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USO ECONÔMICO DA ÁGUA PARA O FEIJÃO CAUPI NA REGIÃO DO SERTÃO ALAGOANO

Resumo: a pesquisa científica pode contribuir para otimizar recursos na agricultura,


especialmente em regiões semiáridas como o Sertão Alagoano. A utilização de técnicas como
a irrigação por gotejamento e a determinação da lâmina econômica de irrigação são passos
significativos para melhorar a eficiência hídrica na produção de feijão caupi.

A identificação da quantidade ideal de água, representando cerca de 92% da necessidade total


da cultura, é uma informação valiosa. Alcançar uma produtividade média de 1,8 Mg ha-1 de
grãos é um resultado promissor, pois sugere que é possível obter rendimentos significativos
com um uso mais eficiente da água.

Esse tipo de pesquisa não apenas beneficia os agricultores ao otimizar recursos, mas também
destaca a importância da ciência na busca por soluções sustentáveis para desafios agrícolas.
Parabéns pelo trabalho realizado e pelos insights valiosos obtidos!

Introdução; as regiões Norte e Nordeste do Brasil, especialmente para a população rural,


sendo uma fonte crucial de proteína. Algumas instituições de pesquisa, como a Embrapa,
institutos federais e universidades, estão envolvidas em estudos para adaptar cultivares e
desenvolver tecnologias que promovam a regionalização da agricultura familiar. No Sertão
Alagoano, onde há perímetros irrigados próximos ao rio São Francisco e o desenvolvimento do
canal do sertão, há um interesse crescente em estudar o feijão caupi.

O cultivo do feijão caupi é predominante durante o período chuvoso, mas enfrenta desafios de
veranicos em alguns anos, resultando em déficit hídrico prejudicial ao desenvolvimento e
produtividade das culturas. A água desempenha um papel vital na fisiologia da planta, na
dinâmica de absorção e na utilização de nutrientes, destacando a importância da irrigação para
suprir essa deficiência e favorecer o cultivo de uma segunda safra na estação seca.

No entanto, o uso inadequado dos recursos hídricos na agricultura irrigada tem levado a um
alto desperdício de água, com consequências indesejáveis para o meio ambiente. Recomenda-
se a adoção de sistemas de irrigação localizada, que oferecem melhor eficiência e
uniformidade na aplicação de água, além de baixo consumo de energia.

Outra estratégia para aumentar a eficiência da agricultura irrigada é o uso de sistemas de


manejo conservacionistas, embora na região do Sertão Alagoano haja uma escassez de
estudos científicos nessa área. A maioria das tecnologias é desenvolvida para o cultivo em
condições de sequeiro, e há uma oportunidade de explorar tecnologias avançadas para
aumentar a produtividade em cultivos irrigados.

O texto enfatiza a importância do manejo adequado da irrigação, destacando a interação entre


as práticas culturais, o desempenho da cultura e outros fatores de produção. A necessidade de
conhecer o consumo hídrico, a demanda atmosférica e as características físico-hídricas do solo
para determinar a lâmina econômica de irrigação é ressaltada.

No Estado de Alagoas, a produtividade agrícola do feijão é prejudicada pela ocorrência de


veranicos, sendo o período da emergência à floração considerado crítico devido ao déficit
hídrico. Estudos indicam que déficits hídricos por diferentes períodos podem resultar em
reduções significativas no rendimento da cultura. Assim, a irrigação é vista como uma forma de
complementar a água necessária durante o ciclo de produção.

MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi realizado no Instituto Federal de Alagoas/Campus


Piranhas entre 22 de fevereiro e 09 de maio de 2018, utilizando a cultivar crioula de feijão caupi
adaptada às condições climáticas da região. O delineamento experimental foi em faixas com
quatro repetições, com cinco diferentes lâminas de irrigação (L1-30%, L2-60%, L3-90%, L4-
120% e L5-150% da evapotranspiração da cultura-ETc). As parcelas tinham 16 m², sendo a
área útil composta pelos 3 m centrais das duas linhas do meio.

O plantio foi feito manualmente em sulcos, com 4 sementes a cada 20 cm. Após 15 dias da
semeadura, foi realizado o desbaste, resultando em um estande final de 62.500 plantas por
hectare. Foi aplicada cobertura morta na superfície do solo, e o controle de ervas espontâneas
foi feito por capina manual.

A irrigação foi realizada por gotejamento, com vazão de 7,5 L h⁻¹ m⁻¹, pressão nominal de 10
mca e espaçamento entre gotejadores de 20 cm. Nos primeiros 20 dias após a semeadura,
todos os tratamentos foram irrigados para evitar déficit hídrico. A partir desse período, as
lâminas de irrigação foram diferenciadas conforme os tratamentos e determinadas com base
na evapotranspiração da cultura (ETc), obtida por dados meteorológicos da estação
do INMET.

A produtividade do feijoeiro foi determinada por meio do peso médio dos grãos, corrigido para
13% de umidade após secagem em estufa. A eficiência no uso da água (EUA) foi calculada em
mm por tonelada, relacionando a produtividade com a lâmina de irrigação utilizada.

Para análise econômica, o custo do milímetro de água foi calculado com base nos custos de
produtores que utilizam sistemas de irrigação por gotejamento. Foram considerados 20 anos
de vida útil da infraestrutura e 10 anos para o sistema de irrigação, com amortização em três
ciclos de cultivo por ano.

A análise de variância foi realizada, e a função de produção da cultura foi obtida por curvas de
regressão polinomial de segundo grau. A lâmina econômica de irrigação foi estimada pela
equação que iguala a zero a primeira derivada da função de produção.

Na análise econômica da produção, foram considerados três cenários de cotação da saca de


feijão e do preço por quilo. A lâmina de irrigação de máxima eficiência econômica foi estimada
considerando o custo médio do milímetro de água, o preço de venda do feijão e a função de
produção da cultura.

Os resultados serão valiosos para determinar práticas sustentáveis e econômicas para o cultivo
do feijão caupi na região do Sertão Alagoano, otimizando o uso da água e maximizando a
eficiência econômica da irrigação.
Quando a irrigação se aproxima das condições ótimas de cultivo sem deficiências hídricas, a
eficiência no uso da água (EUA) tende a ser mais baixa. A produtividade física máxima da
cultura, conforme estimada pela função de produção, foi de 1,85 Mg ha⁻¹, alcançada com uma
lâmina total de irrigação de 280 mm (equivalente a 121% da ETc). Para obter produtividades
acima desse valor, indicando a cultura em condições ótimas de umidade no solo, outras
práticas agrícolas, como adubação, controle de pragas e doenças, podem ser necessárias.

A produtividade máxima econômica variou em função do preço de venda do feijão. Com o


preço da saca igual a R$ 70,00, a produtividade foi de 1,75 Mg ha⁻¹ com uma lâmina de
irrigação de 204 mm (88% da ETc). Para preços de saca iguais a 90 e 110 reais, a
produtividade máxima econômica aumentou para 1,79 e 1,81 Mg ha⁻¹, respectivamente, com
lâminas de irrigação de 221 mm (96%) e 232 mm (101%). É importante ressaltar que a lâmina
econômica depende da relação de preços entre a água (Px) e o grão (Py), e não apenas dos
valores absolutos dos preços. Quando o preço do feijão se torna mais barato em relação ao
custo do milímetro de água, a lâmina econômica tende a diminuir

CONCLUSÕES
O estudo destacou que a necessidade hídrica total do feijoeiro cultivado no verão/outono no
Sertão Alagoano é aproximadamente 230 mm. Quando irrigado por gotejamento, a
produtividade do feijão caupi na região varia entre 1,40 e 1,93 Mg ha-1. A lâmina econômica de
irrigação, que maximiza a eficiência econômica, foi em média em torno de 95% da
evapotranspiração da cultura (ETc).

Além disso, foi observado que o feijão caupi necessita de uma quantidade de água na faixa de
114 a 149 mm para produzir 1,0 Mg de grãos. Essa informação é crucial para os agricultores
na região, pois fornece orientações sobre a quantidade adequada de água a ser aplicada para
otimizar a produção, considerando tanto os aspectos agronômicos quanto os econômicos.

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