Você está na página 1de 97

:

C U R S O PA R A A P ROVA O B J E T I VA

DELTA-ES
--------------------------------------------------------------
RODADA 4

COMENTÁRIOS
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

DIREITO PENAL
PROF. CARLOS JÚNIOR

01 – QUESTÃO:

Quanto à teoria geral do crime, assinale a alternativa correta:

a) O denominado crime funcional próprio é aquele em que a ausência da condição de


funcionário público desclassifica a infração, tipificando-a em outro crime.
b) Assim como ocorre com o Direito Civil, há a possibilidade de compensação de culpas no
Direito Penal.
c) A superveniência de causa relativamente dependente exclui a imputação quando, por si
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
d) O Código Penal, em relação às teorias do dolo, adotou as teorias da vontade e da
representação.
e) Segundo a doutrina, ocorre a adequação típica de subordinação mediata ou indireta
quando necessitamos de dois ou mais dispositivos legais para o enquadramento típico do
fato.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 3. Teoria geral do crime. 3.1 Conceito, objeto, sujeitos, conduta, tipicidade,
culpabilidade. 4 - Teoria do tipo. 4.1 Crime doloso e crime culposo; 4.4 Classificação jurídica dos
crimes. 4.5 Crimes comissivos e omissivos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

Futuros Delegados!

Tratamos aqui de um assunto bastante cobrado em concursos: a classificação dos


crimes.

A assertiva trocou os conceitos de crime funcional próprio com crime funcional


impróprio, artifício bastante utilizado pelos examinadores para testar a atenção do candidato,
além, é claro, saber sobre as diversas classificações dos crimes.

No crime funcional PRÓPRIO, a condição de funcionário público é essencial para


configuração do delito, de forma que, sem ela, não há ocorrência de outro crime, como, por
exemplo, o que ocorre com o crime de prevaricação, tipificado no art. 319 do Código Penal.

2
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Por sua vez, no crime funcional IMPRÓPRIO, a ausência da condição de funcionário


público desclassifica o crime, como ocorre no crime de peculato-apropriação em que, ausente
a figura do funcionário público, o crime passa a ser o de apropriação indébita.

Dessa forma, a assertiva encontra-se INCORRETA ao trocar os conceitos.

Alternativa B: Este item é simples, porém, bastante cobrado em provas preambulares.


Diversamente do que ocorre no campo cível, na esfera penal NÃO é possível a compensação de
culpas. A parcela de culpa de um dos ofendidos não excluirá a parcela do outro, sendo, nesses
casos, ambos responsabilizados na medida da sua culpabilidade. Portanto, essa assertiva
encontra-se INCORRETA.

Alternativa C: O item em questão avalia o conhecimento da letra fria da lei e o


candidato deve estar bastante atento, uma vez que a banca examinadora, em suas últimas
provas, utilizou-se bastante da LEI SECA.

A assertiva encontra-se INCORRETA por tal situação ser, conforme o art. 13, § 1º do
Código Penal, causa relativamente INDEPENDENTE, e não dependente como afirma a questão.
Vejamos o que diz o parágrafo único do artigo 13 do Código Penal:

Art. 13. (...).


§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Portanto, item INCORRETO.

Alternativa D: Segundo a doutrina majoritária, algumas teorias conceituam o dolo, a


saber: teoria da vontade; teoria do assentimento ou consentimento e teoria da representação.
Em que pese haver outras teorias menos conhecidas, o candidato deve estar familiarizado,
principalmente, com essas teorias citadas.

Para a Teoria da Vontade, o dolo é a consciência e vontade dirigida ao ­­resultado. O


agente, para essa teoria, deve ter consciência e vontade tanto para a pratica da conduta, bem
como para a produção do resultado.

Para a Teoria do Assentimento ou Consentimento, só haverá dolo quando o agente


não só tem previsão do resultado, mas quando decide continuar com a conduta, assumindo o
risco de produzir tal resultado.

3
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Por fim, para a Teoria da representação, para haver dolo, basta a simples previsão do
resultado pelo agente.

Segundo doutrina majoritária, o Código Penal adotou as Teorias da Vontade e do


Assentimento. Dessa forma, a assertiva encontra-se INCORRETA.

Alternativa E: A alternativa está perfeita! É importante saber que há duas formas de


adequação típica: adequação típica de subordinação direta ou imediata e adequação típica de
subordinação indireta ou mediata.

A adequação típica de subordinação imediata ou direta ocorre quando há a


necessidade de um só dispositivo legal para o enquadramento do fato, como, por exemplo, o
que ocorre com o crime de homicídio simples consumado, que se enquadra diretamente ao art.
121, “caput” do Código Penal.

Por sua vez, a adequação típica de subordinação indireta ou mediata há a necessidade


de aplicação de mais de um dispositivo para o enquadramento do fato, utilizando-se, assim,
de normas de extensão, como ocorre com a tentativa de homicídio simples, em que ocorre a
cumulação do art. 121, “caput”, com o art. 14, II, ambos do Código Penal.

Dessa forma, o item encontra-se CORRETO, segundo o entendimento doutrinário


prevalecente.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

02 – QUESTÃO:

Com relação ao concurso de pessoas, marque a alternativa correta:

a) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até um terço, na hipótese de ter sido previsível o resultado
mais grave.
b) Segundo a doutrina majoritária, prevalece o entendimento de que há concursos de pessoas
nos casos de autoria mediata.
c) De acordo com o que dispõe o Código Penal, as circunstâncias subjetivas são sempre
comunicáveis, desde que sejam de conhecimento do outro agente.
d) Há incompatibilidade entre crime culposo e autoria mediata.
e) Nos casos de participação de menor importância, a pena poderá ser diminuída de um sexto
a dois terços.

- RESPOSTA: Alternativa D.

4
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- PONTO DO EDITAL: 7. Concurso de agentes: autoria e participação; conduta delituosa;


resultado; relação de causalidade; imputação.

- COMENTÁRIOS:

Vamos ao estudo do concurso de pessoas, que é bastante cobrado em concursos


policiais.

Alternativa A: A alternativa A trata da literalidade do art. 29, § 2°, do Código Penal.


Vejamos:

Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.               
§ 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave,
ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade,
na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

O item da questão afirma que no caso de o concorrente queira participar do crime


menos grave e tenha previsibilidade do resultado mais grave, deverá ter a pena do crime menos
grave aumentada de um terço, o que, segundo o dispositivo acima colacionado, está ERRADO,
uma vez que, nesses casos, a pena deverá ser aumentada até a METADE, segundo o dispositivo
acima colacionado. Dessa forma, a assertiva encontra- se INCORRETA.

Alternativa B: Inicialmente, é importante ressaltar que a autoria mediata ocorre


quando o autor mediato (sujeito de trás) se utiliza de uma pessoa (sujeito da frente), sem dolo
ou de forma não culpável, como instrumento para a execução do fato criminoso.

Segundo a doutrina, prevalece o entendimento que, embora haja pluralidade de


sujeitos, não há concurso de pessoas nos casos de autoria mediata, uma vez que aquele que
pratica o crime é mero instrumento da vontade do autor mediato, não preenchendo o requisito
do vínculo subjetivo entre os agentes, necessário para configuração do concurso de pessoas.
Dessa forma, o item encontra-se INCORRETO.

Alternativa C: Primeiramente, impende destacar que as elementares, sejam elas


objetivas ou subjetivas, e as circunstâncias OBJETIVAS, desde que todas estejam dentro da
esfera de conhecimento do outro agente, são sempre comunicáveis. Vejamos o que aduz o art.
30 do Código Penal:

Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter


pessoal, salvo quando elementares do crime.

5
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Em relação às circunstâncias subjetivas, independentemente de estarem dentro do


conhecimento do outro agente, nunca serão comunicáveis. Portanto, o item está INCORRETO.

Alternativa D: A alternativa está CORRETA, uma vez que, segundo entendimento


doutrinário, se o autor não quer a produção do resultado, é inconcebível se imaginar que ele se
utilize de um terceiro para produzir o que não pretende, logo, não é possível a autoria mediata
de crime culposo.

Alternativa E: Esse item é respondido apenas com a literalidade da lei, porém, é


importante ressaltar que nos casos de participação de menor importância a redução da pena é
aplicada apenas ao partícipe, haja vista que é incompatível com a conduta do autor, que realiza
o verbo típico ou possui o domínio do fato.

No que tange ao erro da assertiva, é importante ficar atento ao “quantum” de redução


da pena, que, nos casos de participação de menor importância, variará de um sexto(1/6) a um
terço(1/3). Vejamos o que dispõe o art. 29, §1°, do Código Penal:

Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço. 

Dessa forma, essa assertiva encontra-se INCORRETA.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

03 – QUESTÃO:

De acordo com os dispositivos da parte geral do Código Penal, analise as afirmativas abaixo,
classificando-as em verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a
sequência correta:
I - A multa consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entida-
de pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior
a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O va-
lor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se
coincidentes os beneficiários.
II - A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações
inferiores a seis meses de privação da liberdade.
III - O juiz somente poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade superior a 2 (dois) anos e desde que preenchidos o demais requisitos legais.
IV - Diferentemente do que ocorre com as agravantes, as atenuantes poderão ser reconheci-
das mesmo que não estejam expressamente previstas em lei.

6
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

a) F, F, V, V.
b) F, F, F, V.
c) V, V, F, V.
d) F, V, F, F.
e) V, V, F, V.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 8. Teoria geral da pena. 8.1 Cominação das penas. 8.2 Penas privativas
de liberdade. 8.3 Penas restritivas de direitos. 8.4 Regimes de pena. 8.5 Pena pecuniária. 8.6
Medidas de segurança. 8.7 Aplicação da pena. 8.8 Elementares e circunstâncias. 8.9 Causas de
aumento e de diminuição das penas. 8.10 Fins da pena. 8.11 Livramento condicional e suspensão
condicional da pena.

- COMENTÁRIOS:

Futuros Delegados, essa questão versa sobre a teoria geral da pena, assunto que vem
caindo em provas preambulares para concursos policiais, e a atenção a letra fria da lei é mais do
que importante para que o candidato consiga acertar a maioria das questões. Vejamos os itens:

Item I: O item em questão está FALSO por colocar a definição, segundo o Código
Penal, de multa, o que, na verdade, seria de prestação pecuniária, umas das espécies de penas
restritivas de direito. Vejamos o que dispõe o art. 45, § 1°, do Código Penal:

Art. 45. (...).


§ 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima,
a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação
social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário
mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O
valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação
de reparação civil, se coincidentes os beneficiários

Já a multa, além de ser uma pena autônoma, tem conceito próprio e valores distintos
da prestação pecuniária. Vejamos o que o Código Penal dispõe:

Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário


da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no
mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa.          

7
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Portanto, por haver a troca dos conceitos no item, o candidato deve assinalar o item
como FALSO.

Item II: Mais uma vez a literalidade da lei deve ser levada em consideração, pois as
prestações de serviços à comunidade só deverão ser aplicadas no casos de condenação com
penas SUPERIORES a seis meses de privação de liberdade, e não inferiores como aduz a questão.
Vejamos o artigo que disciplina essa situação:

Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas


é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da
liberdade.

Como o item trocou a palavra “SUPERIORES” por “INFERIORES”, o candidato também


deve assinalar esse item como FALSO.

Item III: Esse item também está errado, colegas.

Para a concessão de livramento condicional, há a necessidade de preenchimento


de alguns requisitos legais, entre eles está a condenação a pena privativa de liberdade não só
superior, mas também igual a dois anos. Vejamos:

Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a


pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
(...)

Dessa forma, como o item restringiu a concessão do livramento condicional somente


para os casos em que a pena seja superior a dois anos, não abrangendo aquelas situações em
que a pena é igual a esse patamar, o item deve ser assinalado, também, como FALSO.

Item IV: Colegas, esse item está perfeito!

Primeiramente, é importante destacar que o rol de agravantes é taxativo (“numerus


clausus”), uma vez que, segundo o princípio da legalidade penal, na sua vertente da anterioridade
penal e taxatividade, só poderá agravar a situação do réu aquilo que já estiver disposto em lei,
e em relação às agravantes, por serem prejudiciais ao agente, não poderia ser diferente, não
admitindo, assim, outras agravantes que não estejam previstas em lei.

Já em relação às atenuantes, segundo o que o próprio Código Penal dispõe, poderão


ser aplicadas independentemente se anterior ou posterior ao fato criminoso, bem como se há
a previsão em lei ou não. Isso é o que a doutrina denomina de atenuante inominada e tendo
como principal exemplo a coculpabilidade.

8
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Vejamos o artigo que disciplina essa situação:

Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância


relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
expressamente em lei. 

Portanto, esse item deve ser assinalado como VERDADEIRO.

Dessa forma, o aluno dever marcar o item que tem a seguinte sequência: F-F-F-V

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

04 – QUESTÃO:

Com base nos crimes contra a pessoa previstos na Parte Especial do Código Penal e no
entendimento jurisprudencial acerca do tema, analise as assertivas a seguir e assinale a
opção correta:

a) Segundo o STJ, é incompatível a qualificadora do motivo fútil com o homicídio praticado


com o dolo eventual.
b) Na hipótese de homicídio doloso, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária, o que a doutrina denomina de perdão judicial.
c) Há, atualmente, situações legais e entendimento jurisprudencial que permitem a
interrupção da gravidez. São os casos, por exemplo, da interrupção da gravidez do feto
anencéfalo e do denominado aborto humanitário, respectivamente.
d) No crime de perigo de contágio venéreo, a ação somente se procede mediante a
representação do ofendido.
e) No crime de redução a condição análoga de escravo, tipificado no art.149 do Código Penal,
o consentimento do ofendido descaracteriza o crime, uma vez que a liberdade humana é
bem disponível.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 10. 10.1 Crimes contra a pessoa.

- COMENTÁRIOS:

Colegas, vamos agora ao estudo de um assunto bastante cobrado em provas de


concursos policiais, o título do Código Penal referente aos crimes contra a pessoa.

9
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa A: Inicialmente, impende destacar que o homicídio qualificado por


motivo fútil ocorre quando a pratica do ato criminoso decorre de um motivo desproporcional,
insignificante, caso em que o agente executa o crime por mesquinharia, como, por exemplo,
aquele que mata outra pessoa pelo simples fato de ter levado um esbarrão em um festa.

Em relação à compatibilidade de homicídio qualificado por motivo fútil com o dolo


eventual, há entendimento de que são plenamente compatíveis, uma vez que são figuras diversas
em que uma funciona como elemento subjetivo do tipo, e a outra funciona como circunstancia
da ação nuclear de matar alguém tornando-a uma qualificadora do tipo penal, dessa forma, em
tese, são compatíveis e uma não irá excluir a outra. Esse entendimento é esposado pelo STJ,
vejamos:

A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível


com o homicídio praticado com dolo eventual? SIM. O fato de
o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte (dolo
eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado
por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou
indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta.
STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 13/06/2017.

Portanto, o item está INCORRETO ao afirmar que tais situações são incompatíveis.

Alternativa B: Essa assertiva é bastante cobrada em concursos e o candidato deve


estar atento, pois, em que pese a denominação desse tipo de situação esteja correta, qual seja,
perdão judicial, só haverá essa possibilidade nos crimes de homicídio CULPOSO, assim como
ocorre nos crimes de lesão corporal CULPOSA. Vejamos o teor dos artigos que disciplina essas
duas situações:

Art. 121. Matar alguém: (...)


§ 5ºNa hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: (...)


§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121          

10
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Dessa forma, como a assertiva fez referência ao crime de homicídio doloso, o item se
encontra INCORRETO.

Alternativa C: Mais uma assertiva com um importante entendimento pacificado pelos


Tribunais Superiores. A questão do feto anencéfalo já está pacificado quanto à inexistência de
crime, situação em que foram utilizados como argumentos a dignidade da gestante, a dignidade
da pessoa humana, entre outros, afim de que se reconhecesse a atipicidade material da conduta,
excluindo, assim, o crime de aborto. Vejamos o entendimento do STF:

É inconstitucional a interpretação segundo a qual a interrupção da


gravidez de feto anencéfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e
128, I e II, do CP.
A interrupção da gravidez de feto anencéfalo é atípica.
STF. Plenário. ADPF 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11 e
12/4/2012.

Em relação ao denominado aborto piedoso, humanitário ou sentimental, que é


aquele que ocorre em decorrência de estupro, com previsão legal no próprio Código Penal, é
importante destacar que, segundo a doutrina majoritária, para ocorrência da interrupção da
gravidez, não é necessário a existência autorização judicial, boletim de ocorrência, inquérito
policial ou ação penal em curso, bastando que haja consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal. Vejamos o que dispõe a lei:

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:  


I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal

Portanto, há realmente hipóteses legais (incisos I e II do artigo 128 do Código Penal),


como também hipótese jurisprudencial (atipicidade do crime de aborto nos casos de fetos
anencéfalos), porém, a questão erra ao relacionar a hipótese legal à interrupção da gravidez de
feto anecéfalo e o entendimento jurisprudencial à hipótese de aborto necessário, o que torna o
item INCORRETO.

Alternativa D: Colegas, esse é o item CORRETO, apesar de ser uma assertiva que
cobra a literalidade da lei, é importante saber, como forma de dica, que entre todos os crimes
disciplinados no Código Penal relacionados ao capítulo da periclitação da vida e da saúde, o crime
de perigo de contágio venéreo é o ÚNICO em que a ação se procede mediante representação do
ofendido. Vejamos o dispositivo que regulamenta a ação nesse crime:

11
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber
que está contaminado: (...)
§ 2º Somente se procede mediante representação

Portanto, item CORRETO.

Alternativa E: O crime previsto no artigo 149 do CP (redução à condição análoga de


escravo) tem como bem jurídico tutelado a liberdade individual. Segundo parcela da doutrina,
a liberdade individual é considerada um bem disponível, em que o consentimento do ofendido
descaracteriza o crime em estudo, como, por exemplo, ocorre com o crime de sequestro e
cárcere privado.

Porém, segundo a doutrina majoritária, no caso do crime de redução à condição


análoga à de escravo, a liberdade da vítima é inalienável, comovida pelo grau de submissão
(domínio) a que fica sujeito o “trabalhador”, de nada representando o seu consentimento.

Dessa forma, o item encontra-se INCORRETO.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

05 – QUESTÃO:

Em relação aos crimes contra a honra e o entendimento dos tribunais superiores em relação
ao tema, assinale a assertiva correta:

a) No crime de difamação, assim como ocorre com a calunia, a exceção da verdade é a regra
e a lei excepciona algumas situações em que não se pode ser utilizada.
b) A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de mensagem que
insinua que o seu marido tem uma relação extraconjugal com outro homem.
c) Cabe retratação nos casos de injúria e difamação
d) Difamação não pode ser praticada mediante a publicação de vídeo no qual o discurso da
vítima seja editado.
e) Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como infração penal, constitui
o crime de calúnia.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 10. Crimes. 10.1. Crimes contra a pessoa.

- COMENTÁRIOS:

12
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Futuros Delegados, vamos agora a um tema sobre crimes da Parte Especial do Código
Penal também bastante cobrado nas provas de delegados nos últimos anos, a saber: crimes
contra a honra.

Alternativa A: Colegas! A assertiva se equivoca ao afirmar que a exceção da verdade


é a regra nos casos de crimes de difamação, o que, segundo o próprio dispositivo legal que
disciplina tais situações, ela será permitida apenas nos casos em que o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício das suas funções. Vejamos o que dispõe o parágrafo
único do art. 139 do Código Penal:

Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:


(...)
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido
é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Portanto, item INCORRETO.



Alternativa B: Item corretíssimo, colegas!

A assertiva expõe justamente o entendimento atual do STF através do informativo


919, vejamos:

A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de


mensagem que insinua que o seu marido tem uma relação extraconjugal
com outro homem.
Se alguém alega que um indivíduo casado mantém relação homossexu-
al extraconjugal com outro homem, a esposa deste indivíduo tem legi-
timidade para ajuizar queixa-crime por injúria, alegando que também é
ofendida. STF. 1ª Turma. Pet 7417 AgR/DF, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac.
Min. Marco Aurélio, julgado em 9/10/2018 (Info 919).

Importante destacar que esse caso da questão é enquadrado naquilo em que a


doutrina denomina de injúria reflexa ou reflexiva, que é aquela que se reflete em pessoa diversa
da que é ofendida. Dessa forma, como a esposa também fora ofendida, terá ela a legitimidade
para propor a ação penal.

Dessa forma, item CORRETO.

Alternativa C: Inicialmente, é importante destacar que retratar significa “desdizer”


sobre algo que fora afirmado, anteriormente, sobre algum fato, retirando do mundo o que
afirmou, demonstrando sincero arrependimento.

13
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Sendo assim, por lógica e por questão literal do dispositivo legal, a retração só
caberá em casos de difamação e calúnia, uma vez que ambas são relacionadas a fatos, e não a
características do ofendido, como ocorre na injúria. Vejamos o art. 143 do Código Penal:

Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da


calúnia ou da difamação, fica isento de pena

Portanto, o item encontra-se equivocado ao afirmar que é possível a retração nos


casos de injúria. Item INCORRETO.

Alternativa D: A assertiva expõe justamente o entendimento contrário do Supremo


Tribunal Federal exposto no informativo 876. Vejamos:

Configura, em tese, difamação a conduta do agente que publica vídeo de


um discurso no qual a frase completa do orador é editada, transmitindo
a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres.
A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e,
quando feita com o objetivo de difamar a honra de uma pessoa, configura
dolo da prática criminosa.
Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda que praticada por
Deputado Federal, não estará protegida pela imunidade parlamentar.
STF. 1ª Turma. Pet 5705/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/9/2017 (Info
876).

Dessa forma, é sim possível a ocorrência do crime de difamação nos casos em que um
vídeo é editado para que possa transmitir a ideia falsa relacionado a pessoas ou fatos. Portanto,
item INCORRETO.

Alternativa E: Assertiva está INCORRETA, uma vez que afirma que o crime calúnia
ocorre quando é imputado falsamente a alguém a pratica de fato definido como infração penal,
o que, na verdade, segundo o disposto no Código Penal, o fato deve ser definido como CRIME.
Vejamos o que diz o art. 138 do Código Penal:

Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como


crime:

Portanto, como infração penal é gênero do qual crime é uma espécie, e segundo o
princípio da legalidade penal, o item encontra-se INCORRETO.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

14
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

06 – QUESTÃO:

Em relação aos crimes constantes no título dos crimes contra o patrimônio do Código Penal,
analise as afirmativas abaixo, classificando-as em verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assi-
nale a opção que contenha a sequência correta:

I - O filho que furta do pai, com idade de 63 anos, um valor de R$ 10.000,00 para pagar uma
dívida com um conhecido traficante do bairro em que ambos moram, está, de acordo com as
disposições gerais relacionadas aos crimes contra o patrimônio, isento de pena.
II - Segundo a doutrina majoritária e atual entendimento dos tribunais superiores, tanto no
crime de furto quanto no crime de roubo, a teoria adotada para a consumação do crime é
a Teoria da Amotio, que aduz que a consumação dá-se com o deslocamento da coisa de um
lugar para outro.
III - A principal característica para diferenciar o crime de roubo, tipificado no art. 157, do cri-
me de extorsão, tipificado no art. 158, ambos do Código Penal, é a colaboração da vítima, que
é dispensável no roubo, mas indispensável na extorsão.
IV - No crime de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia, a ação penal
será sempre de iniciativa privada.

a) V, F, F, V.
b) F, F, V, V.
c) F, F, V, F.
d) V, F, V, F.
e) F, V, F, F

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 10. Crimes. 10.2 Crimes contra o patrimônio.

- COMENTÁRIOS:

Colegas!

Abordamos, agora, o título de crimes contra o patrimônio.

Item I: Inicialmente, é importante destacar que a assertiva cuida das denominadas


escusas absolutórias disciplinas no art. 181 do Código Penal, e, nesses casos, o candidato deve
estar atento também às causas que excluem a aplicação das escusas absolutórias, causas essas
que estão arroladas no art. 183 do Código Penal. Vejamos os dois artigos:

15
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos
neste título, em prejuízo:                       
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou
ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja em-
prego de grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a
60 (sessenta) anos. 

Analisando os artigos acima verificamos que por mais que o crime de furto seja
praticado contra o ascendente, que no caso da questão ocorre contra o pai, o filho não será
beneficiado pela isenção de pena, uma vez que o genitor possuía idade superior a 60 anos de
idade à época do crime, segundo o disposto no art. 183, III, do Código Penal. Portanto, item
FALSO.

Item II: FALSA a assertiva.

A assertiva está errada somente na parte em que conceitua a Teoria da Amotio, uma
vez que o conceito dado pelo item é da Teoria da Ablatio.

Vale destacar que quatro teorias explicam o momento consumativo dos crimes de
furto e de roubo, quais sejam: Teoria da Concrectatio, Teoria da Amotio ou Apprehensio, Teoria
da Ablatio e Teoria da Ilatio.

Para a Teoria da Concrectatio, o crime se consuma pelo simples contato entre o


agente e a coisa (dispensa-se o deslocamento).

Para a Teoria da Ablatio, o crime se consuma com o deslocamento da coisa de um


lugar para o outro.

Para a Teoria da Ilatio, a coisa deve ser levada ao local desejado pelo agente para ser
mantida a salvo.

Por fim, para a Teoria da Amotio ou Apprehensio, a consumação dá-se quando a


coisa subtraída passar para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo,
independentemente do deslocamento ou posse mansa e pacífica. Essa teoria é adotada,
atualmente, tanto pelo STF quanto pelo STJ.

16
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Dessa forma, o item deve ser assinalado como FALSO.

Item III: Para a doutrina majoritária, há características bem delineadas que fazem
a distinção entre os crimes de roubo e de extorsão, quais sejam, no crime de roubo, o agente
subtrai o bem, já no crime de extorsão, o agente faz com que seja lhe entregue o bem; no crime de
roubo, a vantagem buscada é imediata, no crime de extorsão, a vantagem pretendida é mediata;
por fim, no crime de roubo, a colaboração da vítima não se faz necessária para que ocorra o
crime, já no crime de extorsão, a colaboração da vítima é imprescindível para a ocorrência do
crime.

Portanto, a corporificação/colaboração da vítima é sim um fator importante para


distinção entre esses dois crimes. Dessa forma, o item deve ser assinalado como VERDADEIRO.

Item IV: O delito de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia,


tipificado no art. 164 do Código Penal, tem como característica a ação penal ser de iniciativa
privada, segundo o disposto no art. 167 do CP. Vejamos os artigos citados:

Art. 164. Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem


consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo;

Art. 167. Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art.
164, somente se procede mediante queixa.

Portanto, item VERDADEIRO.

Desse modo, a sequência a ser marcada é F-F-V-V.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

07 – QUESTÃO:

Com base na Lei 9.455/1997 (Crimes de tortura) e o entendimento jurisprudencial acerca do


tema, analise as assertivas que se seguem e assinale a opção correta:

a) O denominado crime de tortura-castigo, previsto no art. 1º, II, da Lei 9.455/1997, é


considerado como crime próprio.
b) A condenação pela pratica do crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo do prazo de oito anos, a contar do
término do cumprimento da pena.
c) No caso de crime de tortura praticado por agente público, aumenta-se a pena de um sexto
até a metade.

17
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

d) No Brasil, o crime de tortura é considerado como crime próprio, só podendo ser praticado
por quem tem a guarda, o poder ou autoridade sobre alguém.
e) A Lei 9.455/1997 (Crimes de Tortura) disciplina várias formas de tortura. No entanto, há um
fator em comum entre elas, qual seja, a presença do emprego da violência e grave ameaça,
como elementar do tipo, em todas as formas de tortura disciplinas.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 10.22 - Crimes de Tortura (Lei nº 9.455/1997 e suas alterações).

- COMENTÁRIOS:

Futuros Delegados, agora vamos ao estudo de uma importante Lei Penal Extravagante
que vem sendo cobrada em todos os concursos policiais, sendo, portanto, muito importante
ficar atento a todos o detalhe dessa lei.

Alternativa A: Colegas!

Inicialmente, destacamos que as diversas formas de tortura disciplinadas pela lei


possui, conforme a doutrina, algumas denominações, como, por exemplo, tortura-confissão,
tortura-castigo, tortura- custódia, entre outras denominações.

Em relação a assertiva, verifica-se a ocorrência do crime de tortura-castigo, segundo


o disposto no art. 1°, II, da Lei de Tortura, quando o agente submete alguém, sob sua guarda,
poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Segundo a doutrina e entendimento do STJ no informativo 633, esse crime


é considerado crime próprio, uma vez que só quem tem a a guarda, poder ou autoridade
poderá praticar esse delito. Vejamos a ementa do Informativo:

Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da
Lei nº 9.455/97) aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder
ou autoridade (crime próprio). STJ. 6ª Turma. REsp 1738264-DF, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/08/2018 (Info 633).

Desse modo, o item encontra-se em consonância com o entendimento jurisprudencial


e o candidato deve assinalá-lo como CORRETO.

Alternativa B: A assertiva tenta confundir o candidato ao colocar o prazo de interdi-


ção disciplinado na Lei 12.850/2013, que assim dispõe:

18
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Art. 1º. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a


investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. (...)
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário
público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a
interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8
(oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

Porém, segundo o art. 1º, § 5º, da Lei de 9.455/1997, o prazo de interdição será o
dobro do prazo da pena aplicada. Vejamos:

Art. 1º Constitui crime de tortura: (...)


§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena
aplicada.

Portanto, item INCORRETO.

Importante destacar que nesses dois casos a perda do cargo não dependerá de
motivação expressa na sentença, ou seja, esse efeito é automático.

Alternativa C: Assertiva INCORRETA.

O candidato tem de prestar bem atenção no “quantum” do aumento de pena


disciplinado na Lei de Tortura. Vejamos o que dispõe o art. 1°, § 4°, a referida lei:

Art. 1º. (...).


§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;

Dessa forma, nos casos de crime de tortura praticado por agente público, a pena
deve ser aumentada de um sexto até um terço, e não com afirma a assertiva. Portanto, item
INCORRETO.

Alternativa D: Em que pese o item A ter trazido um hipótese de crime próprio disci-
plinado na Lei de Tortura, no Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países, o delito de
tortura, salvo as exceções legais, é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa,
não se exigindo a condição especial de funcionário público para configuração do crime.

Dessa forma, item INCORRETO.

19
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa E: Colegas, item muito interessante que pode levar o candidato a incorrer
em erro. Em que pese a maioria dos tipos de tortura haver a presença de violência ou grave
ameaça como elementar do tipo penal, no crime de tortura-custódia, disciplinado no art. 1º, §
1°, da Lei 9.455/97, para a configuração do delito, não há a necessidade de emprego de violência
ou grave ameaça como elementar do tipo, bastando que haja a pratica de ato não previsto em lei
ou não resultante de medida legal em face da pessoa que esteja presa ou submetida a medida
de segurança. Vejamos o que dispõe a lei:

Art. 1º. Constitui crime de tortura: (...)


§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal

Dessa forma, clara a redação do dispositivo legal, não deixando dúvidas acerca do
equívoco do item por existir situação de tortura em que não há, como elementar do tipo, o
emprego de violência ou grave ameaça. Desse modo, item INCORRETO.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

08 – QUESTÃO:

De acordo com a Legislação Penal Extravagante e o entendimento dos tribunais superiores,


indique a opção correta:

a) Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de orientação sexual é crime


tipificado na Lei 7.716/1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor).
b) Nos termos da Lei n. 4.898/65 (Lei do Abuso de Autoridade), o agente que for condenado
pela pratica do delito poderá ter como sanção penal a suspensão do cargo, função ou posto
por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens.
c) Em relação à Lei nº 9.296/1996 (Lei de Interceptação Telefônica), deferido o pedido de
interceptação telefônica, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação,
sem obrigação de dar ciência ao Ministério Público.
d) Nos termos da Lei n. 13.146/15 (Estatuto da Pessoa Com Deficiência), comete crime
aquele que praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência.
Segundo o referido estatuto, na situação acima, quando a vítima se encontrar sob cuidado e
responsabilidade do agente, aumenta-se a pena em um terço.
e) Em relação aos crimes de trânsito, aquele que entrega a direção de veículo automotor a
pessoa que não seja habilitada, só cometerá o crime caso ocorra lesão ou perigo de dano na
condução do veículo, pois o referido crime é considerado como crime de perigo concreto.

- RESPOSTA: Alternativa D.

20
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- PONTO DO EDITAL: 10. Crimes. 10.21 - Lei nº 7.716/1989 e suas alterações (Crimes resultantes
de preconceitos de raça ou de cor). 10.16 - Lei nº 9.503/1997 (Crimes no Código de Trânsito
Brasileiro) 11 - Lei nº 4.898/1965 e suas alterações (Direito de representação e processo de
responsabilidade administrativa, civil e penal nos casos de abuso de autoridade) 17 - Lei nº
9.296/1996 (Interceptação telefônica). 23- Lei nº 13.146/2015 e suas alterações (Crimes previstos
no Estatuto da Pessoa com Deficiência).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Colegas!

Em que pese a Lei nº 7.716/1989, em seu artigo 20, prever diversas formas de condutas
criminosas, a discriminação por motivo de orientação sexual não está tipificada na referida lei.
Vejamos:
 
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Dessa forma, em razão de não existir tipificação para essa situação em comento e
segundo o princípio da legalidade penal, a situação em análise não é considera como crime.
Portanto, item INCORRETO.

Alternativa B: Assertiva que exige bastante atenção do candidato, pois o item está
correto em partes, uma vez que há na Lei 4898/195, que disciplina o direito de representação e
processo de responsabilidade administrativa, civil e penal nos casos de abuso de autoridade, a
mencionada sanção, presente no art. 6°, § 1°, “c”, porém, diversamente do que afirma a assertiva,
a sanção possui natureza administrativa. Vejamos:

Art. 6º. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção


administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do
abuso cometido e consistirá em: (...)
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e
oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;

Desse modo, por trocar a natureza da sanção, o item encontra-se INCORRETO.

Alternativa C: Colegas!

Grande parte das provas de concursos que abordam Legislação Penal Extravagante
exploram bastante a literalidade do texto legal e suas nuances. Dessa forma, é bastante

21
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

interessante para o candidato a leitura atenta dos dispositivos legais mais cobrados. A Lei nº
9.296/96 é de extrema relevância nos estudos voltados ao cargo de Delegado de Polícia.

Em relação ao que aduz a assertiva, vislumbramos a falta de correspondência entre a


leitura do artigo 6º da referida lei e o texto apresentado pelo item, uma vez que há a necessidade
de que a autoridade policial cientifique o Ministério Público a respeito dos procedimentos de
interceptação, o que não é obrigatório é que o membro do Ministério Público acompanhe a
realização dos procedimentos. Vejamos:

Art. 6°. Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os


procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público,
que poderá acompanhar a sua realização.

Portanto, trata-se de alternativa INCORRETA.

Alternativa D: Assertiva CORRETA.

Previsão literal do art.88 da Lei 13.146/2015 cumulado com o § 1° do mesmo artigo.


Vejamos:

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de


sua deficiência: (...)
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima encontrar-se sob
cuidado e responsabilidade do agente.

Dessa forma, como o item aduz justamente o que está na lei, assertiva encontra-se
CORRETA.

Alternativa E: A assertiva trata de crime tipificado no art. 310 da Lei 9.503, 1997
(Código de Trânsito Brasileiro), que, com o entendimento da jurisprudência, inclusive com a
Súmula 575 do STJ, bem como para doutrina, para consumação do delito, não é necessário que
a pessoa efetivamente dirija o veículo, bastando, portanto, a conduta do agente. Vejamos o art.
310 e sumula 575 do STJ:

Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor


a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de
dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com
segurança;
e

22
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Súmula 575 do STJ:  Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou


entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada,
ou que se encontre em qualquer das situações previstas no art. 310 do
CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano
concreto na condução do veículo.

Desse modo, tendo em vista que não é necessário a prova do efetivo perigo gerado à
segurança viária, o delito em comento é considerado como crime de perigo abstrato. Portanto,
assertiva INCORRETA.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

23
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

DIREITO PROCESSUAL PENAL


PROF. ANDRÉ BATISTA

09 – QUESTÃO:

Com o advento da Lei dos juizados especiais criminais (Lei 9.099/95) a tradicional jurisdição
de conflito, que demanda a instauração de um processo contencioso, colocando de lado
opostos acusação e defesa, cujo objetivo precípuo é, em regra, a imposição de uma pena
privativa de liberdade, cede espaço para uma jurisdição de consenso, na qual se busca um
acordo entre as partes, a reparação voluntária dos danos sofridos pela vítima e a aplicação
de pena não privativa de liberdade, procurando-se evitar, o quanto possível, a instauração
de um processo criminal. Como desdobramento dessa jurisdição de consenso a Lei 9.099/95
introduziu algumas medidas despenalizadoras em nosso ordenamento, das assertivas abaixo
marque a opção correta que descreve uma dessas medidas:

a) Ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente


encaminhado ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se importará
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
b) Composição dos danos civis: acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação,
com a consequente excludente de tipicidade.
c) Transação penal: permite o imediato cumprimento de pena privativa de liberdade, pena
restritiva de direitos ou multa, evitando-se a instauração do processo.
d) Representação nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas: o não oferecimento
da representação dentro do prazo de 6 (seis) meses a contar do conhecimento da autoria
acarreta a decadência e a consequente extinção da punibilidade.
e) Suspensão condicional do processo: recebida a denúncia, pode o juiz determinar a
suspensão do processo, submetendo o acusado a um período de prova, sob a obrigação de
cumprir certas condições. Findo este período de prova sem revogação, o juiz declarará a
conduta atípica.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 16) Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (Juizados especiais criminais).

- COMENTÁRIOS:

Inicialmente, iremos nos valer dos ensinamentos do mestre Luiz Flávio Gomes para
diferenciar os conceitos de despenalizar de descriminalizar:

“Segundo a doutrina, despenalizar significa adotar processos ou


medidas substitutivas ou alternativas, de natureza penal ou processual,

24
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

que visam, sem rejeitar o caráter ilícito da conduta, dificultar ou evitar


ou restringir a aplicação da pena de prisão ou sua execução ou, ainda,
menos, sua redução. Descriminalizar, por outro lado, significa retirar o
caráter de ilícito ou de ilícito penal do fato. Existem duas vias pelas quais
é possível dar-se a descriminalização: via legislativa ou via judicial.
A primeira implica uma decisão do legislador de retirar do âmbito do
proibido determinada conduta, com isso ampliando âmbito de liberdade.
Quando uma lei faz desaparecer a natureza de ilícito de um determinado
fato falamos em abolitio criminis. Pela via judicial ou interpretativa, o
aplicador da lei restringe o âmbito do proibido valendo-se dos princípios
limitadores do ius puniendi estatal (v.g., princípio da insignificância)”
(GOMES, Luiz Flávio. Suspensão condicional do processo 2ª ed. São
Paulo: Editora Revisa dos Tribunais, 1997. p. 103).

Para além do conceito de medida despenalizadora, que é diverso de medida


descarcerizadora, a presente questão exigiu do candidato a ciência da letra fria da Lei dos
Juizados Especiais. No intuito de ajudar na fixação do conteúdo iremos transcrever os artigos
exigidos na presente questão, dando destaque aos trechos que geralmente são objeto de
questionamento nas provas de concurso público.

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,


homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de
ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado
acarreta a RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA OU REPRESENTAÇÃO.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal


pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de PENA RESTRITIVA DE
DIREITOS ou MULTAS, a ser especificada na proposta. (...)

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial,


dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for IGUAL OU
INFERIOR A UM ANO, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público,
ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por
DOIS A QUATRO ANOS, desde que o acusado não esteja sendo processado
ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais

25
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do


Código Penal). (...)
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier
a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado,
a reparação do dano. (...)
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará EXTINTA A
PUNIBILIDADE.
§ 6º NÃO correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, O
PROCESSO PROSSEGUIRÁ EM SEUS ULTERIORES TERMOS.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência


lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso
de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima. (MEDIDA DESCARCERIZADORA)

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

10 – QUESTÃO:

Tendo como referência a Lei n.º 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) e a
jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores, assinale a opção correta:

a) A apelação será interposta no prazo de quinze dias, contados da ciência da sentença pelo
Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e
o pedido do recorrente.
b) Segundo a jurisprudência do STF, admite-se a suspensão condicional do processo por
crime continuado, mesmo quando a soma da pena mínima da infração mais grave com o
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
c) Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá
ser julgada por turma composta de dois juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição,
reunidos na sede do Juizado.
d) Segundo jurisprudência do STJ, o benefício da suspensão do processo é aplicável em
relação às infrações penais cometidas em concurso material ou concurso formal, ainda que
a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapasse
o limite de um ano.

26
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

e) Em se tratando de processo penal que tramita em juizado especial criminal, a proposta


de suspensão condicional do processo antes do oferecimento da resposta à acusação não
enseja a nulidade do processo.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 16) Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (Juizados especiais criminais).

- COMENTÁRIOS:

A presente questão exigiu do candidato o conhecimento da letra fria da Lei dos


Juizados especiais criminais, bem como a jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores.
Assim no intuito de ajudar na sua preparação iremos transcrever os dispositivos legais exigidos
e, também a ementa dos julgados cobrados.

Alternativa A:

Art. 82. (...).


§ 1º A apelação será interposta no prazo de DEZ dias, contados da ciência
da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

Alternativa B:

Súmula 723 do STF - Não se admite a suspensão condicional do processo


por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave
com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.

Alternativa C:

Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença


caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de TRÊS
JUÍZES em exercício no PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO, reunidos na
sede do Juizado.

Alternativa D:

Súmula 243 do STJ - O benefício da suspensão do processo não é apli-


cável em relação às infrações penais cometidas em concurso material,
concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima comi-
nada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapas-
sar o limite de um (01) ano.

27
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa E:

Segundo o STJ, (RHC80.863/PR): “Em razão disso, não há falar em nulidade, por
eventual violação ao contraditório, em virtude da apresentação da resposta à acusação após
o recebimento da denúncia e após a audiência na qual não aceitou a defesa a proposta de
suspensão condicional do processo.”.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

11 – QUESTÃO:

Tendo como referência a Lei n.º 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) e a
jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores, assinale a opção correta:

a) Para a concessão da suspensão condicional do processo, é necessário, além do


preenchimento dos requisitos objetivos, o atendimento às exigências de ordem subjetiva do
acusado.
b) Presentes os pressupostos legais para a suspensão condicional do processo, havendo
recusa do promotor natural em propor o benefício, este poderá ser oferecido pelo juiz, de
ofício.
c) Para a suspensão condicional do processo, além das condições legalmente obrigatórias,
o juiz não poderá fixar quaisquer outras condições, pois todas estas serão consideradas
ilegítimas.
d) Em crimes abrangidos pelas Leis do Juizado Especial Criminal (Lei n. 9.099/95) não é
possível oferecer denúncia provando-se a materialidade do crime por meio do prontuário
médico.
e) Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus
contra decisão de Turma Recursal de Juizado Especial Criminal.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 16) Lei nº 9.099/1995 e suas alterações (Juizados especiais criminais).

- COMENTÁRIOS:

A presente questão exigiu do candidato o conhecimento da letra fria da Lei dos


Juizados especiais criminais, bem como a jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores.
Assim no intuito de ajudar na sua preparação iremos transcrever os dispositivos legais exigidos
e, também a ementa dos julgados cobrados.

28
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa A:

Nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95, nos crimes em que a pena mínima cominada
for IGUAL OU INFERIOR A UM ANO, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado OU não tenha sido condenado por outro crime
(REQUISITOS OBJETIVOS), presentes os demais requisitos (REQUISITOS SUBJETIVOS) que
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

ATENÇÃO: A aplicação do benefício não é direito subjetivo do acusado.

Alternativa B:

A legitimidade para oferecer a suspensão condicional do processo é do Ministério


Público, o titular exclusivo da ação penal, observados todos os requisitos objetivos e subjetivos
legais, cabendo decidir sobre a conveniência de apresentar ou não a proposta da suspensão
condicional do processo, a doutrina, no entanto não admite que o juiz possa conceder, de ofício
ou a requerimento do acusado, a suspensão condicional do processo.

Súmula 696 do STJ - Reunidos os pressupostos legais permissivos da


suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de
justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-
Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Alternativa C:

Nos termos do artigo 89, parágrafo segundo, da Lei 9.099, o Juiz poderá especificar
outras condições a que fica subordinada a suspensão, DESDE QUE adequadas ao fato e à
situação pessoal do acusado.

Alternativa D:

Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não
especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade dos fatos
alegados pelas partes.

ATENÇÃO: há previsão similar na Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) Art.12, §3º - Serão
admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e
postos de saúde.

29
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa E:

Cuidado! A alternativa exige do candidato o conhecimento atualizado das súmulas


dos Tribunais Superiores!

No caso em tela o enunciado repete o enunciado 690 da súmula do STF. Contudo,


“ressalto que a Súmula 690/STF não mais prevalece a partir do julgamento pelo Pleno do HC
86.834/SP, relatado pelo Rel. Ministro Marco Aurélio (DJ 9.3.2007), no qual foi consolidado o
entendimento de que compete ao TRIBUNAL DE JUSTIÇA ou ao TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL,
conforme o caso, julgar habeas corpus impetrado contra ato praticado por integrantes de
Turmas Recursais de Juizado Especial” (STF. 2ª Turma. ARE 676.275 AgR, rel. Min. Gilmar Mendes,
j. 12.06.2012).

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

12 – QUESTÃO:

No que tange a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) e a jurisprudência dominante dos Tribunais
Superiores, assinale a opção correta:

a) Cabe apenas ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos
direitos enunciados na Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).
b) O juiz poderá determinar o afastamento da mulher em situação de violência doméstica do
seu lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos.
c) O juiz poderá conceder medida protetiva somente se houver pedido expresso da ofendida
nesse sentido.
d) O delito de descumprimento de medida protetiva de urgência, previsto no artigo 24-A
da Lei 11.340/06, constitui crime cuja caracterização será afastada se tiver sido prevista a
aplicação de multa na decisão que tiver determinado a medida protetiva.
e) Na hipótese de prisão em flagrante, a autoridade policial poderá conceder fiança.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 10.3 Lei nº Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 11.340/06).

- COMENTÁRIOS:

A presente questão exigiu do candidato o conhecimento da letra fria da Lei 11.340/06


(Maria da Penha). No intuito de contribuir para a sua fixação iremos transcrever o referido artigo
destacando as partes que geralmente são objeto de questão nos concursos públicos.

30
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa A:

Art. 3º. (...).


§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições
necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.

Alternativa B:

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras


medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou
comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao
respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da OFENDIDA do lar, sem prejuízo dos
direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

Alternativa C:

Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo


juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas
de imediato, INDEPENDENTEMENTE de audiência das partes e de
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente
comunicado.
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou
cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por
outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
forem ameaçados ou violados.

Alternativas D e E:

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de


urgência previstas nesta Lei:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime INDEPENDE da competência civil OU
criminal do juiz que deferiu as medidas.
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, APENAS A AUTORIDADE JUDICIAL
poderá conceder fiança.
§ 3º O disposto neste artigo NÃO exclui a aplicação de outras sanções
cabíveis.

31
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

13 – QUESTÃO:

No que tange a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) e a jurisprudência dominante dos Tribunais
Superiores, assinale a opção correta:

a) Nos termos da Lei n. 11.340/96 (Lei Maria da Penha), as medidas protetivas de urgência que
obrigam o agressor, dada sua natureza cautelar, têm validade de 6 (seis) meses, podendo ser
prorrogada a pedido da vítima, seu defensor ou do Ministério Público enquanto perdurar o
processo.
b) No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar a autoridade
policial deverá fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local
seguro, quando houver risco de vida.
c) No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar a autoridade
policial deverá encaminhar a ofendida à autoridade judicial para que preste depoimento e
seja instaurado o processo criminal.
d) É possível a aplicação de prestação de serviços a entidades públicas, bem como a limitação
temporária de direitos ao autor de crime, com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico, contra a mulher.
e) Nos termos da Súmula 542 do STJ a natureza da ação penal no crime de ameaça praticado
em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher é pública incondicionada.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 10.3 Lei nº Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Lei nº 11.340/06).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

A Lei nº 11.340/06 não prevê prazo de validade para as medidas protetivas de urgência
que obrigam o agressor. Além disso, o artigo 24-A à Lei Maria da Penha, segundo o qual é crime,
punível com detenção de 3 meses a 2 anos, descumprir decisão judicial que defere medidas
protetivas de urgência, também nada diz quanto ao período de validade da medida.

Alternativas B e C:

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e


familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de

32
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;


II - ENCAMINHAR A OFENDIDA AO HOSPITAL OU POSTO DE SAÚDE E AO
INSTITUTO MÉDICO LEGAL;
III - FORNECER TRANSPORTE para a ofendida e seus dependentes para
abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
IV - SE NECESSÁRIO, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada
de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços
disponíveis.

Alternativa D:

Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra


a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico
impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017.

Alternativa E:

ATENÇÃO a Súmula 542 do STJ apenas se aplica aos crimes de lesão corporal:

Súmula 542 do STJ – A ação penal relativa ao crime de lesão corporal


resultante de violência doméstica contra a mulher é pública
incondicionada.

No demais crimes, a ação penal aplicável é a disposta no CP. Tratando-se do crime de


ameaça:

Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer


outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave. (...)
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

33
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

14 – QUESTÃO:

À luz dos meios de prova no processo penal, legislação extravagante e entendimento dos
Tribunais Superiores, assinale a opção correta:

a) O reconhecimento pessoal de acusado realizado sem a observância das formalidades


previstas no CPP é nulo.
b) A interceptação da comunicação telefônica poderá ser realizada de ofício pela autoridade
policial desde que o IP tenha como objetivo investigar crime hediondo, organização criminosa
ou tráfico ilícito de entorpecentes.
c) O acesso a conversas armazenadas em aplicativo de mensagens existente em telefone celular
de pessoa presa em flagrante pode ser feita pela autoridade policial independentemente de
autorização judicial.
d) Constitui contravenção penal realizar interceptação de comunicações telefônicas sem
autorização judicial.
e) O pedido de interceptação telefônica poderá ser feito tanto por escrito como verbalmente.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 12) 7.6 Meios de prova: perícias, interrogatório, confissão, testemunhas,
reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios; 11) Lei nº 9.296/1996
(Interceptação telefônica).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A:

É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que é


legítimo o reconhecimento pessoal ainda quando realizado de modo diverso do previsto no art.
226 do Código de Processo Penal, servindo o paradigma legal como mera recomendação (RHC
67.675⁄SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJe 28⁄03⁄2016)” (HC 311.080/SP, 5ª Turma, j. 16/05/2017).

Consoante jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, o art. 226 do Código de


Processo Penal “não exige, mas recomenda a colocação de outras pessoas junto ao acusado,
devendo tal procedimento ser observado sempre que possível” (RHC 119.439/PR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, 2ª Turma, DJe 05.9.2014). 5. Ausência de prejuízo obstaculiza o reconhecimento de
nulidade do ato” (RHC 125.026 AgR/SP, j. 23/06/2015).

Alternativa B:

NÃO HÁ RESSALVA, em todos os casos dependerá de autorização judicial.

34
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Art. 1º. A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer


natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual
penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz
competente da ação principal, sob segredo de justiça. (Lei 9.296/96)

Alternativa C:

“Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia
por meio da extração de dados e de conversas registradas no whatsapp
presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o
aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante.”
STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
19/4/2016 (Info 583).

Alternativa D:

Art. 10. Constitui CRIME realizar interceptação de comunicações


telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça,
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Alternativa E:

Art. 4º. O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá


a demonstração de que a sua realização é necessária à apuração de
infração penal, com indicação dos meios a serem empregados.
§ 1º Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado
VERBALMENTE, desde que estejam presentes os pressupostos que
autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada
à sua redução a termo.
§ 2º O juiz, no PRAZO MÁXIMO DE 24 HORAS, decidirá sobre o pedido.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

35
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

15 – QUESTÃO:

Tendo como referência a Lei 9.296/96 e o entendimento dos Tribunais Superiores, assinale a
opção correta:

a) A interceptação telefônica, a escuta ambiental e a gravação clandestina são métodos iguais


e, por isso, devem ser utilizadas da mesma forma.
b) O prazo de duração da interceptação telefônica é de 30 (trinta) dias, podendo ser renovado
diante de comprovada indispensabilidade do meio de prova.
c) A interceptação telefônica inicialmente realizada sem autorização judicial poderá,
mediante consentimento dos interlocutores, ser validada posteriormente pelo juiz da causa.
d) O expediente de acompanhamento das interceptações ficará à cargo do Ministério Público,
sem que haja possibilidade de avaliação do material pela Polícia Judiciária.
e) A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos
apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-
se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 11) Lei nº 9.296/1996 (Interceptação telefônica).

- COMENTÁRIOS:

A presente questão exigiu do candidato o conhecimento da letra fria da Lei 9.296/96,


bem como dos conceitos básicos correlatos a instituto da interceptação telefônica. Assim no
intuito de ajudar na sua preparação iremos abordar de forma pontual o que foi exigido em cada
assertiva.

Alternativa A:

Não podemos confundir “interceptação de comunicações telefônicas” com escuta


telefônica e gravação telefônica. A primeira é medida de exceção, mas autorizada em alguns
casos. As duas últimas seguem regramentos distintos.

Quanto à ESCUTA TELEFÔNICA, é a modalidade na qual um dos interlocutores


tem ciência da gravação, que é feita por TERCEIRA PESSOA. À semelhança da interceptação
telefônica, só é admitida mediante autorização judicial.

Já a GRAVAÇÃO TELEFÔNICA é a modalidade na qual um dos interlocutores realiza


a gravação da conversa, ou seja, não há a participação de terceiros. É considerada prova LÍCITA
(STJ: RHC 19136/MG 2007, Rel. Min. Félix Fischer).

36
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa B:

Art. 5º. A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando


também a forma de execução da diligência, que não poderá exceder
o PRAZO DE QUINZE DIAS, RENOVÁVEL POR IGUAL TEMPO uma vez
comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Alternativa C:

“Não é válida a interceptação telefônica realizada sem prévia


autorização judicial, ainda que haja posterior consentimento de um dos
interlocutores para ser tratada como escuta telefônica e utilizada como
prova em processo penal.” (STJ, HC 161.053/SP).

Alternativa D:

Art. 6º. Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os


procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Público,
que poderá acompanhar a sua realização.

Alternativa E:

Art. 8º. A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza,


ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial
ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências,
gravações e transcrições respectivas.
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada
imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar de
inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão
do processo ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos arts.
407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

37
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

16 – QUESTÃO:

Com base na Lei 12.850/13 (Organização Criminosa) e jurisprudência dos Tribunais Superio-
res, assinale a opção correta:

a) É vedado que a autoridade policial, o investigado e o defensor promovam negociações


para formalização de colaboração premiada por não serem partes processuais.
b) Para a tipificação do delito de organização criminosa, dentre outros requisitos, exige-se a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou superiores a quatro anos.
c) Na colaboração premiada em crimes de organização criminosa, o juiz poderá reduzir a pena
privativa de liberdade em até 1/3, desde que a personalidade do colaborador, a natureza,
as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso sejam adequadas à
benesse.
d) A infiltração será autorizada pelo prazo de até 12 (doze) meses, sem prejuízo de eventuais
renovações, desde que comprovada sua necessidade.
e) Havendo autorização judicial, durante a investigação policial a respeito de delitos praticados
por organização criminosa, é possível a captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
óticos ou acústicos pela autoridade policial.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 10.2 Lei nº 12.850/2013 e suas alterações (Crime organizado).

- COMENTÁRIOS:

ASSOCIAÇÃO ORGANIZAÇÃO CONSTITUIÇÃO DE


CRIMINOSA (art. 288, CRIMINOSA (art. 2, Lei MILÍCIA (Art. 288-A,
CP) 12.850/2013) CP)
Associarem-se TRÊS ou Associação de QUATRO Constituir organização
mais pessoas. ou mais pessoas. paramilitar, milícia
particular ou grupo de
extermínio.
Dispensa estrutura Pressupões estrutura Apesar de dispensar,
ordenada e divisão de ordenada e divisão em regra, apresenta
tarefas. de tarefas, ainda que divisão de tarefas.
informalmente.
A busca de vantagem Com o objetivo de obter Apesar de dispensar,
para o grupo é vantagem de qualquer em regra, apresenta
DISPENSÁVEL. natureza (financeira; divisão de tarefas.
sexual...)

38
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Para o fim específico Mediante a prática de Busca de vantagem é


de cometer CRIMES infrações penais (crime dispensável.
(dolosos, não + contravenção) cujas
importando o tipo ou penas máximas sejam
sua pena, NÃO ABRANGE superiores a quatro anos
CONTRAVENÇÃO). ou sejam de caráter
transnacional.

Alternativa A:

Lei nº 12.850/13, Art. 4º. (...).


§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes
para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o
delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do
Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o
investigado ou acusado e seu defensor.

Alternativa B:

Art. 1º. (...).


§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (QUATRO)
OU MAIS PESSOAS ESTRUTURALMENTE ORDENADA e CARACTERIZADA
PELA DIVISÃO DE TAREFAS, AINDA QUE INFORMALMENTE, com objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

Alternativa C:

Art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão


judicial, REDUZIR EM ATÉ 2/3 (DOIS TERÇOS) a pena privativa de
liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o
processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais
dos seguintes resultados.

Alternativa D:

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação,


representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Pú-
blico, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solici-

39
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

tada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada,


motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz
competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de
que trata o art. 1o e se a prova não puder ser produzida por outros meios
disponíveis.
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de ATÉ 6 (SEIS) MESES,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório circunstanciado será
apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o
Ministério Público.
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá
determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a
qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.

Alternativa E:

Art. 3 º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem


prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção
da prova:
I - colaboração premiada;
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III - ação controlada;
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados
cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a
informações eleitorais ou comerciais;
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos
da legislação específica;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da
legislação específica;
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do
art. 11;
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais,
estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse
da investigação ou da instrução criminal.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

40
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

DIREITO ADMINISTRATIVO
PROFA. RENATA PEREIRA

17 – QUESTÃO:

A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que


se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas,
mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a
limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. Tendo
em vista os princípios que regem a atuação dos Administradores Públicos e ainda as regras
relativas à responsabilidade fiscal, assinale a alternativa correta:

a) É nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão.
b) No tocante à fiscalização contábil, financeira e orçamentária, o controle externo, a cargo
do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, a quem
compete à fiscalização e prestação de informações, porém sem possibilidade de aplicar
diretamente aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de
contas, as sanções previstas em lei.
c) Segundo dispõe a Lei Complementar 101/2000, inexiste possibilidade de utilização de
recursos públicos, inclusive oriundos de operações de crédito, para socorrer instituições
do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de
recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.
d) Pelo princípio da Autotutela a Administração Pública pode revogar atos com base em juízo
de conveniência e oportunidade, desde que haja manifestação do Poder Judiciário neste
sentido.
e) O controle interno, exercido pela própria Administração Pública, não autoriza o
reconhecimento de nulidade de atos administrativos considerados ilegais.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: Responsabilidade Fiscal. Lei Complementar 101/2000. Princípios do Direi-


to Administrativo.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está CORRETA.

41
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Trata-se de reprodução do art. 21, parágrafo único da Lei Complementar 101/2000:

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa
com pessoal e não atenda:
I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto
no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;
II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal
inativo.
Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte
aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias
anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão
referido no art. 20.

Alternativa B: Está INCORRETA.

A assertiva é contrária ao disposto no art. 71, inciso VIII da Constituição Federal:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido


com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: (...)
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá,
entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
(...)

Alternativa C: Está INCORRETA.

A assertiva é contrária do disposto no art. 28 da Lei Complementar 101/2000, do qual


se extrai que mediante lei específica é possível a utilização de recursos públicos, inclusive oriun-
dos de operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional.

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos
públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer instituições
do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de
empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de
controle acionário.

Logo, o erro da assertiva está em afirmar que não existe possibilidade de utilização
de recursos públicos, inclusive oriundos de operações de crédito, para socorrer instituições do
Sistema Financeiro Nacional.

Alternativa D: Está INCORRETA.

42
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Segundo Rafael Carvalho Rezende Oliveira, “O princípio da autotutela significa que


a Administração Pública possui o poder-dever de rever seus próprios atos, seja para anulá-los
por vício de legalidade, seja para revoga-los por questões de conveniência e de oportunidade”.

Neste sentido, os Enunciados:

Enunciado 346/STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade


dos seus próprios atos.

Enunciado 473/STF: A administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não
se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.

Portanto, o erro da assertiva estar em afirmar que para a atuação da Administração


Pública é exigida prévia manifestação do Poder Judiciário.

Alternativa E: Está INCORRETA.

Verificar comentários apresentados em relação a alternativa D. Conforme se observa,


a atuação da Administração Pública, em autotutela, diversamente do que consta da assertiva,
autoriza o reconhecimento de nulidade dos atos administrativos considerados ilegais.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

18 – QUESTÃO:

Acerca do tema agentes públicos, julgue as assertivas a seguir:

I - Os jurados e conciliadores não são considerados servidores públicos, mas sim particulares
em colaboração com o Poder Público.
II - Os agentes putativos e necessários são considerados agentes de fato, porém, em razão
do desempenho irregular da função pública, não há possibilidade de seus atos produzirem
efeitos.
III - Agente putativo é aquele que exerce a função pública em situação de calamidade e
emergência.
IV - Aquele que exerce a função pública em situação de normalidade e possui a aparência de
servidor público é considerando agente necessário.
V - Os agentes públicos temporários, contratados na forma do art. 37, IX da Constituição
Federal, por meio de processo simplificado não são considerados servidores públicos.

43
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Assinale a alternativa correta:

a) Todas as assertivas estão corretas.


b) Somente a assertiva I está correta.
c) Somente as assertivas III, IV e V estão corretas.
d) Somente as assertivas IV e V estão corretas
e) Somente a assertiva I está correta.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Agentes Públicos e Servidores Públicos.

- COMENTÁRIOS:

Item I: A assertiva está CORRETA. Os denominados particulares em colaboração são


aqueles que exercem, transitoriamente, a função pública e não ocupam cargos, nem empregos
públicos. Exemplos de particulares em colaboração: Agentes Honoríficos (jurado, conciliador) e
Agentes Delegados (concessionário, permissionário).

Item II: A assertiva está INCORRETA.

Agentes necessários e putativos são modalidades de AGENTES PÚBLICOS DE FATO.

Os agentes NECESSÁRIOS são aqueles que atuam em SITUAÇÕES DE CALAMIDADE OU


EMERGÊNCIA, agindo como o faria o agente regularmente provido. Exemplo: cidadão comum,
não servidor, que diante de um grave acidente, atua como guarda de trânsito.

Os agentes PUTATIVOS, por outro lado, exercem a função pública em SITUAÇÃO DE


NORMALIDADE e possuem a APARÊNCIA DE SERVIDOR. Exemplo: Policial militar não nomeado/
empossado que e passa a atuar como servidor.

No caso dos agentes NECESSÁRIOS, em regra, os atos realizados são confirmados


pelo Estado em razão da excepcionalidade da situação ocorrida e do interesse público. Logo, há
produção de efeitos INTERNOS (para a Administração Pública) e EXTERNOS (para a sociedade).

Quanto aos agentes PUTATIVOS, em regra, há apenas a produção de efeitos EXTERNOS


(para a sociedade). Afinal os atos praticados internamente, perante a Administração, padecem
de vício de competência.

Logo, O ERRO DA ASSERTIVA ESTÁ EM AFIRMAR QUE INEXISTE POSSIBILIDADE DE


PRODUÇÃO DE EFEITOS.

44
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Item III: A assertiva está INCORRETA. Verificar o conceito de agente público de


fato necessário e putativo apresentado nos comentários do item II. Conforme se observa, os
conceitos dos itens III e IV estão invertidos.

Os agentes NECESSÁRIOS são aqueles que atuam em SITUAÇÕES DE CALAMIDADE OU


EMERGÊNCIA, agindo como o faria o agente regularmente provido. Exemplo: cidadão comum,
não servidor, que diante de um grave acidente, atua como guarda de trânsito.

Os agentes PUTATIVOS, por outro lado, exercem a função pública em SITUAÇÃO DE


NORMALIDADE e possuem a APARÊNCIA DE SERVIDOR. Exemplo: Policial militar não nomeado/
empossado que e passa a atuar como servidor.

Item IV: A assertiva está INCORRETA. Verificar comentários apresentados no item III.

Item V: A assertiva está INCORRETA. Afinal, considerando o tipo de regime jurídico,


os servidores públicos são divididos em três categorias: ESTATUTÁRIOS, CELETISTAS e
TEMPORÁRIOS. Estes últimos são os descritos no art. 37, inciso IX da Constituição Federal.
Portanto, O ERRO DA QUESTÃO ESTÁ EM AFIRMAR QUE OS CONTRATADOS NA FORMA DO ARRT.
39, IX DA CF NÃO SÃO SERVIDORES.

Alternativa A: Está incorreta.

Alternativa B: Está correta, pois somente o item I apresenta uma afirmação correta,
sendo certo que as demais assertivas apresentam erro.

Alternativa C: Está incorreta.

Alternativa D: Está incorreta.

Alternativa E: Está incorreta.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

45
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

19 – QUESTÃO:

Considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores e a legislação pertinente, assinale a


alternativa correta em relação às denominadas “empresas estatais”:

a) A principal distinção entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista


relaciona-se à composição do patrimômio, sendo certo que nas sociedades de economia
mista apenas as pessoas administrativas participam da formação do capital.
b) Por expressa previsão legal, as empresas públicas devem necessariamente adotar forma
societária de sociedade anônima.
c) A legislação pertinente estabelece que a Lei de Falências não se aplica às empresas públicas
e sociedades de economia mista, ressalvados os casos em que houver previsão expressa da
incidência no ato constitutivo das referidas “empresas estatais”.
d) A Casa da Moeda ostenta natureza jurídica de empresa pública. Logo, trata-se de pessoa
jurídica de direito privado, não abrangida pelas prerrogativas decorrentes da execução com
base no regime jurídico de precatório.
e) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que os privilégios da Fazenda
Pública são inextensíveis às sociedades de economia mista que executam atividades em
regime de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir lucros a seus acionistas

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: Administração Pública direta e indireta. Empresas Públicas. Sociedade de


Economia mista.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está INCORRETA.

Com efeito, a composição do capital “social” é um dos principais pontos de distinção


entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Contudo, o ERRO DA ASSERTIVA
está em apontar que o capital das sociedades de economia mista é integralizado APENAS por
“pessoas administrativas”.

Na realidade, em relação às sociedades de economia mista tem-se que os particulares


podem participar da formação do capital. Portanto, nas sociedades de economia mista o
capital é formado com a participação pública e privada, com única exigência de que o controle
acionário da entidade pertença ao Estado, nos moldes do art. 5º, inciso III do DL 200/1967.

Destaque-se que a assertiva estaria correta se a afirmação fosse feita em relação às


empresas públicas, pois nestas exige-se que o patrimônio seja integralmente público, portanto
oriundo exclusivamente das “pessoas administrativas”.

46
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa B: Está INCORRETA.

As empresas públicas PODEM SER REVESTIDAS POR QUALQUER FORMA SOCIETÁRIA


(art. 5º, inciso II do DL 200/1967).

Na realidade, a exigência de forma sociedade de S/A é fixada em relação às sociedades


de economia mista e não às empresas públicas, conforme consta da assertiva.

Alternativa C: Está INCORRETA.

A assertiva é contrária ao art. 2º, inciso I da Lei de Falências (Lei 11.101/2005, que
estabelece a inaplicabilidade de seus dispositivos em relação às “empresas estatais”, SEM CRIAR
QUALQUER TIPO DE RESSALVA em relação à eventual previsão no ato constitutivo da empresa.
Portanto, há erro na parte final da assertiva.

Art. 2º. Esta Lei não se aplica a:


I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito,
consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora
de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de
capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.

Alternativa D: Está INCORRETA.

A Casa da Moeda, de fato, ostenta natureza de empresa pública e, por isso, se trata de
pessoa jurídica de direito privado. Porém, nos moldes da jurisprudência do STF, em decorrência
de sua atividade, está incluída nas prerrogativas da Fazenda Pública, o que inclui a execução
limitada pelo regime dos precatórios. Neste sentido:

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CASA DA MOEDA DO BRASIL. EMPRESA PÚBLICA QUE
PRESTA SERVIÇO PÚBLICO EM REGIME DE MONOPÓLIO. PRERROGATIVAS
DE FAZENDA PÚBLICA. EXECUÇÃO PELO REGIME DE PRECATÓRIO. 1. O
Supremo Tribunal Federal (STF) já assentou que a Casa da Moeda do Brasil
executa e presta serviço público mediante outorga da União, sendo-lhe
constitucionalmente deferido, em regime de monopólio, o encargo de
emitir moeda (art. 21, VII, da CF/1988). O STF já atribuiu à Casa da Moeda
do Brasil prerrogativas de Fazenda Pública, como imunidade tributária
e, no presente caso, execução pelo regime de precatórios. Precedentes.
2. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não houve prévia
fixação de honorários advocatícios de sucumbência. 3. Agravo interno

47
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

a que se nega provimento. (RE 1009828 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO


BARROSO, Primeira Turma, julgado em 24/08/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-187 DIVULG 05-09-2018 PUBLIC 06-09-2018)

Portanto, o erro da questão está em afastar o regime jurídico do precatória no caso


de eventual execução proposta contra a referida empresa pública.

Alternativa E: Está CORRETA.

Trata-se de jurisprudência do STF:

EMENTA: Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional


e Administrativo. Companhia estadual de transporte sobre trilhos.
Sociedade de economia mista prestadora de serviço público. Atuação
em regime não concorrencial. Execução pelo regime de precatórios.
Possibilidade. Precedentes. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que os privilégios da Fazenda Pública são
inextensíveis às sociedades de economia mista que executam atividades
em regime de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir
lucros a seus acionistas. 2. In casu, o acórdão recorrido consignou,
expressamente, a atividade da ora agravada, a qual, indubitavelmente,
não a desempenha em regime de concorrência. 3. Agravo regimental
não provido. 4. Não se aplica o art. 85, § 11, do novo Código de Processo
Civil, pois não houve o arbitramento de honorários advocatícios pela
Corte de origem. (RE 1067478 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
Segunda Turma, julgado em 17/09/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
257 DIVULG 30-11-2018 PUBLIC 03-12-2018)

Note-se, por relevante, que, com base na jurisprudência supra, é possível afirmar que
se a sociedade de economia mista prestar serviço público não concorrencial, estará sujeita ao
regime de precatórios.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

48
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

20 – QUESTÃO:

Acerca da atuação municipal, assinale a alternativa correta, com base nas disposições legais
a respeito do tema e ainda na jurisprudência dos Tribunais Superiores:

a) Por não se tratar de interesse local, o Município não é competente para fixar horário de
funcionamento de estabelecimento comercial.
b) Tendo em vista a necessidade de defesa do interesse dos consumidores, é plenamente
válida lei municipal que estabeleça a distância mínima a ser observada entre farmácia ou
drogaria existente e novo estabelecimento do mesmo ramo a ser instalado no perímetro.
c) A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que não pode ocorrer ou permanecer a
inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão
anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos
danos eventualmente cometidos.
d) Com vistas ao aprimoramento da fiscalização do Município pelo Poder Legislativo Municipal,
admite-se, desde a Constituição Federal de 1988, a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos
de Contas Municipais.
e) Em razão da competência da União para legislar sobre sistema financeiro nacional, não á
válida lei municipal que fixe limite máximo de tempo de espera em fila para atendimento em
estabelecimento bancário.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: Administração Pública. Competência administrativa. Atos Administrativos.


Controle da Administração Pública.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está INCORRETA.

A assertiva é contrária ao Enunciado 38 da Súmula Vinculante do STF: “É competente


o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial”. Neste
sentido, trata-se de interesse considerando local.

Alternativa B: Está INCORRETA.

Nos termos do Enunciado 49 da Súmula Vinculante do STF, entende-se que a fixação


de distância mínima entre estabelecimento comerciais, em verdade, fere o princípio da livre
concorrência. Neste sentido:

49
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei


municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do
mesmo ramo em determinada área.

Portanto, não é válida lei que, nos termos da assertiva, fixa distância mínima a ser
observada quando da instalação de novo estabelecimento comercial no perímetro.

Alternativa C: Está CORRETA.

Trata-se de entendimento no Enunciado 615 da Súmula do STJ:

Súmula 615 do STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do


município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão
anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências
cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos. (Súmula 615,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/05/2018, DJe 14/05/2018).

Alternativa D: Está INCORRETA.

A assertiva é contrária ao art. 32, § 4º da Constituição Federal, que veda expressamente


a criação de novos Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo


Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio
dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas
que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por
decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente,
à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual
poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas
Municipais.

Cabe notar que não há na Constituição Federal de 1988 regra que determine a
exclusão de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais já existentes quando de sua
promulgação. Portanto, é possível que, a exemplo do que ocorre na cidade de São Paulo, exista
órgão de contas municipal. Assim, a vedação da CF refere-se apenas a criação de novos órgãos.

50
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa E: Está INCORRETA.

A assertiva está correta na parte em que trata da competência da União para legislar
sobre sistema financeiro nacional (art. 21, inciso VIII; art. 22, inciso VII; e, art. 192, caput, todos
da Constituição Federal).

Por outro lado, o erro está em afirmar que não é válida lei municipal que fixe limite
máximo de tempo de espera em fila para atendimento em estabelecimento bancário. Afinal,
trata-se de interesse local, de modo que tal regulamentação pode ser perfeitamente estabelecida
em âmbito municipal. Neste sentido:

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA – FILA DE BANCO – TEMPO DE ESPERA –


INTERESSE LOCAL – PRECEDENTE. De acordo com o entendimento
consolidado no Supremo, compete aos municípios legislar sobre o
período máximo ao qual os clientes de instituições bancárias podem
ser submetidos, no aguardo de atendimento. Precedente: Recurso
Extraordinário nº 610.221/SC, mérito julgado com repercussão geral
admitida. (AI 568674 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Primeira
Turma, julgado em 19/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO] DJe-045 DIVULG
07-03-2013 PUBLIC 08-03-2013)

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

21 – QUESTÃO:

No tocante ao processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta,


assinale a alternativa correta:

a) São direitos do administrado perante a Administração: ser tratado com respeito pelas
autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento
de suas obrigações; ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha
a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos
e conhecer as decisões proferidas; formular alegações e apresentar documentos antes da
decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; fazer-se assistir,
facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.
b) São deveres do administrado perante a Administração: expor os fatos conforme a verdade;
proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; não agir de modo temerário; prestar as
informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos, no prazo
máximo de 24 horas contado da solicitação.
c) O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado. O
requerimento inicial do interessado deve ser formulado por escrito, não se admitindo a

51
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

solicitação oral, e deve conter os seguintes dados: órgão ou autoridade administrativa a que
se dirige; identificação do interessado ou de quem o represente; domicílio do requerente ou
local para recebimento de comunicações; formulação do pedido, com exposição dos fatos e
de seus fundamentos; data e assinatura do requerente ou de seu representante.
d) A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída
como própria, não sendo admitida delegação nem avocação.
e) O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a
intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. A intimação
observará a antecedência mínima de 24 horas quanto à data de comparecimento.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: Processo Administrativo e Lei 9.784/1999 com suas alterações.

- COMENTÁRIOS:

A questão trata das disposições da Lei 9.784/99 que dispõe sobre o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal e tem como objetivo proteger os
direitos dos administrados e o melhor cumprimento dos fins da Administração.

Alternativa A: Está CORRETA.

A assertiva descreve os direitos dos administrados perante a Administração conforme


consta do art. 3º, Lei 9.784/99, que elenca expressamente quatro direitos.

Art. 3º, Lei 9.784/99. O administrado tem os seguintes direitos perante a


Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão
facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que
tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os
quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
obrigatória a representação, por força de lei.

Alternativa B: Está INCORRETA.

A assertiva apresenta os deveres do administrado perante a Administração Pública,


que constam do art. 4º, Lei 9.784/99. No entanto, quanto ao quarto dever mencionado à men-

52
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

ção ao dever de prestar informações dentro do prazo de 24h, o que não corresponde aos deve-
res trazidos pela referida lei.

Neste sentido, observe o art. 4º da Lei 9.784/99, especialmente a redação do inciso IV.

Art. 4º São deveres do administrado perante a Administração, sem


prejuízo de outros previstos em ato normativo:
I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - não agir de modo temerário;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o
esclarecimento dos fatos.

Alternativa C: Está INCORRETA.

Diferentemente do afirmado nesta assertiva, há previsão na Lei 9.784/99 de o


requerimento inicial do interessado poder ser feito de forma oral excepcionalmente nos casos
em que for admitida a solicitação oral.

As demais informações trazidas na assertiva estão em conformidade com os art. 5º e


6º da Lei 9.784/99.

Lei 9.784/99, Art. 5º. O processo administrativo pode iniciar-se de ofício


ou a pedido de interessado.

Lei 9.784/99, Art. 6º. O requerimento inicial do interessado, salvo casos


em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
conter os seguintes dados:
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II - identificação do interessado ou de quem o represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado
quanto ao suprimento de eventuais falhas.

Alternativa D: Está INCORRETA.

53
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

A assertiva trata da competência para julgamento dos processos administrativo no


âmbito da Administração Federal e mencionada de forma errada a proibição de delegação e
avocação, como se pode verificar claramente no art. 11 da Lei 9.784/99.

Lei 9.784/99, Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos


órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos
de delegação e avocação legalmente admitidos.

Alternativa E: Está INCORRETA.

A presente assertiva ao tratar da intimação do interessado pelo órgão perante o


qual tramita o processo administrativo menciona prazo de antecedência mínima diverso do
estabelecido pela Lei 9.784/99 no art. 26, §2º.

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo


administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de
decisão ou a efetivação de diligências.
§ 2º A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis
quanto à data de comparecimento.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

22 – QUESTÃO:

Tendo em vista o tratamento constitucional dado à Administração Pública assinale a


alternativa incorreta:

a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis tanto aos brasileiros quanto aos
estrangeiros, preenchidos os requisitos estabelecidos em lei.
b) A investidura em cargo, emprego público ou cargo em comissão depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei.
c) É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.
d) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo.
e) A administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da
lei.

- RESPOSTA: Alternativa B.

54
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- PONTO DO EDITAL: Administração Pública e Dispositivos pertinentes contidos na Constituição


Federal de 1988.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está CORRETA.

A afirmativa contida na alternativa A está em conformidade com a regra do art. 37, I,


CF quanto à ocupação de cargos, empregos e funções públicas por brasileiros e por estrangeiros.

CF, Art. 37. (...)


I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei.

Alternativa B: Está INCORRETA.

A presente assertiva faz menção à redação do art. 37, II, CF, porém, é com ele
incompatível ao mencionar os cargos em comissão dentro da regra de exigência de concurso
público e não como exceção à ela.

Art. 37. (...).


II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração.

Alternativa C: Está CORRETA.

A assertiva está correta, repete do texto do art. 37, VI, CF sobre a associação sindical
pelo servidor público.

Alternativa D: Está CORRETA.

A assertiva trata do teto dos vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e Judiciário
estar vinculado aos do Poder Executivo, conforme estabelece o art. 37, XII, CF.

Art. 37. (...).


XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário
não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo.

55
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa E: Está CORRETA.

A assertiva apresenta a redação do art. 37, XVIII, CF que trata da precedência dentro
dos setores administrativos.

Art. 37. (...).


XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro
de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais
setores administrativos, na forma da lei.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

56
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

CRIMINOLOGIA
PROF. IGOR VIALLI

23 – QUESTÃO:

Sobre a Teoria da Anomia de DURKHEIM, marque a incorreta:

a) Surgiu no contexto histórico da França fins do Século XIX, pós-Revolução Francesa e


marcada pela rápida evolução industrial.
b) O crime é um fenômeno social anormal.
c) O crime é um fenômeno social útil.
d) Também procurava entender o fenômeno do suicídio.
e) A função da pena para DURKHEIM aproxima-se da concepção finalista de manutenção da
crença na vigência do sistema e manutenção da ordem.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 3. Modelos teóricos da criminologia. 3.1. Teorias sociológicas.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto!

Conforme ensina EDUARDO VIANA, nos fins do Século XIX e início do Século XX,
especialmente nos Estados Unidos, a criminologia orientava-se já a partir de um viés sociológico,
o qual surgiu em contrapartida ao determinismo individual, típico das escolas clássicas da
Criminologia.

O foco, então, passou a ser o crime como um fenômeno social, e não como fruto
de um determinismo biológico ou oriundo de pré-disposições dos indivíduos, que já trariam
consigo tendências criminosas.

Alternativa B: Errado!

Já em apertada síntese, podemos gravar que a teoria da anomia diz que o crime é um
fenômeno social NORMAL e até mesmo ÚTIL para a própria evolução da sociedade.

DURKHEIM, nesse sentido, dizia que não há sociedade sem crimes, crimes estes,
lembrem-se, não frutos de determinismos biológicos, mas frutos da própria configuração da
sociedade, especialmente a partir das revoluções industriais, monopolização do capital, dos
meios de produção, etc.

57
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Logo, o crime seria um fenômeno normal e até mesmo inevitável.

É claro que, segundo ele, “pode, sem dúvidas, acontecer que o crime tome formas
anormais, é o que acontece quando, por exemplo, atinge uma taxa exagerada. Mas é normal a
existência de uma criminalidade que atinja mas não ultrapasse, para cada tipo social, um certo
nível”.

Vale frisar que o nome da teoria, de fato, é “anomia”, mas isto porque, a despeito do
desvio ser um fenômeno “normal”, a terminologia se adotou em razão, segundo aponta VIANA,
de “ausência ou desintegração entre o sistema de valores e o sistema das normas sociais”.

Alternativa C: Certo!

Complementando a teoria anterior, não apenas “normal”, mas o crime deveria ser
visto para DURKHEIM como “útil”.

Segundo o autor, apenas em sociedades muito primitivas não era visualizada a


prática criminosa como um evento corriqueiro, sendo certo que a prática delitiva está atrelada
ao próprio desenvolvimento da sociedade, uma vez que “a liberdade de pensamento de que
gozamos hoje nunca poderia ter sido proclamada se as regras que a proibiam nunca tivessem
sido violadas”, segundo leciona EDUARDO VIANA.

Alternativa D: Certo!

Novamente nos valendo dos ensinamentos de EDUARDO VIANA, DURKHEIM também


tentava entender a prática do suicídio dentro da sociedade:

“Constata a teoria da anomia ao comprovar que as taxas de suicídio


estatisticamente se incrementam tanto em períodos de depressão como
de prosperidade econômica. Isto se atribui à transcendência não da
efetiva regulação social das interações econômicas dos diversos grupos,
senão de como percebe o indivíduo suas necessidades e o modo em que
são satisfeitas. O suicídio anômico não tem sua origem na pobreza, mas
em uma situação de crise ou desorganização coletiva. Quando se limitam
adequadamente as expectativas ‘cada um está então em harmonia com
sua condição e não deseja mais do que legitimamente possa esperar’”.

Alternativa E: Perfeito!

EDUARDO VIANA, concluindo sobre a Teoria da Anomia, traz justamente esse


apontamento.

58
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Partindo da “normalidade” do crime, não há sentido em atribuir à pena intenções


retribucionistas ou preventivas. Daí:

“(...) sua verdadeira função é manter intacta a coesão social mantendo


toda vitalidade da consciência em comum. Sendo assim, a leitura precisa
da teoria durkeiminiana põe acento no fato de que o comportamento
criminoso debilita o valor universal das normas que regem o convívio
social, por esta razão a pena desempenha a nodal função de reforçar a
consciência coletiva sobre valores dominantes”.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

24 – QUESTÃO:

Ainda sobre a Teoria da Anomia e, especificamente, sobre a Estrutura Social Defeituosa de


MERTON, responda:

a) O comportamento possui origem individual e não a partir de origens culturais ou sociais.


b) O desvio é produto de uma estrutura social igualitária.
c) O desvio ou crime se justifica a partir de uma incongruência entre a estrutura social e a
estrutura cultural.
d) A falta de oportunidades sempre causa o desvio.
e) Não é modelo de adaptação individual o conformismo.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 3. Modelos teóricos da criminologia. 3.1. Teorias sociológicas.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Errado!

Prosseguindo ainda sobre a importante Teoria da Anomia, ROBERTO MERTON foi um


estudioso que tratou da síntese da teoria a partir da realidade dos Estados Unidos da América
no início do Século XX.

Os estudos desenvolvidos também partiam de uma estrutura social, analisando a


“contradição” entre o indivíduo e a sociedade, dizendo, em síntese, que a sociedade exerceria
uma espécie de “força” no indivíduo que o levaria a adotar determinados comportamentos,
dentre eles o criminoso.

59
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Logo, como conclui EDUARDO VIANA, “o comportamento, por assim dizer, não tem
uma origem individual, mas sim uma origem cultural do modelo de vida norte-americano”.

Alternativa B: Errado!

Justamente o oposto!

Segundo o MERTON, os Estados Unidos nessa época viviam o “boom” da economia,


sendo amplamente divulgada pela imprensa o “sonho americano”, traduzido, basicamente, a
partir de objetivos econômicos: quem tem dinheiro é bem sucedido.

Essa “pressão” social pela busca do dinheiro acabava por criar “estruturas sociais
DEFEITUOSAS”, ou seja, “um modelo cultural de sociedade responsável pelo estímulo e pressão
sobre a conduta individual”.

Percebam, caros alunos, que a “base” da estrutura da anomia permanece a mesma:


crime ou desvio como um fruto “normal”, como uma “consequência” quase que inevitável da
estrutura social formada, que, nos EUA, pregava o poder econômico como objetivo máximo, o
que justificaria, assim, a adoção de meios ilegítimos pelos indivíduos.

Alternativa C: Correto!

Trata-se da definição de EDUARDO VIANA, assim complementada:

“(...) anomia em Merton é, portanto, a crise da estrutura cultural que


se verifica especialmente quando existe uma forte discrepância entre
normas e fins culturais, de um lado, e as possibilidades estruturadas
socialmente de atuar em conformidade com aquelas, por outro lado. Um
exemplo ajuda a compreender melhor: a riqueza e o sucesso econômico
podem ser atingidos tanto pelo trabalho legítimo, como assalto a bancos
(…) uma sociedade anômica é caracterizada por uma distribuição
seletiva das estruturas sociais, permitindo que apenas alguns indivíduos
possam alcançar as metas culturais”

Alternativa D: Errado!

Conforme adverte HERMANN MANNHEIM, “a falta de oportunidades só é decisiva se


ocorrer numa sociedade dominada por uma ideologia igualitária e que se revê no evangelho da
igualdade de oportunidade para todos”.

60
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Aliás, uma grande crítica que se faz à teoria de Merton é justamente a “generalização”
da tendência criminosa dos indivíduos de classes sociais mais baixas e que, portanto, teriam
menos condições legítimas de ascender economicamente.

Alternativa E: Errado, pois é!

Segundo MERTON, existem “respostas” que o indivíduo dá frente a essa “pressão”


social e aos padrões por ela impostos:

CONFORMISMO: resposta positiva, aderindo às metas culturais “legítimas”, isto é,


aceita que só através dos meios legítimos e legais as metas ou objetivos podem ser atingidos. É
o que acontece com a maioria das pessoas.

INOVAÇÃO: concorda com os objetivos e padrões sociais, mas não com os meios
colocados à disposição para atingi-los. Aqui, o desvio é uma das formas ilegítimas de atingir os
objetivos.

RITUALISMO: quando o indivíduo aceita as metas e objetivos sociais, mas,


pessoalmente, não perquire alcançá-los, seja pela falta de crença em sua capacidade,
conformismo, etc.

EVASÃO: negação do indivíduo quanto aos objetivos ou metas culturalmente


impostas.

REBELIÃO: não só nega os objetivos e padrões culturais, como cria seus próprios ou,
então, adere a outros fins culturais não institucionalizados, como em sociedades ou grupos
“paralelos”.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

25 – QUESTÃO:

Sobre as fases ou o papel da vítima ao longo dos tempos:

a) Nunca existiu fase de protagonismo da vítima na persecução penal.


b) Nunca existiu fase de neutralização da vítima na persecução penal.
c) No Brasil, a vítima jamais foi considerada como contribuidora de certa forma para a prática
criminosa.
d) O redescobrimento da vítima como atuante no processo penal tem por exemplo, no Brasil,
institutos previstos na Lei n. 9.099/95.
e) A exaltação do criminoso e ridicularização da vítima são exemplos de vitimização primária.

61
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 1.3. Objetos da criminologia: delito, delinquente, vítima, controle social.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Incorreto.

Como se sabe, já existiu a chamada “fase de ouro” da vítima, na qual o seu


protagonismo era evidente!

Era o que acontecia, por exemplo, nos primórdios civilizatórios, épocas em que a
máxima “sangue por sangue” era vigente.

Tal protagonismo da vítima era tão evidente que, segundo complementa VIANA, na
sociedade medieval, por exemplo, o “direito” de vingança era ampliado não só para a vítima,
mas para o resto da sociedade, existindo um verdadeiro “direito-dever” coletivo de vingança no
qual a própria sociedade também poderia atacar o autor.

Segundo EDUARDO VIANA, ainda, no Brasil,

“a vingança privada também estava presente – legalmente – até as


Ordenações Filipinas. A maioria dos tipos deste diploma previa a pena
de morte, mesmo que os fatos fossem, as vezes, insignificantes. As
execuções eram, muitas vezes, precedidas de suplícios, daí a previsão
das mortes cruel, atroz e simples”.

Alternativa B: Também errado!

Em contrapartida a idade de ouro, posteriormente, o Estado tomou para si o


monopólio do poder punitivo, afastando e, assim, “neutralizando” o papel ativo que a vítima
antes possuía.

Conforme ensina VIANA,

“certamente este processo de abandono da vítima também tem suas


causas na ciência criminológica e também no Direito Penal. Aquela
centrou as investigações na figura do criminoso; o Direito Penal, por sua
vez, ao estruturar o seu sistema a partir de um projeto de legitimação
material à luz da violação ao bem jurídico, sacava o potencial crítico e
relevante que a vítima desempenhava para a etiologia do crime”.

62
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa C: Errado.

Já estudamos na rodada passada a classificação das vítimas de acordo com


MENELSOHN, sendo claro que para ele existiriam, por exemplo, vítimas provocadoras, as quais
certamente contribuem para as práticas delitivas.

No Brasil, a influência do pensamento da vitimologia clássica, a qual possuía por


tendência considerar a vítima, de certa forma, responsável pela ocorrência do fenômeno
criminoso, possui sim resquícios evidentes.

Como bem aponta EDUARDO VIANA, digno de registro o item 50 da Exposição de


Motivos da Parte Geral do Código Penal, que, ao tratar dos antigos “crimes contra os costumes”
(atual contra a dignidade sexual), assim constou:

(...) faz-se referência expressa ao comportamento da vítima, erigido,


muitas vezes, em favor criminógeno, por constituir-se em provocação
ou estímulo à conduta criminosa, como, entre outras modalidades, o
pouco recato da vítima nos crimes contra os costumes.

Alternativa D: Perfeito!

Após a idade de ouro, passando para a contrapartida da neutralização, atualmente


passamos por uma fase intermediária entre os dois opostos: a vítima possui papel ativo em
determinados casos, especificamente naqueles em que o Estado a atribui como a possivelmente
única interessada na persecução penal diante da pouca lesividade causada à sociedade como
um todo a partir da conduta criminosa isolada.

É o caso, por exemplo, dos institutos despenalizadores previstos para infrações de


menor potencial ofensivo, casos em que a vítima pode realizar composição civil dos danos ou
até mesmo transação penal e, desde logo, encerrar o “processo criminal”, “abrindo mão” dele.

Alternativa E: Aproveitamos, aqui, para relembrar de conceitos importantes da


vitimologia, segundo EDUARDO VIANA:

A vitimização primária é o processo pelo qual uma pessoa sofre, direta ou


indiretamente, os efeitos derivados de um delito ou fato traumático, sejam eles materiais ou
psíquicos.

A vitimização secundária consiste em custos adicionais causados à vítima em razão


da necessária interferência das instâncias formais de controle social. Em alguns crimes, a
exemplo do estrupo é vulgar a resistência da vítima em recorrer ao sistema penal: ou porque

63
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

sente-se envergonhada com o fato e não quer reviver a experiência traumática; ou porque, ao
reviver, será estigmatizada pelas instâncias encarregadas da persecução penal – a exemplo das
teses defensivas do consentimento da vítima – reencontrar o criminoso, interrogatórios.

Já a vitimização terciária traduz o conjunto de custos (adicionais) sofridos por aquele


que já foi penalizado pela prática do crime, como as práticas de tortura, abuso, maus tratos
(vitimização do vitimizador), bem como, eventualmente, a penalização suportada pela própria
vítima do crime, como, por exemplo, na hipótese em que a comunidade exalta o criminoso e
ridiculariza a vítima.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

26 – QUESTÃO:

Sobre a Criminologia Cultural, marque a incorreta:

a) Busca uma nova forma de explicar o fenômeno criminoso, afastando-se das causas
deterministas, biológicas ou oriundas de classes sociais do crime.
b) Muitas vezes o crime não é pensado, mas apenas praticado.
c) Cada cultura tem uma relação peculiar com o crime.
d) A mídia tem papel contributivo na etiologia do crime.
e) O crime é um comportamento individual.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 4. Criminologia Cultural.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Certo!

A criminologia Cultura é uma nova abordagem da etiologia do crime.

Antes de fatores sociais, biológicos e etc, a Criminologia Cultural busca puramente


analisar o crime de pontos de vista “menos tradicionais” e até mesmo muito mais práticos!

Como define o sociólogo americano JOCK YOUNG, “a criminologia cultural revela


quase exatamente o oposto da vida do crime mundano, enfatizando a natureza sensual do
crime, o ímpeto de adrenalina de se correr riscos: a voluntária assunção de risco ilícito e a
dialética do medo e prazer”.

64
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Conforme conclui ARCÉNIO FRANCISCO CUCO, cujo artigo serviu de base para a
presente questão (e cuja leitura fortemente se recomenda: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/
anais/cienciascriminais/IV/53.pdf), “regras são transgredidas porque elas estão postas, o risco é
um desafio e não um dissuasivo e o firme crescimento no controle, a assustadora criminalização
da vida cotidiana, provoca transgressão ao invés de conformidade”.

Alternativa B: Correto!

Prosseguindo com a “essência” da ideia da criminologia cultural, o crime também


pode ser encarado como um mero acontecimento, fruto de uma decisão oportuna e tomada em
instantes de segundo pelo seu autor.

Veja: o crime, assim, pode também ser visto como um “acontecimento momentâneo”
sem uma causa antecedente, sem uma relação entre causa e efeito, entre padrões impostos e
não correspondidos, distinções de classes sociais e etc.

Novamente, CUCO:

Para Ferrell, a Criminologia Cultural explora as diversas formas em que


a dinâmica cultural se entrelaça com as práticas do crime e controle da
criminalidade na sociedade contemporânea. É possível dizer-se, por
isso, que a Criminologia Cultural enfatiza a centralidade do significado
e representação na construção do crime como um acontecimento
momentâneo, esforço subcultural e questão social. Com este sentido,
a Criminologia Cultural tenta quebrar as visões da Criminologia
tradicional sobre o crime e as causas do crime para incluir imagens de
comportamento ilícito e representação simbólica da aplicação da lei,
construção da cultura popular do crime e da ação penal e as emoções
compartilhadas que animam acontecimentos criminais, percepção de
ameaça criminal e os esforços públicos no controle da criminalidade.
Trata-se de um foco que permite que os criminólogos percebam o
crime como uma ação humana significativa, permitindo também,
que penetrem profundamente na política impugnada de controle da
criminalidade.

Alternativa C: Correto!

Trata-se da conclusão de DONALD R. TAFT, apontado por CUCO, após as constatações


já apontadas por FERREL sobre o crime como produto cultural da sociedade. Foram exemplos
citados pelo autor: A onda crescente de índices de criminalidade praticado por negros tinha
como razão (não raramente) a prevalência de atitudes raciais as quais negavam o status social

65
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

do negro, assim como o fato de que as falhas econômicas eram grande fonte de sentimento
de inferioridade e ressentimento que levava os indivíduos ao crime, isso como resultado da
natureza competitiva do sistema econômico americano.

Alternativa D: Correto.

Uma das ideias preconizadas é que a própria sociedade já enraizou como “normal”
a prática criminosa, conduta esta que é perceptível pela ampla divulgação da mídia sobre os
acontecimentos criminosos, os amplos debates políticos sobre determinado crime e etc.

Aliás, a própria sociedade, “o povo”, por assim dizer, consome materiais publicitários
e jornalísticos associados a acontecimentos graves e criminosos, criando uma verdadeira
“indústria do crime”. Basta perceber, também, o número de “jornais policiais” e coberturas
midiáticas que acontecem após acontecimentos criminosos, tudo criando uma cultura do
crime.

Alternativa E: Errado!

Apontado por CUCO, eis a conclusão de FERREL e SANDERS, expoentes da Criminologia


Cultural:

“Muito do que consideramos ser crime é um comportamento,


essencialmente, coletivo – se realizado por uma pessoa ou mais,
determinados atos criminais, muitas vezes, são organizados dentro
e instigados por grupos subculturais. Embora os limites possam
permanecer mal definidos e os membros possam variar em número e
nível de compromisso, estas culturas constituem definitivas associações
humanas para aqueles que nelas participam.”

Por fim, conclui CUCO:

“Os autores sublinham que falar de subcultura criminal é reconhecer


não apenas uma associação de pessoas, mas uma rede de símbolos,
significados e conhecimentos. Os membros de uma subcultura
criminal aprendem e negociam motivos, unidade, racionalizações e
atitudes, elaboram convenções de linguagem, aparências e formas de
se identificarem entre eles. A participação de maior ou menor grau,
em uma subcultura, cria uma forma coletiva de vida. Por sua vez, estas
subculturas moldam a forma como seus membros devem se entender e se
valorizar. Uma íntima participação na forma de vida coletiva demonstra
e exibe, para o membro e para os outros, os atributos pessoais que o

66
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

tornam digno de pertencer e ser aceito pelo grupo e, potencialmente,


tornando-se importante. Importa salientar que grande parte destes
significados subculturais (ação, identidade e status) são organizados em
torno de estilo – que significa estética compartilhada pelos membros da
subcultura.”

Reforçamos, por fim, ser valioso o estudo do Artigo que serviu de base para esta
questão, disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/cienciascriminais/IV/53.pdf.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

67
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

DIREITO CONSTITUCIONAL
PROF. LEONARDO MIRANDA

27 - QUESTÃO:

A Constituição pode ser enxergada como sendo a reunião das normas que organizam
os elementos constitutivos do Estado. Diante disso e tendo em vista as concepções de
Constituição, marque a alternativa correta:

a) A visão de “Constituição total” visa agregar em uma mesma perspectiva, todos os demais
aspectos, já que a Constituição seria um produto da cultura, porém inadmite que a noção
jurídica seja incluída.
b) No sentido lógico-jurídico, o termo “Constituição” é visto como norma positiva suprema,
que fundamenta e dá validade a todo o ordenamento jurídico.
c) Hans Kelsen admitia a influência de outros campos do conhecimento no Direito, porém
estruturou o ordenamento de forma estritamente jurídica, já que toda norma retira sua
validade de outra que lhe é imediatamente superior.
d) Dentro de uma concepção sociológica de Constituição, haverá uma situação ideal quando
houver inequívoca correspondência entre a Constituição real e a Constituição escrita, diante
da correspondência aos valores presentes em uma sociedade.
e) Tendo em vista uma concepção política de Constituição, as chamadas “leis constitucionais”
seriam aquelas normas que temos, atualmente, como somente formalmente constitucionais,
já que seriam dispensáveis dentro de uma Constituição.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: 3) Constituição. 3.1. Sentidos sociológico, político e jurídico; conceito,


objetos e elementos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda os aspectos das concepções de Constituição,


dentro da Teoria da Constituição.

A primeira alternativa traz uma afirmativa falsa, já que, ao abordar a concepção


culturalista de Constituição, diz ser inadmitido o aspecto jurídico.

De fato, dentro dessa concepção é trazido a noção de Constituição total, como


a possibilidade de se agregar, numa mesma e unitária perspectiva, variados aspectos, como
econômico, social, filosófico, moral e jurídico. Assim, a concepção culturalista se fundamenta
simultaneamente em todos os aspectos, sendo um produto da cultura.

68
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa B: A alternativa B também se mostra incorreta, já que o sentido trazido


será o jurídico-positivo.

Assim, no sentido lógico-jurídico, “Constituição” significa a “norma fundamental


hipotética”, que não é posta, mas sim pressuposta. No sentido, jurídico-positivo, por sua vez,
“Constituição” é vista como norma positiva suprema, que fundamenta e dá validade a todo o
ordenamento jurídico, somente podendo ser alterada se obedecidos ritos específicos.

Alternativa C: Aqui também temos uma afirmativa incorreta, já que traz uma
afirmativa falsa a respeito da concepção jurídica de Constituição definida por Hans Kelsen.

Com efeito, em sua obra “Teoria pura do Direito” o autor visava desconsiderar a
influência de outros campos do conhecimento (político, social etc) do Direito, de forma a o
elevar a uma posição de verdadeira ciência jurídica. Assim, a estruturação estritamente jurídica
traz que toda norma retira sua validade de outra que lhe é imediatamente superior.

Alternativa D: Alternativa que traz uma afirmativa verdadeira, diante do que Ferdinand
Lassalle, na concepção sociológica, traz acerca da noção de Constituição real e Constituição
escrita.

A Constituição real (ou efetiva) é o resultado do embate das forças vigentes no tecido
social, ou seja, pelas forças políticas, econômicas e sociais atuantes e pela maneira como o
poder está distribuído. Por outro lado, a Constituição escrita (ou jurídica) que, ao incorporar
num texto escrito os fatores reais de poder, os converte em instituições jurídicas, porém, esta
não passa de um mero “pedaço de papel”, que não possui força diante da Constituição real.

Diante disso, para o autor, havendo inequívoca correspondência entre a Constituição


real e a escrita, estaremos diante de uma situação ideal. Nesse caso, a Constituição só é eficaz
quando corresponde aos valores presentes na sociedade.

Alternativa E: Aqui temos uma alternativa falsa, já que foi misturado os conceitos de
normas “constitucionais” e normas denominadas como “leis constitucionais”.

Com efeito, para Carl Schmitt, há uma diferenciação entre as diversas normas que
compõem o texto constitucional, ou seja, haveria uma dicotomia entre essas normas. As normas
“constitucionais” seriam aquelas vinculadas à decisão política fundamental, compondo o que
hoje chamamos de “normas materialmente constitucionais”.

Por outro lado, as normas tidas como “leis constitucionais” seriam aquelas
absolutamente dispensáveis, já que não estão relacionadas com a decisão política fundamental,
somente integrando o texto constitucional, sendo, portanto, aquilo que denominamos,
atualmente, de “normas formalmente constitucionais”.

69
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

28 - QUESTÃO:

Acerca do que informa a doutrina sobre a classificação das Constituições, marque a alternativa
falsa:

a) A chamada Constituição espessa ou “thick” diz respeito aos valores e princípios


fundamentais da Constituição, como a igualdade, democracia, República etc, ao passo que
aquela denominada de fina ou “thin”, se traduz nos diversos preceitos que integram o texto
constitucional.
b) Constituição suave é trazida como sendo aquela que assegura várias opções e escolhas
quanto à forma de viver, não definindo um único projeto de vida cabível e válido.
c) A classificação nominativa de Constituição a traz como aquela que não é capaz de reproduzir
exatamente a realidade política e social do Estado, mas que possui anseios de chegar nesse
estágio.
d) Nossa Constituição é vista como sendo escrita, dogmática, analítica, promulgada e rígida.
e) A Constituição Plástica é aquela que confere certa maleabilidade ao texto constitucional,
permitindo-o acompanhar as oscilações da realidade fática dentro de uma sociedade.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: 3.2 Classificações das constituições.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda a classificação da Constituição, de forma a exigir


do aluno o conhecimento acerca do que a doutrina apresenta nas mais diversas classificações
existentes.

A primeira alternativa é a que se mostra incorreta e que deve ser marcada pelo
candidato, já que apresenta uma afirmativa falsa. Nota-se que os institutos foram trocados.

De fato, temos a chamada Constituição espessa (ou thick) e a Constituição fina (thin).
A primeira (espessa ou thick) envolve todos os preceitos constitucionais, e a segunda apenas os
valores e princípios fundamentais da Constituição, de forte conteúdo moral, como igualdade,
liberdade de expressão, República, democracia etc.

Alternativa B: Alternativa que se mostra correta, conforme os ensinamentos


doutrinários.

70
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

De fato, a doutrina aponta que a Constituição Suave é aquela que assegura diversas
opções de vida, de forma a não estabelecer um único projeto como sendo cabível e válido.

Alternativa C: A alternativa C também está correta, trazendo uma afirmativa correta


sobre a classificação das Constituições.

De fato, como informa a doutrina, quanto ao critério ontológico, a Constituição se


classifica como Normativa, Nominativa e Semântica.

A primeira é aquela onde há perfeita sintonia entre o texto constitucional e a


conjuntura política e social. A nominativa é aquela que não reproduz com exatidão a realidade
política e social do Estado, apesar de possuir um anseio de atingir este estágio. A Semântica, por
sua vez, é aquela que nunca pretendeu atingir uma coerência com a realidade política e social.

Alternativa D: Também temos aqui uma alternativa correta, já que apresenta diversas
classificações que são aplicadas a nossa Constituição.

Com efeito, conforme apresenta a doutrina, a nossa Constituição pode ser vista
como sendo promulgada, rígida, escrita, dogmática, analítica, formal, dirigente, semântica,
nominativa, eclética, orgânica, principiológica. Além disso, seria plástica, suave e expansiva.

Alternativa E: Aqui temos uma alternativa correta, de acordo com a maioria da


doutrina sobre o tema.

Fato é que existe divergência acerca do conceito de Constituição Plástica, mas a


maioria diz que é um caractere conferido à Constituição que dá ao seu texto constitucional certa
maleabilidade para que possa acompanhar as constantes mudanças dentro de uma realidade
fática.

Como informa a doutrina, a plasticidade do documento não é característica particular


de textos flexíveis, já que Constituições rígidas podem estar abertas aos influxos da sociedade,
como é a Constituição da República de 1988.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

71
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

29 - QUESTÃO:

A Doutrina apresenta diversas classificações para as normas constitucionais, sendo a mais


conhecida aquela trazida por José Afonso da Silva. Sobre o que dispõe o autor, marque a op-
ção que não traz uma classificação correta das normas constitucionais:

a) As normas de eficácia plena, por serem capazes de produzir todos os seus efeitos,
independentemente de qualquer regulamentação por lei, possuem aplicabilidade imediata,
direta e integral;
b) Como as normas de eficácia limitada dependem, para a produção de seus efeitos, de uma
norma regulamentadora, é possível dizer que sua aplicabilidade é indireta, por não assegurar
diretamente o exercício do direito.
c) As chamadas normas de eficácia contida são aquelas aptas a produzirem os seus efeitos,
porém com aplicabilidade indireta, já que sujeitas à imposição de restrições.
d) As normas de eficácia limitada são divididas em definidoras de princípios programáticos
e definidoras de princípios institutivos, sendo esta última aquela que traça esquemas gerais
de estruturação e atribuições de órgãos e entidades;
e) A restrição às normas de eficácia contida poderá advir de lei, outras normas constitucionais,
ou conceitos ético-jurídicos, como é o caso de “iminente perigo público” previsto no artigo
5º, inciso XXV da Constituição Federal.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 3.3 Normas constitucionais.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda a classificação das normas constitucionais trazidas


por José Afonso da Silva, já que é aquela de maior aplicação nas provas de concurso público.

Aqui temos uma alternativa correta, já que traduz exatamente o conceito de normas
de eficácia plena. Assim, normas de eficácia plena são aquelas capazes de produzir todos os
seus efeitos simplesmente com a entrada em vigor da Constituição, independentemente de
qualquer regulamentação por lei.

Além disso, elas possuem aplicabilidade imediata (aptas a produzirem efeitos


imediatamente, com a simples promulgação), direta (independem de norma regulamentadora
para a produção de efeitos) e integral (produzem efeitos integrais, sem sofrer quaisquer
limitações ou restrições).

72
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa B: Aqui também estamos diante de uma alternativa correta, já que


a aplicabilidade da norma de eficácia limitada é tida como indireta, já que não assegura
diretamente o exercício do direito.

Assim, para que ocorra o exercício do direito, há uma dependência de uma norma
regulamentadora. Por isso que se diz que a aplicabilidade dessa norma também é mediata e
reduzida.

Alternativa C: Alternativa que apresenta uma afirmativa falsa, estando, portanto,


incorreta.

De fato, a norma de eficácia contida estão aptas a produzirem todos os seus efeitos
normalmente, com a entrada em vigor da Constituição. Ocorre que esses efeitos podem vir a
ser restringidos. Diante disso, sua aplicabilidade é imediata, direta, porém possivelmente não-
integral.

Vê-se que a possibilidade de restrição não influi na aplicabilidade direta, já que não
depende de nenhuma norma regulamentadora para a produção dos efeitos, mas como pode vir
a ser restringida, sua aplicabilidade será possivelmente não-integral.

Alternativa D: Alternativa que apresenta uma afirmativa correta, trazendo a noção


exata de normas de eficácia limitada definidoras de princípios institutivos.

Com efeito, normas de eficácia limitada são aquelas que somente produzem seus
efeitos depois de ocorrer uma regulamentação, sendo divididas em definidoras de princípios
institutivos (organizativos ou orgânicos) e definidoras de princípios programáticos.

As normas de eficácia limitada definidoras de princípios institutivos (organizativos


ou orgânicos), por sua vez, são aquelas que o legislador constituinte traça esquemas gerais de
estruturação e atribuições de órgãos ou entidades, para que o legislador ordinário as estruture
posteriormente por lei.

Alternativa E: Alternativa que se mostra correta, já que a restrição poderá se dar das
formas enunciadas na afirmativa.

Como ensina a doutrina, as normas de eficácia contida poderão ser restringidas, por
lei, por outras normas constitucionais (como é o caso da restrição ao exercício de certos direitos
durante o estado de sítio) e por conceitos ético-jurídicos, conforme explicitado na afirmativa.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

73
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

30 - QUESTÃO:

Segundo Jellinek, o indivíduo pode se apresentar em distintas posições perante o Estado,


qualificando o seu status. Tendo em vista isso, marque a alternativa incorreta:

a) No status negativo o indivíduo possui uma parcela de livre escolha em sua atuação, sem
ingerências por parte dos poderes públicos.
b) No status passivo o indivíduo se apresenta em uma relação de subordinação aos poderes
públicos, possuindo deveres frente ao Estado.
c) No status positivo o indivíduo atua positivamente no exercício dos seus direitos políticos.
d) No status ativo o indivíduo desfruta de possibilidade de participar na formação da vontade
estatal.
e) O status passivo é caracterizado por uma relação em que o sujeito se encontra numa
posição de dever, proibição e competência.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: 9.1 Teoria geral dos direitos fundamentais.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda um tema importante dentro dos direitos e


garantias fundamentais, que é a teoria dos quatro “status” de Jellinek.

A primeira alternativa se encontra correta, já que pelo status negativo o Estado não
deve se intrometer nas escolhas do indivíduo. Assim, permite-se que o sujeito possua uma
parcela de liberdade de atuação e livre de ingerências indevidas por parte dos Poderes Públicos.

Alternativa B: Aqui também estamos diante de uma alternativa correta, traduzindo o


conceito do status passivo.

De fato, pelo status passivo o sujeito seria detentor de deveres em relação ao Estado.
Dessa forma, o Estado possui competência para vincular o indivíduo, por meio de mandamentos
e proibições.

Alternativa C: É a alternativa que se mostra incorreta e deve ser marcada pelo


candidato.

O exercício dos direitos políticos se dá por conta do status ativo, onde ocorre a
participação do sujeito na formação da vontade estatal.

74
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

O status positivo, por sua vez, coloca o indivíduo em situação de exigir que o Estado
atue positivamente em seu favor, ofertando bens e serviços. Seriam aqueles mais essenciais a
uma qualidade de vida digna.

Alternativa D: Está correta a afirmativa, já que traduz o conceito do status ativo.

Com efeito, pelo status ativo o indivíduo possui competências para contribuir na
formação da vontade estatal. Essa posição corresponde ao exercício dos direitos políticos,
manifestados principalmente por meio do direito ao sufrágio.

Alternativa E: Aqui também temos uma alternativa correta, trazendo uma afirmativa
verdadeira, de acordo com o que dispõe Alexy.

Nesse sentido, conforme o autor “estar em um status passivo nada mais significa que
se encontrar em uma determinada posição que possa ser descrita com o auxílio das modalidades
de dever, proibição e competência - ou de seu converso, a sujeição”.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

31 - QUESTÃO:

Com relação às disposições constitucionais acerca da defesa do Estado e das instituições


democráticas e das intervenções, marque a alternativa falsa:

a) O decreto que instituir o estado de defesa indicará as medidas coercitivas a vigorarem, as


quais podem ser restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio das associações,
sigilo de correspondência e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica.
b) É da competência do Presidente da República a decretação do estado de defesa e o estado
de sítio, porém compete ao Congresso Nacional suspender qualquer dessas medidas.
c) Os pareceres ofertados pelos Conselhos da República e de Defesa Nacional são meramente
opinativos, não vinculando o Presidente da República em suas decisões.
d) O Presidente da República pode decretar o estado de sítio nos casos de comoção grave de
repercussão nacional, de ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
durante o estado de defesa ou em caso de declaração de guerra ou resposta a agressão
armada estrangeira.
e) A decretação do estado de sítio configura medida que, conforme a Constituição Federal,
implica restrições a direitos fundamentais, sendo que o estado de defesa não produz
restrições, visto que se dá de forma restrita e em locais determinados.

- RESPOSTA: Alternativa E.

75
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- PONTO DO EDITAL: 14) Defesa do Estado e das Instituições democráticas.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda a Defesa do Estado e das Instituições democráticas,


mais especificamente as situações de intervenção, quais devem ser de conhecimento do
candidato, já que recentemente tivemos um episódio nesse sentido.

A primeira alternativa se encontra verdadeira, conforme dispõe o texto constitucio-


nal, quanto às restrições de direitos durante o estado de defesa. Como está disposto:

Art. 136. (...).


§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de
sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos
termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as
seguintes:
I - restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
b) sigilo de correspondência;
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

Alternativa B: A alternativa B também se encontra correta, conforme dispõe o texto


constitucional acerca das competências do Presidente da República e do Congresso Nacional.

De fato, o Presidente da República possui a competência para decretar o estado de


defesa e o estado de sítio, mas é importante lembrar que cabe ao Congresso Nacional aprovar
o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
uma dessas medidas.

Conforme dispõe a Constituição Federal:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado
de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

Alternativa C: Alternativa que também se mostra correta, já que o Presidente da


República não fica vinculado às opiniões emitidas pelo Conselho da República e de Defesa
Nacional.

De fato, os pareceres ofertados por ambos os Conselhos possuem caráter meramente


opinativo, de forma a não vincular o Presidente da República. Como está disposto:

76
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:


I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;

Art. 91. (...).


§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e
da intervenção federal;

Alternativa D: A alternativa D se encontra correta, já que traz as hipóteses possíveis


de decretação do estado de sítio, conforme dispõe o artigo 137 da Constituição Federal.

Vejamos o que dispõe o texto constitucional:

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da


República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso
Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada
estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização
para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos
determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por
maioria absoluta.

Alternativa E: Aqui temos a alternativa falsa e que deve ser marcada pelo candidato,
já que o estado de defesa também implica em restrições a direitos fundamentais.

Com efeito, o estado de defesa pode implicar restrições a direitos como é o caso do
direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações, sigilo de correspondência e
sigilo de comunicações telegráficas e telefônicas. Além disso, é possível haver ocupação e uso
temporário de bens e serviços públicos.

Bom lembrar que as restrições impostas durante o estado de sítio, entretanto, são
maiores, em decorrência da própria situação que a justifica.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

77
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

32 - QUESTÃO:

Sobre o Poder Executivo, marque a alternativa correta:

a) O Presidente da República possui direito de defesa prévia antes do recebimento da


denúncia pelo Presidente da Câmara, conforme já decidiu o STF.
b) O Supremo Tribunal Federal, nos crimes comuns, poderá fazer análise jurídica de matéria
defensiva suscitada pelo Presidente da República, ainda que anterior ao juízo político de
admissibilidade exercido pela Câmara dos Deputados.
c) O juízo de admissibilidade realizado pela Câmara dos Deputados, é um juízo político,
mas caso estejam presentes a materialidade delitiva e a autoria, a Casa deve autorizar o
processamento e julgamento do Presidente da República.
d) O julgamento final prolatado pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade
praticados pelo Presidente da República, tem natureza política, sendo, porém, recorrível, já
que há a possibilidade do Poder Judiciário alterá-lo.
e) O juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados, para que o Presidente da República
seja processado, tanto pela prática de crime comum, quanto pela prática de crime de
responsabilidade, é realizado mediante prévia autorização por voto de 2/3 dos seus membros.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 12) Poder Executivo. 12.1 Forma e sistema de governo. 12.2 Chefia de
Estado e chefia de governo. 12.3 Atribuições e responsabilidades do Presidente da República.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Estamos diante, aqui, de uma questão envolvendo a responsabilidade


do Presidente da República, em especial o juízo de admissibilidade e as questões atinentes ao
processo e julgamento deste.

A primeira alternativa encontra-se incorreta, já que o Supremo Tribunal Federal


possui decisão em sentido contrário ao que está afirmado na letra A.

Com efeito, na ADPF 378 o Supremo decidiu que o Presidente não dispõe do direito à
defesa prévia antes do recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara, não havendo, por
isso, qualquer violação à ampla defesa, haja vista que a defesa prévia não é exigência em todos
os processos.

Alternativa B: Trata-se de alternativa incorreta, conforme jurisprudência do Supre-


mo sobre o assunto.

78
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Com efeito, o Plenário do STF concluiu julgamento de questão de ordem no Inquérito


4483, afirmando que caso haja uma denúncia apresentada contra o Presidente da República,
o juízo político de admissibilidade exercido pela Câmara dos Deputados precede a análise ju-
rídica pelo STF para conhecer e julgar qualquer questão ou matéria defensiva suscitada pelo
denunciado.

Em síntese, deve haver o juízo político prévio pela Câmara dos Deputados, para que
o STF possa conhecer das matérias defensivas alegadas pelo Presidente da República.

Alternativa C: Aqui também temos uma alternativa correta. De fato, temos que o juízo
de admissibilidade é político e não jurídico. Assim, ainda que esteja presente a materialidade e
autoria de infração penal, a Casa Legislativa pode não autorizar o processamento.

A doutrina se apresenta nesse sentido, dizendo que o juízo de admissibilidade


é político e não jurídico, de forma que, ainda que presentes materialidade e autoria, podem
não autorizar o processamento, entendendo que geraria alguma instabilidade institucional ou
política.

Alternativa D: Por fim, a alternativa D também se encontra correta, conforme posição


do Supremo Tribunal Federal.

De fato, no MS 21.689/DF, o Supremo deixou firmado que o julgamento final prola-


tado pelo Senado Federal tem natureza político, sendo irrecorrível e definitivo, não havendo
qualquer possibilidade de o Poder Judiciário alterá-lo. O que pode ocorrer é a verificação do
respeito às regras procedimentais e aos princípios constitucionais, mas jamais o mérito da de-
cisão.

Alternativa E: A alternativa E é a correta e que deve ser marcada pelo candidato, já


que traz afirmativa correta.

De fato, há aqui a literalidade presente nos artigos da Constituição Federal que trata
do juízo de admissibilidade realizado pela Câmara dos Deputados, o que ocorre tanto nos cri-
mes comuns, de julgamento perante o STF, quanto nos crimes de responsabilidade, com julga-
mento no Senado Federal.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

79
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

DIREITOS HUMANOS
PROF. LEONARDO MIRANDA

33 - QUESTÃO:

A doutrina de direitos humanos aponta a existência de sistemas de proteção, como é o caso


dos sistemas interno e internacional, global e regionais. Diante do que se sabe acerca dos
sistemas, aponta a alternativa correta:

a) A classificação em sistemas homogêneo e heterogêneo leva em consideração o órgão


incumbido de proteger os direitos humanos.
b) O primeiro sistema a surgir foi o especial ou heterogêneo, com vistas à proteção direcionada
a grupos específicos de pessoas.
c) De acordo com a doutrina de direitos humanos, a diversidade de aparatos normativos,
dentro dos sistemas internos, regionais e globais se anulam.
d) Com base no sistema homogêneo, é possível visualizar um processo de especificação do
sujeito quanto à sua proteção
e) O sistema de proteção dos direitos humanos tido como especial ou heterogêneo visa
proteger um grupo de pessoas, de forma a individualizar e direcionar a tutela, com base no
princípio da igualdade.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: 6) Sistemas de proteção dos direitos humanos. 6.1 Sistema global de
proteção aos direitos humanos. 6.2 Sistema interamericano de proteção aos direitos humanos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda os diversos sistemas de proteção dos direitos


humanos, com primazia pela classificação destes.

Assim, temos que a primeira alternativa se encontra incorreta, uma vez que a
classificação nestes dois institutos não está relacionada com o órgão incumbido de proteger os
direitos humanos.

Como traz a doutrina, o sistema homogêneo ou geral é aquele que visa proteger todos
os seres humanos. O sistema especial ou heterogêneo, por sua vez, é aquele que especifica o
sujeito a ser protegido, com um direcionamento das normas de proteção.

Diante disso vemos que a classificação é feita em relação aos destinatários das
normas de proteção, ou seja, os sujeitos alvos.

80
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa B: Alternativa que também está incorreta, já que o primeiro sistema a


surgir, conforme a doutrina, foi o sistema homogêneo.

Em síntese, O primeiro sistema a surgir foi o homogêneo ou geral. À partir daí,


surgiram demandas por proteções especiais e direcionada, como uma necessidade indelével.
Dessa forma, surgiram fontes do sistema heterogêneo ou especial.

Alternativa C: A alternativa C também se encontra incorreta, já que os diversos


sistemas não se anulam. Ao contrário, eles se conectam.

Assim, como dispõe a doutrina, há uma conexão ou compatibilidade entre os


diversos sistemas, tanto é que na maioria das normas, dentro desses sistemas, há quase que
uma reprodução literal um dos outros, demonstrando uma diversidade de mecanismos que
visam proteger os direitos humanos.

Alternativa D: Aqui temos mais uma alternativa incorreta, já que a característica


de especificação do sujeito se dá na classificação do sistema como sendo heterogêneo e não
homogêneo.

Com efeito, como há uma maior atenção para uma parcela específica da sociedade,
a doutrina diz que ocorre um processo de especificação do sujeito, já que se visa a proteção
direcionada e individualizada.

Alternativa E: Alternativa que se apresenta de forma correta e que deve ser marcada
pelo candidato.

De fato, a doutrina classifica os sistemas de proteção em homogêneo e heterogêneo.


Este último desenvolve o princípio jurídico da igualdade, de forma a alcançar pessoas específicas.

Assim, o sistema especial ou heterogêneo visa proteger grupos específicos de


pessoas, de forma individualizada e direcionada, havendo a especificação do sujeito.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

81
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

34 - QUESTÃO:

Acerca da conceituação e da evolução histórica dos Direitos Humanos, é incorreto dizer que:

a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos trouxe uma tendência à universalização


dos direitos humanos, prevendo tanto direitos civis e políticos, quanto direitos econômicos,
sociais e culturais.
b) A Carta Magna de 1215 foi o primeiro documento responsável por atribuir, em um caráter
universal, uma gama de Direitos do Homem.
c) Apesar de haver uma concepção de gerações de direitos humanos, esses direitos sofrem
processo de expansão, acumulação e fortalecimento, não de superação.
d) A internacionalização dos Direitos Humanos ocorreu a partir do Pós-Guerra, de forma a
responder às atrocidades cometidas durante o nazismo.
e) A despeito de se tentar conceituar os direitos humanos, deve-se ter em mente de que eles
pertencem ao homem, pela simples qualidade de ser humano.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: 1) Teoria geral dos direitos humanos: conceito; terminologia; eficácia
vertical e eficácia horizontal; características; gerações de direitos.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Questão que aborda o conhecimento do aluno acerca da historicidade


dos direitos humanos. A alternativa A, assim, está correta, já que traduz uma noção correta da
DUDH.

Com efeito, é um documento importante quanto à internacionalização dos direitos


humanos. Além disso, ela não se limita a estabelecer direitos civis e políticos, prevendo, também,
a existência de direitos econômicos, sociais e culturais.

Alternativa B: A alternativa B encontra-se incorreta, devendo ser objeto de marcação


pelo candidato.

De fato, não é possível dizer que a Carta Magna trouxe uma universalização de
direitos humanos, portanto não seria o primeiro documento a fazê-lo. De fato, a Carta Magna
estabeleceu alguns direitos contra a tirania estatal, porém o fez em relação a determinados
súditos ingleses perante o Rei da Inglaterra, não havendo um caráter de universalidade.

Alternativa C: Trata-se de alternativa correta, já que a noção de geração de direitos


humanos, pode trazer uma relação de superação de uma geração por outra.

82
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Conforme trazido pela doutrina, entretanto, apesar de haver referida teoria acerca
das gerações de direitos, os direitos humanos estão em processo de constante expansão,
de forma que se acumulam e fortalecem. Não é possível, nesse sentido, trazer uma ideia de
superação entre gerações.

Alternativa D: Estamos diante de uma alternativa correta, conforme aponta a


doutrina de Direitos Humanos.

Com efeito, é possível afirmar, e a doutrina o faz, que a internacionalização dos direitos
humanos, decorre de uma resposta às atrocidades cometidas, em especial pelo nazismo.

De fato, a partir daí viu-se a necessidade de uma universalização dos Direitos


Humanos, de forma a proteger a dignidade humana independente da condição do indivíduo.

Alternativa E: Alternativa que também se mostra correta, já que na conceituação


dos direitos humanos deve-se ter em conta a sua qualidade de ser humano, como informa a
doutrina.

Em síntese, a despeito de se tentar reproduzir um conceito dos direitos humanos,


deve-se ter em mente que eles pertencem ao homem pela simples qualidade de “ser humano”.
Assim, ele não pode ser privado dessa substância em nenhuma hipótese.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

83
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

DIREITO CIVIL
PROFA. RENATA PEREIRA

35 – QUESTÃO:

O Código Civil divide os bens em duas categorias, a dos bens considerados em si mesmos e a
dos bens reciprocamente considerados. A respeito destas duas categorias e considerando as
suas subdivisões, assinale a alternativa incorreta:

a) Os materiais provenientes da demolição de algum prédio são considerados bens móveis.


b) Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem são
considerados bens imóveis.
c) O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel para efeitos legais.
d) Constitui universalidade de fato o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas
de valor econômico.
e) Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças,
salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do
caso.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Dos bens. Bens considerados em si mesmo. Móveis e imóveis. Fungíveis e
consumíveis. Divisíveis. Singulares e coletivos. Bens reciprocamente considerados. Principais e
acessórios. Benfeitorias e sua classificação.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está correta.

A presente alternativa menciona conceito trazido no Código Civil referente a bens


móveis, que são bens considerados em si mesmos.

É o que se verifica da parte final do art. 84, CC.

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não


forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem
essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

Alternativa B: Está correta.

84
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

A assertiva trata de bem considerado imóvel pelo Código Civil, conforme se verifica
do art. 81, II, CC.

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


(...)
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.

Alternativa C: Está correta.

O Código Civil no art. 80 indica os bens que são considerados imóveis para fins legais.
A assertiva corresponde ao inciso II, como se verifica a seguir:

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


(...)
II - o direito à sucessão aberta.

Alternativa D: Está INCORRETA.

A universalidade de fato é bem coletivo conceituado no Código Civil. A presente


assertiva mistura os conceitos de universalidade de fato e universalidade direito trazidos pela
lei nos artigos 90 e 91 do CC.

Art. 90, CC. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens


singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação
unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser
objeto de relações jurídicas próprias.

Art. 91, CC. Constitui universalidade de direito o complexo de relações


jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.

Alternativa E: Está correta.

A assertiva aborda os bens reciprocamente considerados e apresenta a regra da


relação entre bem principal e pertenças constante do art. 94, CC.

Art. 94, CC. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

85
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

36 – QUESTÃO:

A prescrição é a perda da pretensão e pode ser reconhecida de ofício. Quanto ao tema,


assinale a alternativa correta, conforme o regramento do Código Civil sobre a matéria:

a) A prescrição admite renúncia desde que feita pelo devedor antes de se consumar, de forma
expressa e não admitindo interpretação extensiva.
b) A prescrição admite renúncia desde que feita pelo devedor antes de se consumar, de forma
expressa ou tácita e não admitindo interpretação extensiva.
c) A prescrição não admite renúncia.
d) A prescrição admite renúncia desde que feita pelo devedor depois de se consumar, de
forma expressa ou tácita e não admitindo interpretação extensiva.
e) A prescrição admite renúncia desde que feita pelo devedor depois de se consumar, de
forma expressa e não admitindo interpretação extensiva.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Da prescrição e da decadência. Conceitos. Tratamento dispensado pelo


atual Código Civil. Disposições Gerais da prescrição e da decadência. Suspensão e Interrupção.
Prazos.

- COMENTÁRIOS:

A questão aborda a renúncia da prescrição tratada no art. 191 e 114, CC. Tendo em
vista estes dois dispositivos, é possível identificar os erros das assertivas acima.

Art. 191, CC. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só


valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se
consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.

Art. 114, CC. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se


estritamente.

Alternativa A: Está incorreta.

A assertiva apresenta dois erros: exige que a renúncia seja prévia, o que não é
admitido pelo Código Civil no art. 191; e exige que a renúncia seja expressa, porém o mesmo
dispositivo admite a renúncia tácita.

86
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Alternativa B: Está incorreta.

A assertiva apresenta um erro: exige que a renúncia seja prévia, o que não é admitido
pelo Código Civil no art. 191.

Alternativa C: Está incorreta.

A assertiva é contrária às regras do Código Civil sobre prescrição, tendo em vista que
o art. 191 expressamente prevê a possibilidade de renúncia da prescrição.

Alternativa D: Está CORRETA.

A assertiva está em conformidade com as regras sobre renúncia da prescrição


constantes do Código Civil. Exige que a renúncia se dê após a consumação, admite a renúncia
de forma expressa ou tácita (art. 191, CC) e afirma inadmitir interpretação extensiva tal como
consta do art. 114, CC.

Alternativa E: Está incorreta.

A assertiva apresenta um erro: exige que a renúncia seja expressa, porém o art. 191
do Código Civil admite a renúncia tácita.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

87
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

MEDICINA LEGAL
PROF. IGOR VIALLI

37 – QUESTÃO:

Sobre a traumatologia forense, especificamente as lesões causadas a partir de ações térmicas


e elétricas, responda a incorreta:

a) A insolação e a intermação são exemplos de ações térmicas provocadas pela ação difusa
do calor.
b) A posição de boxeador é um sinal típico de queimadura de segundo grau.
c) O Sinal de Lichtenberg é típico de lesões elétricas naturais.
d) O Sinal de Jellineck é típico das lesões elétricas artificiais.
e) Nas queimadoras, para determinar a severidade, não se perquire o seu respectivo grau,
mas sim a extensão do corpo percorrida pelo agente térmico.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Traumatologia médico-legal.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Certo!

Dentro da traumatologia forense, as ações térmicas e elétricas são bastante cobradas


em concursos públicos!

Dito isso, relembramos que a TEMPERATURA pode sim causar danos graves ao
organismo, sendo que essa ação pode ser difusa (espalhada ou genérica) ou concentrada (como
nos casos de queimadura).

A insolação e a intermação são mesmo exemplos de ações difusas, pois o corpo


humano é exposto como um todo a uma determinada temperatura.

Na insolação, ocorre a exposição do corpo a altas temperaturas do sol, por exemplo.


Lembre-se que o fato decisivo aqui não é o SOL em si, mas sim a temperatura exposta, razão
pela qual pode sim ocorrer uma insolação até mesmo já ao final da tarde ou início de noite.

Na intermação, diferentemente, temos um ambiente interno de confinamento,


no qual o indivíduo é exposto a altas temperaturas pela falta de ventilação ou renovação do
ar. Lembre-se, nesse sentido, que uma forma de o nosso calor dispersar energia e regular a

88
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

temperatura corporal é através do suor. Se há confinamento e falta de circulação de ar, não há


essa troca de fluídos com o meio ambiente e a temperatura interna não consegue se regular e,
caso permaneça em níveis altos, pode ocasionar a desidratação e até morte!

Alternativa B: Errado!

Segundo a classificação mais conhecida das queimaduras, estas podem ser divididas
em: primeiro grau, segundo grau, terceiro grau e quarto grau.

No primeiro grau, visualizamos os chamados ERITEMAS, que é nada mais do que a


vermelhidão da pele.

No segundo grau, temos as FLICTENAS, que são as bolhas causadas e compostas por
líquido amarelado (composto de proteínas).

No terceiro grau, temos a ESCARIFICAÇÃO, pois há queimadura da própria massa


muscular, não somente das camadas de pele. Quando o próprio tecido muscular é atingido,
ele não se recupera (regenera), como a pele, mas sim apenas se cicatriza, razão pela qual ficam
marcas aparentes geralmente tratadas por enxerto.

Por fim, o quarto grau é a CARBONIFICAÇÃO, pois há destruição até mesmo do tecido
ósseo do corpo! Queimadura generalizada e profunda. Caso um indivíduo seja carbonizado
enquanto ainda vivo (caso atinja essa profundidade antes da morte) ou logo após a sua morte,
ocorre a retração dos músculos e, na parte superior, os braços e pulsos se retraem e costumam
ficar na posição chamada de “boxeador”, pois os dados ficam em formato de garra e mais
próximos do queixo, como na “posição de guarda fechada”. Essa posição também é chamada
de “Sinal de Devergie”.

Portanto, alternativa incorreta!

Alternativa C: Correto!

A ação da energia elétrica (o vulgo “choque”) pode ser provocada naturalmente (ação
dos raios) como artificialmente (correntes elétricas industriais).

Quando o indivíduo é atingido pela eletricidade natural, como num raio, as lesões
que o indivíduo pode apresentar são denominas de “sinais de Lichtenberg”, pois a pele adquire
um “desenho” similar a um formato de raio. O efetivo dano causado ao indivíduo é interno, ou
seja, ocorre nos vasos sanguíneos, apresentando-se externamente apenas por essas “marcas”
ou “desenhos” na pele.

89
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Lembramos que se de um “raio” o indivíduo morre, ocorreu a chamada “fulminação”.


Já se ele sobreviver após a ação de um raio, diz-se ter ocorrido a “fulguração”.

Portanto, alternativa correta!

Alternativa D: Correto!

Prosseguindo, se a ação elétrica é artificial, como uma corrente industrial, a marca


causada no indivíduo é conhecida como “sinal de Jelineck”, representando a porta de entrada
da corrente elétrica. Trata-se de uma lesão circular de cor branca ou amarelada, podendo ter a
forma do condutor!

Portanto, cuidado com a distinção!

JELLINECK: CORRENTE ARTIFICIAL.

LICHTENBERG: CORRENTE NATURAL.

Alternativa E: Correto!

Para tratarmos a “severidade” da queimadura, não importa se ela foi de primeiro ou


terceiro grau, mas sim a área do corpo queimada!

É o que se chama de “regra dos 9”:

Uma pessoa adulta de frente:

9% = rosto
9% = tórax
9% = abdômen
9% = perna direita
9% = perna esquerda
9% = os 2 braços
1% = órgãos genitais.
55%=Sub-total

De costas:
9% = costas
9% = abdômen
9% = perna direita
9% = perna esquerda

90
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

9% = os 2 braços
45%=Sub-total
55%(frente) + 45%(costas) = 100% da área do corpo.

Se a queimadura representar menos de 15%, há natureza “baixa”. Se for até 40%, a


queimadura é “média” e, após isso, é “alta”.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

38 – QUESTÃO:

Sobre as lesões provocadas por projéteis de arma de fogo, marque a incorreta:

a) O trajeto é a linha seguida pelo projétil dentro do corpo humano.


b) O orifício de entrada geralmente possui por características bordas invertidas.
c) Nos tiros à curta distância, essa zona de enxugo é bem característica e, por vezes,
acompanhada da chamada “zona de tatuagem”.
d) O Sinal de Werkgaertner é típico de tiros de longa distância.
e) Se um tiro for disparado com o cano da arma encostado no crânio da vítima, poderemos
visualizar a denominada “boca da mina de Hoffmann”.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Traumatologia médico-legal.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto!

O TRAJETO é justamente a linha percorrida pelo PAF (projetil de arma de fogo)


DENTRO do corpo humano, e não FORA dele.

Outros conceitos importantes são o ORIFÍCIO DE ENTRADA (por onde o PAF entrou
no corpo) e o ORIFÍCIO DE SAÍDA (por onde ele saiu, se é que saiu, pois pode ter se alojado no
corpo).

O ferimento de entrada possui uma forma “arredondada” e regular, ao passo que o


ferimento de saída possui forma irregular.

Alternativa B: Certo!

91
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

O orifício de entrada corresponde à entrada do PAF no corpo humano e, por isso, as


bordas da lesão causada são invertidas, isto é, “para dentro” do corpo, ao passo que a de saída
é evertida, em razão do emprego da força mecânica. Geralmente, há pouco sangramento na
entrada e maior sangramento na saída!

O orifício de entrada geralmente é acompanhado pelas denominadas “orla de


contusão” e “orla de enxugo”.

A orla de contusão ou escoriação é a exposição da epiderme pela ação pérfuro-


contundente.

Já a orla de enxugo é a “marca” causada na pele pelos resíduos, sujeitas ou impurezas


constantes no cano da arma de fogo transportados pelo projétil e deixados no corpo ao atingir
a pele humana.

Alternativa C: Nos tiros à curta distância, essa zona de enxugo é bem característica
e, por vezes, acompanhada da chamada “zona de tatuagem”, que é a marca causada pela
queimadura da pele pela pólvora. A zona de “chamuscamento” é composta pela mera fuligem
que também acompanha o projétil. Ao lavar a pele, a zona de chamuscamento é retirada, mas
não a de tatuagem.

Nos tiros distantes, por sua vez, há nítida diminuição do tamanho do diâmetro da
entrada do projétil, com forma arredondada ou ovalar. Há orla de escoriação.

Alternativa D: Nos tiros com o cano encostado na vítima, típicos de execuções, não
há zona de tatuagem, nem de chamuscamento, tendo em vista que toda a mecânica da ação
é transferida diretamente para o interior da lesão, de modo que o ferimento de entrada tem
forma irregular, sobretudo em razão da ação dos gases expelidos que dilaceram os tecidos do
corpo.

Geralmente, é possível ver, também, o desenho do “cano” e da alça de mira da arma


de fogo, conhecido como “Sinal de Werkgaertner”.

Portanto, alternativa incorreta.

Alternativa E: Certo!

Se o cano estiver encostado em algum lugar com osso, como o crânio, visualizaremos
com muita probabilidade o denominado sinal de “boca de mina de Hoffmann”.

92
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Em situação EXCEPCIONAL, o orifício de entrada possui as bordas “evertidas”, isto é,


para fora (não para dentro como na regra), fenômeno provocado pela expansão dos gases após
o disparo, uma vez que não há espaço para saída destes para dentro do corpo.

Assim, o ferimento é caracterizado por uma “explosão” do local atingido (caracteri-


zado por essa borda evertida), geralmente com uma lesão característica de formato “estrelado”.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

93
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

LEGISLAÇÃO POLICIAL
PROF. IGOR VIALLI

39 – QUESTÃO:

Marque a alternativa que não coaduna com a Segurança Pública na Constituição do Estado
do Espírito Santo:

a) São órgãos da administração pública encarregados especificamente da segurança pública


e subordinados ao Governador do Estado e à Secretaria de Estado da Segurança Pública a
Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.
b) Os Delegados de Polícia integram as carreiras jurídicas do Estado, dispensando-lhes o
mesmo tratamento legal e protocolar, motivo pelo qual se exige para o ingresso na carreira
o bacharelado em Direito e assegurase a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
todas as fases do concurso público.
c) São autoridades policiais militares na função exclusiva de polícia ostensiva e de
preservação da ordem pública os oficiais da ativa da Polícia Militar e os Comandantes de
frações constituídas.
d) O Delegado chefe da Polícia Civil será nomeado pelo Governador do Estado dentre os
integrantes da última classe da carreira de delegado de polícia da ativa, em lista tríplice
formada pelo órgão de representação da respectiva carreira, pelo mandato de 02 (dois) anos,
permitida a recondução.
e) No desempenho da atividade de polícia judiciária, instrumental à propositura das ações
penais, a Polícia Civil exerce atribuição essencial à função jurisdicional do Estado e à defesa
da ordem jurídica.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Segurança Pública na Constituição do Estado do Espírito Santo (artigos


125 a 129).

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Caros colegas!

Reiteramos que a parte da Segurança Pública na Constituição Estadual do Espírito


Santo é extremamente enxuta, porém realmente importante para nossa prova! Portanto,
atenção!

Nos termos do artigo 126 da CEES, de fato os três Órgãos encarregados da Segurança
Pública são a Polícia Civil, Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.

94
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Lembre-se que o CBM foi incluído no rol posteriormente através de EC, pois não
constava da redação original.

Alternativa B: Correto!

Precisa descrição do artigo 128, §4º, da CEES.

Alternativa C: Correto.

Interessante previsão constante no artigo 130, §2º, da CEES, trazendo-se o termo de


“autoridade policial” para os oficiais da ativa da PMES os Comandantes de frações constituídas:
“são autoridades policiais militares na função exclusiva de polícia ostensiva e de preservação da
ordem pública os oficiais da ativa da Polícia Militar e os Comandantes de frações constituídas”.

Lembre-se que, nos termos do artigo 127, §6º, “O Delegado de Polícia é legítima
autoridade policial, a quem é assegurada independência funcional pela livre convicção nos
atos de polícia judiciária”.

Por fim, ressaltamos que o conteúdo programático do Edital apenas traz a cobrança
dos artigos 126 a 129 da CEES, não incluindo, portanto, o artigo 130. Pela importância e a
terminologia utilizada, no entanto, mostrou-se valioso trazer tal informação nesta alternativa!

Alternativa D: Em 2001, de fato foi incluída na CEES previsão da lista tríplice para a
escolha do Delegado Geral!

Todavia, o TJES, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado na inicial


para declarar a inconstitucionalidade do § 1º do art. 128 da Constituição do Estado do Espírito
Santo.

Portanto, a atual redação do §1º é a seguinte: “O Delegado chefe da Polícia Civil


será nomeado pelo Governador do Estado e escolhido entre os integrantes da última classe da
carreira de delegado de polícia”, sendo existir, portanto, a vinculação formal à lista tríplice.

Alternativa E: Correto!

Previsão do artigo 128, §3º, da CEES, na esteira do artigo 2º da Lei n. 12. 830/13:

“As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais


exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais
e exclusivas de Estado.”

95
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

40 – QUESTÃO:

Não constitui prerrogativa policial civil prevista no Estatuto dos Policiais Civis do Estado do
Espírito Santo:

a) O desempenho de cargos e funções compatíveis com a sua condição hierárquica.


b) Portar armas, mesmo na inatividade, mediante autorização do órgão competente.
c) Assistência jurídica prestada pelo Estado, quando submetido a processo em juízo em razão
do exercício do cargo.
d) Assistência médico-hospitalar às expensas do Estado, quando ferido ou acidentado em
serviço.
e) O uso de insígnia e identificação funcional.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Código de Ética Policial (art. 3º), Prerrogativas (art. 62), Hierarquia Policial
Civil (art. 179 a 182) e Regime Disciplinar (art. 183 a 239) na Lei n. 3400/1981.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Amigos, lembrem-se que o conteúdo programático, no que se refere


ao Estatuto dos Policiais Civis do ES é restrito, só sendo cobrados alguns trechos em específico,
quais sejam: Código de Ética Policial (art. 3º), Prerrogativas (art. 62), Hierarquia Policial Civil (art.
179 a 182) e Regime Disciplinar (art. 183 a 239). Nosso estudo, portanto, deve ser direcionado!

O desempenho de cargos e funções compatíveis com a sua condição hierárquica é


prerrogativa constante no artigo 62, I, do Estatuto.

Alternativa B: Atenção!

Alternativa equivocada, pois foi suprimida do inciso VI a expressão “mesmo na


inatividade”, sendo a seguinte a atual redação do art. 62, VI, do Estatuto:

“portar armas, mediante autorização do órgão competente”.

Consigne-se que atualmente tramita na ALEP do Espírito Santo projeto de Lei que
permite o porte de arma aos aposentados (PL n. 236/2018).

Alternativa C: Correto!

96
:

CURSO PA R A A
PROVA O BJE T I VA

DELTA-ES

Previsão do inciso IV do art. 62, trazendo a prerrogativa da assistência jurídica ao


policial, desde que o fato que a demande seja em razão da função desempenhada.

Alternativa D: Correto!

Previsão do inciso V do art. 62, trazendo a prerrogativa da assistência médica ao


policial, desde que o fato que a demande seja em razão da função desempenhada.

Alternativa E: Correto!

Previsão do inciso II do art. 62 do Estatuto!

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

97

Você também pode gostar