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APOSTILA INTRODUTÓRIA
Sören Kierkegaard
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Definição de Ansiedade
Quando confrontado com o perigo, o cérebro envia sinais para uma seção do sistema
nervoso. Este sistema é o responsável pela adequação do corpo à execução de uma ação
e também o acalma e restaura o equilíbrio. Para realizar estas duas funções vitais, o
sistema nervoso autônomo tem duas subdivisões, o sistema nervoso simpático e o
sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso simpático é o que tendemos a
conhecer melhor, já que é o responsável por fazer nosso corpo funcionar a fim de agir,
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nos prepara para a reação de “luta ou fuga”. Já o sistema nervoso parassimpático é o que
amamos profundamente, pois ele atende como nosso sistema de recuperação, retornando
o corpo ao seu estado normal. Quando qualquer um desses sistemas é ativado, eles
estimulam todo o corpo, que tem um efeito de “tudo ou nada”. Isto explica o porquê do
indivíduo sofrer uma série de diferentes sensações pelo corpo quando um ataque de
pânico acontece.
O sistema simpático é responsável por liberar adrenalina a partir das glândulas adrenais
nos rins. Estas pequenas glândulas localizam-se logo acima dos rins. O que muitos não
sabem, entretanto, é que as glândulas adrenais também liberam adrenalina por conta
própria, funcionando como mensageiras químicas do corpo para que a atividade
continue. Quando um ataque de pânico tem início, este sistema não se desliga tão
facilmente quanto foi ligado. Até que estes mensageiros percorram o corpo todo, há
sempre um período de aparente aumento ou constância da ansiedade. Depois de um
período de tempo, o sistema nervoso parassimpático entra em ação. Seu papel é fazer
com que o corpo retorne ao seu funcionamento normal, uma vez que o perigo detectado
não exista mais. O sistema parassimpático é aquele que nos traz de volta a um estado de
calma e relaxamento.
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nosso corpo. O corpo humano parece ter infinitas maneiras de lidar com as mais
complicadas funções, sem que percebamos.
Mecanismos de Defesa
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Esse conflito produz ansiedade, descrita como ansiedade sinalizadora que sinaliza para
o ego que algum impulso inaceitável e amedrontador estão querendo se expressar, e
avisa da necessidade de um mecanismo de defesa que mantenha inconsciente esse
impulso.
Os mecanismos de defesa são, então, processos mentais utilizados pelo ego, no nível
inconsciente, contra as demandas instintivas do id. São definidos como mecanismos
psicológicos que mediam os desejos, necessidades e impulsos individuais de um lado, e
proibições e realidade externa no outro.
As defesas maduras são as defesas consideradas adaptativas, pois considera se que são
as defesas que conseguem maximizar a gratificação do impulso e permitem o
conhecimento consciente dos sentimentos, ideias e suas consequências, envolvendo um
balanço adequado entre manter a ideia e o afeto na mente, enquanto simultaneamente
atenua-se o conflito. Este nível de funcionamento defensivo indica uma adaptação mais
favorável no manejo de estressores.
São as defesas que têm um caráter transformador, uma vez que “fazem o melhor com
uma má situação”. Costuma surgir na adolescência, como consequência de um
desenvolvimento normal do indivíduo e são comuns em indivíduos adultos saudáveis, a
partir dos 12 anos de idade.
As defesas comumente classificadas dentro dessa categoria são as defesas: sublimação,
altruísmo, supressão, antecipação, humor, dentre outras.
Algumas pesquisas têm demonstrado que os mecanismos que um indivíduo utiliza para
manejar sentimentos ou impulsos intoleráveis e para lidar com os estressores, se
relacionam com o seu grau de maturidade e com o seu grau de saúde ou doença, bem
como de adaptação à vida adulta.
Resumo:
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objetivos de estudar os mecanismos de defesa e poder avaliar as associações desses com
níveis de maturidade, diagnósticos clínicos e outros fenômenos psicológicos.
O DSQ avalia 20 defesas, que são divididas em três grupos de fatores: maduro,
neurótico e imaturo. Quatro defesas correspondem ao fator maduro (sublimação, humor,
antecipação e supressão); quatro ao fator neurótico (anulação, pseudoaltruísmo,
idealização e formação reativa) e 12 defesas correspondem ao fator imaturo (projeção,
“agressão passiva”, atuação (acting out), isolamento, desvalorização, “fantasia
autística”, negação, deslocamento, dissociação, cisão, racionalização e somatização).
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padrões de defesa entre os grupos, verificou que pacientes com TP e Agorafobia
utilizavam taxas significativamente mais elevadas de deslocamento, formação reativa e
somatização do que os controles. Os pacientes com Fobia Social utilizavam mais
deslocamento e desvalorização e os com Transtorno Obsessivo-Compulsivo utilizavam
mais frequentemente anulação, projeção e acting-out como defesas predominantes.
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Em relação à alteração dos mecanismos antes e depois do tratamento com TCC, um
estudo utilizando o DSQ em pacientes com TOC, verificou que com a melhora após o
tratamento os pacientes utilizavam significativamente mais defesas adaptativas. Não
houve alteração significativa no uso das defesas imaturas. Os mecanismos de defesa em
pacientes com depressão maior antes e após a remissão dos sintomas e observaram que
havia uma diminuição no uso de defesas imaturas após a remissão dos sintomas, mas
nenhuma mudança nas defesas neuróticas e maduras em curto prazo. Em longo prazo,
evidenciou-se um aumento no uso de defesas maduras e declínio no uso de defesas
imaturas, permanecendo estáveis ao longo do tempo, no entanto, as defesas neuróticas
dos pacientes deprimidos. Esses estudos sugerem que os mecanismos de defesa podem
sofrer alterações ao longo do tratamento psiquiátrico, e que além do período de
diminuição dos sintomas parecem continuar acontecendo alterações benéficas no estilo
defensivo.
Além disso, algumas defesas podem ser características mais estáveis, enquanto outras
podem estar mais sujeitas a alterações, como as defesas imaturas, o que estaria de
acordo com o conceito de regressão temporária, que pode afetar os indivíduos em um
episódio de doença.
Utilizando o DSQ-40, um estudo com 31 pacientes hospitalizados deprimidos,
avaliando o uso de defesas na admissão e na alta dos pacientes, mostrou que por ocasião
da alta os pacientes usavam taxas maiores de defesas maduras, menores de defesas
imaturas e que as defesas neuróticas se mantinham estáveis.
Além disso, estudo realizado demonstrou que alguns aspectos do funcionamento
defensivo pareciam predizer a melhora em episódios depressivos.
Ansiedade ou medo?
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Por que sentimos ansiedade? Como surge? Em que momento da história evolutiva dos
seres humanos ela surgiu? Se ela persistiu como um padrão de comportamento até o
estágio atual do ser humano, que vantagens biológicas pode ter proporcionado à espécie
humana?
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diferentes ou são iguais? Essas dúvidas são realmente pertinentes, principalmente
quando se considera a história evolutiva desses dois padrões de emoção. Se
considerarmos o medo e a ansiedade a partir da perspectiva evolutiva instituída por
Charles Darwin, pode-se afirmar que ambos têm suas raízes nas reações de defesa dos
animais. Ou seja, estariam baseadas no instinto de sobrevivência que determina
estratégias de defesa contra perigos comumente encontrados no meio ambiente. Desta
forma, quando um animal é confrontado com uma ameaça ao seu bem-estar, à sua
integridade física ou à sua própria sobrevivência, ele apresenta um conjunto de
respostas comportamentais e neurovegetativas, que caracterizam a reação de medo.
Alguns exemplos das respostas comportamentais da reação de medo são: tremores,
taquicardia, sudorese, posturas corporais de defesa, dilatação das pupilas, etc.
Vejamos um exemplo: uma pessoa está andando por uma rua quando se depara com um
grande cachorro. O fato da presença do cachorro eliciar ou não uma reação de medo vai
depender da história de vida dessa pessoa e de sua constituição psicológica, embora o
cachorro realmente pudesse representar um perigo à sobrevivência, se considerássemos
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apenas a história biológica humana. E muitos são os padrões de resposta possíveis, que
variam de indivíduo para indivíduo: a pessoa pode paralisar de medo, sem nunca ter tido
uma experiência negativa com cachorros; a pessoa pode sentir muito medo, por já ter
tido experiências negativas com cachorros ou por ter se lembrado de outras pessoas que
vivenciaram experiências negativas; ou ainda, a pessoa pode não se importar e não
sentir medo, por ter contato freqüente com outros cachorros. A diferença de
comportamento vai depender - como já mencionado - da história de vida e de
características psicológicas individuais.
Embora exista ainda alguma discussão a respeito, e novas possíveis teorias estejam
sendo ainda desenvolvidas, de maneira geral, considera-se que as reações de MEDO
seriam evocadas em situações onde o perigo é considerado REAL. Ou seja, é uma
resposta a uma ameaça realmente existente, presente, definida. A ANSIEDADE, por sua
vez, embora apresente respostas comportamentais e neurofisiológicas muito
semelhantes às observadas nas reações de medo, seria evocada onde a ameaça ou o
perigo é apenas POTENCIAL. Ou seja, embora a ansiedade possua a qualidade
subjetiva do medo (sensação desconfortável, freqüentemente voltada para a dúvida de
que algo poderá ou não acontecer), o perigo ou a ameaça podem não ser reais,
concretos, iminentes. De forma geral, pode-se dizer que as reações de medo envolvem
uma certeza de perigo; o perigo está presente; não há dúvidas sobre sua existência; é
reconhecível. Já a ansiedade envolve uma possibilidade de perigo ou ameaça; o perigo
pode ou não estar presente, ou às vezes nem existir; é um perigo potencial; não
necessariamente é reconhecível. Para exemplificar em termos práticos, pense na
seguinte situação hipotética: Você está andando por uma rua quando uma pessoa
encapuzada e segurando uma arma caminha em sua direção. Nessa situação, o que você
sente: medo ou ansiedade? Muito provavelmente, sua resposta seja MEDO. A ameaça
está ali, ela é real, reconhecível, não há dúvidas sobre sua existência. Agora pense na
seguinte situação hipotética: Você está no trabalho quando é abordado por seu chefe,
que diz que quer que você se dirija à sala dele em 1 hora. O que você sente nessa
situação: medo ou ansiedade? Você pode acreditar que sente os dois, uma vez que a
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ansiedade possui a qualidade subjetiva do medo, mas é muito provável que, durante essa
1 hora, você fique extremamente ansioso. Pode ser que exista uma ameaça, ou seja, ela
é potencial, não é certa, é direcionada para o futuro, existem dúvidas.
Como dito acima, a ansiedade é considerada uma resposta habitual do ser humano ao
meio em que vive e às situações que vivencia. Do ponto de vista biológico, se ela está
presente até os dias atuais como um padrão de comportamento humano significa que
possui alguma função adaptativa. E realmente possui. A sensação de ansiedade prepara
o indivíduo para situações que podem ser difíceis, sejam quais forem essas dificuldades.
Ao se preparar para tais situações, a chance de sucesso pode, conseqüentemente,
aumentar. Além disso, a ansiedade adverte o organismo a respeito de possíveis perigos,
sejam eles físicos (dor, cansaço, esforço, ferimentos) ou psicológicos (impotência,
punição, frustração, separação). Ou seja, a ansiedade motiva o indivíduo a providenciar
o que é necessário para evitar o perigo ou a ameaça, ou pelo menos reduzir suas
conseqüências. Um exemplo pode ser dado ao analisar a situação vivida por
adolescentes que prestam vestibulares concorridos. Muito provavelmente, eles irão se
preparar durante um ano inteiro, ansiosos por chegar o dia da prova. Mas essa ansiedade
faz com que eles se preparem e se dediquem, com o objetivo de evitar o dano – nesse
caso, representado pela não-aprovação. Essas medidas tomadas em função da ansiedade
não irão garantir que esses adolescentes sejam, com certeza, aprovados, mas
minimizarão a chance de não o serem. Portanto, como pode ser observado nessa e em
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outras inúmeras situações, a ansiedade não é, por si só, uma condição negativa. Ela se
torna negativa quando passa a ser patológica.
A própria Psiquiatria aceita que em todo ser humano existe um “grau” de ansiedade
considerado normal e que tem função adaptativa, o que remete, novamente, à
perspectiva biológica. No entanto, é difícil estabelecer o limite entre a ansiedade normal
e a patológica, precisar o momento em que ela passa de vantajosa para prejudicial. Esse
é, inclusive, um conceito que varia de acordo com diferentes autores, os quais estudam
os distúrbios de ansiedade.
Como mencionado, sabe-se que certo grau de ansiedade é necessário para um bom
desempenho em tarefas cognitivas. Contudo, uma ansiedade exagerada pode ser
inadequada, perturbando acentuadamente o desempenho. Ou seja, conforme vai
aumentando o grau de ansiedade de um indivíduo, o seu desempenho também vai
aumentando, melhorando as chances de sucesso em determinada atividade; até que
atinge um ponto a partir do qual o aumento da ansiedade passa a não ser mais associado
a vantagens e, sim, a prejuízos, passando a alterar o comportamento normal do
indivíduo e a afetar negativamente sua vida. Esse conceito pode ser representado
esquematicamente pelo gráfico abaixo.
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É importante mencionar, no entanto, que delimitar qual é o ápice de ansiedade a partir
do qual se torna prejudicial, ou patológica, é uma tarefa quase impossível, considerando
ser a ansiedade uma experiência subjetiva e, portanto, altamente variável entre os
indivíduos. Pode-se mesmo dizer que a linha divisória entre a ansiedade normal e a
patológica é extremamente tênue, e sujeita a inúmeras variáveis, sendo praticamente
impossível precisá-la. Mas o que é e o que caracteriza a ansiedade patológica?
Segundo alguns autores, a ansiedade patológica pode ser considerada como uma
resposta inadequada a um determinado estímulo (ou a vários estímulos,
simultaneamente). Inadequada em função de sua intensidade e de sua duração (ser
muito intensa e durar por muito tempo). Pode provocar, naqueles que a sofrem,
confusão e distorções da percepção temporal, espacial - em relação a pessoas e ao
significado dos acontecimentos. Diferentes pesquisadores afirmam que a ansiedade
somente deverá ser considerada patológica e, portanto, alvo de intervenção médica,
quando for desproporcional às possíveis causas aparentes, muito persistente e interferir
no funcionamento global do indivíduo de maneira significativa. A ansiedade patológica
pode ser de natureza primária ou secundária. É primária quando representa a
manifestação principal ou única do quadro clínico e secundária quando é resultado de
outras doenças, de natureza psiquiátrica ou não.
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Somatização
Família Disfuncional
Iremos abordar esse tema dentro do curso com a intenção muito mais reflexiva e
orientadora para futuras observações e pesquisas acerca dos elementos fundantes dos
assistidos/clientes.
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Família disfuncional define uma sociedade formada por indivíduos ligados por
ancestrais em comum ou laços afetivos que se encontram em conflito, mau
comportamento e mesmo abusando uns dos outros de forma contínua e regular.
Crianças que crescem neste tipo de família entendem que
às vezes acordos são normais e necessários. Famílias
disfuncionais são geralmente resultado de adultos
codependentes, e também afetadas pelo alcoolismo, abuso
de drogas, e outros vícios parentais, com os pais
destratando ou não levando em consideração possíveis
doenças mentais ou transtorno de personalidade, ou de pais
emulando o comportamento de seus próprios pais
disfuncionais ou experiências de suas famílias disfuncionais.
•Falta de limites claros (como tomar como seu a propriedade de outros; toques
inapropriados entre familiares);
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Sinais de pais nada saudáveis
•Desrespeito
•Abusadores (pais que abusam físico, verbal ou sexualmente de seus filhos para
dominá-los);
•Privação
•Perfeccionismo
•Apaziguamento
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Efeitos nas crianças
Crianças que crescem numa família disfuncional têm adotado um ou mais dos
papéis básicos apresentados abaixo:
•O Filho Problemático – aquele que é culpado pela maioria dos problemas e pode
também ser cotado como responsável pela disfuncionalidade da família, tornando-se às
vezes o único emocionalmente estável;
•O Filho Babá – aquele que se torna responsável pelo bem emocional da família;
•O Filho Perdido – aquele que é inconspícuo, quieto, que necessita de mais e recebe de
nada; constantemente ignorado e escondido;
•O Filho Mascote – aquele que se usa de comédia para distrair os demais dos problemas
familiares;
•O Filho Cabeça – aquele que se torna oportunista, capitalizando sobre as faltas de seus
próprios parentes para conseguir o que bem deseja.
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•Perpetuar comportamentos disfuncionais em seus próprios relacionamentos
(principalmente nos filhos);
A criança interior
Uma das várias formas de recuperação bem sucedidas para Filhos Adultos envolve o
conhecimento da existência da Criança Interior. A criança que era pequena, perdida, e
sem esperança de fato nunca vai embora, mas fica congelada para proteger a semente
especial que toda criança carrega. Filhos Adultos em recuperação podem achar essa
Criança Interior e retomar o processo de recuperação ao permitir que ela complete o
trabalho de crescimento e desenvolvimento para vir a se tornar um adulto saudável.
Ao Lidar com a Criança Interior é importante saber que parte irá responder como uma
criança. Uma criança não entende o tempo e cada sentimento completa todo seu
universo e é eterno. Se um sentimento é ruim, a criança acreditará que nos sentiremos
mal para sempre. Se for bom, ela também supõe que será para sempre.
A Criança Interior tem um trabalho a fazer e ela o fez bem. Ela fez o que era necessário
para sobreviver. Um desses trabalhos era manter com ela as memórias que não tinha
condições de lidar. Pode haver ocasiões nas quais as memórias retornam como um
dilúvio, mas essa é frequentemente uma tática para impressionar com a enorme
quantidade de lembranças, que servem para evitar que olhe atentamente para qualquer
uma delas.
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Características de filhos adultos:
Não confiar
Não sentir
Não falar
Filhos Adultos aprendem em suas famílias a não falar sobre boa parte de sua realidade.
Isso resulta na necessidade da família em negar que um problema existe e que a
disfuncionalidade de alguém está ligado a esse problema. Isso que é tão evidente não
precisa ser comentado. Há frequentemente uma esperança que se ninguém falar sobre o
problema ele simplesmente não virá a se repetir. Também não há nada de bom para
falar. Desse treino desde cedo, Filhos Adultos geralmente desenvolvem uma tendência a
não falar em nada desagradável.
Não há nenhuma referência para o que possa ser uma família normal. Não tem
referências sobre o que pode ser falado e sentido.
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Filhos adultos tem dificuldade em seguir um projeto do início ao fim.
O seu julgamento dos outros não é nada perto daquele destinado a ele mesmo. Branco e
preto, bom ou mau, são as maneiras típicas pelas quais enxergam as coisas.
Essas duas características estão intimamente ligadas. A criança não escutou seus pais
rindo, brincando ou relaxando. A vida é uma coisa muito séria. O humor da casa não
permitou que haja algum tipo de relaxamento.
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Filhos Adultos reagem de forma excessiva quando não tem o controle de
uma situação.
O jovem filho de uma família alcoólica ou disfuncional não estava no controle. A vida
do alcoólico ou de outro pai/mãe disfuncional foi imposto à eles, assim como seu
ambiente. Para sobreviver quando estava crescendo, ele teve que mudar. Ele teve que se
encarregar de criar seu próprio ambiente para o desenvolvimento. Isso foi muito
importante e muitas lembranças ficaram. O filho aprendeu a confiar somente nele mais
do que em qualquer outra pessoa quando era impossível contar com o julgamento de
outra pessoa para ajudá-lo
A mensagem quando criança foi muito confusa. Não havia um amor incondicional. A
definição não era clara e a mensagem era misturada. "sim, não, eu te amo, vá pra
longe". Então a criança cresce confuso sobre seu real valor. (no Espaço Aluno no
Materia de apoio sobre “Duplo Vínculo”)
Ou pega tudo, ou abandona tudo. Não há o caminho do meio. Tenta agradar seus pais
fazendo mais e mais ou chega num ponto em que reconhece que isso não importa então,
acaba não fazendo nada.
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O lar disfuncional parece ser um lugar muito "leal", no qual todos permanecem por
vontade própria. A assim chamada lealdade é mais um resultado do medo e da
insegurança do que qualquer outra coisa, mas o comportamento que é o modelo é o de
que ninguém abandona o lar porque a partida pode provocar uma situação difícil. Esse
sentimento faz com que o Filho Adulto muitas vezes repita esse padrão, ao manter-se
em relacionamentos cujo melhor destino seria a separação ou uma ruptura de algum
tipo.
Filhos Adultos tem a tendência a prender eles mesmo em um modo de agir sem pensar
seriamente em comportamentos alternativos ou possíveis consequências. Essa
impulsividade leva a confusão, uma sensação de auto-ódio e a perda do controle sobre a
situação. Alem disso eles perdem uma excessiva quantidade de energia arrumando a
bagunça que fizeram
Punição em uma família saudável não envolve cicatrizes físicas ou emocionais, e não
são fora de proporção em relação a ofensa.
Filhos Adultos na maioria das vezes vem de lares onde as regras estão sujeitas aos
caprichos da pessoa que esta no cômodo na hora em que ocorre.
Nós poderíamos ter recebido uma ordem do nosso pai, proibidos de fazer o mesmo pela
mãe, orientado como agir de uma forma diferente por um dos avos e ridicularizado por
Ter feito ou não, por um tio ou amigo da família.
Como resultado, o filho adulto cresce "sabendo" que nunca vai conseguir fazer nada
direito que eles são de alguma forma defeituosa.
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Numa família saudável
Os pais são amorosas figuras autoritárias, que deixam bem claro o que gostam e o que
não gostam, expressam livremente suas necessidades e sentimentos, são permitidos a
discordar abertamente e a não serem perfeitos tudo sem ameaçar a base de confiança e
amor da qual eles são uma fonte consistente para a família. Os pais saudáveis podem
cometer erros e isso não é traumático para o filho, mas uma demonstração da liberdade
e honestidade de uma família saudável. Crianças saudáveis aprendem que seus pais são
humanos e não são perfeitos, e a criança aprende que não é esperada perfeição dela
também, mas a fazer o melhor que elas possam fazer. As crianças aprendem que podem
cometer erros, e são esperadas as reparações por qualquer dano causado e após isso,
aprender com a experiência.
Os pais são figuras autoritárias, cujas palavras e ações não podem ser questionadas.
Diante de erros grosseiros ou ações errôneas, o filho adulto, aprende que suas
necessidades, desejos e segurança são menos importantes do que dar apoio ao sistema
familiar. Independência, que é permitida em famílias saudáveis dentro de limites
razoáveis, é uma afronta a autoridade dos pais disfuncionais. Filhos Adultos escutam
comentários do tipo "Quem você pensa que é?" "Você nunca vai conseguir nada" e "O
que te faz pensar que você é tão bom assim?"
Eles aprendem que é perigoso ser um estudante melhor, ganhar mais dinheiro, Ter uma
família saudável ou ganhar reconhecimento. Os pais disfuncionais encaram esse sucesso
como uma ameaça mostraria que eles são "menores".
O filho adulto pode não se dar conta da autosabotagem que eles aplicam em suas
próprias vidas e preocupados com sua inabilidade em alcançar sucessos.
Como uma criança, o Filho Adulto aprende a se comportar de qualquer maneira que
permita sua sobrevivência.
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O comportamento pode variar do desacato à autoridade (a romântica imagem do
rebelde), pela supressão de suas próprias necessidades ou o atendimento as necessidades
de outras pessoas que continuarão a representar seus pais em suas vidas.
As crianças carregam suas primeiras impressões das normas da família com elas quando
se tornam adolescentes ou adultos. Vivendo numa família disfuncional suas bases
distorcidas podem continuar a funcionar bem o suficiente para permitir a ilusão de "uma
família saudável".
Quando um filho de uma família disfuncional começa a entrar no "mundo real" escola e
ambiente de trabalho- eles descobrem que seus sistemas familiares não são a realidade
compartilhada por seus colegas de classe e companheiros de trabalho.
Os Filhos Adultos podem ser muito vagarosos para reconhecer os padrões dos
problemas da família - eles gastam boa parte de seu tempo sendo treinado pela família
para não ver o problema- ate quando eles são recriados nas amizades, casamentos e
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relações de trabalho. Mesmo que o sintoma externo não esteja presente (alcoolismo,
jogo, violência etc), o comportamento esta presente desde o começo do relacionamento.
Quando toma consciência o Filho Adulto pode enfrentar uma depressão e se sentir
defeituoso. "o que há de errado comigo? Como não vi isso antes".
A falta das habilidades necessárias para tonar conta de si mesmo pode deixar o filho
adulto com um auto-ódio intenso e uma baixa (ou inexistente) autoestima.
O problema
Viemos a nos sentir isolados, desconfortáveis com pessoas, especialmente aquelas que
representavam qualquer tipo de autoridade. Para nos protegermos, nos tornamos
agradadores, mesmo que nossa identidade tenha se perdido no processo. Da mesma
forma, nos poderíamos encarar de forma equivocada críticas pessoais como um perigo.
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Esses sintomas da doença da família nos fez "covítimas". Aprendemos a manter nossos
sentimentos escondidos como crianças e mante-los enterrados como adultos. Como
resultado desse condicionamento, confundimos amor com piedade, tendo a tendência a
amar aqueles que poderíamos "salvar".
Mesmo que auto derrotistas, nos tornamos adictos da excitação em todos os setores de
nossa vida, preferindo o stress constante a soluções que poderiam ser trabalhadas. Esta é
uma descrição. Não uma acusação.
Herói da família - Um realizador, frequentemente (mas não sempre) o filho mais velho.
Muitas vezes pode identificar as necessidades dos outros as suprir, mas sem entender
suas próprias necessidades. Eles mostram para o mundo exterior que tudo "esta bem",
mas não tem como sentir os benefícios de suas conquistas materiais e ou profissionais.
Se sentem como uma fraude e estão sujeitos a depressões que ele esconde daqueles que
o rodeiam
O Salvador - Parecido com o Herói da Família, mas sem o sucesso visível. O salvador
encontra aqueles em necessidade, por vezes casam com eles, ou encontram um trabalho
no qual possa suprir as necessidades de outros e são muito compreensivos em relação a
traições constantes. Eles têm a tendência a se sentirem inadequado por se doarem
demais e por não Ter a capacidade de aceitar ajuda para suas próprias necessidades.
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O Organizador - Eles nunca são perturbados pelo o que esta ocorrendo. Essas crianças
nunca se ligam muito a um objetivo ou um desejo porque aprenderam a mudar de
direção a qualquer momento. Eles sabem que algo esta errado, mas lidam com isso,
freqüentemente com sucesso, com a seqüência de situações stressantes ao entregar sua
identidade as necessidades do momento.
O Capacho- A criança abusada que sobrevive deixando os outros passarem por cima
dela, preferindo esse comportamento a um desagradável e as vezes perigoso confronto.
Esses filhos tem um entende muito bem as necessidades que os outros tem em abusa-la,
mas não consegue identificar seus sentimentos sobre o abuso no passado ou no presente
O rebelde - este filho entra em ação ao menor sinal de provocação, como um herói
agindo para prevenir um abuso a outra pessoa (distraindo o abusador) ou para proteger
eles mesmos. Este é o filho que é mais visível para o mundo externo. é que pode vir a se
tornar um adicto ou ter outro comportamento compulsivo como uma afronta ao sistema
familiar.
O Bode expiatório - esse filho leva a culpa e a vergonha pelas ações de outros
membros da família por ser o que tem a mais visível disfuncionalidade. Esse filho serve
a família sendo o "louco" ou doente que permite aos outros membros da família ignorar
seus próprios problemas. Esses são também os filhos que mantém as famílias juntas a
família se reúne para ajudar o bode expiatório. Eles aprendem a permanecer
problemáticos para continuar a receber a pequena atenção disponível num lar
disfuncional por mostrar que a família esta bem, sendo o foco de tudo que não está bem
que a família vagamente sente.
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reconhecidas e a não esperar nada. Eles evitam sentir, negando que tem sentimentos.
Eles adotam qualquer comportamento que permita a continuidade do seu "ficar
invisível" no meio da família, do trabalho, da escola ou em um relacionamento. Esse é o
filho que pode assumir qualquer personalidade que pareça o menos ameaçadora para
aqueles que os rodeiam
Emoções
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Inscreve-se neste horizonte, por exemplo, a concepção platônica de alma tripartida,
sendo mortais as duas porções correspondentes às emoções concupiscente e irascível e
imortal (divina) a alma racional.
Para Descartes, a res cogitans pertence à razão e ao pensamento, enquanto ao corpo (res
extensa) pertencem as emoções, caracterizáveis como confusas e não críveis em relação
aos conteúdos de verdade. Ao contrário, o filósofo Baruch de Spinoza concebia que a
“substância pensante e a substância extensa são uma mesma substância, ora
compreendida como um atributo, ora como outro”. Nesses termos, razão e emoção e,
de resto, a própria constituição orgânica pertenceriam a uma mesma natureza.
Com efeito, acredita-se que a ciência será capaz de explicar os aspectos biológicos
relacionados à emoção, mas não o que é a emoção: esta permanece como uma
questão prevalentemente filosófica.
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Franz Joseph Gall descreveu a morfologia do cérebro e das principais estruturas
nervosas, o que facultou um significativo avanço na diferenciação de porções
importantes do cérebro, caracterizando algumas de suas funções específicas, passando a
ser conhecido como “o autor da verdadeira anatomia do cérebro”. O primeiro
“mapeamento” das funções cerebrais foi proposto por Pierre Paul Broca, realizado a
partir da observação de pacientes com danos cerebrais. Broca identificou o lobo límbico
(limbo = margem), o qual compreende um anel composto por um contínuo de estruturas
corticais situadas na face medial e inferior do cérebro.
Gage não perdeu a consciência, apesar de seu lobo frontal estar lesado. Após algumas
semanas, o operário desejou retornar ao trabalho, mas não obteve permissão do seu
chefe, em razão de sua grande mudança comportamental. Antes do acidente, Gage era
um trabalhador capaz e eficiente, com uma mente bem equilibrada, sendo visto como
um homem astuto, inteligente e talentoso. Após o evento mórbido, tornou-se indeciso,
demonstrando indiferença, falsidade, deslealdade e desleixo. Mostrava-se ainda
impaciente e inábil para estabelecer qualquer plano para o futuro.
O interesse pela compreensão dos processos mentais e cerebrais também pode ser
identificado nas investigações pioneiras desenvolvidas, no século passado pelo
fisiologista e psicólogo vienense Sigmund Exer, pelo psicanalista Sigmund Freud e pelo
médico francês Israel Waynbaum, nas quais começou a se desenhar um conhecimento
sobre redes neuronais e possíveis estruturas que comporiam os circuitos emocionais.
Nesse movimento, temporalmente situado na transição do século XIX para o XX, foram
propostas as primeiras teorias neuropsicológicas das emoções, cabendo destaque às
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concepções de William James e Carl Lange para os quais a experiência emocional
subjetiva seria consequente às manifestações fisiológicas e comportamentais (ou seja, se
fica alegre porque se sorri...) bem como às ideias de Walter Cannon e de Phillip Bard
que formularam que o SNC causava tanto a experiência subjetiva quanto as
manifestações fisiológicas e comportamentais.
De modo similar, o grupo de núcleos anteriores do tálamo não está confirmado como
elemento substantivo na neurobiologia das emoções. Com efeito, ainda não existe um
perfeito acordo sobre os componentes do SL. Embora a denominação “sistema límbico”
ainda seja usada para designar componentes envolvidos nos circuitos cerebrais das
emoções, tal categorização vem sofrendo críticas em diversos graus. Como exemplo,
cita-se a inclusão de várias estruturas anatômicas no seu bojo, sem que haja clara
concordância entre os autores; de fato, a maioria dos investigadores inclui, no SL, o giro
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do cíngulo, o giro para-hipocampal, a amígdala, o hipotálamo e a área de septo. Outras
estruturas como cerebelo, tálamo, área pré-frontal e hipocampo nem sempre são tidas
como pertencentes ao SL, ainda que
esses elementos possuam relações
diretas com os processos emocionais e
as respostas autonômicas. Tal fato
indica que não há critérios amplamente
aceitos para se decidir sobre a
constituição do SL. Ademais, a própria
ideia de um único sistema das emoções vem sendo colocada em xeque na medida em
que têm sido identificados diferentes circuitos e áreas do SNC que se correlacionam aos
díspares estados denominados emoções. Desse modo, no presente manuscrito, incluir-
se-ão nas discussões sobre o SL as estruturas consensualmente reconhecidas pelos
diferentes autores, bem como aquelas que se relacionam diretamente às emoções.
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A figura 1 e o quadro 1 apresentam os componentes do SL, conforme proposto por
Papez. O quadro 2 expõe estruturas adicionais que integram os sistemas das emoções.
Embora não se tenha uma definição precisa dos circuitos neuronais envolvidos no
complexo “sistema das emoções”, podem ser descritas, de modo didático, algumas vias
neuronais, sem perder de vista que elas estão, em última análise, integradas
funcionalmente. Essas vias serão discutidas, a seguir, no âmbito das diferentes emoções.
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As bases neurais das emoções
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Prazer e recompensa
Para alguns pesquisadores a sensação de prazer pode ser distinguida pelas expressões
faciais e atitudes do animal após sua exposição a um estímulo hedônico; tais expressões
são mantidas mesmo em indivíduos anencefálicos, sugerindo que o “centro de
recompensa” deva se estender até o tronco cerebral. Acredita-se que emissões aferentes
do núcleo acumbens em direção ao hipotálamo lateral e ventral, globo pálido e
estruturas conectadas nessa mesma região cerebral estejam envolvidas nos circuitos
cerebrais hedônicos.
Essa conclusão, entretanto, não é tão simples: por exemplo, na década de 1960, Robert
Heath aplicou 17 eletrodos no encéfalo de um paciente com o intuito de descobrir a
localização de uma epilepsia grave. O que o pesquisador pôde observar foi que a
estimulação de áreas específicas, de acordo com a implantação dos eletrodos, gerava
diferentes tipos de sensações. O paciente em questão estimulava com maior frequência
do tálamo medial que, embora provocasse uma sensação de irritação, lhe causava a
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sensação iminente de evocar uma memória, fazendo com que ele repetisse o
procedimento na tentativa de trazer a memória à mente, ou seja, com o objetivo de obter
uma recompensa com a estimulação repetida. Estudos posteriores realizados em símios
demonstraram a participação do feixe pros encefálico medial nos estímulos apetitivos,
sendo possível caracterizar, inclusive, certa expectativa de prazer. Esse feixe e as
regiões por ele integradas (área tegmentar ventral, hipotálamo, núcleo acumbens, córtex
cingulado anterior e córtex pré-frontal) compõem o circuito denominado sistema
mesolímbico.
Alegria
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opióides e GABAérgicos no estriado ventral, na amígdala e no córtex orbitofrontal algo
relacionado a estados afetivos (como prazer sensorial), enquanto outros neuropeptídeos
estão envolvidos na geração da sensação de satisfação por meio de mecanismos
homeostáticos.
Medo
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A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as áreas do córtex
cerebral, recebendo informações de todos os sistemas sensoriais. Estas, por sua vez,
projetam-se de forma específica aos núcleos amigdalianos, permitindo a integração da
informação proveniente das diversas áreas cerebrais, através de conexões excitatórias e
inibitórias a partir de vias corticais e subcorticais. Os núcleos basolaterais são as
principais portas de entrada da amígdala, recebendo informações sensoriais e auditivas;
já a via amigdalofugal ventral e a estria terminal estabelecem conexão com o
hipotálamo, permitindo o desencadeamento do medo. A estria terminal está relacionada
à liberação dos hormônios de estresse das glândulas hipófise e suprarrenal durante o
condicionamento.
O papel da amígdala no desencadeamento do medo pôde ser mais bem estudado durante
as décadas de 1970 e 1980, quando foi descrita a técnica de condicionamento
pavloviano do medo. Essa técnica consistia em oferecer um estímulo emocionalmente
neutro, como a emissão de um tom sonoro (estímulo condicionado), e associá-lo a um
estímulo aversivo, como um choque elétrico (estímulo incondicionado). Depois da
aplicação repetida desses estímulos associados, notou-se que o estímulo condicionado
foi capaz de provocar respostas observadas, tipicamente, na presença de perigo, como
comportamento de defesa (respostas de fuga ou luta), ativação do sistema nervoso
autônomo (alterações no fluxo sanguíneo e frequência cardíaca), respostas
neuroendócrinas (liberação de hormônios hipofisários e suprarrenais), entre outros.
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Situações como exposição a sons fortes e súbitos, altura elevada e estímulos visuais
grandes não identificados que surgem na parte superior do campo visual de modo
repentino, produzem o chamado medo incondicionado, presente em vários animais. Na
espécie humana, o medo incondicionado pode ser produzido, por exemplo, pela
escuridão. O medo condicionado, ou aprendido, é causado pela maioria dos estímulos,
que se tornam “avisos” de que situações ameaçadoras podem acontecer novamente.
Após essa descoberta, foi possível a associação desses comportamentos à amígdala,
uma vez que lesões nessa estrutura interferiam na aquisição e na expressão do medo
condicionado.
Raiva
Durante a década de 1960, John Flynn identificou que esses comportamentos agressivos
eram provocados pela estimulação de áreas específicas do hipotálamo, localizadas no
hipotálamo lateral e medial, respectivamente.
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O comportamento típico de agressão predatória pode ser verificado após estimulação do
hipotálamo lateral, o qual possui eferências na área tegmentar ventral através do feixe
prosencefálico medial. Em contrapartida, a secção desse feixe neuronal não elimina tal
comportamento em sua totalidade, indicando a possibilidade de que o hipotálamo não
seja a única estrutura associada à geração desse padrão comportamental. A agressão
afetiva, por sua vez, é provocada por estimulação da substância cinzenta periaquedutal
pelo hipotálamo lateral, por intermédio do fascículo longitudinal dorsal.
A raiva parece ser modulada principalmente pelo núcleo acumbens e por intermédio dos
sistemas dopaminérgico e glutamatérgico, uma vez que antidepressivos dopaminérgicos
e psicoestimulantes são potencializadores da raiva e os antipsicóticos e estabilizadores
do humor podem exercer efeitos depressores sobre a raiva.
Reações de luta-fuga
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fisiológicas diretas (as aferências vagais determinarão respostas específicas, inibitórias
ou excitatórias em vários tecidos e sistemas corporais) e também indiretas, por meio da
estimulação paralela de outros nervos que se originem próximo ao centro vagal no
sistema nervoso central.
O SNA está diretamente envolvido nas denominadas “situações de luta e/ou fuga” e
imobilização. Tais ocorrências estão intrinsecamente relacionadas a um mecanismo de
neurocepção, que se caracteriza pela capacidade de o indivíduo de agir conforme sua
percepção de segurança ou ameaça a respeito do meio onde ele se encontra. Essa
percepção pode ser dada, por exemplo, pelo tom da voz ou pelos movimentos e
expressões faciais da pessoa ou do animal com quem ele se comunica.
Toda vez que a pessoa percebe o meio ambiente como “seguro”, ela dispõe de
mecanismos inibitórios que atuam sobre as estruturas límbicas que controlam
comportamentos de luta-fuga, como as regiões laterais e dorsomedial da substância
cinzenta periaquedutal. Tal mecanismo pode ser exemplificado pelas projeções neurais
do giro fusiforme e sulco temporal superior em direção à amígdala (mais precisamente o
núcleo central amigdaliano), inibindo-a. Dessa forma, a amígdala não exerce seu papel
normal, ou seja, a estimulação dessas vias na substância cinzenta periaquedutal.
Concomitantemente, após o processamento de todas as informações, o córtex motor
(onde se destacam as áreas frontais) comanda a ativação de vias corticobulbares na
medula (núcleos fonte dos pares cranianos NC V, VII, IX, X e XI), que ativam os
componentes somatomotor (músculos da face e da cabeça) e visceromotor (coração,
árvore brônquica) dos mecanismos fisiológicos para o contato social.
Ao contrário, toda vez que a pessoa percebe o meio ambiente como “ameaçador”, a
amígdala estará livre para desencadear estímulos excitatórios sobre a região lateral e
dorsolateral da substância cinzenta periaquedutal, que então estimula as vias do trato
piramidal, produzindo respostas de luta e/ou fuga. Além disso, há casos em que a pessoa
responde a tais situações como se estivesse paralisada; essa resposta decorre da
estimulação da região ventrolateral ao aqueduto cerebral (Sylvius), que também
estimula as vias neurais do trato corticoespinal lateral (piramidal). É interessante
ressaltar que essas reações ocorrem paralelamente a uma resposta autonômica
simpática, por nervos originados dos gânglios paravertebrais, e parassimpática (nervos
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III, VII, IX e X), bem como sua porção sacral, representada pelos nervos sacrais de S2 a
S4, permitindo, assim, a inervação de vasos sanguíneos e musculatura lisa de órgãos de
diferentes sistemas em todo o organismo. Em situações de luta-fuga ocorre elevação da
frequência cardíaca e da pressão arterial; de outro modo, nas situações de imobilização
ocorre intensa bradicardia e queda da pressão arterial.
Tristeza
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indução de tristeza nos indivíduos estudados; já nos pacientes com depressão clínica
notou-se hipometabolismo ou hipoperfusão no córtex cingulado subcaloso.
Emoção e razão
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As imagens certamente provocam, em sua maioria, ativação do córtex visual occipital
(giro occipital e giro fusiforme), porém a amígdala também recebe quantidade
substancial de estímulos provenientes das áreas temporais associadas à visão,
participando na formação de memórias através dos circuitos hipocampais ou dos
circuitos estriatais. Tal fato decorre do papel especializado da amígdala no
processamento de insinuações emocionais visualmente relevantes, sinalização do medo
e aversão ou outras evidências. A ativação da amígdala pode estar primariamente
envolvida na emissão de um alerta para ameaças provenientes da percepção obtida pelo
córtex occipital.
Embora a amígdala não estabeleça conexão direta com o córtex lateral pré-frontal, ela se
comunica com o córtex cingulado anterior e o córtex orbital, os quais estão envolvidos
nos circuitos da memória, tornando possível a justificativa de alguns autores de que a
amígdala participa na modulação da memória e na integração de informações
emocionais e cognitivas, possivelmente atribuindo-lhes carga emocional, possibilitando
a transformação de experiências subjetivas em experiências emocionais. Lesões no
córtex pré-frontal medial rostral levam à expressão inapropriada das emoções nos
comportamentos sociais e ao prejuízo na tomada de decisões pessoalmente vantajosas.
Estudos de neuroimagem demonstram que processos executivos são mediados pelo lobo
frontal, particularmente o córtex cingular anterior (CCA) e o córtex pré-frontal (CPF).
De acordo com essas investigações, o CPF medial está envolvido na associação do
aspecto cognitivo ao emocional, sendo responsável pela avaliação e/ou interpretação
cognitiva das emoções.
Mais recentemente foi descrito que o CCA e o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL)
detêm as bases neurais da performance de tarefas concomitantes de execução central;
torna-se, assim, possível a realização de duas tarefas simultâneas, como dirigir e falar ao
celular. Os resultados mostram que os processos cognitivos são modulados pelo CCA
no mesmo hemisfério. O CCA é provavelmente posicionado para conectar informações
dentro do cérebro; dessa forma, ele inclui conexões recíprocas importantes para o
sistema motor e o sistema das emoções. O CPFDL participa de situações executivas,
como coordenação de processos cognitivos concorrentes e atenção seletiva para
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informações de tarefas relevantes. Postula-se que a inteligência geral nos humanos seja
resultado de uma integração funcional entre o sistema de alerta baseado no CCA e o
sistema executivo baseado no CPFDL.
Com base no que se discutiu, é possível considerar que a tomada de decisões torna-se
diretamente dependente da associação emocional realizada pelo indivíduo ao vivenciar
determinadas situações cotidianas. Além disso, o emprego de tal informação adquirida
depende de respostas motoras como, por exemplo, correr, sorrir ou comer e de respostas
autonômicas, como elevação ou redução da frequência cardíaca, ou ainda aumento da
peristalse intestinal. Tais respostas autonômicas são diretamente influenciadas pelo
hipotálamo e este, por sua vez, age mediante o processamento de todas as informações
que chegam ao cérebro. Fonte: Archives of Clinical Psychiatry
No primeiro momento parecem duas condições iguais, mas definitivamente não são.
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Poderíamos classificar a condição de “lutando e fugindo” a uma situação de ansiedade
aguda ou patológica. Onde o individuo simplesmente responde a qualquer estimulo,
agente externo, situação e codificação sobre a vida com sentimentos negativos, emoções
urgentes desequilibradas, agitação e de pouquíssima funcionalidade.
O psiquiatra italiano Leonard Vereaque diz: "As pessoas não conseguem eliminar de
forma natural a tensão gerada pela ansiedade. “A mente cria válvulas artificiais para
dar vazão a essa energia negativa”. “A partir daí, a pessoa começa a usar o próprio
organismo como válvula de descarga”, afirma”.
3-Respiração diafragmática
4- Acupuntura
8- Meditação.
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9- Diversas outras práticas naturais
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