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Conceitos, Características e Planejamento do Sistema


Publicado em 31 de Janeiro de 2018 por Fabio Flandoli

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planejamento-do-sistema/)

Conceitos
Um sistema o -grid é aquele desconectado da rede, ou seja, não tem contato com a rede de
distribuição de eletricidade das concessionárias. São conhecidos também como sistemas isolados.

Encontramos esses sistemas dispostos de dois modos: puro e sem armazenamento.

Características e Componentes do sistema


Sistemas autônomos (puros)
Um sistema fotovoltaico puro é aquele que não possui outra forma de geração de eletricidade. Devido
ao fato de o sistema só gerar eletricidade nas horas de incidência de luz solar, os sistemas autônomos
são dotados de acumuladores que armazenam a energia para os períodos sem Sol, o que acontece
todas as noites, e também nos períodos chuvosos ou nublados. Os acumuladores são dimensionados
de acordo com a autonomia que o sistema deve ter, e ela varia conforme as condições climatológicas
da localidade onde será implantado o sistema fotovoltaico.

Sistemas autônomos sem armazenamento


São sistemas que funcionam somente durante as horas de sol. Temos como exemplo os sistemas de
bombeamento de água. As características das bombas são calculadas levando-se em consideração a
necessidade de água e o potencial solar da localidade. O painel fotovoltaico é dimensionado para
fornecer energia para a bomba.

Apesar de geralmente não utilizar sistemas de armazenamento elétrico, o armazenamento energético é


feito na forma de água no reservatório.(1)

 
Figura 1 – Sistema de bombeamento fotovoltaico

(1) O conteúdo sobre conceitos e características dos sistemas o -grid foi elaborado com base no
material Sistemas fotovoltaicos: sistemas fotovoltaicos isolados, de autoria da empresa BlueSol.

Componentes de um sistema fotovoltaico


autônomo
Um sistema fotovoltaico autônomo, normalmente, é composto por:

Painel fotovoltaico;
Controlador de carga/descarga das baterias;
Banco de baterias;
Inversor autônomo para cargas em CA;
Cargas CC ou CA.

Figura 2 – Circuito de um sistema fotovoltaico autônomo

Painel fotovoltaico
O painel fotovoltaico e sua inclinação e orientação já foram apresentados em capítulos anteriores.
Devemos observar o fato que em um sistema autônomo o painel fotovoltaico deve ser de baixa
potência, pois trabalha com menor valor de tensão de circuito aberto em horas de pico não trazendo,
assim, riscos para a controladora de carga.

Controladores de carga das baterias


São funções do controlador de carga de baterias:

Proteger as baterias contra sobrecarga e descarga profunda.


Monitorar e limitar as tensões máxima e mínima das baterias.
Maximizar o processo de carga das baterias.
Preservar e garantir maior vida útil das baterias.

Controle de carga
Controla a sobrecarga das baterias, evitando o superaquecimento (também conhecido como “ferver” a
bateria), a deterioração, e a destruição das baterias.

Controle de descarga
Controla o descarregamento profundo das baterias (quando há carga CC), que pode prejudicar e até
mesmo inutilizar as baterias.

Figura 3 – Faixa de trabalho das controladoras de carga

Principais características na escolha das baterias:


algoritmos Pulse Width Modulation (PWM)/ Maximum Power Point Tracking (MPPT);
capacidade de carga (A);
capacidade de descarga (A);
tensão do sistema (V);
display (sim/não);
sensor de temperatura (sim/não);
timer (não/simples/duplo);
com MPPT;
tensão máxima (V);
potência máxima (W);
parâmetros de operação;
LVD (Low Voltage Disconnect) (V);
LVR (Low Vari Rack) series (V);
tensão de carregamento (V);
tensão de utuação (V);
tensão de equalização (V).
Controladoras comuns com Pulse Width Modulation (PWM)
Os parâmetros dessa controladora são pré-programados. O status é indicado por leds ou display e não
há como alterar essa con guração. A regulação da tensão é feita por chaveamento de transistores,
evitando que em horas de pico solar a tensão do módulo dani que a bateria e permitindo apenas a
passagem da cor-rente.

Esse controlador, por não apresentar tanta tecnologia incorporada, tem o custo mais acessível.

MPPT (Maximum Power Point Tracking)


É um rastreador do ponto de máxima potência. Em dias nublados, ou em caso de sombreamento do
arranjo, a corrente é sensivelmente afetada. Esse recurso trabalha na manutenção do valor do produto
tensão vezes corrente, já que a primeira não sofre tanta diminuição, e também procura diminuir a
resistência interna das células, aproveitando de 15% a 20% mais de energia do sistema. Controladoras
com esse recurso praticamente dobram seus custos tornando-as viáveis economicamente apenas em
sistemas o -grid acima de 1.500 W.

Modelos de controladoras desse porte são programáveis, possuem sensores de temperatura para
evitar transtornos com o banco de baterias, e permitem ajustar os parâmetros de temperatura, tensões
de desconexão e reconexão (Low Voltage Disconnect – LVD, Revitalization through Vaporization of
Dendrites – RDV), máxima tensão de carga e range de utuação.

Figura 4 – Modelos de controladoras

Banco de baterias
Um banco de baterias é constituído por uma quantidade calculada de elementos conectados em série
e/ou paralelo, que fornecerão a potência demandada pelas cargas no período de autonomia em que
devem funcionar, sem receber recarga do arranjo fotovoltaico nos dias sem insolação.

Em sistemas isolados, as baterias têm as seguintes funções:

Ter autonomia: essa é a função mais importante, a de suprir a energia para o consumo quando o
painel não é capaz de gerar energia su ciente. Isso acontece todas as noites e também nos períodos
chuvosos ou nublados, que podem ocorrer durante o dia ou em vários dias.
Estabilizar a tensão: os módulos fotovoltaicos têm uma grande variação de tensão, de acordo a
irradiância recebida. A conexão de cargas de consumo diretamente nos módulos pode expô-los a
tensões muito altas ou muito baixas para o seu funcionamento. As baterias possuem faixas de tensões
mais estreitas que os módulos fotovoltaicos e garantirão uma operação mais uniforme para as cargas.
Fornecer correntes elevadas: a bateria opera como um bu er , fornecendo correntes de partida
elevadas. Alguns dispositivos (como motores) requerem altas correntes (de quatro até nove vezes a
corrente nominal) para iniciar o seu funcionamento até estabilizarem e demandar correntes mais
baixas, o que ocorre depois de alguns segundos. Outros dispositivos mais vorazes entrarão em
funcionamento por curto período de tempo, mas consumirão muita potência. As baterias fornecerão
essa alta potência momentânea e serão carregadas lentamente pelo painel fotovoltaico durante o dia.

Baterias para sistemas fotovoltaicos


As baterias para uso fotovoltaico costumam ser de chumbo ácido ou de níquel cádmio. As baterias de
níquel cádmio suportam descargas maiores e têm maior vida útil, mas seu alto custo e baixa
disponibilidade as tornam viáveis em sistemas muito especí cos que necessitam de alta con abilidade.

Outros tipos de bateria, como as de íons de lítio, não são viáveis para sistemas fotovoltaicos, devido à
capacidade dos bancos de baterias para essa aplicação. É a relação custo-benefício que faz com que as
baterias de chumbo ácido sejam aquelas escolhidas para utilização na maioria dos sistemas PV
isolados.

Como são as mais utilizadas, as baterias de chumbo ácido serão o objeto do nosso estudo a partir de
agora.

Bateria de chumbo ácido: constituição e funcionamento


As baterias de chumbo ácido são
constituídas por células individuais –
também chamadas pilhas – com tensão
nominal de 2 V cada uma. Nas baterias
em monobloco são ligadas em série para
alcançar a tensão nominal. Seis células
constituem uma bateria de 12 volts.

Figura 5 – Vista explodida de uma bateria


de chumbo ácido. Fonte: JAMES
PROVOST, 2016

Cada célula é constituída basicamente por duas placas de metais diferentes (uma positiva, outra
negativa), isoladas por separadores e imersas em uma solução aquosa de ácido sulfúrico (H2SO4). As
placas são eletrodos de chumbo em formato de grade com a função de segurar a matéria ativa e
conduzir a corrente elétrica.

É a matéria ativa porosa que armazena a energia, com sua estrutura esponjosa fornecendo área de
superfície para a reação eletroquímica. Na bateria carregada, a matéria ativa da placa negativa é o
chumbo (Pb) e a matéria ativa da placa positiva é o dióxido de chumbo (PbO2).

Ao se fechar um circuito, os elétrons uem do polo negativo para o polo positivo, provocando uma
reação química entre as placas e o ácido sulfúrico, que leva à formação de sulfato de chumbo (PbSO4)
nas duas placas – reação chamada dupla sulfatação. Essa reação consome o ácido, tornando o eletrólito
mais aquoso, processo que pode ser medido com um densímetro.
Tabela 1 – Estado de carga de uma bateria pela densidade do eletrólito

Quando o sistema PV recarrega a bateria, os elétrons uem em sentido contrário – do polo positivo
para o polo negativo – revertendo essa reação química. O processo não é totalmente reversível, pois
pequenas quantidades de sulfato de chumbo não se dissolvem, a sulfatação aumenta à medida que os
ciclos de carga e descarga acontecem, diminuindo a capacidade da bateria. Quanto maior for essa
profundidade de descarga (o nível de reação química que acontece duran
te a descarga, antes que a bateria volte a ser carregada), maior será a perda de capacidade. Com
profundidades de descarga menores, mais ciclos de carga e descarga a bateria suportará.

Figura 6 – Possibilidade de ciclos de uma bateria em função da profundidade de descarga

A resistência interna de uma bateria de chumbo ácido varia de acordo com a carga, sendo maior
quando a bateria está descarregada, devido à menor concentração de ácido no eletrólito e à presença
do sulfato de chumbo nas placas. À medida que a bateria vai sendo carregada, a sua resistência interna
diminui, fazendo com que a bateria aceite melhor a carga. Por isso, uma bateria com me-nor
profundidade de descarga durante o ciclo é recarregada mais rapidamente.

Quando atinge a tensão nal de carga nas células, a bateria deve ser desconectada do carregador, pois
tem início um processo de eletrólise da água presente no eletrólito que leva a dois inconvenientes:

Perda de água, o que faz o ácido se concentrar mais, tornando-se nocivo às placas, até a
secagem total, que determinaria o m da bateria.
Liberação de oxigênio e hidrogênio. Esse último, mesmo em pequenas proporções, torna o
ambiente potencialmente explosivo, o que exige com que os bancos de baterias sejam instalados
em locais ventilados. O hidrogênio é 14 vezes mais leve que o ar e pode se acumular em frestas.

Estado de carga de uma bateria pela tensão entre os terminais.


Tabela 2 – Estado de carga pela tensão em circuito aberto

Figura 7 – Bateria de chumbo ácido

Outros tipos de bateria


Baterias de lítio

Controladas eletronicamente.
Alta capacidade de carga e desempenho.
Bom desempenho com descargas profundas.
Vida útil de 10 a 15 anos (ou mais).
Sem manutenção.
Usadas em sistemas grid-tie para gestão da energia e backup.
Pouco utilizadas no Brasil.

Baterias VRLA (Valve-Regulated Lead-Acid)

Também conhecidas como “seladas”, as baterias VRLA emitem gases, porém, em quantidades
insigni cantes. Podem ser instaladas em qualquer posição.
Possuem vida útil de três a cinco anos.

Figura 8 – Bateria VRLA. Fonte: HDSPR, 2016


 

Baterias gel

Utilizam eletrólito viscoso “gel”, retendo-o em contato com as placas.

Baterias AGM (Absorbent Glass Mat)

Utilizam mantas de bra de vidro para absorver o eletrólito, mantendo-o no interior da bateria.

Figura 9 – Bateria com eletrólito viscoso

Baterias especiais
OPzV (Ortsfeste Panzerplatte Verschlossen)

Estacionária com placa tubular selada.


Sem manutenção.

OPzS (Ortsfeste Panzerplatte Spezial)

Estacionária com placa tubular especial.


Manutenção a cada meio ano a três anos.
Elementos de 2 V.
Alta capacidade de carga.
Vida útil de 10 a 15 anos.
Pouco utilizada no Brasil.

OGI (Ortsfeste Gitterplaten) 

Estacionária com placas radiais.


Manutenção a cada três a cinco anos.

Cargas CC ou CA
As cargas são os consumidores da instalação. São elas que convertem a energia elétrica em outras,
como térmica, luminosa, sonora etc. A maioria delas, como os eletrodomésticos, funciona em CA,
porém há lâmpadas e outros equipamentos que trabalham em CC.

Planejamento do sistema
Planejamento do sistema solar autônomo
É necessário fazer uma análise inicial completa do local onde será montado o sistema desconectado,
devendo considerar os seguintes itens:

Coordenadas geográ cas.


Possibilidade de sombreamento.
Condições elétricas e físicas atuais do local.
Cargas que serão ligadas ao sistema, ressaltando que um sistema o -grid é limitado ao uso de
cargas mais leves, como iluminação, TVs, computadores e geladeiras. Mesmo nesses casos há
possibilidade de termos de dividir circuitos, aumentando, assim, a quantidade de controladora de
cargas e inversores. Cargas mais pesadas, como chuveiro, torneiras elétricas, lavadora de pratos, são
inviáveis para o sistema desconectado, pois drenariam rapidamente a carga do banco de baterias,
sendo este a parte mais cara do sistema. Mesmo durante o dia, a energia é retirada do banco – não faz
nunca a passagem direta do módulo para a carga.
O tempo em que as cargas escolhidas carão ligadas durante um dia para determinação do
consumo diário de energia elétrica.
Profundidade de descarga das baterias, pois quanto mais rasa a descarga, maior a quantidade de
baterias que o banco deverá conter. E quanto mais profunda, menor a vida útil das baterias. O ideal é
um ajuste para que o banco tenha no máximo 40% de descarga por ciclo.
Qual a tolerância de dias sem sol para o sistema? Quanto mais dias sem sol, mais lento terá que ser
o semiciclo de descarga, resultando em maior capacidade do banco, maior quantidade de baterias e
mais custo para o sistema.
A distância entre os módulos e as controladoras, pois o sistema o -grid envolve altas correntes, o
que potencializa os efeitos da perda de carga e promove o aumento do custo nal do projeto.

Perdas consideradas na geração de energia


Sombreamento
Existe a possibilidade de sombreamento no local da instalação da planta fotovoltaica em determinadas
horas do dia por prédios, árvores e outras edi cações periféricas à instalação coletora. Casos assim
exigem medidas que podem até tirar a estética do arranjo fotovoltaico ao alterar a con guração do
layout dos módulos de forma que os retire da área sombreada.

Orientação de posicionamento dos módulos

O sistema fotovoltaico desconectado necessita de maior captação da luz do Sol no solstício de inverno,
ocasião em que o Sol passa mais baixo. Nessas
circunstâncias, os módulos devem car mais verticais para melhor captação. O posicionamento dos
módulos deve ser feito com base no que foi visto anteriormente.

Relembrando: α = latitude + latitude/4

Em casos de arranjos montados em telhados que possuem a queda de água com um ângulo maior que
30° para os dois lados do norte geográ co, as perdas na geração referentes às horas do dia tornarão o
sistema economicamente inviável.

Manutenção geral do sistema (limpeza e conexões)

O módulo fotovoltaico tem baixa e ciência na conversão de energia luminosa em elétrica. Se juntarmos
a isso poeira, poluição, umidade, excrementos de pássaros e outros tipos de bloqueio dos fótons,
diminuiremos mais ainda a e ciência dos módulos e, por consequência, a e ciência do sistema.
Conexões de cabos apresentam proteções contra raios UV, porém exigem reaperto mecânico e boa
condutividade elétrica sempre. Limpezas e reaperto devem ser feitos periodicamente.

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