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FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Porto Alegre
2019
BRUNA DE LIMA BITTENCOURT
TATIANA DE SOUZA NERY
Porto Alegre
2019
BRUNA DE LIMA BITTENCOURT
TATIANA DE SOUZA NERY
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MD Laís Daniela Ev
AGRADECIMENTOS
Dental caries is a disease of high prevalence in the world population. In clinical studies
at the School of Dentistry of UFRGS, it is possible to verify that there is a high relapse
of the disease when the patients are submitted to clinical discharge. At the same time,
an observational cross-sectional study based on data obtained from the charts of
patients attended at the Discipline of Dental Clinic I in the Dentistry College of UFRGS.
The records of caries patients treated during the period of 2011 to 2015 were recorded,
with salivary and microbiological data recorded (n = 68). The mean and standard
deviation of the patient's age were 35.07 and ± 13.5 years, respectively. The youngest
patient was 18 years old and the oldest onde was 67 years old. The majority of the
patients were female (65%), totaling 44 women and 24 men. The influence of
demographic data, reason for the consultation, socioeconomic data, visible plaque
index, gingival bleeding index, dietary data, salivary and microbiological data, use of
fluoridated products, reported oral hygiene habits and their relationship with caries
experience were analyzed. The DMFT index increases with increasing age (Kruskal-
Wallis, p = 0.000). There was no relationship between DMFT of active caries patients
and counting of microorganisms, salivary data, diet, hygiene, access to fluoride, IVS,
IPV and gingival bleeding (Kruskal-Wallis, p> 0.05). The only variable associated with
a high caries experience was the presence of more than five active non-cavitated
lesions (Kruskal-Wallis, p = 0.025). Within the group of active caries patients, there is
a subgroup with a higher level of disease that deserves differentiated care in relation
to the others. Such knowledge may lead to the refinement of the health service offered
by the Faculty of Dentistry of UFRGS regarding the control of cariogenic activity.
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1.1 Biofilme
De acordo com Fontana (2011), uma pior percepção de saúde dos cuidadores
em relação à condição de saúde bucal das crianças está relacionada a um aumento
do risco de cárie. Compreender a maneira como o paciente percebe sua saúde bucal
pode ter impacto no acompanhamento dos casos de pacientes cárie ativos.
1.2.2 Dieta
ser facilmente metabolizado pelas bactérias orais, serve de substrato para formação
de polissacarídeos extracelulares e intracelulares (PEC e PIC). Os EGM degradam a
sacarose, formando o PEC, que torna o biofilme mais pegajoso e firmemente aderido.
A exposição frequente à sacarose tem como consequência a formação de um biofilme
mais virulento, com aumento de bactérias cariogênicas, mais aderido, com maior
porosidade e com menor concentração de íons F, Ca e P (CCAHUANA-VÁSQUEZ et
al., 2007).
Na prática clínica da FO-UFRGS, utilizamos o “diário alimentar” para avaliar o
conteúdo da dieta e sua frequência. A frequência alimentar, frequência de sacarose e
frequência de sacarose entre as refeições são variáveis que podem ser coletadas a
partir da análise do diário alimentar de três dias, realizado pelo paciente. Quanto maior
a frequência de consumo de sacarose entre refeições, maior a perda mineral
esperada. (CURY; REBELLO; DEL BEL CURY, 1997).
Para que haja sucesso tanto na prevenção e na terapia da doença cárie, torna-
se indispensável o controle do biofilme dentário supragengival realizado pelo paciente,
por meio da sua remoção mecânica durante a escovação dentária com dentifrício
fluoretado e uso do fio dental (PEDRAZZI et al., 2008). A escovação deve ser realizada
regularmente ao menos uma vez ao dia (TREASURE et al., 2001) para pacientes que
são considerados cárie inativos, com dentifrício fluoretado. Contudo, cabe salientar
que a qualidade, mais do que a frequência de escovação, parece crucial no controle
das doenças bucais, o que significa que escovar os dentes cuidadosamente uma vez
ao dia é melhor do que escovar várias vezes ao dia de forma negligente (NYVAD;
KIDD, 2017).
considerar o contexto social dos pacientes como parte natural do seu histórico
dentário ao avaliar o risco de cárie (YIP; SMALES, 2012).
Por fim, em função da natureza multifatorial do processo de cárie e do fato de
que a doença é muito dinâmica, estudos sobre avaliação de risco tendem a ser
complexos, com uma infinidade de variáveis desafiando a previsão em diferentes
momentos da vida (TWETMAN; FONTANA, 2009). Prevê-se, portanto, uma
dificuldade maior em tratá-la, uma vez que envolve fatores de difícil manejo pelo
Cirurgião-Dentista na prática clínica. Além disso, em estudos anteriores realizados na
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi possível
constatar que há grande recidiva da doença quando os pacientes recebem alta clínica
(ALBERTON, 2016; DEMORE, 2016). Desse modo, podemos observar que não
estamos conseguindo controlar a cárie de maneira efetiva, o que justifica o presente
estudo. Então, torna-se necessário um aprofundamento dos estudos de fatores
associados à doença cárie nesta população para que possamos compreender a
importância e a magnitude de cada um no processo e, assim, direcionar a melhor
estratégia de tratamento.
13
2 OBJETIVOS
3 METODOLOGIA
4 RESULTADOS
Dados LABIM
230 exames
microbiológicos e
salivares
Pacientes com atividade de cárie em atendimento na COI (2011 a 2015).
Fonte: autor.
18
A B
Fonte: autor.
Legendas:
(A) Diagrama de mediana e quartis do CPOD UFRGS e o CPOD OMS.
(B) Diagrama de mediana e quartis do CPOD OMS dentro das faixas
etárias.
(C) Gráfico de dispersão da relação entre CPOD e idade.
21
A B C
Fonte: autor.
Legenda: (A) Diagrama de mediana e quartis da distribuição de EGM e Lactobacillus spp. na saliva.
(B) Gráfico de dispersão mostrando a relação entre as contagens de microrganismos EGM e o CPOD UFRGS.
(C) Gráfico de dispersão mostrando a relação entre as contagens de microrganismos Lactobacillus spp. e o CPOD UFRGS.
23
Figura 4 – Relação entre CPOD e dados salivares (pH, capacidade tampão e fluxo
salivar) da população estudada
Fonte: autor.
Fonte: autor.
24
A B
Fonte: autor.
Legenda: (A) Gráfico de dispersão da relação entre frequência do consumo de sacarose e CPOD
UFRGS.
(B) Gráfico de dispersão da relação entre frequência de sacarose entre as refeições e CPOD
UFRGS.
Na figura 6 (gráfico A), conclui-se que a frequência de uso de fio dental, nessa
população, não representou menor experiência de cárie. Assim como no gráfico B, em
que não houve diferença no CPOD dos pacientes que faziam o uso ou não de
enxaguante bucal diariamente. Usar o enxaguante bucal apenas eventualmente não
esteve relacionado com menor CPOD. Já no gráfico C, percebe-se que houve
pacientes que não receberam Aplicação Tópica de Flúor (ATF) profissional durante o
tratamento no semestre na Clínica Odontológica I, apesar de possuírem lesões ativas
e maior experiência de cárie. A escovação dentária também não mostrou relação com
experiência de cárie, conforme gráfico D. Indivíduos que escovam mais vezes ao dia
não apresentam menor CPOD, assim como indivíduos com menor frequência de
25
Figura 6 – Análise dos hábitos de higiene oral e acesso a flúor na população estudada
A B
C D
Fonte: autor.
Legenda: (A) Diagrama de mediana e quartis do uso de fio dental e CPOD UFRGS.
(B) Diagrama de mediana e quartis do uso de enxaguante bucal e CPOD UFRGS.
(C) Diagrama de mediana e quartis de ATF e CPOD UFRGS.
(D) Gráfico de dispersão da relação entre frequência de escovação dentária e CPOD UFRGS.
Na figura 7, observa-se que não houve relação entre CPOD UFRGS e o Índice
de Vulnerabilidade Social (IVS) da amostra, devido a uma heterogeneidade entre os
resultados das duas variáveis. Os dados coletados (IVS) relacionam-se ao bairro da
26
Fonte: autor.
Fonte: autor.
Legenda: (A) Relação entre CPOD UFRGS e índice de placa visível inicial.
(B) Relação entre CPOD UFRGS e índice de sangramento gengival inicial.
(C) Relação entre IPV e ISG antes e depois do tratamento na COI.
28
Ter mais de cinco lesões ativas não cavitadas está relacionado com maior
experiência de cárie (Kruskal-Wallis, p=0,025), conforme figura 9 (n=14). Porém, só
ter uma (Kruskal-Wallis, p=0,204) ou ter até três lesões não cavitadas ativas (Kruskal-
Wallis, p=0,690) não se relacionou com a experiência de cárie aumentada nessa
população.
Fonte: autor.
29
5 DISCUSSÃO
consideravelmente o IPV e o ISG, uma hipótese seria de que o problema não está em
destreza manual, mas sim em motivação.
A não relação entre frequência de escovação dentária e experiência de cárie
pode ser reforçada pelo estudo de Cypriano et al., (2011), o qual apresentou o mesmo
resultado para tal associação. Escovar mais seguidamente os dentes não significa
automaticamente saúde bucal. Dessa maneira, abre-se uma discussão sobre a
qualidade de escovação, uma vez que essa não associação pode ser pelo fato ou de
o paciente higienizar os dentes de forma ineficiente, visto que todos tinham acesso ao
dentifrício fluoretado, ou de reportar uma frequência que não condiz com a realidade.
Em relação aos dados microbiológicos e salivares, não houve relação
estatisticamente significativa com índice de cárie. Isso nos leva a refletir sobre a
necessidade ou não da realização de tais exames para o diagnóstico e tratamento de
pacientes cárie ativos. Outros estudos corroboram com o achado, e concluem que a
avaliação de risco de cárie sem os testes microbiológicos e salivares não tem
diferença da avaliação com esses dados (PETSI et al., 2014; DOU et al., 2018).
As variáveis relacionadas à dieta, considerada fator chave para o
desenvolvimento de lesões, por ser dela que advém o substrato necessário para o
início do processo carioso, não mostraram relação com a experiência de cárie. No
entanto, muitas vezes por causa do preenchimento incorreto ou o curto período de
observação, o auto relato de ingestão obtido a partir de uma análise dietética pode ter
valor limitado (YIP; SMALES, 2012). No presente estudo, esse dado foi muito
subestimado devido à grande quantidade de prontuários que não continham a
informação armazenada corretamente (apenas em 39 prontuários o diário estava
anexado), além do fato de estarem com informações rasas e sem muita validade
diagnóstica. Se consideramos dieta importante para o entendimento, diagnóstico e
tratamento da cárie, faz-se necessário uma nova ferramenta de análise e nova forma
de armazenamento desse dado na prática das Clínicas Odontológicas da Faculdade
de Odontologia da UFRGS. Inclui-se aqui uma sugestão de nova ferramenta com
descrições e explicações mais detalhadas na coleta do diário alimentar, visto que o
objetivo do instrumento é o aconselhamento dietético de alimentos mais saudáveis e,
sem a compreensão do que se costuma ingerir, não conseguiremos adequar o
aconselhamento dentro da realidade do paciente. Um estudo realizado em pré-
escolares apontou que a avaliação dietética baseada unicamente na frequência de
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6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAELUM, V.; HEIDMANN, J.; NYVAD, B. Dental caries paradigms in diagnosis and
diagnostic research: Caries paradigms in diagnosis. European Journal of Oral
Sciences, v. 114, n. 4, p. 263–277, 25 July 2006.
CURY, J. A.; REBELLO, M. A. B.; DEL BEL CURY, A. A. In situ Relationship between
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4, p. 356–360, 1997.
DOU, L. et al. The validity of caries risk assessment in young adults with past caries
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Dental Journal, v. 68, n. 4, p. 221–226, Aug. 2018.
FEJERSKOV, O.; NYVAD, B.; KIDD, E. Carie dentária. O que é. In: FEJERSKOV,
O.; NYVAD, B.; KIDD, E. Cárie dentária: fisiopatologia e tratamento. 3. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 05-07.
34
KRASSE, B. Risco de cárie: um guia prático para avaliação e controle. 2. ed. São
Paulo: Quintessence Editora, 1988.
MORIKAVA, F. S. et al. Healthy and cariogenic foods consumption and dental caries:
A preschool-based cross-sectional study. Oral Diseases, v. 24, n. 7, p. 1310–1317,
Oct. 2018.
NYVAD, B. Papel da higiene bucal. In: FEJERSKOV, O.; NYVAD, B.; KIDD, E. Cárie
dentária: fisiopatologia e tratamento. 3. Ed. Rio de Janeiri: Guanabara Koogan,
2017. p. 243-249.
PETSI, G. et al. Cariogram caries risk profiles in adolescent orthodontic patients with
and without some salivary variables. The Angle Orthodontist, v. 84, n. 5, p. 891–
895, Sept. 2014.
TWETMAN, S.; FONTANA, M. Patient Caries Risk Assessment. In: PITTS, N. (ed.).
Monographs in Oral Science. Basel: KARGER, 2009. v. 21, p. 91–101.
YIP, K.; SMALES, R. Oral diagnosis and treatment planning: part 2. Dental caries
and assessment of risk. British Dental Journal, v. 213, n. 2, p. 59–66, July 2012.