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REPATS - Revista de Estudos e Pesquisas Avançadas

do Terceiro Setor

REPATS, Brasília, V. 5, nº 2, p 402-420, Jul-Dez, 2018

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEGURANÇA ALIMENTAR: ANÁLISE DAS


INICIATIVAS DE MITIGAÇÃO E O PAPEL DO ESTADO E DAS EMPRESAS
DO SETOR AGROQUÍMICO ALIMENTAR, A PARTIR DO MARCO RUGGIE.

CLIMATE CHANGE AND FOOD SECURITY: ANALYSIS OF MITIGATION


INITIATIVES AND THE ROLE OF THE STATE AND ENTERPRISES OF THE
FOOD AGRICULTURE SECTOR, FROM THE RUGGIE FRAMEWORK.

Ana Luiza da Gama e Souza*

RESUMO: As consequências dos fenômenos das mudanças climáticas e da


crescente importância e consequente expansão dos mercados das indústrias
químicas e dos agronegócios para a segurança alimentar e sustentabilidade no
Brasil já são realidade. Este artigo pretende analisar as principais iniciativas
internacionais e internas acerca das diretrizes para o desenvolvimento
sustentável e segurança alimentar e algumas estratégias adotadas
nacionalmente, avaliando o os limites e possibilidades para a efetivação da
segurança alimentar no Brasil, tendo em conta a responsabilidade do Estados e
das empresas do setor agrobioquímico alimentar na garantia da segurança
alimentar em contexto de mudanças climáticas. No primeiro momento, o artigo
propõe analisar as principais iniciativas internacionais e do Estado brasileiras no
enfrentamento das consequências das mudanças climáticas para a segurança
alimentar e no segundo, analisar o papel das empresas do setor agroquímico
alimentar a partir do marco Ruggie.
Palavras-chave: mudanças climáticas, segurança alimentar; responsabilidade
do Estado e das empresas

ABSTRACT: The consequences of the phenomena of climate change and the


growing importance and consequent expansion of the chemical and agribusiness
markets for food security and sustainability in Brazil are already a reality. This
article intends to analyze the main international and internal initiatives on the
guidelines for sustainable development and food security and some strategies
adopted nationally, evaluating the limits and possibilities for the realization of food
security in Brazil, taking into account the responsibility of States and companies
in the food agro-chemical sector to ensure food security in the context of climate
change. In the first phase, the article proposes to analyze the main international
and Brazilian initiatives in facing the consequences of climate change for food
security and in the second, to analyze the role of companies in the food
agrochemical sector from the Ruggie framework.

Recebido em: 01/08/2018


Aceito em: 22/09/2018
* Professora titular e pesquisadora do departamento de Direito da Universidade Estácio de Sá

(UNESA).
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Keywords: climate change, food security; responsibility of the State and of the
enterprises

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INTRODUÇÃO

O Brasil é líder global no setor dos agronegócios, que engloba desde a


agricultura, pecuária e silvicultura até o processo agroindustrial, bioquímico-
tecnológico, marketing, arranjos institucionais e finalmente, o consumidor final.
A importância deste mercado se deve ao fato de que o Brasil é o quinto país do
mundo em área geográfica, o maior em termos de terras cultiváveis e ainda pela
404
abundância e diversidade de seus recursos naturais e, por esta constelação de
atributos, o mercado brasileiro dos agronegócios o torna extremamente atraente
para o mercado internacional. Sua crescente produção e produtividade o leva a
ser o grande fornecedor do mercado mundial, aumentando a dependência deste
mercado à produção brasileira1.
O setor agrobioquímico-alimentar global, compartilhado principalmente
por indústrias de sementes e bioquímicas dentre outras, vem aumentando
progressivamente seu poder nas últimas décadas, alcançando em 2015 a maior
concentração de todos os tempos. Hoje o mercado é compartilhado por seis
empresas e no que se refere às sementes e agroquímicos duas corporações, a
Monsanto e a Bayer Crop Science, ameaçam monopolizar o mercado, acaso as
fusões se concretizarem.2
O poder e influência deste mercado no Brasil é marcante. Já em 2009, o
Relatório do Fórum Econômico Mundial sobre Competitividade do Brasil3
mostrava a taxa de crescimento da produção brasileira dos cinco principais grãos
(arroz, milho, feijão, soja e trigo) quase dobrou de 1975 a 2007, passando de
3.62 para 5.68. As previsões do Ministério da Agricultura, pecuária e
abastecimento no Resumo Executivo “Brasil: projeções do agronegócio
2011/2012 a 2021/2022”, são de que a produção de grãos no país deve passar
de 21% de 2011/2012 para 2021/2022 e exportação crescerá para 13,7
toneladas de produtos agrícolas, passando o Brasil a participação de 10,4 % no

1 Brazil competitiveness Report. 2009. World Economic Forum. p. 9.


2 IPES FOOD. INTERNATIONAL PANEL OF EXPERTS IN SUSTAINABLE FOOD SYSTEMS.
Report 3. Too big to feed. 2017.
3http://www.weforum.org/pdf/Global_Competitiveness_Reports/Reports/Brazil/BrazilCompetitive

nessReport2009.pdf

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comercio mundial. Segundo o EMBRAPA, com base em um estudo feito pelo


CEPEA-USP4, “o PIB do agronegócio, que soma a produção agrícola, a pecuária
e os insumos, atingiu R$ 611,8 bilhões em 2006”.
A análise econômica realizada pela Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e Agricultura (FAO), aponta que o Brasil está entre os 12 maiores
exportadores de produtos da agricultura, gerando US$ 29.2 milhões em 2009 e
US$ 32.7 milhões, em 2010.5 O mesmo acontece com o setor agropecuário que
405
conta com mais de 5 milhões de estabelecimentos e foi, em 2008, responsável
por 36,3% das exportações e 23,7% do PIB. Este setor responde diretamente
pelo saldo positivo da balança comercial brasileira, de S$ 60 bilhões.
A atratividade global do mercado brasileiro de agronegócios se contrapõe
ao desafio do crescente aumento da população global e consequentemente da
demanda global por alimentos e, principalmente, do fenômeno das mudanças
climáticas, que já vem provocando aumento da temperatura, mudanças no
padrão de chuvas, aumento da variabilidade da temperatura, mudanças na
disponibilidade de agua, perturbações no ecossistema, todos profundamente
impactantes para a agricultura e para a segurança alimentar.6
Os estudos realizados pela ONU apontam que dentre os impactos de
longo prazo esperados como consequência das mudanças climáticas e que
impactam a produção de alimentos no sistema agrícola familiar e a soberania
alimentar no Brasil, estão: a redução de até 10,6 milhões de hectares de terra
destinada à agricultura em 2030, a reduções de áreas de florestas e matas nos
estabelecimentos agrícolas, com aumento das áreas de pastagens; a diminuição
das áreas de baixo risco, a redistribuição regional de algumas culturas em busca
de condições climáticas mais apropriada, a “pecuarização” mais acentuada das
regiões rurais no Nordeste e o aumento na frequência e intensidade de eventos

4 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo.


5 Economic analysis of supply and demand for food up to 2030 – special focus on fish and fishery
products. FAO Fisheries and Aquaculture Circular No. 1089 FIPM//C1089.
6 FAO. Sourcebook on Climate-Smart Agriculture. 2013.

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extremos climáticos tenderia a gerar impactos adversos sobre a produtividade e


a produção de culturas agrícolas7.

1. AS INICIATIVAS DE MITIGAÇÃO

As mudanças climáticas já são realidade no Brasil e já impactam a


segurança alimentar. Aprimorar a segurança alimentar na mesma medida em
406
que contribui para mitigar as mudanças climáticas é uma meta fundamental do
Brasil e isso significa preservar a base dos recursos naturais e o ecossistema
necessários a transição para sistemas de produção agrícola que sejam mais
produtivos, usando os inputs (recursos naturais e fertilizantes) de forma mais
eficiente e ter menos variabilidade e mais estabilidade nos outputs (alimentos,
renda e emprego) e ser mais resiliente aos riscos, choque e variabilidade
climática a longo termo.8
Os riscos e desafios impostos pelas mudanças climáticas ao Brasil e das
vulnerabilidades sistêmicas que o pais apresenta, tendo em conta os objetivos e
metas das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável e os Planos
Nacionais de adaptação e resiliência no que se refere à agricultura e à segurança
alimentar, segundo o modelo da Agricultura Climática Inteligente da FAO,
incumbe às instituições do Estado envolvidas no planos nacionais de mitigação
das mudanças climáticas no Brasil identificar as possíveis sinergias que
possibilitem a realização efetiva das metas brasileiras para a agricultura e
alimentação sustentável como garantia da segurança alimentar para além do
acesso físico e econômico, mas como capacidade de garantir a qualidade e a
segurança dos alimentos., contribuindo para o monitoramento das obrigações de
sustentabilidade assumidas pelo Brasil no plano internacional.
A rede de soluções para o desenvolvimento sustentável das Nações
Unidas divulgou também em 2014 os 17 objetivos e as respectivas metas para

7 BRASIL. Plano Nacional de Adaptação a Mudanças Climáticas. Grupo Executivo do Comitê


Interministerial de Mudança do Clima – GEx-CIM Ministério do Meio Ambiente. 2015.
8 Climate-smart Agriculture – FAO.

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o desenvolvimento sustentável que devem nortear o caminho em busca de


soluções efetivas para 2030. Interconectados, os objetivos 2 e 3 estabelecem o
compromisso de alcançar a segurança alimentar, aprimorar a nutrição e
promover a agricultura sustentável e garantir uma vida saudável a todos, o que
significa em termos de metas até 2030, dentre outras: a) assegurar o acesso de
todos, em particular o pobre e aqueles em situação vulnerável, à alimentação
suficiente, segura e nutritiva; b) garantir sistemas de produção agrícola
407
sustentáveis e implementar práticas de resiliência que aumentem a
produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que
fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, condições
meteorológicas melhorando progressivamente a qualidade da terra e do solo e
c) reduzir substancialmente o número de mortes e doenças decorrente de
agentes químicos e da poluição e contaminação da água, do solo e do ar.
Os objetivos e metas das Nações Unidas para 2030 devem guiar as
instituições, as políticas e as finanças públicas do Brasil em direção à maior
eficiência e resiliência do sistema alimentar, buscando desenvolver sua
capacidade adaptativa aos riscos climáticos. No entanto, a rede de impactos de
um choque climático não depende só da intensidade do choque, mas também
da vulnerabilidade do sistema a um específico tipo de choque. Vulnerabilidade,
como definida no IPCC de 2012 é uma propensão ou predisposição a ser
adversamente afetado por algo e essa vulnerabilidade sistêmica é dependente
da capacidade adaptativa ao impacto das mudanças climáticas e pode ser ela
mesma afetada por um choque externo, como secas e enchentes que aumentam
a vulnerabilidade para o próximo choque. Sob o ponto de vista da vulnerabilidade
econômica, devemos considerar que a agricultura é um setor estratégico para o
Brasil não só no atendimento das demandas alimentares internas, mas como
mercado produtor e exportador de alimentos.
Para além das vulnerabilidades biofísicas, as vulnerabilidades
socioeconômicas também são importantes na avaliação da resiliência e da
capacidade adaptativa do Brasil às mudanças climáticas. Do ponto de vista
social, o acesso físico e econômico à alimentos seguros e nutritivos é uma
vulnerabilidade a ser considerada no Brasil, onde este acesso ainda não está

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disponível para grande parte da população. Sob o ponto de vista econômico, a


importância global do mercado dos agronegócios brasileiro é também uma
vulnerabilidade, que enseja capacidade de adaptação para mitigar os efeitos das
mudanças climáticas para as próximas décadas, já que demanda o aumento
crescente e constante da produção para atender às demandas do mercado
internacional. Além disso, o uso de produtos químicos na agricultura exige uma
infraestrutura efetiva de monitoramento para garantir a segurança alimentar.
408
No início da década de 80, já era preocupante o avanço galopante da
produção e da distribuição de pesticidas pelas indústrias químicas pelo do alto
risco da utilização destas substâncias na agricultura e na indústria de alimentos,
sobretudo diante da falta de uma infraestrutura efetiva de monitoramento pelos
Estados. Esta realidade levou o programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA) e a FAO a desenvolverem um sistema voluntário de troca
de informações. A Organização para agricultura de alimentação desenvolveu o
Código de conduta e distribuição de pesticidas (1985) e o PNUMA, o Guia de
Londres para troca de informações sobre o mercado internacional de produtos
químicos (1987). Após este pontapé inicial na luta contra a utilização
indiscriminada de substâncias químicas nocivas à saúde humana, à vida e ao
meio ambiente, as duas organizações, conjuntamente, introduzem o Prior
Informed Consent (PIC) , programa cuja finalidade é a de que os Estados tenham
a disposição as informações que precisem sobre produtos nocivos para que
possam então avaliar os riscos e que tem por finalidade e tomar decisões
informadas sobre a importação de produtos químicos.
A sustentabilidade proclamada pelos direitos humanos9 como o equilíbrio
entre desenvolvimento econômico e tecnológico e a preservação do meio
ambiente para gerações presentes e futuras, tem sido pauta corrente das
agendas globais na temática dos direitos humanos10 e principalmente agora com

9 Segundo o Conselho da FAO desenvolvimento sustentável e o manejo e conservação dos


recursos naturais de modo a garantir a realização e a continua satisfação das necessidades
humanas para as gerações presentes e futuras. Tal desenvolvimento sustentável (nos setores
da agricultura, silvicultura e pesca) que conserva terra, agua, planta e recursos genéticos animais
é não degradador do meio ambiente, tecnicamente apropriado, economicamente viável e
socialmente aceitável.
10 FAO, OCDE

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a proximidade da data da apresentação dos resultados da Declaração do Milênio


da ONU, como previsto no objetivo 1911 da mencionada Declaração.
Como resposta aos desafios impostos principalmente pelas mudanças
climáticas e como garantia do respeito ao direito à alimentação, à saúde e ao
meio ambiente, a Organização das Nações Unidas para a alimentação e
agricultura (FAO), na Conferência da Haia sobre Agricultura, Segurança
alimentar e Mudanças Climáticas de 2010 recomenda a Climate-smart
409
agriculture (CSA).

(...) definida como uma abordagem para o desenvolvimento de


técnicas, políticas e condições de investimento para alcançar o
desenvolvimento agricultural sustentável para segurança alimentar sob
mudanças climáticas. Esta abordagem contribui para a realização da
segurança alimentar nacional... A magnitude, imediatismo e amplo
escopo dos efeitos das mudanças climáticas nos sistemas de
agricultura criam uma necessidade imperiosa de garantir sua
integração compreensiva no planejamento da agricultura, nos
investimentos e programas de ação. A abordagem CSA é desenhada
para identificar e operacionalizar o desenvolvimento agricultural
sustentável explicitamente integrando as mudanças climáticas como
seu principal parâmetro.

Vendo a necessidade de controles obrigatórios, na ECO92 o Brasil adotou


o Capítulo 19 da Agenda 21, que apelou para a adoção de um instrumento
juridicamente vinculativo sobre o procedimento PIC até o ano de 2000. Por
conseguinte, o Conselho da FAO (em 1994) e o Conselho de Administração do
PNUA (em 1995) mandatou os seus chefes executivos para lançar as
negociações que levam à finalização do texto da Convenção sobre o
Procedimento de Prévia Informação e Consentimento para determinados
Produtos Químicos Perigosos no Comércio Internacional, em março de 1998.
A Convenção foi adotada e aberta à assinatura na Conferência de
Plenipotenciários em Roterdã em 10 de setembro de 1998 e entrou em vigor em
24 de fevereiro de 2004. Nesta primeira Conferência da Convenção de Roterdã
o resultado foi a adição de 14 produtos químicos perniciosos e a conseguinte

11“19. Decidimos ainda: Reduzir para metade, até ao ano 2015, a percentagem de habitantes do
planeta com rendimentos inferiores a um dólar por dia e a das pessoas que passam fome; de
igual modo, reduzir para metade a percentagem de pessoas que não têm acesso a água potável
ou carecem de meios para o obter”

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adoção do Anexo VI sobre a arbitragem e conciliação em conformidade com o


nº 3 do artigo 22.º da Convenção. A quarta Conferência das Partes (COP-4) foi
realizada em outubro de 2008, resultando em adição de um produto químico
(todos os compostos de Tributilestanho) para o Anexo III (decisão RC-4/5). Esta
alteração ao anexo III entrou em vigor em 1 de fevereiro de 2009. A quinta
Conferência das Partes (COP-5) foi realizada em junho de 2011, resultando na
adição de mais três produtos químicos (Alacloro, Aldicarbe e Endosulfan) para o
410
Anexo III (decisões RC-5/3, RC-04/05 e RC-5 / 5). Estas alterações ao anexo III
entraram em vigor apenas em 24 de outubro de 2011.
O paradoxo que vivemos hoje envolve, portanto, um lapso temporal que
consiste em a longo prazo garantir um meio ambiente sustentável para os
próximos cinquenta anos e à curto prazo, garantir alimentação. Entretanto,
mudanças extremas de clima provocam quebra de safra agrícola, com
problemas de escassez para a oferta de alimentos e alta volatilidade dos
preços, afetando diretamente o acesso físico e econômico aos alimentos. A
combinação dos efeitos decorrentes das mudanças climáticas impactará a
longo prazo o sistema de abastecimento alimentar brasileiro, os preços dos
alimentos, a cesta e o orçamento alimentar das famílias.
Em 2009, foi criado o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
que em parceria com Rede Clima tem a finalidade de compilar e analisará todas
as informações científicas sobre relevantes aspectos das mudanças climáticas
no Brasil. O PBMC divulgou em janeiro de 2015 o primeiro relatório de avaliação
nacional, em três volume, nos quais foram evidenciadas as implicações destas
mudanças e as alternativas de mitigação para as próximas décadas.
Também em 2015, o governo federal submeteu à consulta pública o
Plano Nacional de adaptação de mudança de clima (PNAMC), elaborado pelo
Grupo Executivo do Comitê Interministerial de Mudança do Clima – GEx-CIM.
O PNAMC, que tem a finalidade de promover a gestão e diminuição do risco
climático no país frente aos efeitos adversos da mudança do clima, de forma
a aproveitar as oportunidades emergentes, evitar perdas e danos e construir
instrumentos que permitam a adaptação dos sistemas naturais, humanos,
produtivos e de infraestrutura. O PNAMC também tem o objetivo de prover a

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orientação política para as ações necessárias no âmbito do Plano onde a


atuação do governo federal deve ser estruturante para um processo de
desenvolvimento sustentável afim de promover a adaptação à mudança do
clima. Complementarmente deverão ser institucionalizadas instâncias de
articulação com os entes da federação e da sociedade civil
O Painel Brasileiro de Mudança do Clima (PBMC) estimou possíveis
impactos das mudanças climáticas para o Brasil e a América do Sul que
411
consistem na extinção de hábitats e de espécies, principalmente na região
tropical; substituição de florestas tropicais por savanas e vegetação semiárida
por árida; aumento de regiões em situação de estresse hídrico, ou seja, sem
água suficiente para suprir as demandas da população e aumento de pragas
em culturas agrícolas e de doenças, como a dengue e malária.12
Os Relatórios do PBMC e do IPCC (ONU) revelam que a América do
Sul e o Brasil já apresentam registros de mudanças do clima previstos em
modelos climáticos tais como aumento de temperatura de até 2,5ºC na região
costeira do Brasil até e 2012, aumento do número de dias com chuvas acima
de 30 mm na região sudeste, aumento da temperatura do mar no Atlântico Sul
e mudanças na salinidade, aumento na ocorrência, intensidade e influência
dos eventos de ENOS13 no clima continental do país.
O aumento da utilização de pesticidas pode ser também considerado
uma importante consequência das mudanças climáticas. A variabilidade de
temperatura e da quantidade e frequências das chuvas exerce grande pressão
sobre os recursos naturais implicando no aumento da utilização de agentes
externos para garantir a produção. Esta utilização impacta diretamente o meio
ambiente, a vida e a saúde, tanto dos que lidam diretamente com o cultivo,
como dos consumidores finais dos alimentos. No Brasil o importante papel do
Brasil no mercado global de agronegócios e a exigência de atender a este
mercado, aumentando a produção agrícola, já acarreta graves problemas de
saúde pública pela contaminação por pesticidas utilizados de forma arbitrária,

12 BRASIL. Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. 2013, p. 16.


13 El Nino Pacifico Leste Equatorial, La Nina e El Nino Pacifico Central.

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problema que deve se agravar como consequência das mudanças, de forma


que a utilização destes agentes externos deve ser progressivamente evitada.
Levando em consideração que há pelo menos 10 anos o Brasil se
preocupa com os impactos impostos pelas mudanças climáticas para as
próximas décadas, podemos verificar até que ponto os objetivos sustentáveis
foram efetivamente colocados em prática. As primeiras iniciativas consistiram
no Plano Nacional sobre mudança de clima (decreto nº 6.263, de 21 de
412
novembro de 2007) e na Política Nacional sobre mudança de clima (lei
12.187/2009, regulamentada pelo decreto 7390/2010). Através destas duas
iniciativas, o Brasil reafirma os compromissos assumidos junto Convenção-
Quadro da ONU sobre Mudança do Clima de redução de emissões de gases de
efeito estufa das emissões projetadas até 2020, condicionando as políticas
públicas e programas de governo aos princípios, objetivos, diretrizes e
instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e integra os planos
de ação para a prevenção e controle do desmatamento nos biomas e os planos
setoriais de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas ao Plano Nacional
de mudança de clima, instrumento no qual são mapeadas as vulnerabilidades e
proposta a construção da capacidade de adaptação e as respectivas medidas
de implementação aos impactos ambientais.
.A estratégia adotada pelo Estado Brasileiro até agora para o setor da
Agricultura foi a de avaliar as vulnerabilidades, os impactos e os riscos da
mudança do clima sobre a segurança alimentar e nutricional; identificar práticas
que contribuam para a redução da vulnerabilidade à mudança do clima14 e como
meta setorial a criação de um Centro de Inteligência Climática da Agricultura,
voltado para aplicação do Risco Climático no planejamento e desenvolvimento
das Políticas Agrícolas Brasileiras e um Sistema de Monitoramento e Simulação
de Risco e Vulnerabilidade Agrícola , tarefas respectivamente delegadas ao a
criação de um Centro de Inteligência Climática da Agricultura, voltado para
aplicação do Risco Climático no planejamento e desenvolvimento das Políticas

14 Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima. Vol 2. p. 13.

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Agrícolas Brasileiras e um Sistema e Monitoramento e Simulação de Risco e


Vulnerabilidade Agrícola.
Em paralelo, em 2011, a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar
e Nutricional divulga o Plano Nacional de Segurança Alimentar (PNSA) –
2012/2015, integrante da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
e embasado nas metas e objetivos do novo Plano Plurianual (PPA) para o
período de 2012 a 2015 cujo objetivo é ampliar o acesso e a qualidade dos
413
alimentos produzidos e distribuídos no Brasil. Este plano leva em consideração
os efeitos das mudanças climáticas para a agricultura brasileira como fator de
diminuição da disponibilidade dos alimentos, sem, no entanto, trazer propostas
de mitigação.
As ações governamentais de adaptação às mudanças climáticas
propostas pelo governo federal para além dos planos de verificação de
vulnerabilidades, precisam ser implementadas socioeconomicamente o que
exige um mapeamento de todas as instituições, públicas e principalmente
privadas – empresas do setor agroquímico-alimentar, envolvidas neste
processo, seus respectivos papeis, interesses, e funções, para identificar os
pontos fortes e fracos destas instituições de forma a detectar as sinergias
necessárias ao absoluto sucesso dos processos de adaptação climáticas para a
agricultura e segurança alimentar no Brasil. Neste sentido, avaliar o papel das
corporações no enfrentamento destes desafios é pauta prioritária.

2. PARA ALÉM DA OBRIGAÇÃO DO ESTADOS: A RESPONSABILIDADE


DAS EMPRESAS

As violações aos direitos humanos por empresas – corporações


transnacionais - para além do sistema agroalimentar15, principalmente a partir da

15 Campanha contra a Nike por práticas de trabalho escravo na indonésias; Shell acusada de
cumplicidade com os militares nigerianos ao enfrentar os protestos da comunidade com uso da
força; Empresas norte-americanas de mineração nos Andes, que forçou o deslocamento de
comunidades sem consulta e compensação adequadas; marcas globais de chocolate e o
trabalho infantil em plantações de cacau da África Ocidental; provedores de serviços de Internet
e de telefonia móvel entregando informações de usuários a agências governamentais que
prendem dissidentes. Cf. em (RUGGIE, 2013)

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década de 90, levaram a conscientização social e política sobre o impacto da


atividade das empresas sobre os direitos humanos, atraindo a atenção dos
Organismos Internacionais, em especial das Nações Unidas, que foi convocada
a desenvolver mecanismos destinados a exigir das corporações transnacionais
o respeito aos direitos humanos na realização de suas atividades, abrindo
espaço também para o debate teórico acerca das obrigações e consequente
responsabilidade das corporações com os direitos humano,
414
obrigações/responsabilidade tradicionalmente atribuídas ao Estado.
Para enfrentar este desafio, agravado pela falta de regulação global das
empresas, por conta da fragmentação de suas atividades, em 2005 o Secretário-
Geral da ONU nomeou John Ruggie como representante especial na temática
dos direitos humanos e empresas, atribuindo a ele a função de investigar mais a
fundo sobre as violações e então estabelecer um marco inicial de
responsabilização, o que só foi concluído e avalizado pelo Conselho de Direitos
Humanos da ONU em 2011.
O marco Ruggie marca uma nova fase no tratamento do problema da
responsabilidade das corporações transnacionais e outras empresas com os
direitos humanos, estabelecendo uma plataforma inicial para guiar as ações e
iniciativas no sentido de comprometer cada vez mais as empresas com as
obrigações de direitos humanos. O proprio Conselho de Direitos Humanos da
ONU reconhece que

The Guiding Principles’ normative contribution lies not in the creation of


new international law obligations but in elaborating the implications of
existing standards and practices for States and businesses; integrating
them within a single, logically coherent and comprehensive template;
and identifying where the current regime falls short and how it should
be improved. Each Principle is accompanied by a commentary, further
clarifying its meaning and implications. (UNITED NATIONS, 2011, p. 5)

No seu último informe, Ruggie desenvolveu mais profundamente os


princípios fundamentais de proteção, respeito e remediação, definindo os
deveres de prevenção, investigação, punição e reparação de violações aos
direitos humanos, fazendo recomendações mais precisas sobre as obrigações
de direitos humanos dos Estados e as que se referem a relação entre o Estado

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e as empresas e dando maior atenção a definição do conteúdo e dos limites das


obrigações das corporações.
A importância como inovação do marco como instrumento para guiar as
ações das empresas em direção aos padrões normativos de direitos humanos,
não o afasta das críticas, em especial as que se destinam à natureza e extensão
das obrigações das empresas. A primeira grande chave argumentativa coloca
em questão o grau de exigibilidade das obrigações de direitos humanos com
415
relação às empresas, o que reflete o debate teórico sobre a eficácia horizontal
dos direitos humano, ou seja, entre atores privados, ou não-estatais. A segunda,
sobre a concepção minimalista dos princípios orientadores, baseado em
obrigações negativas, deixando de fora a exigência de que as corporações, por
terem finalidade social e influência e poder que exercem na vida social,
conduzam suas atividades no sentido de realizar os direitos humanos. Debate
travado em outro trabalho.16
A questão da natureza das obrigações das empresas com os direitos
humanos abre mais uma dicotomia no debate teórico. Sob um ponto de vista
mais pragmático, as dicotomias têm pouca importância, já que o que se busca
são resultados efetivos diante da urgência da questão. Seja obrigação do Estado
ou iniciativa voluntária das empresas, só o esforço comum pode velar a
resultados mais efetivos.

CONCLUSÃO

Até 2050, a população mundial aumentará em um terço. Neste adicional,


duas milhões de pessoas viverão em países em desenvolvimento. Ao mesmo
tempo, mais pessoas estarão vivendo em cidades. Se o crescimento do consumo
continuar, a FAO estima que a produção agrícola terá de aumentar em 60 por
cento em 2050 para satisfazer as demandas esperadas para alimentação

16DA GAMA E SOUZA. Ana Luiza. Responsibility of transnational corporations in agri-food


system and the Round Up Ready seeds in Brazilian market: beyond negative obligations.
Business and Human Rights Journal. Cambridge University Press. 2018. No prelo,

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humana e animal. Agricultura deve, portanto, transformar-se internamente e as


alterações climáticas irão tornar esta tarefa muito mais difícil devido aos impactos
ambientais na agricultura, principalmente para o Brasil frente ao cenário de
produtividade dos agronegócios e do mercado das indústrias químicas que
cresce vertiginosamente.
Para alcançar a segurança alimentar e as metas de desenvolvimento
agrícola, há a necessidade de transformação de base sem o esgotamento dos
416
recursos naturais. A imprevisibilidade dos padrões climáticos pode levar a
reduções da produção e rendimentos mais baixos em áreas vulneráveis e estas
alterações também afetarão o sistema econômico dos alimentos. Países em
desenvolvimento, em particular, serão os mais afetados por estas mudanças à
medida que os pequenos produtores têm que lidar com um habitat degradado
pela utilização massiva de produtos químicos, do poder incisivo dos
agronegócios e o comprometimento do Estado com os interesses do mercado.
Efetuar uma mudança de base significa, neste sentido, mudanças
consideráveis no âmbito nacional não apenas na legislação, mas nas políticas e
mecanismos financeiros. Se levarmos em consideração que a agricultura e a
segurança alimentar estão seriamente ameaçadas pelas mudanças climáticas17
esta realidade demanda o empenho de todos na busca de soluções concretas
que possam mitigar os efeitos destas profundas mudanças, sejam os Estados, a
sociedade civil ou as corporações.
Os desafios pelas mudanças climáticas só podem ser enfrentados se
houver empenho de todas as instituições – públicas ou privados.
Tradicionalmente a obrigação primeira com a realização dos direitos humanos é
do Estado, mas a complexidade dos fatores que envolve as mudanças
climáticas, em especial as relações de poder que estão na base da estrutura do
mercado agroquímico-alimentar – os agronegócios – devem ser o foco prioritário
no caminho de soluções mais efetivas.

17Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC)
em relatório divulgado em 2014, severos efeitos das mudanças climáticas serão sentidos em
todos os lugares.

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