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N˚ 10 - ano 04

JUNHO/2012

Nutrition for
A Revista da produção animal Tomorrow

Megatendências para o
agronegócio mundial

www.nftalliance.com.br

Nesta edição: Aurora | frimesa | Copérdia | Grupo otávio lage


índice 4 Editorial 5 Giro na Produção Animal

eventos
06 | CIRCUITO 10 | Espaço Carne 11 | Prêmio Nelson 12 | Workshop de
FEICORTe NFT é ampliado e traz Pineda leva Gestão para Líderes
série de novidades na vencedores aos EUA
do Agronegócio
Feicorte 2012

NUTRIÇÃODOAMANHã Gestão
16 | Otimização 22 | MEGATENDÊNCIAS 28 | DEMANDA MUNDIAL
econômica da PARA O AGRONEGÓCIO DE ALIMENTOS: O BRASIL
produção de suínos MUNDIAL ESTÁ PREPARADO?

mercado
32 | Considerações 36 | Importações de 38 | Semana de 40 | O desafio
sobre a precificação lácteos uruguaios é relatórios. O que agronômico da
do boi gordo pauta de discussão esperar para o milho? pecuária!

bovinos de leite
44 | Diarréia Neonatal: 48 | PROBLEMAS DE CASCO NA
Cuidando do Presente PECUÁRIA DE LEITE, PREVENÇÃO É O
para garantir o Futuro MELHOR REMÉDIO

bovinos de CORTE
52 | Implante Auricular 56 | GLICERINA BRUTA EM 60 | ACIDOSE RUMINAL: Um
a base de Norgestomet: SUBSTITUIÇÃO AO MILHO EM problema que merece atenção
uma história de sucesso DIETAS DE TERMINAÇÃO especial em confinamento

aves
64 | Ousodefloras 68 | Aspectos 72 | PRINCIPAIS 76 | 82 |
deexclusãocompetitiva ImportantesdaRelação ALTERAÇÕES Fertilidadeem MELHORANDO
no controle de NutriçãoeProduçãode HEPÁTICASEM reprodutoras AQUALIDADEDA
salmoneloses OvosComerciais FRANGOSDECORTE pesadas CARCAÇA

suínos
86 | Impacto da viremia 90 | CONSIDERAÇÕES 96 |
SOBRE AMBIENTE PARA problemas
do PCV2 em lotes de suínos
SUÍNOS EM FASE DE de casco em
canadenses de alta condição
CRECHE E TERMINAÇÃO porcas
sanitária

cooperativismo Alta Gerência e


Empreendedorismo
100 | EXEMplos 106 | UMA VIA
de valor: DE MÃO DUPLA 108 | Grupo otávio lage: Gestão e
Aurora e inovação para crescer em resultados
frimesa

110 Notícias dos parceiros

Parceiros NFT 111 Notícias dos parceiros

Patrícia Aparecida dos 111 Notícia dos parceiros

Rodrigo Silva Goulart


Alliance participam Santos assume Coordenação assume como Gerente
de Simpósio Brasil de Inteligência de Mercado Técnico Ruminantes da
Sul de Avicultura da MSD Saúde Animal MSD Saúde Animal

112 Notícia dos parceiros

Líderes do setor avícola 113 Notícia dos parceiros

Nutron Alimentos e Coamo


114 agenda
participam de evento da realizam treinamento técnico
Nutron Alimentos sobre os produtos NUTRON
NT
Caminhando em direção a metade do ano, fica claro que os desafios
da economia mundial avançam. A crise se agrava na Europa, não cede
nos EUA e mesmo a China começa a dar sinais de arrefecimento do cres-
cimento vigoroso constatado nos últimos anos.
Neste cenário, reduz-se a demanda por commodities agropecuárias
em geral, colocando pressão baixista nos preços praticados nos últimos
N˚ 09 I ano 04 I Abril/2012 anos. O agronegócio brasileiro, um dos principais players mundiais, tam-
bém encontra novos desafios e procura alternativas para manter a rele-
Expediente vância conquistada na última década.
Ainda embalado com os preços dos grãos em geral acima dos pata-
A REVISTA NT é uma publicação mares históricos, os agricultores tiveram a oportunidade de se capitalizar
trimestral da Nutrition for Tomorrow e consequentemente realizarem maiores investimentos para ganhos de
Alliance, distribuída gratuitamente para produtividade.
a cadeia da produção animal. Por outro lado, para os pecuaristas impoz-se o grande desafio repre-
sentado pelo aumento do custo de produção, impactando fortemente a
Comitê NFT Alliance: rentabilidade do setor. Neste novo ambiente, a busca por eficiência na
MSD Saúde Animal: Vilson Simon Celso Mello produção torna-se ainda mais importante.
Nutron Alimentos: Celso Mello Diretor Presidente da Esta 10º edição da revista NFT traz informações que nos auxiliam no
Serrana Nutrição Animal: Thaís Martins Nutron Alimentos
entendimento do dinâmico mercado em que estamos inseridos e cum-
pre sua missão de ser um difusor de tecnologia e boas práticas para o
Gestão NFT Alliance: agronegócio brasileiro.
Alessandro Roppa Como matéria central temos os modêlos de gestão de duas coope-
Carolina Tanese rativas centrais brasileiras, a Aurora e a Frimesa, que atuam predominan-
temente nos estados de Santa Catarina e do Paraná respectivamente.
Jornalista responsável: Através de gestão profissional e focada nos mercados consumidores,
Fernanda Mello representam verdadeiros cases de sucesso no agronegócio brasileiro.
MTB 41.373/SP
Abordamos também a continuidade do Circuito Feicorte-NFT, que
também já passou pelas etapas de Goiânia e Campo Grande, reafirman-
Foto da capa e matérias:
do os sucessos das anteriores (Cuiabá e Salvador). Caminhamos agora
César Machado - Agrostock
para o gran finale 2012, com a etapa de São Paulo.
Boa leitura a todos.
Projeto gráfico e diagramação:
Produção Coletiva
www.producaocoletiva.com.br
Após termos um fantástico 2011, o sentimento neste ano é que houve
Impressão: um esfriamento na velocidade da pecuária brasileira, como por exemplo,
Silvamarts a queda no preço da arroba do boi. Mas isso não inibirá a pujança do se-
tor, conforme podemos observar os resultados do Circuito Feicorte, que
Tiragem: encerrou a quarta etapa em Campo Grande, se consolidando como um
15 mil exemplares dos mais importantes eventos do segmento de pecuária de corte pelo
volume de pecuaristas e cabeças de gado representadas. Ao final das
Contato: quatro etapas realizadas em Cuiabá (MT), Salvador (BA), Goiânia (GO) e
revista@nftalliance.com.br Campo Grande (MS), nos meses de março, abril e maio, o Circuito Feicor-
te NFT atraiu mais de 4 mil produtores, que representam 17 milhões de
A revista em formato eletrônico pode ser cabeças de gado. Em São Paulo, o evento acontece de 11 a 15 de junho.
acessada no site www.nftalliance.com.br Dados apontam que o mercado brasileiro possui o maior rebanho co-
mercial do mundo, com mais de 200 milhões de cabeças de gado. Anual-
Nutrition for Tomorrow Alliance é um mente o brasileiro consome 39 quilos de carne bovina e somos o terceiro
projeto desenvolvido e administrado maior consumidor do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos
pela Nutron Alimentos que reúne e China (primeiro e segundo lugar respectivamente).
empresas do setor da produção Vilson Simon A pecuária brasileira exporta para 140 países, correspondendo a
animal, concentrando o melhor capital 20% das exportações mundiais - são mais de 1,5 milhões de toneladas
Diretor Presidente da
humano e fornecendo conteúdo que fazem mais de U$ 5 bilhões para a economia mundial. Além de nú-
técnico para gerar e fortalecer a
MSD Saúde Animal meros impressionantes, são investidos também no melhoramento gené-
sustentabilidade dos clientes. tico, garantindo a qualidade da raça e a precocidade do animal, levando
para a mesa do consumidor uma carne de primeira qualidade.
Dados apontam para o crescimento de 9 bilhões de pessoas no
A REVISTA NT é uma publicação mundo em 40 anos – no Brasil a população sairá dos 190 para 215 mi-
dirigida a produtores, empresários, lhões de pessoas. A oferta de carne precisa acompanhar o crescimento
técnicos, pesquisadores e populacional, passando de 290 para 500 milhões de toneladas. Esse é
colaboradores ligados à cadeia de um desafio para o Brasil que é o único país do mundo com possibilida-
produção animal. Os artigos assinados des reais para aumentar.
não expressam necessariamente a Boa leitura!
opinião da revista. O conteúdo dos
artigos é de responsabilidade dos
autores. Não é permitida a reprodução
parcial ou total das reportagens e dos
shaping tomorrow’s nutrition

artigos publicados sem autorização.

4 NT
GIRO
“A desenvoltura no consumo e ex-
portação de carne bovina dá indica-
tivos de que 2012 será tão positivo
para a pecuária de corte quanto foi
o ano passado. Com mercado em

na produção expansão, o desempenho do nú-


mero de abates será determinante

animal
para a pecuária regional.”

Eduardo Corrêa Riedel, presidente


da Federação da Agricultura e
Pecuária de MS (Famasul)

Nos próximos 10 anos o Brasil


será responsável por 40% do
incremento nas exportações
mundiais de carne.
Marcelo Cypriano, do Banco
Original durante palestra
na Etapa Campo Grande do
Cricuito Feicorte NFT.

Hoje o agronegócio brasileiro


Brasil é nosso irmão mais velho. Temos tem uma posição estratégica
a mesma topografia, criamos o mesmo quando falamos dos rumos da
tipo de gado, por isso olhar o Brasil é economia nacional, sendo um
olhar para o futuro. O Brasil é o que nós dos mais eficientes do mundo e
queremos ser em algum momento. com tendência ao crescimento.
Mauricio Andia – Pecuarista Para atender à crescente de-
Boliviano convidado da Nutron manda mundial de alimentos,
o Brasil será o país que terá o
Alimentos durante o Circuito
maior aumento de sua produti-
Feicorte NFT Etapa Campo Grande
vidade (40%), de acordo com
a FAO. A área de saúde animal
terá papel crucial para contribuir
com esse crescimento quando
Entre os meses de março e julho ocorre a maior con- falamos do setor de proteína
centração de partos nas fazendas leiteiras. É a hora animal, trazendo soluções sim-
da largada. Durante o período seco, a vaca se prepara ples e inovadoras para suprir o
para a próxima lactação. Cuidados especiais devem mercado. Na MSD Saúde Animal,
ser dispensados para esses animais mesmo antes dos o meu desafio é conhecer a
30 dias que antecedem ao parto. dinâmica do mercado para que eu
Neste período de muitas mudanças fisiológicas e me- possa contribuir na estratégia e
tabólicas, a nutrição de precisão, manejo e conforto seu desdobramento com soluções
definem a performance da lactação. de inteligência de mercado.
Rogério Isler, Médico Veterinário Patrícia Santos,
e Gerente de Ruminantes Brasil - coordenadora de Inteligência de
Zinpro Performance Minerals Mercado da MSD Saúde Animal

NT 5
CIRCUITO FEICORTE NFT 2012

CIRCUITO
FEICORTE NFT 2012
atraiu mais de 4.000
participantes nas quatro
etapas regionais
O Circuito Feicorte NFT encerrou, em maio, as quatro
etapas regionais programadas para 2012 com a realização do
evento em Campo Grande. Os resultados altamente positivos
registrados na primeira edição do projeto já consolidam o Cir-
cuito como um dos mais importantes eventos do segmento
de pecuária de corte pelo volume de pecuaristas e cabeças de
gado representadas.
Ao final das etapas realizadas em Cuiabá (MT), Salvador
(BA), Goiânia (GO) e Campo Grande (MS), nos meses de mar-
ço, abril e maio, o Circuito Feicorte NFT atraiu mais de 4.000
produtores que representam 17 milhões de cabeças de gado.
Finalizadas as etapas regionais, o Circuito Feicorte NFT
2012 vai encerrar suas atividades com o Congresso Interna-
cional de Bovinocultura de Corte, na Feicorte – Feira Inter-
nacional da Cadeia Produtiva da Carne, que acontece de 11
a 15 de junho, em São Paulo. “Serão dois dias dedicados a
pensar na produção de bovinos de corte junto aos grandes
especialistas do setor, como aconteceu nas cidades em que
passamos com o Circuito. Na ocasião, também vamos lançar
o Circuito Feicorte NFT 2013 com a apresentação de todos os
resultados obtidos ”, afirmou Alessandro Roppa, gerente de
Marketing da NFT Alliance.

6 NT
Campo Grande fecha programação
de 2012 com chave de ouro
A última etapa do Circuito Feicorte NFT, realizada em Campo tes, foram excelentes. “Fiquei satisfeito em saber que estamos no
Grande chamou a atenção a participação maciça dos produtores caminho certo com a utilização de tecnologias na nossa fazenda.
nas palestras, deixando o auditório lotado durante todo o tem- Mas também agreguei novos conhecimentos que certamente va-
po. “Fomos surpreendidos positivamente com a resposta que ti- mos colocar em prática e nos ajudarão a melhorar ainda mais o
vemos dos produtores do Mato Grosso do Sul, que participaram nível de produção”, afirmou.
ativamente das apresentações e dos debates durante as mesas- Além da qualidade apresentada nas quatro etapas do projeto,
redondas com os palestrantes. Pela primeira vez, também conta- em Campo Grande, o Circuito Feicorte contou também com con-
mos com a presença de delegações internacionais que vieram da vidados internacionais. Produtores do Paraguai e Bolívia visitaram
Bolívia e Paraguai”, disse Carla Tuccilio, gerente do Agrocentro. a feira e destacaram a importância do evento ser realizado em
A Etapa que aconteceu nos dias 22 e 23 de maio, contou com uma cidade próxima a fronteira de seus países.
apoio da Seprotur, Famasul, Embrapa, Nelore MS, Novilho Precoce “O maior diferencial do Circuito Feicorte NFT é o intercambio
MS, Agroin, Acrissul, Funar e Senar. Em dois dias de intensas ativi- de informações entre os produtores o que permite que troque-
dades, a programação trouxe para discussão temas relacionados mos idéias. Eu acredito que o papel que desempenhamos hoje
aos painéis de Tecnologia, Gestão e Mercado. Para Edgar Ribeiro não é de concorrência, todos deveríamos trabalhar em uma mes-
da Silva, diretor de uma fazenda com 80.000 hectares em Co- ma linha , juntos, já que as expectativas que nosso trabalho gera
rumbá, os assuntos abordados, bem como o nível dos palestran- não tem limites.” Explica Mauricio Andia, Pecuarista Boliviano.

NT 7
Galeria de fotos
Campo Grande Circuito Feicorte NFT

8 NT
Depoimentos:
A conscientização do produtor é um grande aliado do Estado para manter a
defesa sanitária no Mato Grosso do Sul. A partir do momento que o produtor
é consciente da importância, da necessidade de vacina, de todos os tratos e
cuidados sanitários, conseguimos colocar nossa produção num patamar superior.
Maria Cristina Carrijo - diretora presidente da
Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal (IAGRO)

O Circuito Feicorte NFT chega a Campo Grande em um momento de grande valia para
o produtor rural. Hoje, principalmente o pecuarista, vive momentos difíceis como a
questão ambiental, fundiária, a comercialização. Um evento deste porte só tem a agregar
em Estado. Esse é o momento da informação, das novas tecnologias, principalmente nas
questões relacionadas a Gestão que foram tratadas durante o workshop.
Ruy Fachini Filho - Presidente do Sindicato Rural de Campo
Grande - MS

O maior diferencial do Circuito Feicorte NFT é o intercambio de informações entre


os produtores o que permite que troquemos idéias. Eu acredito que o papel que
desempenhamos hoje não é de concorrência, todos deveríamos trabalhar em uma
mesma linha , juntos, já que as expectativas que nosso trabalho gera não tem limites.
Mauricio Andia – Pecuarista Boliviano

O Circuito Feicorte NFT é muito importante porque traz novas


tecnologias, informações sobre as bases do negócio, como nutrição,
manejo, genética, formação de pastagens.
Lineu Pereira – Pecuarista Sul-matogrossence

É gratificante para a Associação ser convidado pelo Estado para representar


a classe produtora. A Feicorte é um evento que já se consolidou em São Paulo
e a iniciativa de colocar Mato Grosso do Sul no Circuito só vem reforçar a
qualidade da nossa produção pecuária.
Alexandre Scaff Raffi - Presidente da Novilho Precoce-MS
EVENTOS

Espaço Carne é
ampliado e traz série de
novidades na Feicorte 2012
Caminho da Carne, Congresso Internacional Pecuária Corte e o
encerramento do Circuito Feicorte NFT são atividades em destaque

O Espaço Carne, evento idealizado pela Feicorte e NFT apresentações dos maiores especialistas do mundo neste
Alliance com o objetivo estratégico de divulgação da carne segmento. O Congresso também encerra as atividades do
bovina nacional, está maior e apresenta novas atividades Circuito Feicorte NFT 2012, que percorre os principais pólos
para a edição 2012. O Espaço reúne empresas e iniciativas produtores de gado de corte (Cuiabá, Salvador, Goiânia e
que representam os diversos elos da cadeia produtiva, visan- Campo Grande), levando informações e conhecimento para
do o aumento do consumo, a disseminação dos conceitos os pecuaristas destas regiões.
de sustentabilidade na pecuária de corte e a divulgação das “O Circuito Feicorte NFT 2012 encerra sua quinta eta-
qualidades da carne. pa no Espaço Carne, em São Paulo, com a realização deste
Uma das novidades desta segunda edição do Espaço é Congresso. Serão dois dias dedicados a pensar na produção
o Caminho da Carne. Trata-se de uma dinâmica que envolve de bovinos de corte junto aos grandes especialistas do setor,
seis etapas da produção da pecuária: genética, manejo, sa- como aconteceu nas cidades em que passamos com o Cir-
nidade, gestão, nutrição e mercado. As empresas parceiras cuito, gerando uma rede de conhecimento e relacionamen-
do projeto vão apresentar os motivos e a necessidade de se to. Na ocasião, também vamos apresentar o Circuito Feicorte
investir em cada uma destas etapas para aumentar a produ- NFT 2013”, disse Carla Tuccilio, gerente do Agrocentro.
tividade e melhorar a qualidade da carne. Além destas novidades, o Espaço Carne ainda vai contar
Outro evento que será realizado pela primeira vez no Es- com atividades já realizadas na edição anterior como: a Acade-
paço Carne é o Congresso Internacional Pecuária Corte, com mia da Carne – projeto que promove conteúdo científico para
estudantes universitários; o Espaço Degustação – que conta
com carnes de diversas raças e oferece oportunidade do par-
ticipante apreciar as melhores características de cada uma; e
o Prêmio Nelson Pineda Excelência em Confinamento que vai
fazer uma homenagem aos 40 confinamentos mais eficientes
do País e os 10 que mais se destacaram em sustentabilidade e
bem estar animal durante o processo produtivo em 2011.
“Lançado no ano passado, o Espaço Carne foi um suces-
so de público e repercussão entre os participantes. Por isso,
estamos ampliando o número de empresas presentes, os
eventos e atividades que integram o projeto para promover,
cada vez mais, as qualidades da nossa carne”, disse Alessan-
dro Roppa, gerente de marketing da NFT Alliance.

10 NT
Prêmio Nelson Pineda
leva vencedores aos EUA
O Prêmio Nelson Pineda – Excelência em Confinamento, de na produção de alimentos; e Produção total de arrobas
que é uma iniciativa do Agrocentro, Assocon - Associação engordadas.
Nacional dos Confinadores e Scot Consultoria, acontece Os primeiros colocados de cada índice e categoria (seis
novamente na Feicorte 2012 – Feira Internacional da Cadeia no total) serão contemplados com uma viagem para os EUA,
Produtiva da Carne. onde conhecerão o sistema de produção norte americano
Realizado pela primeira vez no ano passado, o prêmio visitando um grande confinamento e uma unidade de pro-
foi um sucesso de receptividade entre os produtores, tendo cessamento de grãos.
recebido mais de 100 inscrições. Novamente, como na edi- O evento, que integra as atividades do Espaço Carne, foi
ção passada, serão homenageados os 40 confinamentos criado para incentivar a produção de carne bovina nacional e
destaques no país em 2011 e os 10 que mais se destacaram o nome foi escolhido para homenagear o pecuarista Nelson
na sustentabilidade. Pineda, um dos grandes exemplos entre os criadores e sele-
Será utilizado um índice para a apuração da eficiência cionadores brasileiros.
produtiva do confinamento (Índice Excon) e um questionário Nelson Pineda teve como prioridade a preservação do
para a apuração do índice de sustentabilidade. Além destas, meio ambiente, o respeito às pessoas e a utilização de me-
outras quatro categorias também serão avaliadas: Equipe lhoramento genético na evolução da atividade como um
nota 10; Eficiência na nutrição de gado confinado; Inocuida- todo e com sustentabilidade.

NT 11
EVENTOS

Workshop sobre
Gestão para Líderes
do Agronegócio

12 NT
O Workshop Sobre Gestão Para Líderes do Agronegócio é Confira a programação
uma iniciativa da Nutron Alimentos, em parceria com a Funda- completa:
ção Getúlio Vargas, que objetiva colocar frente à frente líderes
do setor e os mais bem preparados experts em estratégias do Módulo 1- Cadeias produtivas no
agronegócio nacional. agronegócio
Os palestrantes são professores e executivos especialistas 11 a 13 de abril
em questões contemporâneas oferecendo uma perspectiva Estrutura de mercado dos elos de
de futuro, vital para o êxito nos planos dos dirigente coopera- cadeias produtivas
tivistas. O curso é formado por quatro módulos temáticos. Análise de competitividade da relação
O primeiro módulo aconteceu entre os dias 11 e 13 de entre os agentes da cadeia
abril, em São Paulo, e teve como tema “Cadeias produtivas Oportunidades e dificuldades das
cadeias produtivas
no agronegócio”. Celso Mello, diretor presidente da Nutron
Cadeia de valor, criação e captura de
Alimentos fez a abertura do evento dia 11 às 19h. À seguir, o valor
professor doutor Décio Zylbersztajn, falou sobre “os desafios
do novo cooperativismo no mundo globalizado - visões e al- Módulo 2- Cenários macro econômicos
ternativas em andamento.” Zylbesztain destacou o trabalho para decisão de investimento
que as cooperativas desenvolvem com as comunidades e que, 22 a 24 de agosto
ele acredita, deveria ser exemplo para grandes corporações. Política monetária cambial e fiscal
“As cooperativas fazem naturalmente trabalho social, têm im- Estudo dos fatores que determinam a
pacto positivo nas comunidades em que atuam. Além disso, competitividade das economias
muitas delas, inovam e são exemplos de sustentabilidade. As Estudos dos cenários econômicos
grandes corporações investem muito e têm departamentos e nacionais e globais
conselhos para estudar um trabalho que as cooperativas fa- Cenários macro econômicos e decisões
zem mesmo sem se dar conta”, explica. de investimento
No dia 12, Adriano Marcon, presidente Ibéria e LatAm da
Provimi, fez a abertura oficial do primeiro módulo que foi Módulo 3- Gestão de pessoas
ministrado pelos professores Ivan Wedekin e Luiz Antônio Realização em 2013
Pinazza. Comunicação estratégica
Marcon reforçou a importância das alianças entre a Pro- Liderança motivação e criatividade
vimi e seus parceiros. “Hoje vivemos em um mundo em que Organização, composição, tamanho e
o principal diferencial de empresas vencedoras é o poder de qualidade das equipes
suas alianças. Essas, por sua vez, são baseadas em competên- Expandindo o conceito de equipe
cias e confiança. Essa confiança começa com os líderes, e por Treinamento e desenvolvimento de
equipes
isso estamos aqui. Para reforçar a confiança, a transparência
Distribuindo responsabilidades e
e a vontade de estar junto. Queremos ser aliados de nossos avaliando performances
clientes, criando soluções para seu negócio e, com isso, aju- Lidando com incertezas, mudança e
dando a aumentar sua rentabilidade.” stress
Participaram do evento cerca de 50 líderes cooperativistas, Administração de conflitos
empresários do setor de suínos e de avícolas especialmente
convidados pela Nutron Alimentos. Marcos Zordan, da coope- Módulo 4 - Posicionamento estratégico
rativa Aurora, reforçou a importância de participar de eventos do agronegócio - 2013
como o workshop. “É de suma importância participar deste Estratégia do posicionamento
evento. Aqui estamos vendo em números a importância que Necessidade de reposicionamento do
nós, cooperativas, temos para o desenvolvimento, na revolu- agronegócio
ção dos mercados no Brasil e no mundo”, comenta Zordan. Mapas estratégicos e posição de novos
A contribuição dos líderes de cooperativas nas palestra foi negócios
destaque durante o encontro. “Eles têm muita experiência, Consórcios e condomínios rurais
vêm trabalhando e desenvolvendo um trabalho excelente no Conglomerados competitivos e dusters
campo. Nós estamos aqui mais para uma grande troca de ex- Dificuldades de implementação de
estratégias do agronegócio
periências do que para ensinar algo”, ressaltou Pinazza.

NT 13
EVENTOS
Depoimentos
Participar do evento é de suma importância. Aqui tivemos uma
retrospectiva da história das cooperativas e da importância delas na
revolução que está ocorrendo no Brasil e no mundo.
Marcos Zordan, Coopercentral Aurora

Aqui buscamos novidades, complementamos informações e com


isso podemos melhorar o trabalho desenvolvido na cooperativa.
Ilmo Werter, da Primato

O evento foi muito proveitoso, os assuntos interessantes. Saímos daqui com


mais conhecimento. Esse é um grande diferencial da Nutron.
Rodrigo Carvalho, Fazenda São Paulo

Para nós, da suinocultura, é muito importante, não somente pelas


informações vindas dos professores. Aqui também acontece a troca
de informações entre os profissionais, formadores de opinião de
todo o Brasil e isso é um grande diferencial.
Paulo Cézar Lucion, da Nutribrás

Tem sido muito interessante porque saímos do dia a dia e, num workshop como esse,
evidentemente, sempre haverá algo que vamos aprender e levar para nossas cooperativas. Além
disso, a própria interação entre as cooperativas e empresas aqui presentes é um aprendizado a
mais.” Aqui podemos crescer junto com as outras cooperativas e empresas.
Ricardo Chapla, da Copagril

Notamos uma grande valia no evento em função do alto nível das


discussões aqui apresentadas. Tivemos muitas informações, que nos
levam a reflexões importantes sobre a cadeia de produção da carne
no Brasil e no Mundo.
Lauro Soethe, da Cooperativa Lar

14 NT
Para nós é sempre importante compartilhar esses momentos com uma empresa como a Nutron, que nos
traz grandes especialistas da área que vão nos ajudar no processo de inclusão. Daqui levaremos algumas
experiências que poderemos aplicar no novo modelo de gestão que estamos implantando.
Vanduir Martini, da Copérdia

A participação no evento me surpreendeu. Eu não esperava que tratássemos


de assuntos globais. Então vejo isso como algo muito importante, a nível
de conhecimento, mas principalmente reflexões sobre nosso dia a dia. Com
certeza levaremos daqui muitas informações aplicáveis.
Alfredo Lang, da CVale

O workshop é uma grande oportunidade para nos integrarmos com suinocultores de outras regiões, entender
melhor o sistema produtivo brasileiro, principalmente com a presença massiva das cooperativas de integração
da região sul. Nós, produtores independentes do Sudeste, sempre temos a preocupação de saber como está o
mercado e como concorremos com as grande cooperativas, por isso, o evento é uma grande oportunidade de
adquirir conhecimento, estreitar laços e entender melhor essa cadeia.
Roberto Silveira, da Cabo Verde

Para nossa empresa é sempre importante participar de eventos como esse. O grande
diferencial da Nutron é que ela cria o ambiente para que hajam discussões. Ela traz
grandes nomes, professores renomados, que tem acesso as informações e depois
podemos conversar sobre isso com os amigos de diversas empresas. Com isso, nos
atualizamos, o que é essencial para o sucesso de qualquer empresa hoje em dia.
Luiz Camargo, da Ave Norte

O mundo não para, e com a experiência que temos sabemos que devemos buscar informações,
conversar com os outros integrantes da cadeia produtiva da carne. Então, uma oportunidade
como está cria condições para que haja essa troca de informações dentro dessa cadeia e também
acompanhar a evolução do mundo e dos mercados.
Valter Vanzella, da Frimesa

O workshop está muito bom, desde a qualidade dos


palestrantes até a oportunidade de trocar informações.
Roque Valiati, da Frimela

NT 15
NutriçÃo do amanhã

Otimização
econômica da
produção de suínos
através de inovações em
formulação de rações

16 NT
Francisco Carnino
Médico Veterinário, Mestre em Nutrição Animal e
Gerente de Negócios na Provimi Latam

1. Introdução: informações críticas, como: a) matriz nutricional dos in-


Como mostra a figura 1, o aumento dos preços dos gredientes precisa b) exigências nutricionais dos suínos de
ingredientes, principalmente dos cereais, que vem ocor- acordo com a fase (crescimento, gestação, lactação, etc.) e
rendo desde 2007/2008 está impondo desafios à produção c) preços dos ingredientes. Com esses três grupos de infor-
animal de encontrar soluções inovadoras que consigam mações, a formulação de rações tem sido feita através de
mitigar esse efeito sobre o custo de produção. Os gestores software de programação linear para uma fórmula (raro
e técnicos que atuam na produção animal têm adotado nos dias de hoje), um conjunto de fórmulas (multi-formu-
muitas ações em todas as áreas, desde a busca de genó- lação) ou para várias fábricas (formulação multi-planta).
tipos com melhor desempenho, passando por ações de O objetivo é obter mínimo custo total para o conjunto de
melhoria no manejo do ambiente e da saúde dos plantéis fórmulas.
de suínos. Considerando que a nutrição representa uma
grande parte dos custos de produção, muitas iniciativas 2.1 Sistema tradicional de formulação de ra-
têm sido adotadas na busca de tecnologias em nutrição ções de suínos: um problema de otimização
animal que reduzam custo e/ou melhorem o desempenho, No sistema tradicional de formulação, existem pelo
ou seja, otimize o retorno econômico. Entre as tecnologias menos dois fatores críticos para uma formulação com
nutricionais estão: a) o uso de aditivos que melhoram a adequada precisão. O primeiro fator crítico é a falta de
disgestibilidade dos ingredientes ou melhoram a reparti- informação antecipada (antes da formulação e do uso)
ção dos nutrientes e b) a otimização da formulação atra- sobre a composição nutricional dos ingredientes. Quan-
vés da determinação mais precisa da composição nutricio- do o nutricionista dispõe de laboratório para análise dos
nal dos ingredientes e/ou dos requerimentos nutricionais ingredientes geralmente formula com base no histórico
dos animais. Busca-se cada vez mais implementar proce- de resultados de composição dos ingredientes. Portanto,
dimentos de formulação que visam adotar uma nutrição formula-se sobre uma base de dados já desatualizada. O
que tem sido chamada de “nutrição de precisão”. O objeti- segundo fator crítico é a falta de informação precisa sobre
vo deste artigo é discutir formas inovadoras de otimizar a as exigências nutricionais dos animais. Classicamente o
formulação de ração para suínos relacionadas à gestão da nutricionista adota duas abordagens possíveis para definir
composição de ingredientes a conhecimento mais preciso as exigências nutricionais que usará na formulação: a) exi-
das exigências nutricionais. gências nutricionais de literatura e/ou; b) exigências nu-
tricionais determinadas em centros próprios de pesquisa.
Figura 1 O uso de informações de literatura apresenta um elevado
Variação nas exigências de lisina para suínos
em crescimento (dados de literatura) grau de imprecisão, pois são muito variáveis e determi-
nados em condições diferentes daquelas para a qual se
1.6 está formulando. A figura 2 mostra um exemplo da va-
1.4 Observed riação de exigência de lisina para suínos em crescimento,
Requirement
existentes na literatura (NRC, 1998). A variação mostrada
1.2
pode ser explicada por dois fatores, principalmente (além
1.0
da imprecisão experimental): a) diferença de potencial ge-
0.8 nético dos animais entre os diferentes experimentos e b)
0.6 diferentes efeito dos fatores ambientais (saúde, ambiente
0.4
e manejo), onde cada experimento foi conduzido. Neste
0 20 40 60 80 100 caso, se o nutricionista optar por formular usando os va-
NRC, 1998
lores médios, obtidos entre as diferentes publicações, po-
derá estar superestimando ou subestimando as exigências
nutricionais. Nos dois casos ocorrerá perda econômica por
aumento de custo desnecessário da ração, no primeiro
2. Formulação de rações de suínos caso, ou por impacto no desempenho (ganho de peso e
A formulação precisa de rações para suínos demanda conversão alimentar) e na composição da carcaça, no se-

NT 17
gundo caso. Na prática, o que normalmente ocorre, geral- determinadas em condições que permitem a expressão
mente por pressão na busca de alto desempenho, a opção de quase 100% do potencial (genético, sexo, peso/idade),
é formular com significativas margens de segurança e, en- comparando com a situação real de campo, onde o poten-
tão, a perda econômica ocorre mais por custo elevado da cial não se expressa em 100%. No campo a expressão má-
ração do que por impacto no desempenho, embora ambas xima do potencial não ocorre devido à presença de fatores
situações ocorram. restritivos, relacionados a doenças enzoóticas, ambiente e
manejo. O significado prático desse modelo conceitual é
Figura 3
Preço médio do milho e sorgo pago ao produtor que se a dieta for formulada para o potencial de 100%
nos Estados Unidos (Dólar por bushel) haverá desperdício de investimento.
6
5
2.2.1. Como obter dados de composição nutri-
4
cional e correção da matriz nutricional dos
3
ingredientes de maneira eficiente:
2 Existem duas possibilidades tecnológicas, cada uma
1 delas com diferente complexidade operacional, diferen-
0 tes investimentos necessários e diferentes potenciais de
90/91

11/12
1984/85

87/88

93/94

99/2000

02/03

05/06

08/09
96/97

otimização. Na figura 4 há um resumo de características


das duas possibilidades de uso tecnologia Near Infra Red
Source: USDA, Nacional Agricultural Statistics, Quick Stats (NIR).

Figura 5
Características das duas possibilidades de uso tecnologia Near
2.2. Sistema inovador de formulação Infra Red (NIR).

de rações de suínos: uma solução para


Características NIR of line
1
NIR in line, on line ou
a otimização at line2
Local de instalação do Na fábrica ou no Na linha de dosagem
A solução para mitigar o problema de impre- equipamento laboratório
cisão na formulação é a adoção de um sistema
Investimento no Menor (um equipamento Menor (um equipamento
que permita: a) conhecer a composição dos in- equipamento de análise por fábrica) por linha)
gredientes máxima antecipação à formulação
e uso e b) conhecer as exigências nutricionais Investimento em silos de Maior (necessidade Menor (não há
armazenamento de de segregação de necessidade de segregação
dos suínos de acordo com o potencial real de ingredientes ingredientes através da dos ingredientes que
análise) passas pelo NIR)
um determinado sistema, diferente do potencial
Ajuste das matrizes de Manualmente (através Automático (através da
máximo (obtido somente em condições ideias). ingredientes do banco de dados análise obtida no ato
A figura 3, mostra de maneira esquemática a di- 1
de análise) da dosagem)
NIR instalado fora da linha de produção (na fábrica de rações ou laboratório).
ferença existente entre as exigências nutricionais NIR instalado diretamente na linha de produção em diferentes pontos.
2

Figura 4
Modelo esquemático de exigências nutricionais Na figura 5, é mostrado um exemplo real do potencial
de suínos para expressão máxima do potencial intríseco de otimização do ajuste da matriz de proteína do farelo
ou em condições de campo (com restrições ambientais) de soja, feito através do sistema convencional (linha ver-
melha) e através do uso do NIR in line (linha verde). Nesse
Nutriente necessário (% ou g por dia)

Excesso de nutriente=
caso, observou-se que o ajuste pelo método convencional
investimento sem sempre subestimou o valor de proteína da matriz do farelo
retorno
Potencial do animal de soja.
(100%): Potencial real de granja
Genética (<100%):
Sexo (MC, MIC, F) Saúde 2.2.2. Como conhecer as exigências nutricio-
Peso Ambiente
Instalações nais de suínos em crescimento e terminação
Manejo
(C&T) em condições reais de granja:
As exigências nutricionais, principalmente de aminoá-
cidos essências, dependem da taxa diária de deposição de
proteína corporal (TDPC). A curva de deposição diária de

18 NT
Figura 6 Figura 8
Um caso real de ajuste da matriz de proteína do Curvas de deposição de proteína determinada
farelo de soja pelo método convencional através das medidas de espessura de toucinho e
(linha vermelha) e pelo NIR in line (linha verde) profundidade de lombo com aparelho
de ultrassom em suínos em crescimento e terminação
54,00
Farelo de Soja
52,00 140
Proteína Bruta (%)

50,00 120

Curva de posição
de Proteína (g/dia)
48,00 100

46,00 80
60
44,00
PB Form Convencional PB NIR PB Form NIR IN LINE 40
42,00
20
01/01/2011
08/01/2011
15/01/2011
22/01/2011
29/01/2011
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24/12/2011
0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Peso, Kg
proteína corporal de suínos em C&T pode ser determina-
da através de: a) medida da espessura de toucinho (ET) e
noácidos essenciais através de equações. Além da curva
da profundidade (PL), ou área de olho de lombo (AOL), ou
de deposição de proteína é importante medir a curva de
músculo Longissimus dorsi e b) peso corporal medidos em
consumo diário de alimento, para calcular a curva de exi-
uma amostra de suínos na granja em diferentes idades .
gências percentuais de aminoácidos ao longo do período
A figura 6 é um exemplo de medida de ET e PL através de
de C&T. Na figura 8, são mostradas as curvas de exigência
aparelho de ultrassom.
de lisina para as três granjas, cujas curvas de deposição de
proteína são apresentadas na figura 7. Nota-se significa-
Figura 7
Imagem da medida de espessura de toucinho tivas diferenças de exigências entre as diferentes granjas,
e profundidade de lombo com aparelho de podendo-se otimizar a formulação de maneira particular
ultrassom em suínos em crescimento e terminação
para cada granja. Obviamente que isso tem implicações
operacionais.

Figura 9
Curvas reais de exigência de lisina de suínos
em crescimento/terminação determinada,
através da curva de deposição de proteína

1,50
1,40
1,30
1,20
Requerimento

1,10
de LIsina, %

1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Peso, Kg
Na figura 7, observar-se diferentes curvas de deposi-
ção diária de proteína de suínos em três diferentes granjas,
portanto em condições reais de campo. Nota-se grande
variação no formato das curvas, indicando potenciais di-
3. Potencial de otimização econômica com uso
ferentes, que podem ser devidos a diferencias de potencial
de diferentes modelos a formulação
intrínseco (genética e sexo) e/ou diferenças ambientais
O grau de otimização aumenta com o aumento do
(saúde, ambiente e manejo).
grau de precisão das informações de composição de
Conhecendo-se a curva de deposição diária de prote-
matriz de ingredientes e exigências nutricionais no mais
ína, pode-se calcular a exigência diária (gramas) de ami-

NT 19
curto espaço de tempo, permitindo tomadas de decisão Conclusões
de maneira rápida. A figura 9, mostra de maneira esque- O aumento de preço dos ingredientes tem exigido
mática os diversos níveis potenciais de otimização, sendo nova abordagem e uso intenso de todas as tecnologias de
o uso do NIR in line, mais a determinação de exigências otimização econômica. Além da adoção de iniciativas de
reais de granja o sistema de mais alto grau de otimização melhorias de eficiência na produção, o uso de uma nova
(um sistema inovador) e o sistema tradicional (análise pelo abordagem na formulação de rações é crítico para aumen-
método tradicional, mais exigência de literatura) o de mais to da eficiência econômica do sistema de produção. O mo-
baixo potencial de otimização. delo tradicional de formulação baseia-se em análises de
Na figura 10, mostra-se uma simulação de potencial ingredientes em laboratório convencional e ajuste das ma-
econômico, comparando custos de formulação, usando trizes de ingredientes, o que gera um descompasso entre
exigências com base em literatura e com base em modelo o ajuste e produção de ração. Também, baseia-se no uso
nutricional. Nota-se que dependendo da margem de segu- de informações de exigências nutricionais de literatura (às
rança que pode estar sendo utilizada na formulação pelo vezes através de pesquisa própria que já é uma melhoria),
método convencional o potencial pode ser bem significa- com aplicação de margens de segurança (variável com o
tivo. conhecimento e experiência do nutricionista). Ambas as
situações juntas, ou separadamente, impedem o mais alto
Figura 10 grau de otimização do sistema de formulação. A solução
Modelo esquemático do potencial de otimização
com diferentes modelos de formulação para suínos é a adoção de um sistema de avaliação de ingredientes
(“+++”, mais alto e “+”, mais baixo potencial de otimização) que permita tomadas de decisão de ajuste de matriz de
ingredientes de maneira rápida, de um lado e, de outro
lado, a determinação das exigências nutricionais ajustadas
ao potencial real dos suínos nas condições reais de produ-
ção, que é diferente das condições quase ideias às quais
os suínos são submetidos na determinação de exigências
nutricionais em condições experimentais. O uso de tec-
nologias como o NIR e os modelos nutricionais apresenta
um alto potencial de otimização econômica na produção
de suínos.

Figura 11
Simulação de otimização de custo de formulação
utilizando o sitema de formulação convencional
(exigências de literatura com margem de segurança –
exemplo prático), comparado modelo nutricional

0
-1 -0,45
-0,83
-1,36 -1,39
-2 - 1,7
-2,24
-3
-4
-4,3
-5 -4,7 -4,8 -4,7
-6 -5,9
Ex. real: potencial de redução de 6 R$ por suíno -6,3
-7
Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Fase 5 Total

Dif Custo Ração (%) Dif. Custo Suíno (R$/Sui)

20 NT
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gestão

MEGATENDÊNCIAS
PARA O
AGRONEGÓCIO
MUNDIAL

22 NT
Celso Mello
Diretor Presidente da
Nutron Alimentos

Definitivamente vivemos num mundo onde os desafios para consumo.


a sobrevivencia humana são crescentes. O incrível crescimento Em última análise, temos um grande contingente de “no-
populacional verificado no século passado e começo deste novo vos” potenciais consumidores aumentando a demanda por
milênio estão desencadeando enormes mudanças estruturais na alimentos em geral, o que coloca grande responsabilidade
ocupação territorial e uso dos recursos naturais do planeta. no agronegócio mundial em suprir esta crescente demanda,
A necessidade de aumento na produção de alimentos de principalmente pela utilização mais intensiva de tecnologia
maneira responsável e sustentável têm levado as empresas que viabilize maior eficiência de produção e uso racional dos
do agronegócio mundial à necessidade de reverem constan- recursos naturais disponíveis.
temente seu posicionamento no mercado em que atuam, se Gráfico 1
Distribuição da População Brasileira (%)
adaptando as novas exigências das sociedades organizadas.
Consumo de Classes
Os desafios e as demandas são as mais variadas possíveis,
seja sob a ótica das diversas regiões do globo como também
no nível dos diversos países, onde caracteristicas geográficas
e culturais específicas resultam em megatendências que se
apresentam ao agronegócio mundial.

1 - Crescimento da renda nos países em desenvolvi-


mento: estamos assistindo nos últimos anos o grande avan-
ço do poder de compra dos cidadãos dos chamados países em
desenvolvimento. Tal fenomeno somente foi possível graças a
significativa melhora da economia deste grupo de países, co-
nhecidos mundialmente pela sigla BRICS (Brasil, Rússia, China
e África do Sul), que vem nos últimos 10 anos melhorando 2 - Participação crescente de proteína animal (carnes,
suas posições no ranking dos países com maior Produto In- leite e ovos) na dieta da população mundial: nos últimos
terno Bruto (PIB), conforme mostra a tabela abaixo. 30 anos tem-se observado significativa mudança do perfil da
dieta da população mundial. É muito conhecida a relação di-
Tabela 1
reta entre o aumento do poder de compra da população com
aumento proporcional de consumo de proteínas animais e
Posição Ranking Mundial (PIB) País consequente redução proporcional do consumo de cereais/
(março 2012) leguminosas.
1 Estados Unidos
2 China
Abaixo encontra-se o relatório World Agriculture – FAO,
3 Japão confirmando que o perfil da dieta da população mundial con-
4 Alemanha
5 França tinuará a sofrer significativa alteração nas próximas décadas.
6 Brasil
7 Reino Unido
8 Itália Tabela 2
9 Rússia
10 Índia

Cereais Raízes e Leite Carne Total kcal/


Importante ressaltar que além de se caracterizarem por Tubérculos pessoa/dia
serem países muito populosos (China e Índia com 1,3 bilhões 1980 160,1 73,4 76,5 29,5 2.549
e 1,0 bilhão de habitantes respectivamente), a melhora na 1990 171,0 64,5 76,9 33,0 2.704
economia destes países muita das vezes vem acompanhada 2000 165,4 69,4 78,3 37,4 2.789
de melhor distribuição da renda entre as várias classes sociais. 2030 165,0 75,0 92,0 47,0 3.040
No Brasil por exemplo (vide abaixo), tivemos somente nos úl- 2030/ - 8,0 17,5 25,6 9,0
timos 06 anos a migração de aproximadamente 50 milhões 2000 (%)
de brasileiros das classes D/E para a classe C, representando
significativo aumento da demanda por vários produtos de

NT 23
Portanto, este fenomeno também aumenta a respon- 
Gráfico 2
sabilidade do agronegócio mundial para produzir mais
proteínas de origem animal, visando abastecer a crescente
demanda que esta ocorrendo nos países mais populosos do Grãos para Grãos para
etanol biodiesel
globo terrestre. É sabido que a produção de proteínas ani- (milhões de ton)
mais mobiliza maior utilização de recursos naturais (água,
minerais, derivados do petróleo (fertilizantes…)) e consome
parte significativa da produção de grãos mundial. Temos
portanto aí mais um desafio a ser vencido.

3 - Conexão entre energia e alimentos: é crescente a


preocupação mundial no sentido de encontrar fontes alter-
nativas ao petróleo. Sendo atualmente a principal matriz
energética em uso, é natural que se busque fontes alternati-
vas a ele, visto ser uma fonte finita. Diversas tentativas estão
sendo gradativamente inseridas (energia eólica, atômica, hi- Esta busca desenfreada pelo uso de grãos para fins ener-
dráulica,…) e vão sendo gradativamente implementadas. géticos começa a impactar fortemente o preço dos mesmos
Entretanto as opções disponíveis ainda não foram su- no Brasil, onde já há
ficientes e a busca por fontes alternativas continuam e projetos para produ-
resultaram recentemente no aparecimento de um novo e ção de etanol a partir
preocupante fenomeno, que é a competição pelo uso de de milho, algo impen-
grãos de cereais e leguminosas para a geração de energia. sável no passado re-
Temos portanto uma nova e imensa demanda, que concorre cente no considerado
diretamente com o uso destes grãos para a produção de país do etanol a base
alimentos, seja animal ou humano. de cana-de-açúcar
Embora recente, aparente- Consequente-
mente esta disputa veio para mente, os custos de
ficar. Uma das principais ra- produção das diversas
zões para isto é que o uso carnes produzidas em
dos grãos tem a seu favor o nosso país também
fato de serem considerados vem aumentando sig-
fontes energéticas limpas, ou nificativamente, uma vez que
seja, geram menor emissão safra de milho brasileira (apro-
de CO2 quando comparada ximadamente de 65 milhões
ao petróleo. de toneladas) é utilizada na sua
O fato é que diversos paí- maioria (2/3 do total) pela in-
ses (EUA, Brasil e vários outros dústria produtora de carnes.
do continente europeu) estão Portanto, este fenomeno
estimulando a produção de também ajuda a aumentar a
grãos vegetais para destina- responsabilidade do agronegócio mundial a produzir
ção como fonte energética. mais grãos cereais e leguminosas, seja para destinação
Esta decisão cria uma nova, no uso como fonte de energia limpa seja como fonte
porém enorme demanda ex- de alimento para animais e consequente produção de
tra para estes grãos, estabe- carnes.
lecendo uma nova ordem de
relações de oferta e demanda 4 - Crescente volatilidade das informações em
mundial, resultanto em alterações siginificativas de preços função das incertezas políticas e econômicas de diver-
destes grãos. Apenas nos EUA, que desde 2002 produziram sos países: fatores diversos levam a alta volatilidade dos pre-
6 vezes mais etanol a base de milho, houve aumento de 3 ços das matérias-primas, como:
vezes no preço do referido cereal. Sabe-se que atualmente - Desregulamentação e/ou liberalização dos mercados
8% da produção mundial de grãos cereais já têm destinação comerciais globais, especialmente nos EUA e União Européia,
para a produção de etanol e 14% da produção de oleagino- que fizeram significativas intervenções no passado e agora
sas para produção de biodiesiel. estão reduzindo progressivamente os subsídios oferecidos

24 NT
aos seus produtores até então. Com a recente crise mundial, do tomar vantagem do desconhecimento de suas intenções
inicia-se o movimento de pressão para forte redução destes de venda e compra. Países como por exemplo a China, cientes
incentivos governamentais aos produtores locais, que certa- do seu potencial de compra e de balizador das tendências de
mente terão seu ímpeto produtivo reduzido. Por outro lado, preços de matérias-primas, escondem e/ou dificultam o aces-
países que não se utilizaram deste expediente terão sua com- so a informações sobre seus estoques visando tomar vanta-
petitividade aumentada. gens competitivas para si.
- Rápida divulgação de informações relevantes ao mer- - Reflexo da volatilidade do preço do petróleo nas com-
cado, com alto impacto na relação de forças entre oferta e modities em geral, visto ser matéria-prima para a produção
demanda das principais commodities agropecuárias. Como de vários insumos utilizados nas cadeias produtivas do agro-
exemplo temos o forte impacto das informações disponibi- negócio mundial (combustíveis, fertilizantes, defensivos agrí-
lizadas diariamente (via as diversas mídias) sobre as previsões colas, insumos alimentares (vitaminas, aminoácidos e alguns
das condições climáticas em diversas regiões do globo terres- aditivos) e outros).
tre e suas consequências nas previsões das safras mundiais Na última década assistimos a mudança de patamar de
(seja no plantio, no estabelecimento das lavouras no campo, preços do petróleo, partindo de cerca de US$ 30/barril em
na colheita e também na capacidade de armazenagem). 2000, passando por US$ 70-80/barril nos anos 2006-2007,
Estas informações, atualmente facilmente disponibiliza- atingindo picos de US$ 140/barril na crise mundial de 2008 e
das com grande velocidade em função das novas tecnologias retornando para os atuais US$ 90-100/barril. Esta verdadei-
existentes, muitas vezes influenciam as tendências de preços ra montanha russa do comportamento do preço do petróleo
futuros dos grãos excessivamente, causando um descom- causou, e certamente continuará a causar, fortes variações
passo virtual entre oferta e demanda. Definitivamente a tec- nos preços dos subprodutos do petróleo que fazem parte da
nologia disponível tem tremendo impacto na velocidade de cadeia do agronegócio, com impacto direto no custo de pro-
circulação das informações, fato comprovado pela presença dução dos alimentos.
maciça das empresas de tecnologia entre as maiores e mais - Instabilidade política e/ou alterações de políticas co-
valiosas empresas do mundo (vide abaixo). merciais de diversos países do globo, causando rupturas ines-
peradas no abastecimento de certos suprimentos e/ou pro-
Tabela 3 dutos da cadeia produtiva do agronegócio mundial. Temos
Marcas mais valiosas do mundo
exemplos recentes como o recente proteccionismo russo no
que diz respeito as importações das carnes brasileiras, as libe-
Posição Empresa Valor
(US$bi) rações por parte da China e Estados Unidos para importação
da carne suína brasileira, restrições a exportação de produtos
1 Apple 182,9
do agronegócio na Argentina, bem como a forte recente res-
2 IBM 115,9
trição a exportação de carne suína brasileira para Argentina,
3 Google 107,8
entre outros.
4 McDonald’s 95,2
5 Microsoft 76,6
5 - Saúde e bem-estar como balizadores do novo com-
6 Coca-Cola 74,2 portamento da população mundial no que diz respeito
7 Marlboro 73,6 as preferências de consumo: a voz do consumidor está
8 68,8
AT&T ecoando cada vez mais alto e impactando fortamente as con-
9 Verizon 49,1 sideradas novas diretrizes da produção de alimentos do mun-
10 ChinaMobile 47,0 do moderno. Este fato tem levado as empresas que ­atuam
Fonte: Millward Brown (relativo ano 2011) no setor a procurar e estabelecer novos posicionamentos
estratégicos, visando aten-
No mundo atual as mais diversas informações estão dis- der a esta nova tendência de
poníveis a todos e em tempo real. A conectividade entre as demanda. O conceito de se-
informações on line, utilizadas para agilizar as tomadas de gurança alimentar vem ga-
decisões nos diversos elos da cadeia produtiva , é total e de nhando importância muito
uso crescente. rapidamente, pois a popula-
- Redução dos estoques ao longo da cadeia de suprimen- ção mundial agora
tos, resultado dos governos reduzindo estrategicamente os exige alimentos
estoques em relação ao histórico. Seja por razões estratégicas, produzidos sob rí-
seja por razões economicas, diversos países estão se compor- gidos controles de
tando de maneira inusitada no que diz respeito ao histórico produção e custos
de estoques das principais commodities agropecuárias, visan- razoáveis.

NT 25
Para que a demanda por alimentos seja atendida de for- damentee/ou tenham a oportunidade de maior capacitação
ma responsável e sustentável, todas as empresas que atuam para atender os novos desafios. Todavia, a nova geração de
na cadeia de produção de alimentos devem proteger a con- profissionais em geral tem valores muito diferentes das ge-
fiança obtida e fazer jus ao crédito que os consumidores lhes rações passadas, principalmente quanto a necessária auto-
dão. Neste sentido, a utilização de níveis crescentes de tec- consciencia sobre a importância do amadurecimento do co-
nologia e sistemas de produção de comprovada qualidade e nhecimento teórico em real conhecimento de uso prático. A
eficiência, garantem o crescimento sustentável de alimentos avidez por promoções rápidas chega em vários casos a ser
através do uso consciente e responsável dos recursos naturais. uma meta que, se não atingida rapidamente, é suficiente para
Portanto, a utilização de novas e comprovadas tecnologias o funcionário se desligar da empresa.
que não representem risco a saúde da população no curto e Atualmente o desenvolvimento, estímulo e retenção da
longo prazo são fundamentais para que o setor continue a ter chamada geração Y de profissionais, configura-se num de-
a o respeito da população. Todo esforço deve ser feito para safio adicional para as empresas em geral, que vivenciam a
avançarmos ainda mais neste ponto. falta de mão-de-obra qualificada em processos produtivos
cada vez mais específicos. Infelizmente, mesmo garantindo
6 - Recursos limitados, demandas ilimitadas: é nítida e treinamentos que demandam tempo e investimento finan-
crescente a grande pressão da sociedade civil no uso racio- ceiro na qualidade de seus profissionais, não é garantia de
nal e sustentável dos recursos naturais do planeta. Por serem retenção dos mesmos. Todavia, as empresas devem continuar
recursos finitos, cresce a consciencia da po-
pulação mundial quanto a importância deste
tema.
O Brasil tem um importantíssimo papel
neste quesito, visto possuir 22% das terras
agriculturáveis e 1/3 do total de água potável
do mundo, aliado a um clima extremamente
favorável para a produção durante todas as
estações do ano. A maior parte do território
brasileiro possibilita a obtensão de 02 safras
por ano, fato raro em outras áreas do globo.
Neste sentido, cientes do seu papel e res-
ponsáveis em mantê-los de maneira susten-
tável, os diversos elos da cadeia produtiva do
agronegócio vem caminhando a passos largos
para a sua maior profissionalização. Uso mais
eficiente do solo (adubação, irrigação, plantio promovendo e incentivando a
direto, colheita mecanizada, mão-de-obra especializada, etc.), capacitação de seus funcionários, pois certamente são eles o
técnicas mais eficientes de transporte e armazenamento, maior patrimonio de qualquer empresa.
utilização da nutrição mais responsável dos animais (uso de
ingredientes e níveis nutricionais adequados e seguros), ma- Conclusão: o mundo em que vivemos vem experimentando
nejo dos animais segundo condições suficientes de conforto diversas mudanças estruturais na sua organização, cada vez
e atrelada a rentabilidade, processos de industrialização das mais aceleradas e impactantes para o futuro do planeta. Uma
carnes adequados e responsáveis (mão-obra qualificada, uso nova ordem ordem vem se estabelecendo, acelerada pelos
racional da água, conservação/armazenamento/frio, distri- modernos meios de comunicação e tecnologia. A adequação
buição, etc), vem se consolidando como megatendencia nes- das empresas em geral a este novo e desafiante cenário é
te mundo de demanda crescente por alimentos seguros. imperativa. Para o agronegócio mundial e particularmente
para o brasileiro não é diferente, visto a importância desta
7 - A competição por talentos: com tantas novas e fer- atividade economica na produção de alimentos para a cres-
vilhantes alterações nos sitemas produtivos do agronegócio, cente população mundial. O consumidor atual está muito
o fator humano também passa pelo mesmo desafio. Não há atento em relação a qualidade geral dos produtos que con-
sistema produtivo que se estabeleça adequadamente sem a some, entretanto num escopo muito mais amplo: onde são
forte importância da qualidade da mão-de-obra envolvida no produzidos, como são produzidos, quem os produz, utiliza os
mesmo. recursos naturais responsavelmente, são seguros e tem pre-
Para tanto, é imperativo a entrada em cena de novos ços compatíveis?
jovens profissionais, que tenham sido capacitados adequa- Bem vindos ao novo cenário do agronegócio mundial.

26 NT
gestão

DEMANDA MUNDIAL
DE ALIMENTOS

28 NT
Sabrina Marcantonio Coneglian
Zootecnista, Doutora em Nutrição Animal
Departamento de Inovação, Qualidade de Produto e
Assistência Técnica da Vale Fertilizantes

O BRASIL ESTÁ
PREPARADO?
A demanda por alimentos é correlacionada positiva- pulação mundial. Uma mudança de padrão de consumo é
mente com o crescimento populacional. Em recente estudo, suficiente, portanto, para uma alteração significativa na eco-
a ONU projetou que em 2050 a população mundial será de nomia global. No ano passado, a China expandiu seu produto
9,3 bilhões de pessoas, assumindo uma taxa de crescimento interno bruto em 11,4% e a Índia cresceu 9,6%.
média de 0,84% ao ano. Embora o crescimento estimado da Com uma economia mais fortalecida, além das pessoas
população do final de 2011, onde éramos 7 bilhões de habi- comerem mais, a população desses países está se tornando
tantes, à 2050 seja de 33%, a demanda por alimentos poderá mais urbana. Ou seja, deixou de produzir o próprio alimen-
dobrar devido também ao crescimento da renda dos países to para comprá-lo no supermercado, o que torna necessário
em desenvolvimento. que se produza mais comida em larga escala para atender às
Atualmente, mais da metade da população mun- cidades. O crescimento da renda dos trabalhadores nesses pa-
dial é de classe média, graças ao rápido crescimento dos íses fez com que mudassem seus hábitos de consumo e, por
países em desenvolvimento. No Brasil observamos a mesma
realidade, onde a conhecida pirâmide social deu lugar a um Figura 1
losango (Figura 1), com aumento de 16 milhões de pessoas Crescimento das classes A, B e C
nas classes A e B (que agora respondem por 21% da popula-
ção, ou seja, 42 milhões) e de 39 milhões na classe C (agora 2005 2010
com mais de 100 milhões de pessoas ou 53% da população); Classes AB Classes AB
26.421.172 42.195.088
os 25% restantes hoje se encontram nas classes D e E (48
milhões de brasileiros). Classe C
62.702.248
Classe C
101.651.803

Entre os países que mais aumentaram seu consumo por Classes DE Classes DE
92.936.685 47.948.964
alimentos estão os países em desenvolvimento como China,
Índia e Brasil, onde vive uma parcela de mais de 40% da po-
Fonte: Gianini, 2010

NT 29
consequência, sua dieta. Trocaram carboidratos por mais pro- Figura 2
teínas no cardápio, basicamente carne, leite e queijos. Neste Crescimento percentual da produção de carnes
contexto, o aumento no consumo de carne, consequente- bovina, suína, aves e ovina, com a contribuição dos países
em desenvolvimento totalizando 78% e os 22% restantes
mente aumenta a demanda por grãos, os quais compõe a dos desenvolvido, por tipo de carne, entre 2011 e 2020.
dieta dos animais de produção.
A relação mundial entre as reservas e a demanda por ce- 70
reais está menor que há dez anos, mas até que em percentuais 22%
60
históricos razoáveis. Em relação aos anos noventa, o quadro 50 2,68
está relativamente melhor, mas bem longe da saudável situ- 40
ação da virada do século passado para o presente. Na última 19,85
30
década, houve anos em que a produção não acompanhou o 78%
20
ritmo de crescimento do consumo. 17,77
10
O problema pontual consiste mesmo na velocidade do 6,70
0
esgotamento das áreas disponíveis em regiões tradicionais Beef Pork Poultry Sheep Total in
Developing crease
para a produção de alimentos. O caso mais emblemático é Total
justamente o dos Estados Unidos, onde está a maior agricul- FAO, 2011
tura do planeta, porém, com estoques bem inferiores aos do
mundo. As expectativas futuras estão depositadas em cima mos a demanda crescente de alimentos.
das tecnologias geradas pelas pesquisas, para as quais são O Brasil deverá ser nos próximos anos um dos países em
carreados vultosos recursos. Tecnologias como integração desenvolvimento com melhores condições de atender à de-
lavoura-pecuária-floresta, agricultura e pecuária de precisão, manda de alimentos em nível mundial, segundo o Ministério
matérias-primas alternativas para atender o mercado de bio- da Agricultura. Outros países com este potencial, além do
combustível, entre outras serão imprescindíveis para atender- Brasil, são os demais países do Brics (grupo integrado pelo
Brasil, a Rússia, Índia, China e a África do Sul), pelo fato de o
bloco apresentar uma economia em expansão, envolver 43%
da população mundial e ocupar 40% das terras do planeta.
Segundo estudos da FAO, os aumentos de produção de
carne (bovina, suína, aves e ovinos) também ocorrerão pre-
dominantemente nos países em desenvolvimento, que serão
responsáveis por cerca de 78% do volume adicional (Figura
2). O crescimento de produção se dará principalmente dos
setores de aves e suínos, que em relação às carnes vermelhas,
mais caras, têm as vantagens dos ciclos curtos de produção e
maior eficiência alimentar.
O aumento na produção de alimentos e a manutenção de
sua qualidade somente serão conseguidos se a agropecuária
se tornar cada vez mais intensiva em capital e em conheci-
mentos. Portanto, precisamos investir mais em pesquisa e de-
senvolvimento e inovações tecnológicas, porque praticamen-
te todo incremento futuro da produção virá dos aumentos de
rendimentos, e não do aumento de área.
O que está sendo feito pela indústria da carne bovina
brasileira, pecuária, frigoríficos, fornecedores de insumos e
comércio, já é um feito grandioso em si. Mas é preciso investir
na recuperação das pastagens e no melhoramento genéti-
co animal e vegetal, de modo a continuar produzindo boi a
pasto com alguma suplementação, semiconfinamento, e até
confinamento, com incrementos de produtividade por hecta-
re e por animal.
Estas técnicas e atitudes postulam novos paradigmas e
ferramentas para responder aos recentes questionamentos
desta sociedade em transformação. Eis o potencial da agri-
cultura e pecuária de precisão.

30 NT
Farelo
de Soja
O melhor alimento
para seu gado de leite

Uberlândia-MG (34) 3218-5294


Rio Verde-GO (64) 3611-1854
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Primavera do Leste-MT (66) 3495 3518
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Ponta Grossa-PR (42) 3219-3089

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MERCADO

Considerações sobre
a precificação do
boi gordo

32 NT
Hyberville Neto
Scot Consultoria

Nos últimos anos o mercado do boi gordo passou por que afere a receita com as venda da carcaça no merca-
diversas modificações quanto à forma de negociação dos do atacadista, revela isso. Em abril, apenas com a venda
animais. da carcaça, o frigorífico pagou, em média, 93,85% do boi
Em 2008, a maior parte dos rebanhos era negociada a gordo.
prazo, para descontar o funrural. A tabela 1 mostra quanto o frigorífico pagou em mé-
Com a crise e os problemas pelos quais passaram os dia pelo boi e quanto recebeu pela venda dos produtos do
frigoríficos, deixando pecuaristas credores sem receber, o abate em abril.
pagamento à vista disseminou-se, se tornando frequente. O preço médio do boi gordo no período foi R$97,75/@,
Em 2009, por exemplo, havia três formas de precifi- a prazo, livre de imposto.
cação: a prazo, para descontar o funrural;
a prazo, livre do imposto; e à vista, sem o
Tabela 1
funrural. Valor médio do boi gordo, equivalentes e margem de comercialização
da indústria em abril.
No início de 2010 a Scot Consultoria,
em função do julgamento de inconstitu- Indicador R$/@ Margem de Preços por Diferença entre
cionalidade do “funrural”, passou a divul- comercialização animal* a receita e o valor
pago pelos bois
gar os preços da arroba do boi gordo livres (por dia de abate**)
Boi gordo
de imposto. Equivalente Físico 97,75 - 1.612,87 -
Em 2012, o indicador boi gordo cal- Equivalente Scot 91,74 -6,15% 1.513,71 -79.332,00
Equivalente Scot 96,41 -1,37% 1.590,77 -17.688,00
culado pelo Cepea/Esalq e os contratos 113,26 15,87% 1.868,79 204.732,00
Carcaça
futuros da BVMF também passaram a ser Desossa 118,63 21,36% 1.957,40 275.616,00
divulgados livres de funrural.
* Boi gordo de 16,5@
** Abate de um frigorífico com capacidade de abate de mil animais por dia,
Remuneração dos trabalhando com 20% de ociosidade.
Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br
derivados
O rendimento de um bovino é quanto
representa a carcaça, que é o objetivo primário da produ-
ção de bois. Se o frigorífico tivesse vendido apenas a carcaça, teria
A carcaça é composta pelo dianteiro, traseiro e ponta recebido R$1.513,74 por animal, valor 6,15% menor que
de agulha, cujas participações aproximadas são de 39%, o pago pelo boi, cuja cotação média foi de R$1.612,87,
48% e 13%, respectivamente. considerando um animal de 16,5@.
De um lado entra o boi gordo e do outro saem duas Considerando a receita com a venda da carcaça, couro
meias carcaças. E o resto? e sebo, temos o Equivalente Scot. Com estes produtos, a
Aqui existe um ponto de atrito na relação entre pecu- receita gera margem de comercialização de -1,37%.
arista e frigorífico. Afinal, os miúdos, couro, sebo e deriva- O Equivalente Scot Carcaça e o Equivalente Scot De-
dos não deveriam ser pagos, assim como a carne? sossa contemplam a receita com a venda da carcaça e
Acontece que apenas com a venda da carcaça, o frigo- carne sem osso, respectivamente, somada a todos os deri-
rífico não cobre o valor pago pelo boi gordo. vados, miúdos, couro e sebo.
A carcaça, por ser o foco da indústria de carne, é usa- Em abril, a margem de comercialização do Equivalente
da na precificação. Quanto mais carcaça, mais carne, mais Scot Carcaça ficou em 15,87%, enquanto o Equivalente
vale o boi gordo. Scot Desossa teve margem de 21,36%.
O Equivalente Físico, calculado pela Scot Consultoria, A última coluna mostra a diferença entre os preços de

NT 33
venda dos produtos e os pagos pelos bois. Tais valores pre- Se um pecuarista negocia seus animais no peso vivo
cisam cobrir os custos de operação da indústria. e fixar o rendimento 1 ponto percentual acima, saindo de
Resumindo, a carcaça é a referência pela qual o boi é 50,0% para 51,0%, por exemplo, obtém a mesma receita
precificado, mas o preço pago é resultado da oferta e de- de um acréscimo de 2,0% no preço por arroba.
manda, considerando a venda de tudo o que o boi produz. A utilização de duas variáveis na precificação do boi
Portanto, o boi é pago pelo seu todo e não somente pela na balança da fazenda possui pontos positivos, como o
carne que produz. conhecimento prévio do valor a ser recebido e a tranquili-
dade quanto ao transporte, uma vez que possíveis hema-
O rendimento de carcaça tomas passam a ser prejuízo da indústria, por exemplo.
Outro fator que altera os ânimos entre pecuarista e Por outro lado, uma variável a mais na precificação
frigorífico é o rendimento de carcaça. pode induzir a distorções.
Diversos fatores afetam o rendimento, que é a relação Um animal vendido na balança da propriedade
entre o peso da carcaça e o do animal vivo. com rendimento negociado de 50,0%, com preço de
Tais fatores são o peso de abate, genética, idade, ali- R$95,00/@, gera a mesma receita de um animal negocia-
mentação, tempo de jejum e manejo no transporte. do a R$88,00/@, mas com 54,0% de rendimento.
Idade, genética e peso de abate alteram a própria Com o preço do boi gordo, ao redor de R$100,00/@,
composição deste animal, alterando a relação entre a cada ponto percentual a mais no rendimento equivale a
musculatura, ossos da carcaça e gordura e o peso total R$2,00 a mais por arroba.
do bovino.
O tempo de jejum altera o conteúdo e peso do trato di- Conclusão
gestivo, o que altera a relação entre carcaça e peso vivo. O mercado tem reagido a cada novo fator que surge
O transporte pode gerar hematomas, que são excluídos na pecuária.
na limpeza feita na linha de abate. Pequenas variações na forma de comercialização po-
No entanto, o indexador que determina quanto será dem gerar diferenças expressivas na receita, que aumen-
pago pelo boi é o peso no final da linha de abate. tam conforme o volume de animais abatidos.
Outra forma de comercialização é a venda pelo peso Acompanhar e se adaptar rapidamente às mudanças
vivo, com pesagem na fazenda e negociação do rendimen- parece ser o caminho para não perder em escala.
to.
O rendimento negociado varia normalmente em rela-
ção ao peso e raça do animal. Veja a tabela 2.
A diferença de rendimento exposta na tabela gerou
uma variação de receita de 10%.

Tabela 2
Variação da remuneração do pecuarista
conforme o rendimento de carcaça, considerando um animal
de 495kg de peso vivo e o preço médio da arroba
do boi gordo em abril (R$ 97,75 a prazo, livre de imposto)

Rendimento Peso de Remuneração Diferença


carcaça em relação
(@) a 50% de
rendimento
50,0% 16,5 R$ 1.612,88 R$ o,00
50,5% 16,7 R$ 1.629,00 R$ 16,13
51,0% 16,8 R$ 1.645,13 R$ 32,26
51,5% 17,0 R$ 1.661,26 R$ 48,39
52,0% 17,2 R$ 1.677,39 R$ 64,52
52,5% 17,3 R$ 1.693,52 R$ 80,64
53,0% 17,5 R$ 1.709,65 R$ 96,77
53,5% 17,7 R$ 1.725,78 R$ 112,90
54,0% 17,8 R$ 1.741,91 R$ 129,03
54,5% 18,0 R$ 1,758,03 R$ 145,16
55,0% 18,2 R$ 1.774,16 R$ 161,29

Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

34 NT
ESTÁ TIRANDO
LEITE DE PEDRA?
A Scot Consultoria reuniu a nata dos especialis- O evento acontecerá nos dias 21 e 22 de
tas da pecuária leiteira do país para compartilhar agosto de 2012 no Centro de Convenções
com você as melhores práticas e informações de Ribeirão Preto-SP e o dia de campo em
do mercado leiteiro. Descalvado-SP.

Para ver a teoria discutida na prática, haverá ainda Contamos com a sua presença.
uma visita à fazenda Agrindus, uma das maiores
e melhores produtoras de leite do Brasil.

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MERCADO

Importações
de lácteos
uruguaios é pauta
de discussão

A câmara setorial do leite tem se preocupado com a Figura 1


situação do mercado nacional perante as importações de Importações brasileiras de leite em pó uruguaio
mil toneladas
lácteos uruguaios. E não é a toa!
Observe na figura 1 a diferença no volume importado
pelo Brasil de leite em pó uruguaio no primeiro quadri-
mestre de 2011 e de 2012. Lembrando que 2011 já tinha
sido um ano de importações em alta.
As importações de queijos foram menores nos últimos
três meses. Mas influenciada pelo montante de janeiro, o vo-
lume importado no primeiro quadrimestre totalizou 1,8 mil
toneladas, ou 5,5% mais que no mesmo período de 2011.
Entre leite em pó e queijos uruguaios, que são os prin-
cipais produtos importados pelo Brasil, entraram 140,4 mil
toneladas equivalentes litros de leite no Brasil de janeiro Fonte: MDIC/Elaborado por Scot Consultoria -
www.scotconsultoria.com.br

36 NT
Jéssyca Guerra
Zootecnista da Scot Consultoria

Figura 2 a abril deste ano.


Importações brasileiras de queijos uruguaios Lembrando que, mesmo com a cota estabelecida para
em toneladas
as negociações de leite em pó com a Argentina, este ainda
é o país que mais exporta lácteos para o Brasil, correspon-
dendo entre 45,0% e 55,0% das importações brasileiras
nos últimos meses.
As importações de produtos uruguaios corresponde-
ram entre 35,0% a 45,0% em 2012.
Com o dólar em patamares elevados frente ao real, as
importações se tornam menos interessantes.
De qualquer forma, as importações de lácteos nestes
patamares prejudicam os preços no mercado interno, de-
sestimulando a produção nacional e investimentos por
Fonte: MDIC/Elaborado por Scot Consultoria - parte dos produtores.
www.scotconsultoria.com.br

NT 37
MERCADO

Semana de relatórios.
O que esperar
para o milho?

38 NT
Rafael Ribeiro de Lima Filho
Zootecnista da Scot Consultoria

A Companhia Nacional de Abastecimento divulgou no dia 10 de Figura 2


maio o oitavo levantamento de acompanhamento da safra brasileira Preço médio do milho em Campinas-SP, em
R$ saca de 60kg
de grãos (2011/2012).
Para o milho safrinha, mais um ajuste na área plantada e na
produção.
A CONAB fala em 7,16 milhões de hectares de milho de segunda
safra nesta temporada, frente a 7,07 milhões de hectares estimados
no relatório de abril.
Desde janeiro, quando a CONAB divulgou os primeiros núme-
ros relacionados à safrinha de milho 2011/2012, as expectativas com
relação à área plantada e produção aumentaram 21,1% e 41,8%,
respectivamente (figura 1).
Em 2010/2011, o milho safrinha ocupou 5,88 milhões de hecta-
res, num total de 21,48 milhões de toneladas. Fonte: Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br
Se o clima colaborar, e tem colaborado, a produção de milho
deve ultrapassar 30,0 milhões de toneladas nesta safrinha. No total dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) divulgou o relatório de
(primeira e segunda safras) são previstas 65,90 milhões de toneladas, oferta e demanda mundial de grãos.
ou 14,8% mais milho na comparação com a safra anterior. Para esta temporada, os estoques mundiais (finais) estão estima-
Esta previsão de maior oferta tem pressionado para baixo os pre- dos em 127,56 milhões de toneladas de milho. Este volume é 2,5%
ços do milho. Além disso, como boa parte da safrinha foi negociada maior que o registrado no fim da temporada passada.
antecipadamente, em valores mais baixos, o ritmo dos negócios di- As novidades ficam por conta dos números referentes à safra
minuiu, colaborando para a pressão de baixa. 2012/2013, em plantio no hemisfério Norte. A produção de milho
Em São Paulo, região de Campinas, a saca de 60kg de milho está norte-americana está estimada em 375,68 milhões de toneladas.
cotada em R$25,00. Um incremento de 19,7% em relação a produção em 2011/2012.
Os preços caíram, em média, 9,0% desde o começo de abril. Em O USDA prevê um crescimento da demanda por milho nos Esta-
relação ao mesmo período do ano passado, o milho está 13,8% mais dos Unidos de 8,4% em 2011/2012, puxado pela indústria do etanol.
barato. Veja a figura 2. Aproximadamente 80,0% do milho produzido no país tem como
Com o início da colheita do milho safrinha e aumento da dispo- destino o mercado interno.
nibilidade interna, recuos nos preços do grão não estão descartados. As exportações norte-americanas devem aumentar 11,8%, em
função da maior disponibilidade do grão.
Milho nos Estados Unidos Apesar da previsão de maior demanda interna, os estoques finais
Também no dia 10 deste mês, o Departamento de Agricultura em 2012/2013 devem mais que dobrar (aumento de 120,1% em re-
lação a 2011/2012). Estão estimados em 47,78 milhões de toneladas.
Já os estoques mundiais estão estimados em 152,34 milhões de
Figura 1
Estimativa de área plantada (eixo da esquerda) toneladas de milho, 19,4% maior que o previsto para o fim da tem-
e produção (eixo da direita) de milho safrinha no Brasil porada atual, que já é grande.
Esta previsão de maior oferta mundial e estoques mais confor-
táveis colaboram com a pressão baixista no mercado brasileiro.
Tabela 1
Produção, consumo interno, exportação e
estoques finais de milho nos Estados Unidos - em milhões
de toneladas

Safras Produção Demanda Exportações Estoques


interna finais
2011/2012 313,92 278,27 43,18 21,62
2012/2013 375,68 301,64 48,26 47,78
Variação 19,7% 8,4% 11,8% 121,0%
Fonte: CONAB/Scot Consultoria - Fonte: USDA/Scot Consultoria -
www.scotconsultoria.com.br www.scotconsultoria.com.br

NT 39
MERCADO

O desafio
agronômico da
pecuária!

40 NT
Maurício Palma Nogueira
Engenheiro agrônomo e diretor da
Bigma Consultoria

Tradicionalmente pouco se faz em termos de corre- saindo de 1,5 @ por hectare ao ano, nos anos 1970, para
ção e manutenção das pastagens. Com isso, lentamente próximos dos 3,5 @/ha/ano na média dos últimos anos.
os pastos vão perdendo a capacidade de suporte ao longo Em termos ambientais, o ganho de produtividade da pe-
dos anos; um processo de degradação que se estende até cuária é significativo.
que se faça uma nova reforma da área. A própria reforma, Caso esse ganho não tivesse acontecido, a pecuária te-
em si, é deficitária em termos nutricionais. ria que ocupar outros 280 milhões de hectares para man-
A ausência completa ou a reposição mínima da fertili- ter a atual produção de carne bovina. A área total das pas-
dade é insuficiente para manter a produção e exportação tagens seria de 455 milhões de hectares contra os cerca de
de nutrientes do solo. E é por esta equação inquestionável 171 milhões de hectares ocupados atualmente.
que as pastagens pioram, mantendo-se nesse ciclo de per- Essa estimativa da Bigma Consultoria é alinhada com o
da de produtividade. estudo publicado recentemente pelos pesquisadores Eliseu
Essa realidade é conhecida do produtor e há anos vem Roberto de Andrade Alves, Elisio Contini e Geraldo Bueno
sendo discutida nas universidades e entre os profissionais Martha Junior, todos da Embrapa.
que trabalham com a pecuária. Segundo os pesquisadores que se basearam nos Censos
Economicamente, o processo de degradação repre- de 1950 e 2006, 79% do avanço da pecuária no período é
senta um dos custos mais elevados da pecuária de corte, atribuído aos ganhos de produtividade. Apenas 21% dessa
tanto por efeito direto com a diluição dos investimentos expansão é explicada pelo aumento da área de pastagens.
na formação dos pastos em poucos Segundo os pesquisadores, caso não
anos, como por efeito indireto, pela É fato que a houvesse os ganhos, a pecuária teria
limitação da capacidade de suporte pecuária brasileira que ocupar 525 milhões de hectares
da propriedade e, consequentemente, para manter o mesmo rebanho e mes-
vem ganhando
aumento relativo dos demais custos ma produtividade. Inconcebível de se
fixos e indiretos: depreciações em ge- produtividade anas imaginar.
ral, manutenções, funcionários, má- últimas décadas, Essa ressalva é importante para
quinas, etc. principalmente após lembrar aos ambientalistas que hou-
Em outras palavras, a baixa pro- os anos 1990. ve, sim, ganho em produtividade na
dutividade das pastagens provoca produção de carne bovina. E, princi-
ociosidade nas propriedades rurais. palmente pelo tamanho da pecuária
Conforme comentamos anteriormente, trata-se de brasileira, podemos concluir que tais ganhos de produtivi-
uma realidade conhecida há anos nas propriedades de dades são expressivos em termos ambientais. Os números
gado. No entanto, para os pecuaristas o problema vem au- falam por si.
mentando consistentemente ao longo das décadas. Pois bem, voltando à análise, mesmo com os ganhos
A pecuária de corte vem sofrendo um processo gradual ambientais, para o resultado econômico do pecuarista, este
de redução da rentabilidade média do produtor. Hoje em avanço ainda é insuficiente para manter a rentabilidade e
dia, pelas análises da Bigma Consultoria, para manter a o padrão de vida de 40 anos atrás. A pressa e o interesse do
mesma renda da década de 70, uma fazenda de ciclo com- pecuarista em aportar tecnologia é muito maior do que o
pleto teria que operar com uma produtividade 5,2 vezes mais ousado dos planos de conservação ambiental.
acima do que operava naqueles anos. Com margens mais apertadas, a dinâmica de caixa das
É fato que a pecuária brasileira vem ganhando produ- propriedades vai se espremendo, o que dificulta financei-
tividade nas últimas décadas, principalmente após os anos ramente o processo de tecnificação pelo aporte de novas
1990. No entanto, estima-se que a produtividade média tecnologias ou insumos na área.
tenha aumentado 2,6 vezes neste período, com o índice Resumindo, seja em manutenções ou reinvestimentos,

NT 41
manter a boa condição das pastagens vai ficando cada vez ta que compareceu e atendeu a pesquisa do Rally da Pe-
mais oneroso em termos de composição dos custos opera- cuária, o nível de produtividade dessas fazendas é quase o
cionais. É mais difícil destinar caixa para as pastagens, pois dobro do que é observado na média nacional. Avaliando o
a conta pesa cada vez mais na atividade. ciclo completo dentro da amostragem, identificamos des-
E os problemas não param por aí. Relatos de perdas frute de 31%, com ocupação de 1,4 cabeças por hectare o
de pastagens ou aumento de problemas relacionados às que nos sugere um nível de produtividade próximo das 7,5
@/hectare/ano.
Figura 1 Pois bem, a pecuária deve continuar incorporando
tecnologia, conforme apontam as tendências. Não há re-
torno.
Até o momento, o grande ganho foi proveniente de
melhorias zootécnicas (nutrição, sanidade, genética) e de
manejo de pastagens, incluindo otimização do uso, rota-
ção e limpeza das áreas.
O próximo desafio é agronômico, ou seja, é preciso
tratar as pastagens como culturas agrícolas dentro da fa-
zenda.
E a maior dificuldade em dar este passo na pecuária é
Fonte: Rally da Pecuária - 2011 Agroconsult/Bigma de ordem financeira. O produtor que se envolver num pro-
cesso de tecnificação precisará investir capital, principal-
plantas invasoras, cigarrinhas, fungos, percevejos, lagartas, mente para a compra de animais ou retenção de fêmeas
nematóides e até vírus começam a se tornar mais cons- para aumentar o rebanho. E não é pouco o dinheiro.
tantes. Até o efeito do clima, ou da seca, é mais impac- Dobrar o rebanho, por exemplo, significa investir algo
tante atualmente. Não que antes não fosse, mas hoje em em torno de 15% a 18% de todo o capital de uma fazen-
dia, com a produtividade maior, o produtor é bem mais da, incluindo o valor da terra, rebanho e todos os outros
dependente de boas condições de pastagens. bens.
Dentro da fazenda o raciocínio é bem simples. O pro- Na média das fazendas analisadas pela Bigma Consul-
dutor precisará adotar tratos culturais com uso de defen- toria, essa é a participação do rebanho na composição dos
sivos para defender seus pastos. Para comportar os custos ativos da empresa. É difícil, mas precisa ser feito.
demandados para manter os pastos em boas condições, o Outro desafio é apontado pelos céticos com relação à
produtor será forçosamente obrigado a melhorar a produ- tendência de fertilização das pastagens.
tividade agronômica de sua propriedade. É preciso vender Estes acreditam que não há estrutura e nem condi-
mais por área para que a conta feche. ções de possibilitar que a demanda de fertilizantes para os
Durante o Rally da Pecuária do ano passado, projeto da pastos seja atendida. Defendem seus pontos de vista pela
Agroconsult conduzido em parceria com a Bigma Consul- extensão das áreas de pastagens atualmente.
toria, identificamos que os produtores estão conscientes No entanto, essa conclusão baseia-se em premissas
em relação à necessidade de fertilização dos pastos. Ob- totalmente equivocadas tecnicamente. Para a mesma pro-
serve na figura 1 que mais de 50% dos pecuaristas en- dução de carne, a área destinada à pecuária se reduz à
trevistados buscam, de alguma maneira,
corrigir ou repor os nutrientes em seus
Tabela 1
pastos. Simulação de área necessária para pecuária de corte em diferentes
No entanto, apenas 12% do total níveis de tecnologia

buscava tratar mais de 15% de sua fa-


Cenários Produção de carne Produtividade Área de
zenda ao ano. Toneladas /ha pastagens
Embora essa busca por corrigir e equivalente Milhões ha
carcaças
fertilizar as pastagens seja uma ten- Pecuária nacional atual 9.330 3,64 171,00
dência, vale lembrar que este perfil Amostra Rally da Pecuária 2011 9.330 7,50 82,93
identificado na amostra do Rally não Ideal para renda anos 1970 9.330 10,40 59,81
Produtividade de metas econômicas 9.330 15,00 41,47
pode ser extrapolado para todos os pe- Produtividade com alta aduabação 9.330 35,00 17,77
cuaristas.
Fonte: Bigma Consultoria/Rally da Pecuária 2011
Analisando a amostra do pecuaris-

42 NT
medida que se fertiliza as pastagens. um volume muito pequeno de fertilizantes, quando com-
Na tabela 1 apresentamos uma simulação da área parados ao que é demandado para a agricultura.
que seria ocupada pela pecuária em diferentes cenários E à medida que esse volume aumenta, mais áreas vão
de tecnologia, e com a mesma produção de carne bovina, sendo repassadas para outras atividades, ou vamos au-
estimada para 2012. Comparamos a situação atual com a mentando significativamente a produção.
amostra do Rally da Pecuária, com o nível de produtivida- E não podemos deixar de lembrar a economia de cor-
de para voltar à renda média da década de 1970 e com o retivos e fertilizantes com o uso da integração lavoura e
nível de produtividade competitivo com a agricultura. pecuária. A mesma área adubada comportará agricultura
Observe os números. e pecuária com a adubação residual. O ganho produtivo
Veja que se a pecuária toda fosse adubada nos moldes será igualmente significativo para a agricultura e para a
de culturas agrícolas altamente produtiva, a área de pas- pecuária.
tagens seria inferior a 20 milhões de hectares. Evidente- Sendo assim, quando se afirma que a fertilização e
mente, a área envolvida para a pecuária de corte não seria a correção das pastagens é inviável pela baixa oferta de
apenas a de pastagens. Essa pecuária, nesse nível tecno- matéria prima (fertilizantes) ou pela estrutura de portos,
lógico, demandaria proporções consideráveis de grãos e estradas, etc., há um erro implícito nessa observação.
alimentos concentrados para manter o nível de produção. Não é para as pastagens que há falta de adubo e es-
Passaria áreas para agricultura num primeiro momento e trutura. É para toda a agropecuária, toda a produção de
depois passaria a demandar produtos dessa mesma área. alimentos e toda a demanda de alimentos prevista para
É claro que o último cenário da tabela 1 está muito lon- que o Brasil atenda nos próximos anos. Por que a pecu-
ge, mas muito longe mesmo de nossa realidade. E essa dis- ária deveria estar fadada a limitar o aporte tecnológico
tância se dá tanto pelo nível tecnológico, como pela invia- enquanto a agricultura faz uso destas possibilidades e
bilidade estrutural de hoje para atingir esse ponto. Mesmo oportunidades?
tecnicamente é difícil, pois acredita-se que apenas 30 mi- A falta de estrutura, de fertilizantes e o limite para os
lhões a 40 milhões de hectares possam ser aptos a culturas ganhos em produtividade num futuro próximo são rea-
anuais, com a tecnologia disponível nos dias de hoje. lidades que precisam ser discutidas e usadas a favor da
Mesmo distante de nossa realidade, o cenário não dei- produção, principalmente em tempos que tanto se debate
xa de evidenciar o incrível potencial da pecuária em ter- sustentabilidade.
mos de áreas. A deficiência de estrutura ou de matéria prima afeta
Mesmo assim, voltando à tabela 1 e comparando com a todos. Todas as culturas e todos os consumidores; não
a figura 1, é incontestável que pequenos acréscimos de só a pecuária.
correção e fertilização dos pastos promovem uma grande O desafio é tratar a pecuária com o mesmo profissio-
alteração na exigência por área na pecuária de corte. nalismo da agricultura. Isso vale para todos: produtores,
Mudanças significativas acontecerão pelo aporte de indústrias e técnicos que trabalham com a pecuária.

NT 43
bovinos de LEITE

Diarréia Neonatal
Cuidando do Presente
para garantir o Futuro
44 NT
Daniel Castro Rodrigues
Médico Veterinário formado pela Universidade Federal
de Uberlândia, mestre em Patologia Veterinária pela UNESP/
Jaboticabal e Consultor em Pecuária da MSD Saúde Animal

Figura 1
Balança das ações curativas e preventivas Figura 2:
Bezerro apresentando quadro clínico de diarréia

Mundialmente, estima-se uma perda entre 20% e 52%


dos animais leiteiros devido à diarréia, e um custo global com
Para os empresários de qualquer ramo e atividade doenças entéricas equivalente a US$ 33,46 bezerro/ano.
e­ xigem-se informações, eficiência, perspicácia administrativa No Brasil, embora haja vários relatos, não há dados ofi-
e gerencial, isto porque mudanças nos processos produtivos ciais sobre as taxas de morbidade e mortalidade de bovinos
propiciam retornos importantes à empresa e à sociedade. Na por diferentes enfermidades. Considerando o tipo de manejo
atividade pecuária não é diferente, tanto os grandes quanto dos rebanhos no país, acredita-se que os prejuízos sejam ele-
os pequenos produtores devem se considerar como empre- vados. Em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, a diarréia,
sários rurais. a tristeza parasitária e a pneumonia são apontadas como as
Desta forma, a gestão eficiente da atividade começa, so- principais causas de mortalidade e gastos com tratamento de
bretudo, cuidando da essência de todo o processo: A saúde bezerros. Alguns relatos indicam a mortalidade entre 10,3%
animal. e 34%.
O equilíbrio da balança da lucratividade sanitária pendula A síndrome diarréia neonatal ocorre como resultado da
entre duas formas de ação: as ações curativas, ou seja, ações interação entre o bezerro, o meio ambiente, a nutrição e
para curar animais que demonstram as formas clínicas das agentes infecciosos, Conforme verificamos na figura 03:
doenças, e ações preventivas, que são ações para prevenir as
doenças, conforme verificamos na figura 01. Figura 3:
Diagrama de interações entre bezerro e os
Dentre os fatores que podem influenciar negativamente fatores de risco para diarréia neonatal
na saúde animal, a diarréia neonatal é um dos inúmeros pro-
blemas sanitários que limitam a produção. A diarréia tem sido
apontada como a mais importante enfermidade de bovinos Bezerros Microorganismos
jovens. Os índices de morbidade e mortalidade são variáveis Idade Patogenicidade
Imunidade Infecção Antigenicidade
segundo o sistema de criação, o agente causal e a capacidade Genética Frequência
de resposta do organismo. Virulência
A diarréia se explica pela produção de enterotoxinas e/ Doença
ou inflamação pelas bactérias, parasitismo ou ainda atrofia Stress Risco
epidemiológico
das vilosidades intestinais causada pelos vírus, ocasionando
no animal uma hipersecreção intestinal ou má digestão e má Manejo Nutrição
Clima (To) Mão de Obra
absorção pela perda de células absortivas das vilosidades in-
Meio Ambiente
testinais, tendo como conseqüência clinica animais debilita-
dos e mais susceptíveis a outras doenças, conforme podemos
observar na figura 02.

NT 45
Figura 4: no início da vida.
Incidência das agentes infecciosos para diarréia
neonatal de acordo com a idade dos bezerros Para obtermos um colostro de qualidade o cuidado
inicia-se com adoção de programas sanitários que en-
volvem a saúde das fêmeas bovinas gestantes, ou seja, a
escolha e a utilização de vacinas que proporcionem uma
maior resposta imunológica e como conseqüência uma
maior taxa de imunoglobulinas no colostro, especificas
para combater esta importante enfermidade. Dentre
as vacinas existentes no mercado veterinário, a vacina
para diarréia neonatal da MSD Saúde Animal, Bovilis Tri-
guard®, destaca-se por ser dose única, o que proporciona
melhoria no manejo, além da possibilidade do animal ser
imunizado desde o terceiro mês de gestação a até a ter-
ceira semana antes do parto.
Desta forma a aplicação de medidas sanitárias, manejo
Os principais agentes envolvidos são vírus (Rotavírus e e alimentação adequados, sobretudo nos primeiros dias de
Coronavírus) e bactérias (Escherichia coli, Salmonella) que vida, podem reduzir significativamente a mortalidade e os
atuam de forma isolada ou em associação, na dependência gastos com tratamento de enfermidades em bezerros, me-
de fatores diversos, entre eles a idade dos animais, conforme lhorando a eficiência da propriedade e trazendo mais retorno
figura 04. ao produtor.
No entanto, a diarréia pode também ter origem não in-
fecciosa, tendo nestes casos, como principais causas os erros Referências bibliográficas
de manejo alimentar e higiênico. MILLEMANN, Y. Diagnosis of neonatal calf diarrhea. Re-

Outro importante aspecto a ser abordado sobre a criação vue Méd. Vét., 2009, 160, 8-9, p. 404-409
de bezerros, é o cuidado na administração correta do colostro, BOTTEON, R. C. C. M. et al. Freqüência de diarréia em be-
pois não somente o momento de ingestão, mas também a zerros mestiços sob diferentes condições de manejo na região
qualidade e a quantidade do colostro ingerido são aspectos do médio Paraíba Rio de Janeiro e Minas Gerais. Braz. J. Vet.
decisivos para que o neonato adquira imunidade adequada Res. Anim. Sci. 2008, vol.45, n.2, pp. 153-160.

46 NT
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A Cargill Company

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bovinos de LEITE

PROBLEMAS DE CASCO
NA PECUÁRIA DE LEITE,

48 NT
Rogério Isler
Médico Veterinário e Gerente de Ruminantes Brasil -
Zinpro Performance Minerals

PREVENÇÃO É O
MELHOR REMÉDIO
As lesões de casco estão entre os principais problemas da 30% em rebanhos em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato
pecuária de leite devido à alta prevalência e aos prejuízos produ- Grosso do Sul.
tivos e econômicos que elas causam. As lesões podem ser divididas em infecciosas e não infecciosas.
As lesões de cascos são responsáveis por aproximadamente Vários fatores prejudicam a formação e a estruturação das células
90% das claudicações em vacas leiteiras. Os prejuízos econô- queratinizadas, que formam o casco. Essas lesões são as não infec-
micos se traduzem por queda na produção de leite, custo do ciosas. Já as outras são causadas por um agente infeccioso.
tratamento, perda do escore corporal, problemas reprodutivos, O casco é formado pela parede, sola e talão. A maior incidên-
aumento dos dias em aberto, menor número vacas prenhas e cia de lesões não infecciosas ocorre na sola, entre as principais
aumento do intervalo entre parto, além de descarte precoce do estão as úlcera de sola e úlcera de pinça, hemorragias de sola e
animal e custo de reposição. as doenças de linha branca que fica na junção entre a parede e
A maior parte das lesões podais ocorre nos membros pos- a sola. Dentre as infecciosas estão a dermatite digital ou verruga,
teriores (80 a 85%) e em torno de 85% das lesões ocorrem nas dermatite interdigital, erosão de talão e podridão de casco.
unhas externas. Isso se deve a uma junção de fatores, sendo o Os principais fatores que predispõem aos problemas de cas-
principal deles a maior pressão nas patas traseiras devido à dife- co são ambientes úmidos e com acúmulo de esterco, condições
rença na distribuição do peso do animal e ao maior crescimento de manejo, estresse calórico, falta de conforto das instalações e
da unha externa. desbalanço nutricional.
A estimativa da incidência de claudicação clínica em reba- Os problemas infecciosos estão relacionados com ambientes
nhos leiteiros americanos é de 15 a 50% e o custo estimado é contaminados com umidade alta, barro e acúmulo de fezes, jun-
de 210 a 346 dólares por caso tratado. Alguns levantamentos to à falta ou um programa pouco eficaz de uso do pedilúvio.
feitos no Brasil também mostraram a prevalência em torno de Já os problemas não infecciosos estão relacionados a fatores

Figura 1 Figura 2
Principais lesões de casco que acometem Principais lesões de casco que acometem
rebanhos leiteiros. rebanhos leiteiros.

Doença De Úlcera De Sola Dermatite Digital


Linha Branca E “não Infecciosas” “infecciosa”

NT 49
Figura 2 sário 252 litros da solução. Como a concentração recomendada
Pedilúvio com solução para combate as
infecções de casco
tanto do formol (formalina 37,5%) como do sulfato de cobre são
de 5%, será necessário 239,5 litros de água para 12,5 kg do quí-
mico recomendado.
Já para prevenção dos casos de lesões não infecciosas é
necessário proporcionar o máximo de conforto ao animal e or-
ganizar o manejo para permitir um maior período de acesso às
áreas de descanso. O aparo funcional dos cascos, feito por um
profissional qualificado, permite o balanceamento correto para
distribuição do peso do animal em uma maior área da sola, evi-
tando pontos de maior pressão e que causam injúrias do corium.
Um balanceamento correto da alimentação é fundamental para
a suplementação dos nutrientes necessários para a boa nutrição
das células formadoras do casco.
A ação de alguns microminerais na formação e estruturação
que aumentam as injúrias do corium que é o responsável pela do tecido córneo são amplamente estudados e reconhecidos,
nutrição das células da formação do tecido córneo. como é o caso do Zinco, Cobre, e Manganês. Esses microminerais
Um bom programa de uso do pedilúvio leva em conside- estão envolvidos na manutenção da integridade dos tecidos epi-
ração: 1) localização e dimensão do pedilúvio; 2) frequência de telial e conjuntivo. A biotina é uma vitamina do complexo B que
uso; 3) duração da atividade e o volume do pedilúvio; 4) produto participara da formação do colágeno e da queratina. Por isso tem
químico utilizado. se falado muito sobre o uso desses minerais na forma orgânica
O pedilúvio deve estar localizado na saída da sala de ordenha para melhorar problemas de claudicação. O produtor, junto com
no caminho de retorno ao curral, com possibilidade de desviar os seu nutricionista, deve fazer uma avaliação criteriosa dos produ-
animais quando não estiver sendo utilizado. Deve ser dimensiona- tos que são oferecidos no mercado, pois a melhor garantia para
do de forma a não desperdiçar solução, permita os animais pisa- um bom investimento é estar baseado em pesquisas de fontes
rem duas vezes com cada pata na solução e não haja muretas que com grande credibilidade que mostrem bons resultados e com
possibilitem que os animais pisem fora da solução. A indicação é grande repitibilidade. Quanto maior a repitibilidade dos resulta-
pelo menos 2,4 metros de comprimento com 0,6 a 0,9 metros de dos, maior são as chances deles serem atingidos.
largura. A solução deve estar ao final do uso com pelo menos 10 O gráfico abaixo mostra os resultados do trabalho publicado
cm de altura para atingir todo o casco e o espaço interdigital. por Nocek et al (2000) no Journal of Dairy Science. Nesse es-
É comum o uso de lavapés antes do pedilúvio, mas é impor- tudo foi usado uma dieta basal atendendo todas necessidades
tante manter pelo menos 3 metros de distância entre eles para minerais no período 1 com minerais inorgânicos e no período 2
que não ocorra diluição da solução com a água “chutada” pelos os animais foram suplementados com minerais de performance
animais. (360 mg de Zinco-metionina, 200 mg de Manganês-metionina,
A frequência de uso do pedilúvio depende da presença dos 125 mg de Cobre-lisina e 25 mg de Cobalto glucoheptonato).
fatores de risco, a prevalência dos casos de lesões infecciosas no Como podemos observar o tratamento com os minerais com-
rebanho, a entrada de novos animais e o grau de higiene do re- plexados a aminoácidos (Período 2) reduziu significativamente
banho. Geralmente é indicado o uso do pedilúvio duas vezes por várias lesões de casco.
semana para manutenção em rebanhos com baixa incidência de
lesões, sem a presença de novos casos e com bom escore de hi- Figura 3
giene de patas. Já em rebanhos com surtos de infecção, entrada
de animais de outros rebanhos e precária condição de higiene,
pode ser recomendado o uso diário.
Sobre duração da atividade dos químicos ainda não está
muito clara, mas o pouco que se sabe é não se deve passar mais
que 200 vacas por solução. Se for com formol, pode suportar
até 300 passadas.
O cálculo do volume da solução deve ser feito com a mul-
tiplicação das dimensões do pedilúvio. Por exemplo: 240 cm de
comprimento, 70 cm de largura e 15 cm de altura da água (240
x 70 x 15 = 252 litros), ou seja, para atingir a altura ideal é neces-

50 NT
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bovinos de corte

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a base de Norgestomet:
uma história de sucesso

1) O começo: ção artificial ou cobertura natural.


“ Estudos preliminares indicam que o implante Quando este trabalho foi publicado na década de 70,
auricular composto por polímero hidrônico, de for- muitas coisas que sabemos hoje, relacionadas à fisiologia
mato cilíndrico, medindo 3mm X 18mm, foi fácil de da reprodução não eram conhecidas. Apesar disso, o con-
implantar e remover dos animais, apresentando uma ceito de se aplicar uma injeção contendo 5mg de Valerato
taxa de retenção de 100%. Um único implante auri- de estradiol já existia porque os pesquisadores da época sa-
cular contendo norgestomet mostrou-se eficiente em biam que esta injeção iria estimular a luteólise (destruição
previnir o cio e a ovulação da vaca por um período de do corpo lúteo).
21 dias”. (Wiltbank et al, 1978). As primeiras pesquisas sobre sincronização de cios ocor-
Esta foi a conclusão de um dos primeiros trabalhos da reram no final da década de 60 e início da década de 70.
história que utilizaram o implante auricular impregnado Naquela ocasião, os protocolos de sincronização de cios
com norgestomet, realizado em 1978 pelo pesquisador J.N. feitos com sistemas de liberação contínua de progestero-
Wiltbank. Naquela época o sistema Valerato de Estradiol + na (implantes) tinham a duração de 21 dias. Ao término
Norgestomet já mostrava seu potencial de concentrar o cio deste período, eram retiradas as fontes de progesterona e
de um grupo de vacas, permitindo a utilização da insemina- muitos animais exibiam cio, porém quando eram insemina-

52 NT
João Paulo Barbuio
Médico Veterinário com mestrado em
Reprodução Animal da MSD Saúde Animal

dos poucos emprenhavam, a fertilidade era muito baixa. O


acréscimo da injeção contendo 5mg de Valerato de estradiol
permitiu a diminuição do período de 21 dias para 9 dias,
exatamente como é até hoje. Isso resultou um grande nú-
mero de animais exibindo cios e emprenhando.
Na década de 90, a ultrassonografia permitiu o estudo
da dinâmica folicular em tempo real. Com isso descobriu-se
uma segunda função para a fração injetável. Além de lu-
teolítico, a injeção contendo 5mg de Valerato de estradiol
+ 3ml de Norgestomet também promove a sincronização
da onda folicular. Em outras palavras, quando aplicamos
esta associação de fármacos, ocorrerá a emergência de uma
nova onda folicular em média 5,5 dias após.
Estava estabelecido o racioncínio fisiológico de um sis-
tema (Valerato de estradiol + Norgestomet) que permane-
ceria um grande sucesso por mais de 40 anos.

2) A evolução dos implantes auriculares:


O primeiro produto disponível comercialmente que utili-
zou implante auricular para liberar norgestomet diariamen-
te chamava-se Syncro-Mate B®. Era constituído por uma
fração injetável contendo 5mg de Valerato de Estradiol +
3mg de Norgestomet e por um implante auricular contendo
6mg de norgestomet. A matriz deste implante era composta
por polietileno glicometacrilato, uma espécie de acrílico (rí-
gido). Embora este produto fosse considerado na época do
seu lançamento (anos 70-80) um avanço tecnológico, seus
resultados eram inconsistentes, com taxas de prenhez na
IATF variando entre 15 e 55%.
O sistema Crestar® pode ser considerado uma evolu-
ção do sistema Syncro-Mate B®. Manteve o que tinha de
oportuno e eficaz no produto original, a fração injetável
composta por 5mg de valerato de estradiol + 3mg de nor-
gestomet (sincronizador da onda folicular e luteolítico) e
aperfeiçoou o que havia de fraco, modificou a matriz do
implante, substituindo o antigo acrílico pelo atual polidime-
tilsiloxano ou silicone.
O trabalho publicado por D.J. Kesler e colaboradores em
1995 foi considerado clássico e determinou cientificamen-
te esta evolução. Neste estudo compararam a eficiência de
liberação de norgestomet tanto in vitro quanto in vivo, dos
implantes auriculares de matriz acrílica ou de silicone. Foi
determinado que o padrão de liberação de norgestomet dos
implantes de silicone era mais constante e homogêneo ao
longo do período em que ficava inserido no animal, o que o
tornava superior em relação ao implante de matriz acrílica.
A taxa de prenhez das fêmeas que receberam o implante de

NT 53
silicone foi 19% superior em relação às fêmeas que recebe-
ram o implante acrílico.
Após a publicação deste trabalho, esta nova versão foi
lançada (final da década 90), um produto composto pela
fração injetável (5mg de Valerato de Estradiol + 3mg de
Norgestomet) e pelo implante de silicone, contendo 3mg
de Norgestomet.

3) Nova Versão chega ao Brasil


Ao término da década de 90, início dos anos 2000, de-
sembarca no Brasil a versão que se transformaria em um
ícone na história da IATF, o implante auricular de silicone.
Todo o desenvolvimento inicial do produto ocorreu na Eu-
ropa e agora ele precisava ser adaptados às condições bra-
sileiras, criações extensivas, clima quente e gado de origem
zebuína.
Os trabalhos iniciais para validá-lo no Brasil foram con-
duzidos pelo Prof. Dr. Ed Hoffmann Madureira e sua equi-
pe, pelo Prof. Dr. Pietro Sampaio Baruselli e grupo, ambos
da Universidade de São Paulo (USP). Também participou o
grupo de pesquisas coordenado pelo Prof José Luiz Moraes
Vasconcelos, da Universidade Estadual Paulista (UNESP-
Botucatu). Esta foi a época de conhecer o produto e seu
potencial em gado zebu. Sabemos hoje que existem diferen-
ças fisiológicas entre o gado de origem zebuína e européia
e por isso os protocolos precisavam ser revistos, testados e utilização do implante auricular de norgestomet a base de
determinados. Os primeiros trabalhos estipularam horários silicone provaram sua alta eficicácia, demonstrada através
dos manejos durante a execução dos protocolos de IATF, de- de resultados promissores na IATF. Mais que isso, pesquisas
pois ajustaram-se as doses dos injetáveis ao padrão do gado recentes apontam que o norgestomet pode ser mais eficaz
zebu, para então aferir detalhadamente os melhores proto- que a progesterona (implante intravaginal) em novilhas e
colos nas condições brasileiras. Nesta fase foi determinada a em primíparas zebus ou azebuadas.
possibilidade de reutilização do implante nos protocolos de Pesquisas realizadas pelo grupo do Prof. Pietro indicam
IATF, mantendo-se as mesmas taxas de prenhez em relação que em novilhas, a somatória da quantidade de progeste-
ao implante de primeiro uso. rona endógena vinda do corpo lúteo com a quantidade de
Estes trabalhos iniciais também definiram o uso em va- progesterona liberada pelo implante intravaginal, interfere
cas do Valerato de estradiol + norgestomet (Fração injetá- no padão de liberação do hormônio LH, diminuindo a taxa
vel) como sincronizador de onda folicular, além de agente de crescimento diário do folículo durante o período em que
luteolítico. Vale aqui lembrar que não é recomendada a apli- o implante fica inserido no animal. Isso resultará em uma
cação deste injetável em novilhas zebu ou azebuadas. Neste menor taxa de ovulação e consequente menor taxa de pre-
caso, aconselha-se sua substituição por 2ml de benzoato nhez. Enquanto a progesterona promove este efeito indese-
de estradiol e aplicação de prostaglandina na remoção dos jável, o norgestomet não interfere no padrão de liberação
implantes. de LH, permitindo uma maior taxa de ovulação após a reti-
Foram dezenas de trabalhos entre 2000 e 2005 que rada dos implantes, o que provavelmente implicará em uma
contribuíram para aliar praticidade de protocolos (manejo) maior taxa de prenhez na IATF nesta categoria animal.
a bons resultados. Mas o processo de desenvolvimento do Em primíparas, estudos preliminares também sugerem
implante auricular ainda não estava terminado. E mais tra- que o norgestomet pode ser superior. Os dados parciais
balhos de pesquisa aconteceriam. destes trabalhos apontam que primíparas que receberam
o norgestomet durante o protocolo de IATF, exibiram mais
4) Pesquisas recentes: cio, apresentaram folículos maiores e emprenharam mais na
Ao longo desta trajetória de sucesso desde sua chega- IATF, em relação às primíparas que receberam progesterona
da ao Brasil, centenas de trabalhos científicos envolvendo a (implante intravaginal).

54 NT
bovinos de corte

GLICERINA
BRUTA

O milho, sem dúvida nenhuma, é a principal fonte dietética tanto, por se tratar de uma commoditie, não é raro esbarrar em
de energia em dietas para bovinos confinados, sendo o alimento situações em que o preço do milho atinge valores proibitivos para
referência usado no Brasil. De acordo com mais de 600 dados seu emprego de forma mais intensa em dietas de bovinos em
de análises químico-bromatológicas realizadas no país, o nosso confinamento. Nesse cenário de alta de preço do milho, nutri-
milho contém, em média, 9,05% de proteína bruta, 86,10% de cionistas e pecuaristas que realizam engorda intensiva passam a
NDT e teor de amido de 70,80%. A concentração de energia irá ter que tomar decisões importantes, com o intuito de maximizar
variar em função de alguns fatores, como variedade, grau de a receita, o que é possível não através do uso de dietas de custo
processamento, nível de inclusão na dieta, etc. Mas o que inte- mínimo, mas sim formulando rações que permitam obter ganho
ressa mesmo no momento de se decidir sobre quanto e como de carcaça o mais econômico possível. Ou seja, a idéia é usar die-
utilizar o milho em dietas de bovinos confinados é o seu preço tas que permitam o menor custo por unidade de carcaça ganha.
no mercado. Mesmo diante da forte estiagem que atingiu o sul Portanto, o que mais interessa não é somente o ganho de peso
do país, especialmente o Rio Grande do Sul, há uma boa expec- vivo, mas quanto desse ganho realmente foi ganho de carcaça.
tativa quanto à produção do milho safrinha, o que pode resultar Bem, em cenários de preço de milho alto algumas alternativas
em certa compensação na oferta do grão, não causando, dessa podem ser adotadas, como diminuir a participação de alimentos
forma, elevação do seu preço, pelo menos no curto prazo. Entre- concentrados na dieta, ou buscar alternativas ao milho, como

56 NT
Pedro Veiga
Professor Adjunto do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa

EM SUBSTITUIÇÃO AO
MILHO EM DIETAS DE
TERMINAÇÃO

sorgo, casca de soja, polpa cítrica, etc. O fato é que muitos pe- biodiesel) e metanol (um álcool usado na agroindústria durante
cuaristas e técnicos também correm em busca desses alimentos a produção do biocombustível). O MAPA, inclusive, já determinou
substitutos, fazendo com que seu preço também aumente. os níveis mínimos e máximos de alguns componentes para fins
Dentro desse contexto, a glicerina bruta surge como uma de registro da glicerina para uso como ingrediente em dietas ani-
opção muito interessante. A glicerina bruta é um subproduto re- mais: mínimo de 80% de glicerol, máximo de 13% de umidade e
sultante da fabricação de biodiesel, sendo que para cada tonela- máximo de 150 ppm de metanol.
da de biodiesel produzido, gera-se 100 kg de glicerina, um rendi- A glicerina bruta é um líquido viscoso, como se fosse um
mento, portanto, de 10%. À medida que a produção de biodiesel melado, e sua inclusão na dieta se dá na forma líquida. Embora
aumenta no país para atender as normas do governo quanto ao o glicerol tenha sabor adocicado, a glicerina é meio salgada, isso
seu uso na matriz energética brasileira, maior é a disponibilidade porque apresenta sódio em sua constituição, já que o soda ou
desse subproduto, fazendo com que seu preço caia. O problema, hidróxido de sódio, é usado como um catalisador durante a pro-
no entanto, é que as glicerinas disponíveis no Brasil têm apre- dução de biodiesel. Considerando-se então que a glicerina bruta
sentado uma variação muito grande quanto à sua composição, tem 87% de matéria seca (13 % de umidade), e 80% de glicerol,
principalmente de três frações: glicerol (fonte de energia), gordu- restam 7% para outros constituintes, principalmente gordura e
ra (restante dos lipídeos não recuperados durante a produção do matéria mineral. O glicerol, principal constituinte da glicerina,

NT 57
tem dois destinos quando ingerido pelo animal: cerca de metade 73% foi ganho real de carcaça, que é o que interessa no final das
dele é fermentada no rúmen a ácidos graxos voláteis, principal- contas. A eficiência de deposição de carcaça, também chamada
mente propionato, e a outra metade é absorvida diretamente de eficiência biológica, foi de 98,04 kg de MS ingerida para cada
pela parede do rúmen. Portanto, o glicerol presente na glicerina é arroba de ganho de carcaça, um número muito interessante. Na
um importante substrato para a produção de glicose no organis- prática, almejam-se valores da ordem de 120-150! É importante
mo dos bovinos, que é então utilizada para diversos fins, inclusive destacar que essa eficiência biológica de 98 kg MS / @ ganha
para a deposição de gordura de marmoreio. só foi possível de ser obtida em função da alta taxa de ganho de
Em experimento realizado recentemente em Viçosa, foram peso dos animais e do rendimento de carcaça acima da média
testados níveis crescentes de glicerina bruta na dieta de touri- que os animais apresentaram.
nhos meio sangue Red Angus x Nelore confinados. Um grupo Tecnicamente, portanto, pode-se afirmar que não há ne-
de animais foi alimentado com uma dieta controle, com milho nhum problema em utilizar glicerina bruta na dieta de bovinos
como única fonte de energia no concentrado, e outros 4 gru- confinados até o nível de 20%, considerando-se uma glicerina
pos foram alimentados com deitas contento de 5, 10, 15 e 20% com no mínimo 80% de glicerol, máximo de 6% de gordura, e
de glicerina bruta, respectivamente, em substituição ao milho. O animais de boa qualidade, de cruzamento industrial. Para ani-
peso médio dos animais ao início do experimento foi de 331,50 mais Nelore ou mais apurados em Zebu, os dados preliminares
kg, e um grupo de quatro animais foi abatido imediatamente mostram que o nível ótimo de inclusão seria menor, ao redor
antes do período experimental propriamente dito para se obter de 12%. Porém, mais estudos precisam ser realizados, inclusive
em dietas com incorporação de subprodutos (polpa ou casca de
soja), para determinar qual seria o nível mais recomendável para
animais Nelore, em dietas mais quentes ou com mais participa-
ção de subprodutos. Diversos estudos estão sendo conduzidos no
Brasil procurando essas respostas.
O que vai determinar, no entanto, o uso da glicerina na for-
mulação de dietas é o seu preço, em relação ao preço do milho.
Além disso, torna-se necessário corrigir a proteína da dieta, já que
não há proteína na glicerina. Se substituirmos, por exemplo, 10%
do milho da dieta por glicerina, precisamos repor 0,9 ponto per-
centual da dieta em proteína, o que pode ser feito com qualquer
fonte, como farelo de soja ou mesmo uréia. Considerando-se os
custos atuais da diária de um confinamento ao redor de R$ 5,50
por dia, o que corresponderia a R$ 0,55 por quilo de matéria seca,
para um consumo médio de 10 kg de MS por animal por dia, o
e usando-se os valores reais de eficiência de deposição de carca-
ça observados no trabalho, podemos determinar que o custo da
o rendimento de carcaça inicial, informação indispensável para arroba ganha seria de R$ 53,92/@. O custo da arroba produzida
calcular o ganho de carcaça dos demais animais que permanece- com a inclusão da glicerina irá depender, grandemente, do preço
ram em alimentação. O abate inicial demonstrou rendimento de desse alimento frente ao preço do milho, visto que o ganho de
carcaça inicial de 52,7 %, acima, portanto, dos 50 % normalmen- carcaça será praticamente o mesmo para níveis de inclusão de
te empregado nos confinamentos comercais. O resultado final glicerina de até 15 % da MS total da dieta, para animas Nelore.
foi muito animador: não houve nenhuma diferença nas princi- Assim, reduções no custo de cada quilo da dieta irão resultar em
pais variáveis de desempenho e de carcaça mensuradas: ganho menor custo de produção da arroba.
médio diário de 1,98 kg/dia, eficiência alimentar de 0,210 g de A glicerina traz outros benefícios, como diminuição da pu-
ganho de peso por quilo de matéria seca consumida, rendimento rulência da dieta, dando mais consistência à mistura. Entretanto,
de carcaça de 58,32 %, área de olho de lombo de 78,09 cm2 e como trata-se de um alimento líquido, dificuldades de manuseio
espessura de gordura subcutânea de 5,28 mm. Como no início e necessidade de alterações na logística do confinamento são
do experimento um grupo de animais foi abatido, foi possível pontos importantes a serem considerados. A glicerina oriunda
determinar, de forma mais exata, o ganho de carcaça e a eficiên- de agroindústrias que usam sebo bovino para a produção de
cia de deposição de carcaça. O ganho de carcaça médio, que não biodiesel não pode, no entanto, ser utilizada na alimentação de
foi diferente entre os animais que comeram só milho como fonte bovinos, sob a alegação de riscos de conter resíduos de origem
de energia e os que receberam glicerina, foi de 1,45 kg/dia, ou animal. Além disso, o MAPA exige que a glicerina a ser utilizada
seja, do ganho de peso vivo apresentado pelos animais, cerca de seja devidamente registrada.

58 NT
1=<B3Ó2=/>:71/2=>/@/
/ACAB3<B/07:72/232=
/5@=<35Ï17=
/<cb`WbW]\4]`B][]``]e/ZZWO\QS`S‰\SOa^`W\QW^OWaS[^`SaOaR]aRWdS`a]aaSU[S\b]aRO
^`]Rczx]RS^`]bS\OO\W[OZROTOhS\ROu[SaOQ]\QS\b`O\R]][SZV]`QO^WbOZVc[O\]
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B`ObORSOaac\b]a_cSdx] AWbSQ][][OWaQ][^ZSb] //ZZWO\QSQ]]`RS\OS /<4B^O`bWQW^OS^`][]dS
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Ob{]OZW[S\b]\O[SaOR] O\W[OZQ][^OZSab`Oa U`c^]aQ][W\bS`SaaS R]OU`]\SU„QW]B]ROaOa
Q]\ac[WR]`¿\OZQ][S\T]_cS ]\ZW\SW\bS`ObWdOa@SdWabO Sa^SQ¿Q]aS\R]`STS`}\QWO S[^`SaOaS\d]ZdWROab}[
\]a[S`QOR]a\OQW]\OZS <4B]\ZW\S5cWOa^`tbWQ]a \Ob`]QORSQ]\bS‰R]a Sf^]aWzx]RSacO[O`QO
[c\RWOZRSU`x]aQO`\SaO`bWU]a S3P]]YaQ]ZSQW]\tdSWa SRWaQcaaˆSaRSbS[Oa dWaWPWZWRORSRS\]d]a
b{Q\WQ]aS\b`SdWabOaaSUc`O\zO [ObS`WOZRSaS\d]ZdWR] `SZSdO\bSa^O`O]U`c^] ^`]Rcb]aS^`]XSb]aOZ{[
OZW[S\bO`SdS\b]aSZO\zO[S\b] ^SZ]a[SZV]`Sa cbWZWhO\R]^O`OWaa] RSQ]\bOb]RW`Sb]Q][]a
RS^`]Rcb]aS\b`S]cb`]a Sa^SQWOZWabOaR]aSb]` TS``O[S\bOaRS`SRSaa]QWOWa abOYSV]ZRS`aR]aSb]`

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shaping
shapingtomorrow’s
tomorrow’s nutrition
nutrition
bovinos de corte

ACIDOSE
RUMINAL:
Um problema que merece
atenção especial em
confinamento
Nos últimos anos o número de bovinos de cortes confinados finamento, mas pesquisadores renomados como Fred Owens
no Brasil (Gráfico 1) tem crescido muito e a ACIDOSE RUMINAL (2004) apontam a acidose como um dos mais importantes para
tem tornado-se ainda mais importante no dia a dia, já que repre- gado de corte confinado.
senta um grande risco ao desempenho e a eficiência dos animais Definição genérica para acidose ruminal: “É um processo
confinados. Este fato deve-se ao aumento no uso de manejos ocorrido devido ao uso intensivo de concentrados e grãos pro-
mais intensivos com a redução na utilização de volumosos e cessados em dietas de confinamento com baixa inclusão de for-
maiores quantidades de concentrados (milho, sorgo, aveia entre ragens”. O termo é devido ao principal fator ocorrido, que é a
outros) nas dietas, principalmente na fase de terminação. queda do pH ruminal, porém diversas outras reações acontecem
Os concentrados são mais fáceis de serem armazenados durante a acidose ruminal (Figura 1).
e manuseados, consequentemente dietas com alta propor- A acidose ruminal é causada pela rápida produção e absorção
ção de grãos são menos trabalhosas para processar, misturar de ácidos graxos voláteis, que pode acontecer pelo alto consumo
e distribuir, comparando-se com dietas muito volumosas (Mil- de amido num curto período de tempo. O pH ruminal nessas si-
ton, 2000), além de serem normalmente de melhor conversão tuações cai abaixo de 5.2, sendo muito comum a presença de
alimentar e eficiência biológica, no entanto os desafios são ácido lático, daí o outro nome pelo qual a acidose ruminal pode
maiores. Muitos distúrbios metabólicos podem ocorrer no con- ser conhecida: ACIDOSE LÁTICA).

60 NT
João Danilo Pedro Terêncio
Médico Veterinário com Mestrado em Fisiologia Animal e Coordenador Gerente Técnico Bovinos
técnico Comercial - Bovinos de Corte da Nutron Alimentos Phibro Animal Health

Animais confinados podem ainda sofrer de acidose crônica tamares próximos de 5.4, podendo ou não o ácido lático estar
ou subclínica, que acontece quando o pH ruminal atinge pa- presente.
Com a queda de pH ruminal, várias cepas de bactérias não
Figura 1 suportam tais valores e morrem. A lise bacteriana pode aumentar
os níveis de endotoxinas ruminais, que são em parte responsáveis
por problemas de casco observados em gado confinado (Nocek,
1997). Com uma maior quantidade de endotoxinas ruminais,
observa-se também o aumento de LPS (Lipopolissacarídeo
- Principal componente da parede celular de bactérias gram-
negativas) circulante no plasma, conforme gráfico 2. O LPS é um
dos principais fatores que desencadeiam a resposta inflamatória
por ativar o sistema imune e promover a sintomatologia clínica
de várias doenças (Ametaj, 2010).
Um dos primeiros sinais que um lote de confinamento está
Fonte: Bigma Consultoria, 2012 com acidose é o consumo variável, chamado também de con-

NT 61
sumo em montanha russa, pois sobe muito em um dia e cai no Gráfico 3
Influência do tamanho de partícula do milho
outro.
e pH ruminal
O processamento e o tipo de grão também pode causar
acidose. O amido de diferentes fontes possui taxas variáveis de
degradação ruminal; quanto mais rápido o amido for degradado 6.6
maior o risco de acidose. Podemos classificar os grãos da me- 6.4
nor velocidade de degradação para a maior, da seguinte maneira
6.2

pH ruminal
(Owens, 2011):
6.0
5.8
Figura 2
Esquema de acidose ruminal clássica, proposto
5.6
pelo pesquisador F. Owens
5.4

0 2 4 6 8 10 12
Tempo após alimentação (h)

Adaptado de Secrist, 1994

Gráfico 4
Efeito da suplementação de vitamina E
em confinamento

7
6
5
4
Adaptado de Owens, 2004 3
2
1
O processamento também influencia a magnitude de queda 0
Ganho de peso Conversão
do pH ruminal. Tamanhos de partículas menores são rapidamente kg/dia alimentar
fermentados, derrubando o pH mais rapidamente (Gráfico 3). Ou-
Vitamina Controle
tros processamentos, como silagem de grãos úmidos e floculação
disponibilizam ainda mais o amido, logo o risco de acidose também Adaptado de Secrist, 1997
será maior.
Fatores ambientais podem predispor ao aparecimento de pro- tricionista formula uma dieta, ela deve ser a mesma que o gado no
blemas metabólicos. Lama afeta o consumo de alimento, o que pode confinamento irá ingerir. Problemas com equipamentos misturadores
levar o animal a consumir mais rápido que o usual, o que leva ao ou seleção de ingredientes nas dietas pelos animais são fatores impor-
início de quadro de acidose (Milton, 2000). tantes no estabelecimento de distúrbios digestivos. A pesquisadora
Outro fator importante é a qualidade de mistura. Quando o nu- Mary Beth Hall foi muito feliz quando disse: “Ruminantes confinados
têm pouquíssimos hobbies, e um deles é selecionar a dieta”!
Gráfico 2 A linha MAXIMA de produtos Nutron para confinamentos levou
Relação entre endotoxinas livres no fluido
ruminal e nível plasmático de proteína ligada ao LPS em consideração todos esses processos que acontecem dentro do
rúmen de bovinos confinados quando foi desenvolvida. O conjunto
16,000 de aditivos, vitaminas e minerais foi desenvolvido pensando em mi-
Proteína lig. LPS (ng/mL)

14,000 nimizar os efeitos e riscos da acidose, melhorando consideravelmen-


12,000 te a conversão alimentar e a eficiência biológica.
10,000 Os produtos contém níveis de vitaminas lipossolúveis recomen-
8,000 dados para o ótimo funcionamento do sistema imune, já que, como
6,000
4,000
2,000
0 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000
Endotoxina ruminal (ng/mL)
Sorgo < Milho flint < Milho dentado < Cevada < Trigo e Aveia
Adaptado de Ametaj, 2010

62 NT
Gráfico 5
Comparação do CMS (consumo de matéria seca) em kg de dois
descrito acima, podemos ter desafio maior em animais
confinamentos (A e B), onde o confinamento A apresenta um bom padrão que passaram por acidose. A suplementação de vitami-
de CMS e B com grandes oscilações. Dados do software Feed Manager (Nutron).
nas prova-se ainda mais benéfica em situações de desafio
imune (Gráfico 4).
A linha MAXIMA também escolheu os aditivos espe-
cíficos para atuarem no controle do consumo diário de
matéria seca. Tem-se sugerido na literatura que consumos
variáveis predispõem o risco de distúrbios digestivos (Galye-
an, 2002). Linha MAXIMA contém aditivo para minimizar a
flutuação diária no consumo de matéria seca, proporcio-
nando ambiente ruminal mais estável (Gráfico 5). O consu-
Foto 1 mo é muito importante porque o ganho de peso e conse-
Fezes de animais em acidose devido a distribuição errática de alimento
e oscilação de consumo qüentemente a conversão alimentar são dependentes do
consumo de energia metabolizável (NRC, 1996).
Gráfico 5. Comparação do CMS (consumo de ma-
téria seca) em kg de dois confinamentos (A e B), onde o
confinamento A apresenta um bom padrão de CMS e B
com grandes oscilações.
A acidose pode ser causada pelo excesso de ácido lá-
tico. Esse tipo específico de acidose geralmente é mais in-
tenso, já que o ácido lático é muito mais forte que os ou-
tros ácidos orgânicos produzidos no rúmen. Adicionamos
Adaptado de Brink (1990)
na linha MAXIMA aditivo que controla eficientemente as
Tabela 2 bactérias produtoras de ácido lático (Streptococcus bovis
Desempenho de bovinos confinados com diferentes aditivos
e Lactobacillus sp.), diminuindo sua população, resultan-
do em um pH ruminal mais alto. Além disso, controlamos
também bactérias que possam causar abscessos hepá-
ticos e doenças infecciosas de casco, pois teremos ação
*ajustados para carcaça
contra essas espécies também.
Adaptado de Sitta e Santos (2009) O uso de várias tecnologias combinadas aumenta a
eficiência alimentar, melhorando o retorno econômico da
Tabela 1 atividade. Dados de Sitta e Santos (2009) mostram que a
Efeito de abscessos hepáticos e performance de gado de corte
melhor eficiência alimentar aconteceu quando utilizou-
se simultaneamente monensina e virginiamicina para
bovinos confinados (Tabela 2).
O retorno econômico com o uso da linha MAXIMA
é certo. Em situações onde o manejo é deficitário, produ-
tos MAXIMA serão como uma apólice de seguro muito
barata, diminuindo o risco e garantindo a entrega do
Adaptado de Brink (1990)
resultado esperado. Nas situações onde o manejo está
Foto 2 Rúmen apresentando lesão na mucosa, indicativo que esse de acordo com o preconizado pela equipe técnica da
animal passou por acidose. A lesão é uma porta de entrada de patógenos Nutron, os produtos da linha MAXIMA serão necessários
e que causarão abscessos hepáticos. Ao lado, fígado com abscessos.
para atingir as metas de melhoria na conversão alimentar,
produzindo-se mais carne com menor uso de insumos.
A Nutron sabe que o melhor resultado é a soma do
melhor produto com o melhor manejo. Nossa equipe
de técnicos é treinada para, além de oferecer produtos
únicos para situações específicas, empregar no campo
conhecimentos gerados não só em nossos centros de
pesquisas, mas também em parceria com renomados
centros de pesquisas e universidades.

NT 63
aves

O uso de floras
de exclusão
competitiva
no controle de
salmoneloses

64 NT
Marco Aurélio Elmer Lopes
Médico Veterinário pela USP, Mestrado em Patologia Aviária
pela USP e Coordenador Técnico da MSD Saúde Animal

Figura 1
Exclusão Competitiva é o mecanismo no qual as bac-
térias de uma microbiota intestinal saudável colonizam e
previnem a instalação de bactérias patogênicas. Nas aves,
as bactérias de exclusão competitiva estabelecem de forma
rápida uma flora saudável, mantendo a saúde intestinal.
Em condições naturais, os tecidos da mucosa do TGI
(trato gastro intestinal) das aves são colonizados e estabe-
lecem uma flora entre os 7 e 10 dias de vida. A utilização de
floras de exclusão competitiva visa encurtar este período,
reduzindo o risco de contaminação e doenças causadas pela
instalação de bactérias patogênicas.
Os produtos desenvolvidos para exclusão competitiva
são compostos por vários tipos de bactérias, alguns gêneros ativas contra Salmonellas.
anaeróbios facultativos como Lactobacillus, Enterococcus e Ação Nutricional: Estudos in vitro mostram que há
Bifidobacterium, que modulam a composição e equilíbrio concorrência entre anaeróbios da flora intestinal normal e a
da microbiota cecal. Outros gêneros possuem funções mais Salmonella spp. por aminoácidos essenciais e açúcares.
específicas, como o Ruminococcus, importante na fermen-
tação de carboidratos e Fusobacterium que compete com as SITUAÇÕES DE USO
Salmonellas por sítios de ligação no TGI. As floras de exclusão competitiva devem ser utilizadas
Relaciona-se: Bifidobacterium sp, Propionibacterium sp, para colonizar a mucosa do intestino, em diversas situa-
Ruminococcus sp, Enterococcus sp, Fusobacterium sp, Es- ções:
cherichia coli não patogênica, Eubacterium sp, Lactobacillus - Estabelecimento de microbiota em pintos de 1 dia de
sp, Bacillus sp, e Bacteroides sp. vida;
- Reposição de microbiota após a antibioticoterapia;
COMO FUNCIONA A FLORA DE - Reposição de microbiota após situações de stress tais
EXCLUSÃO COMPETITIVA: como manejos e trocas drásticas de rações;
Barreira Física: no TGI há concorrência por locais de - Stress fisiológico, como o período de pico de postura.
fixação das bactérias e as bactérias anaeróbicas fixam-se
firmemente nas superfícies mucosas e têm filamentos que ESTUDOS DE EFICÁCIA
penetram na camada superficial do epitélio formando uma Diversos estudos vêm sendo realizados desde a década
densa camada de diferentes anaeróbios, criando uma bar- de 30, quando foi observado que distúrbios na microbiota
reira física impedindo a fixação de outras bactérias na mu- intestinal normal eram responsáveis pela instalação de bac-
cosa intestinal. térias patogênicas no trato entérico das aves. Entretanto,
Ação Química: As bactérias anaeróbicas criam um mi- somente na década de 70, constatou-se que as aves recém-
croambiente com baixa tensão de oxigênio, desfavorável ao nascidas eram muito mais susceptíveis, principalmente a
crescimento de enterobactérias microaerofílicas, tais como Salmonella spp, em relação às aves adultas (NURMI; RAN-
Salmonella spp. A flora cecal produz ácidos graxos voláteis TALA, 1973).
(ex. ácidos lácteos ou propriônicos) que reduzem o pH ini- Diversos autores apresentam estudos comprovando que,
bindo os enteropatógenos tais como Salmonella ou E. coli. para a formação de uma boa microbiota nas aves e impedir
Ação Bioquímica: Muitos microorganismos intestinais a intalação de patógenos, a colonização por bactérias de
como Lactobacillus spp. e E. coli produzem bacteriocinas exclusão competitiva deve ocorres o mais precoce possível.

NT 65
Uma forma de preventiva às enterites. tibióticos terapêuticos;
Na avicultura industrial atual há uma busca constante - Modifica e melhora a flora ambiental e
por melhores resultados zootécnicos com a maximização - Auxilia no processo de sustentabilidade da produção aví-
dos ganhos econômicos. Muitos produtos são desenvolvi- cola.
dos com a finalidade de prevenção e/ou tratamento, como
as floras de exclusão competitivas que auxiliam na manu- REFERÊNCIAS
tenção dos ganhos econômicos, devido a manutenção da APAJALAHTI, J.; KETTUNEN, A.; GRAHAM, H. Characte-
qualidade intestina. ristics of the gastrointestinal microbial communities, with
Estudos realizados recentemente, demonstraram que special reference to the chicken. World’s Poultry Science
diversos produtos desenvolvidos com o conceito de exclu- Journal, v. 60, p. 223-232, 2004.
são competitiva atuam prevenindo a infecção por patóge- BRENNER, D. J. Family I. Enterobacteriaceae. In: KRIEG,
nos esécíficos. Por exemplo, as salmoneloses, um flagelo N. R.; HOLT, J. G. Bergey’s manual of sistematic bacteriology.
atual que pode impedir o desenvolvimento e crescimento Baltimore: Williams & Wilkins, 1986. v. 1, p. 408-420.
do setor avícola. BRYANT, M. P. Genus ruminococcus. In: KRIEG, N. R.;
Em testes realizados na USP, em 2006, foram compa- HOLT, J. G. Bergey’s manual of sistematic bacteriology. Balti-
rados alguns produtos de exclusão competitiva, tendo nos
resultados diferenças significativas.
Nestes testes, aves de recebiam individualmente, via in-
glúvio, o produto de acordo com o tratamento, no 1º dia de
vida. No dia seguinte, 2º dia de vida, as aves foram desafia-
das com 104 UFC de Salmonella Tiphimurium.
No 7º dia de vida, as aves foram sacrificadas, e no trato
entérico foi avaliado a presença de salmonella, tendo como
resultado:

CONCLUSÕES – PONTOS CHAVES


As bactérias de floras de exclusão competitiva propor-
cionam às aves uma colonização precoce da mucosa intesti-
nal, desenvolvendo uma microbiota equilibrada, impedindo
o desenvolvimento de infeções por agentes patógenos.
O uso de floras de exclusão competitiva auxilia na:
- Proteção das aves contra a colonização de diversos soro-
tipos de Salmonela, E. coli patogênica, Clostridium perfrin-
gens;
- Melhora a qualidade e integridade intestinal, consequen-
temente as condições ambientais (contaminação e qualida-
de de cama);
- Recomposição da flora intestinal, após a utilização de an-

Tabela 1

Infecção Mortalidade
Controle positivo 80% 40%
Controle Negativo 0% 0%
Aviguard 0% 0%
Produto B 20% 0%
Produto C 60% 15%

66 NT
more: Williams & Wilkins, 1986. v. 2, p. 1093-1097. genetic analysis of bacteria in the mucosa of chicken ceca
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627-630, 1973.
WAGNER, R. D. Efficacy and food
safety considerations of poultry compe-
titive exclusion products. Molecular Nutrition Food Resear-
ch, v. 50, p. 1061-1071, 2006.

NT 67
aves

Aspectos
Importantes da
Relação Nutrição e
Produção de Ovos
Comerciais XXX Seminario Internacional de Amevea 2011
– Bogotá – Colômbia, 08 de Abril de 2011.

Introdução: alojada (OAA), com a menor conversão alimentar (CA) em Kg


Como resultado de intensivos programas de seleção ge- alimento/Kg ovos ou Kg de alimento/dúzia de ovos.
nética, o potencial produtivo das poedeiras comerciais tem Por parte das aves, a contrapartida exigida é que as condi-
evoluído de forma fantástica nas últimas décadas. A cada ções necessárias para esta máxima produtividade sejam aten-
nova geração, as poedeiras produzem mais ovos com meno- didas. Estas pré-condições incluem: ambiente, alimentação,
res consumos de alimento. Iniciam a produção mais precoce- sanidade e manejo. Assim, o ambiente físico deve ser ade-
mente, já com ovos de tamanho de maior valor comercial e, quado em todos os aspectos relacionados aos requerimentos
permanecem mais tempo mantendo maiores produtividades, de temperatura, umidade, ventilação, espaço, qualidade do ar,
sendo descartadas com idades superiores que 80 semanas. O luminosidade, etc. A condição de saúde deve estar assegurada
objetivo final é a obtenção de maior número de ovos por ave por programas de bioseguridade, vacinações, seleção de for-

68 NT
Ricardo Ito
Médico Veterinário pela Universidade Federal de Viçosa-MG,
Pós-Graduação em Nutrição Animal - FMVZ USP e Consultor
Técnico de Aves na Nutron Alimentos

necedores, uso de aditivos alimentares, etc. A adequada nu-


Tabela 1
trição deve ser fornecida não somente pela fórmula da ração, Efeito do peso corporal no amadurecimento
mas principalmente pela qualidade de ingredientes, processos sexual sobre o desempenho produtivo de poedeiras
comerciais
na fábrica de rações e manejo alimentar nas granjas. Porém,
mais importante que os fatores vistos de forma individual, é Peso Peso Produção Peso Peso
corporal do 1er (%) do ovo corporal
a consideração das correlações entre estes fatores. Conhece- 18 sem. (g) ovo (g) (g) 25 sem. (g)
mos e, portanto devemos considerar por exemplo, as interfe- 1 1107 (a) 40.7 (a) 48.1 (a) 46.9 (a) 1417 (a)
rências da genética sobre os requerimentos nutricionais das 2 1205 (b) 42.0 (ab) 51.0 (ab) 48.4 (b) 1511 (b)
3 1281 (c) 43.7 (b) 50.7 (ab) 48.8 (bc) 1606 (c)
distintas linhagens. Sabemos a estreita correlação entre os
4 1383 (d) 42.5 (ab) 53.6 (b) 49.7 (c) 1691 (d)
requerimentos nutricionais de acordo com o estado sanitário
Leeson & Summers, 1991
das aves. Alinhamos o manejo nutricional com as caracterís-
ticas específicas de cada linhagem de aves e ao ambiente e a
maneira de criação (ex.: piso ou gaiola). Consideramos a idade torna obrigatório um bom desenvolvimento da franga nos
e produtividade para fazermos alterações nutricionais, etc. períodos de cria e recria. Aves com deficiências no desenvol-
Vários dos parâmetros acima listados (OAA, CA, etc.) fazem vimento corporal durante estas fases, resultam em poedeiras
parte de índices zootécnicos comuns em relatórios de produ- menos produtivas e que produzem ovos de menor tamanho.
ção e aparecem publicados nas guias de
manejo das empresas de genética. Porém, Tabela 2
* Cria e Levante versus resultados produtivos*
em determinadas situações, nem sempre o (2 milhões de poedeiras comerciais brancas)

melhor resultado zootécnico traduz-se na


melhor performance econômica. Portanto, Peso Peso Peso Uniformidade
Vivo Vivo Vivo (16 sem.)
quando definimos um programa nutricio- (5 sem.) (10 sem.) (16 sem.)
nal (ou qualquer outro programa de pro- Madurez temprana +++ +++ ++ 0
(% produção A.D. entre 20-24 semanas) 0,63 0,59 0,39 ++
dução), devemos considerar os objetivos Persistência na produção ++++ ++
econômicos, estes tão ou mais importantes (% produção A.D. entre68-72 sem.) 0,82 o o 0,46
Viabilidade (60 sem. edad) +++ ++
que os objetivos zootécnicos. 0,71 o o 0,40
Partindo deste ponto de vista, neste ar- Viabilidade (72 sem. edad) +++ +++
0,65 o o 0,61
tigo compartilharemos os aspectos impor- ++++ ++
Ovos / A.A (60 sem. edad) +++
tantes desta relação “zooeconômica” entre 0,83 0,30 0 0,54
Ovos / A.A (60-72 sem. edad) ++++ +++
a nutrição e a produção de ovos.
0,94 0 0 0,60
Ovos / A.A (72 sem. edad) ++++ +++
A importância da nutrição 0,93 0 0 0,72

pré-inicial e inicial na Peters T - 1997


produtividade de ovos:
Quando comparamos os parâmetros
produtivos das atuais poedeiras “modernas”, com suas ante- Com a maior precocidade para o início de postura, o pe-
cessoras de 20 ou 30 anos atrás, verificamos que houve uma ríodo de preparo desta franga torna-se mais curto. Assim,
grande evolução em termos de produtividade (Figura 1). E, se necessitamos uma atenção ainda maior para que o melhor
pudermos assinalar como principais fatores deste aumento desenvolvimento das futuras poedeiras seja atingido o mais
de produtividade, fruto do trabalho de seleção genética, po- brevemente possível. Um trabalho clássico de Leeson & Sum-
demos destacar: maior precocidade, picos mais elevados e, mers do início da década de 90, já demonstrava os efeitos de
maior persistência na produção de ovos. baixos pesos corporais sobre o desenvolvimento da maturi-
O fato de as aves produzirem mais ovos e por mais tempo, dade sexual (Tab.1).

NT 69
Tabela 4 Gráfico 2
Prueba comparativa de ganancia de peso con el Mix de huevos – Clasificación a lo largo del
uso de pre-iniciador en micropellet (premax® versus harina) periodo en producción

60,00
Idade Ración harinada Premax peso Diferencia
(semanas) peso promedio (g) promedio (g) (%) 50,00
1 60 69 15
2 100 121 21 40,00
3 150 180 20
30,00
4 217 261 20
5 295 347 18 20,00
6 373 438 17
7 480 551 15 10,00
8 587 654 11
o
n aves 118.400 139.560 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80

Jumbo Large Small


Extra Medium Peewee
Posteriormente, comprovou-se que o peso corporal ao
final do período de cria, está fortemente correlacionado com
os parâmetros produtivos durante o período de produção que permita uma maior ingestão de volumes de alimento.
de ovos (Tab.2). É durante este período inicial que ocorre o Alimentos formatados em “mini-pellets” e/ou “crumbles”,
desenvolvimento dos órgãos vitais, responsáveis pelo desen- podem determinar maiores ganhos de peso corporal na fase
volvimento subseqüente dos demais tecidos e órgão compo- inicial de vida da ave (Tab.4).
nentes da ave. O adequado ganho de peso corporal durante a fase de
Se observarmos as curvas de peso corporal durante o pe- cria e recria, possibilita o início da produção de ovos na idade
correta e com os pesos de ovos que re-
Tabela presentem um maior valor comercial.
Costo de alimentación Ave/Dia

Nutriente Consumo 105 110 115 120 Nutrição para a máxima


Ave/Dia (g/A/D) performance econômica
310 kcal Energia metab. (Kcal) 2.954 2.820 2.697 2.585
4,4 g CA (%) 4,19 4,00 3,83 3,67
na fase de produção:
400 mg Pd (%) 0,381 0,364 0,348 0,333 Sabemos que os requerimen-
840 mg Lis Dig. (%) 0,800 0,764 0,730 0,700
730 mg Met + Cis Dig. (%) 0,695 0,664 0,635 0,608 tos nutricionais das aves devem ser sa-
Custo ($/T) R$ 604,40 R$ 573,01 R$ 554,60 R$ 547,11 tisfeitos diariamente. Estes requerimen-
Valores Relativos 1 110,5% 104,7 % 101,4 % 100,0 %
Total de alimento tos podem ser fornecidos por diferentes
(T/100.000 aves/mês) 315,0 330,0 345,0 360,0 volumes de alimento, portanto, pode-
Custo Fabril ($/T) 11,00 11,00 11,00 11,00
Custo transporte ($/T) 5,00 5,00 5,00 5,00 mos definir a composição e o volume
Custo de alimentação
(100.000 aves/Mês) R$ 195.426,00 R$ 194.373,30 R$ 196.857,00 R$ 202.719,60
que represente o menor custo diário de
Valores Relativos 2 96,4% 95,9% 97,1% 100,0% alimentação. Mas estes valores de con-
Diferença ($/Ano) R$(87.523,20) R$(100.155,69) R$(70.351,20) R$
sumo que representam o menor custo
de alimentação não são fixos, podendo
sofrer alterações de acordo com o cus-
ríodo de cria e recria, é possível observar que nesta fase ocorre to dos ingredientes, tipo de ração, produtividade e qualidade
um grande ganho relativo de peso corporal. Se perdermos a dos ovos, etc. Além disso, o valor comercial dos ovos pode
potencialidade e importância do ganho de peso nesta etapa determinar, dentro de certos limites, a composição nutricio-
da vida, estaremos perdendo parte da capacidade produtiva nal que melhor otimiza a relação custo/benefício. Assim, de
da poedeira. acordo com as matérias-primas disponíveis, seus respectivos
Em termos nutricionais, neste período de baixos consu- preços, custos de produção e transporte,etc., podemos definir
mos, podemos garantir o fornecimento de alimentos com- a densidade nutricional que melhor represente o custo de ali-
postos por ingredientes de qualidade superior, de melhor mentação/ave/dia, de acordo com o valor do mix de ovos que
digestibilidade, menor risco de variabilidade, livres de fatores estiverem sendo produzidos e comercializados.
antinutricionais e/ou tóxicos e, em uma apresentação física Quando definimos um programa nutricional com en-

70 NT
Table 6 as mudanças das necessidades fisioló-
Valor de “Mix” de huevos (precios marzo/2011) gicas ao longo do período produtivo.
Em circunstância de diferenças nas
Average Egg Egg 185,00 165,00 150,00 140,00 120,00 90,00 Total
Weight ($/Unit) Jumbo Extra Large Medium Small Peewee «MIx» taxas de produtividade, peso dos ovos,
(g) Age (Wk) (%) (%) (%) (%) (%) (%) consumo de alimento e peso corpo-
37,80 20 - - 2,40 30,80 53,30 13,50 122,83 ral, devemos ajustar a composição
48,50 30 3,00 26,90 50,50 18,30 1,30 - 152,87 dos alimentos de forma que não haja
49,80 40 4,60 37,20 48,00 9,90 0,30 - 156,11 deficiências nutricionais ou sobras ex-
50,30 50 6,70 40,20 44,10 8,80 0,30 - 157,56 cessivas. As deficiências, mesmo que
50,60 60 9,10 41,00 41,10 8,60 0,20 - 158,42 marginais, afetarão de forma negativa
51,10 70 11,90 42,70 37,50 7,70 0,10 - 159,62
a produtividade da ave e/ou a quali-
51,60 80 14,30 43,00 35,40 7,20 0,10 - 160,71
dade dos ovos, enquanto “sobras” ou
margens de segurança significam au-
Figura 1 mento de custo. Assim, programas de
Diferenças entre poedeiras “antigas”
e “modernas” múltiplas fases possibilitam um melhor ajuste, tanto nu-
tricional como econômico, além de promoverem menores
oscilações na produção no momento de troca das rações
Poedeira (Figura 2).
“modernas” Outra maneira bastante importante de reduzirmos as
“sobras”, é por um monitoramento intensivo da qualidade
Produção (%)

e composição dos ingredientes utilizados para a produção


das rações. Equipamentos analíticos como o Near Infra Red
(NIR) traduzem-se como ferramentas valiosíssimas na de-
Poedeira terminação da composição de vários importantes nutrien-
“Antiga”
tes dos ingredientes de rações. O ajuste das matrizes nutri-
Edad (Sem.) cionais dos ingredientes, através da tecnologia NIR, podem
representar significativas economias em termos de custo de
alimentação das aves.
Figura 2
Fase de alimentación en periodo de producción
Considerações Finais:
Na visão simplista do leigo, formular
rações para poedeiras poderia ser unica-
mente seguir as recomendações nutri-
cionais das guias de manejo. Tabelas de
composição nutricional encontram-se
editadas em várias publicações, então
a única ferramenta necessária seria um
software de formulação, onde seriam
foque “zoo-econômico” tomamos em conta dois principais informados os ingredientes disponíveis
fatores: com seus respectivos preços. Mas, se considerarmos o alimen-
a. Custo da alimentação to como principal componente de custo na produção de ovos,
b. Valor dos ovos produzidos deveríamos dar atenção proporcional a este componente.
O custo de alimentação é definido pelo preço de cada Neste sentido, dada a importância da economicidade da nu-
alimento fornecido às aves e seus respectivos volumes de trição na atividade de produção de ovos, é que cada vez mais
consumo (Graf.1). O valor dos ovos é determinado pelo vo- o estabelecimento dos programas nutricionais seja realizado
lume produzido, pela taxa de aproveitamento, classificação e, com o enfoque “zoo-econômico”. Desta forma, maximizamos
preços de cada categoria de ovos (Graf.2 e Tab.5). a lucratividade ou, minimizamos as perdas em momentos de
No programa nutricional devemos contemplar ainda margens negativas.

NT 71
aves

PRINCIPAIS
ALTERAÇÕES
HEPÁTICAS
Dentre as várias funções atribuídas ao fígado, algumas bretudo no que se refere ao trato intestinal.
são fundamentais como: estocagem de carboidratos, gordu- Após a morte, o fígado sofre alterações cadavéricas como
ras e vitaminas; no embrião produz células sanguíneas; na embebição hemolítica, tomando o órgão uma coloração ver-
ave, ele remove da corrente sanguínea as células envelheci- melha escura. Por isso, é necessário que logo após o sacrifício
das e libera substâncias necessárias à coagulação do sangue. da ave se realize a sangria para amenizar este efeito que pode
Sua função relacionada à digestão, entretanto, é a produção prejudicar sua avaliação e interpretação durante a necrópsia.
e secreção de bile (suco biliar) que contém sais e outros com- Segundo Ito et al. (2002) a coloração de fígado espera-
ponentes que emulsificam as gorduras presentes no intestino da como normal para frangos seria amarela no embrião e no
delgado facilitando a absorção lipídica e a ação de enzimas pinto recém-nascido e à medida que a ave cresce, sua cor se
pancreáticas. torna castanho escuro.
Este órgão biotransforma ou inativa - através de redu- As alterações hepáticas macroscópicas podem afetar sua
ção, oxidação, conjugação ou síntese - substâncias tóxicas forma, coloração, tamanho e consistência, além da produção
como: resíduos industriais, herbicidas e fungicidas; toxinas de lesões visíveis. A seguir, serão descritas as principais alte-
bacterianas, micotoxinas, etc. Sendo também responsável por rações hepáticas ou que merecem destaque em frangos de
biotransformar medicamentos tornando estas substâncias corte e suas possíveis causas:
químicas mais polares e menos lipossolúveis que a molécula
original para favorecer a sua excreção pela via urinária. Degeneração graxa: trata-se da mais frequente e
O fígado do frango de corte pode ser acometido por inespecífica das alterações metabólicas que compromete o
inúmeras alterações patológicas que incluem distúrbios cir- fígado. Quando o hepatócito é lesado, tendo prejudicado sua
culatórios, toxicoses, doenças infecciosas (virais, bacterianas capacidade de metabolização normal, pode ocorrer a reten-
e parasitárias) e neoplásicas (baixa incidência). Muitas das le- ção das gorduras. O fígado encontra-se amarelo, com bordos
sões hepáticas que observamos a campo não são específicas arredondados e sua consistência apresenta-se friável à pal-
quanto à etiologia, mas fornecem informações importantes pação.
sobre a ocorrência de doenças sistêmicas (Hoerr, 1996). Os principais mecanismos que podem estar envolvidos
O exame deste órgão reveste-se de especial importância com a patogenia da degeneração graxa seriam:
pelo fato de nele repercutir cerca de 90% dos casos de pro- - Deficiências nutricionais ou por substâncias lipotrópi-
blemas tóxicos e infecciosos, onde sua dimensão em relação cas. Tanto um como outro fator pode interferir com a síntese
aos outros órgãos oferece à observação, a melhor condição protéica e desta forma, as lipoproteínas podem não ser for-
para por em destaque qualquer modificação patológica, so- madas e as gorduras não podem ser eliminadas das células,

72 NT
Luis Otávio Roberto
Médico Veterinário, formado pela UNESP e Coordenador
Técnico Comercial em São Paulo da Nutron Alimentos

EM FRANGOS
DE CORTE

portanto acumulam-se e tornam-se visíveis. Como exemplo, pode-se citar os venenos clássicos, como te-
- Excessiva quantidade de gordura presente ao nível tracloreto de carbono, clorofórmio, arsênico, fósforo e algu-
hepático pela absorção através do intestino ou carreada do mas micotoxinas, além de toxinas bacterianas, etc.
tecido adiposo, como acontece comumente no caso de obe- Dibner et al. (1996) demonstraram o efeito tóxico de gor-
sidade intensa por exemplo. duras deterioradas que sofreram processo de oxidação atra-
- Segundo Freitas et al. (2008), aves inoculadas com Ei- vés da observação de aumento do tamanho do fígado (pro-
meria acervulina podem apresentar fígados de coloração liferação de hepatócitos). A maioria dos produtos finais da
amarelo pálido entre o 8º e o 30º dia pós inoculação, ocorren- peroxidação de gorduras, como aldeídos e cetonas, devido a
do devido a deposição de gordura, levando a crer que o trans- sua natureza hidrofílica e baixo peso molecular são facilmen-
porte e regulação de lipídeos nesse órgão estejam afetados. te absorvidos e levados pela corrente sanguínea até órgãos
Isso possivelmente ocorreu devido a uma alteração no meta- como o fígado, onde também promovem oxidação lipídica in
bolismo de lipídio hepático decorrente das lesões intestinais vivo agravando ainda mais o processo de lesão hepática.
resultantes do ciclo evolutivo do parasita. As proteínas presentes nos ingredientes de origem animal
- Específica ou inespecífica lesão ao nível do hepatócito. (farinha de carne, por exemplo) utilizados nas formulações

NT 73
Hepatites bacterianas: particularmente Clostridium
de rações avícolas, quando mal processadas ou armazena-
perfringens e Salmonelas podem causar a colangite ou co-
das incorretamente, podem sofrer deterioração por ação de
langiohepatite. De acordo com a patogenicidade das bacté-
bactérias, fungos e leveduras transformando-se em aminas
rias, observamos hepatite aguda associada com a presença
biogênicas (histamina, cadaverina, putrecina, entre outras). As
de exsudato fibrinocaseoso (pus) cobrindo a cápsula hepática
aminas biogênicas quando em grandes quantidades geram
como visto nos casos de infecção por Salmonelas virulentas
toxidez causando destruição da mucosa intestinal, dos rins
como a S. Pullorum, S. Gallinarum, S. Enteritidis e nas Coli-
e do fígado que aumenta de volume. Estes compostos ainda
septicemias.
afetam o desempenho do lote reduzindo a taxa de cresci-
Nos últimos anos, têm sido observados vários tipos de le-
mento e piorando o índice de conversão alimentar.
sões hepáticas associadas ao Clostridium perfringens nos fri-
A ação de micotoxinas consiste na mais frequente e
goríficos, sendo que 30% dos quadros de hepatites têm sido
importante alteração hepática de origem tóxica nas aves.
associados a esta bactéria (Barcelos, 2006). Estas lesões po-
Como se sabe, o grau e a extensão lesional causados pela
dem ser ocasionalmente encontradas durante monitorias de
micotoxina são bastante amplos, lesando órgãos digestivos,
campo em aves mortas ou sacrificadas, em lotes com quadro
linfo-reticular, vasos sanguíneos, etc. Ao nível hepático, de-
de Enterite Necrótica Subclínica. Em geral, se vê alterações
pendendo da idade dos animais, podem-se observar lesões
no fígado que indicam colângio-hepatite, sendo que esta

hepáticas na forma de fibrose com endurecimento do órgão


é provavelmente o tipo mais comum de alteração hepática
(animais jovens), até degeneração graxa (lipidose hepática),
associada ao Clostridium perfringens, e certamente a mais
com hemorragias e necrose, alteração esta mais comumente
descrita. O fígado fica aumentado, e pode ter descoloração
observada entre animais mais velhos. Em algumas ­ocasiões
marrom-amarelada, sua superfície está lisa e uniforme e o
o fígado apresenta-se um tanto tumefato, de coloração cin-
parênquima hepático pode estar firme à palpação. A vesí-
za-escuro, e acima de tudo bastante firme à palpação, em
cula biliar pode estar descolorida, com a parede espessa e o
associação a outras lesões típicas podemos suspeitar de Afla-
­conteúdo pode estar descolorido e viscoso.
toxicose. Estudos com infecção experimental em frangos de
corte utilizando-se material de cultura de F. moniliforme e
Hiperplasia linfóide: ela está presente em aves que
de F. proliferatum contendo Fumonisina B1 foram associa-
convalescem de septicemias bacterianas, virais, endotoxe-
dos com baixo desempenho, imunossupressão e aumento do
mias bacterianas ou que estão cronicamente infectadas pela
peso relativo de vísceras, principalmente do fígado.
Salmonella Pullorum. Como o fígado estabelece uma rela-
ção íntima com intestino, quando ocorre o desequilíbrio da
Hepatites Virais: na fase de aguda da doença de Gum-
flora bacteriana ou a enterotoxemia, observa-se também o
boro e da Anemia Infecciosa, nota-se linfocitólise ou degene-
aumento da atividade fagocítica das células de Kupffer, a
ração hepática associada com o encontro de fígados pálidos
hiperplasia linfóide e a hepatite. Bactérias enteroinvasivas e
e com aumento de volume.
enterotoxigênicas causam enterites e comprometimento he-
pático devido ao estímulo da atividade fagocítica das células

74 NT
de Kupffer que são os fagócitos residentes responsáveis pela ção a sua causa, mas pode fornecer informações importantes
limpeza de tudo que é absorvido pelo intestino e que cai na a respeito de processos patológicos generalizados.
circulação esplâncnica ou no espaço porta. O histórico do lote, manejo alimentar, sintomas clínicos,
lesões em outros órgãos, entre outros fatores, desempenham
Congestão hepática: as principias causas de conges- um importante papel no estabelecimento de um ponto de
tão hepática resultam geralmente de insuficiência pulmonar vista global que permite um pré-diagnóstico, o qual deve
ou cardíaca em aves que estão passando por um processo de ser evidentemente confirmado com exames laboratoriais
ascite ou que sobreviveram à aspergilose pulmonar; sobrecar- complementares através de exames bacteriológicos ou viro-
ga hepática causada por substâncias tóxicas ou medicamen- lógicos, além de outras provas laboratoriais aplicáveis como
tos, diminuição do consumo de ração, ou qualquer condição histopatologia e níveis séricos de enzimas de função hepática
que aumente a demanda por energia, por exemplo, estresse (ainda pouco compreendido em situações de campo)
por frio que aumenta a necessidade de energia para supor-
tar a hipotermia e manter a temperatura corporal. O fígado Conclusões:
apresenta-se tumefato, com bordos adelgaçados; coloração O fígado em função da sua atuação na detoxificação do
escura devido à congestão e estase sanguínea; apresentando organismo é consequentemente bastante vulnerável à injúria
consistência firme à palpação. toxica. Os efeitos tóxicos sobre o tecido hepático dependem

de três fatores importantes, que seriam: o estado de nutrição


Cirrose: Em termos gerais, entende-se por cirrose o pro- do hepatócito, a dose da sustância tóxica e o período de tem-
cesso crônico e progressivo de uma injúria permanente ao po em que o órgão é exposto à injúria.
órgão. O fígado quando cirrótico mostra um tamanho menor Devemos sempre considerar o alto poder regenerativo
que o normal, com bordos arredondados, sendo sua superfície do fígado, sendo que grande parte dos processos patológicos
irregular devido aos nódulos de regeneração e de consistên- que induzem lesões hepáticas podem ser reversíveis desde
cia firme à palpação. O órgão pode se apresentar embebido que a causa primária da injúria seja removida a tempo.
pela bile, podendo os ductos biliares se apresentar grossos e De maneira geral, a importância do fígado devido ao seu
proeminentes. A cirrose pode ser induzida pela hipertensão envolvimento em diversas funções do organismo está rela-
pulmonar desencadeando a ascite. A cirrose caracterizada cionada diretamente ao resultado de desempenho do frango,
pela presença de fígados amarelados ou ictéricos ocorre devi- além do que níveis aumentados de lesões hepáticas podem
do a intoxicação crônica por aflatoxinas, ou devido a insufici- trazer prejuízos por aumento de condenações deste órgão
ência pulmonar crônica induzida pela pneumomicose crônica nos frigoríficos.
(aspergilose). Portanto, devemos sempre procurar entender melhor o
que as alterações hepáticas nos evidenciam e procurar for-
Diagnóstico das alterações hepáticas: mas de preveni-las para que possamos buscar melhores índi-
A maioria das lesões no fígado não é específica em rela- ces de desempenho na produção avícola.

NT 75
aves

Fertilidade em
reprodutoras
pesadas

INTRODUÇÃO: vários aspectos envolvidos, segundo Leeson (1999), existe uma


Considerando a evolução genética que vem ocorrendo na relação negativa entre a taxa de crescimento e a reprodução, e
avicultura de corte não é difícil imaginar a sua continuidade para isto significa que não podemos permitir que a fêmea ou o ma-
as próximas décadas, porém existe um paradoxo entre o desem- cho expressem seus potenciais genéticos de crescimento, por-
penho dos reprodutores e o de frangos de corte. Suportando este que a reprodução de aves muito grandes seria anti-econômica.
fato podemos citar na evolução da produção de pintos de corte Mauldin, (1998) encontrou como principais causas da perda de
a partir dos anos 80 / 90 podemos citar o uso de grades de restri- eclosão a infertilidade correspondendo a 41,6%, mortalidade
ção para fêmeas, dietas por fases para fêmeas em produção, die- precoce 27,9%, mortalidade intermediária 6,3% e mortalidade
ta para machos, esquemas de restrição de consumo, dark house, tardia 24,2%.
evolução na ambiência, obstáculos que vem sendo transpostos
por técnicos e pesquisadores no mundo. A influência da fase de cria e recria na
Tratando-se da reprodução de reprodutoras pesadas são fertilidade do lote.

76 NT
Claudio R. F. Carvalho
Zootecnista com Pós Graduação Avicultura e Nutrição de Aves,
Suínos e Bovinos, MBA Gestão Estratégica do Agronegócio - FGV e
Consultor Técnico da Nutron Alimentos

Os princípios básicos de manejo para reprodutores ma- sidade elevada pode levar a uma perda de uniformidade, maior
chos de frangos de corte são muitas vezes similares aos das agressividade entre os machos e também com as fêmeas fato
fêmeas, mas existem características específicas nos programas que poderá gerar um comportamento destas de evitarem os
de nutrição e alimentação (BRAKE, 1999). O crescimento ini- machos, com consequente piora da fertilidade e uma aumento
cial adequado é importante não apenas quando se considera da mortalidade das reprodutoras em casos extremos.
a influência do peso corporal inicial na futura fertilidade, mas A debicagem uniforme dos machos têm influencia direta
também sobre a uniformidade do plantel. Principalmente para no desempenho reprodutivo do lote, sendo que falhas neste
linhagens de conformação os machos devem estar no peso procedimento proporcionará grandes prejuízos à fertilidade, já
alvo ou acima desde principalmente até a 6ª semana de idade que os machos utilizam os bicos para segurar as fêmeas no
com boa uniformidade pela necessidade de preparar machos momento da cópula.
com um bom tamanho de carcaça principalmente a 4ª semana, Entre a 2ª e a 12ª se encontram as proliferações das célu-
mas também a 8a e 12ª semanas, permitindo a distribuição de las de Sertoli, sendo que estas tem a função de proteção das
forma mais adequada da massa muscular destes reprodutores células espermáticas em maturação. O número das celulas de
na vida adulta. Vários autores citam desenvolvimento corporal Sertoli será proporcional ao tamanho dos testículos, portanto,
/ comprimento das pernas (coxas), como fator chave na fertili- estreitamente relacionado com a capacidade para produzir es-
dade. A ingestão acumulada de proteína aos 28 dias influencia permatozoides em machos adultos, menores pesos testiculares
a composição corporal das aves Wiernusz, 2005 e a produtivi- podem estar relacionados com o menor número das células de
dade das aves Sbanotto, (1999). A ingestão acumulada de pro- Sertoli (Drumond et al, 2003) .
teína deve ficar em torno de 200 gramas até o 28° dia de vida
dos machos (Cobb-Vantress). Fase adulta.
A uniformidade é componente chave no manejo de ma- Antes de discutir fatores que podem afetar a fertilidade, é
chos, sendo desejável terem uniformidade superior a 90% den- importante conhecer como a fertilidade é avaliada. Pois exis-
tro do lote e nas categorias o mais próximo a 100%. Para atingir tem dois métodos para avaliação, abrindo os resíduos de eclo-
os níveis de uniformidade desejados é necessário seleciona-los são que é muito impreciso e difícil distinguir um ovo infértil de
pelo menos aos 7 dias, e a 4ª, 8ª e 12ª semanas, dependendo da uma mortalidade muito precoce, pois o conteúdo do ovo co-
uniformidade na recepção, a separação entre as classes deve meça a se deteriorar. A ovoscopia entre 9-12 dias e a abertura
ser iniciada a partir do primeiro dia de vida. Machos que não dos ovos claros permite uma avaliação mais precisa e indicada
atingirem os pesos e características desejadas nas primeiras se- para esta avaliação.
manas de vida devem ser descartados do lote. O excesso de peso corporal é apontado em diversos tra-
O espaço de comedouro tem influencia significativa sobre balhos como responsável pela redução da fertilidade do plan-
a uniformidade e crescimento (deve ser analisado a falta e o tel já que a carcaça muito pesada e excessiva conformação é
excesso). Os comedouros devem ser aumentados gradualmen- prejudicial para um bom acasalamento e uma boa fertilidade
te conforme a idade da ave. (ADJANOUHOUN, 1994). Por outro lado distúrbios na esper-
miogênese são frequentes em galos com peso corporal abaixo
IDADE ESPAÇO DE COMEDOURO / MACHO do peso padrão (JAENICH et al, 1990).
1-5 semanas - 5 a 8 cm Devemos ter um bom controle dos ganhos de peso dos
6-10 semanas - 10 a 15 cm machos em produção, pois uma curva adequada de ganho de
10-15 semanas - 15 a 20 cm peso, trará maior longevidade aos machos com boa capacidade
>15 sem - 20 cm de fertilização. Individualmente os machos tem sua melhor ca-
pacidade reprodutiva entre os pesos de 4,2kg a 5,2kg, portanto
A densidade adotada durante a cria / recria tem influencia quanto maior a quantidade de animais dentro desta faixa de
significativa sobre a qualidade dos machos e fertilidade poten- peso e por um maior período de tempo melhor será o resultado
cial e deve ser de 3♂/m2, nunca superior a 3,5♂/m2, pois a den- de fertilidade. Obviamente devemos ter em mente a composi-

NT 77
ção corporal destes animais, tamanho de carcaça e respeito aos intracelular, porém os resultados dos trabalhos são variados
ganhos de peso mínimos sugeridos. utilizando diferentes níveis desta vitamina.

Efeito Nutrição sobre a fertilidade de machos. Outro fator importante quando se trata de dietas de ma-
Segundo Hocking (1990), machos alimentados com baixo chos, é que estas chegam a ter na sua composição até 30%
teor proteico (11%) apresentaram melhora significativa na fer- de farelo de trigo, que em realidade é um sub-produto da in-
tilidade, particularmente no período final de reprodução (depois dústria alimentícia, podendo ter grandes variações nos níveis
das 50 semanas). Isto pode estar associado a maior deposição de fibra, energia, amido e no teor de proteína dependendo da
de cristais de acido úrico nas articulações de machos que rece- qualidade do grão de trigo, da eficiência como é beneficiada e
bem dietas ricas em proteína (16%), reduzindo a eficiência de destino final da farinha obtida, assim torna-se bastante critica
acasalamento. Também o excesso de cálcio interfere na absor- a inclusão deste ingrediente em uma proporção tão elevada da
ção de zinco, que tem papel importante na espermatogênese. dieta de machos, que compõe 50% do resultado que é um ovo
Segundo Borges et al.(2006), o manejo nutricional da ma- fértil. A recomendação é evitar ter vários fornecedores deste
triz tem recebido maior ênfase, enquanto a nutrição do macho
tem sido relegada ao segundo plano. Apesar dos machos repro-
dutores constituírem apenas 10% do plantel em relação às fê-
meas, representam 50% da carga genética e da fertilidade. Este
mesmo autor demonstrou que formulas de rações destinada a
machos reprodutores com níveis de proteína elevados após a
28ª semana de vida contribuiu negativamente na fertilidade.
Neste trabalho foi relatado também que a melhor qualidade de
sêmen foi obtida a partir de 16 gramas de consumo de proteína
diários, o que é impossível de se obter com rações destinadas
às fêmeas contendo PB 15,5%. A utilização de ração específica
para machos em produção pode apresentar algumas vanta-
gens. Existem evidencia que alguns aminoácidos em excesso
causam alterações no PH do albúmen no oviduto, e este fato
poderia reduzir a viabilidade dos espermatozoides antes que ingrediente para evitar oscilações no perfil nutricional da dieta
estes cheguem às glândulas hospedeiras do infundíbulo. de machos.
Dados levantados em um grande produtor de pintos de
corte no Brasil por Garcia e Marques (2010) analisando vari- Efeito infertilidade fêmeas.
áveis como peso corporal dos machos, eclosão e fertilidade às Foi demonstrado da mesma forma que ocorre para machos,
45, 50 55 60 e 65 semanas, concluíram que é altamente viável que o excesso de proteína bruta total em relação à energia para
o uso de dietas específicas para machos, tendo este efeitos be- matrizes pesadas (Lopez e Leeson, 1995) assim como aminoácidos
néficos sobre os parâmetros controle de peso corporal, maior individuais (De Beer and Coon, 2006), podem reduzir a fertilidade.
eclosão e fertilidade tardias. Foi concluído também que existe Leeson e Summers (2000) afirmam que após a ovulação, caso
uma correlação linear entre as variáveis peso corporal e infer- os espermatozoides estiverem presentes no infundíbulo ocorrerá
tilidade para lotes de machos entre os pesos compreendidos à fertilização. A galinha pode armazenar espermatozoides nas
entre 4,5 e 5,9 kg, ou seja, quanto menor o peso corporal dos glândulas hospedeiras útero vaginais e do infundíbulo durante um
lotes de machos, maior o percentual de fertilidade. longo período após a inseminação artificial ou monta natural, re-
A influência dos antioxidantes já é muito conhecida sobre sultando em produção de ovos férteis durante vários dias (Bakst et
a fertilidade de matrizes. O Selênio tem importante proprieda- al, 1994). Porém, a duração da sobrevivência espermática é afetada
de antioxidante intra-celular, segundo Surai et al (1998), este por fatores intrínsecos do macho ou da fêmea. Ocorrem variações
segundo na forma orgânica utilizando (0,3mg/kg) em machos individuais ou de linhagens, na fertilidade, indicando diferenças na
reprodutores aumentou a atividade da glutationa peroxidase capacidade de armazenar e liberar espermatozoides. O efeito da
protegendo o sêmen contra a peroxidação de lipídios. A vi- fêmea sobre a fertilidade tem sido atribuído a diferenças na pro-
tamina E tem também vital importância como antioxidante dução de ovos (Beaumont et al., 1992) ou na composição corpo-
ral (Goerzen et al., 1996). Além disto, fêmeas com pior qualidade

78 NT
de ovos a incubar geralmente apresentam pior fertilidade (Kirby uma temperatura inferior a corporal, os galos têm a particulari-
et al., 1998). Embora tenham observado diferenças na fertilidade, dade de apresentar os testículos dentro da cavidade abdominal, a
este autor não registrou diferenças na duração da fertilidade, ou uma temperatura de 41 a 43ºC e mesmo assim ocorre à esperma-
seja, o número de dias em que a fêmea permanece fértil depois da togênese, o que seria impossível em outras espécies.
inseminação. Ressalta-se que o efeito sobre a duração da fertilida- Neste contexto a ambiência é um fator crítico que con-
de ocorre devido a uma interação entre a capacidade absoluta da tribui para a fertilidade dos ovos, onde altas temperaturas são
célula espermática sobreviver no oviduto e do número de esper- responsáveis por um menor número de espermatozoides que
matozoides utilizados na inseminação (Bask et al., 1994). atravessam a membrana perivitelínica. Isto pode estar rela-
cionado aos machos perderem qualidade de sêmen quando
Efeito físico e comportamental de submetidos a altas temperaturas, assim como também as
fêmeas e machos na fertilidade. fêmeas que diminuem a capacidade de manter estes esper-
No processo de fertilização a reprodutora tem que ter interesse matozoides viáveis.
de copular, capacidade de armazenar e liberar espermatozoides e Por outro lado, regiões com invernos muito rigorosos ge-
ram nas reprodutoras o comportamento de formar grupos ao
final da tarde com objetivo de manter a temperatura corporal,
horário de grande atividade sexual dos machos, o que pode
reduzir a fertilidade em baixas temperaturas, portanto a suges-
tão é o uso do calcário grosso ou mesmo grãos grossamente
partidos e jogados a lanço durante estes períodos para ativar a
movimentação do lote de reprodutoras assim possibilitando o
acesso dos machos as fêmeas.

Efeito da estrutura da granja na fertilidade.


Com relação ao uso de divisões internas nos aviários (Boxes),
este é um fator ambíguo e o seu sucesso dependerá do manejo
adotado. Considerando o comportamento animal quanto me-
nor o grupo de aves melhor será o resultado e menor o gasto
de promover seu deslocamento através do oviduto para ocorrer energético pela menor movimentação dos animais. O ideal se-
à fertilização no momento da ovulação, são também necessá- riam boxes de no máximo 2.500 fêmeas em produção, porém
rios machos preparados fisicamente para finalizar o processo de em contrapartida se o controle da mortalidade, pesagem de
cópula, deve ser observado a qualidade de patas, aprumos, peso, alimento principalmente dos machos não for realizada com a
conformação para concluir o processo de cópula, além disto, estar precisão necessária, associado ainda a toda a atividade de pes-
fisiologicamente aptos para produzir espermatozoides em quanti- soas em uma granja de matrizes, possibilitando passagem de
dade, qualidade e motilidade para chegarem ao óvulo. animais de um box a outro, a associação destes fatores pode
O excesso de peso ou desequilíbrio na conformação das comprometer os resultados do lote em muitos aspectos.
aves resultará em acumulo de massa muscular, principalmen- Em função de uma possível escassez e alto custo da mão
te peitoral (fleshing), que dificultará a execução completa da de obra nos próximos anos, outro fator que poderá ser críti-
cópula. Nas fêmeas, o excesso de peso acarretará na redução co na fertilidade, é a opção por equipamentos automáticos
da produção de ovos, da capacidade de armazenar os esper- para coleta de ovos (ninhos automáticos), portanto a esco-
matozoides além da redução do interesse pela cópula, ainda lha da área de superfície de Slats e distribuição dos equipa-
as reprodutoras mais pesadas dentro de um grupo de fêmeas mentos nestes aviários devem ser pontos chave na decisão
acima do peso, somente serão dominadas por machos acima do projeto. Deve-se evitar que as reprodutoras encontrem
do seu próprio peso, consequentemente, estes machos terão condições de se manterem sobre os Slats por muito tempo
maior chance de serem incapazes de concluir a cópula. e consequentemente degradando a fertilidade do lote. É im-
portante evitar excesso de Slats em aviários com ninhos au-
Efeito temperatura sobre a fertilida- tomáticos e as reprodutoras devem ser condicionadas para
de em produção moverem-se desta área para o chão, isto deve ser feito logo
Diferentemente dos mamíferos que mantém os testículos sob depois que as aves cheguem ao aviário.

NT 79
O efeito da idade sobre a fertilidade aumentando o sucesso das coberturas.
Segundo Canovas, (2008), o objetivo destes procedimentos
MANUTENÇÃO DA FERTILIDADE DE é provocar uma desorganização da hierarquia social, causando
MACHOS: uma reação na maioria dos machos do grupo para que estes
É sabido que a fertilidade do lote diminui com o tempo, agora dentro de um grupo diferente e completamente homo-
aparentemente muitas coberturas pelo macho dominante não gêneo se a seleção foi bem realizada, passem a disputar um
são bem sucedidas e aquelas que parecem bem sucedidas nem grupo de fêmeas criando novamente uma ordem de dominân-
sempre resultam na transferência de espermatozoides (Birkhe- cia.
ad e Pizzari, 2009) é possível que a qualidade espermática em Pizzari et al., (2007) mostrou que os machos mudam a qua-
si diminua. Diferentemente do que imaginamos FISIOLOGICA- lidade do sêmen produzido alguns dias depois de mudarem sua
MENTE machos velhos mantém a habilidade para fertilização, posição hierárquica. Além dos fatores comportamentais, este
dependendo do período de formação deste macho, porém procedimento é uma grande oportunidade para recontagem
FISICAMENTE Machos mais velhos tornam se menos capazes dos animais, principalmente quando se utiliza vários boxes ou
para fertilização. Esta é justamente a função do manejo dos divisórias dentro do aviário.
machos no resultado de fertilidade dos lotes o MANEJO deve A recomendação para a execução do intra-Spiking em
melhorar a frequência de acasalamento e reduzir as limitações lotes de reprodutoras é variado e depende da degradação da
físicas frequentemente observadas com a idade, ocontrole de uniformidade e da fertilidade do lote, este manejo pode che-
peso corporal não significa peso leve. gar a ser feito no acasalamento, as 30, 40 e 50 semanas de
vida em casos extremos, lembrando que o Intra-Spiking é um
manejo preventivo, e não corretivo. Com relação ao Spiking o
ideal seria fazer no máximo uma vez a cada lote devido aos
riscos sanitários, sendo que ambos manejos podem ocorrer de
forma conjugada, classificando os machos velhos por catego-
rias de peso, descartando se os excessivamente pesados, leves
e com problemas de conformação, e adicionando os novos em
um box separado ou com outros machos com características
similares.
Deve se ter cuidados relacionados à execução deste pro-
cedimento, pois o Spiking baseia se na reposição de machos
jovens com no mínimo 4,2kg e 29 semanas, que devem ser in-
troduzidos em “grupos” de pelo menos 30% quando jovens, e
devem estar adaptados ao sistema de alimentação e manejo
MANUTENÇÃO DA FERTILIDADE FÊMEAS: dos machos mais velhos dentro do grupo. É muito importante
Fisiologicamente fêmeas velhas são menos férteis, pois que possuam as mesmas características de peso do grupo que
possuem menor capacidade de armazenar espermatozoides, será introduzido. Não sendo incomum observarmos machos
assim tem o volume e o número de espermatozoides presen- oriundos da recria, com pesos muito diferentes serem introdu-
tes reduzidos, não fertilizando o ovo com a mesma eficiência, zidos ao sistema de “restaurante” e durante vários dias terem
assim podemos concluir que fêmeas mais velhas requerem es- grande dificuldade de acesso ao alimento dos machos já con-
permatozoides adicionais para manter a fertilidade. dicionados para esta forma de alimentação.

Efeito SPIKING E INTRA SPIKING na CONCLUSÕES:


fertilidade. Sabemos que existem fatores que influenciam a fertilidade
A introdução de novos galos no lote (spiking) ou a trans- dos reprodutores e existem evidencias de como controla-los de
ferência de galos entre galpões do mesmo lote (intra-spiking) forma eficiente e segura, contudo há necessidade de controlar
podem reduzir a taxa de declínio da fertilidade durante a pos- estes fatores e de conhecer como estes fatores se relacionam.
tura. Ambos os métodos perturbam a hierarquia social e por- Com o avanço da seleção genética a reprodução destes repro-
que galos jovens tendem a ter melhor conformação corporal, dutores será cada vez mais desafiador.

80 NT
aves

MELHORANDO A
QUALIDADEDACARCAÇA
através da nutrição de
microminerais

Fornecer ao consumidor final produtos cárneos de alta dessas pesquisas tem seu foco no impacto da energia (prin-
qualidade, saudáveis e de alto valor nutritivo a preços compe- cipalmente lipídios) e proteínas (aminoácidos) na deposição
titivos é um desafio contínuo para as empresas produtoras de de proteína (músculo) e rendimento e composição de carca-
carnes. Uma variedade de fatores influencia na habilidade de ça (Ferket, 1989; Moran, 1989). Entretanto, está cada vez mais
se alcançar esse objetivo. A qualidade de um produto a base claro que outros nutrientes influenciam a qualidade final da
de carne de frango para o consumidor final é influenciada por carne, incluindo as vitaminas e os microminerais. Alcançar uma
toda a cadeia produtiva, desde as linhagens de matrizes, pas- eficiência econômica na qualidade final do produto demanda
sando pelo incubatório até o manejo da produção dos frangos, mais do que uma simples análise do processamento / pós-pro-
doenças, nutrição, apanha das aves e seu processamento (Nor- cessamento; isto requer uma avaliação total do sistema. Cons-
thcutt, 2001). truir um status nutricional ideal dos microminerais é essencial
A influência da nutrição na qualidade da carcaça tem sido para toda a cadeia. Por exemplo, o zinco é um componente de
demonstrada em criações de bovinos, suínos e aves. Muitas inúmeras enzimas que afetam de maneira crítica a reprodu-

82 NT
Terry L. Ward, Ph.D., Thim K. Cheng, Traduzido por Pedro
Ph.D., Marco A. Rebollo, DVM e Christof J. Henrique D. Tomasi
Rapp, Ph.D. Zinpro Animal Nutrition - Brasil
Zinpro Corporation, Eden Prairie, MN USA

ção, o sistema imune, a síntese da membrana da casca do ovo, saudáveis, as aves devem possuir um adequado sistema imune.
mantém a integridade do tecido epitelial e o metabolismo pro- Recentemente, pesquisadores da Universidade do Estado do
teico e energético. O manganês também é importante como Mississipi relataram que o fornecimento de complexo-zinco-
um ativador das enzimas do metabolismo proteico, energético aminoácido e complexo-manganês-aminoácido para as matri-
e dos ácidos nucléicos, desenvolvimento ósseo e das funções zes pesadas produziu um aumento na viabilidade da progênie
do sistema imune. O cobre é responsável por várias etapas do durante o período de crescimento (Virden et al., 2002). Outra
metabolismo, incluindo o do ferro, a maturação das células pesquisa sugere que essa resposta pode ser mediada pela melho-
vermelhas e o sistema imune. ra no status de microminerais das aves (Kidd et al., 1996), assim
A manutenção de um status adequado de zinco, manganês como a melhora no status imunológico das galinhas (Khajarern
e cobre é essencial para se atingir uma máxima produção. Os re- et al., 2002) e dos frangos (Kidd et al., 1993).
querimentos nutricionais estabelecidos pelo NRC não levam em Outro fator que contribui com a chegada do frango de
conta o estresse que ocorre nos sistemas modernos de produção. corte até o abatedouro é a resistência óssea. Frangos de rápido
Fornecer microminerais nas formas de complexo aminoácido, al- crescimento frequentemente mostram elevada morbidade e
tamente biodisponíveis, (Wedwkind et al., 1992) é a forma mais mortalidade devido a uma qualidade inadequada dos ossos e
efetiva de garantir a manutenção do status micromineral (Figura articulações. Com a ênfase em aves maiores para atender as
1). O texto a seguir demonstrará as várias formas nas quais as necessidades do processamento, perdas ocorrem na fase final
de crescimento, justamente o período de maior impacto eco-
nômico. Collins e Moran (1999ab) mostraram uma pequena
Gráfico 1
Biodisponibilidade do Zinco do complexo metal diferença na integridade óssea entre diferentes níveis de zinco
aminoácido específico - zinco metionina
e manganês na forma inorgânica (sulfatos). Porém, pesquisas
Relativo de sulfato de zinco em uma dieta de milho em perus (citadas em Ferket e Qureshi, 2000) mostraram que
e farelo de soja o fornecimento de zinco e manganês na forma de complexo-
225
2062 aminoácido melhoraram a habilidade de caminhar e assim as
chances de sobreviverem até o momento do abate. Um bom
Valores relativos

150 status de zinco, manganês e cobre é essencial para o desenvol-


100y vimento das cartilagens e ossos. Esses microminerais são tam-
75 bém críticos na manutenção da saúde do tecido epitelial. Uma
das áreas onde isso é mais perceptível é na qualidade das patas
dos animais. Fatores ambientais e de manejo muitas vezes le-
0
ZnSO4 ZINPRO vam a condições de baixa qualidade da cama e ao aumento
a
Biodisponibilidade estimada utilizando analises das lesões de patas, geralmente resultantes da queimadura por
de regressão multiplas de tíbia total Zn em pintinhos,
ZnSO4 definido para 100.
amônia. Dados de nosso laboratório mostraram que o forne-
b

c
Zinpro - zinco metionina cimento de zinco na forma de complexo-zinco-aminoácido
Aponta uma falta comum
melhora a qualidade das patas (Figura 2). A melhora da saúde
do tecido epitelial das patas leva a uma melhora na mobilidade
das aves. Com uma melhor mobilidade, há uma melhora na
carcaças e a qualidade da carne são influenciadas pela nutrição habilidade das aves obterem ração e água, melhorando assim a
micromineral, focando nos complexos-metal-aminoácidos e saúde e a performance de crescimento, que é o objetivo final.
aves quando os dados estiverem disponíveis. Uma vez que a ave alcance a planta de processamento,
outro área crítica do tecido epitelial torna-se importante: as
rasgaduras e arranhões na pele (Hess et al., 1999; Norton et
Microminerais e a Qualidade Externa
al., 2000). Cortes causam perdas parciais ou de toda a carcaça
da Carcaça e aumentos nas condenações. Entretanto, a maior perda eco-
Com o objetivo de produzir carne, é necessário que o frango
nômica é a diminuição da velocidade da linha de abate devido
de corte sobreviva ao processo de produção e permaneça saudá-
a necessidade de inspecioná-las e cortá-las. É importante no-
vel até o momento do abate. Vários fatores em nossos modernos
tar que o aparecimento das rasgaduras e arranhões na planta
sistemas de produção inibem esse objetivo. Para permanecerem
de abate sobre o impacto de toda a cadeia produtiva, desde

NT 83
Gráfico 2 mento de carne, um importante componente na área de pro-
Efeito do complexo zinco metionina sobre
cessamento. Um sumário de quatorze experimentos mostrou
calo de patas de frangos
que a suplementação de complexo zinco e manganês-amino-
ácido na dieta de frangos de corte melhorou o rendimento de
85
78
z
carne de peito em 0,46% (Figura 4).
Uma área de consenso na indústria de processamento é
Patas aceitáveis

75

o impacto da saúde do tecido epitelial na integridade do tra-


65
60y to intestinal. A saúde e a função intestinal são afetadas pela
55 suplementação de microminerais. Um exemplo dessa resposta
45
ocorre um frangos naturalmente expostos a coccidiose (Rapp
ZINPRO
b
Control
a
et al., 2001). Frangos que receberam dietas suplementadas com
a
complexo-zinco-aminoácido apresentaram menores escores
Control: ZnO (145 ppm Zn) e MnO (106 ppm Mn).
b
Control: ZINPRO zinco metionina (40 ppn Zn) de lesão intestinal após 7 e 14 dias da retirada do anticocci-
yz
Means lacking a common superscript letter differ, P<0,05

Gráfico 4
Efeitos da vitamina E e Complexo zinco
aminoácido na incidência e gravidade da celulite.
o momento que a ave é alojada ou mesmo até antes do ovo
eclodir (Kidd et al., 1993; Virden et al., 2002). O empenamento
70
é importante como método de proteção da pele. O desenvolvi- 60
mento das penas é um processo complexo que envolve várias 50
enzimas dependentes de microminerais que também podem
% de aves
40
impactar na incidência dos problemas de pele. Uma vez que 30

um arranhão ocorre, um status de microminerais, especialmen- 20


10
te o zinco, é necessário para garantir uma rápida recuperação.
0
Pesquisas internas tem mostrado que os complexos zinco e c
Control Vitamina E Availa-ZNd Vitamina E +
Availa-Zn
manganês-aminoácido diminuíram a incidência e a severidade
Sem lesões Lesões moderadas Todas as lesões
de lesões de pele em frangos de corte (Tabela 1). Da mesma Lesões médias Lesões graves
forma, Downs e colaboradores (2000) relataram que a alimen- a
Availa-Zn zinc amino acid complex
tação de frangos com complexo-zinco-aminoácido diminuiu b

c
CA demal scratch procedure was used to elicit cellulitis
Zinc from zinc sulfate source
a severidade e a incidência de celulite, especialmente quando d
Control + 40 ppm zinc from Availa-Zn
combinada com o uso suplementar de vitamina E (Figura 3).
Aplicações práticas comerciais tem validado essa resposta.

Microminerais e a Qualidade Interna diano. Uma melhora na integridade intestinal pode ser bené-
das Carcaças fica na planta de processamento por diminuir a incidência de
A qualidade interna das carcaças é impactada pelo status contaminação fecal da carcaça devido a rupturas intestinais.
de microminerais através do grande envolvimento dos micro- Dados em suínos também mostram que a alimentação com
minerais no metabolismo animal, especialmente a síntese de complexo-zinco-aminoácido de porcas aumentou a relação
ácidos nucléicos e de proteínas. Essa área interfere no rendi- entre a altura dos vilos e a profuncidade das criptas no intesti-
no delgado das leitegadas (Caine et al., 2001).
Frangos submetidos a síndrome de hipertensão pulmonar
Gráfico 3
Zinco e aminoácido manganês (ascite) demonstraram os benefícios do zinco e manganês na
Complexos para melhorar a qualidade da pele do frango.
qualidade do interior da carcaça. A ascite é uma síndrome mui-
Grau médio
to complexa que envolve o estresse oxidativo e a formação de
Tratamentos 0 1 2 3 4 da lesão radicais livres como resultado do comprometimento da função
z
Controle 14 26 26 20 9 2.00
mitocondrial (Cawthon et al., 2001). O zinco e o manganês são
20/20
a
47 33 11 6 2 0.84
x

49 37 12 wx essenciais para a função da superóxido-dismutase, uma enzi-


30/30 1 0.66
40/40 53 36 11 0.58
w ma que combate os radicais livres. Rapp e colaboradores (2001)
Iso-Zn e Mn
b
34 31 14 11 6 1.31
y
relataram que a suplementação de zinco e manganês na dieta
0 a 5: Total de cortes na pele e/ou arranhões maiores que 6min.
de frangos de corte diminuiu (p<0,05) a mortalidade por ascite
(Figura 5) e diminuiu a mortalidade total (Figura 6).

84 NT
O status dos microminerais também pode afetar a quali- Gráfico 6
Efeito do complexo Zn e Mn metionina na
dade nutricional da carne. Dados de pesquisa nessa área em
redução da mortalidade do frango
frangos são limitados; entretanto, dados encontrados em ou-
tras espécies suportam esse conceito. Edmonds and Arentson Mortalidade por Ascite
(2001) mostraram que suínos na fase de terminação alimen-
20
tados sem vitaminas suplementares e microminerais mostra- 16.6
z

ram uma diminuição da concentração dos níveis de vitamina 15


11.4z 11.8
z

E e cobre nos músculos. Outra pesquisa recente mostrou que 8.9


y 9.9
y

10
7.8z
a fonte e os níveis de manganês afetaram a qualidade dos su- 5.8y
ínos. Roberts et al. (2002) encontraram que a suplementação 5

das dietas de suínos em crescimento-terminação com 350ppm


0
de manganês na forma de complexo-manganês-aminoácido Estudo 1c Estudo 2
d
Estudo 3e

aumentou o escore de cores Japonês (p<0,05) e Americano Control b Complexo Zinco Complexo Zinco
(p<0,12) se comparados com suínos que receberam dietas metionina metionina/
Complexo manganês
suplementadas com 350 ou 700ppm na forma de sulfato de metionina
manganês. Greene e colaboradores (1988) relataram que no-
a
Availa-Z/M: Availa Zn zinc amino acid complex and Availa Mn
manganese amino acid complex
vilhos suplementados com zinco-metionina tiveram maior b
c
Control diets contained Zn (100 ppn Zn) and Mn (110 ppm Mn)
ZINPRO zinc methionine (40 ppn Zn); Z/M Complex: ZINPRO
(p<0,05) classificação de qualidade e escore de marmoreio (40 ppn Zn) and MANPRO manganese methionine (40 ppm Mn)
d
Z/N Complex: ZINPRO (20 or 40 ppm Zn) and MANPRO (25 or
que novilhos alimentados com óxido de zinco. Pesquisas com 50 ppm Mn)
e
Availa-Z/M: Availa-Zn zinc amino acid complex (40 ppm Zn) and
cromo mostram que a fonte afeta a qualidade da carcaça de Availa-Mn manganese amino acid complex (40 ppm Mn)
yz
Within studym means lacking a common superscript letter
suínos (Page et al, 1993), ovinos (Kitchalong et al., 1995) e aves differ, P < 0,05
(Kim et al., 1995). Fakler e Johnson (2000) relataram que suí-
nos em crescimento-terminação suplementados com 400ppb
Gráfico 7
de cromo na forma de complexo-cromo-l-metionina tiveram Efeito do complexo Zn e Mn metionina sobre
uma diminuição (p<0,05) na espessura de toicinho na décima da mortalidade em poedeiras

vértebra e aumento (p<0,05) na área de olho de lombo e por-


25
centagem de carne magra. Esses dados sugerem que a melhora 21.1z
20 17.3
z
no status do cromo nos rebanhos é benéfico para o animal,
Mortalidade %

15.1
yz
15.3
y

15 12.9z
indústria e consumidor final. 12.2
y

10.4y
10

Sumário 5

0
Muitos fatores na cadeia produtiva influenciam a compo-
sição e a qualidade das carcaças, e qualidade da carne final. A Control b Complexo Zinco Complexo Zinco
metionina metionina/
qualidade da carcaça interna e externa é afetada pela nutri- Complexo manganês
metionina
ção durante todo o período de criação dos animais. A base da a
Availa-Z/M: Availa Zn zinc amino acid complex and Availa Mn
manganese amino acid complex
b
Control diets contained Zn (100 ppn Zn) and Mn (110 ppm Mn)
c
ZINPRO zinc methionine (40 ppn Zn); Z/M Complex: ZINPRO
Gráfico 5 (40 ppn Zn) and MANPRO manganese methionine (40 ppm Mn)
% de rendimento da carne de peito: d
Z/N Complex: ZINPRO (20 or 40 ppm Zn) and MANPRO (25 or
Diferença x Controle 50 ppm Mn)
e
Availa-Z/M: Availa-Zn zinc amino acid complex (40 ppm Zn) and
Availa-Mn manganese amino acid complex (40 ppm Mn)
Complexo zinco metionina yz
Within studym means lacking a common superscript letter
differ, P < 0,05
Complexo maganês metionina
1.0
0.81
0.8 0.67
0.54 literatura atual sugere que a fonte dos microminerais podem
0.6 0.50
0.37 0.43 0.43 0.46 impactar na habilidade de se produzir carcaças de qualidade.
0.4 0.30 0.30
0.22 O fornecimento de níveis adequados de microminerais prove-
0.2
nientes de fontes de alta biodisponibilidade é crítico para a pro-
0.0
1 2 3 4 6 7 8 9 11 12 AVG
dução de produtos cárneos saudáveis. O impacto da nutrição
Ensaios
a
micromineral na qualidade da carcaça é uma área de pesquisa
Control plus ZINPRO zinc methionine (40 ppn Zn) and
manganese methionine (40 ppn Mn) em crescimento. Pesquisas futuras revelarão benefícios adicio-
b
Average response from ZINPRO/MANFRO differs from nais dos níveis e fontes dos microminerais para uma melhor
Control, P< 0.001
qualidade das carnes.

NT 85
suínos

Impacto da
viremia do PCV2
em lotes de suínos canadenses de
alta condição sanitária; vacinação
experimental comparando duas
vacinas comerciais

86 NT
Reindl, M1; Dewey, C1; Vilaca2, K; de Grau3, F; Richardson1, K; Poljak, Z1
1 - Department of Population Medicine, Ontario Veterinary College, University
of Guelph, Ontario, 2 - Maitland Veterinary Professional Corp. Listow el, Ontario, 3 -
Intervet Canada Corp., Kirkland, Quebec

Introdução Tabela 1
Grupos tratamentos
As infecções subclínicas com PCV2 são comuns (1,2) e po-
dem ocorrer na ausência de co-fatores ou se a vacinação não Período
Grupos Tratamento Doses n leitões
o

impediu a replicação viral (3). A viremia do PCV2 produz a ati- tratamento


3 sem. 6 sem.
vação do sistema imune (4) que redireciona os nutrientes que
1 Vacina A 1 dose 1026 1 mL N/A
seriam destinados ao crescimento para combater os desafios
2 Circumvent PC 2 dose
R
1020 2 mL 2 mL
da doença (5). O objetivo deste experimento de campo foi com- 3 Saline 2 dose 50 2 mL 2 mL
parar a produtividade de leitões a partir da fase de creche, recria 4 Saline 1 dose 50 1 mL N/A
e terminação, vacinados com a dose recomendada de uma das
duas vacinas comerciais ou placebo. A produtividade foi mensu-
rada através do ganho de peso diário (GPD) e da mortalidade. Tabela 2
Amostras de sangue
Material e Método
Um total de 2.146 leitões foram selecionados de um
rebanho livre de PRRS e M. hyopneumoniae. Após o início Período Total de leitões
(semanas) amostrados
do experimento, os leitões foram separados por leitegadas e
distribuídos em quatro grupos de tratamentos (Tabela 1). O 3 60
9 108
tratamento 1 (T1) recebeu uma dose de 1ml de vacina A; o 15 118
tratamento 2 (T2) recebeu duas doses de 2 ml cada de 19 120
Circumvent® PCV; o tratamento 3 (T3) recebeu duas doses de 23 94
Tail-enders 28
2 ml cada de solução salina e o tratamento 4 (T4) que recebeu
uma dose de 1ml de solução salina Para a mensuração da
mortalidade, as mortes dos leitões foram registradas tanto
pelo produtor, como pelos pesquisadores através do número
Figura 1:
individual dos leitões e o grupo de tratamento dos mesmos.
Mortalidade cresc. e engorda
Os leitões foram pesados individualmente, com 3, 11 e 20
semanas de idade, aproximadamente, e antes de serem en-
viados para o abate (pelo menos com 107 kg). Amostras de
sangue foram coletadas de 122 leitões escolhidos aleató-
riamente, cinco vezes ao longo do experimento (Tabela 2). A
viremia foi medida utilizando qPCR. Para análise estatística
foram utilizados Modelos Lineares mistos para determinar
a associação entre GPD e os tratamentos, e tabelas de con-
tingência com o teste exato de Fisher foram utilizados para
analisarviremia e mortalidade.

Resultados

Geral Creche (3 a 10 semanas de idade)


- Não houve diferença entre uma e duas doses do grupo con- - A mortalidade não diferiu entre os três grupos de tratamento
trole, portanto, estes grupos foram combinados para fazer um na creche.
único grupo controle. - O GPD na creche foi maior nos leitões do T1 (477 g ± 64) e nos
- No início do experimento não houve diferença no peso dos do grupos controles (473 ± 63 g) do que nos leitões vacinados
leitões e na distribuição dos mesmos por sexo nos grupos de com 2 doses (462 g ±
tratamentos. 64) (P <0,05).

NT 87
Figura 2 M.; Mateu, E. 2008. Transient correlation between viremia levels and
Porcentagem de PCV2 positivos na fase de IL-10 expression in pigs subclinically infected with porcine circovirus
crescimento e terminação
type 2 (PCV2). Res Vet Sci. 84: 194-198.
2. Krakowka, S.; Ellis, J.; McNeilly, F.; Waldner, C.; Allan, G. 2005. Fea-
tures of porcine circovirus-2 disease: correlations between lesions,
amount and distribution of virus, and clinical outcome. J Vet Diagn
Invest. 17: 213-222.
3. Fort, M.; Fernandes, L.T.; Nofrarias, M.; Diaz, I.; Sibila, M.; Pujols, J.;
Mateu, E.; Segalés, J. 2009. Development of cell-mediated immunity
to porcine circovirus type 2 (PCV2) in caesarean-derived, colostrum-
deprived piglets. Vet Immunol and Immunop. 129: 101-107.
4. Kekarainen, T. ; Montoya, M. ; Dominguez, J. ; Mateu, E.; Segalés,
J. 2008. Porcine circovirus type 2 (PCV2) viral components immu-
nomodulate recall antigen responses. Vet Immunol and Immunop.
Figura 3
124 : 41-49
GPD em alto desafio de PCV2 na fase de 5. Colditz, I.G. 2002. Effects of immune system on metabolism: im-
crescimento e terminação
plications for production and disease resistance in livestock Livest
Prod Sci.
75(3): 257-268.
6. Cline, G.; Wilt, V.; Diaz, E.; Edler, R. 2008. Efficacy of immunising
pigs against porcine circovirus type 2 at 3 or 6 weeks of age. Vet
Rec.
163: 737-740.
7. Horlen, K.P.; Dritz, S.S.; Nietfeld, J.C.; Henry, S.C.; Hesse, R.A.; Oberst,
R.; Hays, M.; Anderson, J.; Rowland, R.R.R. 2008. A field evaluation of
mortality rate and growth performance in pigs vaccinated against
porcine circovirus type 2. J Am Vet Med Assoc. 232:906-912.
8. Kixmöller, M.; Ritzmann, M.; Saalmüller, A.; Elbers, K.; Fachinger, V.
- A circulação do PCV2 iniciou no final da fase de creche. 2008. Reduction of PMWS-associated clinical signs and co-infec-
- A porcentagem de mortalidade foi maior nos leitões do tions by vaccination against PCV2. Vaccine. 26: 3443-3451.
grupo controle (5,1%) comparativamente aos tratamentos T1 e
T2 (1,7% e Acknowledgments
1,5%, respectivamente) (p <0,05) (Figura 1). 1. The swine group of Clinical Research (Aleks, Jeonghwa,
- O GPD na fase de recria-terminação foi maior nos leitões va- Rocio, and Hien)
cinados 2. Dr. Brad Thacker Intervet/Schering-Plough Animal Health
(T1 e T2) quando comparados aos leitões dos grupos controles 3. Animal Health Laboratory, University of Guelph
( p<0,01). 4. Producers at both the nursery and grower-finisher facility
- Os leitões não vacinados (Grupo controle) e os leitões do tra- for their assistance and support throughout the trial
tamento T1 apresentaram o maior percentual de leitões PCV2 5. Ontario Veterinary College
positivos (85 e 47,2%, respectivamente) quando comparados
aos leitões que receberam duas doses da vacina (8,3%) (p <0,01)
(Figura 2).
- A viremia nos leitões tratados com uma dose (T1) atingiu o
pico com aproximadamente 19 semanas de idade, o que cor-
respondeu com uma diminuição significativa (p <0,01) no GPD
destes animais
- Leitões vacinados com uma dose (T1) e leitões do grupo con-
trole

Literatura citada
1. Darwich, L.; Segalés, J.; Resendes, A.; Balasch, M.; Plana-Durán,

88 NT
IMPLACÁVEL !

A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos.


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suínos

CONSIDERAÇÕES SOBRE

AMBIENTE
PARA SUÍNOS EM FASE DE
CRECHE E TERMINAÇÃO

90 NT
Tiago J. Mores
Médico Veterinário, com Graduação na Universidade do Estado
de Santa Catarina, Mestrado com ênfase em Sanidade Suína
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e
Consultor Técnico de Suínos da Nutron Alimentos

A intensificação da produção de suínos trouxe várias van- mal aciona seus mecanismos termorregulatórios no sentido
tagens para a cadeia da suinocultura, porém devido a alta de produzir calor para balancear a dissipação de calor para
concentração de animais no mesmo espaço, a pressão de in- o ambiente frio, e pela temperatura crítica superior, que é a
fecção aumenta e com ela também aumenta o risco de pro- temperatura ambiental acima da qual ocorre a termorregu-
blemas sanitários. O tratamento de infecções tem alto custo lação no sentido de auxiliar o animal na dissipação de calor
com medicamentos e por isso, a maneira mais econômica é corporal para o ambiente (SAMPAIO et al., 2004). Pode ser
intensificar as medidas profiláticas e promover a saúde do citada, como reação às temperaturas fora da zona de ter-
animal, disponibilizando instalações, manejo e ambiente ade- moneutralidade, a ocorrência de tremor muscular quando a
quados para cada fase da produção de suínos. O desconforto, temperatura está abaixo da temperatura crítica inferior, ou de
gerado por um ambiente inadequado, implica em estresse, em respiração acelerada ou suor, quando essa temperatura está
função do esforço realizado pelo animal com a finalidade de acima da crítica superior CURTIS, 1983).
manter sua temperatura corporal constante, além de sofrer Uma maneira de medir o conforto térmico do animal é
agressões no trato respiratório devido as altas concentrações através de índices de conforto térmico. Os índices de conforto
de gases presentes no ambiente. Estas condições fazem com térmico mais usados são o de THOM (1958), denominado de
que o animal seja incapaz de demonstrar o máximo potencial índice de temperatura e umidade (ITU) que associa a tem-
genético, de manter seu estado perfeito de saúde e de apro- peratura de bulbo seco e a temperatura do bulbo úmido e
veitar o potencial da nutrição fornecida, seja pelo consumo o desenvolvido por BUFFINGTON et al. (1981), que propuse-
ou por digestibilidade. A manutenção do conforto do animal ram um índice que considera em um único valor os efeitos
por meio do controle do ambiente é, portanto, complementar da temperatura de bulbo seco, da umidade do ar, do nível de
e fundamental para o bom desempenho dos animais criados radiação e da movimentação do ar, que denominaram de ín-
intensivamente. Além disso, pouco se sabe sobre o quanto é dice de umidade e temperatura de globo (ITGU). BUFFINGTON
possível atribuir a queda na produtividade ao consumo de et al. (1981) afirmaram que o ITGU seria um indicador mais
ração, e sobre o ponto a partir do qual a influência é exclusi- preciso do conforto térmico e da produção animal quando
vamente do ambiente. comparado ao ITU em condições ambientais onde a radiação
solar ou a movimentação do ar sejam altas, sendo que sob
Condições de temperatura ótima para condições moderadas de radiação solar são igualmente efi-
suínos cientes, e quando se compara medições em locais com e sem
Tanto na creche quanto na terminação de suínos, o con- cobertura, os ITUs não apresentaram diferenças significativas,
trole da temperatura interna do galpão não é uma atividade enquanto que o ITGU apresentou diferenças significativas,
frequente entre os produtores. Porém, a temperatura do am- principalmente para locais sem cobertura.
biente é fundamental para que o animal tenha alta taxa de A carga térmica de radiação (CTR) é outro indicador de
ganho de peso, pois não há desvio de energia para manter conforto térmico que expressa a radiação total recebida pelo
a temperatura corporal na zona de termoneutralidade. Esta globo negro proveniente do ambiente ao seu redor (ESMAY,
zona (Tabela 1) é limitada pela temperatura crítica inferior, 1982). Segundo BACCARI JR. (2001), o sombreamento pode
ou seja, pela temperatura ambiental abaixo da qual o ani- reduzir de 30 a 50% a carga de calor sobre os animais, sendo
possível reduzir até mais de 50% a CTR
Tabela 1 sobre os animais pela cobertura das insta-
Temperaturas e umidades relativas ótimas e críticas para suínos na fase lações (TURCO, 1993). Além disso, sabe-se
de creche, crescimento e terminação.
que o sombreamento (Figura 1a e 1b) das
Fase Temperaturas Ótimas Críticas Umidades Relativas instalações também auxilia na redução da
Máx. Mín. Máx. Mín. Ótimas (%) Críticas (%) radiação sobre a cobertura, reduzindo a
Creche 26 22 27 17 carga térmica sobre os animais, além de
Crescimento 20 18 26 15 70 <40 e >90
ser uma ação de baixo custo para o pro-
Terminação 21 12 26 12
dutor. Com a presença de sombreamento
Fonte: Adaptado de Perdomo et al., 1995 pode-se conseguir uma redução de até

NT 91
Figura 1 Uma alternativa é o sistema de resfriamento evaporativo que
Figura 1a e 1b. Aferição da temperatura dos
dois lados do galpão, com presença (a) e ausência
consiste na utilização de um ventilador acoplado com um
de sombreamento (b) sistema de nebulização (SARTOR et al., 2003). Comparando
o sistema de resfriamento evaporativo (SRE) com um grupo
testemunha (STE), SARTOR et al. (2003) constataram que a
conversão alimentar do grupo SER foi 14,75% melhor que
o grupo testemunha (3,32 vs 2,83). O ganho de peso diário
também foi melhor nos animais submetidos ao sistema de
resfriamento evaporativo (0,950gr. vs 1,050gr.).
Da mesma maneira que o calor, temperaturas ambientais
abaixo da zona de conforto dos animais pode prejudicar o
desempenho por demandar mais energia por parte do animal
16,1°C em relação a áreas com ausência deste. para manter a temperatura corporal constante. Dessa forma,
Com o objetivo de avaliar o efeito do estresse térmico no a quantidade de energia que, em situações de ambiente ade-
desempenho de suínos de 15 a 30 Kg de peso vivo, MANNO quado, seria deslocada para o crescimento, é redirecionada
et al. (2005) compararam grupos de animais submetidos a para o controle da homeotermia, gerando assim uma redução
temperatura de conforto (22°C) e em temperatura fora da na oferta de energia para o desenvolvimento do suíno.
zona termoneutra para animais dessa fase (35°C). Os autores Em regiões com inverno rigoroso, além da ocorrência de
concluíram que a alta temperatura ambiente, por meio da re- temperaturas ambientais muito baixas, outro agravante é a
dução do consumo de ração, influencia negativamente o ga- ventilação/exaustão nas instalações de suínos. Com o obje-
nho de peso, a conversão alimentar e a deposição de proteína, tivo de manter as temperaturas adequadas para os animais,
além de aumentar a frequência respiratória e a temperatura as cortinas/janelas das instalações são mantidas fechadas por
retal de suínos (Tabela 2). mais tempo e com isso, a taxa de renovação do ar fica preju-
A diferença de 3,36 Kg no ganho de peso entre os trata- dicada. Como consequência, há aumento da concentração de
mento tem muita importância nessa fase, já que representa poeira e gases produzidos pelo organismo dos animais e pela
um período onde o animal tem grande potencial de cresci- fermentação dos dejetos.
mento podendo gerar ao produtor maior rentabilidade. Po- A Figura 2 mostra o comportamento do nível de CO2 em
rém, se há um fator limitante ao conforto dos animais (am- uma instalação de suínos na fase de creche e a temperatu-
biente inadequado), estes não irão expressar o seu potencial ra média interna do galpão em relação as horas do dia. Esse
máximo de crescimento. O baixo desempenho dos animais trabalho foi conduzido pela Nutron Alimentos Ltda em uma
do grupo submetido ao estresse térmi-
co deve-se principalmente a redução do Tabela 2
Diferenças observadas em animais dos 15 aos 30 Kg de peso vivo,
consumo de ração e também ao maior
submetidos a temperatura de 22ºC (conforto) e de 35°C (estresse térmico).
gasto de energia para o organismo man-
ter a temperatura corporal, fato que é Rarâmetros Estresse térmico Conforto Diferença
evidenciado pela maior taxa respiratória 34,20a 22,70b 11,50
Temperatura do ar ( C)o

dos animais criados em temperatura aci- Umidade relativa (%) 62,40a 71,20b -8,80
ma da zona de conforto. ITGU 84,90a 71,10b 13,80
Consumo de ração (kg) 22,84a 26,04b -3,10
Várias alternativas de acondiciona- 11,91a -3,36
Ganho de peso (kg) 15,27b
mento térmico natural são sugeridas a Deposição de proteína carcaça 57a 75b -18
fim de amenizar as adversas condições (gr./dia)
Frequência respiratória 106a 59b 47
térmicas ambientais de verão, no inte-
(mov./min.)
rior dos alojamentos, tais como a escolha Temperatura retal ( C)
o
40,10a 39,70b 0,40
adequada do local, orientação longitudi-
Letras diferentes na mesma linha diferem entre si (P<0,05).
nal da instalação no sentido leste-oeste, Fonte: Adaptado de MANNO et al. (2005).
cobertura refletiva, cobertura vegetal
ao redor das instalações, beirais amplos,
pé-direito elevado, presença de lanternim e aberturas amplas propriedade de suínos no extremo oeste de Santa Catarina
para entrada e saída de ar (BAÊTA e SOUZA, 1997). No entan- nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2012. Aproximadamente
to, em algumas regiões torna-se ainda necessária a utilização as 7 horas da manhã, as cortinas foram abertas pelo produ-
de recursos artificiais para melhorar o ambiente dos animais. tor pois a temperatura média interna estava aumentando. Ao

92 NT
mesmo tempo, nota-se que a concentração de CO2 começou de água da massa de excrementos. As recomendações pela
a cair de 1.600 ppm até 615 ppm as 14 horas. No final da CIGR (1994) de concentração máxima de amônia, sulfeto de
tarde, quando a temperatura começa a cair novamente (17 hidrogênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono aos
horas),verifica-se que a concentração de CO2 começa a se animais podem ser visualizadas na Tabela 3.
elevar, saindo de 615 ppm as 17 horas para um nível de apro- Nos suínos, a amônia é associada com redução do apetite,
ximadamente 1600 ppm as 21 horas, mantendo esse patamar convulsão (STOMBAUGH et al., 1969) e problemas na respi-
por toda a noite até que se abram as cortinas novamente ração devido à ocorrência de atrofia de cornetos em leitões
para que ocorra a circulação e renovação do ar. Essa situação (ROBERTSON et al., 1990). BARKER et al. (2002) descrevem
demonstra claramente a necessidade de renovação constante que em suínos expostos a 50 ppm de NH3 já se verifica redu-
do ar em instalações de suínos. A produção de CO2 pelos ani- ção no seu desempenho, além da possibilidade de ocasionar
mais está diretamente relacionada com sua produção de ca- doenças respiratórias. Na concentração de 100 ppm ocorre

Figura 2 Tabela 4
Comportamento da temperatura média interna Ganho de peso pelos suínos verificado com a
do galpão e da concentração de CO2 no decorrer redução de amônia (NH3) no ambiente
das horas do dia
Semanas Controle Tratamento
(s/ redução) (c/ redução)
1 34,5 Kg 42,2 Kg
2 45,8 Kg 55,6 Kg
3 58,4 kG 65,9 Kg
4 71,9 Kg 84,1 Kg
Média 959g/dia 1074 g/dia
Erro padrão 75 g/dia 169 g/dia

Fonte:JENSEN (2002)

Figura 3
Consumo de ração de suínos submetidos a
diferentes concentrações de amônia durante 5 semanas
lor, sendo essa função do seu peso corporal e do seu ambiente
térmico. Estudos realizados com o dióxido de carbono (CO2)
evidenciam que, a partir de certos limites de concentração
(3.000 ppm), esse gás afeta a saúde dos suínos (NADER et al.,
2002) podendo causar letargia nos animais com consequente
redução do consumo de ração. Em concentrações mais eleva-
das pode induzir a morte por asfixia.
Assim como o CO2, outros gases podem ser encontrados
em instalações de suínos e podem prejudicar a saúde dos ani-
mais. Segundo a Commission Internationale du Génie Rural
(CIGR, 1994), os gases originam-se da respiração dos animais
e de outras fontes, como pela decomposição microbiana de
urina e fezes, que é afetada pela temperatura, pH e ativida-

Tabela 3 Fonte: STOMBAUGH et al. (1969).


Recomendação máxima de amônia, sulfeto de
hidrogênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono
em instalações para suínos
também espirros, salivação e perda de apetite e acima de 300
Gases Concentração ppm, ocorre também irritação no sistema respiratório e con-
Máxima (ppm)
vulsões.
Amônia (NH3) 20
A importância de NH3 sobre o ganho de peso dos suínos
Sulfeto de hidrogênio (H2S) 0,5
Monóxido de Carbono (CO) 10 é mostrada no experimento realizado por JENSEN (2002), o
Dióxido de Carbono (CO2) 3000 qual verificou que a redução do gás no ambiente dos animais
Fonte: CIGR (1994) usando uma mistura de água e ácido sulfúrico no dejeto (pH

NT 93
Figura 4 longo da instalação e ter seu funcionamento baseado em
Variação de NH3 e TBS em isntalações de intervalos de tempo e não conforme a temperatura interna
creche nas condições de verão
do galpão. Para a determinação do intervalo de tempo para
acionamento do exaustor e o tempo de permanência em ati-
vidade, é necessária uma prévia avaliação da produção de gás
e das características da instalação para determinar de forma
precisa o intervalo de acionamento dos exaustores. Essa ava-
liação pode ser realizada através de instalação de sensores
que determinam a concentração de gases e temperatura da
instalação, podendo estes dados serem visualizados em tem-
po real. Dessa forma, consegue-se controlar a concentração
de gases nocivos no interior do galpão sem alterar de maneira
significativa a temperatura interna.
Outro ponto a considerar é a sinergia entre amônia (NH3),
poeira e microorganismos, com a potencialização dos efei-
Fonte: SAMPAIO et al. (2007). tos nocivos sobre o animal. A amônia e partículas de poeira
facilitam ainda mais a entrada e a multiplicação de micro-
diminuiu para 5,5), contribuiu para acréscimos de até 12% no organismos infecciosos no trato respiratório (GUSTAFSSON,
ganho de peso dos animais (959 g/dia para 1074 g/dia), como 1997), e a partir desta analogia, DONHAM (1999) recomenda
mostra a Tabela 4. O experimento foi realizado com animais como segurança, um máximo de 7 ppm de NH3 nas instala-
de peso médio de 25 e 95 kg. ções para suínos.
DRUMMOND et al. (1980) encontraram redução no ga- No interior dos prédios, microorganismos podem se movi-
nho de peso diário de 12, 30 e 29% (0,434, 0,345 e 0,346 kg/ mentar pelo ar na forma de aerossóis ou aderidos a partículas
dia) e inflamação na traquéia em suínos jovens (8,4 ± 0,26 como pó de fezes ou de ração (BARCELLOS; BOROWSKI; WALD,
kg) expostos durante cinco semanas às concentrações de 50, 1998). Na medida em que aumenta o número de partículas em
100 e 150 ppm de NH3, respectivamente, quando compara- suspensão no ar, maior é a chance de infecção de indivíduos
dos com os suínos mantidos sob controle (0,491 kg/dia). A susceptíveis. Segundo AENGST (1984), os elementos integran-
redução de desempenho pode ser explicada pela diminuição tes da poeira em granjas de suínos são água (13,1%) e matéria
significativa do consumo de ração verificado pelo mesmo seca (86,9%). Na mesma, encontram-se cinzas (14,6%), prote-
trabalho (Figura 3). ína bruta (23,9%), gorduras (4,3%) e fibra (3,4%). Medindo o
SAMPAIO et al. (2007) avaliaram a concentração de NH3 nível de poeira depositado nas instalações, foram encontrados
e a temperatura de bulbo seco (TBS) em instalações de termi- níveis diários médios de 2,61 g/m2. RYHR-ANDERSON (1990)
nação de suínos de duas granjas (G1 e G2). Semelhantemen- estudou o efeito de aspersões com água como meio de reduzir
te ao que ocorre em instalações de creche, a concentração a concentração de poeira em instalações ocupadas por leitões
de NH3 aumentou significantemente durante o dia (Figura em crescimento. O volume testado foi de 0,3 litro/m2, usando
4) concordando com os resultados obtidos por SCHMIDT et 6, 9 e 36 aplicações diárias. A queda nos níveis de poeira foi
al. (2002) e CHANG et al. (2001), sendo maior à tarde, nos respectivamente 15, 48 e 73%. Foi também observada redu-
horários mais quentes, devido à maior atividade de fermen- ção na ocorrência de pleurite nos grupos tratados. No Brasil,
tação de dejetos. O mesmo comportamento foi observado na BARCELLOS et al. (1998) avaliaram a utilização do sistema de
mesma instalação no período de inverno, sendo que a con- aspersão de desinfetante a base de digluconato de clorhexidina
centração máxima de NH3 durante o dia
alcançou valores próximos a 25 ppm. Es- Tabela 5
Ganho de peso diário (kg) total de suínos em terminação submetidos
ses resultados comprovam a importância a diferentes tratamentos de nebulização e apresentando ou não hepatização
da ventilação mínima para a dissipação pulmonar no abate.

dos gases tóxicos aos animais. Tratamentos Hepatização pulmonar


Nesse contexto, ainda são poucas as Sem Com P
instalações de suínos que possuem um T1 - grupo controle 1,019 + 0,009 +
0,995 - 0,008 0,065
-
sistema de exaustão eficiente para dias T2 - termonebulização 1,048 +- 0,010 1,028 +- 0,007 0,128
mais frios em que as cortinas permane- a cada 48h 0,959 +- 0,006 0,164
T3 - termonebulização diária 0,974 +- 0,008
cem mais fechadas. Os exaustores devem + erro padrão
-
ser posicionados estrategicamente ao

94 NT
em concentrações variando de 1:250 a 1:800, no volume de micra) seria capaz de alcançar os tratos respiratórios superior
80 mL por m2 de piso das instalações em relação à ocorrência e inferior (BARCELLOS et al., 2008).
dos sinais clínicos de tosse e espirro nos animais. Os resultados
mostraram que para o controle dos espirros poderiam ser usa- CONSIDERAÇÕES FINAIS
das diluições de até 1:500 a cada 24 ou 48 horas. Para o con- O controle do ambiente em suinocultura é de ex-
trole das tosses, os melhores resultados poderiam ser esperados trema importância para primeiramente, realizar um
com o uso das diluições de 1:500 (a cada 24 horas) ou 1:250 (a diagnóstico de como se comporta a qualidade do ar
cada 48 horas). Os autores especularam que a queda nos níveis no interior da instalação em função das característi-
de poeira do ambiente e, eventualmente, de patógenos no ar, cas das instalações e do manejo aplicado. Sendo as-
tenha resultado numa redução dos desafios e/ ou irritação do sim, o correto diagnóstico do ambiente permite to-
trato respiratório, com reflexo na diminuição dos sinais de tos- mar decisões efetivas para melhoria da qualidade do
ses e espirros (BARCELLOS et al., 1998). ar e ainda determinar modificações nas instalações
Mais recentemente surgiram para uso aparelhos de ter- que facilitem o controle da temperatura e umidade e
monebulização que, segundo informações do fabricante, eliminação de gases que comprometem a produção.
liberam partículas entre 1 a
50μ. Estes aparelhos geram
uma fina névoa, com par-
tículas capazes de penetrar
no trato respiratório inferior
e que podem ficar suspensas
no ar por aproximadamente
20 minutos. O seu uso re-
presentaria um avanço real
em relação à aplicação com
a bomba costal (aspersão),
pois o menor diâmetro dos
aerossóis permitiria um
efeito direto sobre áreas do
trato respiratório inferior,
podendo potencialmente
contribuir para a redução
da contaminação. MORES
(2010) avaliou o sistema de
termonebulização em um
sistema de terminação de
suínos. Os resultados podem
ser visualizados na Tabela 5.
Comparando, ao abate,
dados dos animais que ti-
nham pulmões com e sem lesões de consolidação nos três Porém, antes de realizar um diagnóstico acurado de
grupos experimentais, observou-se que, no T1 (Controle), uma propriedade, avaliando o comportamento da
para os animais com consolidação pulmonar, houve uma re- concentração de gases por meio de sensores instala-
dução média de 2,35% (24 gramas) do GPD total em relação dos no galpão, faz-se necessário a utilização de um
aos animais sem consolidação. Nos grupos T2 e T3 não houve simples termômetro de máxima e mínima para co-
diferença de peso entre os animais com e sem lesões. Este nhecimento do clima da região e como se comporta
resultado poderia refletir simplesmente o efeito do desinfe- a temperatura e a umidade dentro da instalação. Para
tante em reduzir a microbiota do ambiente, melhorando as evitarmos as perdas, seja por mortalidade ou por per-
condições do ar ou ser um efeito determinado pela inalação da em desempenho, devemos prover saúde ao suíno.
do produto desinfetante e ação direto nas vias aéreas. Isso se A melhor forma de atender essa exigência é melho-
justificaria pelo fato de que, com o aparelho de termonebuli- rar a qualidade do ambiente em que os animais são
zação usado, pelo menos parte das partículas geradas (1 a 50 criados.

NT 95
suínos

PROBLEMAS
DE CASCO
em porcas:

estamos dando a
devida atenção ?
96 NT
Ton Kramer
Swine Manager - Brazil
Zinpro Animal Nutrition

Condições adversas de instalações,


como tipo de piso e umidade, predispõe
a porca a rachaduras e lesões nos
cascos. As consequências são perdas
produtivas e econômicas

A suinocultura no Brasil vem dando menos importância Animais com dor permanecem mais tempo deitados.
do que o necessário aos problemas de casco nos suínos, a Porcas com lesões de casco levantam menos para se ali-
ponto de praticamente não haver pesquisas recentes sobre mentar e consumir água. Desta forma, estes animais estão
o assunto. Além disso, na prática, o efeito dos problemas mais propensos à perda de peso e problemas urinários, re-
no aparelho locomotor dos reprodutores suínos tem sido sultando em menor produção de leite e outros problemas
subestimado, resultando em grandes perdas econômicas. reprodutivos.

As lesões de cascos em porcas são tidas como conse- IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA


qüências da qualidade do piso, nutrição, hereditariedade A identificação e classificação das lesões de casco são
e manejo. Estudos mostram que de 6 a 35% das porcas importantes para o entendimento do problema. Embora
são descartadas em função de problemas relacionados a não se disponha dos mesmos sistemas de avaliação es-
claudicação. Um estudo realizado no Southern Research pecíficos tão largamente usados no gado leiteiro, estabe-
da Universidade de Minnesota e no Centro Outreach, em leceu-se como padrão uma classificação que utiliza uma
Waseca, Minnesota, encontrou apenas 3,8% das 184 por- escala de quatro índices, atribuídos às porcas no momento
cas estudadas, sem nenhuma lesão nos cascos. da sua transferência para o setor de gestação. Esse sistema
As lesões de casco provocam episódios dolorosos que baseia-se no comportamento do animal, na sua postura
normalmente resultam em perdas no desempenho repro- em descanso e no comportamento ao caminhar. Os índices
dutivo, bem como levam ao descarte precoce dos animais variam de zero (sensibilidade normal, mantém o equilíbrio,
e, assim, perdas na produção. O descarte precoce das ma- caminha normalmente) a 3 (insensível, não fica em pé, não
trizes implica na redução do tamanho das leitegadas, do se movimenta).
número de leitegadas/porca/ano e do número de leitões
desmamados/porca/ano, com consequente aumento do PREVENÇÃO E TRATAMENTO
custo por leitão desmamado. Uma vez que a as lesões no aparelho locomotor forem
Uma avaliação realizada em aproximadamente 8.000 reconhecidas como importantes causas de perdas econô-
fêmeas revelou que problemas locomotores foram a causa micas na suinocultura, deve-se buscar soluções efetivas
direta de 13% dos descartes de porcas do plantel. Dessas para evitar a ocorrência das mesmas. Para tanto, é funda-
remoções, 55% eram fêmeas de zero a dois partos. mental a atenção em aspectos relacionados com nutrição,
Apesar da baixa disponibilidade de informações sobre genética, instalações e manejo.
o assunto, estudos mostram que um decréscimo no núme- Considerando os aspectos nutricionais, é necessário
ro de porcas descartadas por problemas locomotores pode um balanço apropriado de vitaminas e minerais para o
resultar em efeitos positivos na produção, como um todo. desenvolvimento dos cascos. A queratinização da epider-

NT 97
me do casco é uma processo fisiológico que depende da forma que a umidade constante no piso promove um am-
disponibilidade de muitos nutrientes, entre eles as vitami- biente favorável ao crescimento de bactérias, ela também
nas, os minerais e os microelementos. Isto sugere que o mantém os cascos úmidos, amolecidos e doloridos.
desenvolvimento normal das unhas e a formação adequa- O manejo freqüente de aparar os cascos (casqueamen-
da da queratina estejam ligados à disponibilidade desses to) é também uma forma de prevenção e correção de lesões.
nutrientes. Ca, Zn, Cu, Mn e vitaminas A, D e E, assim como Este tipo de intervenção é fundamental para evitar que os
a biotina, têm cada um a sua função na produção e manu- cascos cresçam demais e para manter a sua estrutura nor-
tenção de tecidos queratinizados saudáveis. mal. Apesar desta prática não ser ainda comum no Brasil,
A prevenção e o manejo são estratégias essenciais para vários países tem adotado a rotina do casqueamento, levan-
a redução de claudicação em porcas. A seleção das porcas do a uma maior longevidade das porcas na granja.
também deve ser considerada, em função da identificação
de marrãs bem estruturadas, com boa musculatura e bom CONCLUSÃO
desenvolvimento esquelético. Os problemas de casco em suínos, especialmente nos
O uso de microminerais orgânicos, especialmente reprodutores, devem ser encarados como um problema
complexos Metal-Aminoácido (Zn-AA, Mn-AA e Cu-AA), generalizado, que resulta conseqüências econômicas ne-
a partir da saída de creche, tem mostrado uma melhora gativas, além de prejudicar o bem estar dos animais. A

significativa na longevidade de fêmeas no plantel, em fun- prevenção da claudicação em porcas deve ser feita con-
ção da redução dos problemas relacionados ao aparelho siderando o desenvolvimento genético, além da nutrição,
locomotor. Da mesma forma, a suplementação de biotina instalações e manejo.
em porcas tem sido apontada como um fator redutor das É fundamental que suinocultores e técnicos deem mais
lesões de casco. atenção a este assunto, de tal forma a minimizar as per-
Condições adversas de instalação também provocam das produtivas e reprodutivas e, assim, reduzir o impacto
claudicações em porcas. Um piso de concreto abrasivo pre- negativo deste tipo de problema no resultado financeiro
dispõe a porca a rachaduras e lesões nos cascos. Da mesma da produção.

98 NT
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Q]\ac[WR]`¿\OZQ][S\T]_cS\]a[S`QOR]a
\OQW]\OZS[c\RWOZRSU`x]a[S`QOR]RSQO`\Sa
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W\R‰ab`WORS^`]bS\OO\W[OZSbS[Q][]]PXSbWd]aS
eee\TbOZZWO\QSQ][P` b]`\O``STS`}\QWO^O`O]aSb]`OU`]^SQct`W]
cooperativismo

Exemplos
de valor Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística), a economia brasileira mostrou alta de 0,2% no
primeiro trimestre (de janeiro a março) de 2012 sobre os três
últimos meses de 2011. Ainda de acordo com o Instituto, o
maior destaque partiu da indústria, que mostrou crescimento
de 1,7%, seguida pelo setor de serviços, com alta de 0,6%. O
pior desempenho ficou com a agropecuária, que caiu 7,3%
nos três primeiros meses de 2012.
A situação se difere do ano anterior já que em 2011 agro-
pecuária liderou o crescimento no ano, com alta de 3,9%,
seguida por serviços (2,7%) e indústria (1,6%). No total a eco-
nomia brasileira registrou crescimento de 2,7%.
O crescimento de 2,7% em 2011, em um cenário mun-
dial de crise econômica, coloca o Brasil em destaque. Porém,
existem exemplos de empresas que não se acomodaram com
a “boa situação” do país e têm trabalhado para alcançar resul-
tados muito mais expressivos.
A Revista NT foi conversar com os presidentes de duas co-
operativas que são exemplos de que posicionamento e gestão
fazem toda a diferença na hora de crescer. A Aurora cresceu
14% em 2011, apresentando uma receita de 3,8 bilhões. Os
planos da cooperativa são continuar crescendo e atingir 4,1
bilhões neste ano. Uma das conquistas da Coopercentral Au-
rora Alimentos foi entrar no mercado chinês.
Outro exemplo de crescimento planejado vem da Frimesa.
A Central de cooperativas no Paraná cresceu 20% em ven-
das e 10% em produção, atingindo a sua meta: faturamento
anual acima de um bilhão. O cumprimento das metas de 2011
confirmou o principal compromisso da empresa: sustentar
as cadeias produtivas com marca forte e produtos de valor
agregado.
As duas agroindústrias apostaram no produto de valor
agregado, qualidade na produção e sustentabilidade da ca-
deia produtiva para crescer. Conheça os diferenciais de cada
uma delas na matéria que preparamos para você.

100 NT
Coopercentral
Aurora Alimentos
A Coopercentral Aurora é um conglomerado agroindus- reais, registrando expansão de 30,5%. O volume de produtos
trial sediado em Chapecó (SC) que pertence a 13 cooperativas vendidos no exterior cresceu 18,3% para 122.389 toneladas. As
agropecuárias, sustenta 15.645 empregos diretos e tem uma vendas de carnes suínas ao exterior representaram 221 milhões
capacidade de abate de 14 mil suínos/dia, 600 mil aves/dia e de reais (42.408 toneladas) e de carne de aves 377,8 milhões de
um processamento de 1,6 milhão de litros de leite/dia. reais (79.889 toneladas).
Mantém, no campo, plantéis permanentes de 800 mil su- Como todas as empresas exportadoras do Brasil, a Coo-
ínos e 19 milhões de frangos. A sua base produtiva é formada percentral enfrenta algumas dificuldades de mercado devido
por 9.000 produtores de leite, 3.600 criadores de suínos e 1.800 à crise econômica mundial que tem demandado mais esforços
criadores de aves. de negociação junto aos importadores.
Possui sete unidades industriais para processamento de Apesar da crise mundial, a Aurora buscou novos caminhos
­suínos, cinco plantas para processamento de aves, quatro fábricas e conquistou novos mercados. A Coopercentral Aurora Alimen-
de rações, uma indústria de lácteos, dez unidades de ativos bio- tos, entrou no início desse ano para o seleto grupo de empresas
lógicos (granjas de reprodutores suínos e matrizes de aves, incu- brasileiras de processamento de carnes habilitadas a exportar
batórios e silos), uma unidade de disseminação de genes (UDG), para a China.
nove unidades comerciais e 100 mil pontos de vendas no país. A empresa criou uma estrutura especial para atender as
A Aurora detém forte presença no mercado interno, onde especificidades do país importador. Uma delas é o sistema de
obteve, em 2011, 84,5% de suas receitas de 3,8 bilhões de reais. rastreabilidade da produção que tem origem no campo até o
No mesmo ano, as vendas no mercado externo corresponde- produto final a ser exportado. Um grupo de 35 propriedades
ram a 15,41% da receita global e totalizaram 599,4 milhões de rurais do oeste catarinense foi selecionado pela Aurora, homo-

NT 101
logado pela Cidasc com protocolo de produção aprovado pelo e do Município farão a perfuração de poços profundos para
Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura. dobrar a oferta de água potável na indústria e construirão uma
Uma fábrica de rações da CooperAuriVerde (cooperativa tubulação de 4,5 km para o despejo dos efluentes (tratados) no
filiada à Coopercentral Aurora) processa ração específica  para rio Caraguatá. A efetiva reabertura está prevista para o final
abastecer os plantéis. Os animais prontos são conduzidos para de 2013.
a unidade industrial de Chapecó (FACH1). Além desses fatores, há positiva expectativa em relação às
Por outro lado, a Rússia deverá retomar as importações missões técnicas e comerciais do Japão e da União Europeia
que chegam ao Brasil ainda neste ano e com as negociações
em curso com África do Sul e Coreia do Sul.
Os produtos de aves foram exportados para 36 países:  Áfri-
ca do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Aruba, Áustria, Ilhas
Bahamas, Barein, Catar, Chile, China, Cingapura, Coreia do Sul,
Croácia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, França, Gabão, Ho-
landa, Hong Kong, Iraque, Japão, Kuait, Montenegro, Omã, Por-
tugal, Romênia, Rússia, Marteen  e Seicheles, além de Bósnia- fotos.indd 2

Herzegovina, Grenada, Moldávia, Saint e Suriname.


As exportações de carne suína incluem carré, costela, cos-
telinha, joelho, ponta da costela, barriga, filezinho, lombo, pale-
ta, pernil, sobrepaleta, cartilagem, miúdos internos e externos.
Alem desses produtos a Aurora inovou ao exportar também
osso para China. “Quando decidimos exportar também o osso
órgãos do governo nos disseram que seria arriscado. Nós as-
sumimos o risco de ter o produto devolvido, mas, felizmente
entramos bem no mercado chinês. Eles usam os ossos para
fazer sopa e o produto tem boa saída. Agora precisamos nos
aperfeiçoar no corte e mandar um produto com pouco valor
no mercado nacional, mas que é muito bem aceito na China.”,
comenta Lanznaster.
Os principais compradores continuaram os mesmos países
do ano anterior, apesar do esforço das empresas e do Governo
brasileiro em prospectarem novos clientes. Os países importa-
dores são Rússia, Ucrânia, Angola, Argentina, Armênia, Cinga-
pura, Geórgia, Hong Kong e Uruguai.
Mesmo com a grande expectativa sobre a abertura de no-
vos mercados o presidente enfatizou que o mercado interno
teve importância fundamental na composição dos resultados
da Coopercentral Aurora, sustentado pela maior oferta de cré-
dito, maior taxa de emprego e melhor distribuição de renda. E
o mercado mundial tem extraordinário potencial de expansão
em razão, entre outros motivos, da qualidade da carne brasilei-
de carnes e outros produtos de proteína animal suspensas há ra e do status sanitário de Santa Catarina.
quase um ano, em face das pressões do governo brasileiro e da Ainda segundo Mário Lanznaster, a meta da Aurora para
redução dos estoques de segurança. os próximos cinco anos é continuar crescendo em media de
Segundo Mário Lanznaster, presidente da cooperativa, a 10% ao ano. “Vamos continuar crescendo em faturamento,
presença da Aurora no mercado externo será turbinada pela trabalhando com produtos de valor agregado, investindo em
reabertura da indústria de abate de suínos do município de tecnologia e gestão para atingir melhores resultados. Em suínos
Joaçaba que receberá 40 milhões de reais em investimentos. vamos otimizar o que temos no sul do país e cresceremos no
Os recursos serão necessários para duplicar a capacidade de Mato Grosso do Sul. Queremos também crescer na produção de
abate de 1.100 para 2.200 suínos/dia, instalar sala de cortes frango, que hoje é a proteína do momento”, explica o presiden-
para exportação e ampliar a capacidade de congelamento e as te. Ele reforça a importância de analisar o mercado constante-
câmaras de estocagem. Por outro lado, os governos do Estado mente para saber direcionar o crescimento da cooperativa.

102 NT
4]b]a(1{aO`;OQVOR]

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EEE/5@=AB=191=;0@
FRIMESA
Com pouco mais de três décadas de existência, a Frime- ínos/dia, em 2011 foram 5 mil e a meta é chegar aos 6
sa atingiu em 2011 o faturamento anual de 1 bilhão, cres- mil suínos abatidos por dia em 2016. No setor de leite,
cendo 20,7% em faturamento. O presidente da cooperativa, a empresa melhorou o desempenho ampliando para
Valter Vanzella, o crescimento da Frimesa se deu de forma 75% o volume de leite transformado em produtos in-
consciente, basando-se em investimentos industriais para dustrializados.
agregar valor à produção do campo e no poder de penetra- Vanzella ressalta que “o resultado financeiro traz se-
ção da marca Frimesa no mercados. gurança tanto para as cooperativas filiadas quanto para os
“Construímos um modelo de gestão fundamentado num agentes financeiros. Mostra que a Frimesa tem solidez.”
sistema de informações preciso e oportuno, permeado em to- Outro diferencial da Frimesa é o compromisso de divi-
das as atividades. Executamos uma diretriz de agregar valor aos dir sua atuação mercadológica com as cooperativas filiadas
produtos e focar o mercado interno com ênfase no pequeno e seus produtores integrados. Exemplo disse é que no ano
e médio varejo.”, explica Vanzella. Essa estratégia aumentou a passado enquanto a média do custo do suíno da Frimesa
penetração da cooperativa no mercado, dando mais visibilida- ficou em torno de R$2,43, o preço médio regional era de
des e contribuindo com o posicionamento da marca Frimesa. R$2,27. Situação semelhante se deu com o preço do leite.
Os investimentos em estrutura possibilitaram um Alem disso, em outubro a cooperativa inaugurou o Par-
significativo aumento no número de suínos abatidos que Ambiental Frimesa, um espaço para promover a educa-
pela cooperativa. Em 2005, a Frimesa abateu 1500 su- ção ambiental da comunidade.

104 NT
Para os próximos anos a Frimesa planeja continuar ra, e quatro de lácteos, nas cidades de Marechal Cândido
crescendo cerca de 12% em faturamento ao ano. Se- Rondon, Capanema, Matelândia e uma em Aurora (SC).
gundo Vanzella, a cooperativa está focada no mercado Nos últimos anos, a Frimesa se especializou cada vez
nacional. “Nosso foco é o mercado interno. Temos au- mais na produção e distribuição de alimentos industriali-
mentado nosso mix de produtos, oferecendo produtos zados congelados e resfriados diferenciados. Os alimentos
de qualidade e com valor agragado.” No ano passado, são comercializados com o nome Frimesa sendo que ou-
a área comercial abriu novas frentes de vendas, am- tras marcas como Friminho, Rei do Oeste e Reggio tam-
pliando em 30% o número de clientes ativos. Hoje, os bém assinam o rol de produtos.
produtos Frimesa estão em todo o território nacional Na linha de carnes as principais são presuntos, ham-
por meio dos distribuidores e representantes comer- búrgueres, lingüiças, salames, mortadelas, salsichas e cor-
ciais. Apesar de estar tes especiais conge-
focada no mercado lados e salgados. Em
interno, a Frimesa está lácteos, são: cremes
preparada para o mer- de leite, doces de
cado internacional. leite, queijos, quei-
Hoje seus produtos jos especiais, iogur-
são exportados para tes, bebidas lácteas
Rússia, Uruguai, Hong e manteigas.
Kong, China, Chile, Ja- Uma das preocu-
pão, Coréia, Paraguai, pações da cooperativa
Caribe, Holanda, Áfri- é desenvolver, cons-
ca do Sul, Camarões e tantemente, novos
Gabão. produtos para ofere-
O crescimento da cer aos consumidores
Cooperativa Frimesa é produtos práticos e
o resultado do trabalho saudáveis e, ao mes-
dos produtores e co- mo tempo, agregar
laboradores, somado à a missão de oferecer
determinação das coo- soluções em alimen-
perativas filiadas em re- tação. Essa missão
alizar a industrialização pode ser confirmada
das matérias-primas: pelos números. Des-
leite e suínos. Atual- de 1997 até hoje, a
mente, mais de 3.222 Frimesa ampliou a
mil produtores de leite oferta de produtos de
e 799 suinocultores inte- 140 para 370 itens.
grados impulsionam a produção da cooperativa. Localizada Com permanente visão de futuro, a Frimesa, nos últi-
no oeste do Paraná, a Frimesa está entre as empresas que mos 10 anos, vem registrando crescimento médio anual de
mais geram empregos na região: são 4.213 colaboradores 13,5% em receitas e 14% em volumes de vendas. Pautada
diretos e outras 20 mil pessoas estão ligadas economica- nos pilares econômicos, sociais e ambientais e comprome-
mente com a empresa. tida em fazer o melhor, a Frimesa investe constantemente
O parque fabril conta com dois complexos industriais em programas de treinamento e de valorização dos cola-
(seis unidades em operação: uma de carnes, em Medianei- boradores.

NT 105
cooperativismo

UMA VIA DE
MÃO DUPLA
Contrato de entrega de produção
representa segurança e proteção
para o produtor e cooperativa

A relação comercial entre a Copérdia e o cooperado se às partes envolvidas, porque quem produz terá onde vender
dá através de um contrato de entrega da produção entre as a produção e a cooperativa por saber que terá matéria pri-
partes. O gerente geral da Copérdia, Vanduir Maritni, explica ma para atender sua cota junto a Aurora”, comenta.
que o contrato é um documento que dá segurança ao coo- De acordo com o gerente, esse é um procedimento
perado e à cooperativa. Segundo ele, o associado que possui adotado por países desenvolvidos e há anos implementado
contrato de entrega de produção de suínos, por exemplo, em Santa Catarina. Ele diz que é uma prática que logo será
tem o compromisso de entregar a sua produção à coope- estendida também às atividades de leite e grãos. “Nós pre-
rativa e, essa por sua vez, garante a compra dos animais cisamos nos adequar aos modelos de compra de produção
e fornecimento de insumos ao produtor independente da com contrato para preservar a segurança da cooperativa
situação do mercado. “É a segurança que produtor e coope- e cooperados”, pontua, lembrando que a relação empresa,
rativa precisam em todos os momentos”, assinala. produtor e cliente está cada vez mais profissional e os ad-
Segundo Martini, é importante que o associado compre- ministradores estão de olho na segurança.
enda a importância dessa relação comercial denominada de Martini observa que algumas empresas privadas em
contrato de entrega de produção que, na prática, dá a segu- momentos críticos de mercado, abandonam o produtor, não
rança necessária à organização e o cooperado. “O contrato compram a produção e não asseguram o fornecimento de
de entrega é uma via de mão de dupla que dá tranqüilidade insumos, simplesmente mudam a estratégia para atender

106 NT
seus interesses, deixando o produtor na mão por ter uma
relação comercial informal o que desprotege o produtor.
“Nas horas de dificuldades quem tem contrato de entrega
está protegido, os demais ficam expostos a boa vontade dos
aventureiros”, diz.
Outro aspecto importante do contrato de entrega, se-
gundo Martini, é que o produtor entrega a produção de suí-
nos pelo preço de mercado e a cooperativa banca eventuais
prejuízos fruto do contrato, algo impensado com empresas
privadas. “Quando não interessa, as empresas privadas so-
mem e o guarda chuva dos produtores continua sendo a
cooperativa.

PRODUTORESRECORREMÀCOOPERATIVA
O gerente geral da Copérdia, Vanduir Martini comenta
que a organização trabalha em busca de novos mercados
para a produção dos seus cooperados. Mas, segundo ele, as
exigências são cada vez maiores e o contrato de entrega
é um pré requisito. “Grandes empresas de alimentos não
compram mais sem o contrato de entrega por questão de
garantia”, revela.
Segundo Martini, são muitos produtores que recorrem
à cooperativa para entregar a produção porque muitas em-
presas privadas compram quem vêem possibilidade de ga-
nhar dinheiro com a matéria prima do produtor, e quando
isso não acontece, simplesmente desaparecem. “Quando os
produtores são abandonados procuram a cooperativa, mas
ela também tem suas limitações e cotas definidas e nem
sempre consegue atender os pedidos dos produtores”, as-
sinala.
Por tudo isso, Martini diz que o momento é de reflexão
para que o produtor não fique a mercê do mercado. Hoje,
segundo ele, a Copérdia tem volumes de produção suficien-
tes para atender seus compromissos de cotas e ao não aten-
der alguns produtores, gera um problema sócio econômico à
região. “Por isso que insistimos para que o produtor observe
com cuidado com quem tem relação comercial de entrega
de produção e recebimento de insumos”, aconselha.
Martini diz ainda que o produtor é livre para destinar
sua produção onde quiser, mas é importante ter cuidado
para não ser vítima da esperteza de empresas aventureiras
que não valoriza o produtor, apenas dá importância à ma-
téria prima na hora interessante. “Defendemos uma relação
séria, transparente de mão dupla onde o cooperado desfru-
te de segurança e a cooperativa da produção. Assim as duas
partes saem ganhando”, conclui.

NT 107
alta gerência e empreendedorismo

Gestão e inovação
para crescer em
O grupo Otávio Lage, hoje, é uma das mais importantes empresas do agronegócio em Goiás. Fundada
em 1949, pelo engenheiro Otávio Lage, em 1956, se instalou na fazenda Vera Cruz onde implanta modernas
técnicas para a criação de gado e plantio de café. Foram os primeiros confinadores do estado de Goiás.
Cinco décadas depois de sua fundação o Grupo Otávio Lage ainda mantém os ideais de seu fundador,
técnicas modernas, para uma produção sustentável, lucrativa para toda a cadeia e como resultado, um
produto de qualidade.
Hoje, o grupo tem três principais atividades: o gado de corte, a cana e as seringueiras.
Rodrigo Penna, diretor do grupo explica que desde 2006 a empresa vem focando suas atividades em
produtos com valor agregado. “Reformulamos todo o uso de nossas terras, fizemos alguns loteamentos
onde era possível, as terras mais baratas foram destinadas a pecuária, as terras viáveis foram destinadas para
o plantio de cana e, onde tínhamos uma área media e fosse possível, plantamos seringueira.”
Todas essas mudanças aconteceram sem que a produção fosse comprometida. “Diminuímos o volume
de terras, mas aumentamos a lotação, melhoramos o desempenho. A gestão das terras sempre gera resul-
tados melhores”, explica Penna.
Ainda segundo o diretor todo o planejamento da empresa é feito de acordo com o retorno de patrimô-
nio. “Avaliamos o que remunera melhor a terra e investimos nisso.” Alem do foco em gestão para o melhor
resultado a empresa também investe muito em pessoal. “Um dos segredos do negócio é ter uma equipe
bem treinada e consciente da importância de seu trabalho.” A empresa mantém programas de treinamento
tanto para contratação como para reciclagem de seus colaboradores.

cronologia do grupo otávio lage

108 NT
resultados
Genética é o melhor investimento na pecuária
Na pecuária de corte o Grupo Otávio Lage está investindo na criação de uma marca. “Que-
remos criar um touro que gere resultados e, com isso, conseguir valor agregado ao produto.”,
explica Rodrigo Penna.
“Hoje, o Grupo Otávio Lage trabalha com uma cria de valor agregado, fazendo em casa o
que tem mais valor no mercado. Focamos o mercado prêmio.”, comenta Fábio Maya, gerente
de bovinos de corte da empresa. Ele explica que hoje 25% da cria da Fazenda Vera Cruz vai
para o abate, os 75% restantes são comprados no mercado. Na fase de recria, a Fazenda inves-
te em nutrição e genética para que o boi saia desta fase, direto para o confinamento.
O grupo abateu 22 mil cabeças de gado em 2011, a previsão para este ano é um cresci-
mento de 13%. Maya explica que um dos pontos fundamentais para esse crescimento será o
aumento de parcerias. “Ano passado, 17% dos bois em confinamento eram de parceiros. Nós
oferecemos aos parceiros três modalidades para receber seu gado, com isso eles se sentem se-
guros em confinar conosco. Ao negociar com os frigoríficos, lhes oferecemos (aos parceiros) as
mesmas condições que recebemos e por isso a procura por parcerias tem aumentado muito.”,
comemora o gerente.
Apesar de 60% da carne produzida na Fazenda Vera Cruz ser destinada ao mercado eu-
ropeu, Fábio diz que acredita muito no mercado interno. Sobre o preço da carne, o gerente
acredita que teremos uma alta antecipada, aquecendo o mercado entre o final de Junho e
inicio de Julho.

NT 109
noTÍCIAS DOS PARCEIROS

Parceiros NFT Alliance participam de

Simpósio Brasil Sul


de Avicultura
Realizado no mês de abril em Chapecó (SC) o
Simpósio técnico, referência no Brasil, recebeu apoio
de parceiros NFT Alliance. O coquetel de abertura foi
oferecido pela aliança, brindando a importância do
evento para os parceiros.
Durante o evento, a MSD Saúde Aninal patro-
cinou duas palestras do consultor Dr. Robert Teeter,
vindo dos Estados Unidos, para abordar os efeitos
da coccidiose sobre os custos de energia da dieta
dos frangos de corte e conversão alimentar.
Já a Nutron Alimentos, contou com a presen-
ça do Diretor Técnico da Provimi, com a palestra
qualidade dos ingredientes das dietas e o resultado
produtivo em frangos de corte.
O evento, consolidado pelo alto nível técnico
das palestras, reuniu mais de 2 mil participantes de
toda a América Latina, entre médicos veterinários,
zootecnistas, produtores, representantes da agroin-
dústria, pesquisadores, empresários e as principais
empresas de todos os elos da cadeia produtiva.
Durante o simpósio, as equipes da MSD Saú-
de Animal e Nutron Alimentos estiveram presentes
no estande da NFT Alliance. Segundo o gerente de
mercado da MSD Saúde Animal, Maurício Hisano, o
Simpósio Brasil Sul é considerado o melhor evento
técnico em avicultura no Brasil. “Além de ser uma
oportunidade de expor a nossa marca e os nossos
produtos, investimos na vinda de um renomado
profissional e patrocinaremos o jantar e o show da
cantora Marina Elali”, destaca.
O show com Marina Elali, oferecido pela MSD,
agitou uma das noites de Congresso, fazendo a ale-
gria de participantes e convidados.

110 NT
Patrícia Aparecida dos Santos
assume Coordenação de Inteligência de
Mercado da MSD Saúde Animal
Patrícia Aparecida dos Santos assumiu, em abril, a Coordenação de Inteligência de Mercado
da MSD Saúde Animal. A nova integrante da equipe da MSD é formada em Administração de
Empresas, pós-graduada em Negócios Internacionais e em Marketing, além de ter especiali-
zação em Estratégia de Marketing (FGV). Hoje, Patrícia cursa MBA em Estratégia de Negócios
- BSP Business School São Paulo.
Patrícia ingressa na empresa com a tarefa de dar continuidade ao trabalho desenvolvido, por
Arnaldo Elias, que se aposenta, após anos de dedicação, eficiência e muitas conquistas para a em-
presa. Ela está sob direção de Gúbio Almeida, Diretor de Operações da MSD Saúde Animal.
Para Patrícia, trata-se de um desafio, pois o mercado de saúde animal é novo para ela.
“Pretendo me reunir com cada liderança da empresa para entender as estratégias, as metas que
almejam, contribuindo desta forma para atender as necessidades deste mercado, ganhando
mais market share para a MSD Saúde Animal”, garante.

Rodrigo Silva Goulart


assume como Gerente Técnico
Ruminantes da MSD Saúde Animal
Rodrigo Silva Goulart foi contratado para assumir a posição de Gerente Técni-
co Ruminantes da MSD Saúde Animal, desde o início de maio de 2012.
Natural de Inhumas/GO, Rodrigo é graduado em Medicina Veterinária pela
Universidade Federal de Uberlândia, em 2003. Em 2006 recebeu o título de Mestre
em Ciência Animal e Pastagem com ênfase em Exigências Nutricionais em Bovinos
de Corte, pela USP/ESALQ.
No ano de 2010, Rodrigo concluiu o Ph.D. na área de Exigência de Fibra para
Bovinos em Confinamento, pela USP/ESALQ. De novembro de 2010 a agosto de
2011 trabalhou no Laboratório de Crescimento e Nutrição Animal da USP/ESALQ,
junto ao Prof. Dante Pazzanese Lanna, na área de confinamento.
Goulart regressou recentemente da Universidade de Dakota do Norte, EUA,
onde trabalhou como pesquisador convidado na Área de Confinamento.
Rodrigo reportará diretamente ao Diretor da Unidade de Negócios Pecuária,
Alexandre Alves, ficando responsável pelo desenvolvimento de ações técnicas da
linha corte com foco em confinamento.
noTÍCIAS DOS PARCEIROS

NutronAlimentos
eCoamorealizam
treinamentotécnico
A Nutron Alimentos e a Coamo se uniram para realizar, nos dias 20 e 21 de abril, um treinamento técnico sobre de pro-
dutos Nutron. Participaram do evento cerca de 39 líderes e balconistas da cooperativa. O evento, que foi realizado em Foz
do Iguaçu, tinha como objetivo manter os balconistas sempre atualizados e bem preparados para atender os cooperados.
Segundo Odair Coelho, gerente da Nutron, o trabalho desses profissionais é muito importante para a empresa, mas
principalmente, para o produtor que procura as cooperativas a cada dia.

112 NT
Líderes do setor
avícola participam
de evento da Nutron
Alimentos

A Nutron Alimentos convidou aproximadamente 50 líderes do setor de aves para discutir as atualidades
das estratégias no setor avícola brasileiro. O evento aconteceu no dia 26 de abril em Campinas.
Os participantes puderam ouvir as considerações de três grandes especialistas: Prof. Dr. Mário Penz,
diretor técnico da Nutron, falou sobre o milho e suas diferenças nutricionais, Rodrigo Uttpatel, consultor de
nutrição de aves da Nutron, discutiu a importância da gestão de dados na avicultura moderna e Alexandre
Mendonça de Barros fez uma analise completa sobre as perspectivas dos mercados agrícolas para 2012.
Também esteve presente no evento o presidente da Nutron Alimentos, Celso Mello, reforçando a im-
portância da disseminação de conhecimento para a empresa.
Fechando o evento, os participantes conversaram animadamente em um coquetel oferecido pela Nutron.

NT 113
AGENDA
Junho

NFT Training Aves


Data: 20 a 22 de junho
Local: Rio de Janeiro (RJ)
Informações: www.nutron.com.br

Julho

Avicola en conjunto con Porcinos 2012


Data: de 11 a 13 de julho
Local: Buenos Aires, Argentina
Informações: http://www.avicola.com.ar/

Agosto

Congresso Mundial de Avicultura


Data: 05 a 09 de Agosto
Local: Salvador (BA)
Informações: http://www.wpc2012.com/br/

Agroleite
Data: 06 a 10 de agosto
Local: Castro (PR)
Informações: http://www.agroleitecastrolanda.com.br/home

V Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e IV Pig Fair


Data: de 14 a 16 de agosto
Local: Chapecó (SC)
Informações: www.nucleovet.com.br

Gestão para Lideres do Agronegócio (Nutron / FGV)


Data: 23 e 24 de agosto
Local: Foz do Iguaçu (PR)
Informações : técnico Nutron de sua região

SETEMBRO

Pork Expo 2012


Data: de 26 a 28 de setembro
Local: Curitiba (PR)
Informações: www.porkexpo.com.br

114 NT



ADITIVO ADSORVENTE DE MICOTOXINAS





 


 
     
  
  
 




 

O aditivo antimicotoxinas aprovad


AVES SUÍNOS BOVINOS EQUINOS


O aditivo antimicotoxinas aprovado e aflatox
in vivo contra fumonisinas


in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas

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Composição básica do produto:
Aluminosilicato de Sódio e Cálcio.................................100,0%






Niveis de garantia:

O aditivo antimicotoxinas
Aluminosilicato de Sódio e Cálcio...............1.000,000000
("$) *  
  g/kg
("$) *  
 
!"#$
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Oaprovado
aditivo antimicotoxinas
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Indicação de uso: Modo de Conservar:

in vivo contra
Adsorvente
 .!#$#("&(*$&." de micotoxinas,
 .!#$#("&(*$&."com atuação sobre fumonisinas. Conservar ensacado em local seco e arejado.
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Controle de precis
Modo de $ *)$$+,-./ 012 
uso: Validade:
Adicionar de 0,25 a 0,5% ou 2,5 a 5,0kg/ton de ração pronta. 12 meses a partir da data de fabricação
$ *)$$+,-./ 012  $ "3 $ "3

aprovado
O aditivo antimicotoxinas
fumonisinas in vivo
aprovado
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aflatoxinas
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de micotoxinina
67 1 2$"#
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in vivo contra fumonisinas e aflatoxinas


“Uso exclusivo na Alimentação Animal”

fumonisinas e aflatoxinas

  

Data de Data de






6 6
fabricação validade:
 

  

Unidade Agronegócios


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O aditivo antimicotoxinas

 
Fabricado por:
  
Mineração e Pesquisa Brasileira

Oaprovado
aditivo
Controle de precisão antimicotoxinas
  Rodovia Alexandre Beloli, S/N - Primeira Linha
 
in vivo contra
CEP: 88803-470 - Criciúma - SC

Controle de 
precisão CNPJ: 79.917.597/0004-36
1789: 1789:

aprovado in evivo contra


IE: 253.740.339

de micotoxininas
 
fumonisinas de
Produto registrado no aflatoxinas
micotoxininas
Ministério da Agricultura, Pecuária
fumonisinas e aflatoxinas
e Abastecimento
, 123-*#45 sob nº SC-0700020002
, 123-*#45
Responsável Técnico: Rosimeri Venâncio Redivo - Engª M.Sc Química - CREA: 29432-9

 


 
  

 


 
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Quando o assunto é lucratividade e segurança,
confie na marca líder de mercado.

A orientação do Médico Veterinário é fundamental para o correto uso dos medicamentos.


MSD Saúde Animal é a unidade global de negócios de saúde animal da Merck & CO, Inc.

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