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O nitrogênio orgânico que toma parte no tecido de uma planta pode ser
incorporado em tecidos animais pelo processo nutricional destes. A morte, seguida de
decomposição, de animais e vegetais e, principalmente, as transformações sofridas pelos
compostos orgânicos presentes nos esgotos, levam à formação de nitrogênio amoniacal nas
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águas, nas formas de amônia gasosa (NH 3) ou do íon amônio (+ NH4 ). Nas águas, o processo
de oxidação biológica sofrida pela amônia, que é convertida a nitrito ( NO −2 ) por um grupo de
Como visto, o nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas de
nitrogênio orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras chamam-se formas reduzidas
e as duas últimas, formas oxidadas. Pode-se associar a idade da poluição com a relação entre as
formas de nitrogênio, ou seja, se for coletada uma amostra de água de um rio poluído e as
análises demonstrarem predominância das formas reduzidas significa que o foco de poluição se
encontra próximo; se prevalecer nitrito e nitrato, ao contrário, significa que as descargas de
esgotos se encontram distantes. Nas zonas de autodepuração natural em rios, distinguem-se as
presenças de nitrogênio orgânico na zona de degradação, a primeira zona de poluição que se
forma após o lançamento do esgoto, amoniacal na zona de decomposição ativa, na qual se
localiza o ponto de concentração mínima de oxigênio dissolvido nas águas, nitrito na zona de
recuperação e nitrato na zona de águas limpas.
A amônia é um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes, sendo que muitas
espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L. Além disso, como visto anteriormente, a
amônia provoca consumo de oxigênio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada
biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio. Por estes motivos, a concentração de
nitrogênio amoniacal é importante parâmetro de classificação das águas naturais e normalmente
é utilizada na composição de índices de qualidade das águas. Como a amônia gasosa
(molecular, NH3) é mais tóxica que o íon amônio (NH4+) e prevalece em faixa mais elevada de
pH, a Resolução 357 do CONAMA estabelece limites de amônia na água em função do valor do
pH. Por exemplo, para águas classe 1, o limite de amônia total é de 3,7 mg-N/L para pH ≤ 7,5;
2,0 mg-N/L para 7,5 < pH ≤ 8,0; 1,0 mg-N/L para 8,0 < pH ≤ 8,5 e 0,5 para pH > 8,5.
Este processo tem seu uso restrito devido à necessidade de grandes unidades
devido às baixas taxas de aplicação, o que resulta em custo elevado. Outro processo físico-
químico que pode ser empregado é a cloração ao “break-point”. As reações que ocorrem entre o
cloro e a amônia nas águas foram mostradas em capítulo anterior. Ocorre inicialmente a
formação das cloraminas (cloro combinado) que são destruídas em seguida à medida que se
aumentam as quantidades de cloro adicionadas. Após a destruição total das cloraminas, o cloro
adicionado a seguir se mantém como residual livre na água. A cloração ao “break-point”
também tem o seu uso limitado economicamente devido principalmente à necessidade de se
utilizar elevadas dosagens de cloro. Além disso, outras reações paralelas podem ocorrer,
dependendo da composição da água, decorrentes principalmente da ação oxidante do cloro.
O fósforo pode se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os fosfatos
orgânicos são a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas. Os ortofosfatos, por outro
lado, são representados pelos radicais PO 4-3, HPO4-2 e H2PO4-, que se combinam com cátions
formando sais inorgânicos nas águas. Os polifosfatos ou fosfatos condensados são polímeros de
ortofosfatos. No entanto, esta terceira forma não é muito importante nos estudos de controle de
qualidade das águas, porque os polifosfatos sofrem hidrólise, convertendo-se rapidamente em
ortofosfatos nas águas naturais.
3. O que é nitrificação? Que condições ambientais são necessárias para que ela ocorra?
5. O que é desnitrificação? Que ambiente é necessário para que ela ocorra? Qual o principal
benefício da desnitrificação em termos da qualidade das águas naturais?
Nitrito: ausente
11. Em um rio que tenha recebido descarga de esgoto sanitário, quais as relações esperadas
entre as formas predominantes de fósforo em locais próximos e bastante afastados do
ponto de lançamento?
1. APHA; AWWA; WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”.
American Public Health Association, 20th ed., Washington, 2000.
Fósforo
Nitrificação e desnitrificação
Nas águas, o processo de oxidação biológica sofrida pela amônia, que
é convertida a nitrito (NO2-) por um grupo de bactérias nitrificadoras
chamadas Nitrossomonas e, posteriormente, a nitrato (NO3-) por outro
grupo conhecido por Nitrobacter, chama-se nitrificação.
“Microrganismos autotróficos como as do gênero Nitrosomonas,
responsáveis pela passagem da amônia a nitrito (bactérias que oxidam
amônia - BOA), e do gênero Nitrobacter, responsáveis pela conversão
de nitrito a nitrato (bactérias que oxidam nitrito - BON), na presença
de oxigênio dissolvido (OD) e num intervalo de pH neutro a
levemente alcalino, são os principais responsáveis pelo processo de
nitrificação”, explica Fábio Campos.
O processo de desnitrificação ocorre em meio anóxico, isto é, na
ausência de oxigênio livre, em lodos de fundo de rios e lagos e de
unidades de separação de sólidos (decantadores) de estações de
tratamento de esgotos. Reatores anaeróbios são projetados com esta
função específica, pois a nitrificação (aeróbia) e a desnitrificação
(anóxica) levam ao controle efetivo dos problemas que os compostos
nitrogenados podem trazer às águas naturais.
“A desnitrificação utiliza, inicialmente, o material orgânico
rapidamente biodegradável e, do material lentamente biodegradável,
convertendo em CO2 e H2O. Assim, a desnitrificação pode diminuir o
consumo de O2 para a remoção de matéria orgânica na fase aeróbia,
além de devolver parte da alcalinidade do sistema que poderá ser
consumida pelo processo de nitrificação”.
“Há um consenso de que a configuração “c” é a mais eficiente, uma
vez que o nitrato formado no Tanque Aeróbio é recalcado numa vazão
de 1:1 até 1:4 para o Tanque Anóxico, que o utilizará como aceptor de
elétrons, ao consumir a matéria orgânica do afluente, gerando como
benefício a redução no consumo de OD e a produção de alcalinidade
para a etapa seguinte”, conclui ele.
Investir em saneamento deveria ser uma das prioridades governamentais,
pois, além dos benefícios ao próprio Estado, como a saúde da população, há a
redução dos recursos destinados a aplicação no tratamento de doenças de
veiculação hídrica, causados pelo não saneamento. Geralmente, o esgoto,
principalmente, doméstico tem concentrações de nitrogênio e fósforo, além de
outros nutrientes, isso ocorre em função da composição do efluente que é
basicamente orgânico. “Os esgotos domésticos provêm, principalmente, de
residências, edifícios comerciais, instituições ou quaisquer edificações que
contenham instalações de banheiros, lavanderias, cozinhas, ou qualquer
dispositivo de utilização da água para fins domésticos, tendo características
bem definidas. Compõem-se essencialmente da água de banho, urina, fezes,
papel, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem. No esgoto
doméstico bruto, as formas predominantes são o nitrogênio orgânico e a
amônia”, exemplifica o Profº especialista em engenharia de controle da
poluição ambiental e sanitária, Rodrigo de Freitas Bueno.
Para uma estação de tratamento de águas residuais, por exemplo, há várias
etapas na fase do processo até chegar à reutilização da mesma, como:
O tratamento preliminar: que é quando o esgoto é sujeito aos processos de
separação dos sólidos mais grosseiros tais como o gradeamento.
Tratamento primário: onde a matéria poluente é separada da água por
sedimentação nos sedimentadores primários.
Tratamento secundário: consiste num processo biológico, do tipo lodo
ativado ou do tipo filtro biológico, onde a matéria orgânica (poluente) é
consumida por microrganismos nos chamados reatores biológicos.
Tratamento terciário: antes do lançamento final no corpo receptor, é
necessário proceder à desinfecção das águas residuais tratadas para a
remoção dos organismos patogênicos ou, em casos especiais, a remoção de
determinados nutrientes, como o nitrogênio (azoto) e o fósforo, que podem
potenciar, isoladamente e/ou em conjunto, a eutrofização das águas
receptoras.
Remoção de nutrientes: Águas residuárias podem conter altos níveis de
nutrientes como nitrogênio e fósforo. A emissão em excesso pode levar ao
acúmulo de nutrientes, fenômeno chamado de eutrofização, que encoraja o
crescimento excessivo (chamado bloom) de algas e cianobactérias (algas
azuis).
Desinfecção: das águas residuais tratadas objetiva a remoção dos
organismos patogênicos.
Para que serve a remoção de nutrientes
Destes processos citados, destacamos a remoção de nutrientes, que, como já dito,
são microrganismos e plantas aquáticas que se encontram em corpos receptores e se
proliferam, resultando na alteração da fauna e flora do corpo receptor.
Apesar de representar um problema de difícil solução, a presença de nutrientes podem
significar uma vantagem substancial para o reúso de água, especialmente, em
irrigação e piscicultura, pois são insumos necessários para o cultivo de plantas e de
animais aquáticos.
“A remoção não é um padrão, mas sim recomendável, principalmente, quando o corpo
receptor é um rio ou lagoa”, pontua o coordenador de soluções para tratamento de
água da BASF, Gustavo Henrique Fernandes.
O nitrogênio e o fósforo são nutrientes com baixa biodegradabilidade, por isso, é mais
difícil ter resultados satisfatórios no tratamento por meio de processos tradicionais.
O aumento da concentração desses nutrientes nos ecossistemas aquáticos têm como
conseqüência a transformação de um ambiente oligotrófico em eutrófico.
Portanto, não basta apenas reduzir matéria carbonácea, material em suspensão e
patógenos no tratamento de esgotos sanitários, é fundamental, também, a remoção
completa, que pode ser físico-químico ou biológicas.
“Em geral, no Brasil, o processo predominante é o biológico, visto que na legislação
ambiental vigente há a necessidade de remoção de nitrogênio. Além disso, o processo
biológico é mais barato”, explica o Doutor em química pela Escola Politécnica da USP,
Helvécio Carvalho de Sena.
As características físicas, químicas e biológicas do efluente industrial são variáveis
com o tipo de indústria, período de operação, matéria prima utilizada e com a
reutilização de água. Com isso, o efluente líquido pode ser solúvel ou com sólido em
suspensão, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico e com temperatura baixa
ou elevada. Entre as determinações mais comuns para caracterizar a massa líquida
estão as determinações:
Físicas (cor, turbidez e sólidos), Químicas (ph, alcalinidade, teor de matéria orgânica e
metais) e Biológicas (bactéria, protozoários e vírus).
Podem ser subdivididos em dois grandes grupos, processos aeróbios e anaeróbios.
Tem ampla aplicação nos sistemas de tratamento de efluentes pela sua simplicidade e
menor custo operacional. Contudo, a aplicação deste processo pode ter limitações
quando os efluentes apresentam em sua composição, poluentes recalcitrantes e/ou
poluentes que possam inibir a atividade da biomassa. Por consequência, os sistemas
de tratamento não alcançarão os níveis de remoção necessários para atender as
exigências e padrões de lançamento de efluentes.
Para o prof. Rodrigo de Freitas Bueno, hoje não se faz mais a comparação que havia
antes entre as vantagens do tratamento biológico e o físico-quimico, por exemplo.
“Observou-se uma tendência histórica em se comparar tais modalidades, enfatizando-
se vantagens e desvantagens de cada grupo, hoje é consenso o interesse em associá-
los, obtendo-se com isso importantes vantagens técnicas e econômicas com
diferentes aplicações tanto para o tratamento de esgoto doméstico como para
efluentes industriais”, analisa.
O conhecimento da vazão e da composição do efluente industrial possibilita a
determinação das cargas de poluição o que é necessário para definir qual o tipo de
tratamento aplicar podendo avaliar com maior precisão o enquadramento na legislação
ambiental – Conama -. Quantifica-se e caracteriza-se os efluentes para evitar danos
ambientais.
O especialista da Basf ressalta que o tipo de processo aplicado no tratamento de
esgoto depende diretamente do efluente que será tratado e a finalidade para esse
efluente e que há casos que deverá ser aplicado mais de um processo.
Nitrogênio
Pode haver diversas fontes de nitrogênio nas águas naturais, sendo elas: orgânico,
amoniacal, nitrito e nitrato. As duas primeiras são chamadas de formas reduzidas e as
duas últimas de formas oxidadas. Os compostos de nitrogênio são nutrientes para
processos biológicos. São tidos como macro nutrientes, isso porque, depois do
carbono, o nitrogênio é o elemento exigido em maior quantidade de células vivas.
Quando descarregados nas águas naturais conjuntamente com o fósforo e outros
nutrientes presentes nos despejos provocam o enriquecimento do meio tornando-o
mais fértil e possibilitam o crescimento em maior extensão dos seres vivos que os
utilizam, especialmente as algas, o que é chamado de eutrofização. Quando as
descargas de nutrientes são muito fortes, dá-se o florescimento muito intenso de
gêneros que predominam em cada situação em particular. Este crescimento
exagerado de populações de algas podem trazer prejuízos aos usos que se possam
fazer dessas águas, prejudicando seriamente o abastecimento público ou causando
poluição por morte e decomposição. O controle da eutrofização, através da redução do
aporte de nitrogênio, é comprometido pela multiplicidade de fontes, algumas muito
difíceis de serem controladas como a fixação do nitrogênio atmosférico, por parte de
alguns gêneros de algas. Por isso, deve-se investir preferencialmente no controle das
fontes de fósforo.
Fósforo
Responsável por problemas ambientais, como também a eutrofização de corpos
d’água receptores, o fósforo aparece em águas naturais devido, principalmente, às
descargas de esgotos sanitários. Alguns efluentes industriais, como os de indústrias
de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, etc., apresentam fósforo em
quantidades excessivas.
Pode se apresentar nas águas de três formas diferentes: os fosfatos orgânicos, os
ortofosfatos e os polifosfatos ou fosfatos condensados. No entanto, a terceira forma
não é relevante nos estudos de controle de qualidade das águas, porque os
polifosfatos sofrem hidrólise, convertendo-se rapidamente em ortofosfatos nas águas
naturais.
Também é chamado de macro nutrientes, pelo mesmo motivo do nitrogênio: ser
exigido e grande quantidade pelas células.
Remoção do fósforo
De acordo com o coordenador de soluções para tratamento de água da BASF,
Gustavo H. Fernandes, os sistemas de iodo ativado e anaeróbicos são muito usados
em tratamento de esgoto. E os processos físico-químicos, de forma geral, não são tão
eficientes para remoção de nitrogênio. No entanto, pode ser feita por precipitação
química, geralmente, com sais de ferro (ex. cloreto férrico) ou alumínio (ex. sulfato de
alumínio).
O lodo químico resultante é difícil de tratar e o uso dos produtos químicos torna-se
caro. Apesar disso, a remoção química de fósforo requer equipamentos muito
menores que os usados por remoção biológica.
Outra forma de remover o fósforo é a adição de um produto químico cloreto férrico ou
sulfato de alumínio, uma vez que, segundo Carvalho de Sena, o processo biológico do
fósforo é mais complexo e necessita de sistemas anaeróbios e aeróbios.
Nitrificação e desnitrificação
Nas águas, o processo de oxidação biológica sofrida pela amônia, que é convertida a
nitrito (NO2-) por um grupo de bactérias nitrificadoras chamadas Nitrossomonas e,
posteriormente, a nitrato (NO3-) por outro grupo conhecido por Nitrobacter, chama-se
nitrificação.
“Microrganismos autotróficos como as do gênero Nitrosomonas, responsáveis pela
passagem da amônia a nitrito (bactérias que oxidam amônia - BOA), e do gênero
Nitrobacter, responsáveis pela conversão de nitrito a nitrato (bactérias que oxidam
nitrito - BON), na presença de oxigênio dissolvido (OD) e num intervalo de pH neutro a
levemente alcalino, são os principais responsáveis pelo processo de nitrificação”,
explica Fábio Campos.
O processo de desnitrificação ocorre em meio anóxico, isto é, na ausência de oxigênio
livre, em lodos de fundo de rios e lagos e de unidades de separação de sólidos
(decantadores) de estações de tratamento de esgotos. Reatores anaeróbios são
projetados com esta função específica, pois a nitrificação (aeróbia) e a desnitrificação
(anóxica) levam ao controle efetivo dos problemas que os compostos nitrogenados
podem trazer às águas naturais.
“A desnitrificação utiliza, inicialmente, o material orgânico rapidamente biodegradável
e, do material lentamente biodegradável, convertendo em CO2 e H2O. Assim, a
desnitrificação pode diminuir o consumo de O2 para a remoção de matéria orgânica na
fase aeróbia, além de devolver parte da alcalinidade do sistema que poderá ser
consumida pelo processo de nitrificação”.
“Há um consenso de que a configuração “c” é a mais eficiente, uma vez que o nitrato
formado no Tanque Aeróbio é recalcado numa vazão de 1:1 até 1:4 para o Tanque
Anóxico, que o utilizará como aceptor de elétrons, ao consumir a matéria orgânica do
afluente, gerando como benefício a redução no consumo de OD e a produção de
alcalinidade para a etapa seguinte”, conclui ele.