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Aula 2: O modelo de Oferta Agregada e Demanda Agregada

3.1. Introdução

A teoria macroeconômica básica inicia-se com o estudo das flutuações econômicas de


curto prazo, que são explicadas pelo modelo da Oferta e da Demanda Agregadas. As
funções Oferta e Demanda Agregadas ajudam a determinar os níveis de produção e de
preços da economia e as suas variações.

- Exemplo de flutuação: o comportamento do PIB

tempo

3.2. A função Oferta Agregada e a controvérsia entre as teorias clássica e keynesiana

Oferta Agregada é a quantidade total de produção que o setor produtivo fornece, por
período de tempo, dado certo nível de preços. A produção total da economia depende da
dotação de recursos, ou seja, da quantidade de trabalho, capital, tecnologia e demais
fatores de produção de que a economia dispõe. Assim, tem-se a função de produção de
uma economia:

Q = f ( K, L, T ), sendo K a quantidade de bens de capital, L o trabalho e T a


tecnologia. Considerando-se o curto prazo, período de tempo em que o capital e a
tecnologia são constantes, o aumento na produção depende apenas de incrementos no fator
trabalho, conforme o gráfico a seguir:
Q
A função de produção, no curto prazo,
relaciona a quantidade total produzida
(Q) com a quantidade de trabalho (L)

0
L

Observe-se que a produção aumenta à medida que também aumenta a quantidade de


trabalho empregado, mas os incrementos na produção são cada vez menores. Isso ocorre
em razão de considerarmos o curto prazo, quando age a lei dos rendimentos decrescentes,
ou seja, a produtividade marginal do trabalho é decrescente.

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Existe uma controvérsia bastante interessante a respeito da forma da curva da oferta
agregada, entre a teoria clássica e a teoria keynesiana.

Até o final da década de 20 a macroeconomia não era desenvolvida, pois até então o
mundo não conhecia crises globais importantes. O estudo da economia era baseado
principalmente na teoria microeconômica, além de princípios básicos que constituíam a
chamada teoria clássica. São três os princípios básicos sobre os quais repousa a teoria
clássica:
− A economia, quando em equilíbrio, apresenta pleno emprego dos recursos. Não
existe desemprego involuntário.
− Para que seja garantido o pleno emprego, tudo que é produzido gera uma
demanda correspondente.
− a poupança da sociedade é toda canalizada para investimentos.
Os gráficos abaixo mostram como se determinam os níveis de emprego e de produto
na economia, segundo a teoria clássica.

Q W/P
On

(W/P)1

Dn

N1 N N1 N

O nível de emprego (N) é determinado no mercado de trabalho (gráfico à direita),


onde a oferta de trabalho exercida pelos trabalhadores (On), e a demanda de mão-de-obra
exercida pelas empresas (Dn) são função direta e inversa do salário real (W/P),
respectivamente. Dado o nível de emprego N1, o nível de produção (Q) é determinado no
gráfico à esquerda.

É importante frisar que, de acordo com o primeiro princípio básico da teoria


clássica, ao nível de emprego N1 não há desemprego involuntário. A um nível de
emprego maior, acima de N1, a menor produtividade marginal do trabalho exige que o
salário real diminua, abaixo de (W/P)1. Como esse nível de emprego é oferecido pelos
trabalhadores somente a um salário real maior, diz-se que o desemprego, nesse caso, é
voluntário e corresponde ao fato de o salário real desejado pelos trabalhadores ser maior
do que o correspondente à sua produtividade.

O segundo princípio garante que o nível de produção de pleno emprego encontra um


mercado que o absorva. A Lei de Say afirma que “a oferta cria a sua própria procura”.
Através dessa lei os clássicos procuraram mostrar que a realização da produção criava um
montante de renda de igual valor que era destinado ao mercado, justamente para adquirir
essa produção.

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A existência da poupança não era problema para a teoria clássica, pois era
assegurado que ela era toda canalizada para financiar os investimentos realizados pelas
empresas. Mas, se a poupança é realizada pelas famílias, e os investimentos frutos de
decisão dos empresários, como conciliar os seus valores? A resposta está na taxa de juros.

A poupança (S) é função direta e o investimento (I) é função inversa da taxa de


juros (i). De seu encontro é determinada a taxa de juros do mercado, que em equilíbrio
garante a igualdade entre poupança e investimento.

i
S

I
S,I
Com base no mercado de trabalho, pode-se deduzir a curva de Oferta Agregada
clássica. Ocorre que, para qualquer nível de preço, o salário nominal W ajusta-se para
garantir o equilíbrio no mercado. Assim, se o nível de preço se reduz e o salário real
aumenta, a demanda de trabalho, pelos empregadores, diminui e torna-se menor do que a
oferta de trabalho pelos empregados. Então, o salário nominal diminui de tal maneira a
voltar ao nível inicial de salário real. Se o salário real não se altera, o produto mantém-se
constante. O mesmo raciocínio pode ser feito com relação a um aumento de preço: o salário
real diminui, a demanda de trabalho excede a oferta e o salário nominal cai, de modo a
manter o salário real e a produção. A curva de Oferta Agregada é portanto, uma reta
vertical.
P
OA
A curva de Oferta Agregada clássica
é uma reta vertical, pois a qualquer nível
de preço a produção total é constante.

0
Q
A curva de Oferta Agregada pode deslocar-se, para a direita ou a esquerda, se
ocorrerem variações autônomas na oferta e na procura de mão-de-obra. Por exemplo, se
aumentar a produtividade marginal do trabalho a demanda de trabalho pelas empresas
aumenta, e a curva desloca-se para a direita. Se os trabalhadores exigirem salários nominais
maiores, a oferta de trabalho (aos salários atuais) cai e a curva desloca-se para a esquerda.

As provas de concurso costumam pedir bastante o conhecimento dos fundamentos


da teoria clássica. Vejamos as duas questões seguintes:

(Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério do Planejamento, Orçamento e


Gestão, 2003) O denominado “modelo clássico” tem sido apresentado em livros textos de
macroeconomia como uma descrição possível do pensamento macroeconômico anterior a
Keynes. Assim, partindo-se do equilíbrio no mercado de trabalho, chega-se ao nível de

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pleno emprego e, a partir da função de produção, ao nível de produto de pleno emprego.
Nesse modelo, o nível geral de preços fica determinado pela denominada “teoria
quantitativa da moeda”. Com base nessas informações, é correto afirmar que
a) uma elevação da demanda por mão-de-obra reduz o salário real.
b) uma política monetária expansionista teria como efeito uma elevação no produto de
pleno emprego.
c) o produto agregado real independe da quantidade de mão-de-obra empregada.
d) o nível do produto real de pleno emprego independe da oferta de moeda na economia.
e) um aumento no estoque de capital na economia reduz o salário real e o nível de pleno
emprego.

Comentário: a) No mercado de trabalho, se aumenta a demanda por parte das empresas o


salário real tem de subir para estimular os trabalhadores a atenderem a essa demanda maior;
b) qualquer política, fiscal ou monetária, apenas resulta em variação no nível de preços, não
afetando as variáveis reais; c) o mercado de trabalho determina a quantidade de trabalho
empregada (considerada de pleno emprego) e o resultante nível de produto agregado real d)
o nível do produto depende das quantidades de recursos empregados, e não da quantidade
de moeda; e) um dos fatores que fazem aumentar a demanda de trabalho é o aumento no
estoque de capital da economia, que aumenta a produtividade do trabalho, resulta em
aumento na demanda por trabalho e elevação do salário real. Opção d.

(Analista do Banco Central do Brasil, 2002) Considere o seguinte modelo: Y = f(N); f’


>0 e f’’ < 0; W/P = f’(N); N s = f (W/P); f ’ > 0; MV = PY; Sp(r) + t = ip (r) + g; Sp’ >0 e
ip’ < 0, onde: Y = produto; N = nível de emprego; W = salário nominal; P = nível geral de
preços; N s = oferta de mão-de-obra; M = oferta monetária; V = velocidade de circulação
da moeda; Sp = poupança privada; ip = investimento privado; t = impostos; g = gastos do
governo; r = taxa de juros; f’= primeira derivada da função; f’’= segunda derivada da
função e assim por diante para as outras funções do modelo. Este conjunto de equações
define o denominado “modelo clássico”. Com base neste modelo, é incorreto afirmar que:
a) o desemprego pode ser explicado por imperfeições no mercado de trabalho decorrentes,
por exemplo, de rigidez nos salários nominais.
b) supondo o mercado de trabalho em equilíbrio e a velocidade de circulação da moeda

constante, uma política monetária expansionista só altera o nível geral de preços.

c) supondo o mercado de trabalho em equilíbrio, uma redução nas taxas de juros via
redução dos impostos eleva o emprego e, conseqüentemente, o produto.
d) tudo mais constante, uma elevação dos gastos públicos eleva as taxas de juros.
e) a equação quantitativa da moeda pode ser entendida como a demanda agregada.

Comentário: essa questão pode assustar um pouco, devido à apresentação inicial de


equações e relações funcionais, mas trata-se, como é explicitado, do modelo clássico. As
afirmativas dos itens a, b, d e e são corretas. O equilíbrio no mercado de trabalho determina
o nível de pleno emprego, que somente pode aumentar por incremento da produtividade do
trabalho e pela flexibilização dos salários nominais. Desse modo, o desemprego é explicado
pela rigidez dos salários nominais (item a), ou seja, se o salário é fixo e não pode diminuir

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em razão de legislação ou ação dos sindicatos não estimula as empresas a contratar mais
unidades de mão de obra. As hipóteses do modelo clássico admitem que políticas fiscais ou
monetárias somente alteram as variáveis nominais, como o nível de preços, sem efeitos
sobre as variáveis reais como o emprego e o produto (item b). Uma elevação dos gastos
públicos eleva a taxa de juros e com isso desincentiva e anula despesas de investimento
privado (item d). A equação quantitativa da moeda representa a demanda agregada da
economia através da quantidade de moeda e seus efeitos sobre o produto e o nível de preços
(item e). A afirmativa c é incorreta, pois uma redução dos impostos é uma política fiscal
expansionista que faz elevar a renda disponível da economia e a renda, mas resulta em
elevação das taxas de juros, com queda nos investimentos privados e diminui novamente
o produto. Opção c.

A teoria keynesiana apresenta outra hipótese, a de que os salários nominais são


rígidos a curto prazo, fato que impede o seu ajustamento automático às variações de
preço, como defendem os clássicos. Nesse caso, dado um aumento de preço, por exemplo,
dado o salário nominal constante o salário real cai, provocando desequilíbrio no mercado,
com a demanda de trabalho superando a oferta de trabalho, o que resulta em aumento do
emprego e da produção. Raciocinando-se inversamente, uma diminuição no preço, dado o
salário nominal constante, aumenta o salário real, tornando a oferta de trabalho maior do
que a demanda de trabalho, o que resulta em desemprego e queda na produção. Em ambas
as situações verifica-se uma relação direta entre níveis de preço e produção.

W/P On

Um aumento de preços diminui o


salário real, resultando em demanda
maior do que a oferta de trabalho. Dn

W/P On

Uma diminuição de preços aumenta o


salário real, resultando em demanda
menor do que a oferta de trabalho. Dn
0
L

P
A curva de Oferta Agregada OA
keynesiana mostra relação direta
entre nível de preço e produção
total.

. 0 Q

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A curva de oferta agregada acima corresponde ao caso keynesiano básico e tem
inclinação positiva devido à hipótese dos salários nominais rígidos no curto prazo e
também à rigidez dos preços e às percepções equivocadas dos empresários e dos
trabalhadores. Considera-se que no curto prazo as empresas têm um custo ao reajustar
preços. São os chamados “custos de menu”. Suponhamos um aumento de preços na
economia. Se no curto prazo algumas empresas permanecem com seus preços fixos, essas
empresas observarão um aumento na demanda, de que resultará aumento na produção. Os
empresários também podem, perante o aumento de preços, esquecer-se de que os preços
dos insumos também se elevam e aumentar a produção. Essa percepção equivocada dos
empresários pode explicar a inclinação positiva da curva de oferta de curto prazo. A
percepção equivocada por parte dos trabalhadores pode ocorrer quando, dado um
aumento nos salários nominais, os trabalhadores oferecem mais horas de trabalho e a
produção cresce, mas se esquecem de que os preços também estão aumentado, sem
repercussão importante sobre o salário real.

Considere-se a expressão Y = ϒ + a ( P – Pe), sendo Y o produto efetivo, ϒ o


produto natural, P o nível de preços efetivo e Pe o nível de preços esperado. Conforme a
diferença entre o nível de preços efetivo e o nível de preços esperado, o produto efetivo
será maior ou menor do que o produto natural.

Existe uma hipótese mais rigorosa de Keynes, quando é suposto que o nível de
preços também é constante no curto prazo. Nesse caso, a curva de Oferta Agregada é uma
reta horizontal e corresponde ao caso keynesiano extremo.

P
A curva de Oferta Agregada horizontal
supõe os preços constantes no curto prazo.

Q
Em resumo, são as seguintes as curvas de Oferta Agregada :

P P P

Q Q Q
clássica keynesiana básica keynesiana extrema

3.3. A função Demanda Agregada

A Demanda Agregada é definida como a quantidade total de bens e serviços


demandados em uma economia a um certo nível de preços. Em uma economia fechada,

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engloba as despesas com consumo, investimento e gastos governamentais. Dado um
aumento no nível de preços, a quantidade de moeda que as pessoas possuem para efetuar
suas compras diminui de valor em termos reais, constituindo o chamado efeito dos saldos
reais. Essa perda de poder de compra diminui a demanda agregada, o que permite deduzir-
se que há uma relação inversa entre o nível de preços e a demanda agregada.

P
A curva de Demanda Agregada
apresenta uma relação inversa
com o nível de preços.

DA
0 Q

Por que a curva de demanda agregada tem inclinação negativa? A resposta simples
é que a demanda agregada tem relação inversa com o nível de preços. E qual a justificativa
econômica? Os seguintes efeitos explicam essa relação: o efeito Pigou (quando aumenta o
nível de preços a riqueza em forma monetária diminui de valor em termos reais,
diminuindo em conseqüência a demanda agregada, e vice-versa), o efeito taxa de juros
(um aumento no nível de preços diminui o valor real da oferta de moeda da economia,
resultando em queda na demanda agregada, e vice-versa), e efeito taxa de câmbio ( um
aumento de preços, ao elevar os juros internos, atrai capitais estrangeiros, que por sua vez
faz valorizar a moeda nacional em relação às estrangeiras, diminuindo as exportações
líquidas, e vice-versa). Pode-se também dizer que, em uma economia aberta, incluindo-se
exportações e importações, dado um aumento no nível de preços internos, os bens da
economia ficam relativamente mais caros do que os bens importados, o que desestimula as
exportações e estimula as importações, diminuindo também a demanda agregada.
Enquanto isso, os fatores que provocam deslocamentos da curva da demanda
agregada são quaisquer aumentos ou diminuições na demanda que ocorrem
independentemente de variações nos preços, como variações autônomas nos
componentes da demanda (consumo, investimento, gastos governamentais, exportações
líquidas) e na oferta monetária.
P
Um aumento autônomo
na demanda agregada
desloca a curva
para a direita.

Q
3. 4. A determinação do nível de preços e da produção

O encontro das curvas de Oferta Agregada e Demanda Agregada determinam o


nível de preços e a produção da economia. Os gráficos a seguir representam os pontos de
equilíbrio nas três hipóteses da Oferta Agregada.

P P P
OA OA

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OA

DA DA DA
Q Q Q
clássica keynesiana básica keynesiana extrema

Uma situação de equilíbrio não significa necessariamente uma posição satisfatória,


pois pode estar ocorrendo alto nível de desemprego e inflação. Nesse caso, as autoridades
econômicas podem intervir através de políticas apropriadas a fim de atingir determinados
objetivos. As políticas mais comuns são a monetária e a fiscal.

A política monetária consiste em variar-se a quantidade de moeda da economia a


fim de influenciar-se a taxa de juros de mercado e, com isso, estimular-se o consumo e o
investimento. A política fiscal utiliza os gastos governamentais e os tributos para interferir
na demanda agregada. A aplicação dessas políticas causam efeitos diversos sobre a
produção e o nível de preços, conforme considere-se cada uma das três hipóteses a respeito
da forma da curva da Oferta Agregada.

Os gráficos a seguir mostram a aplicação de políticas expansionistas (de estímulo


à renda e à produção), que aumentam a demanda agregada da economia, em cada uma das
três hipóteses teóricas:

P P P

Q Q Q

clássica keynesiana básica keynesiana extrema

Observe-se os efeitos em cada uma das três hipóteses de um aumento na demanda


agregada:
Clássica (ou de longo prazo): crescimento dos preços e nenhum efeito sobre a
produção, pois o salário nominal ajusta-se à variação do preço, mantendo constante o
salário real, o emprego e a produção. A relação entre o aumento na quantidade de moeda e
a elevação dos preços está contida na chamada teoria quantitativa da moeda.
Partimos da seguinte igualdade: M V = P Q, sendo M a quantidade de moeda da
economia, V a velocidade de circulação da moeda, P o nível geral de preços e Q a produção
física. Essa igualdade diz, simplesmente, que a quantidade de moeda, vezes a sua
velocidade, iguala o valor da produção global de bens e serviços, que é igual ao nível de
preços vezes a quantidade. Como exemplo, tem-se:

M x V = P x Q

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Exemplo: 100 x 4 = 5 x 80 (a quantidade de moeda, girando em média 4
vezes por período, é igual ao valor da produção, 400, que por sua vez corresponde a um
preço médio igual a 4 e uma produção física de 80 unidades).

A teoria quantitativa da moeda diz que, no curto prazo, tanto a velocidade da


moeda (V) como o nível físico do produto (Q) são constantes, e que qualquer variação na
quantidade de moeda (M) resulta em variação direta e em igual intensidade no nível de
preços (P).
↑ → ↑ →
M x V = P x Q

Daí que P = f (M), ou seja, o nível de preços é função da quantidade de moeda


da economia. Essa teoria é também chamada de teoria monetarista da inflação, indicando
que os aumentos gerais de preços devem basear-se em aumentos na quantidade de moeda
da economia.
No exemplo numérico acima, se M passar de 100 para 120, teremos:
120 x 4 = 6 x 80 , ou seja, o aumento em M provocou um crescimento
nos preços, de 5 para 6.

Keynesiano básico (curto prazo): aumento de preços e da produção, pois não há


ajuste do salário nominal, o salário real cai e a contratação de trabalhadores sobe. Vejamos
as questões a seguir:

(Analista de Planejamento e Orçamento do MPOG, 2002) Considere o modelo de oferta


e demanda agregada, supondo a curva de oferta agregada positivamente inclinada e a curva
de demanda agregada derivada do modelo IS/LM. É correto afirmar que
a) um aumento dos gastos do governo eleva o produto, deixando inalterado o nível geral de
preços.
b) uma elevação da oferta monetária só resulta em alterações no nível geral de preços.
c) uma elevação do consumo agregado não causa impacto sobre o nível geral de preços.
d) uma elevação das exportações tende a elevar tanto o produto agregado quanto o nível
geral de preços.
e) uma redução nos impostos não causa alterações no produto agregado.

Comentário: O modelo de oferta e demanda agregada keynesiana, de curto prazo, que


considera a curva de oferta agregada positivamente inclinada, mostra que qualquer aumento
na demanda agregada resulta em elevação na produção e nos preços. Com essa base de
raciocínio podemos eliminar as opções que são incorretas, como a (os preços se alteram) , b
(também altera o produto), c (alteram os preços) e e (aumenta o produto). afastar . Resta a
opção d, que está de acordo com a teoria. Opção d.

(Auditor-Fiscal da Previdência Social, 2002) Considere a seguinte equação para a curva


de oferta agregada de curto prazo: Y = Y p + a (P – Pe ), onde Y = produto agregado; Y p =
produto de pleno emprego; a > 0; P = nível geral de preços; Pe = nível geral de preços
esperados. Com base nas informações constantes da equação acima e considerando as
curvas de oferta agregada de longo prazo e de demanda agregada, é correto afirmar que:

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a) Uma política monetária expansionista não altera o nível geral de preços, tanto no curto
quanto no longo prazo.
b) Alterações na demanda agregada resultam, no curto prazo, em alterações tanto no nível
geral de preços quanto na renda.
c) No curto prazo, uma política monetária expansionista só altera o nível geral de preços.
d) O produto estará sempre abaixo do pleno emprego, mesmo no longo prazo.
e) Alterações na demanda agregada, tanto no curto quanto no longo prazo, só geram
inflação, não tendo qualquer impacto sobre a renda.

Comentário: a questão apresenta a equação representativa da curva de oferta agregada de


curto prazo, mas basta sabermos que alterações na demanda agregada afetam os preços
e a produção para a resolvermos. É o caso do item b. No item a, uma elevação na
demanda agregada também aumenta os preços. No item c, o produto também se altera. No
item d, o produto de pleno emprego está associado ao longo prazo, mas nada impede que o
produto no curto prazo atinja esse nível. No item e, tem-se que a inflação, ou aumento de
preços, é conseqüência de aumentos na demanda agregada no longo prazo, mas não
necessariamente no curto prazo, quando o produto também aumenta. Opção b.

Keynesiano extremo (curto prazo): preços constantes e aumento da produção.

3.5. A Compatibilização entre as curvas de oferta agregada clássica e keynesiana:

Se a curva de oferta agregada clássica é vertical e as curvas keynesianas são


positivamente inclinada ou horizontal, como a teoria macroeconômica concilia a
ocorrência de cada uma delas? O gráfico a seguir mostra as curvas de oferta clássica
(OALP) e keynesiana (OACP), e a curva de demanda agregada DA.

OALP
P OACP

O equilíbrio de longo
prazo dá-se no cruzamento
entre as curvas de oferta
agregada clássica (de longo
prazo) e keynesiana (de curto
prazo) e a demanda agregada
DA Q

Q1
Vamos considerar agora dois casos: 1- Aumento na demanda agregada (DA): no curto
prazo, mantido o nível de preços, aumenta o emprego e a produção física Q. Com o tempo,
aumentam os salários nominais, reduzindo o emprego. Os preços sobem e a economia
retorna ao nível natural de emprego e produção de longo prazo.
2- Um Choque de oferta: um aumento nos custos de produção desloca a curva de oferta
OACP pra cima. No curto prazo, a produção é menor e o desemprego aumenta. No longo
prazo a produção e o emprego recuperam-se a um nível de preços maior. Denomina-se
Política de estabilização uma intervenção do governo para diminuir os preços (política

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contracionista) ou reativar o emprego (política expansionista), através da demanda
agregada.
Vejamos as seguintes questões:

(Auditor-Fiscal da Receita Federal/2002) Considere o modelo de oferta e demanda


agregada, sendo a curva de oferta agregada horizontal no curto prazo. Considere um
choque adverso de oferta. Supondo que não ocorram alterações na curva de demanda
agregada e que o choque de oferta não altere o nível natural do produto, é correto
afirmar que
a) no curto prazo ocorrerá o fenômeno conhecido como “estagflação”, uma combinação
de inflação com redução do produto. No longo prazo, com a queda dos preços, a
economia retornará a sua taxa natural.
b) no curto prazo, ocorrerá apenas queda no produto. No longo prazo ocorrerá inflação e
a economia retornará para o equilíbrio de longo prazo.
c) no curto prazo ocorrerá apenas inflação. No longo prazo o produto irá cair até o novo
equilíbrio de pleno emprego.
d) se o governo aumentar a demanda agregada em resposta ao choque adverso de oferta,
ocorrerá deflação.
e) se a economia encontra-se no pleno emprego, ocorrerá inflação que será mais intensa
no longo prazo em relação ao curto prazo.

Comentário: a questão refere-se ao gráfico abaixo, em que os preços são rígidos no curto
prazo, ou seja, a curva de oferta agregada de curto prazo (OACP1) é horizontal:
P
OALP
OACP2

OACP1

DA

Q* Q

O modelo de oferta e demanda agregada é analisado com as hipóteses keynesianas de


curto prazo, quando a curva de oferta é positivamente inclinada ou horizontal, e a hipótese
clássica de longo prazo, quando a curva de oferta agregada é vertical. Um choque adverso
de oferta resulta em deslocamento para cima da curva horizontal de curto prazo (de OACP1
para OACP2), o que significa diminuição na produção e aumento dos preços, ou seja,
“estagflação”. No longo prazo a diminuição dos salários nominais incentiva a produção e
os preços voltam ao nível inicial. Opção a.

(Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério do Planejamento, Orçamento e


Gestão, 2003)- Considere o seguinte gráfico:
P

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OALP

OACP

DA

Q* Q

Onde P = nível geral de preços; Q = produto agregado; OALP =oferta agregada de longo
prazo; OACP = oferta agregada de curto prazo; Q* = produto agregado de pleno emprego.
Supondo-se que a economia encontra-se em equilíbrio de longo prazo e considerando os
fundamentos utilizados para a construção das curvas de oferta e demanda agregada, é
correto afirmar que
a) um aumento na velocidade de circulação da moeda reduz o nível de emprego no curto
prazo.
b) uma política fiscal expansionista reduz o nível de emprego no curto prazo.
c) uma política monetária contracionista reduz o nível de emprego no curto prazo.
d) a partir do gráfico, podemos afirmar que existe total flexibilidade nos preços no curto
prazo.
e) uma política monetária contracionista gera inflação no curto prazo.

Comentário: a) a velocidade de circulação da moeda (V) é uma das quatro variáveis que
fazem parte da igualdade MV = PQ, em que a quantidade de moeda (M) vezes a velocidade
de circulação da moeda (V) deve igualar o nível de preços (P) vezes o produto físico da
economia (Q). Partindo-se dessa igualdade, um aumento em V, mantendo-se constante M,
deve resultar em aumento em P ou em Q, não havendo razão para se esperar uma queda no
emprego, ao contrário, pois o emprego deve aumentar com aumento em Q; b) políticas
expansionistas aumentam o produto, o emprego e o nível de preços no curto prazo; c)
políticas contracionistas realmente reduzem o produto, o emprego e o nível de preços no
curto prazo; d) como a curva de oferta agregada OACP é horizontal, os preços são fixos; e)
conforme já mencionado a respeito no item c, políticas contracionistas, ao contrário,
reduzem os preços. Opção c.

A questão abaixo também aborda as mesmas implicações de um choque adverso de oferta


sobre o produto e os preços no curto e no longo prazo:

(Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2002) Considere: a curva de demanda agregada


derivada do modelo IS/LM; a curva de oferta agregada de longo prazo horizontal; a curva
de oferta agregada de curto prazo vertical. Considere a ocorrência de um choque adverso de
oferta como, por exemplo, uma elevação nos preços internacionais do petróleo. Supondo
que este choque não desloca a curva de oferta agregada de longo prazo, é correto afirmar
que:
a) uma elevação na demanda tenderá a intensificar a queda no produto que decorre do
choque de oferta.

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b) o choque adverso de oferta aumenta os custos e, portanto, os preços. Se não houver
alterações na demanda agregada, teremos uma combinação, no curto prazo, de preços
crescentes com redução do produto. No longo prazo, com a queda dos preços, a economia
retornará ao seu nível de pleno emprego.
c) se não ocorrer deslocamentos na curva de demanda agregada, o choque de oferta causará
deflação.
d) o choque de oferta alterará apenas o produto de pleno emprego.
e) não ocorrerá alterações nem nos preços nem no nível do produto, tanto no curto quanto
no longo prazo, uma vez que, se o choque de oferta não desloca a curva de oferta de longo
prazo, também não deslocará a curva de oferta de curto prazo.

Comentário: graficamente, o choque de oferta adverso desloca a curva de oferta de curto


prazo horizontal para cima resultando, dada a curva de demanda, em preços maiores e
diminuição do produto situação que é denominada de estagflação. É preciso sempre ter
em mente que no curto prazo os preços sobem e o nível de produto cai, o que contraria os
itens c, d e e, e que no longo prazo a economia tende ao nível inicial de equilíbrio,
conforme a afirmativa do item b. Uma elevação na demanda (item a) faz o produto voltar
ao nível inicial, mas à custa de maior elevação nos preços. Opção b.

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