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DISTÚRBIOS DE ANSIEDADE

APOSTILA INTRODUTÓRIA

“A ansiedade é um desejo daquilo que tememos, um temor daquilo que


desejamos, uma antipatia-simpática. É um poder estranho que agarra o
indivíduo sem que ele possa desvencilhar-se dele, nem queira desvencilhar-se,
pois tem medo disso. Mas esse medo é também um desejo”.

Sören Kierkegaard

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Definição de Ansiedade

A ansiedade é definida como um


estado de apreensão ou medo,
provocado pela antecipação de uma
ameaça, incidente ou situação,
sejam elas reais ou imaginárias. É
uma das emoções humanas mais
comumente sentidas durante a vida. No entanto, a maioria das pessoas que nunca teve
um ataque de pânico, ou extrema ansiedade, não consegue compreender a natureza
assustadora dessa experiência. Tontura extrema, visão embaçada, formigamento, falta
de ar. Quando estas sensações acontecem e as pessoas não sabem a razão, acham que
contraíram uma doença ou algum grave problema mental. A ameaça de perder
completamente o controle parece bastante real e, naturalmente, assustadora.

A ansiedade é uma resposta ao perigo ou a uma ameaça. É denominada assim porque


todos os seus efeitos servem para fazer-nos lutar ou fugir do perigo. Portanto, o único
propósito da ansiedade é proteger o indivíduo do mal.
Era vital para a sobrevivência diária de nossos ancestrais, quando enfrentavam algum
perigo, uma resposta automática que os fazia tomarem uma atitude imediata, como
atacar ou correr. Mesmo no movimentado mundo de hoje, este é um mecanismo
necessário. É bastante útil quando se tem que responder a uma ameaça real de maneira
muito rápida.

Quando confrontado com o perigo, o cérebro envia sinais para uma seção do sistema
nervoso. Este sistema é o responsável pela adequação do corpo à execução de uma ação
e também o acalma e restaura o equilíbrio. Para realizar estas duas funções vitais, o
sistema nervoso autônomo tem duas subdivisões, o sistema nervoso simpático e o
sistema nervoso parassimpático. O sistema nervoso simpático é o que tendemos a
conhecer melhor, já que é o responsável por fazer nosso corpo funcionar a fim de agir,

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nos prepara para a reação de “luta ou fuga”. Já o sistema nervoso parassimpático é o que
amamos profundamente, pois ele atende como nosso sistema de recuperação, retornando
o corpo ao seu estado normal. Quando qualquer um desses sistemas é ativado, eles
estimulam todo o corpo, que tem um efeito de “tudo ou nada”. Isto explica o porquê do
indivíduo sofrer uma série de diferentes sensações pelo corpo quando um ataque de
pânico acontece.

O sistema simpático é responsável por liberar adrenalina a partir das glândulas adrenais
nos rins. Estas pequenas glândulas localizam-se logo acima dos rins. O que muitos não
sabem, entretanto, é que as glândulas adrenais também liberam adrenalina por conta
própria, funcionando como mensageiras químicas do corpo para que a atividade
continue. Quando um ataque de pânico tem início, este sistema não se desliga tão
facilmente quanto foi ligado. Até que estes mensageiros percorram o corpo todo, há
sempre um período de aparente aumento ou constância da ansiedade. Depois de um
período de tempo, o sistema nervoso parassimpático entra em ação. Seu papel é fazer
com que o corpo retorne ao seu funcionamento normal, uma vez que o perigo detectado
não exista mais. O sistema parassimpático é aquele que nos traz de volta a um estado de
calma e relaxamento.

Quando nos empenhamos em uma estratégia de superação aprendida, como por


exemplo, uma técnica de relaxamento está na verdade estimulando o sistema nervoso
parassimpático a entrar em ação. É sempre bom ter-se em mente que o sistema entrará
em ação em algum momento quer queira ou não. O corpo não pode continuar numa
espiral crescente e constante de ansiedade. Chega um ponto onde ele deve simplesmente
agir e contribuir, relaxando o corpo. Este é um dos muitos sistemas intuitivos de
proteção do corpo para a nossa sobrevivência.

Podemos dar o melhor de nos mesmos durante os pensamentos preocupantes, mantendo


o sistema nervoso parassimpático funcionando, mas eventualmente ele para. Com o
tempo, ele fica um pouco mais esperto do que nós e percebe que, na verdade, não há
perigo algum. Nosso corpo é incrivelmente inteligente e a ciência moderna está sempre
descobrindo fantásticos padrões de inteligência que ocorrem através das células do

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nosso corpo. O corpo humano parece ter infinitas maneiras de lidar com as mais
complicadas funções, sem que percebamos.

Mecanismos de Defesa

Os mecanismos de defesa: conceito e classificação

Uma das maneiras de se avaliar mais


sistematicamente o papel dos fatores
psicodinâmicos nos transtornos psiquiátricos
são através do estudo dos mecanismos de
defesa do ego, derivados da teoria
psicanalítica, que indicam o modo típico do
indivíduo para lidar com os conflitos e refletem uma dimensão importante da sua
personalidade.
Os mecanismos de defesa foram primeiramente descritos por Sigmund Freud quando
ele investigava métodos de “disfarce” usados pelo ego. Freud identificou a existência de
diversos mecanismos de defesa, mas focalizou sua atenção predominantemente no
estudo do mecanismo da repressão.
Anna Freud, em seu trabalho intitulado: “O Ego e os Mecanismos de Defesa”
aprofundou a questão dos mecanismos de defesa, realizando um estudo mais abrangente
desses, onde sustentava que todas as pessoas, normais ou neuróticas, utilizam um
repertório característico de mecanismos de defesa.
De acordo com a teoria estrutural de Freud, o aspecto
inconsciente do ego contém os mecanismos de defesa,
necessários param se contrapor às pulsões e impulsos do id
(como sexualidade, agressividade, etc.).
No mundo intrapsíquico, de um lado os impulsos do id
buscam constantemente gratificação, e de outro, o ego
precisa harmonizar esses impulsos com as exigências da realidade externa e com as
proibições e as expectativas do superego.

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Esse conflito produz ansiedade, descrita como ansiedade sinalizadora que sinaliza para
o ego que algum impulso inaceitável e amedrontador estão querendo se expressar, e
avisa da necessidade de um mecanismo de defesa que mantenha inconsciente esse
impulso.

Os mecanismos de defesa são, então, processos mentais utilizados pelo ego, no nível
inconsciente, contra as demandas instintivas do id. São definidos como mecanismos
psicológicos que mediam os desejos, necessidades e impulsos individuais de um lado, e
proibições e realidade externa no outro.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) define os


mecanismos de defesa ou “formas de manejo” como:

“Processos psicológicos automáticos que protegem o indivíduo contra a ansiedade e a


conscientização quanto a perigos ou estressores internos ou externos. Os indivíduos
frequentemente não têm consciência desses processos enquanto eles operam. Os
mecanismos de defesa intermediam a reação do indivíduo a conflitos emocionais e a
estressores internos e externos”.

Os mecanismos de defesa são classificados de acordo com o grau de maturidade


relacionado ao funcionamento defensivo. Diz-se que se o ego é um ego capaz e maduro,
lançará mão de mecanismos de defesa mais adaptativos para controlar o impulso do id,
ajustando-se adequadamente ao mundo externo e à realidade. Quando o ego ainda é um
ego imaturo, frágil ou incapaz, os mecanismos de defesa observados são menos
adaptativos, podendo se utilizar recursos para defesa e para controlar a ansiedade e
outros estados afetivos que podem ser considerados patológicos.
O significado clínico do uso dos mecanismos de defesa do ego não implica
necessariamente em um funcionamento patológico, uma vez que envolve também
funções de características adaptativas e protetoras. O ego não se defende somente contra
impulsos instintivos, mas também contra os afetos relacionados a tais impulsos.
A função defensiva do ego está ligada diretamente ao conflito e, portanto, o que se
observa é que raramente os mecanismos são empregados de forma isolada. Em geral,
muitos são usados em conjunto por um indivíduo, e em determinadas patologias
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observa-se uma predominância de determinados tipos de mecanismos de defesa,
indicando a forma predominante de o indivíduo lidar com os conflitos, afetos e
emoções. Além disso, em cada fase do desenvolvimento componentes específicos dos
impulsos evocam defesas características do ego, esperando-se que no desenvolvimento
normal o indivíduo evolua do uso de defesas mais imaturas até o uso de defesas mais
maduras.
Os mecanismos de defesa e agrupados de forma hierárquica, de acordo com o grau de
maturidade associado com cada defesa em: defesas maduras (ou adaptativas), defesas
neuróticas e defesas imaturas (ou mal-adaptativas).

As defesas maduras são as defesas consideradas adaptativas, pois considera se que são
as defesas que conseguem maximizar a gratificação do impulso e permitem o
conhecimento consciente dos sentimentos, ideias e suas consequências, envolvendo um
balanço adequado entre manter a ideia e o afeto na mente, enquanto simultaneamente
atenua-se o conflito. Este nível de funcionamento defensivo indica uma adaptação mais
favorável no manejo de estressores.
São as defesas que têm um caráter transformador, uma vez que “fazem o melhor com
uma má situação”. Costuma surgir na adolescência, como consequência de um
desenvolvimento normal do indivíduo e são comuns em indivíduos adultos saudáveis, a
partir dos 12 anos de idade.
As defesas comumente classificadas dentro dessa categoria são as defesas: sublimação,
altruísmo, supressão, antecipação, humor, dentre outras.

As defesas neuróticas (formação de compromisso) o indivíduo mantém as ideias,


sentimentos, recordações, desejos ou temores, considerados potencialmente
ameaçadores, fora da consciência. São defesas que alteram os afetos ou sentimentos
internos ou a expressão dos instintos, fazendo com que o indivíduo pareça estar sempre
às voltas com suas preocupações pessoais e seus problemas insolúveis. As defesas
neuróticas são comuns em indivíduos sadios, a partir dos 3 anos de idade até a idade
adulta. Também se manifestam frequentemente nos distúrbios neuróticos ou em
situações de ansiedade aguda nos adultos. Dentro dessa categoria estão as defesas:
anulação, deslocamento, dissociação, formação reativa, intelectualização,
isolamento do afeto, repressão, racionalização.
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As defesas imaturas (também subdivididas em defesas narcisistas por alguns autores)
são as defesas que envolvem uma maior distorção ou na imagem de si mesmo, do corpo,
ou de outros, podendo ser empregadas para regular a autoestima, ou ainda,
caracterizam-se por manter os estressores, impulsos, ideias, afetos ou responsabilidades
desagradáveis ou inaceitáveis fora da consciência, fazendo ou não uma atribuição
incorreta destes as causas externas. Têm uma tendência a serem usadas por pessoas que
se sentem ameaçadas pela intimidade interpessoal ou pela perda dessas relações
interpessoais íntimas, ou comportam-se de forma socialmente indesejável.
São defesas consideradas normais em crianças de mais tenra idade, e entre os 3 e 4 anos.
Nos adultos, podem também ser usadas em indivíduos com transtornos de personalidade
ou transtornos afetivos. Podem persistir em “detenções” do desenvolvimento ou retornar
em condições de estresse severo no adulto. Nessa categoria estão as defesas: negação,
projeção, comportamento passivo-agressivo, regressão, fantasia, somatização,
hipocondria, atuação, desvalorização, entre outras.

Algumas pesquisas têm demonstrado que os mecanismos que um indivíduo utiliza para
manejar sentimentos ou impulsos intoleráveis e para lidar com os estressores, se
relacionam com o seu grau de maturidade e com o seu grau de saúde ou doença, bem
como de adaptação à vida adulta.

Resumo:

1. A maioria dos mecanismos de defesa, embora descritos inicialmente em populações


patológicas, podem ser observadas em algum grau em populações de adultos
considerados normais;
2. Para alguns indivíduos, uma constelação fixa de mecanismos defensivos persistiu por
décadas;
3. Para outros, a escolha de mecanismos defensivos pareceu evoluir paralelamente a
uma adaptação de vida madura;
4. A utilização de defesas maduras mostrou-se positivamente correlacionada, e o uso de
defesas imaturas negativamente correlacionadas, a um bom ajustamento na vida adulta,
incluindo sucesso conjugal, ocupacional e de saúde física.
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Avaliação dos mecanismos de defesa

Vários investigadores tentaram analisar a questão de se e como esse tipo de fenômeno


pode ser medido. Na tentativa de desenvolver um método experimental para o estudo
dos mecanismos de defesa, autores, usaram entrevistas psiquiátricas em combinação
com outras medidas, tais como, testes psicológicos, questionários e relatos
autobiográficos. O problema de medir fenômenos intrapsíquicos que são
frequentemente inconscientes é desafiador. Um método para avaliação dos mecanismos
de defesa que consiste em um instrumento autoaplicável para avaliar os derivativos
conscientes dos mecanismos de defesa, com a intenção de evidenciar manifestações de
um estilo característico do sujeito de lidar com o conflito, consciente ou inconsciente,
baseado na suposição de que as pessoas podem comentar acuradamente sobre seu
comportamento “à distância”.
O desenvolvimento do Defensive Style Questionnaire (DSQ) está baseado na premissa
de que as pessoas são suficientemente cientes (ou conscientes) da maneira como
respondem a situações de conflito e estresse, provendo informação que pode ser
classificada como evidência de tipos de funcionamento.
O termo mecanismo de defesa é, então, nos estudos, usado para descrever não apenas
um processo intrapsíquico inconsciente, mas também manifestações desses na forma de
comportamentos que são, consciente ou inconscientemente, designados para conciliar
impulsos internos com as demandas externas, evidenciando medidas de grupos de
mecanismos de defesa que são chamados estilos de defesa.

Os autores hipotetizam que os estilos de defesa podem identificar o estágio de


desenvolvimento de um indivíduo e fornecer informações sobre o funcionamento do
ego, independente do diagnóstico.
O termo defesa referindo-se a um estilo de lidar com os conflitos e estressores,
enquanto o termo diagnóstico refere-se a um conjunto de sinais e sintomas. O Defensive
Style Questionnaire foi desenvolvido a partir da necessidade de métodos empíricos e

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objetivos de estudar os mecanismos de defesa e poder avaliar as associações desses com
níveis de maturidade, diagnósticos clínicos e outros fenômenos psicológicos.

Com base nesses pressupostos, no desenvolvimento do DSQ, sentenças foram criadas


para refletir comportamentos sugestivos de diversos mecanismos de defesa. Essas
sentenças inicialmente foram submetidas a um teste inicial de “face validity”,
consultando dois psicólogos e um psiquiatra (dois dos quais eram psicoanalistas),
independentemente, para associar cada sentença ao seu mecanismo correspondente.
Somente as sentenças em que todos concordaram formaram a versão do questionário.
O Defensive Style Questionnaire (DSQ) trata-se, então, de um questionário objetivo
autoaplicado que consiste de 40 questões.

O DSQ avalia 20 defesas, que são divididas em três grupos de fatores: maduro,
neurótico e imaturo. Quatro defesas correspondem ao fator maduro (sublimação, humor,
antecipação e supressão); quatro ao fator neurótico (anulação, pseudoaltruísmo,
idealização e formação reativa) e 12 defesas correspondem ao fator imaturo (projeção,
“agressão passiva”, atuação (acting out), isolamento, desvalorização, “fantasia
autística”, negação, deslocamento, dissociação, cisão, racionalização e somatização).

Os mecanismos de defesa nos transtornos de ansiedade

Alguns estudos foram realizados, especialmente ao longo da última década, a fim de


avaliar o estilo defensivo dos pacientes psiquiátricos, dentre eles os pacientes com
transtornos de ansiedade, e verificar se o estilo de funcionamento defensivo destes
difere da população “normal”.
Não foram encontrados estudos no Brasil avaliando tal questão em pacientes com
transtornos de ansiedade.
Alguns estudos relatam que as taxas de transtornos de personalidade em pacientes com
Transtorno do Pânico podem se situar entre 30 a 65% e que esta comorbidade pode ter
um impacto negativo no tratamento. Um estudo que comparou indivíduos da população
geral a pacientes com diagnóstico de Transtorno do Pânico, Agorafobia, Fobia Social e
Transtorno Obsessivo-Compulsivo, visando avaliar a existência de diferença nos

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padrões de defesa entre os grupos, verificou que pacientes com TP e Agorafobia
utilizavam taxas significativamente mais elevadas de deslocamento, formação reativa e
somatização do que os controles. Os pacientes com Fobia Social utilizavam mais
deslocamento e desvalorização e os com Transtorno Obsessivo-Compulsivo utilizavam
mais frequentemente anulação, projeção e acting-out como defesas predominantes.

Os autores concluíram que existia um padrão específico de defesas associado com


cada transtorno de ansiedade.

Um estudo que avaliou os mecanismos de defesa em 483 pacientes com transtorno de


ansiedade, depressão e indivíduos sem doença psiquiátrica verificou que pacientes com
transtornos de ansiedade obtiveram escores significativamente mais elevados para
defesas neuróticas do que os outros dois grupos e escores significativamente mais
baixos para defesas maduras do que os controles.
Pacientes com TP utilizam mais frequentemente somatização, desvalorização e
idealização como defesas e, tanto transtornos depressivos quanto transtornos de
ansiedade, estiveram positivamente associados ao uso de defesas imaturas e neuróticas e
negativamente associados ao uso de defesas maduras.

Comparando pacientes que apresentam transtornos de ansiedade em comorbidade com


depressão, um estudo observou que os pacientes com essa comorbidade usavam
significativamente mais do que o grupo controle as defesas regressão, somatização,
anulação e negação, e significativamente menos as defesas comportamento passivo-
agressivo e antecipação.
Ainda são escassos na literatura estudos que avaliem se esse perfil de funcionamento
defensivo dos pacientes com ansiedade correlaciona-se com a gravidade dos sintomas,
indicando que pode ser afetada pelo estado afetivo, e se ele também se apresenta na
doença em remissão, representando mais um traço de personalidade que permanece ao
longo do tempo.
Estudo realizado com pacientes com Fobia Social demonstrou que um estilo de defesa
imaturo (utilizando o DSQ) estava relacionado a resultados menos favoráveis à TCC
(Terapia Cognitiva Comportamental).

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Em relação à alteração dos mecanismos antes e depois do tratamento com TCC, um
estudo utilizando o DSQ em pacientes com TOC, verificou que com a melhora após o
tratamento os pacientes utilizavam significativamente mais defesas adaptativas. Não
houve alteração significativa no uso das defesas imaturas. Os mecanismos de defesa em
pacientes com depressão maior antes e após a remissão dos sintomas e observaram que
havia uma diminuição no uso de defesas imaturas após a remissão dos sintomas, mas
nenhuma mudança nas defesas neuróticas e maduras em curto prazo. Em longo prazo,
evidenciou-se um aumento no uso de defesas maduras e declínio no uso de defesas
imaturas, permanecendo estáveis ao longo do tempo, no entanto, as defesas neuróticas
dos pacientes deprimidos. Esses estudos sugerem que os mecanismos de defesa podem
sofrer alterações ao longo do tratamento psiquiátrico, e que além do período de
diminuição dos sintomas parecem continuar acontecendo alterações benéficas no estilo
defensivo.
Além disso, algumas defesas podem ser características mais estáveis, enquanto outras
podem estar mais sujeitas a alterações, como as defesas imaturas, o que estaria de
acordo com o conceito de regressão temporária, que pode afetar os indivíduos em um
episódio de doença.
Utilizando o DSQ-40, um estudo com 31 pacientes hospitalizados deprimidos,
avaliando o uso de defesas na admissão e na alta dos pacientes, mostrou que por ocasião
da alta os pacientes usavam taxas maiores de defesas maduras, menores de defesas
imaturas e que as defesas neuróticas se mantinham estáveis.
Além disso, estudo realizado demonstrou que alguns aspectos do funcionamento
defensivo pareciam predizer a melhora em episódios depressivos.

Ansiedade ou medo?

Os progressos recentes das neurociências, o advento da Etologia (ciência que estuda o


comportamento animal), a evolução da teoria da aprendizagem e o sucesso relativo da
psicofarmacoterapia vêm orientando a Psiquiatria em direção à Biologia. Isso quer dizer
que a Psiquiatria também vem interpretando a ansiedade de um ponto de vista
biológico. Em outras palavras, a ansiedade também pode ser compreendida dentro do
paradigma evolucionário e, nesse contexto, algumas perguntas parecem ser relevantes:

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Por que sentimos ansiedade? Como surge? Em que momento da história evolutiva dos
seres humanos ela surgiu? Se ela persistiu como um padrão de comportamento até o
estágio atual do ser humano, que vantagens biológicas pode ter proporcionado à espécie
humana?

Ao se tentar compreender a importância evolutiva da ansiedade para a espécie humana é


imprescindível ter em mente a perspectiva instituída por Charles Darwin. Como se sabe,
Charles Darwin foi o naturalista inglês que propôs que todas as espécies biológicas
existentes fossem provenientes de um ancestral comum e que suas características, assim
como as próprias espécies, seriam decorrentes de uma seleção natural e sexual. Essa é a
teoria que representa o cerne dos fenômenos biológicos. Dessa forma, Darwin apresenta
fatos que indicam que os diferentes comportamentos e emoções, tanto em animais
quanto em humanos, tenham sido (e sejam até hoje) fundamentais para a sobrevivência
e seriam, portanto, biologicamente baseados nos princípios evolutivos. Ou seja, os
diferentes comportamentos e as diferentes emoções são características tão confiáveis e
conservadas nas espécies quanto às características corporais, tais como as formas dos
ossos, dos dentes ou qualquer outra estrutura corporal. Desta forma, Charles Darwin
analisou e explicou todas as emoções existentes do seguinte ponto de vista: Qual a
função dessas emoções? Como elas contribuíram para o processo de adaptação do
indivíduo ao meio-ambiente? Os princípios dessa análise feita por Darwin, sobre as
emoções, encontram-se no livro escrito por ele e intitulado The Expression of the
Emotions in Man and Animals (A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais),
publicada em 1872 e reeditada em1965. De forma resumida, nesta obra, Darwin aponta
o caminho de buscar o valor adaptativo dos processos comportamentais e psicológicos,
caminho esse que hoje é percorrido pela Etologia.

Tendo em vista esta perspectiva, pergunta-se: O que a ansiedade representou – e ainda


representa – para espécie humana em termos de sobrevivência? Em que ponto ela pode
ter representado um benefício à espécie, a ponto de permanecer até os dias de hoje? Que
vantagens ela pode trazer? Uma segunda dúvida, muito freqüente no senso comum, é
com relação às semelhanças e diferenças entre ansiedade e medo. Qual a diferença entre
os dois? O que estou sentindo é ansiedade ou é medo? São padrões de emoção

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diferentes ou são iguais? Essas dúvidas são realmente pertinentes, principalmente
quando se considera a história evolutiva desses dois padrões de emoção. Se
considerarmos o medo e a ansiedade a partir da perspectiva evolutiva instituída por
Charles Darwin, pode-se afirmar que ambos têm suas raízes nas reações de defesa dos
animais. Ou seja, estariam baseadas no instinto de sobrevivência que determina
estratégias de defesa contra perigos comumente encontrados no meio ambiente. Desta
forma, quando um animal é confrontado com uma ameaça ao seu bem-estar, à sua
integridade física ou à sua própria sobrevivência, ele apresenta um conjunto de
respostas comportamentais e neurovegetativas, que caracterizam a reação de medo.
Alguns exemplos das respostas comportamentais da reação de medo são: tremores,
taquicardia, sudorese, posturas corporais de defesa, dilatação das pupilas, etc.

Quais seriam os estímulos considerados perigosos e, portanto, que estariam aptos a


desencadear tais comportamentos e reações? Isso varia de acordo com a biologia da
espécie e envolve conhecer diversos aspectos de sua história biológica, tais como: quais
são seus predadores naturais, quais situações representam perigo para aquela espécie,
quais condições podem colocar sua sobrevivência ou integridade física em risco. Assim,
por exemplo, as reações de medo de um gato podem ser provocadas pela presença de
um cachorro, mas não pela presença de um rato, já que a última alternativa não
representa para o gato um perigo biológico. Se transportarmos essa analogia para a
espécie humana, podemos listar uma série de situações em que as reações de medo
poderiam ser evocadas. No entanto, diferentemente dos outros animais, não é somente a
constituição biológica que determina quais estímulos são considerados ameaçadores
para os seres humanos; tão ou mais importantes são as características sociais e
ambientais em que os indivíduos vivem, bem como as condições psicológicas de cada
um e sua história de vida. Assim, embora um estímulo possa, de maneira geral, eliciar
uma reação de medo na maioria das pessoas, muitas delas não irão considerá-lo como
realmente associado a um perigo.

Vejamos um exemplo: uma pessoa está andando por uma rua quando se depara com um
grande cachorro. O fato da presença do cachorro eliciar ou não uma reação de medo vai
depender da história de vida dessa pessoa e de sua constituição psicológica, embora o
cachorro realmente pudesse representar um perigo à sobrevivência, se considerássemos

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apenas a história biológica humana. E muitos são os padrões de resposta possíveis, que
variam de indivíduo para indivíduo: a pessoa pode paralisar de medo, sem nunca ter tido
uma experiência negativa com cachorros; a pessoa pode sentir muito medo, por já ter
tido experiências negativas com cachorros ou por ter se lembrado de outras pessoas que
vivenciaram experiências negativas; ou ainda, a pessoa pode não se importar e não
sentir medo, por ter contato freqüente com outros cachorros. A diferença de
comportamento vai depender - como já mencionado - da história de vida e de
características psicológicas individuais.

Mas qual é a relação entre o medo e a ansiedade? No que se assemelham e no que


diferem?

Embora exista ainda alguma discussão a respeito, e novas possíveis teorias estejam
sendo ainda desenvolvidas, de maneira geral, considera-se que as reações de MEDO
seriam evocadas em situações onde o perigo é considerado REAL. Ou seja, é uma
resposta a uma ameaça realmente existente, presente, definida. A ANSIEDADE, por sua
vez, embora apresente respostas comportamentais e neurofisiológicas muito
semelhantes às observadas nas reações de medo, seria evocada onde a ameaça ou o
perigo é apenas POTENCIAL. Ou seja, embora a ansiedade possua a qualidade
subjetiva do medo (sensação desconfortável, freqüentemente voltada para a dúvida de
que algo poderá ou não acontecer), o perigo ou a ameaça podem não ser reais,
concretos, iminentes. De forma geral, pode-se dizer que as reações de medo envolvem
uma certeza de perigo; o perigo está presente; não há dúvidas sobre sua existência; é
reconhecível. Já a ansiedade envolve uma possibilidade de perigo ou ameaça; o perigo
pode ou não estar presente, ou às vezes nem existir; é um perigo potencial; não
necessariamente é reconhecível. Para exemplificar em termos práticos, pense na
seguinte situação hipotética: Você está andando por uma rua quando uma pessoa
encapuzada e segurando uma arma caminha em sua direção. Nessa situação, o que você
sente: medo ou ansiedade? Muito provavelmente, sua resposta seja MEDO. A ameaça
está ali, ela é real, reconhecível, não há dúvidas sobre sua existência. Agora pense na
seguinte situação hipotética: Você está no trabalho quando é abordado por seu chefe,
que diz que quer que você se dirija à sala dele em 1 hora. O que você sente nessa
situação: medo ou ansiedade? Você pode acreditar que sente os dois, uma vez que a

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ansiedade possui a qualidade subjetiva do medo, mas é muito provável que, durante essa
1 hora, você fique extremamente ansioso. Pode ser que exista uma ameaça, ou seja, ela
é potencial, não é certa, é direcionada para o futuro, existem dúvidas.

Se, apesar dessas diferenças, a ansiedade se assemelha tanto ao medo em termos de


reações, isso significa que possui uma base neurofisiológica semelhante e que, portanto,
também foi semelhantemente selecionada ao longo da história biológica humana. Ou
seja, embora seja freqüentemente – e na maioria das vezes – interpretada como sendo
uma emoção negativa, se a ansiedade se manteve presente na psicobiologia humana até
hoje é porque algum tipo de benefício à sobrevivência da espécie ela representa.
Portanto, pergunta-se: Que tipo de benefício a ansiedade pode acarretar? Ao contrário
do que se pode pensar, a ansiedade não é um padrão patológico, doentio. A ansiedade
tem sido reconhecida como uma resposta habitual e freqüente do ser humano ao seu
meio. Mas pode, realmente, se tornar patológica.

Ansiedade “normal” e ansiedade “patológica”

Como dito acima, a ansiedade é considerada uma resposta habitual do ser humano ao
meio em que vive e às situações que vivencia. Do ponto de vista biológico, se ela está
presente até os dias atuais como um padrão de comportamento humano significa que
possui alguma função adaptativa. E realmente possui. A sensação de ansiedade prepara
o indivíduo para situações que podem ser difíceis, sejam quais forem essas dificuldades.
Ao se preparar para tais situações, a chance de sucesso pode, conseqüentemente,
aumentar. Além disso, a ansiedade adverte o organismo a respeito de possíveis perigos,
sejam eles físicos (dor, cansaço, esforço, ferimentos) ou psicológicos (impotência,
punição, frustração, separação). Ou seja, a ansiedade motiva o indivíduo a providenciar
o que é necessário para evitar o perigo ou a ameaça, ou pelo menos reduzir suas
conseqüências. Um exemplo pode ser dado ao analisar a situação vivida por
adolescentes que prestam vestibulares concorridos. Muito provavelmente, eles irão se
preparar durante um ano inteiro, ansiosos por chegar o dia da prova. Mas essa ansiedade
faz com que eles se preparem e se dediquem, com o objetivo de evitar o dano – nesse
caso, representado pela não-aprovação. Essas medidas tomadas em função da ansiedade
não irão garantir que esses adolescentes sejam, com certeza, aprovados, mas
minimizarão a chance de não o serem. Portanto, como pode ser observado nessa e em
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outras inúmeras situações, a ansiedade não é, por si só, uma condição negativa. Ela se
torna negativa quando passa a ser patológica.

A própria Psiquiatria aceita que em todo ser humano existe um “grau” de ansiedade
considerado normal e que tem função adaptativa, o que remete, novamente, à
perspectiva biológica. No entanto, é difícil estabelecer o limite entre a ansiedade normal
e a patológica, precisar o momento em que ela passa de vantajosa para prejudicial. Esse
é, inclusive, um conceito que varia de acordo com diferentes autores, os quais estudam
os distúrbios de ansiedade.

Como mencionado, sabe-se que certo grau de ansiedade é necessário para um bom
desempenho em tarefas cognitivas. Contudo, uma ansiedade exagerada pode ser
inadequada, perturbando acentuadamente o desempenho. Ou seja, conforme vai
aumentando o grau de ansiedade de um indivíduo, o seu desempenho também vai
aumentando, melhorando as chances de sucesso em determinada atividade; até que
atinge um ponto a partir do qual o aumento da ansiedade passa a não ser mais associado
a vantagens e, sim, a prejuízos, passando a alterar o comportamento normal do
indivíduo e a afetar negativamente sua vida. Esse conceito pode ser representado
esquematicamente pelo gráfico abaixo.

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É importante mencionar, no entanto, que delimitar qual é o ápice de ansiedade a partir
do qual se torna prejudicial, ou patológica, é uma tarefa quase impossível, considerando
ser a ansiedade uma experiência subjetiva e, portanto, altamente variável entre os
indivíduos. Pode-se mesmo dizer que a linha divisória entre a ansiedade normal e a
patológica é extremamente tênue, e sujeita a inúmeras variáveis, sendo praticamente
impossível precisá-la. Mas o que é e o que caracteriza a ansiedade patológica?

Segundo alguns autores, a ansiedade patológica pode ser considerada como uma
resposta inadequada a um determinado estímulo (ou a vários estímulos,
simultaneamente). Inadequada em função de sua intensidade e de sua duração (ser
muito intensa e durar por muito tempo). Pode provocar, naqueles que a sofrem,
confusão e distorções da percepção temporal, espacial - em relação a pessoas e ao
significado dos acontecimentos. Diferentes pesquisadores afirmam que a ansiedade
somente deverá ser considerada patológica e, portanto, alvo de intervenção médica,
quando for desproporcional às possíveis causas aparentes, muito persistente e interferir
no funcionamento global do indivíduo de maneira significativa. A ansiedade patológica
pode ser de natureza primária ou secundária. É primária quando representa a
manifestação principal ou única do quadro clínico e secundária quando é resultado de
outras doenças, de natureza psiquiátrica ou não.

De forma resumida, portanto, pode-se afirmar que a ansiedade é um estado emocional


que possui tanto componentes psicológicos (como medo persistente, preocupação, entre
outros) como componentes fisiológicos (como taquicardia, tremores, palpitações,
sudorese, entre outros) e que faz parte do repertório normal de experiências humanas.
Na grande maioria das vezes, inclusive quando a ansiedade é manifestada em
intensidade normal, chega mesmo a ser propulsora do desempenho. Passa a ser
patológica, portanto, quando é desproporcional à possível causa, persiste por tempo
muito maior do que o necessário, quando se repete em pequenos intervalos de tempo ou
quando não existe um fato ou situação específica, para os quais seja direcionada.

17
Somatização

A somatização é caracterizada pela presença de sintomas físicos, particularmente, uma


combinação de dor e sintomas gastrointestinais, sexuais e neurológicos. As causas da
somatização não são conhecidas. Ela freqüentemente ocorre em famílias. Os indivíduos
com o distúrbio também tendem a apresentar distúrbios da personalidade caracterizados
por egocentrismo personalidade narcisista e por uma dependência excessiva de outras
pessoas - personalidade dependente. Os primeiros sintomas surgem na adolescência ou
no início da idade adulta, ocorrendo mais freqüentemente em mulheres.

As doenças psicossomáticas: são doenças físicas supostamente causadas por fatores


psicológicos. No entanto, nenhuma doença física é causada unicamente por fatores
psicológicos. Uma doença física deve ter um componente biológico (um fator essencial
para que a doença ocorra). Fatores biológicos, ambientais, sociais e psicológicos se
combinam para fazer com que alguém infectado por um vírus, por exemplo, apresente
sintomas da doença relacionada a esse vírus. O termo “psicossomático” abrange essa
combinação de fatores.

A conversão histérica: constitui-se de sintomas físicos causados por conflitos


psicológicos, e que são semelhantes aos de um distúrbio neurológico ou de outras
doenças. Os sintomas da conversão são causados por estresse e por conflitos
psicológicos, que são convertidos pelo paciente em sintomas físicos de uma forma
inconsciente. Embora os distúrbios da conversão sejam mais freqüentes na adolescência
ou no início da vida adulta, eles podem ter início em qualquer idade. É mais comum em
mulheres que em homens.

Família Disfuncional

Iremos abordar esse tema dentro do curso com a intenção muito mais reflexiva e
orientadora para futuras observações e pesquisas acerca dos elementos fundantes dos
assistidos/clientes.

18
Família disfuncional define uma sociedade formada por indivíduos ligados por
ancestrais em comum ou laços afetivos que se encontram em conflito, mau
comportamento e mesmo abusando uns dos outros de forma contínua e regular.
Crianças que crescem neste tipo de família entendem que
às vezes acordos são normais e necessários. Famílias
disfuncionais são geralmente resultado de adultos
codependentes, e também afetadas pelo alcoolismo, abuso
de drogas, e outros vícios parentais, com os pais
destratando ou não levando em consideração possíveis
doenças mentais ou transtorno de personalidade, ou de pais
emulando o comportamento de seus próprios pais
disfuncionais ou experiências de suas famílias disfuncionais.

Os membros de uma família disfuncional têm sintomas comuns e protótipos de


comportamento resultados de suas próprias experiências dentro de uma estrutura
familiar. A família pode ser afetada por vários fatores.

Exemplos de família disfuncional

•Rejeição (como recusar-se a reconhecer o alcoolismo de um pai ou de um filho


adolescente; ignorar episódios de abuso sexual), também conhecido como “o elefante na
sala”;

•Falta de empatia entre os membros da família;

•Falta de limites claros (como tomar como seu a propriedade de outros; toques
inapropriados entre familiares);

•Ordens e mensagens não muito claras;

•Pais divorciados ou separados;

•Comportamento adúltero ou promíscuo envolvendo os pais ou os filhos adolescentes;

•Extremos em conflito (desde pequenas discussões até brigas terríveis).

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Sinais de pais nada saudáveis

•Desrespeito

•Intolerância emocional (os membros da família não são permitidos a expressar


emoções "erradas", como chorar e "demonstrar fraqueza")

•Comportamento ridículo e menosprezado

Estilos de pais disfuncionais

•Manipuladores (pais narcisistas);

•Abusadores (pais que abusam físico, verbal ou sexualmente de seus filhos para
dominá-los);

•Privação

•Dogmático ou como uma seita

•Perfeccionismo

•Apaziguamento

•Síndrome de Münchhausen (por procuração)

Sintomas de famílias disfuncionais

 Volatilidade Pais dogmáticos ou caóticos (disciplina dura e inflexível)


 Infantilização (pais que colocam seus filhos na posição de pais, tendendo a ser
carentes e incompetentes. Geralmente concordam com o abuso provocado pelo
outro pai.) usando-se de meios físicos como consequência de arbitrariedade.
 Educam pelo medo.
 Amor condicional. Privação (pais que controlam por demais o amor, o
dinheiro, a admiração, a atenção, ou qualquer outra coisa que seus filhos
necessitem).
 Discursos autoritários (crianças não são permitidas a discordar com a autoridade
ou questioná-la). Deificação (pais que transformam seus filhos em fiéis ou
servos através de regras e papéis restritos).
 Negação de uma vida melhor (crianças não são permitidas a desenvolver seu
próprio sistema de valores).

20
Efeitos nas crianças

Crianças que crescem numa família disfuncional têm adotado um ou mais dos
papéis básicos apresentados abaixo:

•O Filho Bom – aquele que assume o papel de pai;

•O Filho Problemático – aquele que é culpado pela maioria dos problemas e pode
também ser cotado como responsável pela disfuncionalidade da família, tornando-se às
vezes o único emocionalmente estável;

•O Filho Babá – aquele que se torna responsável pelo bem emocional da família;

•O Filho Perdido – aquele que é inconspícuo, quieto, que necessita de mais e recebe de
nada; constantemente ignorado e escondido;

•O Filho Mascote – aquele que se usa de comédia para distrair os demais dos problemas
familiares;

•O Filho Cabeça – aquele que se torna oportunista, capitalizando sobre as faltas de seus
próprios parentes para conseguir o que bem deseja.

Eles também podem:

•Pensar somente em si mesmo para fazer sua infância diferente, supervalorizando o


amor-próprio;

•Desconfiar dos outros;

•Dificuldade em expressar emoções;

•Baixa autoestima e autoimagem prejudicada;

•Dificuldade em formar relacionamentos saudáveis com os outros;

•Sentir-se bravo, ansioso, depressivo, isolado dos outros, ou sem-valor;

21
•Perpetuar comportamentos disfuncionais em seus próprios relacionamentos
(principalmente nos filhos);

•Perder a habilidade de brincar ou ser criança, e talvez “crescer rápido demais”.

•Sempre são ensinados a viver longe de suas famílias.

A criança interior

Uma das várias formas de recuperação bem sucedidas para Filhos Adultos envolve o
conhecimento da existência da Criança Interior. A criança que era pequena, perdida, e
sem esperança de fato nunca vai embora, mas fica congelada para proteger a semente
especial que toda criança carrega. Filhos Adultos em recuperação podem achar essa
Criança Interior e retomar o processo de recuperação ao permitir que ela complete o
trabalho de crescimento e desenvolvimento para vir a se tornar um adulto saudável.

Ao Lidar com a Criança Interior é importante saber que parte irá responder como uma
criança. Uma criança não entende o tempo e cada sentimento completa todo seu
universo e é eterno. Se um sentimento é ruim, a criança acreditará que nos sentiremos
mal para sempre. Se for bom, ela também supõe que será para sempre.

O sentimento de medo preenche todo o universo da criança e experimentar como um


adulto pode ser preocupante.

A criança interior provavelmente terá medo do adulto no qual se transformou--- Todos


adultos que ela conheceu anteriormente foram prejudiciais ou a trairiam. Você tera que
ganhar o respeito da sua Criança Interior.

A Criança Interior tem um trabalho a fazer e ela o fez bem. Ela fez o que era necessário
para sobreviver. Um desses trabalhos era manter com ela as memórias que não tinha
condições de lidar. Pode haver ocasiões nas quais as memórias retornam como um
dilúvio, mas essa é frequentemente uma tática para impressionar com a enorme
quantidade de lembranças, que servem para evitar que olhe atentamente para qualquer
uma delas.

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Características de filhos adultos:

 Não confiar

Numa família disfuncional promessas são frequentemente esquecidas, celebrações


canceladas e o humor dos pais geralmente imprevisível. Como resultado, Filhos Adultos
aprendem a não contar com os outros e frequentemente tem dificuldade em acreditar
que os outros podem se preocupar em seguir seus compromissos ou promessas.

 Não sentir

Devido a constante dor do desapontamento, a criança deve "parar de sentir" para


sobreviver emocionalmente. Afinal qual a utilidade de se ferir o tempo todo? Nessas
famílias, quando as emoções são expressas, elas são frequentemente abusivas e
estimuladas pela disfunção. Essas explosões não têm resultados positivos. Assim, Filhos
Adultos tem poucas oportunidades para ver emoções expressadas apropriadamente e
usadas para estimular mudanças construtivas. Então os Filhos Adultos pensam: "por que
sentir alguma coisa quando os sentimentos somente saem do controle e não mudam
nada de fato? Eu não quero me ferir mais do que eu já faço".

 Não falar

Filhos Adultos aprendem em suas famílias a não falar sobre boa parte de sua realidade.
Isso resulta na necessidade da família em negar que um problema existe e que a
disfuncionalidade de alguém está ligado a esse problema. Isso que é tão evidente não
precisa ser comentado. Há frequentemente uma esperança que se ninguém falar sobre o
problema ele simplesmente não virá a se repetir. Também não há nada de bom para
falar. Desse treino desde cedo, Filhos Adultos geralmente desenvolvem uma tendência a
não falar em nada desagradável.

 Filhos Adultos se preocupam com o que é "ser normal"

Não há nenhuma referência para o que possa ser uma família normal. Não tem
referências sobre o que pode ser falado e sentido.

23
 Filhos adultos tem dificuldade em seguir um projeto do início ao fim.

Em lares saudáveis, a criança tem este comportamento e atitudes como modelos. A


criança observa o processo e pode eventualmente ter perguntas durante o seu
desenvolvimento. O aprendizado pode ser mais indireto do que direto, mas está
presente. Devido a sua experiência ter sido bem diferente, não deve ser uma surpresa
que tenha problemas em seguir um projeto do inicio ao fim.

 Filhos Adultos mentem quando seria mais fácil simplesmente dizer a


verdade.

Mentir é a base do sistema familiar disfuncional. Ele mascara em parte a visível


negação de realidades desagradáveis, encobrem situações, promessas não cumpridas e
inconsistentes. Mentir como norma em sua casa tornou-se parte do que conheceu e
sobre o que pode ser útil. De vez em quando, mentir faz a vida muito mais confortável.

 Filhos Adultos os julgam mesmos sem misericórdia.

O seu julgamento dos outros não é nada perto daquele destinado a ele mesmo. Branco e
preto, bom ou mau, são as maneiras típicas pelas quais enxergam as coisas.

 Filhos Adultos tem dificuldade em se divertir. Filhos Adultos se levam


muito a sério.

Essas duas características estão intimamente ligadas. A criança não escutou seus pais
rindo, brincando ou relaxando. A vida é uma coisa muito séria. O humor da casa não
permitou que haja algum tipo de relaxamento.

 Filhos Adultos tem dificuldades com relacionamentos íntimos.

Os sentimentos de estar inseguro, ter dificuldade em confiar ou de se magoar, não são


exclusivos de Filhos Adultos. Esses são problemas que muitas pessoas têm. É
simplesmente uma questão de grau, sendo um Filho Adulto faz com que algumas
dificuldades normais venham a ser mais intensas.

24
 Filhos Adultos reagem de forma excessiva quando não tem o controle de
uma situação.

O jovem filho de uma família alcoólica ou disfuncional não estava no controle. A vida
do alcoólico ou de outro pai/mãe disfuncional foi imposto à eles, assim como seu
ambiente. Para sobreviver quando estava crescendo, ele teve que mudar. Ele teve que se
encarregar de criar seu próprio ambiente para o desenvolvimento. Isso foi muito
importante e muitas lembranças ficaram. O filho aprendeu a confiar somente nele mais
do que em qualquer outra pessoa quando era impossível contar com o julgamento de
outra pessoa para ajudá-lo

 Filhos Adultos procuram constantemente aprovação e afirmação.

A mensagem quando criança foi muito confusa. Não havia um amor incondicional. A
definição não era clara e a mensagem era misturada. "sim, não, eu te amo, vá pra
longe". Então a criança cresce confuso sobre seu real valor. (no Espaço Aluno no
Materia de apoio sobre “Duplo Vínculo”)

 Filhos Adultos sentem-se diferentes das outras pessoas.

Sentir-se diferente é um sentimento desde a infância e mesmo em circunstâncias claras


para isso. Outras crianças tiveram a oportunidade de serem crianças. A criança estava
muito preocupada com o que acontecia em sua casa. Pode nunca ter se sentido
completamente à vontade brincando com outras crianças. Não estava completamente lá.

 Filhos Adultos são super-responsáveis ou muito irresponsáveis.

Ou pega tudo, ou abandona tudo. Não há o caminho do meio. Tenta agradar seus pais
fazendo mais e mais ou chega num ponto em que reconhece que isso não importa então,
acaba não fazendo nada.

 Filhos Adultos são extremamente fiéis, mesmo quando há evidências de que


essa lealdade não é merecida.

25
O lar disfuncional parece ser um lugar muito "leal", no qual todos permanecem por
vontade própria. A assim chamada lealdade é mais um resultado do medo e da
insegurança do que qualquer outra coisa, mas o comportamento que é o modelo é o de
que ninguém abandona o lar porque a partida pode provocar uma situação difícil. Esse
sentimento faz com que o Filho Adulto muitas vezes repita esse padrão, ao manter-se
em relacionamentos cujo melhor destino seria a separação ou uma ruptura de algum
tipo.

 Filhos Adultos são impulsivos

Filhos Adultos tem a tendência a prender eles mesmo em um modo de agir sem pensar
seriamente em comportamentos alternativos ou possíveis consequências. Essa
impulsividade leva a confusão, uma sensação de auto-ódio e a perda do controle sobre a
situação. Alem disso eles perdem uma excessiva quantidade de energia arrumando a
bagunça que fizeram

Família disfuncional X Família Saudável

Famílias saudáveis não é um resultado de uma "infância perfeita", mas o resultado de


um sistema familiar que possui regras consistentes e razoáveis, que tem uma base de
confiança e respostas apropriadas as quebras destas regras.

Punição em uma família saudável não envolve cicatrizes físicas ou emocionais, e não
são fora de proporção em relação a ofensa.

Filhos Adultos na maioria das vezes vem de lares onde as regras estão sujeitas aos
caprichos da pessoa que esta no cômodo na hora em que ocorre.

Nós poderíamos ter recebido uma ordem do nosso pai, proibidos de fazer o mesmo pela
mãe, orientado como agir de uma forma diferente por um dos avos e ridicularizado por
Ter feito ou não, por um tio ou amigo da família.

Como resultado, o filho adulto cresce "sabendo" que nunca vai conseguir fazer nada
direito que eles são de alguma forma defeituosa.

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Numa família saudável

Os pais são amorosas figuras autoritárias, que deixam bem claro o que gostam e o que
não gostam, expressam livremente suas necessidades e sentimentos, são permitidos a
discordar abertamente e a não serem perfeitos tudo sem ameaçar a base de confiança e
amor da qual eles são uma fonte consistente para a família. Os pais saudáveis podem
cometer erros e isso não é traumático para o filho, mas uma demonstração da liberdade
e honestidade de uma família saudável. Crianças saudáveis aprendem que seus pais são
humanos e não são perfeitos, e a criança aprende que não é esperada perfeição dela
também, mas a fazer o melhor que elas possam fazer. As crianças aprendem que podem
cometer erros, e são esperadas as reparações por qualquer dano causado e após isso,
aprender com a experiência.

Numa família disfuncional

Os pais são figuras autoritárias, cujas palavras e ações não podem ser questionadas.
Diante de erros grosseiros ou ações errôneas, o filho adulto, aprende que suas
necessidades, desejos e segurança são menos importantes do que dar apoio ao sistema
familiar. Independência, que é permitida em famílias saudáveis dentro de limites
razoáveis, é uma afronta a autoridade dos pais disfuncionais. Filhos Adultos escutam
comentários do tipo "Quem você pensa que é?" "Você nunca vai conseguir nada" e "O
que te faz pensar que você é tão bom assim?"

Filhos Adultos aprendem a não exceder o nível de competência dos pais.

Eles aprendem que é perigoso ser um estudante melhor, ganhar mais dinheiro, Ter uma
família saudável ou ganhar reconhecimento. Os pais disfuncionais encaram esse sucesso
como uma ameaça mostraria que eles são "menores".

O filho adulto pode não se dar conta da autosabotagem que eles aplicam em suas
próprias vidas e preocupados com sua inabilidade em alcançar sucessos.

Como uma criança, o Filho Adulto aprende a se comportar de qualquer maneira que
permita sua sobrevivência.

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O comportamento pode variar do desacato à autoridade (a romântica imagem do
rebelde), pela supressão de suas próprias necessidades ou o atendimento as necessidades
de outras pessoas que continuarão a representar seus pais em suas vidas.

As crianças carregam suas primeiras impressões das normas da família com elas quando
se tornam adolescentes ou adultos. Vivendo numa família disfuncional suas bases
distorcidas podem continuar a funcionar bem o suficiente para permitir a ilusão de "uma
família saudável".

Virtualmente todos os sistemas familiares disfuncionais, de qualquer forma, estão num


vagarosos espiral descendente, pedindo mais e mais energia para defender as realidades
"oficiais" das famílias devidos as evidências cada vez maiores de que algo está errado.

Quando um filho de uma família disfuncional começa a entrar no "mundo real" escola e
ambiente de trabalho- eles descobrem que seus sistemas familiares não são a realidade
compartilhada por seus colegas de classe e companheiros de trabalho.

Muitos Filhos Adultos tornam-se pessoas solitárias ou entram em relacionamentos


pouco saudáveis com outros Filhos de famílias disfuncionais.

Esses relacionamentos atualmente reforçam suas visões disfuncionais do mundo ao


"encontrar outra pessoa que realmente entende".

As ligações profundas nesses relacionamentos são acentuadas pela falta de um senso de


identidade do Filho Adulto . Eles não sabem onde ele acaba e outro começa. Como
resultado eles são incapazes de definir seus limites e começam a pegar a opinião de
outras pessoas, defeitos e necessidades.

Se o Filho Adulto e capaz de formar amizades duráveis, (alguns nunca o fazem), é,


frequentemente, com outro Filho Adulto que fornece características familiares similares
a disfunção familiar.

Os Filhos Adultos podem ser muito vagarosos para reconhecer os padrões dos
problemas da família - eles gastam boa parte de seu tempo sendo treinado pela família
para não ver o problema- ate quando eles são recriados nas amizades, casamentos e

28
relações de trabalho. Mesmo que o sintoma externo não esteja presente (alcoolismo,
jogo, violência etc), o comportamento esta presente desde o começo do relacionamento.

Quando um comportamento se transforma numa disfunção completa, o filho adulto é


freqüentemente "um dos últimos a notar" e se sente traído. "eu nunca soube que ele
bebia..."; "Meu Deus, ela é igualzinha minha mãe!!".

Quando toma consciência o Filho Adulto pode enfrentar uma depressão e se sentir
defeituoso. "o que há de errado comigo? Como não vi isso antes".

A falta das habilidades necessárias para tonar conta de si mesmo pode deixar o filho
adulto com um auto-ódio intenso e uma baixa (ou inexistente) autoestima.

O problema

Muitos de nós encontramos várias características em comum como resultado do


crescimento em um lar disfuncional.

Viemos a nos sentir isolados, desconfortáveis com pessoas, especialmente aquelas que
representavam qualquer tipo de autoridade. Para nos protegermos, nos tornamos
agradadores, mesmo que nossa identidade tenha se perdido no processo. Da mesma
forma, nos poderíamos encarar de forma equivocada críticas pessoais como um perigo.

Vivemos a vida do ponto de vista de vítimas. Desenvolvolvemos um super senso de


responsabilidade e preferimos nos preocupar com os outros a nos preocuparmos com
nós mesmos. De alguma forma temos sentimentos de culpa quando nos preocupamos
mais com nós do que com os outros. Deixamos de agir e passamos a reagir, deixando
para os outros a tomada de iniciativa.

Tínhamos personalidades dependentes -aterrorizadas pelo abandono com o desejo de


fazer quase tudo para permanecer em um relacionamento para não nos sentirmos
abandonados. Ainda permanecemos escolhendo relacionamentos inseguros porque eles
iam de encontro aos relacionamentos na nossa infância com os pais alcóolicos ou
disfuncionais.

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Esses sintomas da doença da família nos fez "covítimas". Aprendemos a manter nossos
sentimentos escondidos como crianças e mante-los enterrados como adultos. Como
resultado desse condicionamento, confundimos amor com piedade, tendo a tendência a
amar aqueles que poderíamos "salvar".

Mesmo que auto derrotistas, nos tornamos adictos da excitação em todos os setores de
nossa vida, preferindo o stress constante a soluções que poderiam ser trabalhadas. Esta é
uma descrição. Não uma acusação.

A maioria dos livros publicados sobre o assunto Filhos Adultos ou Crianças-Adultas


concordam que certos tipos de personalidade são comuns em famílias disfuncionais.
Alguns dos livros os chamam por nomes diferentes e nem todos os tipos são
encontrados em todos os livros.

Abaixo alguns dos tipos.

Herói da família - Um realizador, frequentemente (mas não sempre) o filho mais velho.
Muitas vezes pode identificar as necessidades dos outros as suprir, mas sem entender
suas próprias necessidades. Eles mostram para o mundo exterior que tudo "esta bem",
mas não tem como sentir os benefícios de suas conquistas materiais e ou profissionais.
Se sentem como uma fraude e estão sujeitos a depressões que ele esconde daqueles que
o rodeiam

O Salvador - Parecido com o Herói da Família, mas sem o sucesso visível. O salvador
encontra aqueles em necessidade, por vezes casam com eles, ou encontram um trabalho
no qual possa suprir as necessidades de outros e são muito compreensivos em relação a
traições constantes. Eles têm a tendência a se sentirem inadequado por se doarem
demais e por não Ter a capacidade de aceitar ajuda para suas próprias necessidades.

O Mascote - Frequentemente o filho mais novo, que usa o humor ou outro


comportamento atrapalhado como por exemplo ser desajeitado ou estar sempre em
apuros para tirar o foco da família de seus problemas . E h do tipo que pode contar uma
piada no momento certo para ocupar a cabeça de todo mundo e mante-los afastados da
dor da realidade.

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O Organizador - Eles nunca são perturbados pelo o que esta ocorrendo. Essas crianças
nunca se ligam muito a um objetivo ou um desejo porque aprenderam a mudar de
direção a qualquer momento. Eles sabem que algo esta errado, mas lidam com isso,
freqüentemente com sucesso, com a seqüência de situações stressantes ao entregar sua
identidade as necessidades do momento.

O Capacho- A criança abusada que sobrevive deixando os outros passarem por cima
dela, preferindo esse comportamento a um desagradável e as vezes perigoso confronto.
Esses filhos tem um entende muito bem as necessidades que os outros tem em abusa-la,
mas não consegue identificar seus sentimentos sobre o abuso no passado ou no presente

O rebelde - este filho entra em ação ao menor sinal de provocação, como um herói
agindo para prevenir um abuso a outra pessoa (distraindo o abusador) ou para proteger
eles mesmos. Este é o filho que é mais visível para o mundo externo. é que pode vir a se
tornar um adicto ou ter outro comportamento compulsivo como uma afronta ao sistema
familiar.

O Bode expiatório - esse filho leva a culpa e a vergonha pelas ações de outros
membros da família por ser o que tem a mais visível disfuncionalidade. Esse filho serve
a família sendo o "louco" ou doente que permite aos outros membros da família ignorar
seus próprios problemas. Esses são também os filhos que mantém as famílias juntas a
família se reúne para ajudar o bode expiatório. Eles aprendem a permanecer
problemáticos para continuar a receber a pequena atenção disponível num lar
disfuncional por mostrar que a família esta bem, sendo o foco de tudo que não está bem
que a família vagamente sente.

A ameaça - Esse filho é frequentemente vitima de abuso físico, sexual e ou emocional,


que com sucesso faz a transição mental para deixar de ser a vitima e passar a ser o
abusador. Muitas vezes "A ameaça" esta realmente arrependido de seus atos pela dor e
sofrimento causado aos outros, mas continuara a infligir esse abuso para não Ter que se
confrontar com a própria dor de ter sido abusado.

A Criança perdida - Frequentemente um jovem ou o mais novo filhos, esse tipo de


personalidade aprendeu a ficar fora do caminha, não fazer suas necessidades

31
reconhecidas e a não esperar nada. Eles evitam sentir, negando que tem sentimentos.
Eles adotam qualquer comportamento que permita a continuidade do seu "ficar
invisível" no meio da família, do trabalho, da escola ou em um relacionamento. Esse é o
filho que pode assumir qualquer personalidade que pareça o menos ameaçadora para
aqueles que os rodeiam

A última esperança- Parecido com a


criança perdida, A Ultima esperança é um
cuidador para a família quando os outros
membros se tornaram incapazes de
continuar em seus papeis.
Frequentemente a ultima esperança
cresce ouvindo coisas do tipo “você não
vai conseguir me ferir como fulano ou siclano". Esses filhos podem se sacrificar demais
tentando fazer "o que é certo", não interessando o quanto isso o prejudique.

Cada um dos tipos de personalidade tem necessidades especiais na recuperação e cada


tipo pode se recuperar se eles aceitarem o risco ao acreditar que podem mudar e se
recuperar. Um filho adulto pode Ter diversas dessas características de uma vez ou atuar
em diferentes papeis dentro da família em diferentes idades ou dependendo da pessoa
com a qual ele se relaciona. (Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/filhosadultos)

Emoções

Neurobiologia das emoções

A tematização das emoções como questão relativa ao conhecimento é uma perspectiva


bastante arcaica na cultura ocidental. Voltando os olhos ao mundo grego antigo, é
possível encontrar no conceito de (pathós) a ideia de paixão, entendida no
âmbito da filosofia helênica como raiz dos males e da infelicidade do homem, devendo,
pois, ser moderada e, quiçá, dominada.

32
Inscreve-se neste horizonte, por exemplo, a concepção platônica de alma tripartida,
sendo mortais as duas porções correspondentes às emoções concupiscente e irascível e
imortal (divina) a alma racional.

Assim, pois, a complexa relação emoção–razão tornou-se mote recorrente no


pensamento de diferentes filósofos, os quais formularam concepções, as mais variadas,
para explicar as origens e o papel das emoções na condição humana. Este foi,
precisamente, o caso do pensador francês René Descartes, que, em suas Meditações
Metafísicas, chega à concepção de uma substância pensante (res cogitans)
completamente separada da “substância do mundo” (res extensa), facultando, assim,
uma genuína cisão entre corpo e mente.

Para Descartes, a res cogitans pertence à razão e ao pensamento, enquanto ao corpo (res
extensa) pertencem as emoções, caracterizáveis como confusas e não críveis em relação
aos conteúdos de verdade. Ao contrário, o filósofo Baruch de Spinoza concebia que a
“substância pensante e a substância extensa são uma mesma substância, ora
compreendida como um atributo, ora como outro”. Nesses termos, razão e emoção e,
de resto, a própria constituição orgânica pertenceriam a uma mesma natureza.

De um problema genuinamente filosófico, as relações entre corpo e mente e entre razão


e emoção passaram a ser também investigadas no âmbito teórico de outros saberes,
como a psicologia, a psicanálise e a biologia, a partir da segunda metade do século XIX
e princípios do século XX. O que marca esse período é o interesse científico voltado
para os processos cognitivos, os quais incluem as atividades mentais relacionadas à
aquisição de conhecimento e conectadas ao raciocínio e à memória. Esse anseio
elucidativo explica-se pela maior comensurabilidade da cognição, levando ao
desenvolvimento da chamada “revolução cognitiva”. A partir de então, realizaram-se
inúmeras investigações, as quais culminaram na proposição dos mecanismos envolvidos
na percepção, atenção e memória. Ademais, os poucos autores que se voltavam às
emoções, concebiam-nas de modo “segmentado”, tratando os “circuitos emocionais”
como eventos à parte e independentes das demais atividades neurais.

Mais recentemente a partir do desenvolvimento de novas técnicas especializadas de


pesquisa em neurofisiologia e em neuroimagem, vem-se ampliando o interesse pelo
33
estudo das bases neurais dos processos envolvidos nas emoções, a partir da
caracterização e das investigações sobre o sistema límbico (SL). Sabe-se, com base em
diferentes resultados, que há uma profunda integração entre os processos emocionais, os
cognitivos e os homeostáticos, de modo que sua identificação será de grande valia para
a melhor compreensão das respostas fisiológicas do organismo ante as mais variadas
situações enfrentadas pelo indivíduo.

Assim, reconhece-se que as áreas cerebrais envolvidas no controle motivacional, na


cognição e na memória fazem conexões com diversos circuitos nervosos, os quais,
através de seus neurotransmissores, promovem respostas fisiológicas que relacionam o
organismo ao meio (sistema nervoso somático) e também à inervação de estruturas
viscerais (sistema nervoso visceral ou da vida vegetativa), importantes à manutenção da
constância do meio interno (homeostasia).

Apesar desses avanços, muito se tem discutido sobre a possibilidade de se tratar,


cientificamente, as questões relativas à emoção. Com o desenvolvimento das
neurociências, postula-se que, como a percepção e a ação, a emoção é relacionada a
circuitos cerebrais distintos. Ademais, as emoções estão geralmente acompanhadas por
respostas autonômicas, endócrinas e motoras esqueléticas que dependem de áreas
subcorticais do sistema nervoso, as quais preparam o corpo para a ação.

Com efeito, acredita-se que a ciência será capaz de explicar os aspectos biológicos
relacionados à emoção, mas não o que é a emoção: esta permanece como uma
questão prevalentemente filosófica.

A partir do Renascimento período marcado, entre outros aspectos, por um substantivo


progresso da anatomia humana desenvolveram-se os estudos morfológicos, tipificados
por uma fecunda composição entre ciência e arte, os quais permitiram a descrição de
diferentes estruturas orgânicas, entre as quais o cérebro e os demais constituintes do
sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP). Tal contexto foi um dos responsáveis
pelo ulterior interesse em compreender a representação dos processos cognitivos e das
emoções no cérebro, temática que ganhou especial impulso a partir dos séculos XVIII e
XIX especialmente após os trabalhos de Gall, Broca e Papez.

34
Franz Joseph Gall descreveu a morfologia do cérebro e das principais estruturas
nervosas, o que facultou um significativo avanço na diferenciação de porções
importantes do cérebro, caracterizando algumas de suas funções específicas, passando a
ser conhecido como “o autor da verdadeira anatomia do cérebro”. O primeiro
“mapeamento” das funções cerebrais foi proposto por Pierre Paul Broca, realizado a
partir da observação de pacientes com danos cerebrais. Broca identificou o lobo límbico
(limbo = margem), o qual compreende um anel composto por um contínuo de estruturas
corticais situadas na face medial e inferior do cérebro.

Um grande impulso para o estabelecimento de hipóteses sobre as bases neurais das


emoções deu-se a partir da descrição do caso Phineas Gage, um operário que sobreviveu
à ocorrência de grave dano cerebral, consequente a um sério acidente de trabalho. Após
uma explosão acidental, Gage teve sua cabeça atravessada por uma barra de ferro, a
qual penetrou através da região maxilar esquerda, atingindo profundamente seu lobo
frontal ipsilateral.

Gage não perdeu a consciência, apesar de seu lobo frontal estar lesado. Após algumas
semanas, o operário desejou retornar ao trabalho, mas não obteve permissão do seu
chefe, em razão de sua grande mudança comportamental. Antes do acidente, Gage era
um trabalhador capaz e eficiente, com uma mente bem equilibrada, sendo visto como
um homem astuto, inteligente e talentoso. Após o evento mórbido, tornou-se indeciso,
demonstrando indiferença, falsidade, deslealdade e desleixo. Mostrava-se ainda
impaciente e inábil para estabelecer qualquer plano para o futuro.

O interesse pela compreensão dos processos mentais e cerebrais também pode ser
identificado nas investigações pioneiras desenvolvidas, no século passado pelo
fisiologista e psicólogo vienense Sigmund Exer, pelo psicanalista Sigmund Freud e pelo
médico francês Israel Waynbaum, nas quais começou a se desenhar um conhecimento
sobre redes neuronais e possíveis estruturas que comporiam os circuitos emocionais.

Nesse movimento, temporalmente situado na transição do século XIX para o XX, foram
propostas as primeiras teorias neuropsicológicas das emoções, cabendo destaque às

35
concepções de William James e Carl Lange para os quais a experiência emocional
subjetiva seria consequente às manifestações fisiológicas e comportamentais (ou seja, se
fica alegre porque se sorri...) bem como às ideias de Walter Cannon e de Phillip Bard
que formularam que o SNC causava tanto a experiência subjetiva quanto as
manifestações fisiológicas e comportamentais.

Substantivo avanço para a compreensão dos fenômenos neurobiológicos relacionados à


emoção foi alcançado por Joseph Papez, anatomista estadunidense que deslocou o olhar
de uma perspectiva de centros emocionais, substituindo-a por uma concepção de
sistema. De fato, inicialmente se acreditava que o lobo límbico descrito por Broca
estaria relacionado ao olfato, mas Papez demonstrou que suas diferentes porções
estavam unidas e coordenadas entre si, formando um circuito, o qual incluía o córtex
cingulado, o hipocampo, o hipotálamo e os núcleos anteriores do tálamo.

Evidências experimentais ulteriores permitiram a revisão das estruturas pertencentes ao


circuito proposto por Papez, surgindo, assim, o conceito de sistema límbico (SL)
retomando o termo criado por Broca ao descrever o lobo límbico, o qual envolveria as
estruturas relacionadas às emoções.

O SL passou a ser caracterizados como o circuito neuronal relacionado às respostas


emocionais e aos impulsos motivacionais, já tendo sido incluídas em seu bojo estruturas
como hipotálamo, amígdala, núcleos da base, área pré-frontal, cerebelo e septo (o
hipocampo, inicialmente inserido, não parece ter participação decisiva nos mecanismos
neurais das emoções, tendo papel, outros sim, na consolidação da memória, incluída
aquela de conteúdo emocional, daí estar relacionado ainda que não seja pertencente ao
SL).

De modo similar, o grupo de núcleos anteriores do tálamo não está confirmado como
elemento substantivo na neurobiologia das emoções. Com efeito, ainda não existe um
perfeito acordo sobre os componentes do SL. Embora a denominação “sistema límbico”
ainda seja usada para designar componentes envolvidos nos circuitos cerebrais das
emoções, tal categorização vem sofrendo críticas em diversos graus. Como exemplo,
cita-se a inclusão de várias estruturas anatômicas no seu bojo, sem que haja clara
concordância entre os autores; de fato, a maioria dos investigadores inclui, no SL, o giro
36
do cíngulo, o giro para-hipocampal, a amígdala, o hipotálamo e a área de septo. Outras
estruturas como cerebelo, tálamo, área pré-frontal e hipocampo nem sempre são tidas
como pertencentes ao SL, ainda que
esses elementos possuam relações
diretas com os processos emocionais e
as respostas autonômicas. Tal fato
indica que não há critérios amplamente
aceitos para se decidir sobre a
constituição do SL. Ademais, a própria
ideia de um único sistema das emoções vem sendo colocada em xeque na medida em
que têm sido identificados diferentes circuitos e áreas do SNC que se correlacionam aos
díspares estados denominados emoções. Desse modo, no presente manuscrito, incluir-
se-ão nas discussões sobre o SL as estruturas consensualmente reconhecidas pelos
diferentes autores, bem como aquelas que se relacionam diretamente às emoções.

Assim, em substituição ou ampliação à ideia do SL, deve-se propor a concepção dos


sistemas das emoções, os quais albergam os díspares circuitos e as redes neuronais
correlacionáveis aos estados tipificados como emoção.

Estruturas relacionadas às emoções

Os “sistemas das emoções” ao menos como vêm sendo entendidos recentemente


parecem estar organizados em rede; nestas não existem componentes
morfofuncionalmente regulatórios mais pronunciados, ou seja, todos os elementos
exercem papéis regulatórios semelhantes entre si. Pode-se, então, compreender que tais
sistemas dependem da integração de seus componentes de uma forma complexa, não
hierárquica, a qual necessita ainda ser mais bem explicada.

37
A figura 1 e o quadro 1 apresentam os componentes do SL, conforme proposto por
Papez. O quadro 2 expõe estruturas adicionais que integram os sistemas das emoções.

Embora não se tenha uma definição precisa dos circuitos neuronais envolvidos no
complexo “sistema das emoções”, podem ser descritas, de modo didático, algumas vias
neuronais, sem perder de vista que elas estão, em última análise, integradas
funcionalmente. Essas vias serão discutidas, a seguir, no âmbito das diferentes emoções.

38
As bases neurais das emoções

39
Prazer e recompensa

As emoções mais “primitivas” e bem estudadas pelos neurofisiologistas com a


finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento cerebral são a sensação de
recompensa (prazer, satisfação) e de punição (desgosto, aversão), tendo sido
caracterizado, para cada uma delas, um circuito encefálico específico.

O “centro de recompensa” está relacionado, principalmente, ao feixe pros encefálico


medial nos núcleos lateral e ventromedial do hipotálamo, havendo conexões com o
septo, a amígdala, algumas áreas do tálamo e os gânglios da base. Já o “centro de
punição” é descrito com localização na área cinzenta central que rodeia o aqueduto
cerebral de Sylvius, no mesencéfalo, estendendo-se às zonas periventriculares do
hipotálamo e tálamo, estando relacionado à amígdala e ao hipocampo e, também, às
porções mediais do hipotálamo e às porções laterais da área tegmental do mesencéfalo.

Para alguns pesquisadores a sensação de prazer pode ser distinguida pelas expressões
faciais e atitudes do animal após sua exposição a um estímulo hedônico; tais expressões
são mantidas mesmo em indivíduos anencefálicos, sugerindo que o “centro de
recompensa” deva se estender até o tronco cerebral. Acredita-se que emissões aferentes
do núcleo acumbens em direção ao hipotálamo lateral e ventral, globo pálido e
estruturas conectadas nessa mesma região cerebral estejam envolvidas nos circuitos
cerebrais hedônicos.

Em investigações com animais de experimentação (ratos), demonstrou-se que estímulos


na área septal, controlados pelo animal, acarretavam uma situação de deflagração
recorrente do estímulo, indicando uma possível correlação com o desencadeamento de
prazer.

Essa conclusão, entretanto, não é tão simples: por exemplo, na década de 1960, Robert
Heath aplicou 17 eletrodos no encéfalo de um paciente com o intuito de descobrir a
localização de uma epilepsia grave. O que o pesquisador pôde observar foi que a
estimulação de áreas específicas, de acordo com a implantação dos eletrodos, gerava
diferentes tipos de sensações. O paciente em questão estimulava com maior frequência
do tálamo medial que, embora provocasse uma sensação de irritação, lhe causava a

40
sensação iminente de evocar uma memória, fazendo com que ele repetisse o
procedimento na tentativa de trazer a memória à mente, ou seja, com o objetivo de obter
uma recompensa com a estimulação repetida. Estudos posteriores realizados em símios
demonstraram a participação do feixe pros encefálico medial nos estímulos apetitivos,
sendo possível caracterizar, inclusive, certa expectativa de prazer. Esse feixe e as
regiões por ele integradas (área tegmentar ventral, hipotálamo, núcleo acumbens, córtex
cingulado anterior e córtex pré-frontal) compõem o circuito denominado sistema
mesolímbico.

A dopamina parece ser fundamental na mediação dos efeitos de recompensa. Neurônios


dopaminérgicos projetam-se da área tegmentar ventral do mesencéfalo para muitas áreas
do encéfalo através do feixe pros encefálico medial. Além disso, drogas que causam
dependência química aumentam a eficácia da dopamina e provocam sua liberação no
núcleo acumbens, demonstrando o papel desse neurotransmissor nos mecanismos de
recompensa e/ou prazer. Contudo, as investigações até então realizadas permanecem
com resultados ambíguos, principalmente no âmbito dos estudos farmacológicos os
quais indicam que os agonistas da dopamina aumentam a taxa de auto-estimulação,
enquanto os antagonistas diminuem essa mesma taxa e dos estudos lesionais, que
mostram que a secção do feixe prosencefálico medial, por exemplo, não provoca
redução significativa da auto-estimulação, como seria de se esperar.

Alegria

A indução de alegria resposta à identificação de expressões faciais de felicidade, à


visualização de imagens agradáveis e/ou à indução de recordações de felicidade, prazer
sexual e estimulação competitiva bem-sucedida provocou a ativação dos gânglios
basais, incluindo o estriado ventral e o putâmen. Além disso, vale relembrar que os
gânglios basais recebem uma rica inervação de neurônios dopaminérgicos do sistema
mesolímbico intimamente relacionados à geração do prazer e do sistema dopaminérgico
do núcleo estriado ventral. A dopamina age de modo independente utilizando receptores

41
opióides e GABAérgicos no estriado ventral, na amígdala e no córtex orbitofrontal algo
relacionado a estados afetivos (como prazer sensorial), enquanto outros neuropeptídeos
estão envolvidos na geração da sensação de satisfação por meio de mecanismos
homeostáticos.

Descrições neuroanatômicas de lesões das vias cérebro-pontocerebelares em indivíduos


com riso e choro patológicos sugerem que o cerebelo seja uma estrutura envolvida na
associação entre a execução do riso e do choro e o contexto cognitivo e situacional em
questão; de fato, quando tal estrutura está lesionada há transição incompleta das
informações, provocando um comportamento inadequado ao seu contexto.

Os gânglios basais também estão relacionados ao desgosto, sensação comum nos


enfermos com esquizofrenia e depressão. Em razão de suas funções motoras, os
gânglios basais parecem também estar envolvidos na coordenação de respostas
apropriadas ao estímulo original, tentando fazer com que o organismo alcance o seu
objetivo (adoção de comportamento de aproximação ou de retraimento).

Medo

As relações entre a amígdala e o hipotálamo estão intimamente ligadas às sensações de


medo e raiva. A amígdala é responsável pela detecção, geração e manutenção das
emoções relacionadas ao medo, bem como pelo reconhecimento de expressões faciais
de medo e coordenação de respostas apropriadas à ameaça e ao perigo. A lesão da
amígdala em humanos produz redução da emocionalidade e da capacidade de
reconhecer o medo. Por outro lado, a estimulação da amígdala pode levar a um estado
de vigilância ou atenção aumentada, ansiedade e medo.

Desde as descrições iniciais do SL, realizadas por Papez, acreditava-se que o


hipotálamo exercia papel crucial entre as estruturas subcorticais envolvidas no
processamento das emoções. Atualmente se reconhece que projeções da amígdala para o
córtex contribuem para o reconhecimento do vivenciamento do medo e outros aspectos
cognitivos do processo emocional.

42
A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as áreas do córtex
cerebral, recebendo informações de todos os sistemas sensoriais. Estas, por sua vez,
projetam-se de forma específica aos núcleos amigdalianos, permitindo a integração da
informação proveniente das diversas áreas cerebrais, através de conexões excitatórias e
inibitórias a partir de vias corticais e subcorticais. Os núcleos basolaterais são as
principais portas de entrada da amígdala, recebendo informações sensoriais e auditivas;
já a via amigdalofugal ventral e a estria terminal estabelecem conexão com o
hipotálamo, permitindo o desencadeamento do medo. A estria terminal está relacionada
à liberação dos hormônios de estresse das glândulas hipófise e suprarrenal durante o
condicionamento.

Aferências sensoriais à amígdala são recebidas pelo núcleo lateral. As aferências


auditivas provêm do tálamo auditivo e do córtex auditivo e chegam ao núcleo lateral da
amígdala, estimulando-a nos processos de medo condicionado (conforme descrito
adiante). Tal fato é confirmado por estudos de ressonância magnética funcional (fRMI)
em humanos, nos quais, durante o condicionamento, se observou atividade da amígdala
e atividade correlata no tálamo. Além do córtex e do tálamo auditivos, áreas ventrais do
hipotálamo projetam-se para os núcleos basolateral e basomedial da amígdala, havendo,
em casos de lesão dessas áreas, interferência na geração do condicionamento. O núcleo
central da amígdala é responsável pela interface com o sistema motor,
consequentemente lesões desse núcleo revelaram alterações na expressão das respostas
ao medo condicionado.

O papel da amígdala no desencadeamento do medo pôde ser mais bem estudado durante
as décadas de 1970 e 1980, quando foi descrita a técnica de condicionamento
pavloviano do medo. Essa técnica consistia em oferecer um estímulo emocionalmente
neutro, como a emissão de um tom sonoro (estímulo condicionado), e associá-lo a um
estímulo aversivo, como um choque elétrico (estímulo incondicionado). Depois da
aplicação repetida desses estímulos associados, notou-se que o estímulo condicionado
foi capaz de provocar respostas observadas, tipicamente, na presença de perigo, como
comportamento de defesa (respostas de fuga ou luta), ativação do sistema nervoso
autônomo (alterações no fluxo sanguíneo e frequência cardíaca), respostas
neuroendócrinas (liberação de hormônios hipofisários e suprarrenais), entre outros.

43
Situações como exposição a sons fortes e súbitos, altura elevada e estímulos visuais
grandes não identificados que surgem na parte superior do campo visual de modo
repentino, produzem o chamado medo incondicionado, presente em vários animais. Na
espécie humana, o medo incondicionado pode ser produzido, por exemplo, pela
escuridão. O medo condicionado, ou aprendido, é causado pela maioria dos estímulos,
que se tornam “avisos” de que situações ameaçadoras podem acontecer novamente.
Após essa descoberta, foi possível a associação desses comportamentos à amígdala,
uma vez que lesões nessa estrutura interferiam na aquisição e na expressão do medo
condicionado.

A investigação da amígdala por meio de exames de imagem, como tomografia por


emissão de pósitrons (PET) e fRMI, permitiu concluir que tal estrutura é ativada mesmo
quando o indivíduo analisado não está submetido diretamente a uma situação que lhe
provoque medo. Além disso, observou-se que a amígdala não é ativada apenas em
processos que envolvem a sensação de medo, mas também durante situações mais
positivas, como, por exemplo, durante o reconhecimento de expressões faciais de
alegria, levando à conclusão de que a amígdala está envolvida na resposta a estímulos
de importância emocional, independentemente de seu contexto agradável ou
desagradável.

Para o aprendizado do condicionamento do medo, as vias que transmitem a informação


do estímulo convergem no núcleo lateral da amígdala, de onde parte a informação para
o núcleo central. Este, por sua vez, estabelece conexão com o hipotálamo e substância
cinzenta periaquedutal no tronco cefálico, evocando, por fim, respostas motoras
somáticas. A participação, nesse processo, dos núcleos basolaterais da amígdala pôde
ser confirmada a partir da observação, em estudos de investigação dos receptores
NMDA no cérebro receptores associados à aquisição, reconsolidação e extinção de
memórias. Verificou-se que os núcleos amigdalianos eram o local primário de ação das
drogas que agem sobre os receptores NMDA, ou seja, potencializando (drogas
agonistas) ou extinguindo (drogas antagonistas) a memória associada ao medo
condicionado.

Além do importante papel da amígdala na geração do medo, esse processo também


parece ser dependente dos sistemas serotoninérgico, noradrenérgico e GABAérgico
44
centrais, na medida em que se reconhece que o mecanismo de ação dos fármacos
antidepressivos e ansiolíticos depende de interferências na condução habitual dessas
vias, ao alterar a concentração de seus receptores.

Deve-se também mencionar o papel do lobo temporal na neurobiologia do medo.


Lesões nessa localização produzem alterações no comportamento social e emocional
dos animais, tais como aquisição de postura dócil por animais selvagens e ferozes, perda
do medo, curiosidade extrema, esquecimento rápido, tendência a colocar tudo na boca e
impulso sexual extremamente intenso (síndrome de Klüver-Bucy).

Embora distúrbios semelhantes sejam raros em seres humanos, as pessoas afetadas


reagem de forma similar aos símios quadro caracterizado por apatia, letargia e
insensibilidade emocional.

Raiva

Uma das primeiras estruturas associadas à raiva foi o hipotálamo, em decorrência de


estudos realizados na década de 1920, nos quais se descreveram manifestações de raiva
em situações não condizentes, após a remoção total do telencéfalo. Entretanto, esse
mesmo comportamento não era observado quando a lesão se estendia até a metade
posterior do hipotálamo, levando à conclusão de que o hipotálamo posterior estaria
envolvido com a expressão de raiva e agressividade, enquanto o telencéfalo mediaria
efeitos inibitórios sobre esse comportamento.

A raiva é manifestada basicamente por comportamentos agressivos, os quais dependem


do envolvimento de diversas estruturas e sistemas orgânicos para serem expressos.
Além disso, esse comportamento também admite variações de acordo com o estímulo
que o evoca. Sendo assim, podem-se descrever dois comportamentos classicamente
estudados em animais: a agressão predatória, que tem por objetivo a obtenção de
alimento, e a agressão afetiva, cujo propósito é a exibição para animais ou fêmeas ao
redor.

Durante a década de 1960, John Flynn identificou que esses comportamentos agressivos
eram provocados pela estimulação de áreas específicas do hipotálamo, localizadas no
hipotálamo lateral e medial, respectivamente.
45
O comportamento típico de agressão predatória pode ser verificado após estimulação do
hipotálamo lateral, o qual possui eferências na área tegmentar ventral através do feixe
prosencefálico medial. Em contrapartida, a secção desse feixe neuronal não elimina tal
comportamento em sua totalidade, indicando a possibilidade de que o hipotálamo não
seja a única estrutura associada à geração desse padrão comportamental. A agressão
afetiva, por sua vez, é provocada por estimulação da substância cinzenta periaquedutal
pelo hipotálamo lateral, por intermédio do fascículo longitudinal dorsal.

A raiva, assim como o medo, é uma emoção relacionada às funções da amígdala, em


decorrência de conexões com o hipotálamo e outras estruturas. A estimulação elétrica
dos núcleos basolaterais da amígdala ativa o hipotálamo e os núcleos do tronco
encefálico, provavelmente através da via amigdalofugal ventral, produzindo
comportamento típico de agressão afetiva. Por outro lado, a estimulação dos núcleos
corticomediais provoca eferências inibitórias ao hipotálamo através da estria terminal,
reduzindo a agressão predatória.

Sander et al. realizaram um estudo com o objetivo de identificar as áreas cerebrais


envolvidas no processamento da raiva, utilizando a fRMI. O estímulo recebido pelos
participantes eram vozes furiosas ou neutras, simultaneamente, devendo-se optar por
qual delas escutar. Os resultados do estudo mostraram que a amígdala direita e os sulcos
temporais superiores bilaterais responderam ao reconhecimento da raiva,
independentemente de quando a voz que denotava raiva era escolhida ou não;
entretanto, o córtex orbitofrontal e o cúneo (no córtex occipital medial) mostraram
maior ativação quando a voz furiosa era escolhida do que quando era descartada,
indicando possível associação dessas áreas no processamento neural do reconhecimento
da raiva. Além desse estudo, há outras descrições da associação de lesões do córtex
orbitofrontal a comportamentos inapropriados, como impulsividade, raiva, pouca
expressão de felicidade e características de distúrbio de personalidade duplax.

Recente investigação realizada por Suslow et al. demonstrou, também utilizando


exames de imagem (fRMI), a ativação bilateral da amígdala durante a visualização de
faces amedrontadas, ao passo que a observação de figuras que mostravam expressões
faciais enfurecidas provocaram estimulação unicamente da amígdala direita. Tal fato,
além de concordar com estudo anteriormente descrito, torna possível reforçar que a
46
amígdala esteja associada à percepção de expressões faciais de ameaça e que suas
conexões com as demais estruturas corticais e subcorticais permita estabelecer uma
resposta a essa ameaça.

Além dos componentes estruturais, há estudos envolvendo a participação de


neurotransmissores na modulação da raiva e agressão. A serotonina é um dos
neurotransmissores implicados nessa regulação, o que pode ser facilmente sugerido,
uma vez que se conhece a localização de neurônios serotoninérgicos na rafe do tronco
encefálico, no feixe prosencefálico medial, no hipotálamo e em outras estruturas
límbicas associadas. Essa associação pode ser reforçada por estudos realizados com
camundongos nocaute para os receptores 5-HT1B. Esses receptores específicos estão
localizados nos núcleos da rafe, amígdala, substância cinzenta periaquedutal e gânglios
da base.

A raiva parece ser modulada principalmente pelo núcleo acumbens e por intermédio dos
sistemas dopaminérgico e glutamatérgico, uma vez que antidepressivos dopaminérgicos
e psicoestimulantes são potencializadores da raiva e os antipsicóticos e estabilizadores
do humor podem exercer efeitos depressores sobre a raiva.

Reações de luta-fuga

A conexão direta entre o hipotálamo e o sistema nervoso autônomo (SNA) se da,


possivelmente, mediante projeções hipotalâmicas para regiões do tronco encefálico,
destacando-se o núcleo do trato solitário. Além dessas vias eferentes, o nervo vago (NC
X), um dos principais elementos do SNA (porção parassimpática), representa ainda um
importante componente aferente, ativando áreas cerebral superiores: suas projeções
aferentes ascendem ao prosencéfalo através do núcleo parabraquial e locus ceruleus,
conectando-se diretamente com todos os níveis do prosencéfalo (hipotálamo, amígdala e
regiões talâmicas que controlam a ínsula e o córtex orbitofrontal e pré-frontal).

Dessa forma, o nervo vago destaca-se na participação da resposta integrada (cognição-


emoção), porque, além de estimular áreas encefálicas, produz reações orgânicas

47
fisiológicas diretas (as aferências vagais determinarão respostas específicas, inibitórias
ou excitatórias em vários tecidos e sistemas corporais) e também indiretas, por meio da
estimulação paralela de outros nervos que se originem próximo ao centro vagal no
sistema nervoso central.

O SNA está diretamente envolvido nas denominadas “situações de luta e/ou fuga” e
imobilização. Tais ocorrências estão intrinsecamente relacionadas a um mecanismo de
neurocepção, que se caracteriza pela capacidade de o indivíduo de agir conforme sua
percepção de segurança ou ameaça a respeito do meio onde ele se encontra. Essa
percepção pode ser dada, por exemplo, pelo tom da voz ou pelos movimentos e
expressões faciais da pessoa ou do animal com quem ele se comunica.

Toda vez que a pessoa percebe o meio ambiente como “seguro”, ela dispõe de
mecanismos inibitórios que atuam sobre as estruturas límbicas que controlam
comportamentos de luta-fuga, como as regiões laterais e dorsomedial da substância
cinzenta periaquedutal. Tal mecanismo pode ser exemplificado pelas projeções neurais
do giro fusiforme e sulco temporal superior em direção à amígdala (mais precisamente o
núcleo central amigdaliano), inibindo-a. Dessa forma, a amígdala não exerce seu papel
normal, ou seja, a estimulação dessas vias na substância cinzenta periaquedutal.
Concomitantemente, após o processamento de todas as informações, o córtex motor
(onde se destacam as áreas frontais) comanda a ativação de vias corticobulbares na
medula (núcleos fonte dos pares cranianos NC V, VII, IX, X e XI), que ativam os
componentes somatomotor (músculos da face e da cabeça) e visceromotor (coração,
árvore brônquica) dos mecanismos fisiológicos para o contato social.

Ao contrário, toda vez que a pessoa percebe o meio ambiente como “ameaçador”, a
amígdala estará livre para desencadear estímulos excitatórios sobre a região lateral e
dorsolateral da substância cinzenta periaquedutal, que então estimula as vias do trato
piramidal, produzindo respostas de luta e/ou fuga. Além disso, há casos em que a pessoa
responde a tais situações como se estivesse paralisada; essa resposta decorre da
estimulação da região ventrolateral ao aqueduto cerebral (Sylvius), que também
estimula as vias neurais do trato corticoespinal lateral (piramidal). É interessante
ressaltar que essas reações ocorrem paralelamente a uma resposta autonômica
simpática, por nervos originados dos gânglios paravertebrais, e parassimpática (nervos
48
III, VII, IX e X), bem como sua porção sacral, representada pelos nervos sacrais de S2 a
S4, permitindo, assim, a inervação de vasos sanguíneos e musculatura lisa de órgãos de
diferentes sistemas em todo o organismo. Em situações de luta-fuga ocorre elevação da
frequência cardíaca e da pressão arterial; de outro modo, nas situações de imobilização
ocorre intensa bradicardia e queda da pressão arterial.

Tristeza

A tristeza e a depressão podem ser vistas como “polos” de um mesmo processo a


primeira considerada “fisiológica”, e a segunda, “patológica” estando, por conta disso,
relacionadas em termos neurofisiológicos. É cada vez mais frequente a descrição da
correlação entre disfunções emocionais e prejuízos das funções neurocognitivas. De
fato, a depressão associa-se a déficits em áreas estratégicas do cérebro, incluindo
regiões límbicas. Não obstante os fatores emocionais relacionados há vários
determinantes biológicos implicados no seu desenvolvimento; observam-se alterações
ocorridas no sistema imunológico.

Estudos contemporâneos demonstraram que a realização de atividades que evocam esse


sentimento relacionam-se à ativação de áreas centrais, como os giros occipitais
inferiores e medial, giro fusiforme, giro lingual, giros temporais póstero-medial e
superior e amígdala dorsal, ressaltando-se, também, a participação do córtex pré-frontal
dorsomedial.

Ademais, em indivíduos normais observou-se, por meio de exames de tomografia


por emissão de pósitrons (PET), que a indução da tristeza relaciona-se:

1) à ativação de regiões límbicas – porção subgenual do giro do cíngulo e ínsula


anterior;

2) desativação cortical – córtex pré-frontal direito e parietal inferior;

3) diminuição do metabolismo da glicose no córtex pré-frontal. Do mesmo modo, no


estudo realizado por Phan et al., identificou-se importante ativação do córtex cingulado
subcaloso (especialmente na região cingulada anterior subgenual/ventral) após a

49
indução de tristeza nos indivíduos estudados; já nos pacientes com depressão clínica
notou-se hipometabolismo ou hipoperfusão no córtex cingulado subcaloso.

Com o objetivo de avaliar os sistemas neuroquímicos envolvidos nos processos


emocionais, Zubieta et al. realizaram um estudo, em humanos, observando que, por
meio da estimulação e da manutenção de um estado de tristeza, desenvolve-se uma
inativação da neurotransmissão no giro cingulado rostral anterior, no pálido ventral, na
amígdala e no córtex temporal inferior. Correlaciona-se aumento nas taxas de
sentimentos negativos e redução nas taxas de sentimentos positivos, confirmando o
papel dos receptores mu-opióides na regulação fisiológica das experiências afetivas em
humanos.

Emoção e razão

As informações que chegam ao cérebro percorrem um determinado trajeto ao longo do


qual são processadas. Em seguida, direcionam-se para as estruturas límbicas e
paralímbicas, pelo circuito de Papez, ou por outras vias, para adquirirem significado
emocional, dirigindo-se, ato contínuo, para determinadas regiões do córtex cerebral,
permitindo que sejam tomadas decisões e desencadeadas ações processos relacionados à
autonomia (Figura 2) – função geralmente dependente do córtex frontal ou pré-frontal.

50
As imagens certamente provocam, em sua maioria, ativação do córtex visual occipital
(giro occipital e giro fusiforme), porém a amígdala também recebe quantidade
substancial de estímulos provenientes das áreas temporais associadas à visão,
participando na formação de memórias através dos circuitos hipocampais ou dos
circuitos estriatais. Tal fato decorre do papel especializado da amígdala no
processamento de insinuações emocionais visualmente relevantes, sinalização do medo
e aversão ou outras evidências. A ativação da amígdala pode estar primariamente
envolvida na emissão de um alerta para ameaças provenientes da percepção obtida pelo
córtex occipital.

Como demonstrado por Abu-Akel, a integração de carga afetiva aos processos


cognitivos ocorre, provavelmente, no complexo córtex orbitofrontal (COF) / córtex pré-
frontal ventromedial (CPFVM). De acordo com esse pesquisador, as impressões
sensoriais (como visão, audição e outras informações somatossensoriais) convergem,
51
através do COF, para o CPFVM, de onde a informação sintetizada é levada às regiões
do córtex pré-frontal dorsomedial e córtex pré-frontal ínfero-lateral para a tomada das
decisões. Lesões no CPFVM causam prejuízo na capacidade de tomar decisões,
geralmente caracterizado por inabilidade de adotar estratégias de comportamento
adequadas às consequências de atitudes tomadas, levando à impulsividade. O CPFVM e
o COF mantêm importante relação com a amígdala e ambos contribuem para a tomada
de decisões, embora os mecanismos pelos quais isto ocorra sejam distintos. Acredita-se
que essas regiões corticais recebam aferências da amígdala as quais representem o valor
motivacional dos estímulos integrando-os e promovendo uma avaliação do
comportamento futuro que será adotado.

Embora a amígdala não estabeleça conexão direta com o córtex lateral pré-frontal, ela se
comunica com o córtex cingulado anterior e o córtex orbital, os quais estão envolvidos
nos circuitos da memória, tornando possível a justificativa de alguns autores de que a
amígdala participa na modulação da memória e na integração de informações
emocionais e cognitivas, possivelmente atribuindo-lhes carga emocional, possibilitando
a transformação de experiências subjetivas em experiências emocionais. Lesões no
córtex pré-frontal medial rostral levam à expressão inapropriada das emoções nos
comportamentos sociais e ao prejuízo na tomada de decisões pessoalmente vantajosas.
Estudos de neuroimagem demonstram que processos executivos são mediados pelo lobo
frontal, particularmente o córtex cingular anterior (CCA) e o córtex pré-frontal (CPF).
De acordo com essas investigações, o CPF medial está envolvido na associação do
aspecto cognitivo ao emocional, sendo responsável pela avaliação e/ou interpretação
cognitiva das emoções.

Mais recentemente foi descrito que o CCA e o córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL)
detêm as bases neurais da performance de tarefas concomitantes de execução central;
torna-se, assim, possível a realização de duas tarefas simultâneas, como dirigir e falar ao
celular. Os resultados mostram que os processos cognitivos são modulados pelo CCA
no mesmo hemisfério. O CCA é provavelmente posicionado para conectar informações
dentro do cérebro; dessa forma, ele inclui conexões recíprocas importantes para o
sistema motor e o sistema das emoções. O CPFDL participa de situações executivas,
como coordenação de processos cognitivos concorrentes e atenção seletiva para

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informações de tarefas relevantes. Postula-se que a inteligência geral nos humanos seja
resultado de uma integração funcional entre o sistema de alerta baseado no CCA e o
sistema executivo baseado no CPFDL.

Outra estrutura importante na integração emoção/razão é a ínsula, a qual é ativada


durante a indução de recordações de momentos vividos por um indivíduo, as quais
provoquem uma sensação específica, seja de felicidade, tristeza, prazer, raiva ou
qualquer outra. Entretanto a ínsula não é ativada quando a mesma sensação é provocada
no mesmo indivíduo por um filme, por exemplo, sugerindo que tal estrutura esteja
envolvida nos aspectos de avaliação, experimentação ou de expressão de uma emoção
gerada internamente.

Com base no que se discutiu, é possível considerar que a tomada de decisões torna-se
diretamente dependente da associação emocional realizada pelo indivíduo ao vivenciar
determinadas situações cotidianas. Além disso, o emprego de tal informação adquirida
depende de respostas motoras como, por exemplo, correr, sorrir ou comer e de respostas
autonômicas, como elevação ou redução da frequência cardíaca, ou ainda aumento da
peristalse intestinal. Tais respostas autonômicas são diretamente influenciadas pelo
hipotálamo e este, por sua vez, age mediante o processamento de todas as informações
que chegam ao cérebro. Fonte: Archives of Clinical Psychiatry

Quando a reação lutar ou fugir se


transforma em ação efetivada.

“luta ou fuga” para o estado de “lutando e fugindo”.

No primeiro momento parecem duas condições iguais, mas definitivamente não são.

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Poderíamos classificar a condição de “lutando e fugindo” a uma situação de ansiedade
aguda ou patológica. Onde o individuo simplesmente responde a qualquer estimulo,
agente externo, situação e codificação sobre a vida com sentimentos negativos, emoções
urgentes desequilibradas, agitação e de pouquíssima funcionalidade.

O psiquiatra italiano Leonard Vereaque diz: "As pessoas não conseguem eliminar de
forma natural a tensão gerada pela ansiedade. “A mente cria válvulas artificiais para
dar vazão a essa energia negativa”. “A partir daí, a pessoa começa a usar o próprio
organismo como válvula de descarga”, afirma”.

“A partir daí, a pessoa começa a usar o próprio organismo como válvula de


descarga” - Interessante essa afirmação. E não somente concordo como acredito surgir
daí, um bom caminho inicial para pensarmos juntos, uma forma lógica de virar o jogo.

Então, vamos ao raciocínio: Se usamos o nosso próprio corpo como as válvulas de


descarga logicamente precisamos nos capacitar para fazermos isso de novas maneiras.
Produzir a carga e descarregar no externo de uma forma funcional.

Quais práticas poderiam conseguir isso?

1- Relaxamento Progressivo Muscular (Um corpo relaxado não é Habitat para a


ansiedade).

2-Atividade Física- Caminhada por 30 minutos diariamente

3-Respiração diafragmática

4- Acupuntura

5- Alimentos funcionais e Nutracêuticos

6- Programação Neurolinguistica (PNL)

7- Emotional Freedom Techniques (EFT)

8- Meditação.

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9- Diversas outras práticas naturais

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