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RUI ALBERTO

Consagrados
para evangelizar Propostas de catequese
com crianças
Consagrados paRA evangelizar

Propostas de catequese
com crianças
O binómio consagração e evangelização tem uma boa síntese no relato que Marcos faz da escolha dos
Doze (Mc 3, 13-19). É esse texto que queremos propor às crianças para uma catequese activa, onde categorias
de alguma sofisticação teológica podem ser captadas por crianças novas e pouco socializadas com estas
experiências mais profundas.

Experiência humana
O catequista convida as crianças a jogar ao “Macaquinho chinês”. Este jogo deve ser jogado num espaço amplo e sem
obstáculos.
Junto a uma parede fica uma criança (macaquinho chinês) de costas voltadas para as outras crianças que estão a
uma determinada distância alinhadas. A criança que está de costas voltadas diz: “Um, dois, três, macaquinho chinês!”,
depressa ou devagar, mas apenas se pode voltar quando terminar a frase. Enquanto esta criança fala, as outras
aproximam-se o mais possível, na tentativa de chegar à parede. As outras crianças apenas se poderão mexer enquanto
a frase é dita. Mal a criança se vire para as restantes têm de permanecer o mais estáticas possível. A ou as crianças que
forem vistas em movimento terão de voltar ao ponto de partida. Aquela criança que chegar primeiro à parede, sem ser
vista a mexer-se, diz “Macaquinho Chinês!” e ganha o jogo.
Depois de jogar durante algum tempo ou quando uma das crianças vence o jogo, o catequista reúne as crianças em
círculo, convida-as a acalmar e pergunta o que sentiram durante o jogo. O catequista vai procurando os contributos
de todos.
Ao fim de algum tempo, pede que lhe expliquem as regras. Se necessário, faz-se “difícil” à hora de perceber as regras
do jogo. O objectivo é que as próprias crianças verbalizem bem a tarefa do jogo: chegar à parede, fugindo ao olhar
de quem está a fazer de “macaquinho chinês”.
Quando, finalmente, o catequista se dá por esclarecido, diz: “Gostaria de vos recordar um episódio que se passou
com Jesus, que me lembra este jogo.”

Anúncio da Palavra
O catequista lê (ou convida um leitor) o texto de Marcos 3, 13-19.
Depois de escutarem a leitura, o catequista pede ao grupo que faça um resumo do que Marcos nos contou. De acordo
com a idade, o catequista pede que os catequizandos prestem atenção aos verbos usados.
Sempre em diálogo com as crianças, o catequista sublinha como parece haver dois movimentos. Um primeiro movi-
mento em direcção a Jesus: Jesus “chamou os que Ele queria e foram ter com Ele.” (v. 13b) e “para estarem com Ele”
(v. 14a); um segundo movimento afasta-se de Jesus e vai em missão, leva os amigos de Jesus a ir ter com as pessoas
que precisam de ajuda: “para os enviar a pregar” (v. 14b).
A seguir o catequista pergunta qual a diferença entre este episódio da vida de Jesus e o jogo do macaquinho chinês
que jogámos antes.
Consagrados paRA evangelizar

Se necessário, o catequista ajuda o grupo a reconhecer que:


No jogo que fizemos, o centro do jogo é o “macaquinho chinês” e no Evangelho o centro é Jesus;
No jogo, nós “lutamos” contra o macaquinho chinês; no evangelho Jesus chama-nos a todos.
No jogo, só nos aproximamos do macaquinho às escondidas; no evangelho é Jesus que nos chama;
No jogo somos afastados quando perdemos (quando somos vistos a mexer); no evangelho é Jesus mesmo
que nos envia em missão;
No jogo, quando chegamos perto do macaquinho, o jogo acaba; no evangelho, depois de estarmos com Jesus,
a acção continua.

Expressão de fé
O catequista coloca num dos lados da sala um poster representando o rosto de Jesus. Convida os elementos do
grupo a colocarem-se a uma certa distância. E diz: “Estamos agora como quando começámos a jogar ao macaquinho
chinês. Mas estamos também como os discípulos e amigos de Jesus no início do texto que lemos. Ele chama-nos
para irmos ter com Ele.” E, a seguir, pergunta: “Queres aproximar-te de Jesus?” É provável que a maior parte o deseje
fazer. Então, o catequista convida a avançar em direcção à imagem de Jesus devagarinho, sem fazer muito barulho.
De vez em quando, o catequista interrompe o movimento e pergunta a algum catequizando (ou ao grupo em geral)
porque é que querem ir ter com Jesus. Favorecer o diálogo sobre esta questão, deixando que eles dialoguem entre si
acerca das motivações para ir ter com Jesus.
Quando finalmente chegam todos junto a Jesus, o catequista pergunta, com voz calma: “O que é que nos acontece
quando estamos perto de Jesus?” Se necessário, o catequista deixa algumas questões para estímulo: “Ficas melhor
ou pior, quando estás perto de Jesus?”; “Sentes que Jesus gosta de ti e te ama?”
O catequista recorda: “Diz o evangelho que Jesus chamou os que Ele quis. Chamou-te a ti, porque quer ser teu amigo.
E chamou-te para estares com Ele. Ele gosta de estar ao pé de ti. E quando os apóstolos ficaram com Jesus sentiram-
-se mais fortes, mais alegres, mais generosos. É o mesmo que acontece connosco.”
Convida cada um a, em silêncio, numa oração, dizer a Jesus como é bom estar aqui, perto d’Ele. Depois de alguns
momentos de oração em silêncio, o catequista diz, em nome de todos. “Obrigado Jesus por nos teres chamado para
estar junto de Ti. Com o teu amor sentimo-nos melhores pessoas. Somos mais amáveis, sentimo-nos mais calmos.
É o teu amor que nos consagra e transforma.”
E o catequista acrescenta: “Quando o macaquinho chinês olhou para nós e nos apanhou a mexer, fomos castigados e
mandados para trás. Mas quando Jesus olhou para nós, foi isso que sucedeu?” Claro que não! O catequista continua.
“Jesus quer que os seus amigos levem a sua bondade a todas as pessoas que precisam de ajuda e de alegria.” E pede
ao grupo que identifique situações e pessoas que estão a precisar do evangelho de Jesus e da sua bondade. O catequista
terá o cuidado de procurar respostas “equilibradas” entre as situações mais “longínquas” de carência (os países pobres,
os povos em guerra…) com situações mais próximas das vivências e relações dos catequizandos (familiares doentes,
pais em conflito, amigos que sofrem por alguma razão…).
E o catequista acrescenta: “Cada um de nós, tal como os apóstolos foi enviado por Jesus a evangelizar, a levar a sua
boa notícia, o seu perdão, a sua bondade. Nós experimentámos como Jesus é bom; vamos partilhar essa bondade
com outros?”
Dialoga com as crianças sobre gestos concretos que podem fazer para levar o evangelho de Jesus aos outros.
No final, o catequista sugere um pequeno gesto: “Cada um toca com a mão na boca de Jesus; de algum modo, na tua
mão, vai um beijo, o amor de Jesus; ao chegar a casa, toca com a tua mão nas pessoas que vivem contigo e partilha
com elas o amor de Jesus.”
RUI ALBERTO

Consagrados
para evangelizar Propostas de catequese
com adolescentes/jovens
Consagrados paRA evangelizar

Propostas de catequese
com adolescentes/jovens
O binómio consagração e evangelização tem uma boa síntese no relato que Marcos faz da escolha dos Doze
(Mc 3, 13-19). Com os adolescentes, queremos ler esse texto na sua dimensão de Boa Nova, estando atentos
às tarefas de construção da identidade pessoal própria da idade. Para o sucesso desta catequese é importante
um clima de confiança dentro do grupo; o catequista tem um papel importante ao conduzir as actividades
e os “movimentos de coração” que são pedidos.

Material necessário a preparar


Cordas para atar os tornozelos de cada participante
Obstáculos para o caminho
Chocolate ou outro “prémio”
Bíblias ou cópias do texto de Mc 3, 13-19
Imagem de Jesus
Cópias da oração prevista na expressão de fé
Canção final sobre missão

Experiência humana
O catequista convida os participantes para um jogo de obstáculos. Coloca todo o grupo numa linha de partida e
indica uma meta onde todos devem chegar. Promete um bom prémio ao vencedor: chocolates ou algo não muito
caro, mas que seja apreciado e desejado pelos participantes.
No meio do percurso estão vários obstáculos: cadeiras, mesas… Depende da criatividade do catequista criar obstáculos
adequadamente difíceis para o grupo. Mas os participantes devem fazer o percurso com os dois tornozelos atados
um ao outro (o que obriga a dar pequenos passos e favorece os desequilíbrios) e com as mãos nos joelhos trocados
(mão direita no joelho esquerdo e vice-versa).
O papel do catequista durante o jogo é acicatar a competição, sempre no cumprimento das regras. Mesmo que haja
um vencedor, o catequista incentiva os outros a terminar o percurso.
Depois de todos terem feito o seu percurso, convida todos a sentarem-se, a desatar o fio que lhes atava os tornozelos,
a acalmar, e a dialogar sobre a experiência feita:
 As maiores dificuldades;
 O que sentiste durante o percurso;
 Como é que reagiste aos obstáculos;
 O que é que sentiste ao vencer o prémio (ou ao perder o prémio)…
O catequista agradece a generosidade de todos durante o jogo, elogia a partilha feita e diz: “Neste jogo, tivemos de
fazer um percurso, com umas metas e umas regras. Queria partilhar convosco um outro percurso em que Jesus e os
seus amigos estiveram envolvidos.”
Consagrados paRA evangelizar

Anúncio da Palavra
O catequista motiva a este momento de escuta da Palavra: “Este texto que vamos escutar é do Evangelho. Fala-nos
do que sucedeu com Jesus. E já sabemos que quando lemos o Evangelho também nós estamos lá metidos.”
O catequista convida um leitor a ler o texto de Marcos 3, 13-19. Seria bom que todos tivessem acesso ao texto nas suas
bíblias, em fotocópias ou projectado de alguma forma.
Depois de todos escutarem o texto, o catequista pede ao grupo que resuma e reconstitua o texto:
 Quais são os personagens? (Jesus, os Doze)
 O que fazem? (Jesus sobe ao monte; chama os 12…)
A seguir, o catequista pergunta ao grupo que identifique as semelhanças e diferenças entre este texto do Evangelho e
o jogo que fizeram antes. Este pedido pode parecer estranho a alguns catequizandos menos sensíveis aos elementos
simbólicos. Sem explicar nem dar respostas claras, o catequista estimula o grupo a fazer essa descoberta:
Semelhanças:
 Há um movimento para ir ter com Jesus e um movimento para a meta do jogo;
 Há algo a ganhar (o chocolate, a companhia de Jesus)
 Há vários em movimento (Os 12, nós)
Diferenças
 No evangelho há 2 movimentos (ir ter com Jesus; ir pregar o evangelho de Jesus)
 A nossa meta não tinha nada de especial; no evangelho a meta é Jesus
 No nosso jogo só um vencia; no evangelho, os 12 têm recompensa

Depois deste diálogo sobre o texto, o catequista convida cada um a colocar-se no lugar dos apóstolos e a tentar sentir
o que eles sentiam. “Tu és um destes 12 discípulos de Jesus. Já O conheces há algum tempo. Gostas dele, mas tens a
tua vida, os teus planos… Quando Jesus te chama, o que é que sentes? O que é que te motiva a ires ter com Ele?” Dar
espaço para pensar e, num clima sereno e sincero, partilhar as respostas.

Expressão de fé
O catequista convida agora a um exercício de imaginação. “Vamos, por um momento, deixar de lado os 12 apóstolos
que andaram com Jesus, há 2000 anos. Imagina que és tu a quem Jesus chama.”
O catequista coloca uma imagem bonita do rosto de Jesus, no mesmo local onde estava a meta do jogo inicial. Diz:
“Tu, assim como és, com as tuas qualidades e defeitos, com a tua amizade a Jesus e as tuas dúvidas, estás a uma certa
distância de Jesus.” E explica que cada um se deve colocar na sala a uma certa distância do quadro de Jesus. “Sente
que esse é o teu lugar. Esse lugar onde estás sentado é a tua vida neste momento.”
A seguir, convida a atar os tornozelos, tal como no jogo inicial. Convida cada um a pensar o que é que pode representar
esse fio que lhes ata e dificulta os movimentos. Com liberdade e num clima de profunda sinceridade, cada um pode
partilhar com o grupo as coisas, memórias, pessoas que atrofiam a sua identidade, o seu desejo de movimento e liberdade.
O catequista sugere a todos que se levantem e se ponham a caminho (com os tornozelos atados, tal como no jogo
inicial) em direcção a Jesus.
Ao fim de 15 ou 20 segundos, o catequista interrompe a actividade e comenta: “Isto não faz sentido. É verdade que
estas cordas que nos atam os tornozelos são reais. Há mesmo muitas coisas que não nos deixam crescer, que prendem
o melhor de nós mesmos. Mas, quando vamos ter com Jesus, estas cordas continuam na mesma?”
Consagrados paRA evangelizar

O alcance da pergunta pode não ser percebido por alguns dos catequizandos. Sem dar respostas pré-fabricadas, o
catequista ajuda o grupo a perceber que ao ser chamados por Jesus, somos transformados, libertados de tantas
coisas que nos atrofiam, que impedem o nosso eu verdadeiro.
E o catequista acrescenta: “Jesus quis chamar cada um dos Doze. Quis chamar cada um de nós. E chama-nos para
estar com Ele. Quando nos chama, muda-nos consagra-nos, solta-nos de tudo aquilo que atrofia a nossa vocação, o
nosso eu mais verdadeiro, que é a pessoa que Ele nos chama a ser. Queres ir ter com Jesus e deitar foras essas cordas?”
E ajuda os catequizandos a soltar as cordas que os prendiam. Deixam as cordas no lugar. E todos se aproximam da
imagem de Jesus.
Chegados perto da imagem de Jesus, o catequista convida a um momento de oração: “Jesus chamou-nos para estar-
mos com Ele. Ele gosta de estar contigo. E a nós também nos sabe bem estar perto d’Ele.” O catequista sugere que
cada um procure serenar, respirar com calma e sentir que está na presença de Jesus. Convida cada um a dar-se conta
que Jesus o ama e o consagra.
Entrega uma folha com estas frases (ou mostra-as escritas numa cartolina grande).

Eu desejava esperar por Ti, meu Deus


mas percebi que desde há muito Tu estavas à minha espera.

Eu desejava procurar-Te, meu Amigo


e vi que andavas à minha procura.

Eu pensava: “Até que enfim, encontrei Deus!”


Foi nessa altura que me senti encontrado por Ele.

Eu queria dizer a Deus que o amo muito


mas ouvi a sua voz a dizer-me: “Eu amo-te mais ainda!”

Eu tinha tantas coisas para Te dizer


mas entretanto percebi que Tu tens falado comigo de muitas maneiras.

Eu queria pedir-Te perdão, meu Deus,


mas descobri que Tu já me tinhas perdoado.

Cada um deve ler as frases em silêncio. Com liberdade, cada um pode ler em voz alta a frase que mais lhe chama a
atenção. Ao ler em voz alta, importa fazê-lo como uma oração e não como uma simples leitura.
O catequista recolhe os sentimentos de todos durante este momento de oração: “É bom estar aqui, com Jesus.
Sentimo-nos amados, transformados, curados, consagrados. Mas, como dissemos antes, no evangelho que ouvimos
há dois movimentos. Jesus chamou-nos para estar com Ele e para nos enviar.”
Convida a olhar para as cordas que foram deixadas lá atrás. “Aquelas cordas representavam tanto do que nós somos
ou éramos. Mas podem representar também as dores e tristezas dos nossos amigos, das pessoas da nossa família.
Podem ser as injustiças que oprimem tantos povos. Podem ser as vidas falsas de tanta gente aparentemente feliz e
bonita.” Pede que cada um nomeie situações de perda, de dor, que existem no mundo (mais próximo das suas vidas
ou do mundo em geral).
E o catequista continua: “Estamos aqui com Jesus. Sentimos que Ele nos faz bem. Há muito tempo, aos 12 apóstolos,
Ele chamou-os para os enviar a anunciar o Evangelho, com o poder de expulsar o mal. Faz silêncio em ti… Ouves a voz de
Jesus a dizer-te que conta contigo para ires ter com aquelas pessoas que ainda estão amarradas com aquelas cordas?
Ele envia-te em missão. A dar esperança e alegria. A dar amparo e consolo. Ele conta contigo. Queres dizer-lhe sim?”
O catequista dá uns momentos para a reflexão em silêncio.
Conclui-se com um canto animado que fale de missão, de serviço e de envio.

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