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ANÁLISE DE VULNERABILIDADE E CONSEQUÊNCIAS


ENERGIAS EÓLICAS DO NORDESTE S.A

8. ANÁLISE DE VULNERABILIDADE E CONSEQUÊNCIAS

8.1. INTRODUÇÃO

Esse Capítulo apresenta os resultados obtidos nas simulações das conseqüências


(efeitos físicos) e a análise de vulnerabilidade para as Unidades ou Sistemas que
compõem as LTs.

As hipóteses acidentais identificadas no Capítulo 06 geraram diferentes cenários


acidentais de acordo com as características e o comportamento das substâncias
envolvidas.

Dessa forma, no presente estudo, foram consideradas diversas hipóteses acidentais


resultantes de falha humana ou de equipamentos em situação crítica ou catastrófica
que podem ocorrer nos sistemas e subsistemas que compõem as LTs formando
diversos cenários acidentais. Dentre os cenários foram elencados os mais severos,
ou seja, aqueles com o maior potencial em causar danos à vida humana e as
instalações indústrias para modelagem da Vulnerabilidade.

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As Hipóteses Acidentais selecionadas para realização da modelagem das


vulnerabilidades foram aquelas cuja categoria de freqüência pertencia a categoria
crítica (III) e catastrófica (IV).

Para os cálculos utilizou-se o software EffectsGIS, versão 5.5, no qual incorpora o


DAMAGE e funções de SIG1. Tal software é desenvolvido pela TNO/Holanda.

A metodologia de análise de vulnerabilidade consiste no conjunto de modelos e


técnicas usadas para estimativa das áreas potencialmente sujeitas aos efeitos
danosos de liberações acidentais de substâncias perigosas e/ou energia de forma
descontrolada. Estas liberações geram os chamados efeitos físicos dos acidentes
(sobrepressão, fluxo térmico, nuvens de gases tóxicos e/ou explosivas, dentre
outros) que potencialmente podem gerar danos às pessoas e/ou instalações. A
extensão dos possíveis danos é delimitada pela intensidade dos efeitos causadores
do dano, sendo que a relação entre a intensidade desse efeito físico e o dano
correspondente fica estabelecida por meio dos modelos de vulnerabilidade.

8.2. ANÁLISE DE VULNERABILIDADE

A Análise de Vulnerabilidade objetiva estabelecer os seguintes resultados:

 Área vulnerável até uma distância segura estabelecida pelo nível de radiação
de 1 kW/m²;

 Área vulnerável para ocorrência de incêndio em nuvem;

 Área vulnerável para ocorrência de nuvem tóxica;

 Área vulnerável em caso de ocorrência de explosão, até o limite de


sobrepressão de 0,01 bar.

8.2.1. Vulnerabilidade à radiação térmica

Os parâmetros para análise de danos materiais, decorrentes de radiações térmicas


foram obtidos através de levantamento junto ao Banco de Dados da TNO.

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SIG - Sistema de Informação Geográfica

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Os materiais críticos considerados na análise foram: a madeira, material sintético,


vidro e aço. Os dois primeiros são combustíveis e podem levar a incêndio
secundário. O vidro, apesar de não ser combustível, pode quebrar sob o efeito de
mudança de temperatura. O aço, não protegido para temperaturas elevadas,
também não é combustível, mas a resistência e dureza reduzem quando a
temperatura aumenta, podendo levar a uma falha estrutural.

De um modo geral, os danos materiais devido ao calor de radiação térmica podem


ser enquadrados em dois níveis:

Danos Nível 1 – Ignição da superfície exposta e sua quebra ou outro tipo de falha
estrutural (colapso);

Danos Nível 2 – Descoloração da superfície do material, descascamento da pintura


e/ou deformação dos elementos estruturais.

Obviamente que a radiação térmica necessária para atingir o Dano Nível 1 é mais
elevada do que a necessária para o Dano Nível 2.

O Quadro 8.1 apresenta valores de radiação críticos para materiais e os efeitos a


exposição.

Quadro 8.1
Valores Críticos de Radiação Térmica
2
Radiação Térmica (kW/m ) Efeito
 Radiação não traz conseqüências para pessoas e
1,00
instalações.
1,20  Recebida do sol ao meio-dia
 Mínima para resultar em queimaduras após 1 minuto
2,10
de exposição.
 Sensação de dor entre 15 e 20 segundos e lesão
4,70 após 30 segundos de exposição (ocorrência de
queimaduras de segundo grau).
Valores Críticos de Radiação Térmica
 Corresponde a 1% de fatalidade para uma
9,85
exposição de 20 segundos.
 Chance de fatalidade significante para exposição
12,60
prolongada. Grande chance de lesão.
 Corresponde a 50% de fatalidade para uma
19,45
exposição de 20 segundos.
Continua...

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...continuação
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Radiação Térmica (kW/m ) Efeito

Fatalidade. Provável morte para tempos de exposição
prolongados e chance de fatalidade para exposição
instantânea;
 Ignição espontânea da madeira após longa
exposição;
23,00
 Aço sem proteção: Alcance de estresse térmico pela
temperatura podendo resultar em falhas;
 Alivio dos tanques de pressão devem ser
providenciados, ou a chance de ocorrência de falhas
é grande.
 Material celulósico se autoinflamará em 1 minuto de
35,00 exposição;
 Grande probabilidade de pessoas expostas.
 Corresponde a 100% de fatalidade para uma
48,10
exposição de 20 segundos.
Fonte: Department of Planning NSW 2008

Para incêndios de curta duração, é necessário realizar um cálculo mais sofisticado.


A TNO define o valor 35 kW/m² na qual a radiação térmica provoca ignição das
edificações a partir de um tempo de exposição igual ou superior a 20 segundos. No
caso de estruturas de aço, a relação entre a superfície do corpo exposto, a radiação
e incidência da chama não tem um valor fixo, uma vez que depende da geometria do
elemento e de uma análise de transferência de calor.

Para que ocorra uma série de eventos em cadeia após um vazamento é necessário
que o produto entre em combustão; que a chama se direcione para outro
equipamento por um período de tempo prolongado capaz de provocar um colapso
estrutural e que o produto liberado entre também em combustão. Esta série de
eventos capazes de produzir o efeito dominó apresenta baixa probabilidade de
ocorrência em virtude dos sistemas de segurança adotados (alarmes de incêndio,
detectores de fumaça, etc.). Todavia através das curvas de radiação térmica (Anexo
VII) é possível prever quais estruturas/equipamentos seriam passíveis de sofrerem
danos por ocasião de efeito dominó.

Para a radiação térmica gerada em incêndio, foram adotados na estimativa de danos


os seguintes valores:

 1,0 kw/m² (Radiação não traz conseqüências para pessoas e instalações);


 9,85 kw/m² (Correspondente a 1% de fatalidade para uma exposição de 20 s);

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 19,45 kw/m² (Correspondendo a 50% de fatalidade para exposição de 20 s e


início da ocorrência de efeitos irreversíveis);
 48,10 kw/m² (Radiação corresponde a 100% de fatalidade para exposição de
20 s e a ocorrência de efeitos irreversíveis).

8.2.2. Vulnerabilidade à sobrepressão

Quanto aos danos decorrentes de sobrepressão, a seguir são apresentadas


considerações sobre os efeitos de explosão em estruturas, ou mais genericamente
em obstáculos. Um dos efeitos da explosão é o aumento repentino de pressão, esse
aumento de pressão se move na forma de onda, a partir do centro da explosão. Os
danos às estruturas dependem do tamanho e da forma desta onda.

Resumidamente, diz-se que a onda de explosão age sobre uma estrutura ou


obstáculo de quatro maneiras diferentes:

 A frente da onda não atinge o obstáculo;


 A frente da onda alcança o obstáculo. No instante imediatamente posterior
ocorre o fenômeno de reflexão e depois o decaimento da pressão;
 A explosão envolve a estrutura;
 A frente da onda passa pela estrutura.

A sobrepressão causada pela explosão pode levar a acidentes secundários tendo


como conseqüência o surgimento do efeito dominó.

No Quadro 8.2 são apresentados diferentes tipos de danos causados ao homem e


às estruturas devido a picos de sobrepressão.

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Quadro 8.2
Danos às Estruturas Devido a Sobrepressão
Explosão
Efeito
Sobrepressão (kPa)
 90% dos vidros quebrados;
3,00 (0,030 bar)
 Nenhuma fatalidade e baixa probabilidade de lesão.
 Danos em divisórias internas e madeiras (podem ser reparados);
7,00 (0,070 bar)
 Probabilidade de lesão é de 10%. Nenhuma fatalidade.
14,00 (0,140 bar)  Local torna-se inabitável por perigo de demolição.
 Distorção em estruturas reforçadas;
21,00 (0,021 bar)  Falha em tanques de armazenagem;
 20% de chances de fatalidade para uma pessoa em edifício.
 Local inabitável;
 Limiar de danos aos tímpanos;
35,00 (0,345bar)
 50% de chance de fatalidade para uma pessoa em um edifício e
15% para pessoa em campo aberto.
 Limiar de danos aos pulmões;
 100% de chance de fatalidade para pessoa em uma
70,00 (0,700bar)
construção ou campo aberto;
 Completa demolição das casas.
 99% de probabilidade de fatalidade por hemorragia
200,00 (2,00bar)
pulmonar.
Fonte: DUAP 1997

As ondas de sobrepressão em estruturas e os danos observados conforme


apresentados anteriormente no Quadro 8.4, referem-se a situações onde o meio de
propagação é o ar e a ocorrência deste fenômeno se verifica na superfície terrestre.

Na ocorrência de explosão dentro das áreas das Linhas de Transmissão podem ser
previstas nas curvas de sobrepressão (Anexo VII) quais estruturas/equipamentos
seriam passíveis de sofrerem danos.

Para as sobrepressões geradas em explosões, foram adotados como referência


para a estimativa dos danos os seguintes valores:

 0,03 bar (100% de vidros quebrados);

 0,7 bar (100% de destruição de edificações de alvenaria e destruição de


máquinas pesadas);

 2,0 bar (99% de probabilidade de fatalidade por hemorragia pulmonar).

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8.2.3. Inputs para a Simulação

As condições e inputs nos modelos de simulação estão explicitados nos Quadros 8.3
a 8.4 de acordo com as informações fornecidas pela contratante e os dados
meteorológicos do Capítulo 3.

 Baterias e Acumuladores

Quadro 8.3
Caracterização da Subestação
Local de Ruptura Baterias e Acumuladores
Produto Ácido sulfúrico¹ e Hidrogênio²
Estado do Material Líquido
Tipo de Liberação Contínuo
Efeitos Possibilidade de vazamento¹, incêndio¹ e explosão² na subestação.
Diâmetro: -------
Pressão: 1 bar
Temperatura do Líquido: 30°C
Temperatura Ambiente: 25°C
Umidade Relativa do Ar: 75%
Velocidade dos Ventos: 6,0 m/s
Caracterização do Direção Predominante dos Ventos: NW
Vazamento
Classe de Estabilidade Atm: C (dia) e D (noite)
Comprimento/Altura: -------
Volume: 4.080 m³
Vazão: 120,45 kg/s
Localização Coordenada UTM
Equipamento X (Easting) Y (Northing)
Baterias e Acumuladores 467.075,06 9.641.505,86
Considerações: As coordenadas acima se referem à localização da SE ELEVADORA.

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 Subestação
Quadro 8.4
Caracterização da Subestação
Local de Ruptura Transformador
Produto Fluido de transformador
Estado do Material Líquido
Tipo de Liberação Contínuo
Possibilidade vazamento, explosão, incêndio e BLEVE no
Efeitos
transformador
Diâmetro: 2,7 m
Pressão: 1 bar
Temperatura do Líquido: 30°C
Temperatura Ambiente: 27°C
Caracterização do Umidade Relativa do Ar: 75%
Vazamento Velocidade dos Ventos: 6,0 m/s
Direção Predominante dos Ventos: NW
Classe de Estabilidade Atm: C (dia) e D (noite)
Comprimento/Altura: 3,5 m
Volume: 20 m³ Massa: 19.000 kg
Vazão: 59,2 kg/s
Caracterização do Localização Coordenada UTM
Vazamento Equipamento X (Easting) Y (Northing)
Transformador 467.075,06 9.641.505,86
Considerações: As coordenadas acima se referem à localização da SE ELEVADORA.

8.2.4. Resultados da Análise de Vulnerabilidade

Os resultados da modelagem do software EffectsGIS são apresentados no Anexo


VI.

As Tabelas 8.1 e 8.2 resumem respectivamente os resultados dos efeitos de


radiação térmica e sobrepressão resultantes da Análise de Vulnerabilidade,
indicando os alcances máximos dos efeitos decorrentes dos cenários acidentais,
considerados para as LTs.

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Tabela 8.1
Alcances máximos para a radiação de térmica
Radiação do Incêndio
Subsistema Equipamento
1 kW/m² 9,85 kW/m² 19,45 kW/m² 48,10 kW/m²
Baterias e
Acumuladores 62,8 m 33,8 m 23,5 m <1m
(Incêndio)
Subestação Transformador
136,5 m 68,0 m 54,1 m 29,3 m
(Incêndio)
Transformador
596,1 m 145,3 m <1m <1m
(BLEVE)
Fonte: AMPLA Engenharia e TNO Industrial Safety, EffectsGIS 5.5.

Tabela 8.2
Alcances máximos para a sobrepressão
Sobrepressão
Subsistema Equipamento
0,03 Bar 0,7 Bar 2,0 Bar
Baterias e Acumuladores
1.567 m 159,2 m 105,9 m
(Explosão)
Subestação
Transformador (Explosão) 1.885 m 183,1 m 114,9 m
Fonte: AMPLA Engenharia e TNO Industrial Safety, EffectsGIS 5.5.

Os mapas de vulnerabilidade para os valores calculados são mostrados no Anexo


VII.

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