A depleção de dopamina induz uma série de mudanças no circuito motor dos
gânglios da base que fundamentam a origem das características cardinais da doença de Parkinson. Foi agora estabelecido que a hiperatividade do núcleo subtalâmico (STN) é uma característica essencial do estado parkinsoniano. Isso leva ao aumento da condução excitatória para o globus pallidum internum (GPi) e substantia nigra reticulata (SNr), que, por sua vez, superinibem as projeções motoras do tálamo e do tronco cerebral.
Do ponto de vista fisiopatológico ocorre uma redução na atividade dopaminérgica no
nível do estriado. Isto ocorre porque há uma degeneração dos neurônios pigmentados da substância negra do mesencéfalo que se projetam para o corpo estriado, estrutura dos núcleos da base constituída pelo núcleo caudado e putâmen. Estes neurônios produzem dopamina que é liberada na sinapse. O neurônio pós- sináptico, por sua vez, projeta-se para o globo pálido, outra estrutura dos núcleos da base1 . Este neurônio do estriado é do tipo espiculado ou espinhoso e de tamanho médio. Nele estão localizados os receptores dopaminérgicos. A razão porque ocorre a degeneração do neurônio dopaminérgico ainda permanece desconhecida, mas o tratamento dos sintomas da doença pode ser, ao menos parcialmente, bem sucedido se fizermos a restauração da atividade dopaminérgica estriatal.
Referência :
Pathophysiologic basis of surgery for Parkinson's disease
Agonistas Dopaminérgicos no tratamento da Doença de Parkinson
ESQUIZOFRENIA
A hipótese de hiperfunção dopaminérgica continua sendo o modelo neuroquímico
mais aceito para explicar a esquizofrenia.As duas principais fontes de evidência sustentando essa hipótese são:
1. a anfetamina (agente que induz liberação de dopamina e se liga aos receptores
D2 ) induz quadros psicóticos;
2. o mecanismo de ação das drogas antipsicóticas está ligado ao bloqueio de
receptores D2 de dopamina.
A anfetamina não induz sintomas negativos, portanto imagina-se que a hiperfunção
do sistema dopaminérgico está mais ligada aos sintomas positivos. Além do mais, os antipsicóticos são mais efetivos para tratar sintomas positivos do que para sintomas negativos.
Alguns estudos demonstraram um maior aumento da liberação de dopamina após
administração de anfetamina em pacientes esquizofrênicos quando comparados a pacientes que não apresentavam a doença, primeira evidência in vivo de desregulação de neurônios dopaminérgicos na esquizofrenia. Essas observações constituem a base da hipótese segundo a qual alterações nos níveis de dopamina seriam responsáveis pelos sintomas observados na esquizofrenia. Numa formulação mais recente, uma hipofunção dopaminérgica no córtex pré-frontal seria responsável pelos sintomas negativos e um evento primário na esquizofrenia, levando a uma hiperfunção dopaminérgica secundária no estriado, o que, por sua vez, levaria ao surgimento dos sintomas positivos.
Referências:
Fisiopatologia da esquizofrenia: aspectos atuais
Neuroimagem de receptores D2 de dopamina na esquizofrenia