do reban-
diminuindo a integridade dos cascos e predispon- ração da queratina. Existem 6 trabalhos(p<0,05) Outros serviços em benefício da saúde
ho. Toda vaca detectada com escore de locomoção
do-o a lesões. comprovando melhoras na saúde do casco, por
três ou mais, deve ser casqueada imediatamente. Es-
Cada hora que uma vaca deita a mais por dia
dos cascos do rebanho:
tabelecer uma rotina de pediluvio é fundamental, bem meio da tecnologia de zinco metionina. Cobre, cál- Check list DESAFIOS do rebanho;
acima de 7 horas aumenta-se 1 kg de leite. (Rick cio, fitato e ferro reduzem a absorção de zinco.
como o seu correto dimensionamento e utilização. Programa FIRST STEP – maior biblioteca e programa
Grant, Miner Institute) Considerando que o Zn é um componente de
Manter os animais em ambientes limpos e caminhan- gerenciador da saúde dos cascos do rebanho, criado por
do com segurança em pisos adequados sem pedras e mais de 200 sistemas enzimáticos, ele tem um Nigel Cook da Universidade de Wisconsin;
quinas, são práticas extremamente importantes. Nutrição: papel em três funções-chave no processo de que- Avaliação do risco de acidose do rebanho;
Unha lateral posterior em locomoção suporta Forneça uma dieta equilibrada, com adequados ratinização: catalítica, estrutural e regulamentar Produtos de Linha formulados especificamente para
oscilações de apoio de 130 kg e 70 kg em uma vaca teores de fibra efetiva. Minimize o risco de acidose. (Cousins, 1996). situações de extremo risco de acidose;
de 700 kg (Antonio Ultimo de Carvalho, UFMG) Preste atenção ao manejo e oferecimento da dieta, O zinco tem sido identificado como um dos Palestras para difusão de informações sobre manejo e
eles têm um peso tão grande quanto a nutrição no principais minerais nos processos de queratini- atenção para a saúde dos cascos;
potencial de causar acidose. Fique atento para o ris- zação (Smart e Cymbaluk, 1997).
Transição: Avaliador de perdas subclínicas do rebanho com o es-
co dos animais estarem selecionando a fibra longa core de locomoção;
Minimizar mudanças abruptas na dieta das va-
da dieta. Tenha sempre um nutricionista treinado A biotina. Aplicação do escore de locomoção no rebanho;
cas. Esforçar-se ao máximo para aumentar a saúde
e prático, cuidando da nutrição e do manejo do re- A biotina é possivelmente a vitamina de maior Capacitação de funcionários para realizar avaliação do
das vacas neste momento. (veja artigo específico
banho. Forneça microminerais e vitaminas em ní- importância para o processo de queratinização. É escore de locomoção (inclui manual e vídeos).
sobre as vacas no período de transição).

80 NT #5 NT #5 81
Antônio Mário Penz Junior
é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
AVES (Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.

Por que
HORMÔNIOS não são usados na
alimentação de frango de corte

Desde que a produção intensiva de aves teve seu início, os animais domésticos que têm um dos maiores grupos
ainda na década de sessenta, os empresários e os técnicos de pesquisadores trabalhando para melhor conhecê-las e
do setor têm convivido com a avaliação, geralmente de melhor produzi-las. Inclusive é significativo o número de
leigos, de que estas aves, para serem produzidas, necessi- informações que têm sido obtidas destes estudos e que
tam da adição de hormônios em suas dietas. Na realidade, são aplicadas na produção de outros animais domésticos
quando se trata de manifestações individuais e de pes- e também para melhorar o bem estar dos seres huma-
soas de pouca representatividade pública, as consequên- nos. Já no final da década de setenta, os pesquisadores,
cias são irrelevantes. Entretanto, muitas considerações a partir dos dados de desempenho observados no passa-
têm sido feitas por médicos, nutricionistas e represen- do próximo, podiam prever que os frangos, a cada ano,
tantes de entidades que se preocupam com o bem estar precisariam um dia a menos para atingir o mesmo peso
da sociedade e que repercutem mais significativamente. obtido no ano anterior. Esta estimativa vem se confirman-
Esta constatação é absurda e, em algumas circunstâncias, do e tudo indica que, pelo menos por mais alguns anos,
tem comprometido o setor, que fica obrigado a justificar- estes valores continuarão sendo observados. Mais uma
se, quando na verdade não há qualquer razão para tal, vez insisto no questionamento de que todo este avanço
uma vez que a avicultura brasileira e mundial não usam tecnológico não pode estar baseado na maior ou menor
deste expediente para ter o desempenho de suas aves fa- quantidade de hormônio que as aves possam receber dia-
vorecido. Este fantástico progresso no desempenho das riamente. Ou que elas dependem da adição de hormônios
aves não está absolutamente sustentado na perspectiva para expressar seu potencial genético.
milagrosa de que um determinado produto (hormônio), Tentando justificar o absurdo, gostaria, inicialmente,
quando adicionado à alimentação daqueles animais, pos- de sustentar minha argumentação pelo lado legal do uso
sa promover um rápido crescimento. Este progresso está de hormônios ou de substâncias citadas como quimica-
baseado fundamentalmente em uma intensa atividade de mente semelhantes aos hormônios. No Brasil, o emprego
pesquisa nas áreas de genética, nutrição, sanidade e no destas substâncias em aves é formalmente proibido des-
entendimento das relações destes conhecimentos atra- de 2004 (Instrução Normativa 17, de 18.06.2004). Desta
vés do manejo da produção destes animais. As aves são forma, não há a possibilidade de livre comércio das mes-

82 NT #5 NT #5 83
mas em nosso País. Sendo assim, o primeiro impasse que animais domésticos. Entretanto, resultados recentes têm diferentes daquelas produzidas de forma extensiva, ou em seja dito que a cor amarela da carcaça não deve ser consi-
a indústria avícola teria que superar seria o contrabando demonstrado que em frangos de corte os benefícios são fundo de quintal (galinhas caipira)? Claro que a primeira derada como sinônimo de saúde do animal abatido.
contínuo e sistemático de produtos que tivessem hormô- extremamente controversos onde, na maioria das vezes, razão já foi abordada e está sustentada em uma pesquisa A gordura também é um problema bastante discu-
nios em suas composições. Pelo tamanho da indústria estas substâncias não têm promovido qualquer beneficio extremamente progressista, voltada para o aprendizado tido e os geneticistas e os nutricionistas têm trabalha-
avícola brasileira e pelo volume de ração produzido para quando usadas da forma recomendada. Insisto em dizer dos fundamentos básicos do desenvolvimento desta es- do intensamente para reduzir a sua concentração nas
frangos de corte no Brasil (previsão de 28 milhões de to- que este tipo de informação não é privada. Encontra-se pécie e também com a aplicação prática destes conheci- carcaças. Os avanços têm sido marcantes. Porém, a di-
neladas de ração em 2010), este comércio seria impossí- perfeitamente divulgada na literatura científica interna- mentos ao nível de granja. Os frangos de corte produzidos ferença da gordura das galinhas caipiras e dos frangos
vel de ser mantido sem que ocorresse qualquer denuncia cional e, por consequência, disponível a qualquer indivíduo pela indústria avícola, embora da mesma espécie daque- de corte de linhagens comerciais está baseada em dois
clara, objetiva e não as simples especulações levianas do que esteja interessado em ter informação sobre o assun- les produzidos extensivamente, são oriundos de linhagens aspectos essenciais. Inicialmente, as galinhas caipiras
emprego sistemático dos mesmos. Claro que alguém mais to. Um outro fator complicador dentro deste tema é que comerciais, que vem sendo geneticamente desenvolvidas são abatidas mais velhas e a relação de água:gordura na
interessado em levar a discussão adiante poderia afirmar além dos resultados serem tremendamente contraditó- ao longo dos anos, exatamente para ser mais precoces e carcaça é menor. Em outras palavras, aves mais velhas
que nem toda a indústria avícola poderia se valer deste rios, os níveis que estes produtos deveriam ser utilizados, produzir carcaças de melhor qualidade. Dentro deste con- têm, proporcionalmente, menos água na carcaça e mais
expediente. Isto seria outro absurdo, pois a maioria das para eventualmente responderem, fariam com que seus texto, uma indagação frequente é aquela de por que as gordura e os pigmentos fixam-se fundamentalmente
empresas avícolas brasileiras tem seus resultados de pro- custos de aplicação ficassem completamente inviáveis. carcaças dos frangos de corte, produzidos pela indústria no tecido adiposo. Assim, a gordura destas aves é mais
dução avaliados e comparados formal ou informalmente. Mais uma vez, mesmo que a indústria avícola fosse, na avícola, são muitas vezes menos amarelas, mais pálidas, amarela e mais firme. Já os frangos de corte, de linha-
Como poderia uma determinada empresa satisfazer-se sua totalidade, inescrupulosa e que, coletivamente, não e têm uma gordura menos consistente do que aquela das gens comerciais, são abatidos mais precocemente, onde
com piores resultados sistemáticos sem tentar identificar tivesse qualquer sensibilidade com o bem estar do ser aves produzidas no fundo de quintal. A resposta para isto a relação água:gordura na carcaça é maior e, proporcio-
o que as demais estariam fazendo para ter melhores des- humano, ela também não aproveitaria esta alternativa, é muito simples - mais uma vez nada tem a ver com o nalmente, têm mais água na carcaça. Isto dá à gordura
empenhos de seus frangos? O grau de relacionamento pois ela, comprovadamente, tem resultados contradi- emprego de hormônios. A pigmentação dos frangos tem da carcaça uma aparência menos firme e, eventualmen-
dos técnicos e empresários da avicultura brasileira, atra- tórios e é completamente impraticável sob o ponto de sido menos intensa pelo uso de alimentos que dispõem te, menos amarela, quando menos pigmentos partici-
vés de órgãos de classe e de sociedade científicas, é tão vista econômico. de menos pigmentos naturais em suas composições e, param da composição da dieta. Assim, todas estas dife-
intenso que este “segredo de Estado” seria impossível de Outro aspecto importante e que não pode ser ignora- quando disponíveis, terminam sendo absorvidos pelas renças de composição das gorduras das aves oriundas
ser mantido pelas empresas conhecedoras desta tecnolo- do é que um número significativo de empresas avícolas aves, como aqueles que têm no milho, alfafa e nos pastos, de diferentes linhagens são devidas as suas diferenças
gia indevida. brasileiras exporta frangos de corte para mais de 100 paí- em geral. Entretanto, fazer um frango mais pigmentado é genéticas, período de criação e tipo de alimentação em-
Porém, ainda no campo da especulação, seria impos- ses. A propósito, nosso País é o maior exportador mundial muito fácil. Porém, a coloração amarela em nada altera a pregada. Mais uma vez, deve ser dito que estas caracte-
sível o desconhecimento de qualquer benefício dos hor- de frangos, superando exportadores tradicionais como os qualidade nutricional da carcaça. Esta característica é pu- rísticas não são alteradas pelo uso ou não de hormônios
mônios, pois a literatura técnica disponível é universal e de Estados Unidos da América e França. Como a indústria ramente estética e há países, como o México, que prefe- nas dietas. Desta forma, é importante ressaltar que toda
livre acesso a qualquer técnico que tenha curiosidade ou brasileira poderia correr mais este risco de ter seu produ- rem carcaças mais pigmentadas que aquelas produzidas e qualquer acusação individual ou coletiva com relação a
interesse em consultá-la. E aqui está o ponto mais impor- to condenado pela presença de alguma substância que no Brasil e em alguns países europeus. Cabe ressaltar que qualidade da carcaça de frangos de corte deve ser reava-
tante. A maioria das informações disponível na literatura viesse a comprometer a qualidade do produto exporta- o Japão e a Comunidade Européia, no momento, são os liada, pois tem sido feita de forma leviana e, via de regra,
internacional indica resultados controversos de qualquer dor? Aliás, a cautela da indústria brasileira é muito grande mercados importadores mais exigentes, e também procu- sem fundamento. Confundir hormônio com nutrientes
hormônio no beneficio do desempenho dos frangos de e várias substâncias, além de hormônios, não aceitas in- ram por frangos com carcaças pouco pigmentadas. Assim, como vitaminas, minerais, aminoácidos, etc. tem sido
corte. Nos últimos anos, têm sido estudadas drogas ditas ternacionalmente, não são usadas mesmo nas dietas de pigmentar as carcaças custa caro, não promove qualquer muito comum. Estas ondas podem prejudicar um setor
beta-adrenérgicas, também chamadas substâncias seme- frangos que serão consumidas no Brasil para evitar qual- benefício na sua qualidade e não está relacionado com o dos mais modernamente desenvolvidos em nosso País
lhantes a hormônios, na alimentação dos animais domés- quer risco de contaminação cruzada e que poderia com- tipo de linhagem genética que foi empregada. Se as galin- e que tem gerado emprego, alimento e riqueza e que
ticos. Estas drogas, teoricamente, permitem a redução da prometer nossas relações comerciais com outros países. has caipiras fossem produzidas sem alimentos ricos nes- não pode ficar com a imagem de que está produzindo,
concentração de gordura a aumentam a concentração Então, a pergunta que fica é por que as aves produzi- tes pigmentos, certamente também teriam suas carcaças de forma irresponsável, alimento para os brasileiros e
de proteína nas carcaças de frangos de corte e de outros das pela indústria avícola brasileira são tão precoces e tão menos pigmentadas, menos amarelas. É importante que indivíduos de outros.

84 NT #5 NT #5 85
Paula Bastos Valeri Claudio R. F. Carvalho
é Zootecnista pela UNESP Botucatu, com especialização é Zootecnista e Coordenador
AVES em Nutrição de Monogástricos na Texas A&M University e
Nutricionista de Aves da Nutron Alimentos.
Técnico Comercial da
Nutron Alimentos.

e o equilíbrio
ácido-básico
Avicultura é uma das atividades agropecuárias tornos metabólicos foram os mecanismos de ajuste
com maior evolução nas últimas décadas. Esta evo- do equilíbrio ácido-base. Um dos principais agentes
lução teve como suporte a melhoria constante no desencadeadores do desequilíbrio ácido-básico é
desempenho das linhagens, pela seleção genética e o estresse calórico. A susceptibilidade das aves ao
pelo melhoramento nas condições de alimentação, estresse calórico aumenta à medida que o binômio
manejo, instalações, sanidade, etc. Desde o início do umidade relativa e temperatura ambiente ultrapassa

ESTRESSE
moderno processo de melhoramento avícola, o obje- a zona de conforto térmico. Sob estresse calórico, a
tivo principal a ser alcançado foi o aumento da taxa ave tem dificuldade de dissipar calor, incrementando
de crescimento e eficiência dos frangos de corte. Por a temperatura corporal; com efeito negativo sobre o
sua intensidade, este processo terminou desencade- desempenho.
ando alguns transtornos metabólicos relacionados A manutenção do equilíbrio ácido-básico do meio
aos órgãos de suporte, além de uma menor resis- interno tem grande importância fisiológica e bioquí-

CALÓRICO
tência aos desafios sanitários de campo. Uma das mica, visto que as atividades das enzimas celulares,
maneiras desenvolvidas para contornar estes trans- as trocas eletrolíticas e a manutenção do estado es-

86 NT #5 NT #5 87
trutural das proteínas do organismo são profunda- normal podem causar mudanças acentuadas na velo-
Figura 2
mente influenciadas por pequenas alterações no pH cidade dos processos orgânicos vitais. Por outro lado, Resposta das aves à temperatura ao estresse calórico
sanguíneo (Macari, 1994). O equilíbrio ácido-básico o balanço ácido-base não pode somente ser definido
pode influenciar o crescimento, o apetite, o desen- em termos da concentração de íons hidrogênio no
volvimento ósseo, a resposta ao estresse térmico e o sangue, pois a manutenção desse equilíbrio é com-
metabolismo de certos nutrientes como aminoácidos, plexa, havendo o envolvimento de substâncias tam-
minerais e vitaminas (PATIENCE, 1990), assim como a pões bem como o controle dos sistemas respiratório
imunidade das aves (PIMENTEL e COOK, 1987). Sob e renal (Figura 1). Essas substâncias químicas são
condições normais, a utilização dos alimentos leva a encontradas nos fluidos do organismo e podem se
uma produção contínua de metabólitos ácidos e bá- combinar com ácidos ou bases, com a finalidade de
sicos, que devem ser metabolizados e/ou excretados prevenir as mudanças bruscas no pH. A essas subs-
para que a constância do pH seja mantida. Destes, o tâncias dá-se o nome de tampões e sabe-se que o íon
mais abundante é o ácido carbônico (H2CO3); mas bicarbonato (HCO3-) e o dióxido de carbono (CO2),
também há a formação de ácidos provenientes da junto com os aminoácidos e proteínas circulantes,
oxidação incompleta de aminoácidos, carboidratos e constituem-se no mais importante sistema tampão
gorduras. Lembrando que as reações químicas que para todos os vertebrados. Portanto, o balanço entre
geram ácidos têm como consequência a produção de ácidos e bases é influenciado pela concentração de
íons H+. As pequenas variações na concentração do anions e cátions da dieta, bem como por outros fato-
íon hidrogênio (mudanças de pH) em relação ao valor res ligados ao meio ambiente da produção avícola.

Figura 1 Adaptado: Borges et al., 1999


Mecanismo de controle do equilíbrio ácido-básico

submetidas ao estresse calórico agudo, as aves têm a


FISIOLOGIA DAS AVES X ESTRESSE frequência aumentada para até 250 movimentos por
CALÓRICO minuto (LINSLEY & BERGER, 1964).
As aves, sendo animais homeotermos, dispõem de A ave em estado de ofegação tem perdas excessivas
um centro termorregulador localizado no hipotálamo. de dióxido de carbono (CO2). Assim, a pressão parcial
Este centro é capaz de controlar a temperatura cor- de CO2 (pCO2) diminui, levando à queda na concentra-
poral através de mecanismos fisiológicos e respostas ção de ácido carbônico (H2CO3) e, consequentemente,
comportamentais mediante a produção e liberação de de hidrogênio (H+). Em resposta, os rins aumentam a
calor, determinando assim a manutenção da tempera- excreção de HCO3- (bicarbonato) e reduzem a excreção
tura corporal normal (MACARI et al., 2002). Entre as de H+ na tentativa de manter o equilíbrio ácido-básico
respostas fisiológicas compensatórias das aves, quan- da ave. Esta alteração do equilíbrio ácido-básico é deno-
do expostas ao calor, inclui-se a vasodilatação periféri- minada alcalose respiratória (Figura 2). Desta maneira,
ca, resultando em aumento da perda de calor não eva- os pulmões são fundamentais na regulação do equilí-
porativo. Assim, na tentativa de aumentar a dissipação brio ácido-base por meio da regulação da pCO2 no san-
do calor, a ave consegue aumentar a área superficial, gue, pois a taxa de ventilação alveolar (trocas entre o
mantendo as asas afastadas do corpo, eriçando as pe- ar atmosférico e o ar alveolar) é que irá determinar a
nas e intensificando a circulação periférica. A perda concentração de CO2 no organismo.
de calor não evaporativo também pode ocorrer com o
aumento da produção de urina, se esta perda de água ESTRESSE CALÓRICO X ELETRÓLITOS
for compensada pelo maior consumo de água “fria”. Eletrólito pode ser definido como uma substân-
Outra resposta fisiológica é o aumento na taxa respira- cia química que se dissocia nos seus constituintes
tória. A ofegação permite que ave controle a tempera- iônicos, tendo como importante função fisiológica a
tura do corpo pela evaporação da água das superfícies manutenção do equilíbrio ácido-básico corporal.
respiratórias e sacos aéreos. A frequência respiratória Função dos eletrólitos:
do frango de corte é em torno de 25 movimentos por Sódio (Na+) – Principal cátion extracelular – Atua
Fonte: Borges et al., 1999 minuto em ambiente de conforto térmico. Mas, quando na regulação da pressão osmótica, balanço hídrico,

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equilíbrio ácido-básico, manutenção dos potenciais tresse (BORGES et al., 1999b; SALVADOR et al., 1999). calórico, evitando a piora da qualidade da cama.
de membrana, absorção de monossacarídeos, ami- A diminuição dos níveis plasmáticos de K+ é atribuída a
• Utilizar o balanço eletrolítico como um coadjuvan-
noácidos e sais biliares. um aumento na excreção deste íon durante o estresse
te no processo de estresse calórico. É interessan-
Cloro (Cl-) – Principal ânion extracelular – Atua na re- crônico e um aumento do K+ intracelular comumente
te entender o momento de fazer a utilização do
gulação da pressão osmótica, balanço hídrico, equilí- encontrado durante o estresse agudo.
bicarbonato de sódio e/ou carbonato de potássio.
brio ácido-básico, formação do HCl (ativação enzimá- BORGES (2001) concluiu que a resposta ao balan-
Em termos gerais, podemos dizer que em relação
tica no estômago). ço eletrolítico da dieta depende da temperatura am-
a uma dieta a base de sal, o bicarbonato de só-
Potássio (K+) – Principal cátion intracelular – Atua biente. A ingestão de água está na dependência direta
dio pode elevar o Número de Mongin em 30 a 40
na regulação da pressão osmótica, despolarização da idade da ave e da relação Na+K-Cl na ração, sendo
meq/kg, já que o bicarbonato de sódio substitui o
de membrana, síntese protéica e equilíbrio ácido- que o aumento na ingestão de água provocado pela
cloro do cloreto de sódio. Entretanto, não deve-
básico. maior relação desses eletrólitos afeta diretamente
mos esquecer que existe um mínimo necessário
O sódio (Na+), o potássio (K+) e o cloro (Cl-) são a umidade da cama e reduz a temperatura retal nas
de cloro que deve ser respeitado na dieta. A partir
íons fundamentais na manutenção da pressão osmó- aves. A relação eletrolítica da dieta interfere no de-
disto, temos que utilizar o carbonato de potássio
tica e equilíbrio ácido-básico dos líquidos corporais. sempenho das aves, sendo que a relação ideal variou
Assim, os efeitos do balanço iônico da dieta no de- de 186 a 250mEq/kg. Balanço eletrolítico elevado • Reduzir proteína das dietas (levemente) e se ne-
sempenho das aves podem estar relacionados com (340 e 360mEq) pode resultar em alcalose metabóli- cessário adensar as rações de forma a reduzir o
as variações no equilíbrio ácido-básico (MONGIN, ca. A quantidade de eletrólitos excretados via urinária volume ingerido, sem alterar a necessidade das
1981). Portanto, é de fundamental importância o co- depende da concentração destes na ração e da tempe- aves. Esta última medida deve ser feita com muito
nhecimento do balanço iônico (“número de Mongin”) ratura ambiente. cuidado, pois pode aumentar excessivamente os
da dieta, demonstrado no cálculo abaixo: custos das rações.
MEDIDAS DE CONTROLE • Em dietas vegetais, pode haver excesso de po-
Algumas medidas podem ser tomadas para mi- tássio (proveniente do farelo de soja). Este pro-
nimizar as perdas decorrentes do estresse calóri- blema pode ser contornado com redução da pro-
co, podendo-se citar, entre outras, aclimatação das teína ou com o uso de outra fonte protéica, como
aves, manipulação da proteína e energia da dieta, o glúten 60.
utilização de antitérmicos, ácido ascórbico, eletróli-
tos, manejo do arraçoamento e da água de bebida. • Outra possibilidade é a utilização de vitamina C
A utilização de sais via água de bebida e/ou ração é (125 ppm), podendo ser adicionada na água ou ra-
A osmorregulação é conseguida pela homeos- uma alternativa frequentemente empregada pelos ção. Entretanto, é importante lembrar que a mes-
tasia destes íons intra e extra celular. Em condições avicultores na tentativa de manter o equilíbrio ácido- ma deve ser administrada logo após o estresse
ótimas, os conteúdos de água e eletrólitos são man- básico e reduzir as perdas decorrentes do estresse calórico para obtenção de bons resultados.
tidos calórico. Dentre os sais utilizados, podemos citar o • Avaliar a qualidade da água. Lembrar que em re-
dentro de limites estreitos. Mas a perda de eletró- carbonato de potássio (K2CO3), cloreto de potássio giões que possuem água “dura”, ou seja, rica em
litos (Na+ ou K+), sem alteração no conteúdo de água (KCl), bicarbonato de sódio (NaHCO3). Consideran- minerais, força as aves a eliminarem esses mine-
do corpo, reduz a osmolalidade destes fluídos. Os níveis do a abordagem teórica detalhada até o momento, rais em excesso e estes, seguramente, carrearão
de Na+, K+ e Cl- do plasma também são afetados pelo podemos concluir que em termos práticos a nutri- consumo pelas aves é ao redor de 24° C. E, quan- outros minerais.
estresse calórico. À medida que a temperatura aumen- ção pode ajudar a contornar as situações adversas do a temperatura chega a 36° C, a ave cessa o
ta, as concentrações de K+ e Na+ diminuem, enquanto de estresse calórico, porém os pontos mais impor- consumo de água, com impactos severos sobre o
que o Cl- aumenta (BELAY & TEETER, 1993; BORGES et tantes para evitarmos perdas de produtividade e de ganho de peso. CONSIDERAÇÕES FINAIS
al., 1999b). A alcalose respiratória provoca a redução da aves são: A exposição das aves a temperatura ambiente
• Evitar o manejo em períodos quentes e estimular elevada resulta em alcalose respiratória e, conse-
competição entre H+ e K+ para excreção urinária e, por-
a alimentação das aves nos horários mais frescos. quentemente, no desequilíbrio ácido-básico, afetan-
tanto, aumenta a perda de K+ na urina. Este mecanismo • Prover as aves uma ambiência adequada com as
Deve-se analisar a necessária iluminação nestes do a produtividade por prejudicar a taxa de cres-
pode aumentar a necessidade de K+ durante o período condições climáticas de cada região. Em locais
horários (noite) e ter equipes treinadas para fazer cimento, produção de ovos, qualidade da casca do
de estresse calórico. A taxa de excreção de K+ pela uri- muito quentes, é indicado prever a estrutura de
a distribuição de forma uniforme no caso de re- ovo, além do aparecimento de problemas locomoto-
na é variável, estando ligada à concentração plasmática ambiente controlado, com adequada renovação
produtoras. res, etc. Quando os desequilíbrios não são compen-
de Na+ e ao estado de hidratação da ave, sendo que as de ar, objetivando menor ofegação das aves e,
perdas podem ser causadas por um aumento no con- consequentemente, menor perda de CO2, na ten- • Manter a cama seca, sendo que a movimentação sados, determinam aumento na mortalidade. A for-
sumo de água, já que o gradiente osmótico favorece o tativa de evitar a alcalose respiratória. deve ser feita sempre nos horários mais frescos, mulação de rações com base no conceito de balanço
movimento de água do fluído intracelular para urina, com boa ventilação. Lembrar que toda a água exce- eletrolítico, a adição de sais na água e/ou na ração
• Manter a temperatura da água fresca para as e um manejo adequado são práticas que podem ser
podendo carrear o K+. Por outro lado o aumento na in- dente consumida em condições de estresse calóri-
aves, nunca deixando canos expostos ao sol ou adotadas para corrigir distorções no equilíbrio ácido-
gestão de K+ também resulta em maior perda urinária, co será eliminada e deverá ser removida do aviário.
próximos a locais quentes como telhados. Fazer básico, com o objetivo de minimizar os prejuízos na
visto que a ave tem pouca capacidade de conservar o Se as aves consomem água fresca necessitarão in-
regularmente flushing da água parada nos canos, produção avícola.
K+ corporal. O nível sérico de K+ diminui durante o es- gerir menor quantidade para redução do estresse
lembrando que a temperatura adequada para

90 NT #5 NT #5 91
Alisson Carlos Tedesco Schmidt
é Médico Veterinário formado pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e Coordenador Técnico Comercial de
SUÍNOS Suínos da Nutron Alimentos.

Esta característica deve-se ao metabolismo ele- o desmame de uma leitegada numerosa e com bom
vado e à espessa camada de tecido adiposo. Soma- peso. O consumo, muitas vezes, é estimado, pois não
se a estas a baixa capacidade para dissipar calor em se realizam pesagens das quantidades de ração for-
função de possuírem um sistema termorregulador necida às porcas. Portanto, o primeiro passo para
pouco desenvolvido. A elevação da temperatura retal certificarmo-nos de que as matrizes estão ingerin-

MANEJO
pode ser fatal quando atingir valores de 44,5°C, uma do a quantidade de ração desejada, é avaliarmos e
vez que os suínos não têm a capacidade de sudorese mensurarmos o desperdício de ração. Leitegadas
(Lee & Phillipis). Os suínos são animais homeotérmi- amamentadas por matrizes que apresentaram uma
cos. Isto significa que a temperatura corporal man- queda no consumo de ração de no mínimo 1,6 Kg por

DE VERÃO:
tém-se dentro de uma faixa (38 a 39°C), indepen- pelo menos 2 dias, tiveram menor peso ao desmame
dentemente da oscilação da temperatura ambiental. em relação a leitegadas provenientes de matrizes
Para que esta necessidade seja atendida, o ambiente que apresentaram uma constância na ingestão de
em que os animais são alojados deve oferecer con- ração durante a lactação (Koketsu, 1996). O efeito do

cuidados na
dições adequadas. Na tabela 1, está descrita a zona consumo de ração sobre a produção de leite torna-
de termoneutralidade para cada fase de produção, se mais evidente de acordo com a progressão da
demonstrando qual é a zona de conforto e as tempe- lactação, ou seja, ao passo que a lactação avança, o
raturas críticas mínimas e máximas toleradas. impacto do aumento no consumo de ração torna-se

lactação
A maternidade é um setor diferenciado dentro mais importante. De acordo com Koketsu (1997), um
da granja no que diz respeito ao controle da tempe- incremento no consumo de 1 kg/dia durante a primei-
ratura. O desafio é fornecer temperatura adequada ra semana de lactação resultou em um aumento de
tanto para os leitões quanto para as matrizes. Assim 0,33 Kg no peso da leitegada ao desmame, enquanto
sendo, é impossível manter um ambiente único que que a segunda e terceira semana propiciaram um in-
seja agradável tanto para os leitões quanto para as cremento de 0,51 e 0,74 Kg no peso da leitegada ao
matrizes. Comumente, observa-se uma preocupação desmame, respectivamente. A demanda energética
em fornecer um ambiente agradável para os leitões da matriz suína para a produção de leite pode che-
Os avanços genéticos e nutricionais ocorridos na sui- e deixa-se a desejar a preocupação com o conforto gar até 100% do total da energia consumida, isto é,
nocultura possibilitaram um incremento significativo na das matrizes. A manutenção das matrizes lactantes uma fêmea que consome 20.400 Kcal por dia pode
produtividade das matrizes. Leitegadas de 13 a 14 leitões es- fora da zona de conforto térmico compromete a in- utilizar até 20.400 kcal por dia para produzir leite.
tão cada vez mais presentes. Neste contexto, a fase de alei- gestão de alimento e a produção de leite. A produção Esta característica demonstra a grande necessida-
tamento tornou-se muito importante para compor o índice de leite é influenciada por diferentes fatores, entre de energética que uma matriz suína tem para pro-
de desmamados/porca/ano. A exigência sobre a matriz para os quais podemos citar: tamanho da leitegada, fre- duzir leite. Fica claro, desta forma, que a produção
uma boa produção de leite aumentou. Conhecer e compre- quência de mamadas, intensidade das mamadas,
ender os fatores associados à produção de leite e suas in- tamanho do leitão, consumo de ração pela matriz,
terferências é fundamental para alcançarmos os resultados qualidade da ração fornecida, temperatura ambien-
esperados e para traçar estratégias de trabalho eficazes. En- te, ordem de parto, fase da lactação e genética. Uma
tre os animais domésticos, os suínos são os mais sensíveis a das principais características climáticas no sul do
altas temperaturas. Brasil é a presença de invernos rigorosos e verões
com temperaturas elevadas. Neste cenário, a adoção
de estratégias de manejo e nutricionais apropriadas
para épocas quentes é fundamental. Dentre os fato-
res que influenciam a produção de leite, acima cita-
dos, abordaremos com mais detalhes o consumo de
ração pela matriz e a temperatura ambiente.
Consumo de ração - A alimentação das matrizes
em lactação tem como principal objetivo possibilitar
Fonte: Silva (1999)

92 NT #5 NT #5 93
de leite é prioritária e que os demais tecidos ficam conforto térmico (20°C), as matrizes que consu-
em segundo plano. Mesmo ocorrendo um consumo miram pouca ração foram capazes de mobilizar as
adequado de energia, ocorre uma mobilização de reservas corporais para a produção de leite, contra-
reservas corporais. Outro ponto importante sobre o pondo as matrizes que foram alojadas em ambiente
consumo de ração na lactação é o efeito da ingestão de estresse térmico (30°C), que mobilizaram reser-
proteica e energética no crescimento e desenvolvi- vas, mas não conseguiram manter o desempenho da
mento do aparelho mamário. A ingestão de 16,9 Mcal leitegada. Em suma, a produção de leite é prejudica-
de energia metabolizável e 55 gramas de lisina por da quando as matrizes estão sob estresse térmico
dia é positiva para o desenvolvimento das glândulas e também quando o consumo de ração é restrito.
mamárias. Ao longo da lactação, com o aumento do Neste contexto, torna-se imprescindível, para que a
consumo energético, houve um maior crescimento matriz tenha uma boa produção de leite, a adoção de
das glândulas mamárias. Fisiologicamente, o con- medidas para o controle da temperatura ambiente
sumo de ração é menor após o parto e aumenta de nas salas de maternidade assim como um planeja-
acordo com o passar da gestação. Além desta carac- mento nutricional adequado para épocas quentes,
terística, o consumo pode ser afetado por demais não esquecendo do fornecimento de água. Cada sis-
fatores, entre os quais, a temperatura ambiental é o tema, cada granja deve procurar avaliar o que pode
mais importante. ser melhorado e implantado para que o controle da
Temperatura ambiental - Nos períodos quentes temperatura dentro das salas de maternidade seja
do ano, a alta temperatura ambiental é responsável mais eficiente e, desta forma, melhores resultados
por grande parte dos problemas relacionados ao neste setor possam ser alcançados.
consumo de ração na maternidade pelas matrizes.
Dados de literatura sugerem que, para cada grau aci-
ma da temperatura de conforto, o consumo diminui
de 300 a 400 Kcal de energia digestível por dia. Além
de afetar o consumo energético, altas temperaturas
interferem na produção de leite. A ingestão de água
também sofre influência da temperatura ambiental.
Animas sob estresse térmico (passando calor) po-
dem aumentar a relação litros de água/kg de ração
ingeridos de 3:1 para 5:1. Quando matrizes suínas são
submetidas à ambientes com diferentes temperatu-
ras, podemos notar diferenças nos pesos dos leitões
desmamados assim como diferença na quantidade
de ração consumida por estas matrizes (Messias de
Adaptado de Messias de Bragança et. al. (1998)
Bragança) (Tabela 2). Comparando os grupos de ma-
trizes que foram alojados em um ambiente com tem-
peratura de 20°C (grupos 1 e 2), observa-se que, mes-
mo com um consumo de ração menor, as matrizes do
grupo 2 desmamaram leitões com peso semelhante
às leitões do grupo 1, que receberam ração à vonta-
de. Isto foi possível graças a uma maior mobilização
de reservas corporais, que pode ser evidenciada pela
maior perda de peso e espessura de toicinho. Quan-
do comparamos os grupos 2 e 3, observamos que,
mesmo com um consumo de ração muito parecido,
as matrizes que foram alojadas em um ambiente de
30°C (grupo 3) desmamaram leitegadas com menor
ganho de peso. Houve uma menor mobilização das
reservas corporais para a produção de leite.
Com base nos resultados deste autor, podemos
inferir que a temperatura ambiental tem um maior
impacto sobre a produção de leite do que propria-
mente o consumo de ração. Em uma situação de

94 NT #5
Thomas Voorsluys
é Zootecnista, pós graduado em Negócios
Internacionais pela FAE Business School e Gerente
SUÍNOS de Produtos da Nutron Alimentos.

Por tratar-se do setor pri-


mário da cadeia produtiva, a
suinocultura caracteriza-se por

QUANDO
margens relativas baixas, exi-
gindo escala de produção. Além
disso, temos ainda as oscilações
de preços que representam um
fator de risco para a atividade.
Como já é de conhecimento

INVESTIR
de todos que atuam neste seg-
mento, os custos com alimen-
tação dos animais representam
entre 60 e 70% do custo total
de produção, havendo, portan-

EM UM
to, avaliação criteriosa no uso
dos ingredientes que compõem
a ração. Atualmente, o mercado
de aditivos tem disponibiliza-
do alternativas que oferecem
possibilidades para melhorias

ADITIVO?
destas margens através do au-
mento da digestibilidade dos in-
gredientes, melhoria de desem-
penho zootécnico, entre outros
benefícios. Entretanto, é neces-
sária uma avaliação criteriosa
afim de garantir o retorno so-
bre o investimento em relação
a estes aditivos. Normalmente,
utiliza-se o critério de retorno
mínimo de 10% sobre o inves-
timento, ou seja, para cada R$
1,00 investido, aumento de re-
ceita em R$ 1,10. Produtores de
suínos e nutricionistas são abor-
dados constantemente com ofertas e material técnico sobre diversos
aditivos, cada um mostrando seu alto retorno sobre o investimento. Mas
como nós podemos decidir qual aditivo escolher? Como nós avaliamos as
pesquisas que são apresentadas a nós? Parâmetros da ração, sanidade,
ambiência e manejo afetam as respostas aos aditivos?

96 NT #5 NT #5 97
Mudanças podem ocorrer constantemente nas de um aditivo será mais beneficente, principalmente variabilidade como, por exemplo, pesos iniciais dife- hores instalações de pesquisa e as análises realizadas
granjas, incluindo clima, sanidade, dietas e práticas de para o incremento da lucratividade de uma operação. rentes entre os tratamentos. Considerar este peso ini- de forma correta, não se pode afirmar que a resposta
manejo. Isso torna difícil dizer se realmente um adi- Os nutricionistas deverão fazer recomendações de cial como covariável no modelo estatístico minimiza, obtida em uma avaliação, em uma determinada si-
tivo proporcionou uma melhora na produtividade. A dieta que maximizem o desempenho do animal, caso de forma matemática, a interferência desta diferença tuação, se repetirá em qualquer circunstância e em
maioria dos aditivos poderá resultar numa pequena se tome a decisão de testar um aditivo. e possibilita uma avaliação em maior grau de igualda- qualquer propriedade. O ideal é que as empresas que
melhora em ganho de peso diário (GPD) e conversão de entre os tratamentos avaliados. fornecem estes aditivos invistam suas pesquisas em
alimentar (CA), e essa pequena melhora poderá tam- Normalmente, os resultados do desempenho dos diferentes situações de sanidade, dietas, ambiente e
Análises estatísticas nos ajudam
bém variar por diversas outras razões. Uma compa- animais entre os grupos avaliados são reportados em manejo, com o intuito de assegurar a bioeficácia deste
ração feita entre períodos de tempo com o uso e não
a decidir quando um resultado forma de tabelas, em que constam os valores de co- produto quando submetido a diversas situações. Se
uso de um determinado aditivo não seria apropriado positivo de produtividade deve-se eficiente de variação (CV) e de probabilidade (P). O o aditivo avaliado promover um resultado constante,
para auxiliar numa eventual decisão. Algumas ava- efetivamente ao aditivo CV expresso na tabela é uma medida de dispersão com uma quantidade representativa de pesquisas em
liações são bem conduzidas a ponto de parecerem Uma boa avaliação estatística, geralmente, apre- que representa a porcentagem da variação dos da- várias situações, é possível ter maior confiança de
pesquisas científicas com muitos números e gráficos senta um grupo controle (com a dieta normalmente dos em relação à média, ou seja, quanto menor o CV, que este produto irá desempenhar com sucesso nas
que podem em um primeiro momento nos causar utilizada na granja) e um ou dois grupos tratamento maior confiabilidade teremos no dado obtido e, prin- diferentes realidades de cada granja.
uma boa impressão do aditivo. Mas, novamente, como (com a adição do aditivo em avaliação). Para assegu- cipalmente, no controle da condução do experimento Existem diversos aditivos no mercado que são se-
excluir o efeito das variáveis clima, dieta, sanidade, rar que o ambiente, a sanidade, as mudanças de dieta e da coleta dos dados. O valor de P, ou também con- melhantes. Algumas empresas usam isto como uma
manejo, etc. Uma boa empresa, antes de lançar um e outros fatores não afetem o resultado da avaliação, hecido como probabilidade, representa se a diferença vantagem e, muitas vezes, apropriam-se de pesqui-
produto no mercado, deve fazer seu dever de casa, os animais recebem seus tratamentos “lado a lado”. O entre as médias é estatisticamente diferente. Mesmo sas alheias ao invés de elas mesmas conduzirem os
ou seja, conduzir testes sobre a composição do adi- grupo controle e o grupo tratamento devem ser sub- que as médias sejam numericamente diferentes, com experimentos. Como exemplo: produtos à base de le-
tivo em um laboratório qualificado e conduzir expe- metidos ao mesmo ambiente (galpão), com o mesmo o valor de P é possível decidir se elas diferem o sufi- veduras diferem por serem originados de cepas dife-
rimentos em granjas específicas para testes onde as manejo, mesma dieta, categoria animal e nas mesmas ciente para poderem ser consideradas de importância rentes, adsorventes apresentam estruturas químicas
variáveis são conhecidas e controladas. Seu modo de condições sanitárias. Os grupos de animais devem ser prática. Para dados de desempenho, de forma geral, diferentes. Portanto, não se pode ter certeza que um
ação, embora muitas vezes de difícil compreensão, distribuídos de forma homogênea, antes que a ava- considera-se um P de 0,10 para avaliar as diferenças produto de uma empresa seja igual ao de outra em-
deverá fazer sentido em função de conceitos nutricio- liação comece. Isto significa que o peso médio inicial estatísticas. Por exemplo, o valor de P<0,10 significa presa. Existem também produtos que, por sua nítida
nais existentes. Compreender o modo de ação de um seja similar em ambos os grupos, com e sem o aditivo. que há 90 por cento de chance que a diferença em comprovação de melhora de resultados zootécnicos e
determinado aditivo, sua consistência nos resultados, Qualquer desvio (conhecido como desvio padrão) da produtividade entre os dois grupos (Controle X Tra- econômicos, são patenteados e de distribuição exclu-
irá ajudar a decidir melhor se os animais responderão média dos grupos deverá também ser similar. O mo- tamento) seja devido ao uso de um aditivo. O valor de siva, tornando o aditivo em um diferencial tecnológico.
ao uso do aditivo. Antes que um aditivo seja incluído delo estatístico a ser empregado na avaliação deve P de <0,10 algumas vezes é chamado de ”direção” ou Um aditivo pode também ser avaliado em condições
na ração, é necessário ter segurança que existe uma ser definido antes que o experimento se inicie. Isto “tendência”. comercias de campo. Estas avaliações em granjas co-
boa fundamentação de pesquisa e resultados, e que possibilita um maior controle dos erros experimentais A Tabela 1 ilustra o exemplo da avaliação de um merciais podem ser estatisticamente confiáveis e tal-
este proporcionará margens positivas. As empresas e aumenta a eficácia com que o experimento será aditivo na fase de crescimento e terminação de suínos. vez próximas da real necessidade do que se busca na
que conhecem o resultado de seus produtos em di- conduzido. A estatística permite também alguns ajus- Os resultados foram expressos em porcentagem pro- prática em termos de custo: benefício. Uma avaliação
versas circunstâncias saberão quando o emprego tes nos dados para que haja pouca interferência na positalmente para facilitar a compreensão da análise. a campo com uma grande quantidade de animais, as
Seguindo a explicação sobre o CV é possível, primeira- variáveis de manejo, instalações e outros fatores se
mente, afirmar que a variação do experimento foi bem “diluem”, fazendo com que o coeficiente de variação
controlada (para experimentos de desempenho com seja mais próximo do zero, dando confiabilidade para
suínos, assuma-se um CV menor do que o de 10%, a avaliação.
Tabela 1
Resultado de avaliação de um aditivo na fase de crescimento e terminação. para um bom controle dos dados). Já a probabilidade
indica que houve diferença significativa (P<0,10) entre Considerações Finais
os dois tratamentos para as variáveis: ganho de peso Ao mesmo tempo em que se buscam os benefícios
Aditivo Número de Peso Médio Ganho de Peso Médio Conversão Mortalidade
diário (GPD), peso médio final (PM Final) e conversão primários (melhor conversão alimentar e aumento de
Animais inicial Peso Diário Final Alimentar
alimentar (CA). Isto mostra que ha grandes chances ganho de peso) de algum aditivo, existem benefícios
Sim 4158 100,69% 107,79% A 102,96% A 96,25% B 81% b (90%) desta melhora ter sido pela a adição do aditi- secundários (melhor uniformidade, menor incidência
Não 4473 100% 100% B 100% B 100% A 100% a vo. O teste aplicado para as variáveis (GPD, PM Final e de distúrbios gastrointestinais) que também são inte-
CA), apresentado na tabela 1, foi o teste T, que é o mais ressantes de serem investigados. Na avaliação da efi-
P - 0,68 <0,01 <0,01 <0,01 <0,06
apropriado para uma comparação entre duas médias. cácia de um aditivo, vários fatores devem ser conside-
CV (%) - 3,8 5,0 3,3 2,4 - Para a variável mortalidade foi utilizado o teste Qui- rados como o modo de ação, o número de pesquisas
Quadrado, mais indicado para esta variável. Existe realizadas em diferentes situações, a confiabilidade
* A,B Médias de desempenho com letras diferentes na mesma coluna diferem (teste de Tukey, P<0,10); uma variedade de testes para comparação de médias, dos dados, etc. Só desta forma será possível a tomada
** a,b Médias de mortalidade com letras diferentes na mesma coluna diferem (teste de Qui-Quadrado, P<0,10); entretanto, este tópico deve ser explorado mais detal- de decisão em optar ou não pelo uso do produto em
hadamente em artigos futuros. Mesmo com as mel- uma granja.

98 NT #5 NT #5 99
Daniel Gonçalves Bruno Antônio Mário Penz Junior
é Médico Veterinário e trabalha é Engenheiro Agrônomo e Doutor em Nutrição Animal
NUTRIÇÃO DO AMANHÃ em Pesquisa e Desenvolvimento
no Grupo Provimi.
(Universidade da Califórnia), Mestre em Zootecnia
(UFRGS) e Diretor Mundial de Aves do Grupo Provimi.

Nutrição e meio ambiente


O que deve mudar na
A produção de aves continua crescendo em ritmo acelerado, sobretudo devido ao crescimento da
população mundial. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO), em 2008, 56,8 bilhões de aves foram abatidas para o consumo humano. Este aumento na de-
nutrição para atender estas manda tem exigido uma intensificação na produção de aves e, em contrapartida, tem se observado um
aumento na produção de dejetos por unidade de área. Por fim, estamos observando um rigor cada vez

novas exigências? maior nas legislações ambientais e um dos desafios da atividade avícola do século 21 será a diminuição
de seu impacto sobre o meio ambiente. É de conhecimento geral que uma nutrição otimizada diminui o
potencial poluidor da produção de aves. O objetivo deste texto é de sugerir estratégias do ponto de vis-
ta nutricional e de manejo alimentar que possam ser empregadas para minimizar a excreção excessiva
de nutrientes (poluentes) no ambiente.

100 NT #5 NT #5 101
1. Estratégias para diminuir a excreção de rrâneas. Assim, atualmente, é importante entender a forma com que o fósforo é excretado e/ou dispo-
nibilizado na natureza (solúvel ou insolúvel). Por fim, a otimização da utilização de fósforo possui um
nutrientes de forma geral impacto econômico bastante acentuado, sendo um dos nutrientes mais caros nas formulações, ficando
De maneira geral, medidas que propiciem uma dieta com níveis nutricionais mais ajustados para somente atrás da energia e da proteína. Cerca de 50 a 80% do fósforo presente nos cereais não está
cada fase e categoria animal, evitando a formulação com amplas margens de segurança, implicam disponível para os animais monogástricos, pois está complexado com o ácido fítico, sendo, consequen-
em redução na excreção ambiental de nutrientes. Estas medidas estão relacionadas, por exemplo, à temente, excretado no ambiente. Assim, o uso de fitases exógenas, utilizadas para tornar o fósforo
formulação mais precisa das dietas, evitando margens de segurança muito amplas. Para tanto, é ne- fítico mais disponível aos frangos, é uma alternativa importante para diminuir a sua excreção e para
cessário ter dados precisos da composição nutricional das matérias-primas; que se obtenha os pesos baratear o custo das fórmulas, diminuindo a inclusão de fontes inorgânicas de fósforo. Deve-se evitar,
precisos dos ingredientes e das batidas, e que se formule as dietas com base nos valores disponíveis dos no entanto, associar o uso de fitase à formulações com altas margens de segurança, pois há evidências
nutrientes, e não somente com base nas análises químicas. Uma valiosa ferramenta que se apresenta científicas de que, quando há excesso de fósforo na dieta, a utilização de fitase aumenta a eliminação
promissora para o futuro é a tecnologia NIRS, que dará a oportunidade de se obter a composição de da forma solúvel do fósforo no ambiente. Além da fitase, há ainda outros aditivos que estão associados
cada lote de ingrediente na fábrica de ração rapidamente, e a um baixo custo, permitindo ajustes nas a aumento na absorção de fósforo, tais como os ácidos orgânicos e a vitamina D3 e seus metabólitos
matrizes nutricionais antes da produção da ração. Outros conceitos, como a segregação de ingredien- (1,25 dihidroxicolicalciferol (1,25-(OH)2D3), 1α colicalciferol (1α-OHD3), 25 hidroxicolicalciferol (25-OHD3)).
tes nas fábricas de acordo com sua qualidade nutricional, também irão culminar na otimização destes Importante também atentar para a relação entre cálcio e fósforo das dietas, uma vez que o primeiro
para as necessidades das aves e diminuição da sua excreção por excesso de ingestão. O aumento no prejudica a absorção do segundo, sendo recomendado uma relação Ca:P de não mais que 2,2:1 para
número de fases alimentares com a finalidade de diminuir a excreção de nutrientes está fundamentado frangos. Outras estratégias em termos de tecnologia na fabricação de alimentos podem ser emprega-
no conceito de que, conforme as aves crescem, suas exigências nutricionais mudam. Quando o progra- das ainda, destacando-se a utilização de dietas com maior tamanho de partícula, o que, segundo alguns
ma nutricional está dividido em poucas fases, as aves passarão maior número de dias alimentando-se autores, aumentaria a absorção de fósforo e outros nutrientes, pois ficam retidas por mais tempo na
com uma dieta cujos níveis nutricionais estão aquém ou além dos exigidos para a idade; no primeiro moela. No campo do melhoramento genético, o desenvolvimento de variedades de milho com baixa
caso, sua performance será menor do que seu potencial genético permite, enquanto que, no segundo presença de fitato já é uma realidade.
caso, a excreção de nutrientes para o ambiente é aumentada porque a ave não está sendo capaz de
utilizá-los totalmente em sua síntese de tecidos. A microbiota presente no trato gastrintestinal das aves
exerce pronunciado efeito sobre o seu crescimento e sua eficiência de utilização dos nutrientes, po-
4. Estratégias específicas para diminuir a
dendo afetar a morfologia do lúmen intestinal, alterando também a utilização de nutrientes exógenos excreção de microminerais
e endógenos no lúmen. Assim, caso a microbiota esteja desbalanceada, a retenção de nutrientes é No caso dos microminerais, uma abordagem para minimizar a inclusão de fontes inorgânicas
comprometida e a excreção de nutrientes ao ambiente é aumentada. Portanto, aditivos que possuem de microminerais na dieta é a formulação baseada no conteúdo de minerais que os ingredientes
ação benéfica sobre a microbiota diminuem a excreção de poluentes. possuem. Para exemplificar, autores observaram que a disponibilidade de magnésio, manganês e
cobre no farelo de soja é de 50 a 78%; ainda, fosfatos defluorinados contém até 10.000 ppm de fe-

2. Estratégias específicas para diminuir a rro, sendo este mineral, em média, 50% biodisponível. A forma na qual os minerais estão disponíveis
influencia sua absorção intestinal e, consequentemente, a excreção destes no meio ambiente. Em
excreção de nitrogênio geral, quando os minerais estão na forma de sulfatos são mais disponíveis do que na forma de óxidos.
O nitrogênio dos dejetos animais apresenta-se, principalmente, como óxido nítrico (NO3) e amônia, Nas últimas décadas, vem também intensificando-se as pesquisas sobre outras fontes de minerais
que são emitidos à atmosfera, e como nitrato que, através da penetração no solo e da lixiviação pela teoricamente mais biodisponíveis que as inorgânicas, como as fontes orgânicas e básicas. Enquanto
água das chuvas, atinge as águas dos lençóis freáticos, rios e lagos. Na atmosfera, a amônia forma as primeiras consistem, de maneira simplista, em moléculas de minerais complexadas a moléculas
aerossóis com propriedades ácidas e, ainda, é uma fonte de odores na avicultura, com implicações ne- orgânicas (aminoácidos, polissacarídeos e proteinados) e, por isso, mais facilmente absorvidas pelo
gativas sobre o bem estar das aves e críticas em algumas regiões em que há grande proximidade entre epitélio intestinal, os minerais básicos são menos reativos com os outros nutrientes nas condições
as granjas e os centros urbanos. Uma das maneiras de reduzirmos a excreção deste nutriente é a di- fisiológicas do trato gastrointestinal.
minuição da quantidade de proteína bruta da dieta, através da formulação com base na digestibilidade
dos aminoácidos e da relação entre eles, além da utilização de aminoácidos sintéticos nas fórmulas.
Pesquisadores australianos estão também tentando aplicar em frangos um conceito bem conhecido
entre os nutricionistas da espécie suína: o da formulação com base na energia líquida. Esta é definida
como a energia metabolizável menos a perda de energia causada pelo incremento calórico (ou calor
5. Conclusão
A busca por melhorias nas dietas pode ser uma maneira efetiva de diminuir a eliminação dos princi-
produzido durante a digestão do alimento, do metabolismo dos nutrientes e da excreção). Como as pro-
pais poluentes pelas excretas das aves, bem como a produção de odores. Princípios básicos de nutrição,
teínas são substâncias que são submetidas à síntese e ao catabolismo, a sua metabolização acarreta
como a utilização de matérias primas de qualidade, a diminuição da amplitude das margens de segu-
gasto energético. No sistema de energia líquida, o custo da energia ($/tonelada, dividido pela energia)
rança a partir do melhor conhecimento do teor nutricional dos ingredientes, bem como a utilização do
é diferenciado, de modo que o custo/kcal aumenta para alimentos ricos em proteínas, e é menor para
processamento e o conhecimento relativos ao tamanho de partícula dos ingredientes, irão permitir me-
aqueles ricos em gordura, quando comparado com os sistemas que utilizam energia digestível ou ener-
lhorar a retenção destes nutrientes pelas aves e diminuir sua excreção no meio-ambiente. Novas fontes
gia metabolizável, forçando a limitação da utilização de ingredientes caros, ricos em proteína.
de minerais, com melhor biodisponibilidade, estão sendo pesquisadas. O advento das fitases é uma
tecnologia que permitiu a diminuição da inclusão de fontes inorgânicas de fósforo. Essas estratégias, se
3. Estratégias específicas para diminuir a bem empregadas, podem, além de diminuir o impacto ambiental da atividade avícola, trazer benefícios

excreção de fósforo econômicos ao produtor, que irá baratear o custo das dietas.

É um dos principais nutrientes que causam eutroficação, poluindo as águas superficiais e subte-

102 NT #5 NT #5 103
COOPERATIVISMO

A Cooperativa Agropecuária Arapoti Ltda nasceu fa- pacidade desta fábrica para até 150 mil toneladas, com a
lando holandês. Fundada em setembro de 1960, os 21 só- construção de mais uma unidade e ampliação dos setores

CAPAL
cios, todos de nacionalidade holandesa, só conversavam de expedição de rações, estocagem e produto acabado”,
no idioma do país onde nasceram. As primeiras reuniões adianta o Superintendente Adilson Roberto Fuga.
com sotaque verde-amarelo só começariam treze anos A Capal possui hoje 780 cooperados e uma produção
depois, quando dois associados brasileiros foram eleitos de 107 mil toneladas de soja, 150 mil toneladas de milho e
para a diretoria da cooperativa. Um processo de integração 63 mil toneladas de trigo (safra 2009-2010). Nas contas
rico e que deu ainda mais vigor à cooperativa. Em 1976, da administração, houve uma transferência de 20% do
foi criado o entreposto de Itararé e inaugurada a fábrica milho para a soja na safra 2010-2011, mas a safrinha do
de rações . Hoje, a cooperativa faz cinquenta anos, inves- ano que vem deve voltar a brilhar por causa do aumento
tindo em tecnologia e qualidade, trabalhando com grãos, nos preços internacionais e nacionais dos grãos. Na área
pecuária de corte e leiteira, além dos suínos. A matriz fica animal, são 8,2 mil toneladas de carne suína e 46 milhões
em Arapoti, ponto que fecha a rota dos holandeses pelo de litros de leite. O faturamento deve fechar 2010 em
Paraná, a 170 quilômetros de Curitiba. A 340 milhões de toneladas. “Dois mil e dez
Capal mantém sete unidades em Arapoti, ainda foi um ano muito difícil, complicado
Itararé, Wenceslau Braz, Carlópolis, Ta- Cooperativa para a agricultura. Desde o fim de 2008,
quarituba e Taquarivai, além de uma loja
agropecuária e um posto de combustíveis.
faz 50 anos enfrentamos contratempos, a cooperativa
teve redução de faturamento, mas agora as
Fornece insumos agrícolas e pecuários, perspectivas para 2011 são ótimas. Teremos
assistência técnica, infraestrutura para receber, armaze- bons preços nos suínos, o leite está crescendo e os preços
nar e comercializar a safra pelos melhores preços de mer- serão melhores para os agricultores”, revê Adilson Fuga. A
cado. Atende produtores de trinta municípios da Região cooperativa já investiu 40 milhões de reais na ampliação e
Nordeste do Paraná e sul de São Paulo, num raio de 160 modernização do parque industrial desde 2004 e o câm-
quilômetros. Os cooperados têm à disposição armazena- bio não afeta a lucratividade porque a Capal não faz ven-
gem e secagem de grãos, venda de insumos para plantio das externas, apenas comercializa com as tradings. “São
e manutenção das lavouras, sementes, produtos veteriná- bons cenários para o futuro. E é com base neles que pre-
rios e equipamentos para ordenha, além de uma fábrica tendemos seguir, investindo pesado e ampliando. Assim,
de rações fareladas e peletizadas para bovinos, suínos, já em 2011, podemos pensar em voltar a registrar cresci-
aves e cães. “Atualmente, a produção está em aproxima- mento no faturamento. Nada mal para quem fez cinqüen-
damente 100 mil toneladas, mas queremos ampliar a ca- ta anos”, estimou brincando o Superintendente da Capal.

POTÊNCIA ECONÔMICA
Cooperativas sustentam economia dos Estados e da União
O Brasil possui a 10ª economia do mundo e tem no cooperativismo uma contribuição decisiva por ter alcançado
essa posição e lutar agora, nos próximos vinte anos, para tornar-se a quinta maior potência econômica do planeta.
O setor representa 5,39% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, faturaram mais de R$ 88,5 bilhões em 2009 e
geram mais de 275 mil empregos diretos. Os principais produtos exportados pelo setor são sucos, álcool e soja. Os
mercados mais cativos são a Alemanha, China e os Países Baixos. E o maior número de trabalhadores empregados
está no ramo da agricultura. As vantagens da filiação envolvem a aprovação de negócios com órgãos públicos, capa-
citação profissional e diminuição de custos financeiros. A Organização e Sindicato das Cooperativas do Brasil (OCB/
Sescoop) é responsável por lutar pelos direitos dos associados, capacita e representa politicamente as cooperativas
no país. As principais metas da organização são fortalecer a economia das cooperativas, fomentar o crescimento
e desenvolvimento do setor nas regiões e promover negócios entre as economias locais. Conforme dados da OCB
nacional, há quase oito mil cooperativas em todo o país. O cooperativismo é um tipo de negócio coletivo em que o
Adilson Roberto Fuga lucro é igualitário, havendo o mesmo interesse e atividade comercial entre os membros. As vantagens envolvem
Superintendente da Capal
diminuição de custos, união de capitais, diminuição da concentração de renda e de desemprego.

104 NT #5 NT #5 105
COOPERATIVISMO

Cooasgo

Jair Antonio Borgmann


Cooasgo

O faturamento quase triplicou nos últimos três produtores, pois a agropecuária estava em fase de dores, mas a segunda metade do ano trouxe uma inicialmente previstos para concluir, a partir do pon-
anos, atingindo no fim de 2010 perto de 150 mil- crescimento no Estado e precisava absorver essa valorização maravilhosa, principalmente no milho to em que estacionamos”, relata Jair. A outra inicia-
hões de reais. O número de funcionários saltou de demanda de produtos para a sua comercialização. e na soja”, conta o presidente da cooperativa. Na tiva na área é povoar com mil matrizes uma granja
33 para 168. E somente na área de suínos, serão Hoje, são 236 cooperados em Mato Grosso e Mato suinocultura, a COOASGO mantém parcerias com a comprada em 2009, em São Gabriel do Oeste, e que
mais três mil novas matrizes em 2011. O quadro e os Grosso do Sul, que têm à disposição serviços como Aurora (1.300 suínos por dia) e o Frigorífico Agra, estava funcionando apenas como creche. Um refo-
planos positivos pertencem à Cooperativa de São assistência técnica veterinária e agronômica, arma- de Rondonópolis, em Mato Grosso (500 suínos por rço de três mil matrizes em apenas doze meses. A
Gabriel do Oeste (COOASGO), fundada em março zenamento de grãos, pesquisa e experimentação dia). Metade dos animais vem da associação com nutrição vem da fábrica que produz ração, núcleos
de 1993, na Câmara de Vereadores do município, no agropecuária, repasse de crédito, fornecimento criadores parceiros e a outra de suino- e premixes. São 230 toneladas por dia
interior de Mato Grosso do Sul, na presença de 25 de matrizes e nutrição, assessoria administrativa, cultores independentes, cuja maioria é A ordem é e duas unidades de recebimento. “2010
associados fundadores, todos ligados à agricultura.
E um deles era Jair Antonio Borgmann, que coman-
reflorestamento, treinamento e aperfeiçoamento,
acompanhamento do processo de produção e pro-
de São Gabriel do Oeste. Todos atuan-
do em ciclo completo. E o segmento é
crescer foi muito bom para a suinocultura. Tan-
to em preços como em custos. Mas, de
da a COOASGO desde 2007, depois de ser reeleito. grama de segurança do trabalho. O principal trabal- a “menina dos olhos” para os atuais investimentos. maneira geral, nossa expectativa é muito favorável
“Passamos um período complicado, mas chegou a ho é com grãos em suínos. Em 2010, houve incre- Em 2007, foi iniciada a construção de uma Unidade por causa de todo o conjunto do trabalho. Só atua-
hora de investir novamente. Vamos fechar este ano mento de 15% nos resultados com milho, sorgo e Produtora de Leitões (UPL) para cinco mil matrizes. mos com sócios, nossos negócios estão sob intei-
com um faturamento 20% maior e novos projetos soja e a colheita deve chegar a 2,15 milhões de tone- O projeto começou, mas foi brecado pela crise fi- ra responsabilidade da cooperativa e voltaremos a
para 2011”, afirma animado Jair Borgmann. A Co- ladas. “Foi um ano muito bom na área de grãos. No nanceira do fim de 2008. “Já gastamos 12 milhões investir. Só podemos ter bons presságios, certo?”,
oasgo nasceu da necessidade de organização dos primeiro semestre, os preços foram bem desanima- de reais ali e agora vamos completar os 20 milhões indaga otimista Jair Borgmann.

106 NT #5 NT #5 107
COOPERATIVISMO

Cooperalfa
A Cooperativa Agroindustrial Alfa, a Cooperalfa, foi te os agricultores na elaboração de projetos agropecuá-
fundada em outubro de 1967 e surgiu no mercado para rios e de crédito rural, além de revender combustíveis e
atender uma grande necessidade da época: que peque- lubrificantes. Aliás, “Alfa” é a primeira letra dos alfabetos
nos e médios produtores rurais tivessem uma remune- grego e siríaco, significando princípio, início. Além disso,
ração mais justa e o trabalho fosse mais valorizado. Sua é a principal estrela de uma constelação. Para entender
atividade central é a comercialização e armazenagem um pouco a história da Cooperalfa, é preciso voltar à
da produção de milho, soja, feijão e trigo dos associados. década de 60. O Banco do Brasil era responsável por fi-
Também atua na produção de sementes certificadas de nanciar as operações através de Aquisições do Governo
soja, feijão, trigo e coberturas de solo, além de desenvol- Federal (AGF) e até mesmo armazenar a produção. Mas
ver parcerias com indústrias do sistema cooperativo para a estrutura da instituição era insuficiente para a deman-
o beneficiamento de citros, suínos, aves e leite. Industriali- da da produção agrícola. Havia a necessidade de se criar
za, ainda, trigo e soja e atua na fabricação de rações para no Oeste de Santa Catarina um agente que organizas-
agregar valor à produção dos associados. São 15 mil famí- se os produtores rurais. Foi criada, então, a Cooperativa
lias, sendo mais de 85% inseridas na eco- Tritícola Oeste Catarinense Ltda, a pri-
nomia familiar, distribuídas em 80 municí- meira organização cooperativista em
pios de Santa Catarina e do Paraná. A Alfa O princípio é Chapecó. Em outubro de 1967, é criada
tem capacidade para armazenar 500 mil
toneladas de grãos, vai movimentar em
fortalecer a a Cooperativa Mista Agropastoril de
Chapecó Ltda. Em 1974, surge a Coope-
2010, 15 milhões de sacas de trigo soja e família rural ralfa, numa iniciativa de Aury Luiz Bo-
feijão (dois milhões cima do valor alcança- danese, Setembrino Zanchet e outros
do em 2009) e conta com 2.100 funcionários. 35 agricultores. O principal ideal deu-se em função
Para elevar a qualidade de vida das famílias rurais, das incertezas do mercado de grãos e, em seguida, do
melhorar o trabalho e a produção, a cooperativa inves- avanço da produção animal em Santa Catarina. Com o
te continuamente em novas técnicas e tecnologias. passar do tempo e a eminente expansão, a Cooperalfa
Agrônomos, veterinários e técnicos transmitem novos passou a desdobrar inúmeras atividades e serviu de pi-
conhecimentos, com o objetivo de conseguir melhores lar para a eclosão de outras cooperativas e sociedades
resultados. A ideia é fortalecer e melhorar a renda média do mesmo gênero. A cooperativa atua nos segmentos
das famílias, aperfeiçoando as condições sanitárias, a as- de suinocultura, avicultura, citricultura, bovinocultura
sistência técnica, produtividade e expectativa média de de leite, recebimento e industrialização de trigo, soja e
vida. O trabalho consiste em receber, armazenar e clas- milho. As questões ambientais são obrigatórias. Assim
sificar os grãos; produzir sementes certificadas de trigo, como os planos de expansão para a década que começa
soja, feijão e coberturas de solo; industrializar farinhas e agora. Foi justamente para falar sobre o ano que passou
Cládis Jorge Furlanetto rações; produzir citros, suínos, aves e leite em parceria e as projeções futuras que a Revista Nutrition for Tomo-
1º vice-presidente da Cooperalfa com outras indústrias do sistema cooperativo; fornecer rrow conversou com o 1º vice-presidente da Cooperalfa ,
insumos aos produtores associados; assistir tecnicamen- Cládis Jorge Furlanetto. Acompanhe.

108 NT #5 NT #5 109
Revista Nutrition for Tomorrow – Como o senhor analisa NT – Quais os planos para este ano?
2010 para a cooperativa? Cládis Jorge Furlanetto – Nosso planejamento indica
Cládis Jorge Furlanetto – Conseguimos aumentar que podemos faturar até 15% sobre 2010. E atingir-
nosso faturamento em 5% sobre 2009 e fechamos mos R$ 1,23 bilhão. Apostaremos no incremento de
com algo perto de R$ 1,1 bilhão. Um número muito novos associados para a Cooperalfa e também no
satisfatório. aumento da área de cobertura. Queremos aumen-
tar o volume de vendas e vamos concluir uma uni-
NT – Como vocês alcançaram este resultado? dade que está sendo construída em Irienópolis, na
Cládis Jorge Furlanetto - Analisando o ano inteiro na região do planalto de Santa Catarina, para armaze-
área dos grãos, o primeiro semestre foi de muitas nagem, secagem e limpeza. Terá capacidade para
dificuldades por causa dos preços baixos das com- 600 mil sacas.
modity. Um período muito complicado para grãos
como milho, soja e feijão. No segundo semestre, em NT – O senhor imagina que cenário econômico para o
compensação, a situação melhorou demais. Houve setor no ano que vem?
valorização e os produtores tiveram um rendimento Cládis Jorge Furlanetto – Para nós, em 2010, a ati-
bem favorável. vidade industrial (soja e trigo) manteve-se estável
durante todo o ano. O que mudou foi a parte co-
NT – E na área das carnes, como foi o ano? mercial e a de suínos. A gente vê um panorama
Cládis Jorge Furlanetto – Os suínos tiveram um resul- agora mais estável, mantendo-se por um período
tado muito semelhante aos grãos. Na primeira meta- maior, ao longo de 2011. No primeiro semestre,
de do ano, preços sofríveis, mas bons resultados no a suinocultura deve permanecer bem, ajudando
segundo semestre. Na avicultura, o ano foi estável. no resultado líquido. Já os grãos devem ajudar o
ano inteiro.
NT- Qual o volume de produção das duas carnes?
Cládis Jorge Furlanetto – Somos fornecedores da NT – O problema do câmbio pode atrapalhar?
Aurora. Devemos fechar 2010 com algo em torno Cládis Jorge Furlanetto – Tanto o real valorizado como
de 650 mil suínos e 32 milhões de aves. Uma perfor- a crise dos países europeus e Estados Unidos não
mance muito parecida com o ano passado. devem incomodar a economia brasileira. Nem a co-
operativa. Praticamente não fazemos exportação,
NT – E os grãos? apenas alguma coisa de grãos, mas com outras
Cládis Jorge Furlanetto – Se formos contar nossa ca- empresas. Logo, não haverá interferência direta. Sem
pacidade total de armazenagem, a própria e as ins- falar que o mercado interno está valorizando-se de-
talações alugadas, estamos com aproximadamente mais. E produzir aqui dentro, para dentro, é o nosso
8 milhões de sacas. forte, o foco da Cooperalfa.

110 NT #5
ALTA GERÊNCIA E EMPREENDEDORISMO
Nutrition for Tomorrow : 2010 foi um bom ano para os

Batavo
cooperados e, consequentemente, para a Batavo?
Jan Van Der Vinne: Foi bom, sim. Está certo que a prin-
cípio temos áreas diferentes de atuação, mas se formos
analisar de maneira geral, o saldo é positivo. Tanto em ter-
mos de produção, como venda e comercialização.

Cooperativa
NT: A parte agrícola teve um ano de mudanças, não?
Jan Van Der Vinne: Sim. Os produtores começaram o
ano insatisfeitos com os preços que conseguiam na venda

Agroindustrial
dos grãos. Houve meses em que milho e soja realmente
estavam cotados em valores desanimadores diante dos
gastos e do planejamento das lavouras futuras. Mas veio
o segundo semestre e a reação dos preços internacionais
acabou trazendo ganhos na mesma medida para os agri-
cultores.

NT: E a produção leiteira, como está o mercado do


setor?
Jan Van Der Vinne: Na média, 2010 também foi muito
bom. O preço pago ao produtor vinha com valores bas-
tante interessantes. Chegou a cair, mas se recuperou aos
poucos de novo. Aliás, o produto vem com uma remune-
ração positiva desde 2007. Naquele ano, o preço pago
foi de 67 centavos. Em 2008, 68 centavos. Em 2009, 70
centavos. Fechamos 2010 com média de 74 centavos. Va-
lor que tem compensado, cobrindo o custo de produção.
Pelo menos em nossa região de abrangência. No resto do
As primeiras famílias holandesas chegaram aos Cam- do atender seu quadro social na comercialização, compra
Paraná parece que os valores são menores.
pos Gerais em 1911, atrás de trabalho, e integraram o plano de insumos e assistência técnica. Estava criado um mode-
de colonização da Brazil Railway Company, que vendia lo de cooperativismo no país. O faturamento subiu de R$ Jan Van Der Vinne
NT: A alta nos preços do milho e da soja não atrapalha? Gerente da Divisão de rações
terrenos a colonizadores com prazo de dez anos para pa- 157,5 milhões, em 1995, para R$ 771 milhões em 2009. Na
Jan Van Der Vinne: Atrapalha e bastante. São insumos
gar. O contrato incluía uma casa, dois bois, um arado, seis safra 2008/2009, saíram das lavouras 214 mil toneladas
que encarecem a produção. Usamos concentrados de mil-
vacas leiteiras, sementes e adubo. Quatorze anos depois, de soja, 346 mil toneladas de milho e 105 mil toneladas de
ho e soja na pecuária leiteira. O bovino produz bem com Jan Van Der Vinne: Olhe, fazer estimativas com
os pioneiros criaram uma cooperativa trigo. Na área animal, outros excelentes
forrageiros, mas apenas até 10 ou 12 litros por animal. A base em movimentações internacionais futuras não é
de produção pioneira no Brasil, com sete resultados: 96 milhões de litros de leite
sócios que tiravam 700 litros de leite por Um pedaço da em 2009 e nove mil toneladas de suínos.
partir daí, para ter um rendimento maior, é necessário
usar o concentrado. E a relação atual é de um quilo de
muito fácil. Mas posso garantir que internamente os
valores permanecerão altos no ano que vem. A nova
dia, faziam manteiga e queijo para vender
em Ponta Grossa, Castro, Curitiba e São
Holanda no Um segmento amparado pela indústria
de rações, totalmente informatizada,
concontrado para produzir dois litros de leite. Para você safra de milho já foi plantada e não há mais de onde
Paulo. Surgia a Sociedade Cooperativa Brasil que produz 290 mil toneladas ao ano de
ter uma ideia, a média de produção dos cooperados da
Batavo é de 26 litros por vaca. Isto é, dezesseis litros têm
tirar. Os bons preços certamente atrairão plantio na
safrinha, mas até julho a tendência é de preço caro. E
Hollandesa de Laticínios. Três anos de- produtos peletizados e farelados para bo-
origem em pelo menos oito quilos de concentrados. Posso a soja deve ir junto, com um mercado muito parecido
pois, a sociedade deu origem à marca Batavo, hoje uma vinos, suínos, aves e outros. A unidade abastece mais de
dizer que concentrados e outros substitutos como oleagi- ao do milho.
referência no ramo de laticínios e frios do Brasil. Depois 500 associados, espalhados por trinta municípios, além
nosas na ração leiteira é responsável hoje por pelo menos
da Segunda Grande Guerra, chegaram novos imigrantes, de terceiros. E no comando da Gerência de Divisão está
20% dos custos de produção. NT: Voltando à produção e a mais um setor que precisa
mais cooperados, a diversificação da produção pecuária o holandês Jan Van Der Vinne de 61 anos, que chegou ao
e a introdução da cultura mecanizada. Em 1951, o setor Brasil em 1953 e trabalha com a área de nutrição da coo- do binômio milho-soja. Como foi a suinocultura para os
NT: A alta no preço das commodity tem assustado cooperados em 2010?
de laticínios transformou-se na Cooperativa Central de perativa há 35 anos. A Nutrition for Tomorrow conversou
todo o setor. O senhor também acha que o panorama Jan Van Der Vinne: Muito parecido com o pessoal dos
Laticínios (CCLPL), hoje Batávia S/A. Desde esta época, a com ele sobre economia, agronegócio, os resultados de
não deve se alterar em 2011? grãos. O início do ano foi ruim, com o preço pago ao pro-
cooperativa centrou seus esforços na produção, buscan- 2010 e os planos para o futuro. Acompanhe.

112 NT #5 NT #5 113
dutor muito depreciado. Mas o segundo semestre mudou que já sofremos bastante com as alegadas “barreiras sa- NT: Muitos produtores, que não são cooperados, e em- dia. Se der tudo certo, começaremos a operar em maio ou
e os preços subiram bem e continuam valorizados. nitárias”. O câmbio sempre vai ser uma pedra no sapato presas privadas usam o mesmo artifício de comprar junho de 2011. Nosso objetivo é trabalharmos com concen-
quando tratamos de um produto que é cotado globalmen- em grupos para conseguir melhores preços. É uma trados de leite, abastecendo grandes indústrias consumi-
NT: Mas os custos de produção também aumentaram, te. Se o Real está barato demais, exportamos um monte tendência que veio para ficar? doras. Com produto a granel, essencialmente.
certo? e os preços internos inflacionam. Se nossa moeda fica Jan Van Der Vinne: Olhe, as cooperativas atuam assim
Jan Van Der Vinne: Perfeitamente. Até porque neste cara, as vendas externas caem e o produto aqui dentro até porque é um dos conceitos básicos do cooperativis- NT: 2011 começa com Dilma Rousseff na Presidência
caso o milho e a soja representam a base da ração e cus- fica desvalorizado. O ideal é ter um patamar de equilíbrio mo. São operações que tem o objetivo de ajudar grupos da República e um novo Ministro da Agricultura, Pe-
tam ao criador até 70% de todas as despesas da granja. nesta área. de produtores. Mas fora deste âmbito, existem exemplos, cuária e Abastecimento. O que o senhor mais espera
Mas os ganhos têm valido à pena. mas acho que são poucos comprando de poucos grupos. dessas duas pessoas?
NT: A cooperativa tem um perfil singular, de trabalhar Jan Van Der Vinne: Apenas que eles trabalhem bastante.
NT: Continuará assim? especificamente com o produtor. Como é atuar assim NT: Voltando à Batavo. O dia a dia dos negócios é bem Façam o seu dever bem feito. Cuidem do controle sanitá-

Jan Van Der Vinne: Eu penso que sim. Não sabemos so- numa economia globalizada, verticalizada e altamente mais parecido com as empresas privadas, não? rio no país. O resto pode deixar com o próprio mercado e
bre oferta de suínos no mercado. Estão faltando animais. competitiva? Jan Van Der Vinne: A cooperativa é para os produtores, o segmento. Sabemos o que fazer.
No país inteiro. Houve uma combinação de abate de ma- Jan Van Der Vinne: Nós trabalhamos dividindo as ações mas realmente os negócios são tocados empresarialmen-
trizes e aumento do consumo interno. pelas áreas agrícola e pecuária. A primeira negocia grãos te. Quem faz as coisas são os executivos contratados. Eles NT: Nenhum pedido específico, nem mesmo na área
no mercado. Tem como meta conseguir o melhor preço tomam as decisões. Só que eles não são contratados por cooperativa?
NT: O câmbio afetou de alguma maneira os negócios no mercado. Já a pecuária compra insumos. E a fábrica tempo definido ou algo assim. São funcionários, têm pro- Jan Van Der Vinne: Não mesmo. O mercado agropecuário
da cooperativa? vai atrás do que precisa no mercado. Às vezes compra da funda ligação com o negócio e com os propósitos. Temos e cooperativista está bem, a economia está forte e estamos
Jan Van Der Vinne: A Batavo até exporta alguma coisa própria divisão, outras vezes não. o gerente geral e os gerentes de divisões. Divisão agrícola, crescendo, dentro do Brasil e internacionalmente. E quando
de grãos, mas o impacto concreto vem mesmo por causa Na maioria das vezes, é mais satisfatório comprar no mercado. administrativa e financeira, de rações e a pecuária. algo imprevisto ocorre, acabamos regulando tudo com as
da produção. O preço de milho, soja e das carnes é defini- Até porque não fazemos estoques. Acompanhamos os preços regras do mercado. Agora, necessário mesmo é atender
do internacionalmente. Logo, se estamos com moeda va- de mercado mesmo. Muitas vezes conseguimos aquisições NT: Quais os planos da cooperativa para este ano? uma reivindicação que é de todos os setores produtivos:
lorizada também estamos com produtos mais caros para mais em conta no mercado. Tem a ver com volume, conheci- Jan Van Der Vinne: Estamos construindo uma nova uni- redução de impostos. Todos precisam da redução do custo
atender nossos clientes já assegurados e uma dificuldade mento de mercado. Por outro lado, a venda dos grãos é o pro- dade de laticínios, em Ponta Grossa, a uma hora de Curi- Brasil, de investimento nas estradas, portos, ferrovias e hi-
a mais para conquistarmos novos compradores. Sem falar dutor. É ele quem decide a quantidade, o preço, a data, etc. tiba. Com uma estimativa de produzir 400 mil litros por drovias, fretes e preços internos mais justos. Só isso.

114 NT #5 NT #5 115
fotos: césar machado

100 anos de Holanda nos


Campos Gerais do Paraná
O desenvolvimento urbano no segundo planalto do Paraná começou em 1778, com a fundação
da cidade de Castro. Depois, surgiram Ponta Grossa e Carambeí. Essa região histórica foi primeira-
mente utilizada pelos brancos e mestiços como área de parada tropeira de gado em trânsito, por
estar inserida no antigo “Caminho de Viamão”, que tinha como destino Sorocaba e Minas Gerais,
a partir do Rio Grande do Sul. Depois de 1853, o Paraná tornou-se caminho de muitos imigrantes,
como os holandeses, na periferia de Castro, nas áreas da histórica Fazenda Carambehy, como
resultado de um processo de adensamento econômico e populacional que tinha pouco mais de
meio século. Pode-se definir como Campos Gerais do Paraná a região situada no sul do Brasil, fotos.indd 2 19.08.10 14:42:15

denominada “segundo planalto”, que invade ao Norte o Estado de São Paulo e ao Sul o Estado de
Santa Catarina, característica por seus campos limpos permeados de matas de galeria e capões

:15
esparsos de floresta onde aparece a Araucária angustifolia, árvore símbolo do Paraná. Esta re-

19.08.10 14:42
gião é a base de uma grande infra-estrutura agroindustrial e turística que em muito aproxima-se
dos padrões europeus de produção e cultura, sendo composto pelos municípios de Ponta Grossa,
Castro, Palmeira, Lapa, Arapoti, Campo do Tenente, Cândido de Abreu, Ipiranga, Jaguariaíva, Orti-

d 2
gueira, Piraí do Sul, Porto Amazonas, Reserva,Telêmaco Borba, Tibagi, Balsa Nova , Campo Largo,

fotos.ind
Carambeí, Imbaú, Ivaí, Rio Negro, São João do Triunfo, São José da Boa Vista Teixeira Soares,
Ventania. A posição geográfica de Carambeí, as qualidades estratégicas e vantagens compara-
tivas dos Campos Gerais permitiram o desenvolvimento de múltiplas vocações produtivas e cul-
turais. Situada entre as cidades de Ponta Grossa e Castro, a 150km da capital, Curitiba, Carambeí
criou suas riquezas a partir das tradições das diversas etnias que formaram a sua atual matriz
social. Além dos pioneiros holandeses, indonésios, alemães, poloneses, italianos, suíços, belgas
e espanhóis contribuíram para a formação da sociedade local. Os povos indígenas originários,
portugueses, tropeiros e negros escravos completaram esse arranjo social. Estruturada economi-
camente através da gestão cooperativa de uma das maiores agroindústrias do país, Carambeí foi
emancipada em 1995. Mesmo sendo relativamente recente a institucionalização do município, sua
história é centenária. A consolidação da Cidade de Carambeí desenvolveu uma identidade local
e a continuada relação com suas origens manteve o intercâmbio de informação, conhecimento
e valores culturais com a Europa. Marco da história dos holandeses que iniciaram a colonização
em Carambeí, em 4 de abril de 2011 será comemorado o centenário da chegada dessas primeiras
famílias de pioneiros aos Campos Gerais. E a Associação do Parque Histórico de Carambeí, em
conjunto com a Batavo Cooperativa Agroindustrial, planejaram a constituição de um espaço cul-
tural que seja símbolo da história e ferramenta do futuro. Em uma área de 100.000 m2, contínuo
ao espaço da Casa da Memória, que será seu ponto central, o Parque Histórico de Carambeí terá fotos.indd 2

uma infraestrutura cultural multiuso, que servirá como equipamento educativo para os cidadãos

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da região, bem como destino turístico cultural para visitantes de todo o mundo.
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www.expoagroafubra.com.br - (51) 3713-7700 4 a 5 - University of Nottingham, UK
expoagro@afubra.com.br http://www.bsas.org.uk/ - 44(0)131 445 4508
bsas@sac.ac.uk
Vaccine World Summit India
1 a 3 - New Dehli, India XII Simpósio Brasil Sul de Avicultura
http://www.imapac.com/index.php?page=vaccineindia2011 5 a 7 - Chapecó - SC - Brazil
65 6618 1756 - info@imapac.com www.nucleovet.com.br - 49 3329-1640 -
nucleovet@nucleovet.com.br
2ª Expoleite
3 a 6 - Pitanga - PR - Brazil - (42) 3646.1553 Expolondrina - 51ª Exposição Agropecuária e
Industrial de Londrina
American Association of Swine Veterinarians (AASV) 7 a 17 - Londrina - PR - Brazil
Annual Meeting www.srp.com.br - (43) 3378-2020 - secretaria@srp.com.br
5 a 8 - Pointe Hilton Tapatio Cliffs Resort, Arizona, US
http://www.aasv.org/annmtg/ NIAA Annual Conference 2011
515-465-5255 - aasv@aasv.org 11 a 14 - San Antonio, Texas, US
http://www.animalagriculture.org/
Asian Pig Veterinary Society (APVS)
7 a 9 - Pattaya, Thailand AMI International Meat, Poultry And Seafood
http://www.apvs2011.com/ Convention 2011
13 a 16 - Chicago, Illinois, USA
VIV Asia 2011 http://www.amiexpo.com/ - 202 - 587 - 4228
9 a 11 - Bitec, Bangkok, Thailand mternieden@meatami.com
http://www.vivasia.nl/en/Exposant.aspx
31 (0) 30 295 2772 - viv.asia@vnuexhibitions.com Semana do Agronegócio
24 - Cameirinho - MG - Brazil - sprc@netsite.com.br
12ª Expodireto Cotrijal
14 a 18 de março
www.expodireto.cotrijal.com.br MAIO
Não me Toque – Rio Grande do SUL (RS)
Agrishow 2011
II Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos 02 a 06 - Ribeirão Preto, São Paulo
Agropecuários e Agroindustriais (Sigera) www.agrishow.com.br
15 a 17 - Foz do Iguaçu, PR - Brazil
www.sbera.org.br/sigera2011 - sigera2011@gmail.com X Congreso Centroamericano y del Caribe de Porcicultura 2011
4 a 6 - San Salvador, El Salvador
8ª Feinco 2011 – Feira int. de Caprinos e Ovinos http://www.asporc.org/
21 a 25 - Centro de exposições Imigrantes -
São Paulo - SP - Brazil VIV Russia 2011
www.agrocentro.com.br - 55 11 5067-6770 17 a 19 - Moscow, Russia
www.viv.net
IX Congresso de Produção e Comercialização de Ovos
22 a 24 - Hotel JP, Ribeirão Preto, SP - Brazil Avesui América Latina 2011
www.congressodeovos.com.br - congresso@apa.com.br 17 a 19 - Florianopolis, Santa Catarina
www.avesui.com
BIT Life Sciences 3rd Annual World Vaccine Congress
23 - China National Convention Center, Beijing, PR China Sial China
http://www.bitlifesciences.com/wcv2011/- 18 a 20 - Xangai, China
0086 411 84799609. www.sialchina.com

48ª Exposição Agropecuária e Industrial Avicultor 2001


24 - Passos - MG - Brazil 26 - Belo Horizonte, Minas gerais
www.avimig.com.br
Seminário Latino Americano de Abate e Processamento de
Frangos de Corte Fenafrango 2011
29 a 31 - Maringá - PR - Brazil 26 a 29 - Passo Fundo, Rio Grande do Sul
www.facta.org.br - (19) 3243-6555 www.fenafrango.com.br

III Simpósio Int. sobre Exigências Nutricionais de Aves e Suínos Mercoláctea 2011
29 a 31 - Viçosa - MG - Brazil 11 a 14 - Chapeco, Santa Catarina
(31) 3899-2277 - dzo@ufv.br www.mercolactea.com.br

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