Você está na página 1de 11

1.

- INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

Para se ter uma idéia melhor sobre interpretação constitucional, mister se faz que
haja uma explanação sobre conhecimento, interpretação e hermenêutica.

Salientando-se que no caso da hermenêutica, essencial relatar a hermenêutica


filosófica.

Outrossim, deve ser analisados os princípios constitucionais como


condicionantes da interpretação constitucional.

Por final, deve se esclarecer o princípio da Interpretação Conforme a


Constituição.
 

1.1.- CONHECIMENTO,
INTERPRETAÇÃO E
HERMENÊUTICA

O processo de conhecimento é uma interpretação da realidade. É uma elevação,


ao plano de pensar, de percepção imediata da realidade. Ele se insere no âmbito,
das duas possíveis atividades que o ser humano pode desenvolver, quando posto
em contato com a realidade: reação, em que predomina o seu lado puramente
instintivo e interpretação, quando transpõe para o plano do saber o seu contato
preliminar com a realidade que o circunda.(197 márcio)

Já o processo de interpretação é o momento dinâmico do conhecimento da


realidade, é o ato de apreendê-la racionalmente, tal qual ela se apresente ao
sujeito que conhece.

Sendo que ao analisar a hermenêutica sob o ponto de vista filosófico, parte do


princípio segundo o qual o logos se realiza e se perfaz na própria existência do
ser humano, enquanto imerso no mundo natural. A existência do homem é uma
contínua determinação conceitual dos objetos que ele pensa e, portanto, conhece.
O agir humano seria inócuo ou vazio de sentido sem a dialética do conhecimento,
sem a determinação do conceito dos objetos como os quais o homem se depara
constantemente, interpretando-os e tornando-os, se necessário, disponíveis ao seu
agir prático.

Quando a interpretação tem por objeto não o homem, enquanto ser que interpreta,
mas o sentido do que ele realiza no mundo, a hermenêutica assume um caráter
científico, é hermenêutica científica.

Quando o objeto da interpretação se refere à conduta humana segundo o Direito


posto e os fatos, que a ela se referem, ela adquire o caráter de hermenêutica
jurídica, no sentido do termo romano interpretatio, mediação, entre dois pólos
opostos, por um terceiro imparcial, para a determinação do significado de algo.

Diante desse quadro conceitual, dedicam-se, aqui, as atenções, para a


hermenêutica jurídica, mais especificamente a hermenêutica constitucional.

1.2. - HERMENÊUTICA FILOSÓFICA

Deve aqui realçar, um dos problemas essenciais da hermenêutica filosófica,


apesar de ter sido colocado com mais rigor técnico, a partir do pensamento
Dilthey, radica de certa forma, na questão da interpretação da Bíblia Sagrada.
(204 Márcio)

Isso se dá principalmente em relação a época em que houve uma divisão da


religião católica dizendo que quem deveria interpretar a Bíblia não era somente o
Papa, ou membros do poder eclesiástico e sim todos os cristãos, sendo que hoje a
comunidade evangélica se importa muita com a alfabetização da população em
geral, essencialmente para as pessoas tenham conhecimento do que esta escrito
nas sagradas escrituras.

O primeiro questionamento acerca das condições de possibilidade da


hermenêutica constitucional trata de determinar, da maneira prévia, o espaço ou
ôntico do que se está a interpretar. Ela envolve, segundo Miguel Reale, a
determinação prévia da estrutura objetiva daquilo que se põe como objeto da
interpretação. Antes de se perguntar "como se interpreta a norma jurídica? A
indagação apropriada é: que espécie de realidade é norma jurídica?"(228,229)

Especificamente na hermenêutica constitucional, a pergunta em torno de como se


deve interpretar a constituição – que trata essencialmente, do método para se
obter o significado de suas normas num caso concreto – é posterior à
determinação conceitual da constituição. Se indaga, então, acerca do ser da
constituição.

Na análise de Paulo Bonavides, o constitucionalismo clássico optou, obviamente,


pela corrente objetivista, a que melhor se ajusta a sustentação dos príncipios
políticos do liberalismo e à sua concepção formalista de Estado de Direito. A
constituição considerada como lei ou tomada apenas em sua dimensão jurídica,
era interpretada tal como as demais leis ordinárias. Não se adentrava no campo
dos fenômenos normativos "extraconstitucionais", vez que a confiança na
racionalidade do legislador e na estabilidade social fazia com o que o labor
interpretativo, moldado, pelos elementos fornecidos pela doutrina de Savigny,
não saísse dos limites traçados pela própria norma, os quais não se podia
ultrapassar.(237)

Atualmente, no entanto, são inegáveis a importância e a especificidade da


hermenêutica constitucional, até mesmo em função da atividade do órgão que,
em última instância, determina o conteúdo e o sentido das normas
constitucionais: o Judiciário. O desenvolvimento da jurisdição constitucional, a
elaboração de uma teoria material da Constituição dos direitos fundamentais e a
consciência da democracia como princípio estruturador da ordem político –
jurídica materializada na Constituição, acrescentaram um componente
qualificado aos princípios e métodos concebidos pela hermenêutica clássica.

1.3.- OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO CONDICIONANTES DA


INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL.

O ponto de partida do intérprete há que ser sempre os princípios constitucionais,


que são o conjunto de normas que espelham a ideologia da Constituição, seus
postulados básicos e seus fins. Dito de forma sumária, os princípios
constitucionais são as normas eleitas pelo constituinte como fundamentos ou
qualificações essenciais da ordem jurídica que a institui. A atividade de
interpretação da Constituição deve começar pela identificação do princípio maior
que rege o tema a ser apreciado, descendo do mais genérico ao mais específico,
até chegar à formulação da regra concreta que vai reger a espécie.(141 Barroso)

É importante assinalar, logo de início, que já se encontra superada a distinção de


outrora se fazia entre norma e princípio. A dogmática moderna avaliza o
atendimento de que as normas jurídicas, em geral, e as normas constitucionais,
em particular, podem ser enquadradas em duas categorias diversas: as normas –
princípio e as normas – disposição. As normas – disposição, também referidas
como regras, tem eficácia restrita às situações específicas às as quais se dirige. Já
as normas – princípio, ou simplesmente princípios, tem, normalmente, maior teor
de abstração e uma finalidade mais destacada dentro do sistema.

Não há, é certo, entre umas e outras, hierarquia em sentido normativo, por isso,
que, pelo princípio da unidade da Constituição, todas as normas constitucionais
encontram-se no mesmo plano. Isso não impede, todavia, que normas de mesma
hierarquia tenha funções distintas dentro do ordenamento. De fato aos princípios
cabe, além de uma ação imediata, quando diretamente aplicáveis a determinada
relação jurídica, uma outra, de natureza mediata que é a de funcionar como
critério de interpretação e integração do texto constitucional.

Os princípios constitucionais são, precisamente, a síntese dos valores mais


relevantes da ordem jurídica. A Constituição como já vimos, é um sistema de
normas jurídicas. Ela não um simples agrupamento de regras que se justapõem
ou que se superpõem. A idéia de sistema funda-se na de harmonia, de partes que
convivem sem atritos. Em toda ordem jurídica existem valores superiores e
diretrizes fundamentais que "costuram" suas diferentes partes. Os princípios
constitucionais consubstanciam as premissas básicas de uma dada ordem jurídica,
e irradiando-se por todo o sistema. Eles indicam o ponto de partida e os caminhos
a serem percorridos.

E, por fim, na sua principal dimensão operativa, dirigem-se os princípios ao


Executivo, Legislativo e Judiciário, condicionando a atuação dos poderes
públicos e pautando a interpretação e aplicação de todas as normas jurídicas
vigentes.

1.4.- PRINCíPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

 
À vista das dimensões diversas que sua formulação comporta, é possível e
conveniente decompor didaticamente o processo de interpretação conforme a
Constituição nos elementos seguintes:

_ Trata-se de escolha de uma interpretação de norma legal que a


mantenha em harmonia com a Constituição, em meio a outra ou outras
possibilidades interpretativas que o preceito admita;

_ Tal interpretação busca encontrar um sentido possível para a norma,


que não é o que mais evidentemente resulta da leitura de seu texto;

_ Além da eleição de uma linha de interpretação, procede-se a exclusão


expressa de outra ou outras interpretações possíveis que conduziria a
resultado contrastante com a Constituição.

_ Por via de conseqüência, a interpretação conforme a Constituição não


é mero preceito hermenêutico, mas, também, um mecanismo de
controle de constitucionalidade pelo qual se declara ilegítima uma
determinada leitura da norma legal.

Na interpretação conforme a Constituição, o órgão jurisdicional declara qual das


possíveis das interpretações de uma norma legal se revela compatível com a Lei
Fundamental. Isso ocorrerá, naturalmente, sempre que um preceito
infraconstitucional comportar diversas possibilidades de interpretação, sendo
qualquer delas incompatível com a Constituição. Nota-se que o texto legal
permanece íntegro na sua aplicação que fica restrita ao sentido declarado pelo
tribunal.

Se o sentido mais evidente do texto interpretado for compatível com a


Constituição, dificilmente haverá necessidade de se recorrer a um princípio cuja
finalidade última é a de salvar uma norma ameaçada. O papel de interpretação
conforme a Constituição é, precisamente, o de ensejar, por via de interpretação
extensiva ou restritiva, conforme o caso, uma alternativa legítima para o
conteúdo de uma norma que se apresenta com suspeita. Na síntese perfeita de
Jorge Miranda:

"A interpretação conforme a Constituição não consiste tanto em


escolher entre vários sentidos possíveis de norma de qualquer
preceito, ou que seja mais conforme a Constituição, quando em
discernir no limite – na fronteira da inconstitucionalidade – um
sentido que, conquanto não aparente ou não decorrente de outros
elementos de interpretação, é o sentido necessário e o que se torna
possível por virtude da força conformadora da lei
fundamental".175 Barrozo

Diante do que fora exposto sobre interpretação constitucional, pode se concluir


que essa interpretação não é criar, senão simplesmente aplicar a norma jurídica
com o sentido e o alcance que lhe atribuíram as instâncias de representações
populares.

2.- RELAÇÃO JUIZ – INTERPRETAÇÃO; RELAÇÃO JUIZ


-CONSTITUIÇÃO

Primeiramente, não é possível ao interprete da lei torcer o sentido das palavras,


nem adulterar a clara intenção do legislador. Para salvar a lei não é admissível
saber uma interpretação contra legem . Tão pouco será legítima uma linha de
entendimento que prive o preceito legal de qualquer função útil.

Sendo assim, a de se analisar que o juiz tem que interpretar a lei, almejando que
com a sua aplicação de sua interpretação chegue a justiça, de forma que não
contrarie a lei e sempre tendo a Constituição como a lei maior.

Desta forma, necessário se faz que analisemos o controle judicial na constituição,


tanto na outrora como atualmente, para que possamos entender a interpretação do
juiz face a Constituição.

Sendo assim, veja-se que o controle judicial de constitucionalidade, que é a


técnica de atuação da supremacia da Constituição, não se encontrava explícito na
Constituição de 1787. De fato, o art. 6º., 2, do texto conhecido como "supremacy
clause", dispunha tão somente:
 

"Esta Constituição e as leis dos Estados Unidos elaboradas de


acordo com ela, bem como os tratados celebrados ou por celebrar
sob a autoridade dos Estados Unidos, constituirão a suprema lei
do País; os juizes de todos os Estados ficam sujeitos a regra não
devendo prevalecer qualquer disposição em contrário na
Constituição de qualquer dos Estados ou nas suas leis."( Stone.
Seidman. Sustein. Tushnet. Constitutional law, 1986, pág.28)

Alexander Hamilton, no federalista n.78, havia antecipado a idéia de controle de


constitucionalidade pelo Poder Judiciário, em texto, que se tornou clássico:

"Alguma perplexidade quanto ao poder dos Tribunais de


pronunciar a nulidade de atos legislativos contrários à
Constituição tem surgido, fundada na suposição de que tal
doutrina implicaria na superioridade do Judiciário sobre o
Legislativo. Afirma-se que a autoridade que pode declarar os atos
da outra nulos deve ser necessariamente superior àquela cujos
atos podem ser declarados nulos.(...)

Nenhum ato legislativo contrário à Constituição pode ser válido.


(...)

A presunção natural, à falta de norma expressa, não pode ser a


de que o próprio órgão legislativo seja o juiz de seus poderes e
que sua interpretação sobre eles vinculam os outros poderes. (...)
É muito mais racional supor que os Tribunais é que tem a missão
de figurar como corpo intermediário entre o povo e o Legislativo,
dentre outras razões, para assegurar que esse último se contenha
dentro dos poderes que lhe foram deferidos. A interpretação das
leis é o campo próprio e peculiar dos Tribunais. Aos juizes cabe
determinar o sentido da Constituição e das leis emanadas do
órgão legislativo.

Esta conclusão não importa em nenhuma hipótese, em


superioridade do Judiciário, sobre o Legislativo. Significa tão –
somente, que o poder do povo é superior a ambos; e que onde a
vontade do Legislativo declarada nas leis que edita, situar-se em
oposição à vontade do povo, declarada na Constituição, os juizes
devem curvar-se à última, e não a primeira". 155 Barrozo
Sem qualquer menção expressa ao escrito de Hamilton, esta foi a linha de
entendimento seguida por John Marshall, Presidente da Suprema Corte, ao relatar
e decidir o caso Marbury Madison, em 1803. Ao fundamentar aquela que é,
provavelmente a mais célebre decisão judicial de todos os tempos, fundou-se ele
nas razões que a seguir se sintetizam:

"É evidentemente atribuição e dever do Poder Judiciário dizer o


direito. E aqueles a quem compete aplicar uma regra a casos
concretos devem, necessariamente, interpretar esta regra. Se
duas leis conflitarem entre si, os tribunais devem decidir sobre a
incidência de cada uma.

Então, se uma lei estiver em oposição à Constituição; se ambas se


aplicarem ao um determinado caso, exigindo que o Tribunal
decida ou de acordo com a lei, sem atenção à constituição, ou na
conformidade da constituição, sem atenção à lei, cabe ao tribunal
determinar qual desta regras conflitantes se aplica ao caso. Esta é
essência da função judicial.

Se, então, os tribunais devem observar a constituição e a


constituição é superior a qualquer lei ordinária emanada do
Legislativo, a constituição e não a lei ordinária, é que deve reger o
caso ao qual ambas se aplicam. (...)

Assim, a parte particular fraseologia da constituição dos Estados


Unidos, confirma e fortalece o princípio, que se supõe essencial a
todas as Constituições escritas, de que toda lei contrastante com a
constituição é nula."156

A supremacia da Constituição é missão atribuída ao Judiciário na sua defesa têm


um papel de destaque no sistema geral de freios e contrapesos concebido pelo
constitucionalismo moderno como forma de conter o poder. É que através da
conjugação desses dois mecanismos retira-se o jogo político do dia - a – dia e,
pois, das eventuais maiorias eleitorais, valores e direitos que ficam protegidos
pela rigidez constitucional e pelas limitações materiais ao poder de reforma da
Constituição. Não obstante o reconhecimento generalizado da valia de tal
concepção, de tempos em tempos ela precisa reafirmar suas virtudes.

Nos Estados Unidos tem-se travado, nos últimos anos, uma ampla discussão
sobre o controle de constitucionalidade pelo Judiciário e seus limites. Sustenta-se
que os agentes do Executivo e do Legislativo, além de ungidos pela vontade
popular sujeitam-se a um tipo de controle e responsabilização política que os
juizes estão isentos. Daí afirma-se que o controle judicial da atuação dos outros
poderes da lugar. Notadamente os seguimentos conservadores tem questionado o
avanço dos tribunais sobre espaços que, segundo crêem, deveriam ficar
reservados ao processo político. Em livre clássico Alexander Bickel abordou o
tema, procurando definir o espaço de atuação do judiciário, em passagem que
ficou célebre:

"Os Tribunais tem certa capacitação para lidar com questões de


princípio que o Legislativo e o Executivo não possuem. Juizes
têm, a disponibilidade o treinamento e o distanciamento para
seguir os caminhos da sabedoria e isenção ao buscar os fins
públicos. Isto é crucial quando se trata de determinar os valores
permanentes de uma sociedade. Este distanciamento e o mistério
maravilhoso do tempo dão aos Tribunais a capacidade de
recorrer aos melhores sentimentos humanos, captar as melhores
aspirações, que podem ser aquecidos nos momentos de grande
clamor".157

A recepção, na Europa, do sistema de jurisdição constitucional criado nos


Estados Unidos não se deu senão após o primeiro pós guerra, já nesse século.
Obra pessoal de Hans Kelsen, ele foi introduzido na constituição austríaca de
l920 e aperfeiçoado em sua reforma de l929. O mecanismo adotado na Áustria e
posteriormente na maior parte dos países da Europa Continental, foi o do
controle concentrado, atribuindo a um único órgão (o Tribunal Constitucional),
em oposição ao método difuso norte-americano em que qualquer juiz pode
recusar a aplicação de lei inconstitucional. No Brasil, como é notório, adota-se
um sistema eclético, onde coexistem um controle incidental pelo sistema difuso e
o controle direto, pelo sistema concentrado.

Embora a idéia de supremacia da constituição que esteja ínsita em todos os casos


de constitucionalidade, vez por outra a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal reserva menção expressa. Confira-se acórdão da lavra do Ministro Célio
Borja, remarcando os conceitos doutrinários básicos:

"O princípio da supremacia da ordem constitucional –


consectário da rigidez normativa que ostentam os preceitos de
nossa Constituição – impõe ao Poder Judiciário, qualquer que
seja a sede processual, que se recuse a aplicar leis ou atos estatais
reputados em conflito com a Carta Federal.

A superioridade normativa da constituição traz, incita em sua


noção conceitual, a idéia de um estatuto fundamental, de uma
fundamental "LAW", cujo incontrastável valor jurídico atua
como pressuposto de validade de toda ordem positiva instituída
pelo Estado".158,159

Mais adiante, o Supremo Tribunal, ao negar a possibilidade de reedição de


medida provisória rejeitada pelo Congresso, reafirmou, em acórdão unânime:

"Todos os atos estatais que repugnem à Constituição e põe-se à


censura jurídica – dos Tribunais especialmente – porque são
írritos, nulos e desvestidos de qualquer validade.

A Constituição não pode submeter-se à vontade dos poderes


constituídos e nem aos impérios dos fatos e das circunstâncias. A
supremacia de que ela se reveste – enquanto for respeitada –
constituirá a garantia mais efetiva de que os direitos e as
liberdades não serão jamais ofendidas. Ao Supremo Tribunal
Federal incumbe a tarefa magna e iminente de velar, porque esta
realidade não seja desfigurada."159

Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça apreciou questão envolvendo o art.


37, inciso VII, da Constituição Federal ao cuidar da administração público,
previu que o direito de greve seria exercido nos termos e nos limites definidos em
lei complementar. Passados quatro anos de vigência da Constituição, a norma
infra constitucional não havia ainda sido editada. Admitir-se o direito de greve,
não poderia ser exercido, ante a inércia indefinida do legislador, violaria o
princípio da Constituição, uma vez que o direito por ela outorgado ficaria
paralisado por omissão de órgão do poder instituído. Daí haver concluído com
acerto o Tribunal que:

"A Constituição da República garante ao direito de greve aos


funcionários públicos, nos limites definidos em lei
complementar".

Essa legislação não poderá recusar a paralisação da atividade,


essência da greve, universalmente reconhecida, além disso são
passados quatro anos de vigência da Carta Política. O legislador
mantém-se inerte. Esses dois dados confere legalidade ao
exercício do direito, observando-se analogicamente, princípios e
leis existentes. Caso contrário, chegar-se-ia a um absurdo: A
eficácia da Constituição depende de norma hierarquicamente
inferior".159,160

Retratou-se, assim, a doutrina e algumas aplicações práticas da supremacia da


Constituição, que do ponto de vista lógico e cronológico, é o primeiro princípio a
ser levado em conta no processo intelectivo da interpretação constitucional.

Em suma, pode concluir do que fora acima exposto sobre a relação de juiz com
interpretação e juiz com Constituição, o entendimento de que toda interpretação é
condicionada pelas mutações históricas do sistema, implicando tanto a
intencionalidade originária do legislador, quanto as exigência fáticas e
axiológicas supervenientes, numa compreensão global, ao mesmo tempo
retrospectiva e prospectiva e que a interpretação do juiz sempre é de natureza
axiológica, pressupondo a valoração objetivada nas proposições normativas,
salientando a supremacia d da Constituição.

Você também pode gostar