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ACIDENTE DO TRABALHO NO CONTEXTO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE

Olívio Antonio Palheta Gomes1

RESUMO: Este artigo busca analisar os procedimentos adotados por órgãos competentes
em relação ao acidente ocorrido no trabalho e contribuir para a conscientização dos
trabalhadores sobre as instruções de prevenção e procedimentos necessários para garantir
seus direitos legais. O meio ambiente e saúde do trabalho são os focos principais desta
pesquisa. A elaboração foi de cunho exclusivamente bibliográfico. A problemática
existente é saber até que ponto os trabalhadores têm conhecimento dos seus direitos que
lhes são assegurados por lei. Ao relatar todas as abordagens foi constatado que a lei está
explícita, clara e que é de fácil acesso aos trabalhadores podendo ser cumprida de forma
correta por todos que fazem parte do processo.

Palavras-chave: Acidente de Trabalho, Segurança, Saúde e Meio Ambiente.

INTRODUÇÃO

A legislação vigente nº 8.213 expressa no artigo 19 da Constituição e publicada em 24


de julho de 1991, conceitua: "acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho
a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente". Essa lesão pode

1
Administrador
Mestrando em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. SENAC – SP. E-mail:
oliviogomes@cdp.com.br
2

provocar a morte, perda ou redução da capacidade para o trabalho. A lesão pode ser
caracterizada apenas pela redução da função de determinado órgão ou segmento do
organismo, como os membros.

A ocorrência do acidente do trabalho é descrita com propriedade técnica pela perícia


médica do INSS, mediante a identificação do vínculo entre o trabalho e o motivo grave da
queixa do acidente. É considerado estabelecido este vínculo quando é verificado nexo
técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da
incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID).

A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de


proteção e segurança da saúde do trabalhador, sendo também seu dever prestar informações
detalhadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. Podendo
constituir contravenção penal, punível com multa, caso deixe de cumprir as normas de
segurança e saúde do meio ambiente do trabalho.

O pagamento pela Previdência Social das prestações decorrentes do acidente do


trabalho é obrigatório a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.
Com a preocupação de informar regularmente as atividades prevencionistas e as causas
de acidentes do trabalho, as instituições de ensino, associações de classe, sindicatos, órgãos
públicos e outros meios vem promovendo palestras instrutivas para conscientização da
população brasileira, principalmente aos trabalhadores.
Diante desta premissa questiona-se: até que ponto os trabalhadores têm conhecimento
dos seus direitos que lhes são assegurados por lei? É o que se relata neste artigo com o
objetivo de esclarecer todos os procedimentos adotados pelos órgãos competentes no
Brasil. Neste intere, se conhece todo histórico da lei sobre acidente do trabalho, as doenças
e os acidentes que são considerados pela legislação e como é feito toda a investigação dos
acidentes de trabalho.
Relata-se através do anuário estatístico de acidente de trabalho, documento publicado
pelo Ministério da Previdência Social, o registro de acidentes e de doenças ocupacionais
graves que provocam o afastamento do trabalhador por mais de 15 dias. E demonstra-se os
índices dos acidentes de trabalho no Brasil.
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Identifica-se os investimentos empresariais em prevenção de acidentes, a importância


da intervenção de forma tripartite e suas políticas utilizadas para esta prevenção.
Analisa-se ainda o meio ambiente do trabalho onde no processo entre empresa e
acidente ocorrido, o trabalhador é a principal vítima das conseqüências negativas da
deterioração do meio ambiente interno e externo, sofrendo uma tripla agressão, tanto como
empregado, cidadão e consumidor.
Aborda-se o papel das Instituições do meio ambiente do trabalho dando ênfase, nas
previsões constitucionais e a postura do Ministério Público perante o acidente de trabalho.
Finaliza-se mostrando quais os meios de incentivo à preservação e proteção do meio
ambiente de trabalho.
A proposta metodológica para elaboração deste artigo é uma pesquisa com abordagens
descritivas, tendo base na fundamentação teórica relatada através das pesquisas
bibliográficas coletadas em livros, mídias impressas especializadas, documentos eletrônicas
e dados estatísticos do Ministério Público.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Acidentes do trabalho no contexto da legislação vigente

A realidade existente na integração dos mercados e liberação do comércio


internacional é perceptível no âmbito da globalização econômica, pois as condições dessa
nova ordem determinam significativas mudanças na vida da população e principalmente no
mundo do trabalho, pois os níveis de emprego, meio ambiente, segurança e saúde da
humanidade recebem toda influência.
As profundas mudanças percebidas nas organizações visam o aumento da
produtividade e redução dos custos e a relação trabalho-saúde dos trabalhadores vem
recebendo muita importância no processo operacional, ressaltando que nem sempre vem
acompanhada de melhorias das condições de trabalho aos profissionais.
Em relação à saúde dos trabalhadores, observar-se nos países do "terceiro mundo", a
existência de antigas formas de produção, como os processos artesanais ou mecanicistas
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que ainda estão em vigor nas relações de trabalho: o trabalho escravo, o trabalho infantil, as
diversas formas de parceria, o trabalho informal, etc. Estas maneiras ultrapassadas de
trabalho convivem também com novas tecnologias e empresas globalizadas cujas normas e
padrões são deliberadamente inferiores aos das matrizes.
Estas duas formas de produção são refletidas no perfil de morbi-mortalidade, que são
as antigas doenças profissionais: intoxicação por silicose, mercúrio e chumbo além de
tantas outras doenças pulmonares.
Os altos índices de acidentes do trabalho, ocorrem com uma alta incidência de Lesões
por Esforços Repetitivos (LER), também conhecidos como (DORT), câncer e sofrimento
mental, entre tantas outras doenças crônicas.
Diante desta premissa destaca-se o papel desempenhado pelos cipeiros (trabalhadores
responsáveis pela prevenção no local de trabalho e eleitos para a paritária Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes- CIPA).
A CIPA possibilita a ação dos trabalhadores em seu local de trabalho, pois é uma
representação legalmente obrigatória, que atua juntamente com a CUT, e vem melhorando
a legislação de forma a equipará-la às normas européias.
É necessário que se faça cumprir democraticamente o exercício do direito universal à
promoção, atenção e defesa daqueles que trabalham independentemente da sua forma de
inserção no processo produtivo.

3. HISTÓRICO DO ACIDENTE DE TRABALHO

A Lei de Acidente do Trabalho surgiu em 1919 no Brasil e tinha como base o conceito
de "risco profissional", que era considerado como sendo normal à atividade profissional.
Esta Lei assegura o pagamento de indenização ao trabalhador ou à sua família, mesmo não
sendo um seguro obrigatório, mas é calculada de acordo com a gravidade das seqüelas do
acidente, incluindo também a prestação do socorro médico-hospitalar e farmacêutico ao
empregador.
Entre 1934 a 1995 houve significativas mudanças na legislação brasileira A legislação
atualmente em vigor é a Lei Nº 8.213, de 24 de julho de 1991, posteriormente
regulamentada pelo Decreto Nº 611, de 21 de julho de 1992 (Plano de Benefícios da
Previdência Social). De acordo com essa legislação, a empresa deve contribuir com o
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financiamento proporcional ao grau do acidente e é também responsável pela adoção e uso


de medidas individuais e coletivas de segurança e proteção da saúde do trabalhador, Os
percentuais, incidentes sobre o total das remunerações pagas no decorrer do mês, equivalem
a 1%, 2% e 3% para os graus de riscos leve, médio e grave respectivamente.
No caso de um acidente de trabalho, a empresa deve proceder imediatamente com a
comunicação à Previdência Social, através da emissão da CAT - Comunicação de Acidente
de Trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, é de
suma importância que a autoridade policial competente seja inserida no processo. O
acidentado, os seus dependentes, e o sindicato da categoria, deverão receber cópia fiel da
CAT.
É importante ressaltar que na falta da comunicação por parte da empresa, possui
direitos em emitir a CAT o próprio acidentado, o médico que o assistiu, a entidade sindical
competente, os seus dependentes, e ainda qualquer autoridade pública.
Toda e qualquer comunicação sobre o acidente é detalhadamente especificado nos
relatórios diários rotineiros, e levado ao chefe responsável pelo setor e ao trabalhador
acidentado. Qualquer funcionário poderá fazer os registros obrigatórios de acordo com as
regras e padrões da organização.
Para que se possa adentrar definitivamente no mérito do assunto em questão, deve-se
entender o que vem a ser Acidente do Trabalho e suas peculiaridades.
Segundo o artigo 19 da Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, "acidente do trabalho é
aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do
trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de
caráter temporário ou permanente". Podendo causar desde um simples afastamento, à perda
ou a redução da capacidade para o trabalho, ocasionando até a aposentadoria por invalidez
ou até mesmo a morte do segurado.
São elegíveis aos benefícios concedidos em razão da existência de incapacidade
laboratorial decorrente dos riscos ambientais do trabalho todos os segurados empregados,
os trabalhadores avulsos e os segurados especiais, no exercício de suas atividades.

3.1. São consideradas como doenças do trabalho:


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a) A doença adquirida em função das condições especiais em que o trabalho é


realizado e com ele se relacione diretamente;

b) O acidente ocorrido no percurso entre a residência e o local de trabalho do


segurado;

c) A doença profissional desencadeada pelo exercício do trabalho próprio a


determinada atividade;

3.2. Não são consideradas como doenças do trabalho:

a) A doença degenerativa, aquela inerente a grupo etário;

b) A doença endêmica, aquela adquirida por habitantes de região onde ela se


desenvolva, exceto se comprovado que resultou de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho;

c) A que não necessita de acompanhamento médico.

3.3 São considerados como acidente do trabalho:

a) O acidente de trabalho que tenha afetado diretamente na perda ou


comprometimento da capacidade de exercer suas funções, ou que tenha produzido
lesão que exija acompanhamento médico para a recuperação ou até mesmo para a
morte do segurado;

b) O acidente no local e horário do trabalho praticado por qualquer companheiro de


trabalho ou por terceiros, seja qual for o motivo que possa causar agressão física ou
moral, e/ou uso sistemático do terror e/ou ainda pelos danos nas instalações da
empresa;

c) Ato de indolência, de imprudência, ou de imperícia de terceiro, ou de


companheiro de trabalho. Ofensa de todas as formas, sendo intencional, inclusive de
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terceiro. Desmoronamento, incêndio, enchente, e outros casos decorrentes de


alguma imprevisão;

d) O acidente ocorrido fora do local e horário de trabalho, mas na realização de


ordem da prestação de serviço à empresa que possa gerar benefícios à mesma.
Estando em deslocamento entre cidades, independentemente do meio de locomoção
utilizado, mesmo sendo no veículo de propriedade do segurado. Incluindo também
estudo para qualquer tipo de formação acadêmica, quando financiada por ela, dentro
de suas metas para melhor capacitação de capital intelectual.

É importante salientar que no exercício do trabalho o segurado que estiver em seu


horário de destinado para refeição, e também por suas necessidades fisiológicas possui
completa cobertura a qualquer dano que porventura possa ocorrer com ele na empresa.

Perícia Médica do INSS é responsável em dar o parecer técnico do acidente ocorrido,


só ela tem autonomia para diagnosticar o acidente e direcionar as possíveis necessidades do
empregado de afastamento e outros procedimentos a serem realizados. Só através do laudo
médico do perito legalmente capacitado que são fundamentados os procedimentos
necessários ao segurado.

3.4. A Investigação do Acidente de Trabalho.

Para que a organização consiga atingir índice zero em acidentes no trabalho é


necessário que haja a investigação das causas do um acidente ocorrido no trabalho e este
procedimento é obrigatório, sendo do mais simples ao mais grave. Os procedimentos
resultam na melhor forma de prevenir futuros acidentes no trabalho e por alertar aos
empregados como proceder quando a situação houver fatores de riscos e assim eliminar a
ocorrência de novos acidentes.

Segundo Monteau (1977) “O método da árvore de causas, é o


instrumento de investigação preconizado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Esse método baseia-se na Teoria de
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Sistemas, sendo o acidente considerado como um sinal de disfunção do


sistema. É representada sob forma de diagrama”.

Fundamenta-se a investigação de forma concisa, direta e objetiva e detalha-se dos fatos


envolvidos na ocorrência do acidente de trabalho a partir do exercício que o empregado
estava efetuando ao cometer ou ser cometido pelo acidente, identificando todos os fatos,
denominados “fatores antecedente”.
Para que o acidente de trabalho seja registrado, de acordo com GROTT (2003):

“... é necessária a ocorrência de, pelo menos, uma variação em relação


à situação habitual de trabalho, e esse método estabelece que se
reconstitua a história do acidente a partir da identificação das variações
e dos fatores antecedentes”.

Conforme o método da "árvore de causas" compreende-se que o trabalho constitui a


atividade que, por sua vez, é decomposta em quatro elementos: o indivíduo, a tarefa, o
material e o meio de trabalho.
Logo, a investigação de todo e qualquer acidente de trabalho consiste, então, na
identificação de todas as ocorrências em cada um dos quatro elementos.

4. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

Conforme a publicação do Ministério da Previdência Social em conjunto com o


Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontou no Anuário Estatístico de Acidentes de
Trabalho de 2006 que, “o registro de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais
graves que provocam o afastamento do trabalhador por mais de 15 dias, diminuiu de 2004
para 2006”. Diante desse fato, demonstram-se os índices dos acidentes de trabalho no
Brasil.

4.1. O perfil do acidente de trabalho no Brasil.

É de suma importância abordar que houve um aumento significativo de trabalhadores


formais durante o período de 2004 a 2007, ou seja, há quatro anos que algumas
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organizações vêm tentando buscar a excelência e a redução dos casos de acidente e doenças
ocupacionais demonstrando assim, um esforço pela melhoria contínua com sua
administração e preocupação com seus empregados. Infelizmente pode-se perceber que
ainda falta uma consciência global de tantas outras empresas.
O anuário revela que os afastamentos por mais de 15 dias caíram 19,35%, os casos de
incapacidade permanente diminuíram 35,08% e os óbitos, 4,3%.
Apesar das quedas nestes índices, o documento indica que os casos que exigem apenas
assistência médica ao trabalhador aumentaram 22,47% entre 2004 e 2007.
O Secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer (2007) explana
“que o aumento se deve ao fato da comunicação mais efetiva por parte das empresas com
relação a acidentes e doenças do trabalho”.
O maior número de acidentes e doenças do trabalho foi apontado nas Regiões Sudeste
e Sul, onde se reúne a maior quantidade de trabalhadores formais no Brasil, conforme o
boletim eletrônico nº 17042006 divulgado em dezembro de 2007.
Os setores que lideram com maior registro de acidentes e doenças ocupacionais, são os
de logística e construção civil no Brasil, seguido do comércio e serviço, que possui 1/3
desses acidentes de trabalho foram danos nas mãos e nos punhos, provocados por
esmagamento, queimaduras ou cortes.
Percebe-se que há máquinas obsoletas e inseguras para o manejo nestas áreas, além da
falta de capacitação para os processos de trabalho. Os trabalhadores na faixa etária entre 25
e 29 anos respondem pelo maior número de acidentes de trabalho, especialmente os do sexo
masculino.
Apesar da redução dos casos de acidente e doenças ocupacionais no Brasil ainda
acontecem aproximadamente 410 mil acidentes de trabalho por ano, que matam 3 mil
brasileiros, em média oito trabalhadores por dia e custam cerca de R$ 32 bilhões ao país,
conforme registros no Ministério do Trabalho.
As pesquisas estatísticas do Ministério só consideram “os trabalhadores da economia
formal que têm carteira assinada e pagam o INSS”. Esta conta, entretanto, é muito maior do
que apontam os registros do Ministério da Previdência Social, pois deixam de fora
aproximadamente 40 milhões de pessoas que não contribuem para a previdência, são os
chamados trabalhadores da economia informal.
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Os números são exorbitantes, mas, infelizmente, retratam o descuido de boa parte do


empresariado com as normas de segurança e com seus funcionários e também a inoperância
do Governo em organizar políticas verdadeiramente eficazes no sentido de com suas
fiscalizações ostensivas, forçarem os empresários a cumprirem leis e normas já existentes
no País, buscando evitar que milhares de trabalhadores sofram acidentes; adquiriram em
suas funções doenças com as quais terão de conviver pelo resto de seus dias ou até mesmo
pereçam com acidentes que os levem a morte.

4.2. Investimentos empresariais em prevenção de acidentes.

Infelizmente muitos dirigentes de grandes, médias e pequenas empresas não entendem


a prática da prevenção e como um investimento é rentável, pois esta a ferramenta é a mais
importante para evitar a incapacitação de milhares de trabalhadores. Enquanto este quadro
não mudar será difícil conseguir reduzir o número de acidentes de trabalho.
Como forma de minimizar os efeitos nocivos que a própria rotina de trabalho e
algumas profissões ocasionam, é necessário que haja algumas mudanças. Já é comum em
muitas empresas a prática da ginástica laboral, que previne contra a LER. Muitas outras
oferecem momento de descontração no horário do almoço e palestras sobre qualidade de
vida, que comprovam a melhoria da produtividade do trabalhador.
Na opinião do médico Gutemberg Fialho, Especialista em Medicina do Trabalho, relata
em seu artigo que “... as empresas não consideram rentável investir na segurança do
trabalho porque após o 15º dia de afastamento quem garante o salário do acidentado é a
Previdência Social”. Concorda-se que ele propõe uma mudança que revolucionaria o setor e
que mudaria a legislação e obrigaria os empregadores a pagarem todos os custos dos
acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, no caso de negligência da empresa.
“A partir do momento em que o empresário sentir no bolso os custos dos acidentes, ele vai
se preocupar em investir em prevenção e saúde ocupacional”, afirma Fialho. É uma idéia
para ser debatida por empregados, empregadores e governo.

4.3. A importância da intervenção de forma tripartite.


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Além de diligenciar para que se realize de forma democrática toda o sistema de análise
para revisão ou criação de normas relacionadas a saúde do trabalhador, a CTPP também
gerencia a meta "trabalho é vida" do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade.
Destacam-se abaixo alguns projetos em discussão:

4.3.1. Revisão e reconstrução do Modelo de Organização de Sistema Integrado de


Segurança e Saúde no Trabalho.

• Analisar o conteúdo e a forma efetiva do atual modelo de organização e legislação


em SST;
• Discutir abertamente e negociar um novo modelo de SAT;
• Debater sobre Código Nacional de Saúde do Trabalhador;
• Avaliar os princípios, responsabilidades, diretrizes e papéis dos diversos atores
sociais que objetiva a definição de um novo modelo estrutural.

4.3.2. Potencialização das políticas em saúde e segurança no trabalho.

• Aprimorar a atenção ao trabalhador acidentado e/ou portador de doenças


profissionais;
• Articular as ações governamentais dos ministérios da Saúde, Previdência, Trabalho
e Meio Ambiente visando unificar as ações e legislação pertinentes;
• Aperfeiçoar a inspeção nos locais de trabalho;
• Melhorar os sistemas de atendimento à saúde e reabilitação.
• Programar campanhas de esclarecimento às famílias dos acidentados sobre seus
direitos;

4.3.3. Implementação de sistema Integrado de Gestão em Saúde e Segurança no Trabalho:

• Negociar cláusulas compensatórias aos acidentados em convenções e acordos


coletivos;
• Apresentar o tema da segurança e saúde em todas as negociações coletivas;
• Criar e implantar um programa nacional articulado de campanhas;
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• Incluir nos currículos formais profissionalizantes e programas de qualificação e


requalificação profissional, conteúdos básicos relacionados à Segurança, Saúde e
Meio Ambiente;
• Realizar eventos e cursos nacionais, regionais e locais relacionados à SST;
• Negociar planos de ação para redução de acidentes e mortes nos setores prioritários.

4.3.4. Aperfeiçoamento e Organização de Sistema Integrado de informação e de Pesquisa


de interesse da área:

• Apontar os setores prioritários e fazer diagnósticos para guiar as ações posteriores;


• Criar banco de dados de pesquisas sobre SST;
• Padronizar os indicadores;
• Aperfeiçoar os bancos de dados e criar sistema integrado de informações à
sociedade em geral;
• Identificar de modelos nacionais e internacionais bem-sucedidos na prevenção e
eliminação de riscos;
• Definir e promover pesquisas para o controle e eliminação de riscos.

5. POLÍTICAS DIRIGIDAS À PREVENÇÃO

Para que se possam construir suportes essenciais à modificação das condições


insalubres e fortalecer a noção de que saúde não se vende e nem se delega, devemos
construir uma política dirigida à prevenção no sentido de:

a) Criar normas comuns a fim de igualá-las aos mesmos procedimentos já adotados na


União Européia, incentivando a elaboração de projetos de cooperação entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento, pois visa aproximação do primeiro e do terceiro
mundo possibilitando melhorias nas condições de trabalho nos países cooperantes.
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b) Proporcionar intercâmbio entre profissionais capacitados e os recursos humanos nos


diferentes campos do conhecimento para que a pró-atividade seja uma constante na
organização;

c) Criar e estabelecer estratégias conjuntas de ações sindicais, contratos, metas e


instrumentos de intervenção às negociações, etc, para a melhoria das condições de trabalho,
saúde e do meio ambiente, como também para a defesa do empregado, reforçando a
democracia nos locais de trabalho e a formação de agentes de intervenção, como os
cipeiros, membros de comissão de fábrica e delegados sindicais.

Analisa-se o que está ocorrendo na máquina do Estado, não há sinais de que existe
prioridade por parte do governo federal no que se refere ao MS, pois, com as questões que
envolvem a saúde dos trabalhadores, se observa o principal objetivo setorial desse
Ministério e as áreas de financiamento de pesquisas por ele mais contempladas. No caso do
MTE, recente polêmica colocou frente a frente duas instâncias a ele vinculadas, o DSST e a
Fundacentro, que atuam na saúde e segurança do trabalho e estavam “disputando” poucos
recursos do Plano Plurianual 2004-2007. Quanto ao MPS, também se preocupa com a
estratégia de “apostar todas as fichas” no chamado “Perfil Profissiográfico
Previdenciário” (PPP), cuja lógica operacional pode incorporar o “espírito” das Ordens de
Serviço emanado do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e que contribuem de
maneira visível para a descaracterização de nexos entre agravos no trabalho, possibilitando
a negação de benefícios acidentários por parte da Perícia do INSS e a maquiagem, para
menos, das estatísticas de doenças profissionais, nas quais as Lesões por Esforços
Repetitivos (Ler) eram cada vez mais prevalentes. Daí a necessidade de revogação da
Ordem de Serviço (INSS número 606), reivindicada pelos militantes.

Assim, entende-se que os males aqui apontados na atuação dos órgãos de governo que
atuam na saúde dos trabalhadores devem ser enfrentados tendo como referência as
diretrizes e princípios do SUS, os quais deverão nortear uma verdadeira Política de Estado
voltada para a intervenção no campo das relações de Trabalho/Saúde, ou seja, permitir o
acesso a toda a cidadania, possibilitando a integralidade das ações tanto de caráter curativo,
como preventivo, individual ou coletivo. Buscar a eqüidade nas ações e, desenvolver ao
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máximo os canais de participação da sociedade organizada na perspectiva de valorizar os


espaços de controle social das ações de Estado.
É do SUS o papel principal na coordenação das políticas nesse campo, as quais têm
caráter eminentemente intersetorial, atuando como a instância de articulação das várias
estruturas do Estado e que desenvolvem as atividades que devem compor de maneira
integrada ações em Saúde do Trabalhador. Neste sentido, a intervenção sobre os processos,
condições e ambientes de trabalho visa o controle de riscos e danos e está calcada na
perspectiva da Vigilância em Saúde do Trabalhador, a partir de uma abordagem
epidemiológica e coletiva, considerando o conhecimento do território no qual se situa o
parque produtivo.
Conforme ressalta NOGUEIRA (2007 ),

“As necessidades de saúde da população que nele habita e trabalha


suas instâncias de representação social e política. O mesmo rumo deve
nortear as ações de assistência à saúde dos trabalhadores, seja na rede
básica, seja nos níveis hierarquicamente mais altos do SUS”.

Trata-se, portanto, de incluir a temática da Saúde do Trabalhador na agenda de


compromissos nacionais, e possivelmente internacionais, dentro dos marcos da
globalização não excluso e do desenvolvimento sustentável, na perspectiva da soberania
dos anseios do povo brasileiro.

6. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

Constata-se que existe uma abordagem limitada quando se trata das questões relativas
ao meio ambiente do trabalho, pois sofrem conseqüências semelhantes às situações de risco
e os impactos ambientais decorrentes dos processos produtivos, pois comprometem o
conjunto dos trabalhadores e as coletividades vizinhas, tendo seus custos transferidos para a
sociedade. Nesse processo, o trabalhador é a principal vítima das conseqüências negativas
da deterioração do meio ambiente interno e externo, sofrendo uma tripla agressão:
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1) Como trabalhador, ao ocupar uma função na produção ou na prestação de serviços,


através da exposição a métodos de trabalho e substâncias agressivas que
contaminam o interior das indústrias com maior intensidade em função de seu grau
de concentração mais elevado nos próprios locais de trabalho.

2) Como cidadão, pela contaminação do solo, água e ar, especialmente se residir, nas
proximidades da indústria ou das rotas de transporte dos materiais produzidos ou
utilizados na produção.

3) Como consumidor, ao utilizar-se de uma série de produtos e serviços dos quais


desconhece as possibilidades tóxicas.

É natural admitir que o homem passasse a integrar plenamente o meio ambiente do


trabalho no caminho para o desenvolvimento sustentável preconizado pela nova ordem
ambiental mundial. Segundo ANDRADE (2004), “Entende-se que o meio ambiente do
trabalho é um conjunto de fatores que interligados estão presentes e envolvem o local de
trabalho do indivíduo”. Diante disto, pode-se afirmar que o meio ambiente do trabalho deve
ser considerado como bem a ser protegido pelas legislações para que o trabalhador possa
usufruir de uma melhor qualidade de vida.
Como ainda explica ANDRADE (2004):

“A defesa do meio ambiente incorporou-se definitivamente como uma


das principais reivindicações dos movimentos sociais no Brasil e no
mundo. Tradicionalmente classificado em quatro espécies distintas,
quais sejam, meio ambiente natural, artificial, cultural e laboral”

É o Ministério Público do Trabalho que possui a responsabilidade de zelar pela defesa


da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis referentes à última.
Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo, no Curso de Direito Ambiental Brasileiro
(2003, p. 22/23), o meio ambiente do trabalho também é definido como:

“... local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais,


remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do
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meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade


físico-psíquica dos trabalhadores, independente da condição que
ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade,
celetistas, servidores públicos, autônomos etc)”.

6.1. As Papel das Instituições do meio ambiente do trabalho

No âmbito das repartições públicas federais, estaduais e municipais o papel é zelar pela
proteção e fazer da saúde no ambiente de trabalho a melhor qualidade possível do meio
ambiente. Vários órgãos apresentam uma defasagem estrutural, ou na ausência de materiais
ou de pessoal capacitado. Em outros casos, o problema é de ordem política, quando há
pressões empresariais ou das opções políticas dos governos estaduais e municipais. Outras
vezes, o problema é no campo normativo, quando a própria lei restringe o alcance da
intervenção dos órgãos ou prevê multas irrisórias para os infratores da lei. Segundo
ARAÚJO (2003), “A burocratização excessiva constitui outro obstáculo, pois tira a
agilidade da maioria das instituições públicas, tornando sua ação muito morosa”. Fazer com
que estas instituições resolvam seus problemas relacionados a condições de trabalho e meio
ambiente, constitui um direito de cidadania. Fiscalizar a veracidade e competência com que
esses órgãos cumprem seu papel, mais do que um direito, constitui obrigação da sociedade
civil organizada.

6.2. Previsão Constitucional para o meio ambiente do trabalho

Na proteção ao meio ambiente prevista na Constituição Federal, insere-se também o


meio ambiente do trabalho, pois como afirma FIORILLO (2003):

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para os presentes e futuras gerações”

Além de competir ao sistema único de saúde “colaborar na proteção ao meio ambiente,


nele compreendido o do trabalho” (artigos 200, VIII e 225). Além disso, a Carta Magna
estabelece expressamente como direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a “redução
dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (artigo
7º, XXII).
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Também constam no Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
atribuições, nos termos da lei: (…) E no inciso. VIII - colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Laura Martins Maia de Andrade esclarece que:

‘’Deduzimos, pois, que na proteção do meio ambiente do trabalho é


de rigor observar o contido no art. 7º, inciso XXII, que determina a
redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança, coibindo-se, desta forma, a degradação das
condições ambientais, desde que efetivamente observado o quanto
resta estabelecido tanto na Consolidação das Leis do Trabalho, como
na Portaria n. 3.214/1978, do Ministério do Trabalho, e, também, nas
Constituições e leis estaduais e municipais, além, das convenções e
acordos coletivos do trabalho, no que respeita à preservação da saúde
dos trabalhadores. É direito fundamental de a pessoa humana ter
assegurada sua vida (art. 5°, caput, da CF) e saúde (art. 6°, da CF), no
meio em que desenvolve suas atividades laborais’’.

6.3 Postura do Ministério Público perante o acidente de trabalho

O objetivo principal da atuação do MPT é prevenir para dar reais condições de saúde e
segurança no trabalho. O Ministério Público age a partir do recebimento de denúncia ou ao
ter notícia de que as normas de saúde e segurança não estão sendo respeitadas.
A garantia de um meio ambiente de trabalho seguro e saudável está entre as prioridades
de atuação do Ministério Público do Trabalho. Em sua atuação nessa área, baseia-se no
conceito de saúde e segurança elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nas
normas da Organização Internacional do Trabalho, na Constituição Federal, na CLT, bem
como nas portarias e normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego.
Sua ação visa prevenir a ocorrência de acidentes do trabalho ou doenças profissionais.
O MPT adota todas as providências necessárias para afastar ou minimizar os riscos à saúde
e à integridade física dos trabalhadores, obrigando o cumprimento das normas referentes ao
meio ambiente de trabalho.
A função institucional do Ministério Público do Trabalho é Promover a ação civil
pública, o inquérito civil e outros procedimentos administrativos para a proteção do
patrimônio público e social; do meio ambiente do trabalho; dos interesses difusos, coletivos
e individuais homogêneos, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente
garantidos.
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Conforme a Constituição Federal de 1988 “... também se põe ao auxílio quando dispõe
que é direito de todos terem um meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este um
bem de uso comum do povo”. Percebe-se a preocupação com a qualidade de vida e com o
dever do Poder Público da coletividade de proteger as gerações presentes e futuras.
Entre os ramos do direito, afirma-se que o direito tributário possui um instrumento
eficaz para o Estado intervir na política ambiental. Isso pode e devem ocorrer com
incentivos fiscais a tecnologias, atividades e produtos desenvolvidos de maneira
ecologicamente corretos, como assegura ANDRADE (2004):

“O Estado deve se comprometer em estimular para que um maior


número de pessoas e empresas utilize estes produtos, aplicando
diferenciação de alíquotas conforme a seletividade e essencialidade
dos produtos e atividades que contribuam com a preservação
ambiental”.

7. MEIOS DE INCENTIVO À PRESERVAÇÃO E PROTEÇÃO DO MEIO


AMBIENTE DE TRABALHO

O estudo de impacto ambiental, a educação ambiental, áreas de proteção ambiental,


reserva legal, projetos ecológicos, planos direção ecológica, aterros sanitários, reciclagem
do lixo, tratamento de esgoto, e outros tantos, são meios de incentivo à preservação do meio
ambiente do trabalho e dos colaboradores.
Estimular as pessoas físicas e jurídicas a agirem de modo ecologicamente correto. É
responsabilidade do Poder Público que tem o papel constitucional estabelecido para impor
os meios de incentivos ao meio ambiente.
Aplicadas em sua maioria, as ações estatais em torno da proteção ao meio ambiente
consistem em sancionar, com a previsão de aplicação de multas entre outras sanções
administrativas e penais.
No ponto de vista ambiental é necessário haver incentivos que atinjam o
comprometimento dos trabalhadores em toda a cadeia produtiva, com intuito de estabelecer
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o desenvolvimento de produtos, atividades e tecnologias consideradas ecologicamente


corretas. Segundo ARAÚJO (2003),

“Um dos mais importantes incentivos à proteção do meio


ambiente pode partir de instrumentos econômicos e tributários
voltados para as políticas ambientais, que possam influenciar de
maneira decisiva na mudança de comportamento dos agentes
poluidores”.

Comprova-se claramente que o meio ambiente é um bem jurídico-constitucional


elevado ao caráter de direito fundamental, visto que garante a sobrevivência da vida no
planeta. Diante do exposto, é inegável que a conscientização ambiental deve atingir a todos,
principalmente ao Poder Público, que tem o dever constitucional estabelecida em promover
políticas de incentivos ambientais.
Ainda complementa ARAÚJO (2003) que “... pode-se alcançar esse fim através do uso
de impostos, já que nesse caso, o maior objetivo não é a obtenção de receitas para o Estado,
e sim a proteção efetiva a um bem inestimável para a sobrevivência humana”. Nesta
dimensão, acredita-se que o mecanismo mais eficiente que o Poder Público tem para
intervir na preservação do meio ambiente é por intermédio da tributação ambiental.
E, dentre os tributos o de maior abrangência é o ICMS, que caminha por toda a cadeia
produtiva, e deve ser explorado ambientalmente na sua função fiscal, com incentivo à
prática de comportamentos ecologicamente corretos.
O uso do ICMS com priorização ambiental é o que vem sendo realizado naqueles
Estados que destinaram uma parcela da sua quota-parte do ICMS para atender fins
ecológicos, como forma do Poder Público cumprir com seu dever de preservação do meio
ambiente.
No entanto, esse denominado ICMS Ecológico, na forma como é usado hoje, deve ter
seu conceito ampliado, com objetivo de atingir um número maior de pessoas, com
contribuição mais ampla para o meio ambiente.
Esse incentivo fiscal poderá fazer com que a população, de modo geral, priorize a
utilização e o consumo dos produtos ecologicamente corretos, em detrimento de outros que
agridem o meio ambiente.
Afirma ainda ARAÚJO (2003) que:
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“desta maneira, que a extra fiscalidade tributária do ICMS é um


importante instrumento para fomentar o desenvolvimento de um meio
ambiente saudável, com respeito à sadia qualidade de vida para os
presentes e futuras gerações”.

São os resultados de fatores sociais que permitiram até mesmo impulsionam a


realidade sob forma jurídica, pois concretiza o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
de forma explícita mostra a sua relevância para o desenvolvimento das relações sociais.
Na doutrina, a valoração dogmática desse direito não é uniforme. Como considera
FIORILLO (2003), “... o direito da personalidade e, simultaneamente, como um direito é
uma garantia constitucional”, ou seja, direito fundamental na visão constitucional de 1988 e
direito de personalidade, na perspectiva do Direito Privado. Outros o reputam,
simultaneamente, como um direito e princípio, ou, ainda, encarnação de direito humano ou
de direito subjetivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
O meio ambiente de trabalho adequado é um dos mais importantes direitos do
cidadão trabalhador, cujo desrespeito agride a toda a sociedade que finalmente paga para a
previdência social. E para se prevení-lo, se faz necessária uma atuação conjunta dos meios
de fiscalização do Ministério do Trabalho e do SUS, incluídos neste os Centros de
Referência de Saúde do Trabalhador, que na prática têm prestado prontos e relevantes
serviços nessa tarefa que é de todos. Todas essas posições têm em comum a inclusão da
proteção ambiental no plano mais elevado do caderno de direitos reconhecido do cidadão.

CONCLUSÃO

A prevenção ao acidente de trabalho consta obrigatoriamente nas normas de


segurança, saúde e meio ambiente e precisa ser eficaz para a atuação integrada dos
principais atores sociais: empregados e empregadores, por meio de seus legítimos
representantes de órgãos públicos para que se faça cumprir a legislação vigente. Logo, é de
suma importância que haja interação e legitimidade nas tomadas de decisões e ações
prevencionistas de todos os órgãos envolvidos no processo.
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A lei é clara e espera-se que com estas reflexões despertem interesse para os
assegurados e empresários com o objetivo de sensibilizar a todos quanto à necessidade de
se prevenir os acidentes do trabalho, melhorar a segurança dos trabalhadores, assegurar
saúde e conservação do meio ambiente de trabalho, pois acontece que muitos irmãos
brasileiros, labutando pelo sustento diário, continuarão perdendo suas vidas ou tornando-se
inválidos da Previdência Social.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Laura Martins Maia de. Meio ambiente do trabalho e a ação civil publica
trabalhista. São Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 2003, pgs. 143-44.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Ed. Lumen Juris, 7.°ed.
ver. ampl. Atual, 2004.

ARAÚJO, Claúdia Campos de; FERREIRA, Maria Isabel Reis; SANTOS, Simone
Marques dos. Meio ambiente e sistema tributário: novas perspectivas. São Paulo: Editora
SENAC São Paulo, 2003.

BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 4ª ed. São
Paulo: Ed. Saraiva, 2003.

GROTT, João Manoel. Meio Ambiente do Trabalho, Prevenção e Salvaguarda do


Trabalhador. Curitiba: Juruá Editora, 1.ªed., 2.ª tiragem, 2003.

NOGUEIRA, Sandro D’Amato. Direito Ambiental – Coleção Estudos Direcionados. São


Paulo: Editora Saraiva, 2007.
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VADEMECUM, 6.ª ed., Editora RIDEEL, 2007.

Sites Consultados:

www.bndes.gov.br/conhecimento/revista, acesso em 06 de julho de 2008 às 16:45 h.


http://www.previdenciasocial.gov.br/anuarios, acesso em 07 de julho de 2008 às 20:00 h.
http://www.fundacentro.gov.br, acesso em 07 de julho de 2008 às 17:15 h.
http://www.pgt.mpt.gov.br/pgtgc/, acesso em 07 de julho de 2008 às 19:20 h.

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