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RESUMO
A polifarmácia é crescente na prática clínica, principalmente em pacientes acima de 65 anos, devido ao aumento da expectativa de
vida e a consequente incidência de multimorbidade, à maior disponibilidade de fármacos e de linhas-guia que recomendam o uso de
associações medicamentosas para o manejo de várias condições de saúde. A associação otimizada de fármacos pode melhorar a
qualidade de vida do paciente, por outro lado, terapias inadequadas podem ocasionar reações adversas e interações medicamentosas.
O presente estudo propõe uma revisão de literatura sobre alterações clínicas e condutas terapêuticas para o tratamento de uma
paciente com a Doença de Addison (DA), além de comorbidades que incluem a Osteoartrose (OA), Diabetes Mellitus Tipo II (DM2)
e Hipertensão Arterial (HA), visando fornecer uma análise crítica para uma associação otimizada de fármacos a fim de minimizar
danos, aumentar a longevidade e melhorar a qualidade de vida da paciente. Baseia-se no levantamento do histórico
farmacoterapêutico. O caso clínico envolve a paciente A.M.G., sexo feminino, 77 anos, 83,5 Kg e 1,49m. Diagnosticada com DM2
descompensada, com picos episódicos de hipoglicemia de jejum abaixo de 80mg/dL, e 320mg/dL pós-prandial. HA controlada sob
medicação. Uso crônico de corticosteroide devido à DA primária e de AINE devido a queixas de dor causada pela OA. Apresenta
insuficiência renal crônica, queixa de déficit de acuidade visual progressiva, desconforto abdominal e frequentes episódios de diarreia
e vômitos, além de dificuldade para execução de atividades diárias. Medicamentos em uso: Metformina 850 mg 1 comp., VO, 3x dia;
Gliclazida 80 mg 1 comp., VO, 2x dia; Insulina NPH 100UI/mL, 15 UI SC pela manhã, em jejum, e 12UI SC à noite, após jantar;
Aradois® (losartana) 50 mg 1 comp., VO, 2x dia; Profenid ® (cetoprofeno) 100mg 1 comp., VO, 2x dia; prednisona 5 mg 2 comp.,
VO, 1x dia. Para avaliação da terapêutica do caso clínico, foi realizada revisão de literatura de artigos científicos especializados,
disponível em base de dados eletrônica. A reposição de glicocorticoide (prednisona) no tratamento da DA é válido, pois possui
pequeno efeito mineralocorticoide e menor incidência de miopatia do que os glicocorticoides fluorados, como a dexametasona.
Porém, o diagnóstico de HA na paciente pode indicar excesso de mineralocorticoide (10mg/dia), sugerindo a alteração para a menor
dose possível, onde muitos pacientes conseguem controle satisfatório dos sintomas com doses de 2,5 a 3,75 mg/dia. Quanto à
condição da OA, a paciente apresenta fatores predisponentes favoráveis ao seu desenvolvimento, como a DM2, a idade avançada e
obesidade (IMC > 35). A indicação de um AINE é a primeira linha de tratamento, o que justifica a prescrição do Profenid ®. No
entanto, o médico deveria se atentar ao fato da paciente apresentar insuficiência renal crônica, para o qual o cetoprofeno não seria
indicado, uma vez que o AINE bloqueia a síntese de prostaglandinas, impedindo seu efeito vasodilatador, causando vasoconstrição
renal e redução da filtração glomerular. Embora sua meia-vida curta possa diminuir os efeitos gastrointestinais, a associação de
Profenid® e prednisona pode aumentar o seu risco, apresentado como queixa pela paciente. Sugere-se mudanças no estilo de vida da
paciente e uso de AINE tópico e injeção de hialuronato de sódio. O uso de cetoprofeno em associação com metformina, gliclazida e
insulina também podem ter uma possível potencialização do efeito hipoglicemiante. Devido a comorbidades, a insulina ainda é a
prescrição terapêutica antidiabética recomendada. A gliclazida pode ser mantida, principalmente em casos de tratamento com
metformina na dose máxima e que ainda não atingiram o controle glicêmico, no entanto, é recomendado uma revisão posológica da
insulina e ingestão adequada de carboidratos para minimizar os picos glicêmicos. Assim, foram observadas possibilidades de
adequação na terapia da paciente, que poderia resultar em uma melhor resposta terapêutica e minimização de efeitos adversos,
demonstrando a importância da atuação do farmacêutico concomitante a equipe médica, principalmente em casos de pacientes com
multimorbidades, a fim de garantir que a polifarmácia, realidade presente, seja segura e eficaz, com redução do número de
medicamentos inapropriados, melhores associações e a adequação das dosagens. Palavras-chaves: Polifarmácia; Multimorbidades;
Doença de Addison.
ABSTRACT
Polypharmacy is increasing in clinical practice, especially in patients over 65 years, due to the increase in life expectancy and the
consequent incidence of multimorbity, the greater availability of drugs and guide lines that recommend the use of drug combinations
for the management of various health conditions. On the other hand, inadequate therapies can lead to adverse reactions and drug
interactions. The present study proposes a review of the literature on clinical changes and therapeutic approaches for the treatment of
a patient with Addison's Disease (AD), in addition to comorbidities that include Osteoarthrosis (OA), Diabetes Mellitus type II
(DM2), and Arterial Hypertension (HA), aiming to provide a critical analysis for an optimized combination of drugs in order to
minimize damage, increase longevity and improve the quality of life of the patient. It is based on a survey of the pharmacotherapeutic
history. The clinical case involves the patient A.M.G., female, 77 years, 83.5 kg and 1.49m. Diagnosed with decompensated DM2,
with episodic peaks of fasting hypoglycemia below 80mg/dL, and 320mg/dL postprandial. HA controlled under medication.
Chronic use of corticosteroids due to primary AD and NSAID due to complaints of pain caused by OA. It presents chronic
renal failure, complaint of progressive visual acuity deficit, abdominal discomfort and frequent episodes of diarrhea and
vomiting, and difficulty performing daily activities. Medicines in use: Metformin 850 mg 1 comp., VO, 3x day; Glycazide
80 mg 1 comp., VO, 2x day; Insulin NPH 100 IU / mL, 15 IU SC in the morning, fasted, and 12 IU SC at night, after dinner;
Aradois® (losartan) 50 mg 1 comp., VO, 2x day; Profenid ® (ketoprofen) 100mg 1 comp., VO, 2x day; prednisone 5 mg 2
comp., VO, 1x day. To evaluate the therapeutics of the clinical case, a literature review of specialized scientific articles was
carried out, available in an electronic database. Replacement of glucocorticoid (prednisone) in the treatment of AD is valid
because it has a small mineralocorticoid effect and a lower incidence of myopathy than fluorinated glucocorticoids, such as
dexamethasone. However, the diagnosis of HA in the patient may indicate an excess of mineralocorticoid (10mg / day),
suggesting the change to the lowest possible dose, where many patients can achieve satisfactory symptom control at doses of
2.5 to 3.75 mg / day. Regarding the condition of the OA, the patient presents predisposing factors favorable to its
development, such as DM2, advanced age and obesity (BMI> 35). The indication of an NSAID is the first line of treatment,
which justifies the prescription of Profenid ®. However, the doctor should pay attention to the fact that the patient has chronic
renal failure, for which ketoprofen would not be indicated, since the NSAID blocks the synthesis of prostaglandins,
preventing its vasodilatory effect, causing renal vasoconstriction and reduction of glomerular filtration. Although its short
half-life may decrease gastrointestinal effects, the combination of Profenid ® and prednisone may increase its risk, which is
presented as a complaint by the patient. It is suggested changes in the patient's lifestyle and use of topical NSAID and
sodium hyaluronate injection. The use of ketoprofen in combination with metformin, gliclazide and insulin may also have a
potential potentiation of the hypoglycemic effect. Due to comorbidities, insulin is still the recommended antidiabetic therapy
prescription. Gliclazide may be maintained, especially in cases of treatment with metformin at the maximum dose and that
have not yet reached glycemic control, however, a dosage revision of insulin and adequate intake of carbohydrates to
minimize glycemic peaks is recommended. Thus, it was observed possibilities of adequation in the therapy of the patient,
which could result in a better therapeutic response and minimization of adverse effects, demonstrating the importance of the
performance of the concomitant pharmacist to the medical staff, especially in cases of patients with multimorbidities, in
order to guarantee that polypharmacy, present reality, is safe and effective, with a reduction in the number of inappropriate
drugs, better associations and the adequacy of dosages. Keywords: Polypharmacy; Multimorbidities; Addison's disease.
1 INTRODUÇÃO
A farmacologia é um campo de estudo amplo, que tem como objetivo compreender
o conhecimento da origem das propriedades físico e químicas, composição, ações
fisiológicas, absorção, destino, excreção e uso terapêutico dos fármacos.
O uso de múltiplos medicamentos, ou polifarmácia, é comum e crescente na prática
clínica, principalmente em pacientes acima de 65 anos. Este crescimento pode estar
relacionado a vários fatores, como o aumento da expectativa de vida e o consequente
aumento da multimorbidade, à maior disponibilidade de fármacos no mercado e de linhas-
guia que recomendam o uso de associações medicamentosas para o manejo de várias
condições de saúde (CADOGAN; RYAN; HUGHES, 2016).
O termo multimorbidade é definido como qualquer coexistência de duas ou mais
condições, independente e adicional a uma doença existente e em estudo, ou seja, sem
colocar uma em posição central e as restantes em situação secundária (BOYD; FORTIN,
2011).
A associação otimizada de fármacos, prescritos de acordo com a melhor evidência
disponível, pode curar, minimizar danos, aumentar a longevidade e melhorar a qualidade de
vida (BUSHARDT et al., 2008), por outro lado, terapias inadequadas podem ocasionar
reações adversas e interações medicamentosas (MEDEIROS-SOUZA et al., 2007), visto que
196
2 DOENÇA DE ADDISON
2.1 Histórico e prevalência
2.2 Etiologia
A DA primária é caracterizada pela destruição autoimune das células do córtex
adrenal, a qual pode se apresentar de forma isolada ou estar associada a outras
endocrinopatias, caracterizando síndromes poliglandulares auto-imunes (SPAs). A DA
também pode ser secundária à infecção tuberculosa, fúngica ou viral, infiltração por
neoplasias primárias ou metastáticas. Essas etiologias são mais comuns com o avanço da
idade, tanto em homens como em mulheres (PORTARIA SAS/MS n° 1170, 2015).
Resultando na destruição progressiva das células do córtex adrenal e manifestando,
predominantemente, como um quadro de insuficiência glico e mineralocorticoide
(MARINHO; NEVES, 2002).
Com a introdução da terapia anti-tuberculosa eficaz, a auto-imunidade tornou-se a
principal causa da DA, sendo responsável por aproximadamente 68 a 94% dos casos de
acordo com a literatura americana e europeia (SILVA et al., 2004).
durante uma crise de insuficiência adrenal aguda, decorrente de alguma intercorrência, como
infecção, trauma, cirurgia ou outros fatores (SILVA et al., 2004).
A DA é marcada pela repentina falha na produção de esteroides adrenais (cortisol e
aldosterona), esta crise pode pôr a vida em risco, quando não tratada adequadamente
(PORTARIA SAS/MS n° 1170, 2015).
Apesar da inespecificidade da DA os sintomas mais comuns incluem fadiga,
fraqueza, anorexia, perda de peso, tontura, náusea e vômito. Entre as manifestações mais
específicas da falência adrenal, podemos citar a presença de hiperpigmentação cutânea
(dobras cutâneas, palmas das mãos, genitália, cicatrizes recentes e mucosa oral) ocasionada
pela elevação das concentrações plasmáticas de ACTH, que apresenta afinidade pelo receptor
MC1 na pele (SILVA et al., 2004).
A deficiência de mineralocorticoide resulta em desidratação, hipovolemia,
hipotensão postural, hiponatremia e hipercalemia. Como manifestação clínica, o paciente
pode apresentar avidez por sal. A falência adrenocortical inclui a zona reticulada, levando à
deficiência de andrógenos na mulher. Portanto, a mulher com insuficiência adrenal apresenta,
frequentemente, perda dos pêlos axilares e pubianos e redução da libido (PORTARIA
SAS/MS n° 1170, 2015).
2.6 Prednisona
A prednisona é um esteroide adrenocortical sintético com propriedades
predominantemente glicocorticoides. Os glicocorticoides, tais como a prednisona, produzem
intensos e diversos efeitos metabólicos e modificam a resposta imunológica do organismo a
diferentes estímulos. Proporciona potente efeito anti-inflamatório, antirreumático e
antialérgico no tratamento de doenças que respondem a corticosteroides. A prednisona possui
leve atividade mineralocorticoide. A prednisona é convertida em prednisolona no fígado.
Essa reação é catalisada pela enzima tipo 1 da desidrogenase 11-beta hidroxiesteroide, que
funciona de modo redutor. Os níveis de prednisolona são mensuráveis meia hora após a
administração oral de prednisona em humanos. Os picos de concentração plasmática são
alcançados dentro de 1 a 3 horas, e a meia-vida plasmática é de aproximadamente 3 horas.
3 OSTEOARTROSE
3.1 Histórico e prevalência
A osteoartrite, doença articular degenerativa, artrose ou osteoartrose é a doença
reumática mais prevalente entre indivíduos com mais de 65 anos de idade (COIMBRA et al.,
2004). Esta enfermidade constitui um processo degenerativo que acomete as articulações,
onde as alterações iniciam na cartilagem articular, que sofre um processo de amolecimento e
deterioração, chegando inclusive a desaparecer em fases avançadas (SACHETI et al., 2010).
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, entre as doenças
designadas como “reumatismos”, a osteoartrose (OA) é a mais frequente, representando cerca
200
3.2 Etiologia
Em função da diversidade das manifestações, várias formas de classificação da OA
podem ser encontradas. Considerando a etiologia, a OA pode ser primária, quando não existe
uma causa conhecida; ou secundária, quando desencadeada por fatores conhecidos e
determinados, como apresentado na Tabela 1. Em termos de estruturas anatômicas, os grupos
articulares são analisados individualmente e critérios próprios para cada um dos grupos são
utilizados (MCALIDON, 1989).
Entre os principais fatores que influenciam ao surgimento da OA estão a idade (mais
comum em pessoas idosas), sexo (mais comuns em mulheres, sendo alta a incidência acima
dos 50 anos), hereditariedade, obesidade (principalmente para a OA de joelhos), nutrição,
alterações hormonais e metabólicas, e osteoporose (FELICE et al., 2002).
CAUSAS EXEMPLOS
Traumas específicos; Fraturas; Sobrecargas repetitivas; Lesões
CAUSAS TRAUMÁTICAS
ligamentares; Cirurgias; Injúrias esportivas.
Hemocromatose; Acromegalia; Artropatias por depósito de fosfato
CAUSAS METABÓLICAS
básico de cálcio; Doenças de depósito.
Artrites crônicas; Artropatias microcristalinas; Espondiloartropatias
CAUSAS INFLAMATÓRIAS
seronegativas; Artrite séptica.
DEFEITOS CONGÊNITOS OU Displasias epifisárias; Luxação congênita do quadril;
ADQUIRIDOS Osteocondrites; Síndrome de hipermotilidade; Vícios posturais.
Por via oral são prescritos analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais como o
paracetamol ou dipirona, para se obter analgesia em pacientes com OA leve ou moderada,
sendo indicado como primeira escolha. Quando há um quadro inflamatório evidente, podem
ser indicados os inibidores específicos da COX-2 ou os AINEs não seletivos, esses últimos
associados a inibidor de bomba de prótons ou famotidina em altas doses. No entanto, há um
alto índice de efeitos adversos gastrointestinais, principalmente em pacientes com idade igual
ou superior a 65 anos, com outras condições médicas, em uso de glicocorticoides orais,
histórico de úlcera péptica, história de sangramento gastrointestinal e uso de anticoagulantes
(COIMBRA et al., 2002).
Ainda entre os fármacos de uso oral, os opioides naturais ou sintéticos (tramadol)
são indicados quando há má resposta terapêutica ou quando há contraindicação para o uso de
inibidores específicos COX-2 ou AINEs não seletivos. A recomendação desses opioides
ocorre em casos de dor moderada ou intensa (COIMBRA et al., 2002).
Outra indicação possível é o tratamento tópico com capsaicina, sendo um bom
agente terapêutico para sintomatologia dolorosa, porém pode apresentar efeitos colaterais
decorrentes do uso tópico (irritabilidade ocular ou epidérmica), o que limita seu uso
(COIMBRA et al., 2002).
As drogas sintomáticas de ação duradoura são drogas que têm ação prolongada na
melhora da dor e cujo efeito terapêutico persiste após a sua suspensão, sendo mais especificas
para o tratamento da OA, que possuem a capacidade de serem modificadoras da doença,
como sulfato de glucosamina, diacereína, ácido hialurônico, condroitina, extratos não
saponificáveis de soja e abacate, e a cloroquina (antimalárico) (REZENDE; GOBBI, 2009).
Entre os tratamentos intra-articulares, a infiltração com CE (triancinolona hexacetonida)
também pode ser indicada como primeiro tratamento nos casos de quadro inflamatório
evidente. O uso intra-articular do ácido hialurônico está indicado para o tratamento da OA do
joelho graus II e III nas fases aguda e crônica (COIMBRA et al., 2002).
Os tratamentos cirúrgicos são considerados para pacientes com comprometimento
progressivo da independência de atividades de vida diária e falha no tratamento conservador,
sendo as cirurgias indicadas o desbridamento artroscópico, osteostomias e as artoplastias
(COIMBRA et al., 2002).
4.2 Etiologia
No Diabetes Mellitus Tipo 2 (diabetes não insulino-dependente), o pâncreas produz
a insulina, entretanto, o organismo desenvolve uma resistência aos seus efeitos e o resultado é
um déficit relativo à insulina (COTRAN; KUMAR; ROBBINS, 1994).
Inicia se com um estado de resistência à insulina, geralmente causado por um estilo
de vida sedentário, obesidade ou predisposição molecular, em consequência desses fatores as
células β perdem a capacidade de acompanhar a demanda de insulina (GOLAN et al., 2014).
205
5 HIPERTENSÃO ARTERIAL
5.1 Histórico e prevalência
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um importante problema de
saúde pública devido à sua alta prevalência e baixas taxas de controle, contribuindo
significativamente nas causas de morbidade e mortalidade cardiovascular (MORAES, 2012).
No Brasil, 25% da população adulta apresenta essa doença e estima-se que em 2025
esse número terá aumentado em 60%, atingindo uma prevalência de 40%. A HAS, além de
ser uma das principais causas de mortes por doenças do aparelho circulatório, acarreta um
ônus socioeconômico elevado, com uma vida produtiva interrompida por invalidez
temporária ou permanente (MOREIRA, 2013). A HAS é caracterizada como uma doença
crônica não transmissível, de causas multifatoriais associada a alterações funcionais,
estruturais e metabólicas (SBH, 2010).
As estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que as doenças
crônicas não transmissíveis são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no
mundo e por 45,9% da carga global de doença (VIGTEL, 2012) De acordo com o National
Heart Lung and Blood Institute (NHLBI), os principais fatores de risco para a HAS são a
idade, raça, sexo, sobrepeso ou obesidade e hábitos de vida pouco saudáveis como
sedentarismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, tabagismo e consumo excessivo de sal.
Outros fatores de risco estão associados com a pressão arterial elevada, como a predisposição
genética e o estresse.
Em mulheres se deve ao uso de anticoncepcional, síndrome do ovário policístico,
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gestação, reposição hormonal e menopausa, e nos homens a maior parte se trata das causas
preventivas com aumento significativo da pressão arterial e ao desenvolvimento da HAS.
Ainda não estão totalmente esclarecidos os mecanismos responsáveis pelas diferenças na
regulação da pressão entre os sexos, mas podem estar envolvidos com os efeitos dos
hormônios sexuais na manipulação de sódio pelo sistema renal (COLOMBO, 2011).
5.2 Etiologia
Quando os rins começam a falhar, o corpo passa a ter dificuldade em excretar o
excesso de sal e líquidos consumidos, levando a um aumento da pressão arterial. É
importante salientar que a insuficiência renal causa aumento da pressão arterial, mas também
pode ser causada pela hipertensão.
6 DISCUSSÃO
De acordo com a literatura a reposição de glicocorticoide como a prednisona no
tratamento da DA é válido, pois possui pequeno efeito mineralocorticoide e menor incidência
de miopatia do que os glicocorticoides fluorados (como a dexametasona). Porém como a
paciente relatou a presença de hipertensão arterial, este quadro pode indicar excesso de
mineralocorticoide, poderia ter como atitude terapêutica a diminuição da dosagem, uma vez
que a paciente utiliza 5mg, 2 vezes ao dia.
O tratamento com glicocorticoide deve ser feito com a menor dose possível para
manter o controle de sintomas. Muitos pacientes conseguem controle satisfatório dos
sintomas com doses de 2,5 a 3,75 mg/dia de prednisona (MARINHO; NEVES, 2002). Com
ingestão de uma dose pela manhã para tentar mimetizar o ritmo circadiano.
O excesso de glicocorticoide pode nos trazer diversas vertentes em que a paciente se
encontra, desde as irregularidades glicêmicas, hipertensão arterial, até a propensão à
obesidade.
No caso da paciente com o uso continuo de prednisona, o fármaco pode reduzir os
efeitos do anti-hipertensivo por produzir retenção de sódio elevando a pressão arterial e
interferindo no tratamento, mas nesse caso a losartana é a mais indicada, tendo que se fazer
um acompanhamento rigoroso para que se caso venha descontrolar, tenha que se trocar as
doses utilizadas diariamente.
A glândula adrenal normalmente funcionante também produz andrógenos. O
principal andrógeno sintetizado pela adrenal é a dehidroepiandrosterona (DHEA). Portanto a
paciente com a DA poderia também se tratar com DHEA. A DHEA é o precursor da
androstenediona convertida em estrógeno (hormônio feminino). Isso pode melhorar a
qualidade de vida da paciente.
Outra ação importante seria administrar a paciente inibidor da bomba de prótons,
para evitar o surgimento de úlcera gástrica, devido ao uso prolongado de corticoide.
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7 CONCLUSÕES
Conclui-se, que neste estudo a equipe multidisciplinar é necessária para a redução do
número de medicamentos inapropriados e a adequação das dosagens, visto que o excesso de
corticoide pode acarretar diversas doenças à paciente e o fator idade também deve ser levado
em consideração, uma vez que pacientes idosos estão mais propensos ao desenvolvimento de
doenças, tais como: diabetes mellitus, hipertensão arterial e outros.
A atuação do farmacêutico concomitante a equipe médica com foco no paciente é
um desafio para garantir que a polifarmácia, realidade presente, seja segura e eficaz em
relação à farmacoterapia.
8 REFERÊNCIAS
BIASOLI, M. C; IZOLA, L. N. T. Aspectos gerais da reabilitação física em pacientes com
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