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TÉCNICAS DE MELODIA - POR TURI COLLURA

A CORRELAÇÃO ESCALA/ACORDE E A IMPROVISAÇÃO


HORIZONTAL (SEGUNDA PARTE).

Na edição passada da revista comecei a falar da correlação escala/acorde


(improvisação horizontal) e discuti para que e como utilizar esse conceito na
improvisação melódica. Nesta edição falarei da possibilidade de adicionar alguns
cromatismos às escalas de base. O Exemplo 1 mostra uma frase linear, baseada
na escala de C maior, que resolve de forma coerente no terceiro grau do acorde de Dó.

Exemplo 1

Se a frase do exemplo acima começasse por uma outra nota, como seria possível, ao
chegar ao C7M, continuar resolvendo no terceiro grau desse acorde? O Exemplo 2 e os
seguintes mostram algumas possibilidades:

Exemplo 2

A inserção da nota láb permitiu ganhar uma colcheia de tempo para chegar à nota mi no
tempo forte. O leitor que acompanhou os artigos sobre as escalas be-bop lembrará que
a escala do Exemplo 2 é a Jônica be-bop. Outra solução poderia ser a oferecida pelo
Exemplo 3:

Exemplo 3

Com o auxílio das notas de abordagem diatônico-cromática (apresentadas na edição n°


122 da revista), resolvemos o problema de chegar “no ponto certo, na hora certa”. O
Exemplo 4 mostra outros exemplos em que a inserção de um cromatismo se torna útil:

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Exemplo 4

Uma das dificuldades, ao nos basearmos nas escalas para improvisar, é que essas são
compostas por sete notas, enquanto os grupos de notas por compasso que estamos
acostumados a tocar são pares (2,4,8, etc.). Isso cria uma certa assimetria nas frases.
O Exemplo 5 usa só as notas da escala: depois de dois grupos de colcheias, a nota de
chegada não é a de partida.

Exemplo 5

A introdução de um cromatismo resolve esse problema: o Exemplo 6 mostra como a


nota de partida e a de chegada coincidem. Além de útil para a resolução, me parece
que o uso do cromatismo torna a escala mais interessante, do ponto de vista musical.

Exemplo 6

Nos exemplos acima usamos cromatismos isolados para regular a chegada


sobre uma nota específica, em um determinado momento ou em um
determinado acorde.
Podemos, também, pensar em usar grupos de cromatismos (criando um
verdadeiro desvio na relação escala/acorde). É o que acontece no Exemplo 7:
as primeiras duas notas estão em relação de terça menor. A partir daí, podemos
criar uma frase baseada nesse intervalo. Veja o exemplo:

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Exemplo 7

O exemplo 8 mostra um exemplo baseado em intervalos de terças maiores.

Exemplo 8

Por fim, o exemplo 9 mostra uma frase muito interessante, em que qualquer
correlação escala/acorde está perdida. O que se torna interessante ao nosso
ouvido é a coerência da frase por si mesma. Veja:

Exemplo 9

TURI COLLURA é pianista e compositor, professor da


EM&T de Vitória. É autor do método “Improvisação:
Práticas Criativas para a Composição Melódica na Música
Popular”. Gravou recentemente seu CD “Interferências”,
com composições e arranjos próprios. www.turicollura.com

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