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3.1. Introdução
tempo
Oferta Agregada é a quantidade total de produção que o setor produtivo fornece, por
período de tempo, dado certo nível de preços. A produção total da economia depende da
dotação de recursos, ou seja, da quantidade de trabalho, capital, tecnologia e demais
fatores de produção de que a economia dispõe. Assim, tem-se a função de produção de
uma economia:
0
L
1
Existe uma controvérsia bastante interessante a respeito da forma da curva da oferta
agregada, entre a teoria clássica e a teoria keynesiana.
Até o final da década de 20 a macroeconomia não era desenvolvida, pois até então o
mundo não conhecia crises globais importantes. O estudo da economia era baseado
principalmente na teoria microeconômica, além de princípios básicos que constituíam a
chamada teoria clássica. São três os princípios básicos sobre os quais repousa a teoria
clássica:
− A economia, quando em equilíbrio, apresenta pleno emprego dos recursos. Não
existe desemprego involuntário.
− Para que seja garantido o pleno emprego, tudo que é produzido gera uma
demanda correspondente.
− a poupança da sociedade é toda canalizada para investimentos.
Os gráficos abaixo mostram como se determinam os níveis de emprego e de produto
na economia, segundo a teoria clássica.
Q W/P
On
(W/P)1
Dn
N1 N N1 N
2
A existência da poupança não era problema para a teoria clássica, pois era
assegurado que ela era toda canalizada para financiar os investimentos realizados pelas
empresas. Mas, se a poupança é realizada pelas famílias, e os investimentos frutos de
decisão dos empresários, como conciliar os seus valores? A resposta está na taxa de juros.
i
S
I
S,I
Com base no mercado de trabalho, pode-se deduzir a curva de Oferta Agregada
clássica. Ocorre que, para qualquer nível de preço, o salário nominal W ajusta-se para
garantir o equilíbrio no mercado. Assim, se o nível de preço se reduz e o salário real
aumenta, a demanda de trabalho, pelos empregadores, diminui e torna-se menor do que a
oferta de trabalho pelos empregados. Então, o salário nominal diminui de tal maneira a
voltar ao nível inicial de salário real. Se o salário real não se altera, o produto mantém-se
constante. O mesmo raciocínio pode ser feito com relação a um aumento de preço: o salário
real diminui, a demanda de trabalho excede a oferta e o salário nominal cai, de modo a
manter o salário real e a produção. A curva de Oferta Agregada é portanto, uma reta
vertical.
P
OA
A curva de Oferta Agregada clássica
é uma reta vertical, pois a qualquer nível
de preço a produção total é constante.
0
Q
A curva de Oferta Agregada pode deslocar-se, para a direita ou a esquerda, se
ocorrerem variações autônomas na oferta e na procura de mão-de-obra. Por exemplo, se
aumentar a produtividade marginal do trabalho a demanda de trabalho pelas empresas
aumenta, e a curva desloca-se para a direita. Se os trabalhadores exigirem salários nominais
maiores, a oferta de trabalho (aos salários atuais) cai e a curva desloca-se para a esquerda.
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pleno emprego e, a partir da função de produção, ao nível de produto de pleno emprego.
Nesse modelo, o nível geral de preços fica determinado pela denominada “teoria
quantitativa da moeda”. Com base nessas informações, é correto afirmar que
a) uma elevação da demanda por mão-de-obra reduz o salário real.
b) uma política monetária expansionista teria como efeito uma elevação no produto de
pleno emprego.
c) o produto agregado real independe da quantidade de mão-de-obra empregada.
d) o nível do produto real de pleno emprego independe da oferta de moeda na economia.
e) um aumento no estoque de capital na economia reduz o salário real e o nível de pleno
emprego.
c) supondo o mercado de trabalho em equilíbrio, uma redução nas taxas de juros via
redução dos impostos eleva o emprego e, conseqüentemente, o produto.
d) tudo mais constante, uma elevação dos gastos públicos eleva as taxas de juros.
e) a equação quantitativa da moeda pode ser entendida como a demanda agregada.
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em razão de legislação ou ação dos sindicatos não estimula as empresas a contratar mais
unidades de mão de obra. As hipóteses do modelo clássico admitem que políticas fiscais ou
monetárias somente alteram as variáveis nominais, como o nível de preços, sem efeitos
sobre as variáveis reais como o emprego e o produto (item b). Uma elevação dos gastos
públicos eleva a taxa de juros e com isso desincentiva e anula despesas de investimento
privado (item d). A equação quantitativa da moeda representa a demanda agregada da
economia através da quantidade de moeda e seus efeitos sobre o produto e o nível de preços
(item e). A afirmativa c é incorreta, pois uma redução dos impostos é uma política fiscal
expansionista que faz elevar a renda disponível da economia e a renda, mas resulta em
elevação das taxas de juros, com queda nos investimentos privados e diminui novamente
o produto. Opção c.
W/P On
W/P On
P
A curva de Oferta Agregada OA
keynesiana mostra relação direta
entre nível de preço e produção
total.
. 0 Q
5
A curva de oferta agregada acima corresponde ao caso keynesiano básico e tem
inclinação positiva devido à hipótese dos salários nominais rígidos no curto prazo e
também à rigidez dos preços e às percepções equivocadas dos empresários e dos
trabalhadores. Considera-se que no curto prazo as empresas têm um custo ao reajustar
preços. São os chamados “custos de menu”. Suponhamos um aumento de preços na
economia. Se no curto prazo algumas empresas permanecem com seus preços fixos, essas
empresas observarão um aumento na demanda, de que resultará aumento na produção. Os
empresários também podem, perante o aumento de preços, esquecer-se de que os preços
dos insumos também se elevam e aumentar a produção. Essa percepção equivocada dos
empresários pode explicar a inclinação positiva da curva de oferta de curto prazo. A
percepção equivocada por parte dos trabalhadores pode ocorrer quando, dado um
aumento nos salários nominais, os trabalhadores oferecem mais horas de trabalho e a
produção cresce, mas se esquecem de que os preços também estão aumentado, sem
repercussão importante sobre o salário real.
Existe uma hipótese mais rigorosa de Keynes, quando é suposto que o nível de
preços também é constante no curto prazo. Nesse caso, a curva de Oferta Agregada é uma
reta horizontal e corresponde ao caso keynesiano extremo.
P
A curva de Oferta Agregada horizontal
supõe os preços constantes no curto prazo.
Q
Em resumo, são as seguintes as curvas de Oferta Agregada :
P P P
Q Q Q
clássica keynesiana básica keynesiana extrema
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engloba as despesas com consumo, investimento e gastos governamentais. Dado um
aumento no nível de preços, a quantidade de moeda que as pessoas possuem para efetuar
suas compras diminui de valor em termos reais, constituindo o chamado efeito dos saldos
reais. Essa perda de poder de compra diminui a demanda agregada, o que permite deduzir-
se que há uma relação inversa entre o nível de preços e a demanda agregada.
P
A curva de Demanda Agregada
apresenta uma relação inversa
com o nível de preços.
DA
0 Q
Por que a curva de demanda agregada tem inclinação negativa? A resposta simples
é que a demanda agregada tem relação inversa com o nível de preços. E qual a justificativa
econômica? Os seguintes efeitos explicam essa relação: o efeito Pigou (quando aumenta o
nível de preços a riqueza em forma monetária diminui de valor em termos reais,
diminuindo em conseqüência a demanda agregada, e vice-versa), o efeito taxa de juros
(um aumento no nível de preços diminui o valor real da oferta de moeda da economia,
resultando em queda na demanda agregada, e vice-versa), e efeito taxa de câmbio ( um
aumento de preços, ao elevar os juros internos, atrai capitais estrangeiros, que por sua vez
faz valorizar a moeda nacional em relação às estrangeiras, diminuindo as exportações
líquidas, e vice-versa). Pode-se também dizer que, em uma economia aberta, incluindo-se
exportações e importações, dado um aumento no nível de preços internos, os bens da
economia ficam relativamente mais caros do que os bens importados, o que desestimula as
exportações e estimula as importações, diminuindo também a demanda agregada.
Enquanto isso, os fatores que provocam deslocamentos da curva da demanda
agregada são quaisquer aumentos ou diminuições na demanda que ocorrem
independentemente de variações nos preços, como variações autônomas nos
componentes da demanda (consumo, investimento, gastos governamentais, exportações
líquidas) e na oferta monetária.
P
Um aumento autônomo
na demanda agregada
desloca a curva
para a direita.
Q
3. 4. A determinação do nível de preços e da produção
P P P
OA OA
7
OA
DA DA DA
Q Q Q
clássica keynesiana básica keynesiana extrema
P P P
Q Q Q
M x V = P x Q
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Exemplo: 100 x 4 = 5 x 80 (a quantidade de moeda, girando em média 4
vezes por período, é igual ao valor da produção, 400, que por sua vez corresponde a um
preço médio igual a 4 e uma produção física de 80 unidades).
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a) Uma política monetária expansionista não altera o nível geral de preços, tanto no curto
quanto no longo prazo.
b) Alterações na demanda agregada resultam, no curto prazo, em alterações tanto no nível
geral de preços quanto na renda.
c) No curto prazo, uma política monetária expansionista só altera o nível geral de preços.
d) O produto estará sempre abaixo do pleno emprego, mesmo no longo prazo.
e) Alterações na demanda agregada, tanto no curto quanto no longo prazo, só geram
inflação, não tendo qualquer impacto sobre a renda.
OALP
P OACP
O equilíbrio de longo
prazo dá-se no cruzamento
entre as curvas de oferta
agregada clássica (de longo
prazo) e keynesiana (de curto
prazo) e a demanda agregada
DA Q
Q1
Vamos considerar agora dois casos: 1- Aumento na demanda agregada (DA): no curto
prazo, mantido o nível de preços, aumenta o emprego e a produção física Q. Com o tempo,
aumentam os salários nominais, reduzindo o emprego. Os preços sobem e a economia
retorna ao nível natural de emprego e produção de longo prazo.
2- Um Choque de oferta: um aumento nos custos de produção desloca a curva de oferta
OACP pra cima. No curto prazo, a produção é menor e o desemprego aumenta. No longo
prazo a produção e o emprego recuperam-se a um nível de preços maior. Denomina-se
Política de estabilização uma intervenção do governo para diminuir os preços (política
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contracionista) ou reativar o emprego (política expansionista), através da demanda
agregada.
Vejamos as seguintes questões:
Comentário: a questão refere-se ao gráfico abaixo, em que os preços são rígidos no curto
prazo, ou seja, a curva de oferta agregada de curto prazo (OACP1) é horizontal:
P
OALP
OACP2
OACP1
DA
Q* Q
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OALP
OACP
DA
Q* Q
Onde P = nível geral de preços; Q = produto agregado; OALP =oferta agregada de longo
prazo; OACP = oferta agregada de curto prazo; Q* = produto agregado de pleno emprego.
Supondo-se que a economia encontra-se em equilíbrio de longo prazo e considerando os
fundamentos utilizados para a construção das curvas de oferta e demanda agregada, é
correto afirmar que
a) um aumento na velocidade de circulação da moeda reduz o nível de emprego no curto
prazo.
b) uma política fiscal expansionista reduz o nível de emprego no curto prazo.
c) uma política monetária contracionista reduz o nível de emprego no curto prazo.
d) a partir do gráfico, podemos afirmar que existe total flexibilidade nos preços no curto
prazo.
e) uma política monetária contracionista gera inflação no curto prazo.
Comentário: a) a velocidade de circulação da moeda (V) é uma das quatro variáveis que
fazem parte da igualdade MV = PQ, em que a quantidade de moeda (M) vezes a velocidade
de circulação da moeda (V) deve igualar o nível de preços (P) vezes o produto físico da
economia (Q). Partindo-se dessa igualdade, um aumento em V, mantendo-se constante M,
deve resultar em aumento em P ou em Q, não havendo razão para se esperar uma queda no
emprego, ao contrário, pois o emprego deve aumentar com aumento em Q; b) políticas
expansionistas aumentam o produto, o emprego e o nível de preços no curto prazo; c)
políticas contracionistas realmente reduzem o produto, o emprego e o nível de preços no
curto prazo; d) como a curva de oferta agregada OACP é horizontal, os preços são fixos; e)
conforme já mencionado a respeito no item c, políticas contracionistas, ao contrário,
reduzem os preços. Opção c.
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b) o choque adverso de oferta aumenta os custos e, portanto, os preços. Se não houver
alterações na demanda agregada, teremos uma combinação, no curto prazo, de preços
crescentes com redução do produto. No longo prazo, com a queda dos preços, a economia
retornará ao seu nível de pleno emprego.
c) se não ocorrer deslocamentos na curva de demanda agregada, o choque de oferta causará
deflação.
d) o choque de oferta alterará apenas o produto de pleno emprego.
e) não ocorrerá alterações nem nos preços nem no nível do produto, tanto no curto quanto
no longo prazo, uma vez que, se o choque de oferta não desloca a curva de oferta de longo
prazo, também não deslocará a curva de oferta de curto prazo.
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