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JUIZ DE FORA
2019
TRABALHO FINAL DE AMÉRICA I
INTRODUÇÃO
Quando Hernán Cortez chega a costa mexicana em 1519, sua expedição contava com algumas
centenas de homens, diferente do exército de Montezuma que contava com milhares de
guerreiros. Só com este fato imaginamos a superioridade do exército asteca diante dos
espanhóis, mas o teor quantitativo não foi o bastante. Tentando compreender esse fato, antes
de tudo, temos que refletir que não foi só a conquista espanhola pela força que prevaleceu,
mas a subjugação mental e cultural que foi imposta aos astecas, destruindo a cultura quase
que de dentro pra fora.
Montezuma temia que os espanhóis eram descendentes do antigo povo subjugado pelos
astecas, os toltecas, retornando para reassumir seu reinado e se vingar (TODOROV, 1983,
p.77). Esse temor foi fruto das concepções de tempo cíclico já expostas aqui, onde o presente
é praticamente uma releitura do passado. E logo, já em batalha, os guerreiros astecas não
conseguiam discernir os corpos dos cavaleiros espanhóis dos corpos dos cavalos, acreditando
que fossem uma só criatura, os comparando com demônios. Fora a surpresa causada pelos
bacamartes nos guerreiros locais, que usavam flechas e lanças, não conhecendo a metalurgia e
todas aquelas inovações tecnológicas dos equipamentos militares europeus. Essas concepções
quase que sobrenaturais dos astecas diante dos espanhóis, fomentou ainda mais o teor místico
da descendência tolteca dos espanhóis.
Esse espanto causado nos astecas pode ser entendido como a primeira derrota sofrida por eles,
que é a batalha psicológica, onde Cortez foi muito sábio em saber aproveitar bem essa
vantagem na guerra. Assim, os espanhóis eram comparados com deuses, deixando a sociedade
asteca sem ninguém a quem recorrer, a não ser aos seus próprios deuses, que próximo da
consolidação da conquista de Cortez, se calaram completamente (TODOROV, 1983, p.86).
A superioridade na tecnologia militar já é bem óbvia e muito abordada, mas é algo que tem
que ser citado. Em termos quantitativos, o exército asteca sem dúvidas superava os espanhóis,
mas em termos qualitativos, não tinha como competir com o armamento militar europeu.
Além desse fator propriamente bélico, houve também a guerra bacteriológica 1, que de forma
indireta, dizimou vários indígenas pelas doenças transmitidas pelos europeus, como a varíola,
febre amarela, malária, peste bubônica, sarampo, cólera, diversos tipos de gripes, entre outras.
O melhor “troco” dado pelos indígenas foi a sífilis venérea, que por meio da transmissão por
relações sexuais, foi propagada por diversos portos pela Europa, gerando um pânico
semelhante ao alarde que a Aids causou na segunda metade do século XX. É fato que a guerra
bacteriológica causou muito mais mortes aos povos ameríndios que a violência direta exercida
pelos conquistadores europeus.
Um outro fator muito destacado por Todorov em sua obra A Conquista da América: a questão
do outro e que foi crucial para a conquista do povo asteca e da cidade de Tenochtitlan, foi a
quebra de comunicação dos astecas por Cortez, que desestabilizou a rede de comunicação tida
como crucial para Montezuma conhecer seus inimigos e fazer frente ao poderio espanhol.
Ademais, os espanhóis carregavam a experiência ao terem feito contato com povos da África
1
Trecho parafraseado do Jornal Folha de São Paulo, Caderno Especial de 10 de outubro de 1991, página 7.
e Ásia, o que ajudou em uma melhor compreensão do que poderiam enfrentar e,
consequentemente, a elaboração de estratégias para a conquista efetiva de Tenochtitlan.
Outro fator importantíssimo que ajudou ainda mais os conquistadores espanhóis, foi a adesão
de alguns povos subjugados pelos astecas à causa de Cortez, adquirindo um pouco mais de
poder no seu exército, além desses povos terem fomentado aos espanhóis informações sobre o
governo do atual líder Montezuma. Assim, com mais informações, Cortez obteve mais
vantagem para uma efetiva quebra de comunicação e também uma elaboração de estratégias
para um ataque sistemático aos astecas.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCASTRO, Luis Felipe. Índios perderam a guerra bacteriológica. In: Caderno Especial
sobre a América, Jornal Folha de São Paulo, São Paulo, 1991.