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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO

PARÁ
INSTITUTO DE ESTUDOS EM DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO E REGIONAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE MARABÁ

USO DE IRRIGAÇÃO NA CULTURA DO AÇAÍ

CARVALHO, Juliana Pereira¹


PEREIRA, Hálina Cristina Moraes²

Trabalho entregue ao Curso de


Bacharelado em Agronomia do Campus
Universitário de Marabá, da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará, como
requisito avaliativo da disciplina de
Irrigação e Hidráulica.

Professor: Elias Albuquerque

MARABÁ/PA
AGOSTO DE 2023

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RESUMO
O uso da irrigação na cultura do açaí é de suma importância para garantir o crescimento
saudável e a produtividade das palmeiras de açaí. A aplicação adequada de água, por
meio de técnicas como a microaspersão, permite suprir as necessidades hídricas das
plantas, mantendo a umidade do solo, promovendo a absorção eficiente de nutrientes e
minimizando os impactos de variações climáticas. A implementação de sistemas de
irrigação apropriados contribui para o aumento da produção, melhoria da qualidade dos
frutos e sustentabilidade do cultivo, sendo fundamental tanto para a segurança alimentar
regional como para a economia e o bem-estar das comunidades envolvidas.

Palavras Chave: microaspersão; sustentabilidade; insumos agrícolas.

ABSTRACT

The use of irrigation in açaí cultivation is of paramount importance to ensure the healthy
growth and productivity of açaí palm trees. The proper application of water, through
techniques such as microsprinkling, allows meeting the water needs of plants, maintaining
soil moisture, promoting the efficient absorption of nutrients and minimizing the impacts of
climate variations. The implementation of appropriate irrigation systems contributes to
increased production, improved fruit quality and sustainability of cultivation, being essential
both for regional food security and for the economy and well-being of the communities
involved.

Keywords: microsprinkler; sustainability; agricultural inputs.

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1. INTRODUÇÃO
Ao longo do processo histórico o crescimento populacional se tornou notório e
consequentemente a demanda alimentícia também teve um salto. Nesse sentido, se
tornou prioritário o aumento da produção, de forma que houve a necessidade de se
implantar práticas que contribuíssem para melhor atender essa demanda. Dentre tais, a
irrigação vem como uma eficaz alternativa para aumento da produtividade, garantindo
produção durante todo o ano, além de oferta de emprego e crescimento regional.
(MANTOVANI, 2021)

Nesse contexto, os primeiros registros do processo de irrigação no mundo


ocorreram em 6.000 a.C no Egito e Mesopotâmia, os quais utilizavam os Rios Nilo, Tigres
e Eufrates como fontes de abastecimento, garantindo a produção todo o ano até mesmo
nos períodos de estiagem. Já no Brasil, este processo teve início no Rio Grande do Sul
durante o período colonial, com a irrigação da cultura do arroz, mais tarde na década de
70 e 80 a irrigação se expandiu para outras áreas do país. Segundo dados da FAO
(2020), atualmente, o Brasil está entre os dez países com a maior área equipada para
irrigação do mundo. Os líderes mundiais são a China e a Índia, com cerca de 70 milhões
de hectares cada. (PAOLINELLI, 2021)

Desse modo, o sistema de irrigação se divide em diversos tipos como, irrigação por
aspersão, caracterizada por uso de aspersores que simulam uma espécie de chuva
artificial, a irrigação por gotejamento que garante a distribuição de água mais próximo as
raízes e por último a irrigação por microaspersão que se trata do sistema de irrigação que
utiliza emissores que lançam gotículas de água e propiciam uma precipitação mais suave
e uniforme que a aspersão.

Sendo a microaspersão, o método mais adequado no cultivo do açaí, cultura que


será enfatizada neste artigo, é um fruto originário da Amazônia de grande importância
econômica e cultural para a região Norte. Com isso a irrigação contribui de forma
assertiva na produção, cultura, proporcionando maior produtividade e qualidade do fruto,
além de produção durante todo ano até mesmo entressafra. (EMBRAPA, 2014)

Com isso, o objetivo deste artigo é abordar o uso da irrigação no cultivo do açaí,
cultura de grande importância regional, apresentando o tipo mais indicado de irrigação e
as vantagens de se utilizar desse processo para o progresso da plantação. E ainda

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apresentar o projeto de irrigação implantado em uma propriedade do assentamento PDS
Porto Seguro no município de Marabá no Pará.

2. MATERIAS E MÉTODOS
Este artigo resulta de uma pesquisa aprofundada utilizando recursos
como o Sistema PAM (Produção Agrícola Municipal), acessado através do site
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, dados
obtidos no site da Embrapa e artigos científicos foram incorporados para
enriquecer o embasamento. A análise foi realizada com base nos dados de 2021,
abrangendo áreas plantadas e colhidas, com especial ênfase no crescimento
produtivo na região de Marabá. Para a formatação e elaboração do artigo,
ferramentas como Autocad e Word foram empregadas, garantindo um resultado
visual e técnico refinado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O açaí (Euterpe oleracea) é uma palmeira nativa da região amazônica, conhecida


por seus frutos pequenos e escuros, ricos em nutrientes e com propriedades
antioxidantes. As palmeiras de açaí requerem um suprimento contínuo de água ao longo
de todo o ciclo de crescimento, desde a germinação até a produção de frutos maduros. O
açaí é naturalmente adaptado ao ambiente úmido da Amazônia, onde as chuvas são
frequentes e abundantes. No entanto, em regiões com variações sazonais nas chuvas ou
em períodos de seca, a irrigação se torna essencial para suplementar a quantidade de
água disponível.

O cultivo do açaí na região sudeste do Pará desempenha um papel central na


economia e na cultura local. Esta região oferece condições ideais para o crescimento
saudável das palmeiras. Com um clima tropical úmido e solos férteis, os agricultores
aproveitam essas características para produzir frutos de alta qualidade, essenciais tanto
para o consumo regional como para o mercado nacional e internacional de açaí. Além
disso, o cultivo do açaí na região sudeste do Pará contribui para a preservação da
biodiversidade única da Amazônia, promovendo práticas agrícolas sustentáveis que
respeitam o ecossistema e beneficiam as comunidades locais.

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Segundo dados do Sidra (IBGE), no ano de 2021 foram contabilizados o total de
22.236 hectares de área plantada de açaí na região de Marabá-PA com 100% de
produtividade, tendo 27% da produção quando comparado aos municípios vizinhos
Parauapebas e Redenção. (IBGE-Sidra, 2021)

Figura 01. Percentual da produção de açaí em Marabá e nos municípios vizinhos


no ano de 2021.

Parauapebas (PA) Marabá (PA) Redenção (PA)

34%
39%

27%

Fonte: Sidra/IBGE- Produção Agrícola Municipal (2021)

Sendo grande parte da produção oriunda da agricultura familiar, para muitas


famílias locais, o açaí não é apenas uma cultura comercial, mas também uma tradição
profundamente enraizada que é transmitida de geração em geração. O cultivo do açaí
oferece oportunidades de renda estável e diversificada, permitindo que as famílias
dependam menos de monoculturas e explorem uma alternativa que é bem adaptada ao
ambiente local. Além disso, a produção de açaí frequentemente envolve práticas de
manejo sustentável, como o uso de sistemas agroflorestais e a preservação das áreas
naturais, promovendo a resiliência do ecossistema e contribuindo para a conservação da
biodiversidade. Dessa forma, o cultivo do açaí fortalece a agricultura familiar, eleva a
qualidade de vida das comunidades locais e preserva a rica herança cultural e ambiental
da região sudeste do Pará.

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Percebendo-se a importância da cultura para a região, o conhecimento técnico,
como os principais métodos de irrigação, deve ser difundido e compartilhado para a parte
mais responsável pela produção, a agricultura familiar. Estudos realizados por
especialistas em agronomia e ecologia vegetal destacam a importância da irrigação na
cultura do açaí. De acordo com Ribeiro et al. (2018), a falta de água durante o período de
crescimento ativo pode resultar em estresse hídrico, levando a um crescimento limitado
das palmeiras e a uma produção de frutos comprometida. Além disso, a pesquisa de Lima
et al. (2020) ressalta que o déficit hídrico pode influenciar negativamente a qualidade dos
frutos, reduzindo o teor de antioxidantes e afetando sua palatabilidade.

Para atender às necessidades hídricas do açaí, é essencial implementar sistemas


de irrigação eficientes. A técnica de microaspersão se destaca como uma opção altamente
indicada para a irrigação da cultura devido às suas características que se alinham
perfeitamente com as necessidades hídricas dessa planta. A microaspersão envolve a
distribuição controlada de pequenas gotas de água diretamente sobre a área das raízes
das palmeiras, imitando de forma mais precisa as condições naturais de chuva na região
amazônica. Isso garante uma absorção eficiente de água e nutrientes, minimizando o
desperdício por evaporação ou escorrimento superficial.

Além disso, a microaspersão é capaz de fornecer uma irrigação uniforme,


fundamental para evitar o encharcamento do solo e a subsequente asfixia das raízes.
Dada a tendência do açaí a desenvolver raízes superficiais, a microaspersão se mostra
particularmente vantajosa, pois evita a compactação do solo e promove um sistema
radicular saudável. Sua precisão e capacidade de atender às demandas hídricas
específicas do açaí a tornam a técnica ideal para garantir um crescimento robusto e a
produção de frutos de alta qualidade.

Compreendendo a significância da cultura do açaí para a região Sudeste do Pará,


a turma de Agronomia de 2020 da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, sob
a orientação do professor Elias Lopes, implantou um projeto de grande relevância. Este
projeto consistiu na implementação do sistema de irrigação por microaspersão em um
cultivo de açaí, cultivado em consórcio com banana, em uma propriedade localizada no
assentamento PDS Porto Seguro, nas proximidades da cidade de Marabá.

A ação foi desencadeada com a finalidade de realçar o potencial da técnica de


microaspersão para otimizar o cultivo de açaí, reconhecendo a importância econômica e
social dessa cultura para a região. O projeto também abraçou o conceito de
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consorciação, associando o açaí com a banana, uma abordagem que pode resultar em
benefícios mútuos para ambas as plantas.

A decisão de realizar esse experimento não apenas demonstra o compromisso da


universidade em promover a pesquisa e o desenvolvimento agrícola na região, mas
também reflete a sinergia entre a academia e a comunidade local. A escolha de
implementar a irrigação por microaspersão é especialmente relevante, visto que essa
técnica tem se destacado como uma abordagem eficaz para garantir o suprimento
adequado de água para as culturas em ambientes desafiadores.

Figura 02: Planta do projeto implantado no PDS Porto Seguro.

Esse experimento oferece uma perspectiva promissora para aprimorar a


produtividade do cultivo de açaí e fortalecer a sustentabilidade agrícola na região,
proporcionando um exemplo inspirador para futuras iniciativas de pesquisa e
desenvolvimento local.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao abordar a importância da irrigação na cultura do açaí e seu cultivo na região


sudeste do Pará, torna-se evidente o papel vital que a água desempenha no
desenvolvimento saudável e produtivo das palmeiras de açaí. A técnica de
microaspersão se destaca como uma abordagem altamente benéfica, proporcionando
uma distribuição precisa de água diretamente às raízes das plantas, especialmente em
um contexto como o da região sudeste do Pará, com um clima tropical sazonal.

A implementação desse projeto pela turma de Agronomia da Universidade


Federal do Sul e Sudeste do Pará é exemplar, demonstrando o compromisso com a
pesquisa, a inovação e a busca por soluções práticas para os desafios agrícolas locais.
O experimento que envolveu a consorciação do açaí com banana e o uso da irrigação
por microaspersão é uma amostra concreta de como a academia pode se unir à
comunidade e às demandas regionais para alcançar resultados notáveis.

Ao olhar para o futuro, é crucial que a pesquisa e as práticas agrícolas continuem


evoluindo para atender às crescentes demandas de produção, mantendo ao mesmo
tempo um compromisso com a sustentabilidade ambiental e o respeito às tradições
locais. O cultivo do açaí não é apenas uma atividade econômica, mas também um
símbolo cultural e um pilar da agricultura familiar na região sudeste do Pará.

Em última análise, a irrigação e a inovação agrícola desempenham um papel


fundamental na preservação e no fortalecimento do cultivo do açaí, assegurando que
essa cultura continue a prosperar, proporcionando benefícios econômicos, sociais e
ambientais para as comunidades locais e além.

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5. REFERÊNCIAS

Agência Nacional de Águas. Atlas irrigação: uso da água na agricultura irrigada.


Agência Nacional de Águas. Brasília: ANA, 2017. Disponível
em: https://cebds.org/aquasfera/atlas-irrigacao-agencia-nacional-de-aguas-
ana/?gclid=CjwKCAjwmv-
DBhAMEiwA7xYrd9ae2jpcT2ErxUlsy6yGhW6NQaSBZ71bIuSrulMqDd1uhRbLmrUd2B
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EMBRAPA. Açaí: o fruto da Amazônia. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2014.

IBGE. Sidra. Produção Agrícola Municipal. Produção de açaí no Pará.2021. Disponível


em > www.sidra.ibge.gov.br

LIMA, Ana Laura. Técnicas de irrigação possibilitam a produção de açaí na


entressafra. Embrapa Amazônia Oriental, Amazônia AM.22 de julho de 2014. Disponível
em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1913146/tecnicas-de-irrigacao-
possibilitam-a-producao-de-acai-na-entressafra

LIMA, L. M., SILVA, K. E., SOUZA, A. S., & TORRES, S. B. (2020). Avaliação de
parâmetros físicos e químicos do açaí (Euterpe oleracea Mart) de diferentes genótipos
provenientes da Amazônia Central. Research, Society and Development, 9(9),
e254997169.

MANTOVANI, E. C. Irrigação: princípios e métodos. 4. ed. Viçosa: UFV, 2021.

PAOLINELLI, A. L. Irrigação no Brasil: desafios e oportunidades. Brasília: Embrapa,


2021.

RIBEIRO, J. L., COSTA, J. R., & SOUZA, C. A. (2018). Influência da irrigação na


produção de açaizeiro em Rio Branco-Acre. Revista Agro@ mbiente On-line, 12(4), 337-
343.

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