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08.04
Em Platão fica claro o perfil filosófico metafisico idealista, o mundo das ideias como um
absoluto, mas ao mesmo tempo um universo paralelo em que não se tem o controle
de como adentrar, o que faz com que a sua filosofia do direito acabe trazendo um
respaldo aristocrático hierarquizante.
Com Aristóteles é preciso matizar a sua postura, que pelo menos no que tange a
filosofia do direito, foi um pensador complexo. E no que que diz a filosofia do direito o
que mais se deve destacar é a sua reflexão ética (Ética à Nicômaco – bases da sua
filosofia).
OBS: Platão projeta o direito como um absoluto que existe plenamente no direito das
ideias.
A justiça é um virtude que decore de uma ação humana, e o mais interessante é que
qualquer sujeito pode aprender, desenvolver essa virtude.
2. Igualdade e equidade
A igualdade geométrica, por sua vez, tem como consequência a justiça distributiva.
Enfatiza-se, aqui, a polis distribuindo a justiça, zelando e organizando a sociedade por
meio de uma distribuição – é a ideia de suum cuique tribuere (dar a cada um aquilo
que lhe é devido, necessário).
Ex: relações no direito tributário – o sujeito é obrigado a pagar os tributos, desde que
existente a relação, desde que ocorra a situação tributável, o fato gerador. O Estado
distribui por meio de politicas publicas acesso a educação, por exemplo.
Ocorre que há uma certa insuficiência do pensamento aristotélico, pois ele afirma que
o mérito do cidadão, no que tange a esta justiça distributiva, é um mérito previamente
determinado. É dizer - no contexto em que vivia, defender que o mérito é
previamente determinado remete a reprodução do elemento aristocrático
hierarquizante já visto em Platão. Se o panorama da igualdade geométrica é de
hierarquizada, a justiça, por consequência, também vai alimentar as hierarquias
sociais.
Ex: um arquiteto merece mais que um sapateiro, pois enquanto o arquiteto faz casas,
o sapateiro apenas faz sapatos.
Então a todo momento ele tem que ser muito cuidadoso, jogando o jogo da
aristocracia tradicional ateniense.
O ser humano pleno para Aristóteles é aquele que consegue exercer a política em sua
plenitude (cidadão), entretanto para que um sujeito possa se dedicar à politica o
homem tem que ter dinheiro, pessoas trabalhando para ele e geralmente essas
pessoas tem dinheiro, são, portanto, da aristocracia (homem apenas).
Mas Aristóteles aponta uma forma de ser flexibilizar esse parâmetro de justiça, que
tem o compromisso fundamental com o funcionamento estável da polis e não com as
pessoas – é ai que falamos do conceito de equidade. Equidade para ele é a aplicação
da justiça no caso concreto, é a concretização da justiça.
Equidade é uma expressão muito interessante, pois ele usa uma metáfora, a régua de
lesbos: os engenheiros atenienses usavam de um instrumento de medida para resolver
o problema do desnível da terra, de modo a facilitar a construção das casas, esse
material se adaptava a irregularidade dos terrenos e não comprometia os cálculos e a
construções ficavam solidas. Aristóteles se vale desse instrumento para análise da
situação, a justiça em abstrato não há defeito algum, só que muitas vezes aquelas
justiça em abstrata materializada na lei, que é aplicada no caso concreto pode causar
uma injustiça - é uma situação paradoxal, pois a justiça acaba gerando a injustiça.
Quando ele fala de equidade, tem-se um mecanismo que deve ser aplicado nos casos
concretos de modo a flexibilizar a lei para se manter a justiça, ou seja, ele vislumbra
uma dissociação entre o direito e a justiça, no sentido de que o direito materializado
na lei, em sendo aplicado de forma inflexível pode gerar injustiças.