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Nr. 2790

Fator IV

Por:
Michelle Stern

Tradução:
Paulo Lucas

Revisão:
Rosângela Scubert

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Fator IV

Desde que a Humanidade irrompeu para o espaço, ela tem uma


história conturbada por trás de si. Há muito tempo os terranos se
aventuraram para ilhas estelares distantes, onde se depararam com
civilizações astronáuticas e as pistas de forças cósmicas que influenciam
os acontecimentos no universo.
Neste meio tempo, registra-se o ano de 1.517 (5.104 d. C.) do Novo
Calendário Galáctico. A Via Láctea está em grande parte sob a influência
do Tribunal Atópico. Estes juízes afirmam que só eles poderiam deter a
conflagração que inevitavelmente destruiria a Galáxia. Desta forma, o
Tribunal cimentou a sua pretensão ao poder na Via Láctea, enquanto a
resistência contra ele se arma maciçamente.
Perry Rhodan e a tripulação da espaçonave de longa distância RAS
TSCHUBAI alcançam a galáxia distante Larhatoon, e descobrem que o
verdadeiro reino dos juízes se encontra nos Domínios Intemporais. Para
chegar lá, no entanto, ele precisa de Atlan como piloto e a espaçonave de
um juiz como meio de transporte.
Na Via Láctea, o Lorde-almirante Monkey do serviço secreto
galáctico da United Stars Organization (USO) está na trilha do poder
político tefrodense Vetris-Molaud. Uma pista leva dos paramags ao mundo
secreto tefrodense e uma figura do passado distante: FATOR-IV...

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Os personagens principais deste episódio:

Gucky – O ilt permanece leal a si mesmo.


Monkey – O Lorde-Almirante da USO exige resultados.
Vazquarion – O laosoor dá tudo.
Lan Meota – O teleportador doloroso vai além de si mesmo.

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Fragmentos

Névoa cinzenta. Espuma temporal. Uma eterna espera — mas, sem um


despertar. As sensações surgem e se condensam em um sentimento, e se afastam em
uma ondulação cinzenta, infinita e vazia, um oceano de nada. Às vezes, é como se o
pensamento se afastasse em apenas um nano segundo, como se tivesse que chegar a
um entendimento.
Os lampejos de compreensão se contraem no crepúsculo e se extinguem. Seus
lampejos mostram o exterior, caminhos que são impossíveis; faces — personalidades
com desejos e objetivos, e que esticam os dedos para a névoa que abrange tudo como
um véu.
Então, as imagens se afastam, a névoa prateada abaixa, e permanece um sonho
esverdeado.

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1.

Gucky

10 de julho de 1517 NCG

Estátua estúpida-de-Zeno-Kortin. Campo SAE estúpido. Nave estúpida.


Estúpida, estúpida, estúpida!

Por vinte minutos, Gucky, com sua parahabilidade, a visão telepática, tentou
penetrar através da parede para a ala de alta segurança, e continuou através do
campo SAE para a estátua que parecia ser o passageiro mais importante a bordo da
tefrodense LAHMU. Gucky queria testar se a imagem possuía pensamentos que ele
pudesse perceber na forma de impressões visuais. Mas, os únicos instantâneos
borrados que ele captou, foram os de um cientista que passou diversas vezes pela
sala multiplamente protegida. Para trás e para frente. Aqui e acolá. Sempre em linha
reta.
Era enlouquecedor!
Desde que eles conseguiram saltar de um escaler a bordo, antes que a nave
menor tivesse sido cuidadosamente analisada quando eles entraram na LAHMU,
eles tentaram descobrir mais. Através do comportamento arrogante de Lan Meota
no resgate da estátua de Zeno Kortin, eles sabiam o que os tefrodenses estavam
planejando: o despertar de um Senhor da Galáxia. Não obstante, com toda a clareza
da afirmação, muitos pontos de interrogação permaneceram.
Gucky, Monkey e Vazquarion estavam presos — de duas maneiras. A bordo
da LAHMU, bem como em suas investigações.
Gucky sentiu como se Perry o tivesse colocado de volta com Avan Tacrol,
aquela cria de javali, para captar suas imagens de pensamento penetrantemente
rápidas.
Tacrol era um halutense e ele tinham uma percepção de tempo de cinco
milhões de vezes mais precisa do que um terrano. Enquanto Gucky conhecia Icho
Tolot desde há dois mil anos e meio e tivera tempo suficiente para se ajustar aos dois
cérebros — o cérebro planejador e o cérebro comum — a tentativa com Avan Tacrol
o enlouqueceu, especialmente com seu novo dom de telepatia, que só percebia
imagens.
Também naquele momento ele estava à beira de perder o controle. Sua
cabeça zumbia como uma colmeia, o que levou Gucky a acreditar que os discos da
orelha e o focinho vibrariam. Seu único dente incisivo doer como se maltratado por
uma broca, e as suas pálpebras se contraíam.
— E? — perguntou o Lorde-Almirante Monkey em um tom monótono. —
Resultados?
Gucky teria gostado de saltar para a garganta dele. Ele precisava de tão pouca
pressão quanto piolhos púbicos. Pelo menos o seu outro companheiro se mantinha
respeitosamente silencioso. O laosoor Vazquarion limitou-se a espreitar sobre as
quatro patas para fora de seu esconderijo no corredor e proteger os arredores.
Mesmo se eles tivessem a oportunidade de se tornarem invisíveis pelo deflector por
meio da dispersão dos SERUNS, manteve-se o perigo de medição. Portanto, eles

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haviam recuado para uma área com maior difusão de radiação na vizinhança de uma
casa de máquinas.
— Resultados! Pfft! Eu não posso atravessar. Este maldito campo SAE... eu
gostaria que ele fosse um pouco mais poroso! — Gucky tocou o sensor na gola, de
modo que o capacete se dobrou, e esfregou as têmporas. Pequenas nuvens de
respiração subiram ao ar.
Nesta área da nave, Gucky poderia permitir-se abrir o SERUN. Não havia
sensores, e a sala de armazenamento de peças sobressalentes estava vazia, exceto
por alguns agregados menores, embrulhados em plásticos. Além disso, por causa da
gravidade inferior e da temperatura em dois graus, quase ninguém se desviava para
esta seção.
Para sorte deles, eles descobriam que a estátua Zeno Kortin fora armazenada
no centro de uma seção de armazenagem no distrito periférico, que estava em
grande parte deserta e sem medidas de segurança consideráveis. No complexo
enorme da nave havia oportunidades suficientes para se esconderem dos outros. A
LAHMU era uma nave monstro que media dois mil metros de diâmetro, e no
momento Gucky tinha a impressão de que cada um destes dois mil metros tinha
conspirado contra ele.
— Há tefrodenses na ala? Nós podemos saltar? — Como de costume, Monkey
foi ao ponto. Questões de menor importância, tais como dores de cabeça ou os
sentimentos de Gucky não incomodavam o Lorde-Almirante da USO.
— Há um tefrodense, mas eu dificilmente consigo tocá-lo mentalmente. Este
metal TEP é como favos de abelhas... como se eu tivesse um zumbido. Algo me
incomoda. Eu quase eu acredito, que o maldito tefrodense estaria usando bips, para
perturbar as parahabilidades de pobres mutantes como eu. Mas, não é isso. Há...
alguma coisa.
Vazquarion encolheu as mãos das orelhas, que se aproximaram muito de sua
cabeça. — Há alguma coisa? Mais concreta?
Gucky suspirou. Mais uma vez, ele queria ter os seus antigos dons de volta,
teleportação, leitura da mente e uma forte telecinese. Ele costumava saltar sem um
laosoor como um táxi, através de rotas que outros nunca tinham viajado. Agora,
podia ficar contente se conseguisse se manter em um desfile e conseguisse quebrar
a marca de duzentos metros, se tivesse um felino bola de pelo preto com presas
assustadoras.
— Não, isso não funciona. Mas, eu sei que definitivamente há um tefrodense
na sala. Um cientista. Ele parece estar pensando em um problema, porque ele
sempre vai para cima e para baixo, para cima e para baixo... como uma boneca de
corda...
Os implantes CSA de Monkey clicaram quando seus olhos se concentraram
no laosoor semelhante a uma pantera.
Gucky estremeceu. Ele não gostava daqueles olhos artificiais mortos que
faziam Monkey parecer mais inanimado do que uma máquina. O Lorde-Almirante
provocava intencionalmente os ruídos dos implantes? Talvez, para o oxtornense de
ombros largos e a poderosa caixa torácica, fosse algo parecido com um pigarrear. No
silêncio, o pequeno som despertava uma enorme atenção.
— Você pode desativar o campo SAE?
— Eu não sei. Eu sou um físico de semi-espaço, não um especialista em
tecnologia de campo defensivo, mas o cientista lá será capaz de fazê-lo —
Vazquarion virou os olhos amarelos de predador para Gucky.

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Gucky gostava daquele olhar quase menos do que o do Lorde-Almirante.
Embora, ele agora valorizasse Laosoor como um amigo e aliado, ele ainda
despertava medos primordiais nele, com a forma de uma pantera terrana e presas
que eram tão longas quanto o crânio de Gucky. Ao lado de Laosoor, e sem as suas
antigas habilidades mutantes, ele se sentia comparável a uma cenoura em uma tigela
para refeição.
— Você quer dizer que eu deveria lê-lo de suas imagens mentais? —
perguntou Gucky.
Embora houvesse um campo sonoro ao redor deles, e os SERUNS soaria o
alarme no caso de alguém se aproximar, Gucky parecia desconfortável.
O acampamento ainda estava deserto e tão vazio quanto à superfície de uma
lua desabitada, embora estivessem apenas a trinta metros da ala de alta segurança.
Na verdade, o trato de alta segurança, em que Lan Meota e sua junta tinha trazido a
estátua de Zeno Kortin, estava mais como segurança da tripulação do que proteção
contra os inimigos. Provavelmente, ninguém a bordo contava com um ataque de
dentro.
Desde o seu salto imprudente para a LAHMU, Gucky estivera olhando nas
cabeças de alguns tefrodenses. A tripulação estava com medo de que estivessem
sendo acompanhados no espaço.
— Você pode fazer isso? — perguntou Monkey.
— Depende da tentativa. Se não, você certamente será muito convincente —
Gucky apontou para o cinturão de Monkey, no qual um radiador estava preso.
— Eu não quero acionar um alarme. Nós temos que entrar, desativar o
campo, eu vou pegar a estátua e depois nos teleportaremos para o espaço.
— Ótimo — Gucky estremeceu com a ideia de ter que esperar por dias no
espaço até que seus aliados os pegassem, a menos que os tefrodenses fossem mais
rápidos. Claro, a busca por alguns astronautas no espaço que não queriam ser
encontrados era como a famosa busca da agulha em um palheiro.
Contudo, podia ser que os tefrodenses fossem mais bem-sucedidos do que a
USO. O principal problema era que a equipe de Gucky tinha perdido contato com o
YART FULGEN. Embora, Monkey fosse capaz ativar uma micro boia
hipercomunicadora com sinal secreto, cujo alcance era de vários dias-luz, mas até
que realmente a YART FULGEN pudesse captar o sinal criptografado, poderia levar
semanas na pior das hipóteses.
Sem mencionar que Gucky e Vazquarion teriam que fazer dois saltos: um
para fora da ala de alta segurança, o outro após um curso de mais de trezentos
metros na dispersão do SERUN diretamente no espaço — e tudo isso junto com a
estátua. Naturalmente, as teleportações só teriam sentido quando a LAHMU freasse
para o espaço normal e pousasse em um planeta. O plano não era menos do que
ridículo, mas, por essa razão, ele exercia uma grande atração em Gucky. Em sua
longa vida, ele já havia dominado missões suicidas completamente diferentes.
O fato era: eles tinham que evitar o ressurgimento de Zeno Kortin a qualquer
custo. Nas mãos dos tefrodenses, a consciência do antigo Fator IV era uma arma
apontada para a Terra e à Via Láctea.
Gucky mostrou seu dente roedor. —Tudo bem. Eu tento descobrir mais sobre
as proteções da sala e sobre o destino. Então, nós podemos começar.

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Lan Meota

Lan Meota queria apenas deixar sua cabine simplesmente mobilada, quando
a unidade de pulso mostrou uma chamada recebida. Isso foi surpreendente. Quase
ninguém conhecia a sua atual frequência de comunicação e teve a oportunidade de
contatá-lo.
Era o Maghan? Vetris-Molaud antecipava febrilmente os acontecimentos. Ao
contrário de Lan Meota, que vacilava entre o fascínio e a preocupação.
Meota levantou seu pulso e olhou para o sinal de identificação: Shanu
Starcuut. O que a professora mutante queria dele? Houve algum problema com os
alunos? Isso seria ruim. Para a próxima ação, eles precisavam de cada um dos
mutantes selecionados.
Curioso, ele aceitou a ligação. — Aqui é Meota.
Acima de seu pulso, a professora mutante apareceu em miniatura. Meota
tinha escolhido um cenário que lhe permitia ver a mulher inteira, para que ele
pudesse observar gestos e postura além de seu rosto.
Shanu Starcuut era uma mulher velha — qual idade, ela permanecia em
silêncio sobre isso. Embora, Meota a conhecesse mais do que muitos outros, ele
nunca soube a sua verdadeira idade. As rugas profundas atravessavam a pele
marrom escura, mas os olhos azuis claros pareciam mais alertas do que muitos
jovens tefrodenses. O cabelo branco e liso caía sobre os ombros. Era tão fino quanto
os fios de seda, mas surpreendentemente densos.
Ao redor dos lábios, Starcuut lançou um sorriso que para Meota não
disfarçou a dureza e disciplina com que esta mulher puxava seus protegidos. Ela era
considerada a melhor, uma condutora de dureza implacável; o coração da instituição
mutante: “A Escola da Misericórdia de Apashem”, que impulsionava a maquinaria
como um motor.
— Meota... bom que uma conexão foi feita. Eu quero te perguntar uma coisa.
— Sobre o que se trata?
— Eu estou preocupada com Assan-Assoul. Ele está... excessivamente
motivado.
Lan Meota sorriu. Ele ficou cada vez mais convencido de que não só Assan-
Assoul o "para-configurador" e aluno estrela da Escola Mutante de Apashem —
estava motivado demais. Shanu Starcuut também queria fazer justiça à tarefa a todo
custo — tanto assim que ela tinha que garantir-se de seu apoio antes de chegar a
Connoort. — O fato de ele se esforça, fala por si.
— Isso mesmo. Mas, eu temo Assan-Assoul exagere. Se ele assumir e se
machucar, Vetris-Molaud vai me culpar. E isso o Maghan faria com certeza. Eu mal
consigo conter Assan-Assoul em sua ambição.
— Ele é um jovem cheio de hormônios.
— Ele é o futuro da Nova Tamânia! Um gênio paramental! Nós temos de
protegê-lo a todo custo. Até dele mesmo.
Meota sentiu uma pitada de amargura. Através da declaração de Shanu
Starcuut, ele mais uma vez percebeu o que ele era para ela: uma ferramenta,
infinitamente valiosa, mas um instrumento. Ele havia dado um discurso assustador
na escola mutante em Tefor, quando ele a visitou há alguns meses atrás. Nele, ele

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tentou transmitir o que era o mais importante: permanecer vivo. Não para se tornar
um instrumento que pudesse ser substituído.
Liberdade, dignidade e honra deveriam servir a vida. Não o contrário.
— Eu acho que podemos confiar em Assan-Assoul. Nós devemos. Se você
colocar um supervisor particular ao lado dele, ele vai se ressentir.
— Ele não precisa saber disso. Eu estou aqui também. Mas, quatro mãos
podem transportar mais do que duas.
Shanu Starcuut precisava estar ciente de que era impossível para Lan Meota
proteger Assan-Assoul em ação. Satafar, Trelast-Pevor e Toio Zindher eram as
melhores provas disso. Apesar de sua capacidade superior e amizade com ele, eles
estavam mortos.
Satafar pode ter morrido porque ele se superestimou. Um perigo que
também ameaçava Assan-Assoul, que acreditava, por causa, de suas notáveis
habilidades, que era imortal mesmo sem um chip ativador celular. A verdade era:
não havia nada que pudesse realmente proteger um mutante em ação, cem por
cento. Também a nenhum outro mutante. Assan-Assoul tinha que ganhar sua
própria experiência, perecer nelas ou crescer. Isso fazia parte de ser um para-
paladino.
Talvez Shanu Starcuut concluísse a direção de seus pensamentos pelo
silêncio de Meota. Ela pigarreou. — Cada missão é perigosa. Isso também. Você
cuidará de Assan-Assoul? Protegê-lo, se você puder?
Não havia nada que pudesse proteger Assan-Assoul se as coisas ficassem
difíceis. Ou ele fazia bem o seu trabalho, ou ele fracassava. Mas, Starcuut estava
nervosa e seu nervosismo não ajudava ninguém. Depois de ter estado em missão em
Halut, essa era a primeira grande missão de seus alunos. Três deles estavam na
pedra de toque, a primeira vez que estariam “fora”.
— Claro. Estou aqui pelos seus protegidos. Como um dos primeiros mutantes
do Maghan, eu me sinto especialmente apegado a eles.
Shanu Starcuut fechou os olhos brevemente, as pálpebras com os cílios se
fundiram brevemente com as rugas e os sulcos do rosto. — Obrigado. Isso significa
muito para mim.
Meota assentiu para ela e desativou a ligação. Ele pensou na estátua, como
fazia desde que a recuperou. O olhar verde que o perseguiu em suas passagens e
parecia permear a matéria e o espírito sem esforço. A consciência de Zeno Kortin
estava fragmentada neste metal. Ninguém sabia o que aconteceria se ele acordasse,
e que tipo de riscos isso envolvia.
Exceto um talvez: a própria estátua. Ou melhor: as estátuas. Em suma, eles
tiveram que recuperar os cinco espécimes intactos para lidar com a ressurreição.
Talvez os monumentos alcançassem um nível diferente de clareza se eles fossem
reunidos em um só lugar em sua totalidade. Talvez uma cópia fosse o suficiente para
aprender mais sobre o que está por vir, e ser capaz de se ajustar melhor a isso.
Lan Meota decidiu chegar ao fundo da questão.

Gucky

O cientista da ala de alta segurança tinha que ser o chefe em termos de


estátua do mestre. Ele pensava constantemente nas figuras esculpidas acinzentadas

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de grandes dimensões cor de estanho e de grandes dimensões, e falava com um
colega mais jovem sobre elas, sobre quem Gucky ocasionalmente podia ver através
da estranha perspectiva. Obviamente, o cientista não se importava com as
precauções de segurança, a hora de chegada ou o lugar para o qual estavam viajando.
— É muito cansativo — sussurrou Gucky. — Além disso, o cara não dá muito.
Eu vou tentar na central de comando.
Embora, a central de comando estivesse mais longe espacialmente, mas
naquela direção não havia zumbido que atormentasse Gucky. Lá, a pista estava livre,
e Gucky encontrou acesso quase imediato a Anntu Derr, que já lhe servira
anteriormente como um contato mental em Espern. Ele conseguiu muito melhor
tirar exatamente o que ele queria da multidão de impressões de uma sala.
Foi um sentimento restritivo compartilhar o mundo visual de Derr. A timidez
e a insegurança acompanhavam a jovem tefrodense a cada volta, e mantiveram sua
mente como em uma casca de caracol. Além disso, havia um reboliço, que faziam
com que todas as impressões visuais de Anntu Derr desaparecessem para a Gucky.
A única coisa que acalmava Derr um pouco era o conhecimento de que eles só
entregariam a estátua e depois voariam imediatamente.
A comandante Kajane Paxo apareceu na frente de Derr e assentiu
vigorosamente. Sempre que Derr via sua chefe, ela parecia ainda mais nervosa. Do
seu ponto de vista, a comandante às vezes parecia um ou dois centímetros maior do
que realmente era. A circunstância foi observada por Gucky na última vez em que
contatou Derr.
Na holografia panorâmica acendeu-se uma imagem de um planeta turquesa
que parecia estar completamente coberto de água. Gucky se concentrou. Ele havia
roubado o dom telepático visual de um mutante cego, Severin. Naquela época ele
não sabia que o seu toque iria torná-lo um para-vampiro e que levaria Severin a
morte.
Acima de tudo, Severin conseguiu perceber-se através de seu dom — e
através das numerosas impressões daqueles que as viram ou se lembravam. Gucky,
por outro lado, conseguia abstrair. Enquanto isso, ele conseguiu fazer malabarismos
com várias imagens simultaneamente sem estar na própria imagem. Mas, não era
tão fácil quanto era com sua habilidade original.
Depois de algumas pesquisas, Gucky encontrou o nome do planeta e o
sistema.
— A LAHMU logo alcançará o planeta Connoort no sistema Zaotast. Assim
quando Derr pensava sobre ele, parecia ser uma espécie de planeta secreto da Nova
Tamânia. Ela estava muito entusiasmada e feliz que a LAHMU não permaneceria no
local.
— Que o planeta é secreto, nós já sabemos — disse Monkey. — O que
exatamente significa a agitação na central de comando?
Gucky fechou os olhos para se concentrar melhor. Novamente, ele coletou as
imagens e impressões da miscelânea do foco da Derr, se fundiu cada vez mais com a
jovem tefrodense e experimentou o mundo a partir de seu ponto de vista. Os
murmúrios, bem como o clique suave e o zumbido dos dispositivos, podiam ser
ouvidos em segundo plano. Gradualmente, Gucky ignorou essas impressões e
alcançou o núcleo da tensão de Derr.
Havia alguém na central de comando que perturbava ainda mais Anntu Derr
do que a Comandante Kajane Paxo. Um homem. Ele impressionou Derr
imensamente. Um dos quatro conquistadores: Lan Meota. Fisicamente, Gucky

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dificilmente entendia essa avaliação. Meota era um tefrodense gordo com um rosto
amigável e um evidente começo de uma barriga. Seu cabelo preto estava
desgrenhado como se ele tivesse acabado de se levantar. As fortes sobrancelhas
brancas enfatizavam os olhos escuros. Dificilmente poderia ser imaginado, que este
homem juntamente com Toio Zindher, Satafar e Trelast-Pevor, estivesse envolvido
no assassinato de Ronald Tekener.
Meota entrou no convés de comando, subiu para o assento da comandante
Paxo e trocou algumas palavras com ela. O comandante fez um gesto de aprovação
e Meota deixou a sala novamente.
A cauda de Gucky se contorcia no traje protetor. Lan Meota foi responsável
por ele não ter conseguido acessar a estátua do mestre. Ele tinha arrebatado o
monumento na frente de seu nariz e zombado deles. Desde que eles estavam a bordo
do LAHMU, Monkey tinha mencionado várias vezes que Gucky tinha uma
oportunidade única.
Em se tratando de Monkey, Gucky tinha que assumir Lan Meota para roubá-
lo de sua parahabilidade — e assim matar o mutante, assim como ele havia matado
Severin. O Lorde-Almirante preferia conhecer a capacidade da teleportação
dolorosa em suas próprias fileiras, do que sob as asas de Vetris-Molaud.
Os implantes CSA clicaram — Monkey ainda estava esperando que Gucky
reconsiderasse sua atitude em relação aos propósitos do Lorde-Almirante da USO.
Gucky suprimiu um suspiro. — Derr tem medo de Meota. A excitação geral,
por outro lado se refere ao que eles têm a bordo: a estátua do mestre. Paxo está
inquieta. Ela tem medo e mostra insegurança. Anntu Derr nunca sentiu isso antes.
Para ela, a comandante sempre foi como uma pedra no surf.
— Molhado? — perguntou Vazquarion, confuso. Apesar de ser um nascido na
Terra, às vezes o laosoor tinha dificuldade com as frases antiquadas de Gucky.
— Não, confiável. Silencioso. Emocionalmente imutável... — Algo mudou na
central de comando. Gucky ficou em silêncio e voltou para a mente de Anntu Derr. A
jovem tefrodense levantou-se e se aproximou de Paxo.
Derr olhou para Paxo, que voltou o olhar. — O que nós estamos arrastando
para o planeta como uma doença?
Quanto a tripulação sabia sobre a estátua que eles tinham a bordo?
— Quando nós podemos acessar? — perguntou Monkey, interrompendo a
conexão.
— Logo. Logo nós entraremos no espaço normal.
— Então, tente descobrir mais sobre as normas de segurança. Nós
precisamos da estátua.
Desta vez, Gucky suspirou audivelmente. Então, novamente foi mentalmente
para a sala principal da estatuária tefrodense. Se Perry estivesse com o Lorde-
Almirante, Gucky teria lhe dito muito sobre como ele poderia fazer seu trabalho por
algumas horas, para sentir o quanto era cansativo. Com Monkey, ele economizava
sua energia. Isso seria como gritar contra uma parede de metal.
Através da força do seu paradom, ele deslizou para um cientista que estava
na linha invisível de A a B, de costas para a estátua e olhou para a porta. Ele foi para
o lado. Lan Meota entrou.
O teleportador doloroso estendeu os braços como um gesto de saudação, e
disse algo que Gucky captou apenas em fragmentos. Apesar da obstrução pelo metal
TEP, Gucky conseguiu pela primeira vez mergulhar em cem por cento no chefe
principal. A curiosidade o conduzia. Isso devia ser interessante.

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2.

Lan Meota

Lan Meota entrou na sala de vigilância, que estava na frente da câmara real
com a estátua cercada por um campo SAE. Em várias holografias, a estátua se
destacava de ângulos diferentes.
Derma Tahirsor deu um passo à frente e bloqueou seu acesso. A cientista era
a única pessoa na sala, uma mulher alta quase tão alta quanto ele. Os lábios finos
pareciam apertados e a faziam parecer velha. Ela era significativamente mais nova
do que Sayen Yutinod, a cientista-chefe da expedição, com Meota havia conhecido
há algum tempo. — A Comandante Paxo proibiu que qualquer outra pessoa se
aproxime da estátua. Você não é um cientista.
— Eu sou o líder da expedição. Autorizado diretamente pelo Maghan Vetris-
Molaud. Você esqueceu isso?
— Nem um pouco. Especialmente como líder da expedição, você não deve
assumir riscos desnecessários. Atenha-se a ordem de Paxo.
— Não é uma ordem, é um desejo. Desative o campo SAE.
Os olhos escuros de Tahirsor se arregalaram. — O quê? De jeito nenhum!
Mesmo que eu pudesse, eu não faria isso. A comandante Paxo tem os códigos.
Somente ela pode desativar o campo.
— Então, abra uma brecha estrutural para mim.
— Por quê? Por que nós devemos assumir riscos desnecessários? Você quer
pôr em perigo a vida da equipe? As pessoas estão nervosas e com razão. Esta estátua
não é um brinquedo. Apenas o metal, do qual ela...
— Eu sei o suficiente sobre o metal TEP! Não é minha primeira estátua do
mestre. Abra uma brecha agora!
— Não. Você precisa esclarecer isso com a Paxo.
Meota levantou as mãos na defensiva. — Eu estive com ela. Eu passo. Tudo
bem, deixe o campo protetor. Yutinod está lá?
Tahirsor assentiu hesitantemente com a cabeça. Ela mostrou desconfiança e
com razão. Meota não estava prestes a desistir de seu plano. Ele queria perguntar à
estátua o que estava diante deles. Determinado, ele passou por Tahirsor, que foi
forçada a se mover para o lado e entrou no núcleo da ala de alta segurança. Ele teve
o cuidado de permanecer na linha estreita, que estava livre de sensores de alarme.
Ele não desejava se confrontar com campos de contenção, paralisadores e outros
inconvenientes.
Sayen Yutinod virou-se para ele. Seu cabelo branco e malcuidado se
destacava em todas as direções. Em sua mão, ele segurava a versão tefrodense de
uma unidade de ultra medição kantorchense, que funcionava na área UHF. Ele
observou Meota cuidadosamente. — O que você quer? Certamente, eu não posso
fazer medições de contorno e de massa, hein?
— Os rumores sobre a cordialidade do departamento científico da LAHMU
foram subestimados — brincou Meota. Ele olhou para uma bancada ao lado da porta,
sobre a qual estavam três hiperescaneadores para hipertomografia e
hiperressonância, bem como localizadores e rastreadores individuais. Ao lado deles,
descansava um scanner em forma de bastão para a varredura de ultrassom.

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Yutinod inclinou a cabeça. A unidade de ultra medição em sua mão afundou
um pouco. — Fale comigo! O que o seu surgimento significa?
Meota estava cansado de ser interrompido. — Eu quero ir para a estátua.
Através do campo. Por causa do meu dom, eu posso atravessar pequenas lacunas
estruturais. Eu também tomaria a rota direta, mas Paxo proibiu isso.
Os cantos da boca de Yutinod se levantaram. Ele colocou o medidor de lado.
— Eu entendo. Você quer usar a última chance antes da chegada. Eu acompanho
você.
Meota se perguntou se queria levar Yutinod com ele. Ele teria que arrastá-lo
através da passagem. Mas, eles se conheciam muito bem. Basicamente, Meota
dificilmente poderia recusar o desejo do cientista-chefe. Era como um último
presente, porque quando eles tivessem entregado esta estátua, sua missão estaria
concluída e a busca completada. Então, Vetris-Molaud tinha o que queria e os
serviços de Yutinod não mais seriam necessários.
— Eu concordo — Resolutamente, Meota estendeu a mão para Yutinod e
preparou-se para o cruzamento. Como sempre, a imersão na passagem estava
repleta de dor, que rapidamente diminuía e tornava-se um martelar constante e
impactante que ecoava por todo o corpo.
Assim que Meota mergulhou no acesso, Yutinod não estava mais consciente.
Ele estava deitado no chão, um fardo que Meota teria que carregar, porque ninguém
mais poderia seguir esse caminho com uma mente consciente.
Com Yutinod nos ombros, Meota saltou.
Como sempre, não se podia classificar o que acontecia no horizonte. O que
acontecia na paisagem também iludia Meota na maneira familiar. Talvez o que ele
percebia fosse uma muleta visual que o ajudava a manter sua mente enquanto se
movia através dos reinos penta e hexadimensionais.
Desta vez, faltava o sussurro que Meota tinha ouvido tantas vezes. Em vez
disso, havia uma tensão insuportável ao redor dele. Ele se aproximou de algo grande,
e foi em direção ao perigo.
O olhar dos olhos verdes de cristal o perseguiu. Eles estavam lá, não
importava onde ele fosse, e não novamente. Meota sentiu sua ganância, a
expectativa. Algo era iminente.
Yutinod parecia pesar toneladas.
Instintivamente, Meota procurou seu caminho através da ruptura estrutural,
se espremendo por ela sem perceber como tal. Ele ainda estava em uma paisagem
indefinível, perseguido pelos olhos verdes.
A carga que Meota estivera carregando, tornou-se mais e mais pesada,
puxando-o e ameaçando derrubá-lo no chão. Seus músculos estavam queimando.
Cada movimento era um tormento.
Meota imaginou carregar o Maghan, que ele nunca deixaria cair. Vetris-
Molaud era seu confidente, Meota o servia e a Nova Tamânia com todas as suas
forças.
Falta apenas um passo.
E mais um.
Então, um último.
A realidade reapareceu. O chão cinzento sombrio apareceu.
Meota soltou sua carga, descansando as mãos nos joelhos. Ofegante por ar,
ele precisava de uma pausa. Mas, ele havia conseguido. Mais uma vez ele fora capaz

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de se espremer através de uma fenda estrutural sem expansão real. Como sempre,
exatamente dois minutos e nove segundos se passaram.
Ao lado dele, Yutinod acordou do sono do transporte.
— Isso... isso é impressionante — sussurrou Yutinod. De sua voz, Meota
percebeu que ele quis dizer algo muito diferente: terrível.
A figura de quase 1,90 metros de altura pairava na frente deles como uma
revelação. Era visível e sombreada ao mesmo tempo. Parte dessa impressão vinha
do chapéu pontiagudo com o véu que lhe cobria o rosto. Apesar ou por causa desse
sombreamento, as feições eram claramente visíveis. Eles transmitiam deliberações,
autoconfiança e superioridade.
Yutinod ajudou Meota a se levantar depois de uma pequena pausa. Ele
rodeou a figura em um pedestal. Ereta e sem apoio, ela se projetava na sala, com seus
antebraços ligeiramente dobrados, e com as palmas das mãos para cima. Embora o
gesto lembrasse uma lembrança de uma saudação, Lan Meota sentiu-se repelido,
como se o estranho em metal cinzento e opaco o avaliasse e tentasse julgá-lo. A
impressão vinha não menos dos os olhos verde-esmeralda que cintilavam como dois
pontos coloridos e brilhantes no meio do cinza.
Yutinod deu um passo para trás. — É inevitável que alguém a evite, certo?
Como uma onda de maré atingindo alguém.
— Sim — Lan Meota sentiu o metal, tentando descobrir os segredos que se
escondiam dentro dele. — É como ter que ir porque algo está se aproximando de
você. Ergue-se de grande profundidade, frio, glorioso e mortal. Um predador que
fareja a presa.
— Foi sempre assim? Mesmo com as outras estátuas?
— Isso tornou-se mais forte. A presença se torna mais intensa. Ameaçadora
e ainda... fascinante.
Yutinod esfregou o braço com as mãos como se estivesse congelado. Era o
mesmo em todos os lugares da ala de alta segurança, independentemente de qual
lado do campo defensivo. — O que isso significa?
— Ele está se aproximando.
— Mas, quem ou o quê?
— Ele mesmo.
— Lá! — De repente, Yutinod se agachou.
Meota parou e olhou para o pedestal que Yutinod estivera olhando. Os
caracteres se moviam no quadro anexado. Formaram uma frase: Escu emuan
tortmon tenoy anorrom?
O cientista digitou comandos com entusiasmo em um campo holográfico
interativo sobre o dispositivo de pulso. Uma tradução tridimensional apareceu. Você
é um dos guardiões secretos da esperança e da força espiritual?
Meota sabia o que era exigido dele. Ele sentia isso e sabia a partir de
encontros com outras estátuas de Zeno Kortin. — Lar.
Isso significava “não”. Ele não queria tentar enganar.
Novamente, a escrita mudou: Toch escu emuan?
— Quem é você? — perguntou Yutinod.
Meota sorriu. — Gilar. Ninguém. — ele conhecia essas perguntas. Eles
também apareceram na placa da estátua de Kortin, que ele e Vetris-Molaud
encontraram em Suaraan, o planeta de ajustagem do Trio-Vengil.

15
Ele quis fazer sua própria pergunta bem pensada para começar, então as
letras mudaram novamente. Os olhos de Meota se estreitaram.
— Sha emu'ta pechcay, pechtor gaz va paho-pechtor.
— Eu vi você chegando — sussurrou Yutinod animadamente —, um caminho
diferente de qualquer outro caminho!
— E para onde vou? — Meota olhou para Yutinod.
Prontamente traduzido, embora Meota teria sido capaz de fazê-la por si
mesmo:
— Voya'pechtin sha yi?
As letras pararam. Meota quis se afastar, então houve movimento nos
caracteres. Agora ele também se agachou, se equilibrando sobre os pés.
— Lacrast — escreveu o quadro-negro. — Va emu'shat ghos.
Yutinod franziu a testa. Houve uma sensação de raspagem na garganta de
Meota. Ele assentiu com a cabeça para o cientista. Embora, ele tivesse aprendido o
lemurense através de hipnotreinamento em conexão com a busca para rastrear as
estátuas do mestre, ele tinha dificuldades idiomáticas. — Traduza, Yutinod.
— Bem... nada, além de você mesmo.
— O que acontece quando unirmos as estátuas? — perguntou Meota em
lemurense. — Existe perigo?
Desta vez, o quadro negro permaneceu imóvel. Ela manteve os caracteres: —
Va emu'shat ghos.
Nada, além de você mesmo.
O que aquilo significava? Era uma espécie de profecia?
Meota repetiu sua pergunta, esperou e a refez. Não houve resposta. Os
caracteres permaneceram imóveis como a própria estátua. Ele desistiu, moveu-se
para a transição, pegou Yutinod e o arrastou pela passagem. Mais uma vez, se
passaram exatamente dois minutos e nove segundos.

Gucky

Eles tinham escolhido um novo esconderijo há uma hora, em um armazém


que atualmente não era usado, a cerca de quarenta metros da ala de alta segurança.
Vazquarion, juntamente com Gucky, havia superado alguns dos mecanismos da
porta para impedir que eles se abrissem e fechassem. Enquanto o físico de semi-
espaço cuidava do lado técnico do assunto, Gucky o ajudava telecineticamente,
movendo peças menores dentro do mecanismo, enquanto seguia as instruções.
Por causa que eles pretendiam saltar para a ala de alta segurança e, em
seguida, para o espaço, ele quis poupar as forças de Vazquarion e abster-se de
teleportações supérfluas.
Ainda assim, era tão difícil, bem como era fácil se esconder na nave enorme.
Embora a equipe estivesse empolgada — mas a animação parecia se relacionar
puramente com a estátua e a missão.
Não era de admirar. O tefrodense queria reviver um senhor da galáxia.
Não, pensou Gucky e corrigiu seus últimos pensamentos. Não o tefrodense.
Vetris-Molaud. O autoproclamado Maghan e o colega temporal do último senhor da
galáxia. Provavelmente, ele sonhava em se tornar o novo Fator I.

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Se fosse realmente capaz de trazer Zeno Kortin de volta, o Maghan tinha
recursos disponíveis que faziam a pele de Gucky se arrepiar no pescoço enquanto
pensava nisso. Só o conhecimento que um senhor da galáxia como Zeno Kortin
possuía era uma arma valiosa e destrutiva.
Vetris-Molaud não corria atrás de nenhuma ilusão. O perigo era real.
Gucky observou quando Lan Meota desapareceu com Yutinod, reaparecendo
no campo defensivo exatamente dois minutos e nove segundos depois. Através de
Meota, ele finalmente sabia o nome do cientista-chefe. Nas holografias que
apareceriam acima do multicomunicador, ele leu caracteres tefrodenses e
lemurenses. Mais uma vez ele se irritou com o campo que bloqueava as suas
parahabilidades. Obviamente, a estátua comunicava-se com Lan Meota.
Depois de um tempo, Lan Meota voltou com Yutinod em seus ombros. Mais
uma vez, ele precisou de dois minutos e nove segundos para a sua teleportação, e
então parecia mal. O teleportador tefrodense deixou a ala de segurança.
Gucky voltou sua atenção para Monkey e Vazquarion no depósito. — Esta
estátua me dá comichão na pele.
Monkey se agachou para que ficasse ao nível dos olhos de Gucky. — É por
isso que devemos fazer algo.
As mãos das orelhas de Vazquarion se moveram nervosamente. — É hora?
— Em breve — Gucky procurou o cientista na câmara interna. Yutinod estava
sozinho novamente, ponderando sobre o que tinha acabado de ser experimentado.
Imaginou o metal TEP cinzento, o Drokarnam, como era chamado em lemurense. O
estado básico da matéria cinzenta mudou, brilhou, tornou-se verde e finalmente
turquesa.
— A vida no máximo — murmurou Yutinod. — Payn-Hrun-Tala. O idioma
paramag não conhece coincidências. O que nós teremos que pagar por isso?
Yutinod deu outro passo na linha reta — e tropeçou.
Algo como surpresa passou por ele. Ou era de terror? Yutinod se conteve,
olhou para a data e hora em seu pulso. Gucky sentiu inquietação e qualquer outra
coisa que ele não conseguiu captar. Ao mesmo tempo, ele alcançou um display
distante.
— O planeta está se aproximando. Nós temos os SERUNS. Nós arriscamos.
Monkey não disse nada, mas desapareceu de um momento para o outro. Ele
teve que interligar vários componentes de dispersão do SERUN através da
positrônica, a fim de mover-se no modo defletor. Devido à proximidade de um
conversor de compensação, a emissão não despertaria suspeitas.
Gucky também ativou várias funções. Agora, ele via Monkey e Vazquarion
através da rede dos trajes, e usou a sua própria positrônica.
Gucky sentiu a mão-cauda de Vazquarion e a agarrou firmemente. Do outro
lado do cinto largo dos ombros, os dedos de Monkey agarraram uma das coxas do
laosoor.
Cautelosamente, Gucky tateou na mente de sua contraparte. Ele ajudaria
Vazquarion formar um parabloco consigo, para que eles saltassem juntos com
precisão.
Como em seus exercícios conjuntos, Gucky queria que Vazquarion o
encontrasse, e o orientasse quando ele começasse sua jornada através do espaço
pentadimensional.

17
Ele sentiu quando os pensamentos do laosoor se tornaram mais suaves. A
mente de seu companheiro tornou-se calma. Vazquarion se concentrou no destino,
se concentrou e...
— Não! — Gucky puxou a mão.
Ainda a tempo.
Vazquarion soltou um assobio. — O que é? Eu já tinha a ala em meus olhos!
— O caminho certo! — Gucky lutou para dobrar o capacete acima da testa.
Ele sentiu o olhar gelado de Monkey sobre si. — Este cientista-chefe... Yutinod... ele
sempre vai em linha reta! E antes disso, ele quase se desviou. Ele estava assustado.
Existem sistemas de segurança, campos de contenção ou pior. Em sua mente havia
algo como teias de aranha! Fios finos e invisíveis que estão por toda parte na sala.
Contudo, os nossos SERUNS pouco nos ajudam. Nós não podemos penetrar na
câmara interna sem disparar um alarme! Nós seríamos imediatamente descobertos,
e as positrônicas paralisadas. Os sistemas de armas organizariam um fogo de
artifício!
Monkey desativou o campo que o tornava invisível. — Voltemos novamente
para o modo mais discreto. Mudemos de local. Certamente, a breve emissão
energética não foi notada.
— E a estátua? — perguntou Vazquarion.
O Lorde-Almirante se pôs em movimento. — Gucky pode observar o que é,
para que não temos que ficar na sala. Nós temos que esperar, e se necessário acessar
um transporte de evacuação para o planeta.
— É uma pena que o contato de hiper-rádio com a YART FULGEN foi
interrompido — Gucky não tinha nada contra a cavalaria em segundo plano.
Claro, ele poderia salvar o universo sozinho se fosse necessário, mas alguns
aliados no local nunca faziam mal. Como cenouras e amigos, não se poderia ter o
suficiente.
— Eu tenho uma idéia para isso! — Nos olhos amarelos de Vazquarion
apareceu uma expressão entusiástica. — Como parece, nós precisamos de apoio
para frustrar os planos de Vetris-Molaud. Com a micro-bóia, nós não chegaremos
muito longe, mesmo que a YART FULGEN tenha enviado uma sonda com sensor de
semi-espaço para a busca e esteja nas proximidades. A chance de que sejamos
encontrados num futuro próximo é pouco superior a vinte por cento. Mas, se os
tefrodense em grande parte deixarem a nave e a vigilância geral diminuir, eu poderia
manipular o propulsor espacial linear.
Gucky torceu o nariz. — Em que medida?
— Você disse que Anntu Derr está feliz apenas em entregar as mercadorias
juntamente com Paxo e voar imediatamente.
— É verdade.
— Isso significa que a LAHMU partirá assim que tiver descarregado a estátua.
Eu poderia mudar a propulsão de modo que gerasse um hiperimpulso específico
quando for ativado, que deveria ser localizado pela YART FULGEN. O alcance vai
ultrapassar a micro-bóia muitas vezes. Os nossos SERUNS qualquer maneira.
— De acordo — disse Monkey. — Mas, apresse-se. Nós devemos evitar o
planeta e o despertar.
Gucky, que tinha aberto um pouco novamente para captar o humor no
LAHMU, notou uma forte tensão em Anntu Derr. — Está acontecendo alguma coisa
na central de comando.

18
Eles chegaram a um dos últimos esconderijos. Esta seção também estava
deserta.
Gucky deslizou para trás de alguns recipientes e inclinou-se contra a parede.
Ele mergulhou no mundo de Derr, na casca de caracol, que dificilmente a protegia
contra a incerteza. — Parece que uma reunião. A comandante Paxo está lá. Ao lado
dela está Lan Meota. Ele está falando. Obviamente, ele é o líder da expedição.
No capacete Gucky sentiu em suas orelhas, que teria gostado de ter ido mais
longe. Ele olhou através dos olhos de Derr para as imagens da holografia panorâmica
da central de comando.
Havia um planeta verde, um mundo aquático. As algas ou outras plantas
coloriam a superfície. Esse tinha que ser Connoort, o destino deles, o mundo secreto
tefrodense. Gucky tentou memorizar o máximo de dados possível e absorveu a
visão: um sol azul cercado por catorze planetas. De acordo com a exposição, o sol,
chamado Zaotast, estava a 284 anos-luz de distância de Tefor e a cerca de 3297 anos-
luz abaixo do plano principal da galáxia.
O mundo em si tinha 13.188 quilômetros de extensão, um pouco maior que o
terreno e coberto por um único oceano. Mais da metade da água era pouco profunda,
com apenas trinta metros de profundidade. Em muitos lugares, plantas semelhantes
a manguezais haviam se transformado em uma única rede. Elas se elevavam do mar
como continentes vivos. Praias e ilhas, associações flutuantes de plantas que se
soltaram do subsolo e flutuavam. Elas eram tão poderosas que Gucky também as
reconhecia na redução com facilidade, especialmente porque quase nenhuma
nuvem obstruiu a vista. Excepcionalmente para um mundo aquático. Na verdade, ele
teria esperado uma cobertura de vapor. Os tefrodenses haviam intervido
tecnicamente?
A comandante Paxo virou-se para sua tripulação. — Nós estamos prestes a
chegar a Connoort. Lembro a todos os tripulantes que desejam deixar a nave para
colocar seus uniformes de gala e sempre estarem cientes de que seu comportamento
representa a LAHMU e a Nova Tamânia. Diretamente na frente à nossa frente, outra
nave da classe NEBERU chegou ao sistema. É a VOHRATA, a nave capitânia de Vetris-
Molaud. O próprio Maghan vai visitar o planeta e cuidar da fase final do projeto.
— Vetris... — sussurrou Gucky. Ele afastou-se brevemente do mundo de
Anntu Derr, que devido as palavras de Paxo, havia caído em uma agitação
desesperada, como se alguém tivesse esmagado a concha protetora do caracol. A
jovem tefrodense estava à beira de um ataque de pânico.
— O quê? — perguntou Vazquarion ao lado dele. — O Maghan vem
pessoalmente?
— Sim — Gucky não gostou. Isto significava que era realmente sério. Os
tefrodenses não estavam tateando ao redor de quaisquer estátuas. Eles realmente
tinham esperança de trazer um senhor da galáxia de volta à vida! — Eu estou
tentando descobrir mais.
Ele desviou sua atenção, deslizou para fora de si e ganhou acesso a Anntu
Derr novamente.
— Comportem-se educadamente! — Kajane Paxo estava dizendo, olhando
para Anntu Derr, que teria preferido afundar em seu assento. — Isso também é
válido para os mutantes. Alguns deles acabaram de deixar o VOHRATA e já estão a
caminho do planeta.
Mutantes! Era imperativo que Gucky informasse os outros imediatamente
sobre essa mensagem.

19
— Vetris trouxe mutantes.
— O quê? — perguntou Monkey.
Gucky mergulhou de volta para Anntu Derr. Ficou mais fácil e mais fácil
mergulhar nela em um instante. Aos poucos, ele ouviu Kajane Paxo mencionar os
nomes. — Shanu Starcuut, Ejery Vyndor e Assan-Assoul. Além disso, um Báalol – Pai
Moo. O nome lhe diz alguma coisa?
— Oh, sim.
— Bem, você não deixe qualquer coisa como vermes puxar doo nariz! O que
você sabe sobre ela?
Vazquarion inclinou a cabeça e ergueu as orelhas-mãos. Ele estava muito
tenso de atenção.
Embora Monkey permanecesse impassível, Gucky sentiu como algo nele
estava trabalhando. — Starcuut é a chefe da Escola da Misericórdia de Apashem. O
Báalol é o chefe de segurança. Os outros dois são estudantes. Especialmente Assan-
Assoul parece ser importante para os tefrodenses. Ele é a estrela da nova
geração. Infelizmente, nós sabemos muito pouco sobre suas habilidades. Que eles
estão presentes no local, é uma oportunidade.
— Espionando eles? — perguntou Vazquarion.
— Também.
Gucky sentiu uma sensação de formigamento no dente roedor. — Você está
pensando em mais, não é?
O pensamento de Monkey poderia esperar que ele sequestrasse todos os
alunos da escola tefrodense de mutantes para paradotados e os matasse, o
aterrorizava.
Monkey olhou em volta, explorando visivelmente o ambiente através da
composição do SERUN e levantou-se. — Sim. Sim. Uma oportunidade pode surgir
inesperadamente aqui. Temos Vetris-Molaud ao nosso alcance. Poderíamos tirá-lo
do jogo. Eliminá-lo.
Ou assassiná-lo, se você não quiser usar eufemismos! — Gucky ficava
repetidamente espantado com a crueldade de Monkey. — Você está planejando um
ataque como perpetrado por terroristas?
— Eu estou pensando em fazer o que é necessário. A estátua é apenas uma
coisa. Se a destruirmos, tomamos medidas contra um sintoma. Vetris é a causa. Ele
começou toda essa dança.
Esse foi um número incrível de palavras em uma só peça para o Lorde-
Almirante.
Gucky ficou de pé. Instintivamente, ele seguiu o exemplo de Monkey e testou
no display do SERUN que se baseava na localização passiva, que eles ainda estavam
sozinhos que não foram descobertos. — Você está pensando em matar Vetris-
Molaud? O Maghan dos tefrodenses?
O Lorde-Almirante parou e agora parecia tão calmo como a parede atrás
dele. Os olhos artificiais no rosto de cor azeitonada sem pelos eram completamente
inexpressivos. — Exatamente. É uma opção. Os tefrodenses tornaram-se inimigos
da Terra e do Galacticum. Eles ameaçam nossa liberdade.
Vazquarion moveu a mão-cauda com aprovação.
Gucky cruzou os braços sobre o peito. — No seu lugar eu não subestimaria o
Maghan.
— tefrodenses, lemurenses... ele é apenas um homem.
— Assim como você.

20
Lan Meota

O escaler separou-se da LAHMU. Lan Meota usou o tempo de voo curto para
relaxar o máximo possível. Ele sentia uma mistura de agitação, curiosidade e
profunda preocupação. Aquele olhar verde... desde a última passagem, era como se
o estranho foco da atenção ainda estivesse sobre ele — ele o seguia através da névoa
cinza como uma luz na escuridão.
Imaginação.
Meota havia sido infectado pela tripulação da LAHMU que simplesmente
tinha medo do desconhecido.
Ele piscou e tentou esquecer a estátua de Zeno Kortin e os perturbadores
olhos verdes. Ele não podia mudar o renascimento de qualquer maneira, não
importava o quão desconfortável ele se sentisse com isso. Vetris-Molaud havia
tomado sua decisão. O Maghan nunca se absteria de seu plano de tornar o Fator IV
seu conselheiro, um professor que poderia revelar-lhe segredos do passado e
tornar-se um pilar do poder.
Apesar das preocupações era bom para vir, finalmente, para o fim de sua
tarefa. Apesar das preocupações, era bom finalmente concluir sua tarefa. Lan Meota
também era importante e bem-sucedido como o último dos quatro conquistadores.
Sua missão para o Maghan estava quase completa. O resultado era impressionante,
apesar da perda do agente Bunccer-Buhaam, que o Lorde-Almirante Monkey havia
matado.
— Um planeta interessante — disse Sayen Yutinod. O cientista-chefe sentou-
se com Meota e observava uma holografia, que mostrava imagens das lentes
externas.
Eles correram em direção ao mar, reduziram a velocidade se aproximaram
de uma área arborizada no meio da água. A cobertura vegetal formava um teto
fechado que escondia o que estava por baixo. Era perceptível que as folhas e os fios
eram mais brilhantes e maiores em direção ao topo. Eles pareciam estar se
inclinando avidamente em direção ao sol.
O escaler pousou no espaçoporto próximo da cidade palafita Bhutefor. Como
o Buthefor era o único assentamento no planeta e tinha apenas um local de
desembarque, os habitantes falavam principalmente da "cidade" e do
"espaçoporto". Em algum lugar nos Anais estelares da Nova Tamânia podia haver
um nome longo para este espaçoporto, mas existia apenas em um arquivo
armazenado a anos-luz de distância.
O porto estava afundado no fundo do mar. Um hemisfério com cerca de
seiscentos metros arqueado para dentro, pronto para tomar o escaler em si. Não
havia capacidade suficiente para uma nave maior. Teria que se pousar um gigante
como a LAHMU ou a VOHRATA no meio do mar.
O escaler aterrissou, e os preparativos para o deslocamento da estátua foram
feitos.
Meota ficou e assistiu o processo. Era a quinta estátua intacta, e ele conhecia
o procedimento que se seguiria. Com equipamento especial, campos de retenção,
protetores e campos antigravitacionais, os cientistas transportaram a estátua de
Zeno Kortin para uma veículo aquático que estava esperando, um laron que parecia
uma ampla plataforma.

21
Chamavam a cidade sobre palafitas Bhutefor de a “flutuante”. Para alcançá-
la, Meota também se moveu para uma das plataformas que poderiam ser
controladas tanto na água e no ar. Um leve vento bateu nele, carregando os cheiros
do mundo úmido. Era uma fragrância estranha e exótica, salgada e doce ao mesmo
tempo, na qual havia algo pesado.
Assim que a estátua chegou ao laron, um campo SAE se fechou ao redor dela.
De seu veículo, Meota observou a estátua de Kortin na frente dele ficar mais escura
no crepúsculo. Embora a plataforma laron estivesse bem iluminada, ele reconheceu
apenas um pouco do lado de fora. De vez em quando Genjosch brilhava em uma
difusa luz violeta sob a folhagem. As medusas viviam tanto na água quanto na densa
trama dos galhos e conseguiam cobrir as distâncias, algumas delas flutuando. Com
seus corpos bio luminescentes, elas atraíram presas.
O laron de Meota seguiu a plataforma com a estátua do mestre para a cidade.
Edifícios simples e elegantes erguiam-se nos molhes de seis metros de altura, uns
cinquenta metros de altura. Pareciam frágeis por causa de sua base estreita, e
inevitavelmente se perguntava como as barras finas e brancas segurariam seu peso.
A maioria deles se projetava para fora do solo como juncos e estavam conectados ao
solo debaixo d'água por pilares de sustentação. Os arquitetos sentiram que era mais
estético ocultar opticamente os pilares metálicos dos edifícios. Apenas um fraco
ponto azul indicava um habitante que, sob este ou aquele cais, a vários metros, não
passava por um laron ou barco.
Eles passaram por um subúrbio de Bhutefor e seguiram um rio da cidade
para a zona 9. Já de longe, através de uma abertura em forma de lagoa na paisagem
florestal, Meota reconheceu a plataforma antigravitacional com quinhentos metros
de comprimento, que flutuava a trezentos metros de altura. Um campo defensivo
rodeava a estrutura que brilhava prateada na luz do sol azul.
O piloto conduziu o Laron para cima da lagoa verde, de modo que eles se
dirigissem para zona de trabalho. Eles subiram mais alto do que a plataforma,
aproximando-se de cima.
No meio dela, o laron desceu em direção ao destino com a estátua do mestre
através de uma eclusa estrutural.
Meota se levantou e foi até o parapeito. Na zona de trabalho, ele agora
reconhecia as paredes altas de trinta metros que cercavam a estrutura. Eles
consistiam em edifícios erguendo-se verticalmente na borda da plataforma:
laboratórios, estações de medição, uma estação médica e duas áreas de armas
apontando para o centro.
Na área central já havia quatro estátuas do mestre, posicionadas de modo
que que formassem um círculo com o quinto monumento.
Meota estremeceu ao olhar para as quatro figuras absolutamente idênticas
com os chapéus pontiagudos esperando em silêncio e em pé, enquanto seus olhos
verdes se encontravam no centro do círculo. O metal TEP era um hiperemissor, que
poderia liberar enormes quantidades de energia durante a conversão —
especialmente se algo desse errado.
Em uma emergência, havia poder destrutivo suficiente para se fundir
imediatamente as estátuas, incluindo a plataforma, através das áreas de armas. Os
padrões de segurança mais elevados prevaleciam em toda parte, e havia dispositivos
protetores para os tefrodenses no local, de modo que também pudessem sobreviver
em um caos energético. O Maghan não poderia ser censurado por imprudência.

22
O laron passou a eclusa no campo paratron e pousou em uma depressão a
cerca de vinte metros da área central. Meota saiu da plataforma e se aproximou algo
que se parecia e era percebida como grama prateada, mas não era grama.
Embora a plataforma antigravitacional fosse projetada em grande para ser
funcional, os construtores tinha prestado atenção à estética. Como as torres
residenciais estreitas e imponentes de Bhutefor, a plataforma flutuante criava uma
impressão graciosa e, assim, aparecia de maneira natural como uma extensão
incomum da cidade.
— Lan Meota! Bem-vindo a Connoort! Cara, isso é emocionante! — disse uma
voz familiar um pouco ao lado dele.
Meota se virou.
Ejery Vyndor sentava-se em um grupo de assentos que parecia uma coleção
aleatória de pedras angulares brancas, mas que se adaptavam perfeitamente à sua
postura. Se não fosse por sua familiar cabeça careca, Meota dificilmente teria
reconhecido a jovem mutante. Ele se lembrava de Ejery com dezenove anos de idade
que não se importava com sua aparência e cujas roupas não poderiam estar longe o
suficiente. Porém, agora, porém, ela usava um traje branco radiante com aplicações
douradas e ornamentos que eram em sua maioria caracteres lemurenses. Além
disso, ela usava maquiagem de modo que os olhos já grandes parecessem ainda
maiores e as íris escuras. Na pele da cabeça careca, apareciam imagens que pareciam
caligrafia lemurense. Com um pouco de abstração, Meota reconheceu a palavras
“grandeza” e “coragem”.
— De fato — Meota sentou ao lado dela.
Juntos, eles observaram os cientistas manobrarem a quinta estátua através
de campos antigravitacionais tão cuidadosamente quanto se fosse feita de vidro fino.
Ejery retraiu o lábio superior e mastigou. — Eu estou tão feliz por estar
aqui. Isso é loucura!
Meota sorriu com o entusiasmo dela.
Ejery era uma hipno e uma indutora de sonho. Ela poderia dar as
suas vítimas imagens oníricas muito específicas ou dar-lhes certos estados de
espírito. O fato de ela ter sido escolhida para essa missão mostrava o quão bem ela
se saiu na escola de mutantes.
Em sua euforia Ejery continuou. — Minha primeira missão verdadeira! Agora
eu sou uma para-paladina! Como você e Satafar.
Meota teria preferido deixar claro que Satafar esteve longe do que ele
entendia por um para-paladino durante sua vida. Na personagem de Satafar, havia
abismos, escuros e mais profundos que o oceano de Connoort. Mas, por que ele
deveria sobrecarregar Ejery, que obviamente amava seu modelo? — Você não pode
ser.
Os olhos sem sobrancelhas de Ejery se estreitaram. — O quê?
Meota a viu recuar e ameaçar perder o seu entusiasmo. Ela temia ser
repreendida por alguém mais velho e mais experiente. Ele sorriu e colocou a mão
em seu ombro. — Porque você já é.
Timidamente, Ejery sorriu para ele. Ela virou o olhar para as estátuas em pé
em um círculo perfeito. — Você acha que Maghan ficará feliz com a gente?
— Sim. Ele sabe que faremos o melhor possível.
O semblante de Ejery se alterou, enquanto ela olhava para os cinco Zeno
Kortin idênticos. — Um pouco assustador, não é? É como se eles estivessem

23
sussurrando uns para os outros constantemente, mas eu não entendo uma
palavra. Um sussurro, tão baixo que está no limiar de percepção.
— É o metal — Meota apertou o ombro dela suavemente. — Não tenha medo.
— Eu gostaria que Balgen estivesse aqui. — ela corou e pareceu querer
engolir a última frase.
Meota sorriu. — Você terá muito a dizer a seu amado mais tarde.
— Não seja engraçado! Você disse em Apashem, que somos todos irmãos e
irmãs, e espero um pouco mais de encorajamento do meu irmão mais velho. — ela
ergueu o queixo. Curiosa, ela piscou para ele. O olhar infantil no rosto de Ejery era
travesso. — Além disso, você provavelmente também tem alguém que gostaria de
ter com você, certo?
Meota pensou em Toio Zindher a telepata vital que tinha sido parte dos
quatro vencedores com ele. Satafar esteve interessado em Toio, e isso era razão
suficiente para não desenvolver sentimentos sérios por ela — ou pelo menos não
mostrá-lo.
Ele soltou o ombro de Ejery.
— Diz-se que Toio Zindher virou as cabeças de todos os homens que
conheceu. E eu sou um homem. Pelo menos eu fui a última vez que olhei.
Ejery riu, mas de repente ficou séria novamente. Como os outros estudantes,
ela era uma das poucas que sabia que Lan Meota era o último sobrevivente dos
quatro vencedores. — Você sente falta dela, não é?
Meota ficou contente que o Maghan entrou na área central de um dos
edifícios naquele momento e atraiu a atenção de Ejery como um ímã. Não era tanto
o esplêndido traje protetor branco com a insígnia dourada embutida, que se
adequava perfeitamente ao próprio traje de uma peça de Ejery. Era a maneira como
o Maghan caminhava. Lenta e deliberadamente, com a certeza de um homem que
alcançaria seu objetivo. Vetris-Molaud mantinha o queixo erguido, e um sorriso em
volta dos lábios jogou um sorriso que o fazia parecer como a estrela da mídia que se
dirigia ao público.
Novamente Ejery mordeu seu lábio superior. Ela ficou encantada e confusa
ao mesmo tempo.
— Vamos! — disse Meota, andando de encontro a Vetris-Molaud.
Ejery permaneceu respeitosamente atrás dele.
Vetris-Molaud abriu os braços ligeiramente enquanto caminhava — um sinal
de que Meota era mais do que bem-vindo a ele. Sua postura irradiava a satisfação de
um vencedor. — Eles estão no lugar — o Maghan disse sem uma saudação. — Era
isso o que eu queria ver.
Apesar do carisma autoconfiante de Vetris-Molaud, a impressão de perigo
permanecia, o que agora se tornava ainda mais intenso porque as estátuas
permaneciam juntas e muito próximas. Ele se sentiu como uma presa na presença
de predadores.
Vetris-Molaud, por outro lado, parecia ser muito diferente. O Maghan estava
entre seus pares. — Sim, Maghan. O projeto está em sua fase final.
— A união das estátuas pode começar. Finalmente.

24
3.

Gucky

— Alguém está chegando! — Gucky recebeu as imagens mentais de dois


tefrodenses.
Ao lado dele, Vazquarion fez um som que lembrava um rosnado. — Eu vou
tê-lo em breve!
Eles haviam saltado juntos para uma das salas de máquinas. Com a ajuda de
Gucky, o físico do semiespaço tinha sido capaz de manipular a ótica de vigilância e
abrir o acesso ao sistema sem ser notado — até agora.
Gucky mergulhou nos pensamentos das mulheres se aproximando. Ambas
eram oficiais subalternas. Elas estavam preocupados, mas um alarme não havia sido
acionado. Elas detectaram alguma mudança na seção ou no sistema?
— Um minuto — sibilou Gucky.
Os dedos de uma orelha-mão de Vazquarion digitou no teclado interativo
holográfico que se projetou diante dele. Ao mesmo tempo, ele levantou a mão da
cauda para o campo de entrada.
Gucky só podia esperar que corresse bem. Ele voltou a se concentrar nas
tefrodenses, que agora chegaram até a porta da sala de máquinas três.
Vazquarion e ele usaram seus SERUNS para se tornarem invisíveis e se
protegerem da localização — mas o campo holográfico com os ícones de operação
em movimento aceso brilhantemente sobre o console. Se o Vazquarion não o
desativasse, as tefrodenses o descobririam.
A porta deslizou. Agora, apenas dez metros de corredor separavam as duas
mulheres da sua posição. O mais tardar quando eles virassem a esquina, elas
reconheceriam o campo holográfico ativado. Eles literalmente se assustariam e
depois acionariam o alarme.
— Nós temos desligar, bola de pelo!— sibilou Gucky.
— Dez segundos! Distraia-as!
Gucky pressionou com seu dom telecinético contra o pé da uniformizada da
frente, como se ela tivesse colidido contra um obstáculo. A tefrodense fez um som
de surpresa e tropeçou.
— O que foi isso? — perguntou a companheira.
— Eu não sei. Havia algo...
Gucky observou enquanto as duas mulheres procuraram por algo no chão,
finalmente desistindo e se movendo propositalmente para o terminal com o qual
Vazquarion lidava.
A holografia se extinguiu.
Vazquarion agarrou o braço de Gucky com a mão-cauda. — E vai!
Seus pensamentos se fundiram quase imediatamente. Talvez tenha sido a
necessidade que inspirou Gucky. Eles se teleportaram na maior harmonia possível e
apareceram exatamente um nível abaixo e trinta metros adiante no depósito ao lado
do Lorde-Almirante Monkey.
— E? — perguntou Monkey.
Gucky saudou brincando. — Missão cumprida. A cavalaria está se
aproximando.

25
Monkey levantou-se. — Então, vá para o planeta! Eu fiz algumas
investigações — ele tocou o seu multicomunicador para acessar qualquer
console. —O escaler com a estátua a bordo já está a caminho.
Vazquarion mostrou suas presas. — Seria bom se você pudesse ver mais de
um planador-táxi para mim — ele estendeu as orelhas-mãos em tentáculos
extensíveis, que pareciam chifres à distância.
Gucky e Monkey foram em frente. Mais uma vez Gucky sentiu a familiaridade
entre ele e o laosoor. Embora a aparência do ser semelhante a uma pantera ainda
despertasse temores primitivos nele, tornou-se cada vez mais fácil se teleportar
junto com ele. Talvez, eles logo superassem a marca de duzentos metros.
Embora Vazquarion, como todos os teleportadores, inconscientemente
ajustasse o impulso de destino automaticamente e, portanto, já diminuísse a
velocidade, o SERUN de Gucky mostrava uma velocidade de quase oito quilômetros
por segundo.
Ainda de mãos dadas, eles ainda fizeram outros saltos de parada longe da
LAHMU, que precisaria de cerca de noventa minutos para orbitar o planeta uma vez.
Eles frearam através dos gravomódulos, aproximaram-se da alta atmosfera
com o defletor e o campo de repulsão ativados.
Vazquarion parecia cinza ao redor da ponta do nariz. — Nós realmente temos
que bancar meteoritos?
Gucky riu. — Você quer fazer centenas de saltos ou ser localizado? Isso vai
ser divertido! Finalmente, ação!
Ele achou que via um bom sorriso no rosto de Monkey, mas provavelmente
era imaginação. Ele olhou para trás sobre a ótica para a LAHMU. A espaçonave
gigante tornou-se cada vez mais pequena atrás deles, apenas um pedaço de poeira
no espaço.
Gucky virou a cabeça. O sol azul iluminava o mundo abaixo dele. Eles se
aproximaram do lado diurno. Ele não descobriu nuvens diretamente abaixo
deles. Somente nas bordas o mundo parecia flutuar em uma névoa esverdeada.
O mar se estendia aos seus pés, pequeno e rígido. Logo se aproximaria.
O SERUN assumiu e continuou a desacelerar até que a queda pudesse
começar. Gucky relaxou, usando o tempo para uma pausa. Ele até mesmo cochilou
um pouco, embora tivesse percebido o quão nervoso o laosoor estava ao lado dele
no espaço. Todavia, Gucky contava com a tecnologia o levaria seguro e protegido
contra a localização inimiga para superfície de Connoort.
A queda começou automaticamente. Como um pedaço cósmico de detritos,
Gucky correu alegremente para as profundezas. Ele sentiu vontade de cantar.
— Eu posso sair? — a voz de Vazquarion subiu duas oitavas.
Gucky riu.
— Correção do curso! — Monkey disse laconicamente. — Nossa descida está
muito plana.
Vazquarion obedeceu, amaldiçoando.
— Olhe pelo lado positivo, Bola de pelo: quanto mais íngreme for a descida,
mais rápido nos tornamos! E é menor os risco localização.
O campo de repulsão reteve o calor e a incandescência. A frente de pressão
atingiu uma temperatura de 1.650 graus Celsius. Apesar de todos os estabilizadores
e realizações tecnológicas, Gucky sacudiu vigorosamente. A positrônica amorteceu
o ruído. — Massagem grátis.
Vazquarion rosnou.

26
Uma boa meia hora depois e cem quilômetros mais abaixo, eles foram
capazes de iniciar a fase aerodinâmica de pouso. Vazquarion foi o primeiro a
desacelerar a quinhentos quilômetros por hora. Eles foram em voo normalmente
através do gravomódulo.
Abaixo de Gucky, estendia-se um teto verde. Monkey apontou para um brilho
branco na distância. — De acordo com a localização passiva, essa é a única cidade do
planeta lá. Nós vamos descer e nos aproximar do chão para evitar o radar.
— Tudo bem — Embora os SERUNs os escondesse o quanto pôde e os tivesse
protegido até agora, mas por que correr um risco desnecessário? Quanto mais perto
eles chegassem da cidade, eles deveriam contar com os melhores padrões de
segurança.
Gucky se perguntou se tefrodenses ou quaisquer outros seres inteligentes
estavam por perto. Ele não encontrou imagens. Atrás de Monkey, ele mergulhou no
crepúsculo de Connoort entre as copas das árvores e as formações semelhantes a
palmeiras.
Entrementes, tornara-se noite.
Gucky ligou o holofote na placa torácica para se orientar. Quase
imediatamente, bolas prateadas rodopiaram ao redor dele, ansiosamente flutuando
na luz. Elas tinham três pequenos pares de asas, tão finas quanto gaze. Seus corpos
se lembravam vermes.
Outras fontes luminosas reluziam à distância. Um brilho púrpura rodeava
uma criatura parecida com água-viva que flutuava no ar a menos de cinco metros de
Gucky. Era tão grande quanto um antebraço humano. Mais dos animais vagueavam
imóveis na água marrom-verde, que era intercalada por raízes e plantas
aquáticas. Escamas serrilhadas eclodiram da superfície abaixo de Gucky e
afundaram novamente nas profundezas, onde estranhos os jogos de sombra
apareceram.
— Genjosch — disse Monkey. — Água-viva. O SERUN pode nomeá-las como
tefrodense. Até agora, seu mundo natal era desconhecido.
— Mistério resolvido — Gucky apresentou seu roo. — Existe alguma
informação adicional?
— Infelizmente não. Embora a análise da flora e da fauna locais seja
semelhante às plantas e animais terrestres, a maioria deles é desconhecida.
Gucky desligou o holofote. Através dos genjoschs havia um crepúsculo escuro
que era suficiente para voar. Quando necessário, o SERUN evitou automaticamente
obstáculos como galhos caídos ou excrescências parecidas com corrimões que
lembravam tentáculos. Se houvesse tefrodenses nas proximidades — mentalmente
estabilizado ou protegidos —, Gucky não queria atrair a atenção deles com a luz.
A voz do Monkey interrompeu seus pensamentos. — Onde está Vazquarion?
Gucky virou-se. O laosoor que voou como o último da fila, tinha
sumido! Embora o SERUN devesse exibir a posição do companheiro, ele não fazia
isso! — Vazquarion?
Não houve resposta no rádio do capacete.
Gucky se dirigiu pelos arredores e encontrou o laosoor com grande
entusiasmo. Sua visão mudou, mostrando um brilho iridescente. Pontos
psicodélicos e linhas dançaram diante de seus olhos em uma dança selvagem que fez
Gucky sentir a náusea que havia acontecido a Vazquarion.
O Monkey voou de volta um pedaço do caminho.

27
Gucky lutou com as impressões que aparentemente confundiram Vazquarion
e o silenciaram. — Ele... ele está preso!
Confuso, Gucky continuou, tentando descobrir quem ou o que estava
segurando Vazquarion.
Havia uma consciência rudimentar.
— Lá! — Monkey puxou o radiador. Ele atravessou várias cordas azuis que
pendiam como uma cortina. Atrás dela flutuava um dos genjosch. Em contraste com
os espécimes que Gucky tinha visto até agora, o animal media um impressionante
seis metros! Abriu-se como um cogumelo em forma de funil. Na sua parte inferior
pulsava um saco de corpo violeta, a partir do qual duas dúzias de tentáculos
oscilavam para baixo. As paredes do saco se contraíram. Eles se abaixaram,
mostrando o contorno dos punhos, então os contornos do rosto de um predador com
presas!
Gucky sentiu a luta do ser. Ele tinha capturado Vazquarion em impulso
quando o laosoor tinha tocado um dos tentáculos, e agora...
... agora tentava desesperadamente cuspir novamente a presa protegida!
— Não faça isso! — Gucky pegou Monkey e empurrou o braço com a arma
para baixo. Ele conseguiu apenas graças ao amplificador de potência exoesqueleto
do SERUN. Dificilmente ele teria movido o oxtornense sozinho. Mesmo com sua
telecinese, ele teve problemas para interagir com Monkey, que vinha de um mundo
de gravidade muito maior do que a Terra. — É inofensivo. Ele quer se livrar de
Vazquarion. Nosso amigo só precisa se acalmar um pouco, então ele está livre.
Porém, Vazquarion parecia se enfurecer como um berseker1 dentro do ser
água-viva.
— Vazquarion!— Gucky tentou falar com ele pelo rádio. Ele sentiu a intenção
do genjosch, e descobriu através das imagens, que o ser há muito percebeu que o
Laosoor não estava no seu menu.
— Isso... está me segurando! — Vazquarion disse. — Eu não posso saltar!
— Pare de lutar! Deixe ir!
— O quê?
— Apenas faça isso!
Novamente, um punho atingiu o interior da bolsa roxa, então a calma voltou
ao genjosch. Com um ruído de sucção, o funil alargou-se e Vazquarion voou em um
arco alto do corpo da água-viva. Seu traje estava coberto de líquido amarelo por toda
parte. Ele girou um pouco no ar, se conteve e respirou.
— Repugnante! — o laosoor tremia. — Primeiro, a queda e depois
isso! Poderia se pensar que Connoort não gosta de mim!
Vazquarion afundou na água, lavando o limo amarelo. Presumivelmente, o
fluido corporal tinha sido responsável por garantir que eles tivesse perdido
temporariamente o contato visual.
Gucky mostrou seu dente roedor. — As coisas só podem melhorar.

Lan Meota

Bhutefor jazia como uma cidade fantasma à luz das estrelas. As torres
residenciais, que se erguiam acima da cobertura de folhas e troncos das plantas,

28
estavam em sua maior parte no escuro. Somente no subúrbio, onde os iniciadores
de reação de substância TEP eram fabricados e testados, havia muita atividade.
Lan Meota voou com um planador sobre cais vazios. Ele estava atrasado,
provavelmente o último dos mutantes que não ousava chegar atempo ao Maghan.
Ele pousou em um convés quadrado de estacionamento no coração da cidade,
logo abaixo da plataforma panorâmica que ele queria. Ele alcançou o andar superior
através de um elevador antigravitacional. A cobertura verde abriu-se para revelar o
céu noturno. Embora ainda fosse cedo, Connoort rapidamente ficava escuro nesta
estação. Porém, as estrelas eram pouco reconhecíveis.
Numerosas luzes brilhavam. Os planadores da cidade estavam reunidos nas
plataformas abaixo dele. Os habitantes haviam vindo aqui para ouvir o discurso que
Vetris-Molaud havia anunciado.
Meota teve dificuldade em imaginar como era ser um agente do serviço
secreto ou cientista neste mundo. Ele próprio sempre estivera na luz, crescera em
Tefor e conhecia as junções centrais da Nova Tamânia. A maioria dos tefrodenses
que viviam em Connoort nunca havia saído do planeta. Por muitas gerações, o
planeta foi considerado um mundo secreto, e havia famílias inteiras no local sem
outra finalidade senão manter as máquinas funcionando em segredo.
Portanto, não era de admirar que mais de dois mil tefrodenses se reunissem
para aproveitar o momento e ver Vetris-Molaud. Teria havido mais se a plataforma
tivesse permitido mais. Mas, Bhutefor, a Flutuante, não oferecia um lugar de reunião
maior. Aqueles que não conseguiram um assento foram para uma das outras cinco
plataformas em que o discurso de Maghan foi transmitido ao vivo por holografia.
Ghenis Tay conheceu Meota e acenou com impaciência. — Onde você
estava? Todos já estão reunidos. — a agente servia ao Maghan como uma guarda-
costas. Como Meota, ela esteve na última missão, recuperando a estátua e
testemunhando a morte de Bunccer-Buhaam. Monkey havia estrangulado o agente
especial. Embora Tay parecesse calma para sempre, como de costume, Meota não a
aliviou da frieza emocional. Ele sabia o que significava perder um parceiro de
missão. Isso mostrava os seus próprios limites e despertava o desejo de retaliação,
especialmente se a perda ainda fosse recente.
Meota seguiu Tay pela área protegida, passando por robôs de combate e
guardas de segurança. Ele entrou no palco, ocupando o lugar entre os outros
mutantes. Eles formavam um semicírculo, conforme instruído com antecedência.
Música soou, a luz radiante se apagou. Milhares de pequenos pontinhos
tornaram-se mais brilhantes. Eles foram distribuídos em toda a parede branca ao
redor da ampla praça retangular onde estavam os habitantes de Bhutefor esperando
devotadamente, assustados com a irritação da iluminação.
Ejery piscou para Meota. Ela parecia bonita em seu traje branco e
dourado. Balgen Orgudd poderia se orgulhar de sua namorada.
Entretanto, Meota também se envolveu no traje branco e dourado que Shanu
Starcuut lhe havia dado. Para o público, eles tinham que dar uma imagem geral
adequada, mesmo que eles operassem longe do lance e essa aparência não fosse
oficial.
Por fim, o Maghan entrou no meio deles. A luz dourada o envolveu,
destacando sua estatura alta e características faciais impressionantes. O
cavanhaque foi cortado cuidadosamente, os olhos azuis claros bem acordados e de
intensidade impressionante tanto em cores como em aparência.

29
Vetris-Molaud falou devagar e claramente. — Obrigado por terem entrado
neste empreendimento comigo. Eu estou feliz por ter cada um de vocês e todos ao
meu lado. Juntos, podemos conseguir muito. Um indivíduo sozinho pode ser fraco,
mas juntos somos fortes e podemos alcançar a verdadeira grandeza. Assim como um
pássaro jerk nunca poderia matar um lagarto Beruss sozinho, mas um bando inteiro
deles erradica colônias e altera a superfície de um planeta.
Por um momento, Vetris-Molaud esperou um momento e deixou sua
introdução agir. Ele irradiava paz e segurança, embora de modo algum
permanecesse ali como uma rocha, congelado para a eternidade. Contudo, seus
movimentos eram claros e precisos, cada gesto bem pensado. Com ele, sentia-se
inevitavelmente em boas mãos, mesmo que não o suportasse.
— Nosso inimigo não é um lagarto Beruss. Não é uma criatura obtusa. Porém,
também precisamos lutar contra nosso inimigo por todos os meios. Todavia, nosso
inimigo deve ser combatido por todos os meios. Você pode agora pensar nos
terranos ou outros inimigos externos. Os halutenses ou os maahks.
“Mas, não falo deles.
Nosso maior inimigo não vem do exterior, mas de dentro. É o medo. E mesmo
que este medo seja justificado, não devemos deixá-lo vencer. O tamanho geralmente
está associado ao risco. Eu sou o melhor exemplo — o Maghan riu. —Há muitos que
querem me matar e que estão contra nós e o sonho tefrodense de um novo florescer
na Via Láctea. Mas, eu provei para eles uma e outra vez que a grandeza verdadeira
não pode ser extinta!
O que estamos prestes a nos deparar traz perigos. Eu seria um idiota se eu
fechasse meus olhos. Ninguém pode saber o que acontecerá se trouxermos a mente
de Zeno Kortin – um senhor da galáxia – de volta ao seu ser.
Mas, as oportunidades que temos são maiores do que os riscos. É por isso que
temos que vencer nosso medo. É preciso coragem, sim, porque somos tefrodenses-
lemurenses. Nós temos coragem! Nós vamos conseguir – nós juntos! Porque nós
reconhecemos as possibilidades e estamos prontos para seguir esse caminho. E
vocês poderão dizer depois: nós estivemos lá. Este é o nosso dia – vamos abraçá-
lo! Vamos retroceder o tempo! Juntos, partimos para uma nova era tefrodense, sim,
a Via Láctea! Será uma época de grandeza, força e coragem! Será a nossa era!”
Vetris-Molaud ergueu os braços e a multidão o aplaudiu. Ele a varreu,
dizendo-lhe o que ela queria ouvir.
Meota também ficou impressionado com as habilidades do Maghan, por seu
olhar, que era infalível, ainda que vagasse, falasse diretamente para um ou outro
espectador enquanto ele discursava, até que cada um deles tivesse a sensação de ser
abordado pessoalmente pelo Maghan.
Quase dois mil tefrodenses aplaudiram e pisotearam. Meota notou Ejery
sorrindo com Assan-Assoul. Como na multidão, um pequeno milagre também
aconteceu em seus rostos: o Maghan tirou todo o medo, colocou-os sob sua proteção
ao serviço da causa maior. Eles ficaram emocionados e pareciam vibrar com
antecipação para o que estava por vir. Até mesmo a enrugada Starcuut tinha um
brilho feliz em seus olhos.
Meota desejava que a euforia também o agarrasse, acendendo-o com sua
faísca como madeira seca. Mas, havia um nó em seu estômago, como se o seu
intestino tivesse crescido. Mesmo neste momento em que ele gostaria de se soltar,
ele sentia o olhar dos olhos verdes sobre si.
Ghenis Tay foi até a beira do palco e acenou para Vetris-Molaud.

30
O Maghan inclinou ligeiramente a cabeça, como se estivesse se curvando para
a multidão. — Um momento, por favor.
Curioso, Meota ouviu o que a agente precisava dizer ao Maghan. Embora sua
voz estivesse baixa, ele estava perto o suficiente para entender Tay.
— Maghan, a LAHMU deixou o sistema, parece haver algo errado com a
propulsão. Houve um problema estranho.
Vetris-Molaud acariciou sua testa. Pensou por um momento. Meota conhecia
a expressão de ponderação. — Fique atenta ao processo. Chame a comandante Paxo
por rádio. Ela deve iniciar uma revisão. É possível que a presença da estátua do
mestre tenha provocado uma irritação.
— Entendido, Maghan.
— E mantenha-me atualizado.
— Claro.
Meota gostaria de saber mais. Era realmente provável que a estátua tivesse
causado uma irritação? Ele perguntaria a Yutinod sobre isso.
Vetris-Molaud recuou na luz. A multidão esperou pacientemente. Ele
sorriu. — Certamente você quer saber mais sobre o que está por vir. Sobre a nova
era que os espera.

Gucky

A cidade brilhava frente a eles em um brilho fraco e rosado, que vinha de


inúmeras fontes luminosas pontuais nas barras brancas e palafitas. Bhutefor era
pequena. Gucky calculou que apenas dez mil tefrodenses morassem lá. Os bairros
individuais estavam claramente divididos. Assim como aqueles que viviam em um
mundo médico, que trabalhavam em inúmeras clínicas, cientistas e projetos
especiais parecia estar alojados no mundo secreto. Havia muitos edifícios que
pareciam empresas com laboratórios.
Ao lado dele, Monkey movia a cabeça uniformemente, como se tivesse se
transformado em uma sonda de câmera que quisesse capturar todos os detalhes. O
Lorde-Almirante tirou três micro sondas do bolso da coxa e as ativou. Os projéteis,
cada uma do tamanho de uma bolinha de gude, se camuflaram em um campo
defletor e desapareceram visivelmente antes de voar para o centro.
Gucky tinha sua própria maneira de descobrir o que estava acontecendo em
Bhutefor. Ele espiou. A cidade estava em grande parte apagada. Somente em um
bairro em relativa proximidade estava agitado. Lá, Gucky percebeu a tensão de
centenas de tefrodenses. As numerosas imagens ameaçaram subjugá-lo. Ele se
retirou apressadamente.
Ele apontou na direção das sensações. — Algo está acontecendo por
lá. Certamente tem a ver com as estátuas. Algo está completo e montado sob alta
pressão. Eu não entendo o que são partes engraçadas.
Perplexo, Gucky sentiu uma sensação de familiaridade e novas
impressões. — O cientista-chefe está aqui! Aquele Yutinod, que esteve com Lan
Meota na estátua. Ele supervisiona o processo!
— Você consegue descobrir detalhes? — perguntou Monkey.

31
— Se foi assim tão fácil! É um conglomerado de instantâneos. Eles estão
girando em torno de algumas das máquinas que lidam com as estátuas, mas eu não
sei o que estão fazendo.
— Nós poderíamos saltar para a instalação — sugeriu Vazquarion. —Quando
nós alcançarmos uma estação de trabalho, saberemos mais.
Os olhos mortos de Monkey viraram-se para Gucky. — Onde está
Yutinod? Você pode delimitá-lo?
— Na central de comando, dentro de um salão maior. É onde eles guardam
aquelas coisas estranhas em que estão trabalhando. — Nos pensamentos de
Yutinod, Gucky percebeu três das formas, cada uma com seis metros de altura, com
numerosas lentes que pareciam olhos, lembrando chifres trançados. Luz azul pálida
irradiava delas.
— Bom. Assim que as primeiras sondas estiverem dentro, nós podemos
avançar.
Eles desceram em direção a uma passarela que conectava dois arranha-céus
brancos sobre palafitas. Os edifícios se afilavam para cima. Os telhados eram
inclinados, de modo que Gucky inevitavelmente pensou em grandes presas. Na
passarela reluzente, um animal parecido com um lagarto subiu correndo a parede
com seis pernas, passou por cima e pulou na água. Mesmo no caso, estendeu peles
largas nos pés, sobre quais flutuava como em bandejas na superfície da água. Ele
mergulhou a cauda longa na água e navegou de lado, para longe de Gucky.
— O feedback está disponível — disse Monkey. — Há radiação dispersa
suficiente dentro da cidade. Agir em um nível baixo energético não é um
problema. Embora o complexo de construção indicado por Gucky tenha padrões
elevados, não é uma zona de alta segurança. Uma das sondas poderia penetrar
através de uma lacuna. Existem picos de emissão que podemos tirar proveito.
Os displays de seus capacetes mostraram-lhes o terreno, que ficava numa
plataforma de cerca de cento e cinquenta metros de comprimento e cento e vinte
metros de largura sobre palafitas acima do mar. Três edifícios baixos se erguiam nos
cantos de um triângulo isósceles, ligados por um grande salão no centro. Toda a
plataforma estava cercada por uma parede de dez metros de altura. Uma abóbada
energética fina protegeu a área de cima como um sino. Porém, onde estava a parede,
a análise não revelou nenhuma estrutura energética. Provavelmente, o campo era
usada apenas para manter afastados os genjoschs e outros animais.
— Vazquarion? — Monkey apontou para um ponto na parte de trás do campo
e estendeu a mão para Laosoor. O gesto era exigente.
Os lábios de Vazquarion se estreitaram. Ele estendeu os tentáculos da cabeça
e deu uma orelha-mão para Monkey e Gucky.
Gucky sentiu Vazquarion alcançá-lo mentalmente ele, usá-lo como foco e
saltar juntos em uma sequência de três abordagens. Eles fizeram um total de quase
quatrocentos e sessenta metros e pousaram em uma seção que estava deserta. As
máquinas estavam trabalhando em algum lugar, fazendo um fraco som de
martelamento. Os sons da floresta aquática desapareceram completamente.
Gucky orientou-se. O prédio no meio da instalação era composto por vários
salões. Eles saíram em um menor, que também abrigava um conversor energético.
Com algum esforço, Gucky se abriu e procurou por Yutinod. Ele sentiu a
tensão mental dos últimos dias. A consciência de Yutinod emergiu agonizantemente
lentamente das numerosas outras imagens e impressões.

32
— Por aqui! — Gucky levou seus companheiros ao longo da parede. O SERUN
mostrou quatro tefrodenses em outro corredor lateral. Os biosinais brilharam
intensamente. Através de um desvio através de uma passagem abandonada, Gucky
chegou ao salão principal do complexo. Uma parede de metal e plástico os
separava. — Aí estão essas coisas.
Vazquarion estendeu a mão e eles saltaram para a área.
Embora Gucky soubesse que estava invisível entre os inimigos, não era uma
sensação agradável. Especialmente não, porque ele não era mais um teleportador,
que poderia se distanciar do perigo com um único salto até um milhão de
quilômetros. Ele estava a cerca de dez metros da parede pela qual eles haviam
saltado. Quinze metros mais além estava Yutinod, o cientista que Gucky já havia
visto na LAHMU, e outros dois tefrodenses em trajes claros.
Eles conversaram animadamente e apontavam para uma das estruturas de
seis metros de altura que pendiam no centro como chifres torcidos prateados
reluzentes.
No total, cinco dos dispositivos estavam diante deles. Seu brilho azul era
frio. As inúmeras lentes pareciam encarar Gucky. Eles emitiam assobios altos, como
faixas finas de aço sibilando pelo ar. Por causa de sibilos, Gucky entendeu apenas
frações da conversa.
A uma curta distância, havia três estações de trabalho à beira do salão. A
última delas era pouco visível do ponto de vista dos cientistas.
— Lá! — Monkey os liderou.
Apesar da radiação dispersa, Gucky temia que um alarme pudesse soar a
qualquer momento. Mas ficou em silêncio.
O pequeno grupo de intervenção alcançou a estação de trabalho. Vazquarion
ficou ao lado da poltrona anatômica e se inclinou para entrar.
— Gucky, você fica de guarda!
— Tudo bem.
O laosoor começou a trabalhar. — Sem acesso — ele sussurrou. — Eu não
posso passar. Se eu continuar tentando, ativarei o alarme!
— Deixe-me tentar — Monkey empurrou Vazquarion para o lado como um
animal de estimação e moveu seus dedos espantosamente habilmente no campo de
entrada. Ele ativou o dispositivo em seu pulso e iniciou um programa. Alguns
segundos se passaram, então uma holografia tridimensional se construiu.
Embora Gucky espiasse os arredores, ele não se opôs à curiosidade. Ele virou
a cabeça e olhou para a representação esquemática da estrutura. — Isso é uma coisa
dessas! Para que serve?
Monkey ficou em silêncio por alguns segundos. Planos e desenhos de
construção se alternaram em sucessão rápida. Seus implantes CSA registravam
automaticamente tudo o que viam, preservando as plantas em um armazenador. —
Estes são iniciadores de reação de substância TEP. Eu estou começando a entender
o que eles estão fazendo com os mutantes.
— Então, conte-nos!
— Mais tarde. Os iniciadores estão na fase de produção final. Eles serão
trazidos para a zona 9 ao amanhecer. Uma plataforma flutuante de 150 metros de
diâmetro protegida por um campo paratron com vários conversores redundantes
na parte inferior. Eu tenho certeza de que as estátuas estão lá. Nós temos de obter
tudo o que precisamos para circular livremente. Chips de identificação com

33
assinaturas integradas. Eu vi chips ligados aos cientistas. Eles estão usando em seus
colarinhos.
Um biosinal em aproximação se acendeu na tela do SERUN. — Desligue a
holografia! Yutinod está chegando!
Monkey reagiu imediatamente. As plantas desapareceram. Mesmo antes que
o cientista alcançasse a estação de trabalho, Gucky, Monkey e Vazquarion se
teleportaram.
Eles pousaram no primeiro salão menor, perto do conversor energético.
Vazquarion expeliu o ar. — Como é que vamos obter esses chips? E como
chegamos à zona de trabalho 9?
O Lorde-Almirante virou a cabeça e olhou para ele com olhos sem vida. —
Isso é o que vamos descobrir.

1. Nota do tradutor: Berserkir foram guerreiros nórdicos ferozes, que estão


relacionado a um culto específico ao deus Odin. Eles despertavam em uma fúria
incontrolável antes de qualquer batalha

34
4.

Lan Meota

Ainda estava escuro. Vários refletores iluminavam a escuridão e puxavam o


alto edifício 30 metros à beira da plataforma antigravitacional flutuante da
escuridão.
Eles eram cinco que estavam perto do núcleo da zona de trabalho 9 em frente
ao campo SAE ativado: Lan Meota, Shanu Starcuut, Ejery Vyndor, Assan-Assoul e Pai
Móo.
Como na noite anterior, eles usavam os trajes brancos e dourados. Os
capacetes se abriram.
Shanu Starcuut apontou para ele. — Lan Meota irá resumir o processo
novamente. Ele é o líder da expedição que recuperou as cinco estátuas.
Meota deu um passo à frente. Ele olhou para eles ao redor. O rosto de
Ejery estava corado de emoção, seus olhos brilhavam. Assan-Assoul mostrava
superioridade ousada. Como de costume, havia um sorriso inteligente em seus
lábios que deveria demonstrar que ele era o mestre encantador de todas as
situações. Ele também estava atento, assim como o pai Móo, o oficial de segurança
pitorescamente bonito da escola de mutantes. Seus longos cabelos castanhos
estavam trançados em uma trança complicada de mais de sete fios que caíam sobre
seu ombro.
— Como vocês sabem, o metal TEP em seu estado natural vai do prateado
fosco ao cinza estanho. É capaz de absorver a radiação hiperenergética e
parapsíquica e então desviá-las para o hiperespaço. Transforma-se em uma
hiperradiação. O metal macio transforma a estrutura atômica e molecular em um
material turquesa cintilante que é tão duro quanto o diamante. Nos olhos das
estátuas, vocês podem ver um estágio intermediário fixo do processo.
“Durante essa reação da substância, desenvolve-se uma inteligência que
desenvolve sua própria consciência. O hipercarregamento reverte a polaridade,
criando uma sensação de poder baseada na frequência na inteligência do paradoxo
relacionada à deformação.”
— Um paradoxo complexo — interveio Assan-Assoul.
— Correto — Meota ergueu a cabeça e o encarrou. — Se você já mostra que
você fez sua lição de casa... com quantos gramas de material se pode detectar com
rastreadores individuais?
— Cem — disse Assan-Assoul sem hesitação. Ele olhou para as estátuas. —
Quantos quilogramas existem?
— Muito poucos.
Ejery oscilou nervosamente as pontas dos pés. — É suficiente para uma
autoconsciência?
— Não, de acordo com Sayen Yutinod, nosso cientista-chefe. É um tipo de
base mental, que deve ser moldada pelas relíquias da consciência Zeno Kortin como
a cera por um selo-carimbo. A consciência paradoxo TEP é algo como um
conglomerado de células-tronco mentais.
Meota ocultou que neste momento não era uma teoria, mas uma hipótese. O
que realmente aconteceria era descobrir. — Vamos para a nossa tarefa. Em menos

35
de duas horas, os iniciadores da reação da substância TEP serão transportados. Até
então, todos deveriam entender o que devem fazer, e se prepararem para isso.
Pai Móo tocou seu quadril como se estivesse procurando por um
radiador. Talvez fosse um gesto de incerteza. A chefe de segurança fora designada
para esta missão por causa das suas paraforças, não para proteger alguém. —Então,
qual é exatamente o nosso trabalho?
— Como eu disse, o metal é capaz de absorver radiação parapsíquica. O
conglomerado de células-troncos mentais – ou unidades – depende de um influxo
permanente de hiperenergia. Se for desativado, a consciência retorna após um certo
tempo de atraso. Nós precisamos avançar o processo formando um parabloco,
iniciando, promovendo e controlando o processo de reação da substância. Trata-se
de estabilizar a consciência emergente tanto quanto possível.
Shanu Starcuut pigarreou. — Eu assumirei a coordenação do bloco. Para
definir o clima, agora formamos um bloco de teste e não faremos nada além de
esvaziar nossas mentes. Vamos precisar de nossas forças mais tarde. Agora é tudo
sobre, conhecermos melhor uns aos outros como um grupo, torná-lo mais fácil para
nós depois agir em conjunto. Por favor, encontrem uma estátua e assumam seus
lugares.
Ela era a única que tinha a oportunidade de se mover através de uma lacuna
no campo. Seu rosto estava impassível. Pérolas finas de suor cobria sua
testa. Embora fosse apenas um exercício, Meota sentiu a tensão dos outros. Assan-
Assoul atravessou o cabelo preto como se estivesse procurando apoio com seu
penteado perfeitamente adequado.
Por mais pragmático que fosse, Meota foi até a estátua mais próxima e ficou
ao lado dela. Ao mesmo tempo, os olhos verdes que pareciam estar sobre ele,
parecendo mirá-lo. Ele sabia que era imaginação. Nenhuma das estátuas movia os
olhos por trás do véu de fato, porém, e ainda para Meota, era como os cinco Zeno
Kortins o analisassem até o fundo de sua alma.
Os outros também escolheram uma estátua, exceto Assan-Assoul, que andava
de um lado para outro como um cliente exigente em uma butique exclusiva. Ele
parou na frente da última estátua livre e balançou a cabeça. — Não. Eu me sinto mais
atraído por ela — Certamente, ele apontou para a estátua ao lado Ejery.
Shanu Starcuut levantou as mãos. — Ejery, você poderia trocar de lugar com
Assan-Assoul?
Ejery revirou os olhos e deixou sua posição.
Meota perguntou se Assan-Assoul realmente tinha sentido algo especial ou
apenas organizou um espetáculo. Ele era o aluno estrela entre os mutantes e,
ocasionalmente, tinha desejos especiais. Se ele apenas quisesse demonstrar seu
status, ele só mostrava um traço de caráter ruim.
— Fechem os olhos! — Exigiu Shanu Starcuut. — Eu quero que vocês apenas
sintam as estátuas como a si mesmos. Em seguida, conectem-se uns aos
outros. Procure os parapoderes uns dos outros e imagine que vocês queriam usar os
seus dons – não mais! Não serão utilizados quaisquer paraforças neste círculo. É
apenas uma questão de perceber uns aos outros.
Uma sensação de calor brotou em Meota. De repente, ele viu quatro pequenas
luzes na escuridão. Ele se apresentou-se como a quinta luz que se tornou mais e mais
brilhante, expandindo-se até atingir a cintilação mais próxima. Juntas, elas
continuaram a crescer, unindo-se em uma esfera de luz radiante.

36
Eles brilhavam mais e mais, transformando a noite em dia. O brilho penetrou
nas pálpebras fechadas de Meota, pelo menos ele achou que podia ver.
Shanu Starcuut provocou o fenômeno? Meota sabia pouco sobre suas
habilidades, o que fazia dela uma excelente professora.
Era uma sensação inebriante de poder. Sua parahabilidade comum brilhava
mais forte do que o sol azul. Eles eram o centro do universo.
A voz de Starcuut interrompeu a concentração: — Isso é o suficiente. Nós
terminamos este exercício.
Meota teve dificuldade para se separar do bloco e encontrar-se de volta para
si mesmo.
Quando ele piscou para a luz artificial agora embaçada da zona de trabalho 9,
Ejery sorria para ele. Meota sorriu de volta. Pela primeira vez desde que ele tinha
chegado ao mundo aquático Connoort, ele se sentia equilibrado, sim, quase eufórico.
Eles trariam Zeno Kortin de volta e iniciariam a nova época que Vetris-Molaud
sonhava. Tudo correria bem.

Gucky

Havia um zumbido penetrante no salão. Os iniciadores TEP brilhavam sobre


as lentes em um azul frio. Cinco cientistas estavam em cinco estações de trabalho
associadas e observavam um número de dados holográficos. Yutinod passava para
frente e para trás entre eles, piscando os olhos, e com os passos um pouco rápido
demais. Ele parecia tenso.
Os testes dos tefrodenses pareciam estar entrando na fase final antes da
evacuação. Uma e outra vez, Yutinod olhou para o dispositivo pulseira em seu pulso
e fez com que seus homens se apressassem.
Gucky e Vazquarion foram escondidos em seus campos defletores para um
canto mal iluminado do salão. Eles haviam manipulado a ótica nesta área. Monkey
ajoelhou-se ao lado deles e trabalhou estoicamente em um pequeno objeto com uma
ferramenta de corte. Seus dedos se moviam com a fria precisão de uma
máquina. Depois de apenas alguns minutos, ele ofereceu a Gucky o pequeno botão
que ele havia cortado de um pedaço de metal usando a arma-punho de dispersão do
SERUN.
— Ele tem o mesmo tamanho exato e o mesmo peso. Você agarra um dos
cientistas e troca o botão sinalizador, que o pessoal de Yutinod carrega no
colarinho. Discreto.
— Claro que sim.
Gucky se perguntou se Monkey queria irritá-lo. Era óbvio que eles tinham
que agir discretamente se não quisessem disparar um alarme. Além disso, o plano
de obter um dos botões de colarinho em sua posse para copiar suas funções deixava
pouco espaço para mal-entendidos.
Graças à análise de sondas de Monkey, eles sabiam que todo cientista de alto
escalão usava um chip botão apropriado que permitia que ele se movesse livremente
dentro da zonas de trabalho 43. O que eles só suspeitavam era que a equipe de Sayen
Yutinod também se identificasse com a Zona 9.

37
Ilustração: Swen Papenbrock

38
De acordo com uma conversa ouvida, o próprio Yutinod só recentemente
esteve na zona de trabalho 9. Obviamente, o cientista-chefe viajava entre as duas
zonas, até que os Iniciadores de Reação da Substância TEP também fossem trazidos
para a zona de trabalho 9. Portanto, a probabilidade era alta de que o chip
legitimasse para ambas as áreas.
Gucky estendeu a mão para Vazquarion. — Vamos levá-lo de volta para lá —
ele apontou com o queixo na direção de uma tefrodense fora do caminho.
Vazquarion mostrou com um aceno de cabeça que ele entendeu qual cientista
Gucky quis dizer. De acordo com as sondas, os campos ópticos estavam
principalmente concentrados nos cinco chifres tecnológicos no meio do salão. O
console com a cientista magra era o que minimizava o risco de que alguém fosse
observar o mais distante objeto flutuante.
É claro, que não era sem risco para ela também.
Gucky moveu o pescoço, que parecia tenso. Ele percebeu a pressão dos dedos
de Vazquarion, sentiu um parabloco que foi rapidamente se construindo, fundiu
suas forças, e saltou. Como sempre, a transição passou sem uma sensação. Gucky
piscou quando saiu a poucos passos de distância do console. Os pelos em seu focinho
vibraram suavemente.
O objetivo era fazer um trabalho de precisão.
A cientista estava de pé, concentrando-se na holografia acima do console da
cor de casca de ovo. Embora houvesse uma poltrona anatômica confortável ao lado
dela, ela preferiu ficar de pé. Sombras corriam sobre sua pele marrom aveludada.
Ela não piscou uma única vez enquanto colunas de dados passavam na frente de seu
rosto contraído.
Um pouco mais distante, um prato plástico oval, sobre a qual havia um
pedaço intocado de massa Derkuer, foi colocada em uma prateleira lateral do
console. Os bastões da cor de vegetais laranjas saindo da massa lembraram Gucky
de quanto ele não tinha comido nada.
Não importava.
Gucky espiou na tefrodense, olhando através dos olhos dela. Ela era um dos
que haviam estado na LAHMU. Em um clipe abaixo do botão do tamanho uma unha
ele leu o nome dela: Derma Tahirsor.
O que surpreendeu foi o calor e a grandeza das suas imagens mentais. Quanto
mais o rosto de Tahirsor parecia contraído, tão incrivelmente livre era o seu
pensamento. Era como se Gucky estivesse olhando por trás de uma máscara que
Tahirsor havia colocado.
Derma Tahirsor visualizava seu trabalho. Em vez de fatos e números, ela
experimentava mentalmente, os iniciadores em ação que organizavam para que o
metal TEP reagisse e se alimentasse com hiperenergia.
Era difícil para Gucky se separar das imagens vívidas, mas ele não queria
perder tempo. Monkey havia aprendido o suficiente sobre o próximo processo na
zona de trabalho 9 através de suas sondas de espionagem e o acesso à estação de
trabalho. Eles tinham que se apressar se quisessem chegar a tempo.
Cuidadosamente ele envolveu o botão no colarinho de Tahirsor com sua
telecinese. Era exaustivo segurar a coisa minúscula entre as pontas dos dedos
invisíveis. Gucky puxou e puxou, sem produzir movimentos reveladores, que
chamassem a atenção Tahirsor para que estava acontecendo ao redor do
pescoço. Gucky puxou e puxou, sem criar movimentos traiçoeiros que chamassem a
atenção de Tahirsor para o que estava acontecendo em seu pescoço. Contudo, a

39
cientista levantou a mão e a dirigiu distraída ao longo do queixo como se quisesse
afastar uma mosca.
Gucky segurou a respiração. Ele ouviu Vazquarion bufar. — Droga, é tão
difícil!
Ele atacou novamente, arrancou suavemente o botão do suporte adesivo e
fez com que ele flutuasse para baixo do ponto de vista de Tahirsor.
Derma Tahirsor se afastou do console e olhou nos olhos de Gucky.
Com os susto, o botão caiu um pouco, ameaçando bater no piso liso do salão
e fazer um barulho.
No último instante Gucky o pegou telecineticamente.
Ele engoliu em seco.
Tahirsor ainda parecia encará-lo, embora ela não pudesse vê-lo através do
campo defletor. Pequenas rugas se formaram na testa dela. Ela torceu o nariz, e
puxou o ar curta e violentamente.
Nas imagens mentais dela, Gucky reconheceu o mal-estar. O tamanho das
visões se desfez. Algo incomodava Tahirsor. Era...
... um cheiro!
Ela sentiu o cheiro dele ou de Vazquarion? Tefrodenses tinham o sentido do
olfato muito melhor do que os terranos.
Gucky abafou uma maldição. O laosoor estava bem atrás dele. Embora
Vazquarion tivesse lavado o muco do genjosch em seu SERUN, um cheiro fraco se
apegou a ele, que tinha um toque venenoso.
Tahirsor deu um passo em sua direção.
Lentamente, Gucky recuou. Vazquarion se moveu com ele. O campo protetor
ao redor deles engoliu cada som. Se Tahirsor penetrava neste campo, a parte de seu
corpo que mergulhasse no campo também desapareceria, e então eles seriam
descobertos!
A tefrodense imediatamente acionaria um alarme principal.
A cientista estendeu a mão.
Gucky fechou os olhos. Ele lutou para segurar o pequeno botão que ameaçava
cair no chão. Irritava-o a manter simultaneamente o sinalizador capturado e ver o
mundo a partir de seus olhos, e ao mesmo tempo com os de Tahirsor. Dois pares de
olhos eram demais.
O botão oscilou no ar. Gucky ameaçou perder o controle. Se ele fosse recuasse
mais, estaria muito longe para segurá-lo.
Ele evitou os dedos de Tahirsor, empurrando-se contra Vazquarion, que
estava em seu caminho e o agarrou com cauda-mão.
— Teleportar?— o Laosoor sussurrou.
— Não! Ela só tem que agarrar seu pescoço uma vez, então estamos ferrados!
O buraco no colarinho na borda vazia parecia superdimensionado para Gucky.
Um chiado soou na estação de trabalho. Tahirsor se virou.
Gucky aproveitou a chance para fugir lateralmente, e possivelmente sem
corrente de ar ou movimentos rápidos, para se afastar um pedaço. O botão
mergulhou no campo do defletor bem a tempo, antes de Tahirsor se virar
novamente. Desta vez seu olhar era menos intenso. Em seus pensamentos, Gucky
sentiu a alegria que pulsava através de cada imagem. Ela estava mentalmente de
volta ao trabalho.
Antes que ele pudesse ficar com os pés frios, Gucky moveu o chip do tamanho
de uma unha para cima ao longo da lateral de Tahirsor. Enquanto ela se concentrava

40
nas holografias, e suas impressões brilhavam douradas com entusiasmo, o botão
prateado subiu pedaço por pedaço.
Quanto mais perto ele chegava do seu campo de visão, mais crítico se tornava.
Tahirsor pegou a massa Derkuer.
— Droga! — Gucky afastou o botão metálico, bem a tempo antes que Tahirsor
o abalroasse. Ele seguiu o movimento dela, colocou o botão no colarinho uma
segunda vez, Tahirsor levantou a mão. Seus dedos vagaram até o pescoço.
—Vamos! — Vazquarion sussurrou.
Gucky amaldiçoou mentalmente. Ele acelerou o pequeno objeto, levou-o até
a altura da borda e pressionou-o contra ela. Apenas um segundo depois, Tahirsor
acariciou casualmente como se ela tivesse subconscientemente registrado que algo
havia acontecido ali.
Ela baixou o braço, continuou novamente em seus afazeres.
— Teleportar! — Gucky se sentia exausto. Uma leve pressão se espalhou por
trás de sua testa. Ele nem quis pensar nos pesos que ele havia manipulado no
passado.
Vazquarion o levou de volta à Monkey.
Juntos, eles saltaram para o vestíbulo vazio e o físico do semiespaço se pôs a
trabalhar imediatamente. Ele colocou o chip em seu dispositivo de pulseira,
analisou-o com um dispositivo especial. — Tudo bem. Eu posso ler as funções. Vai
levar alguns minutos. Então, eu posso copiar e simular as funções.
— Depressa! — Monkey não disse mais nada.
Gucky usa o intervalo para se recuperar. A pressão na cabeça diminuiu.
Enquanto Monkey aparou mais dois chips de botões, Vazquarion cuidou do
backup da cópia.
Depois disso, Gucky trouxe de volta o chip com ele. Desta vez, Gucky insistiu
que Vazquarion mantivesse mais distância de Derma Tahirsor durante a troca.

— Aqui!
Vazquarion deu um chip para Gucky e Monkey. Se a simulação fosse bem
sucedida, eles seriam autorizados na zona de trabalho 9, mesmo se as emissões
fossem localizadas por suas atividades. Mas, eles teriam que descobrir isso
localmente.
Gucky fixou a joia tecnológica ao traje. Ele espiou através da percepção
de Tahirsor.
Enquanto isso, havia muita atividade no salão principal. Tefrodenses tinham
carregado um iniciador através de um campo antigravitacional em uma plataforma
flutuante que se movia através de um portão aberto no hangar.
Monkey levantou-se. Embora ele tivesse se agachado por um longo tempo,
ele não parecia ter que se alongar. Ele apenas passou de um modo de movimento
para o seguinte. Invejável.
— Nós saltamos para fora e flutuamos sob uma das plataformas. A zona de
trabalho 9 está marcada como uma área de alta segurança. Se nos aproximarmos
livremente, eles serão capazes de nos rastrear apesar das proteções contra
localização. Devido à plataforma e aos iniciadores pré-ativados, ocasionalmente há
uma forte radiação dispersa, da qual podemos tirar proveito. Além disso, estaremos
próximos quando uma lacuna ou eclusa estrutural se abrir no campo.

41
Os chips simulados os ajudariam dentro da zona de trabalho 9, mas não eram
credenciais para entrar nela. Para isso, eles tinham Vazquarion. — Soa como uma
brincadeira de criança.
Os implantes de Monkey se moveram clicando baixinho. — Não diretamente.
Eu enviei duas sondas de espionagem par análise defensiva na zona de trabalho 9. A
coisa não fica livre externamente e flutua sobre o mar. Nós teremos que ficar muito
próximos, na área central abaixo da plataforma em um espaço calculado
precisamente. Nós devemos cortar o contato de rádio até chegarmos lá. Além disso,
a janela de tempo para o salto para a zona de trabalho nove 9 é apertada. Nós temos
apenas uma tentativa. Se nos afastarmos dos indutores na área de aproximação,
seremos vistos mais rapidamente do que podemos dizer TEP.
— Isso soa mais emocionante.
A segunda plataforma flutuou para fora do salão principal. O indutor em um
suporte zumbiu suavemente.
— Vamos pegar esses! — disse Monkey. — Dois saltos. Primeiro para fora da
zona de trabalho 43, logo abaixo da plataforma.
Vazquarion se sacudiu como se tivesse com o pelo molhado. Ele esticou as
costas. Sem mais palavras, ele ofereceu-lhes as orelhas-mãos.
Eles saltaram. Gucky ajudou Vazquarion com a orientação. Ele era o ponto
que o laosoor tinha que encontrar, e com a ajuda de quem seu poder mental
aumentava muitas vezes. Ao fazer isso, Gucky sentiu a inquietação de Vazquarion e
uma ganância que poderia ser rastreada até seus genes de predador. Um puxão
desagradável se espalhou no corpo de Gucky quando eles deram o segundo salto.
Eles conseguiram. Eles chegaram logo abaixo da plataforma. A positrônica do
SERUN adaptou-se ao curso. Quase dez metros acima da água, eles voaram para
a zona de trabalho 9, onde estavam as estátuas, e certamente também Vetris-
Molaud, que supostamente queria estar presente no reavivamento. Isso era o que
Monkey esperaria, disse Gucky. O Lorde-Almirante da USO ainda estava tentando
assassinar o Maghan tefrodense.

Eles flutuaram sobre a água azul-turquesa. De vez em quando as ondas se


tornavam mais escuras, da cor de um verde malaquita cintilante onde se juntavam
algas e plantas aquáticas. Através do zoom da viseira, Gucky reconheceu uma
variedade de animais parecidos com peixes, mas também outros habitantes do mar,
que lembravam uma mistura de focas e tartarugas, que navegavam nas amplas ilhas
das plantas.
O sol azul ainda não havia se levantado. As únicas fontes de luz eram as
plataformas de transporte, com os iniciadores emitindo luz branca e azul pálida, e
de vez em quando genjosch isolados, cujas bolsas corporais infladas pulsavam em
violeta.
Gucky notou que quanto mais perto eles chegavam da zona de trabalho 9, a
população de genjosch diminuía. Quase ao mesmo tempo, o SERUN apontou para
um cheiro que se tornou mais forte em direção à zona de trabalho, indicando que
estava queimado, sem a localização passiva que calculasse uma fogueira. Talvez os
genjosch fossem contidos assim.
Na frente deles, torres residenciais e plantas se abriram, e eles voaram sobre
largas águas. A plataforma antigravitacional que eles estavam seguindo flutuava no

42
ar como uma cidade voadora. Quanto mais perto Gucky chegava, mais sondas
mediam a localização passiva. Os espiões, que pareciam olhos voadores com asas
zumbindo, assobiavam através do ar em cursos de ziguezague. O seu padrão de
movimento era agressivo, como se tentassem atacar alvos invisíveis. Dúzias destes
dispositivos estavam zumbindo em torno da zona de trabalho 9.
Confuso, Gucky se perguntou como seus companheiros e ele poderiam deixar
a plataforma mais tarde sem arrastar um enxame atrás deles, perseguindo-os como
mosquitos raivosos. Atualmente, eles se protegiam na radiação dispersa do
iniciador — mais tarde eles teriam que encontrar outra coisa que os ocultasse.
Vazquarion se movia inquietamente ao lado dele. Quando se tocavam, Gucky
sentia cada gesto do outro. Enquanto Monkey se solidificara em um pilar de sal, o
laosoor contorcia os pés, mexia a cauda e esticou as costas.
A zona de trabalho se aproximou, tornando-se maior no campo de visão de
Gucky. Um leve reluzir revelava o campo energético em torno da zona como uma
esfera de duzentos metros de diâmetro. Gucky pensou em um enorme tapete voador
com construções nas bordas. Só que nenhum príncipe guiava o tapete das Mil e uma
Noites, mas uma positrônica, e nenhuma princesa bonita foi raptada ou seduzida,
mas cinco estátuas mortas de metal TEP esperando para se fundir em uma única
consciência.
Eles ainda tinham desativado o rádio, mas teria sido mais fácil para Gucky
expressar seus sentimentos — ou pelo menos reclamar sobre as contrações de
Vazquarion. O laosoor se movia como se formigas tivessem penetrado em seu
SERUN.
Seu veículo aéreo parou. O SERUN ajudou Gucky a permanecer no curso. Ele
podia agora inspecionar todo o local da zona de trabalho 9: os prédios na orla, a
paisagem em forma de parque dentro e o centro com as cinco estátuas do senhor da
galáxia, envoltas em outro campo defensivo. Um pouco à esquerda e à direita do
núcleo havia duas áreas elevadas — postos de observação que deveriam oferecer
uma boa visão das estátuas. Talvez um posto de controle para os cientistas?
No posto de observação da esquerda, havia uma arquibancada com vários
assentos. Um deles estava magnificamente preparado. Ele parecia feito de cristal
preto e parecia um trono com encosto ornamentado.
Um lugar para um Maghan, pensou Gucky. Ele notou que Monkey estava
olhando para este lugar. Ele já via diante de si o assassinato de Vetris-Molaud?
Gucky resistia ao pensamento de assassinato. Vetris-Molaud podia usar este
remédio e considerá-lo apropriado. Todavia, essa era a diferença para a Liga dos
Terranos Livres. E esta era uma das razões pelas quais que o ilt se identificara com
a humanidade há séculos.
Seu veículo aéreo se aproximou do campo defensivo externo. Uma escotilha
estrutural se abriu, levando a uma eclusa energética flangeada hemisférica. O portão
superior media dez por dez metros. Uma borda vermelha reluzente o rodeava e
marcava a entrada da zona. Alguns metros mais fundo outra passagem seguia na
cúpula energética.
Subitamente, Vazquarion se acalmou. Ele olhou para Monkey, que balançou
a cabeça. Não estava tão longe ainda. A eclusa era um entroncamento onde eles
tinham que esperar uma atenção especial dos tefrodenses. Todo mundo que
entrava ou saía, era meticulosamente examinado — qualquer desvio energético,
mesmo que mínimo, atrairia a atenção, mesmo a proteção contra a localização de
dispersão de alta tecnologia dos SERUNS poderia falhar. Quanto mais tempo Gucky

43
e seus companheiros ficassem nesta área, maior era o perigo de descoberta. Gucky
calculou que alguns segundos seriam suficientes para disparar o alarme e verifica-
lo.
Várias sondas especiais se dirigiram para dentro da eclusa. Ao contrário das
sondas do lado de fora, elas brilhavam em uma luz esverdeada fraca. Pontos
vermelhos brilham no meio delas. Elas giravam lentamente em torno de seus
próprios eixos.
Monkey, Vazquarion e Gucky voaram apertados contra a plataforma.
Gucky mal ousava respirar. Significava, que que todas as sondas focariam
neles, mediriam suas emissões, e os localizariam. A segunda eclusa ainda estava
fechada.
Uma das sondas se moveu para Gucky, parando bem na frente de seu rosto.
Vários raios finos se projetaram em forma de grinalda a partir da abertura vermelha,
que lembrava uma lente. Gucky sentiu-se escaneado. Ele açoitou
desconfortavelmente com a cauda de suporte achatada.
Sinais de alerta piscaram no visor do capacete.
Ao lado dele, Monkey levantou a mão a arma empunhada. Ele apontou para a
sonda.
Vazquarion segurou as mãos deles. Abaixo deles, uma pequena abertura se
formou no campo energético, que cresceu rapidamente. Com a ajuda de Gucky o
laosoor saltou. A sonda desapareceu.
Eles passaram pela eclusa e alcançaram a zona de trabalho 9.
Gucky deu um suspiro de alívio. Ele se sentou na grama prateada, que de
alguma forma parecia errada. — Cara, essa foi por pouco!
Vazquarion se sacudiu. — Eu pensei que aquela coisa captou você.
— Vamos em frente — Monkey insistiu. — Devemos nos afastar da eclusa —
ele os conduziu ao longo de uma série de rochas, passando por uma fonte até um
aglomerado de arbustos de folhas em concha.
— Diga... — Gucky estreitou os olhos. — O que você descobriu? Por que Vetris
precisa de mutantes?
Monkey parou perto dos arbustos, cruzando os braços na frente de sua
enorme caixa torácica. Ele olhou para o campo SAE a vinte metros de distância,
abaixo estavam as cinco estátuas. Ele certamente analisou e investigou. — Trata-se
do surgimento da consciência energética relacionada com a frequência na
deformação do material paradoxo-inteligência.
— O renascimento de Zeno Kortin — disse Gucky. — Nenhum ilt entende o
que você disse! — Era bom ser irreverente. Para Gucky, foi uma ajuda para diminuir
a tensão.
Monkey ignorou sua objeção. — Os iniciadores da reação da substância TEP...
— Obstetra. Isso é mais curto. E os mutantes são as parteiras. Em vez da zona
de trabalho 9, nós poderíamos dizer sala de parto 9.
O Lorde-Almirante olhou para ele como se algo desintegrasse. — Você quer
mais informações ou não?
— Eu ficarei quieto.
— Os iniciadores devem cobrir as estátuas com hiperradiação de ultra alta
frequência. Os mutantes ajudarão a iniciar a iniciação. Suas parahabilidades
também estabiliza o processo de desenvolvimento.
— Um processo altamente sensível — Vazquarion mexeu as orelhas-mãos
desconfortavelmente.

44
Monkey olhou o lugar novamente, onde Vetris-Molaud provavelmente
estaria entronizado durante a ressurreição. — É onde começamos.
— Você pensa em uma sabotagem? — perguntou Gucky.
— Correto. Sabe-se que o metal TEP reage com grande sensibilidade aos
processos atômicos. Eles fazem com que o TEP se transforme completamente em
hiperenergia, tornando-se automaticamente parte do hiperespaço ou de um
continuum dimensionalmente superior. Isso deteria o processo do despertar.
Vazquarion respirou fundo. — Seria possível. Uma sabotagem em cascata.
Nós teríamos que sabotar o campo SAE. Se desmoronar, nós poderíamos disparar
impulsos em uma das estátuas.
O pensamento era assustador. Se a hiperenergia saísse do controle, toda a
plataforma poderia explodir ou ser devastada. Gucky mastigou a pele em volta do
nariz. — Isso é mais do que, oh, lá lá ! O risco é incalculável!
— Ainda assim, vamos fazê-lo — disse Monkey friamente. — Esta é uma
chance que nunca teremos de volta. Nós podemos enfraquecer Vetris-Molaud de
forma decisiva e sustentável. Vocês devem se preparar para atacar os
mutantes quando o campo defensivo ruir. Certamente, eles ficarão atordoados e
confusos.
— Você quer dizer que eu deveria matá-los?
— Pegue as parahabilidades deles enquanto Vazquarion e eu cuidamos das
estátuas e Vetris-Molaud.
— Isso é assassinato!
— Você quer falar de moralidade? Não há nem bem nem mal, certo ou
errado. Existem apenas consequências. Manter os mutantes vivos como inimigos da
Liga tem consequências.
Gucky ficou furioso. Como Monkey poderia ser tão insensível? — Você sabe
do que está falando? Ronald era meu amigo! Ele morreu para salvar uma única
vida! A de Bostich! E agora eu deveria ir aqui e matar vários mutantes só para
otimizar minha própria vida galacto-estrategicamente?
Monkey tocou o local acima da clavícula, onde seu chip ativador estava na
carne. — Nem sempre conseguimos o que queremos neste jogo, Gucky. Porém, nós
temos uma responsabilidade. Nós temos que proteger a Via Láctea.
— Não a qualquer preço!
— Os mutantes podem ser feridos ou mortos no ataque de qualquer
maneira. Talvez seus dons sejam liberados.
Gucky se enojou com o planejamento frio de Monkey. — Isso é irrelevante.
— Pense nisso — Monkey se virou bruscamente.
O SERUN mostrou pressão arterial elevada em Gucky. Ele ignorou, assim
como o tremor que o havia tomado com a raiva. Monkey poderia aceitar a morte de
outros se isso servisse aos seus planos. Mas, ele não.
— Não! — Jurou Gucky. — O que quer que aconteça nas próximas horas – eu
não pegarei nenhum paradom! Nem um único! Nem mesmo se ele for liberado!

45
5.

Vetris-Molaud

Vetris-Molaud ficou em pé quando a laron passou pelas fendas estruturais da


eclusa e aterrissou. Embora ele quase não tivesse dormido, Vetris se sentia acordado
e descansado. Uma excitação febril pulsava nele. Depois de derrotas e contratempos,
este dia foi marcado pelo triunfo.
Emblematicamente, o sol azul Zaotast se elevou e mergulhou em Connoort na
primeira luz. As estátuas de Zeno Kortin projetavam longas sombras que pareciam
cortar a grama prateada. Mesmo que o campo defensivo criasse seu próprio
mundinho que bloqueasse o ar e o calor, a luz também vinha desse lado.
Vetris gostou da visão.
Havia sido um longo caminho de Caer-Cedvan para Vetris-Molaud, do
conselho Tam para o Alto Tamaron e Maghan, de seu planeta natal Gloster no
sistema Helitas para Tefor, a sede da Nova Tamânia, na estrela Apsuma.
Ele tocou o ativador celular que ele usava em uma corrente em volta do
pescoço. Não era suficiente que Vetris tivesse trabalhado duro por tal dispositivo. O
caminho de Perry Rhodan mostrava, que além de perseverança e grandes visões,
necessário: aliados. Halutenses como Icho Tolot, um ilt como Gucky. Alguns
atribuíram sorte a Rhodan e ignoraram que as alianças não eram uma questão de
sorte, mas fatores influenciáveis.
Os mutantes foram um começo, mas eles também não foram suficientes.
Vetris logo teria um aliado realmente valioso que poderia ajudá-lo a brilhar no
Império Tefrodense, a Nova Tamânia.
Perry Rhodan havia cometido um erro grave na época, o que levou a uma
tragédia: ele havia lutado contra os senhores da galáxia e, assim, perdeu uma
oportunidade única. Vetris iria por outro caminho. Melhor.
Acompanhado por Ghenis Tay, outros dois guarda-costas e dois robôs de
combate Vetris-Molaud fez o seu caminho para a arquibancada elevada perto da
região do núcleo.
Ele sorriu quando viu as três plataformas da Zona de trabalho 43 pousando
uma ao lado da outra e todas as preparações saíram conforme o planejado.
Os cientistas e seus assistentes começaram a descarregar os iniciadores da
reação da substância TEP através de campos antigravitacionais e direcioná-los na
frente do campo SAE, na qual uma lacuna estrutural poderia ser comutada. As
estátuas ainda estavam sozinhas ali. Somente depois que os iniciadores fossem
instalados e verificados, os mutantes deixariam o prédio principal e assumiriam
seus lugares.
Vetris subiu as escadas da arquibancada. Ele deliberadamente dispensou o
levantador antigravitacional, que estava anexado a uma peça ao lado dos degraus.
Era uma benção mover-se, sentir o corpo que ele teve que lutar repetidamente com
tanto sofrimento e esforço.
Três de seus escorpiões o acompanharam e se arrastaram aos pés do assento
do trono de pedra Hynalit preta, que fora forrado com veludo suave de Tefor.
Abaixo se abriu uma lacuna estrutural. O iniciador aproximou-se de uma das
depressões, e posicionou-se controlado por Sayen Yutinod e soltou os elementos de
ancoragem com seu peso. Houve muita comoção quando o dispositivo de seis metros

46
de altura, aparentemente, se fundiu no chão no local. As lentes, que grudavam nele
como mil olhos, dirigiram raios azuis de teste na estátua de Kortin e a iluminaram
como se estivessem com um halo.
Os cientistas aplaudiram. Eles estavam em uma plataforma ligeiramente
elevada em frente ao lugar de Vetris, do outro lado do campo SAE.
Ghenis Tay ignorou a cadeira ao lado do trono, parou e balançou na ponta dos
pés. A mulher normalmente tão equilibrada, que sempre fora um refúgio de paz,
parecia nervosa.
A morte de seu colega Bunccer-Buhaam a machucara mais do que ela queria
mostrar?
Vetris-Molaud notou que a agente evitava a visão direta das estátuas. Talvez
fossem os olhos verdes e velados que despertavam temores em muitos que olhavam
para eles. Embora, os chapéus pontiagudos obscurecessem parcialmente os rostos
de Kortin, este permanecia misterioso para os outros.
Vetris não tinha esses temores. Ele viu o futuro de Tefor nas cinco cópias
diante dele. Encantado, ele assistiu Sayen Yutinod montar o segundo iniciador
remotamente, depois o terceiro. Ele apontou para os lados do prédio à esquerda e à
direita. — A falange da arma está totalmente operacional?
Ghenis Tay fez um gesto de concordância, apontando e o dedo médio
avançou. — Armas e sistemas de proteção estão operacionais. Caso o campo SAE
entre em colapso e o processo represente uma ameaça, nós podemos intervir.
— E quanto ao transmissor?
— Ele está a caminho. Nós o montamos nas imediações. Eu me certificarei de
que ele esteja conectado à estação médica da VOHRATA.
A nave estava pronta em órbita. Vetris esperava que eles não precisassem do
transmissor de emergência ou da estação médica da VOHRATA. Contudo, precedia a
segurança.
Satisfeito, ele viu o último iniciador se endireitar, ancorado e iluminado.

Gucky

Eles haviam chegado até o campo SAE. Como esperado, a presença deles não
acionou um alarme graças aos botões de código, embora as sondas também
patrulhassem a plataforma.
Gucky lembrou-se com um arrepio o que aconteceu com eles na WAB durante
sua última missão. Lá, um dispositivo tefrodense havia imediatamente substituído a
positrônica do seu SERUN e, assim, os tronou visíveis. Sem os botões chip que
Vazquarion havia simulado para eles, eles já teriam sido descobertos e
incapacitados. Porém, eles conseguiram fazer investigações ininterruptas e
localizações passivas.
Monkey colocou alguns dados em sua via viseira via ligação positrônica. — O
campo SAE redor das estátuas é produzido a partir do lado de fora. Nós podemos
acessar geradores e projetores correspondentes. O gerador principal está perto da
plataforma dos cientistas.
— Nós devemos causar confusão antecipadamente — disse Vazquarion. —
Colocar uma bomba lá será facilmente descoberto enquanto estiver repleto de
pessoal. Qual é a análise de localização das áreas de segurança? Você poderia

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esgueirar-se para a arquibancada para Vetris-Molaud? Um ataque ao Maghan
deveria causar o caos.
— Para o caos, sim, mas infelizmente não para o sucesso. Existem
mecanismos de proteção adicionais na arquibancada, bem como na área
central. Além disso, Vetris geralmente tem dois robôs de combate com cabeças de
localização. Assim que eu despertar suspeita através de uma aproximação, eles me
examinarão cuidadosamente. Uma distância maior de Vetris-Molaud é melhor.
Precisão não é problema, posso me posicionar ali — Monkey apontou para um ponto
a cerca de quarenta metros das arquibancadas e trinta das estátuas. — Do ar eu teria
uma corrida livre. Contudo, no caso de um ataque, Vetris certamente será cercado
por mais campos defensivos.
Como se essa afirmação tivesse sido uma palavra-chave, outra plataforma
com Vetris-Molaud a bordo desceu na zona de trabalho 9. Como Monkey havia dito,
dois robôs de combate de formato cônico com mais de dois metros de altura
flanqueavam o governante tefrodense. Vários braços de armas se projetavam de
seus corpos. Os três guarda-costas também causaram uma impressão assustadora.
— Vá! — sussurrou Monkey. — O neo senhor da galáxia está cercado por
sondas especiais! Nós temos que manter uma distância, apesar dos chips, caso
contrário, eles nos submetem a um exame especial!
Eles se retiraram para um dos edifícios na borda, enquanto Vetris-Molaud
ocupou seu lugar nas arquibancadas.
— Pena que não podemos atacar Vetris diretamente — Os implantes de
Monkey rangeram como se o Lorde-Almirante estivesse tentando irritá-lo. — Mas
se nos concentrarmos na área central mais interna, nós teremos uma chance maior
de sucesso. Se nós dizimarmos apenas uma estátua com um radiador de impulso,
todo o processo de renascimento será interrompido – eu espero que seja
interrompido permanentemente. A reação atômica também causa um efeito de
radiação. O caos energético poderia atingir Vetris junto com a arquibancada.
Gucky se perguntou se Monkey pretendia fazer isso, ou se ela não estivesse
tentado a ir até Vetris-Molaud com suas próprias mãos, como fizeram com Bunccer-
Buhaam alguns dias atrás. Seu pelo do pescoço se eriçou ao ver um escorpião
encolhido perto dos joelhos de Vetris Molaud. O Maghan não parecia notar o artefato
de um metro e meio de comprimento.
— Eu mencionei anteriormente que o risco é incalculável?
— Você fez isso? — Monkey disse indiferente. — Vamos para a
execução. Cada um de nós deveria construir uma bomba sobre a dispersão do
SERUN que causaria a falha da unidade principal do campo SAE, e depois
poderíamos colocar nos laboratórios ou sistemas de suporte de vida. Quanto mais
distração, melhor. Nós devemos também discutir o primeiro acesso. Eu proponho
um agregado menos importante do sistema de suporte de vida, que os cientistas e
técnicos têm de cuidar e, assim, limpar o caminho. Na confusão resultante, você
poderia sabotar o gerador de campo defensivo com mais facilidade.
Vazquarion olhou para o prédio mais próximo deles. — Tudo o que temos a
fazer agora é descobrir de onde os sistemas de suporte de vida são controlados.

Lan Meota

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Os mutantes descansaram, depois conversaram sobre a missão uma última
vez. Ejery ficou perto dele.
Lan Meota sentiu que a proximidade com ele dava ao jovem tefrodense uma
posição segura. O sorriso dela ainda era amplo, mas o olhar dos olhos levemente
protuberantes ficava encarava discretamente pela janela a tribuna com Vetris-
Molaud. Ela obviamente tinha grande respeito pelo Maghan e temia desapontá-lo.
Shanu Starcuut levantou-se. — Está na hora.
A professora mutante fez o começo e saiu. Meota a seguiu, então veio Assan-
Assoul e as duas mulheres. Como uma procissão, eles atravessaram a grama
prateada, passando pela pequena fonte e indo para o centro.
Sayen Yutinod ficou perto do gerador de campo e esperou por eles. Ele deu-
lhes uma lacuna estrutural. Um por um, eles entraram no círculo, para os seus
lugares. Devido aos iniciadores de seis metros de altura, a área central havia
mudado tremendamente. Eles emitiam uma luz azul pálida. As estátuas pareciam
menores ao lado deles, mas não menos inspiradoras.
Meota virou-se para o iniciador, dando as costas para a estátua. Ele levantou
a cabeça e trocou um olhar com Vetris-Molaud, que estava sentado alguns metros
acima deles nas arquibancadas. Como o campo era transparente, o Maghan podia
observar tudo por dentro.
Molaud agachou-se. Ao lado do Maghan estava Ghenis Tay, pálida e tão
indiferente quanto os dois robôs de combate que flutuavam atrás de Vetris-Molaud.
Um clique soou e parte do gramado de prata se dobrou para dentro. Meota
voltou sua atenção para o processo. Canais finos emergiram das cinco estátuas em
direção ao centro através do qual o metal podia fluir. No centro, alguns centímetros
abaixo, formou-se uma superfície circular, grande o suficiente para poder conter
outra estátua. Se a hipótese fosse confirmada, o metal do TEP se fundiria à medida
que se transformasse e se fundiria a uma nova figura que, presumivelmente, não
teria um pedestal ou uma placa. Mas eles só saberiam quando a transformação
estivesse completa.
— Os iniciadores estão prontos — disse Sayen Yutinod do lado de fora. —Eu
devo começar o processo?
Shanu Starcuut estava tão ereta que parecia vários centímetros mais alta do
que era. Ela olhou em volta, acenando para cada um individualmente. Então, ela
disse em voz alta: — Nós estamos prontos. Se o Maghan desejar, começaremos.

Gucky

Gucky e Vazquarion haviam deixado a área central da zona de trabalho. Eles


haviam se infiltrado em vários edifícios, um após o outro, para investigá-los. A
localização veio em seu auxílio e os guiou para uma ala de laboratório contendo uma
quantidade incomum de oxigênio. Em algum lugar, um suprimento independente de
oxigênio comprimido tinha que estar armazenado, com o qual o ar era processado
no sistema fechado sob o campo defensivo.
Eles encontraram um console de trabalho abandonado, do qual havia mais a
cada minuto: os cientistas e técnicos queriam ver o que estava acontecendo lá fora.
Mais e mais tefrodenses se reuniram na plataforma perto do campo SAE. Gucky ficou

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feliz com isso. Ele poderia viver com danos materiais, mas não queria machucar
ninguém se pudesse ser evitado.
Vazquarion tentou através do console de trabalho da positrônica do sistema
da zona de trabalho. Depois de alguns minutos ele desistiu.
— Eu não posso entrar. O sistema é perfeitamente seguro. Mas, eu entendo a
estrutura da instalação. Existe uma grande probabilidade de termos um tanque de
oxigênio. Se deixarmos que suba ao mesmo tempo que um laboratório com
substâncias químicas armazenadas, isso deve ser suficiente como uma distração.
— Concordo — Gucky verificou o status do SERUN. Ele quase completou a
bomba. Ele precisava de vários minutos para o processo. — Vá em frente.
Vazquarion levou-o por um corredor para um elevador antigravitacional.
Eles subiram e flutuaram para baixo.
Eles chegaram ao fundo, a porta ao lado se abriu automaticamente na frente
deles. Eles seguiram um corredor cinza claro que se acendeu pedaço por pedaço
quando entraram. Faixas de luz branca seguiam o impulso de suas assinaturas. No
final do corredor, outra porta estava esperando.
Vazquarion entrou na frente dele. A entrada permaneceu fechada. De má
vontade, Vazquarion tocou o botão prateado de seu traje. — A carona termina
aqui. Nós não temos aprovação.
Gucky mostrou seu dente roedor e ofereceu seu braço. — Então, vamos
saltar.
Vazquarion hesitou por um momento — provavelmente checando que
nenhum campo energético estivesse esperando por ele do outro lado — então
agarrou o pulso de Gucky e se teleportou.
Desta vez, a luz não acendeu automaticamente. Eles ficaram em completa
escuridão. Gucky ligou o farol. Fora da escuridão, aparentemente
indiscriminadamente se espalhavam agregados e tanques dispersos pela sala. —
Provavelmente, eu nunca entenderei a ordem tefrodense. Vamos soltar a bomba e
sair daqui.
— Ali! — Vazquarion apontou para um recipiente prateado que parecia uma
chaleira enorme. — A força explosiva deveria ser suficiente para
rasgar alguns buracos bonitos. Mesmo que um campo repulsão de emergência
contenha o contêiner, isso causará muitos danos.
— Então, vamos sair daqui!
Gucky largou a bomba, acertou o tempo e depois se teleportou para fora da
sala.
Agora, tratava-se de minutos. Quanto mais tempo a bomba estivesse no
campo, maior o perigo de ser detectada por uma das sondas de vigilância ou por uma
verificação de rotina.
Eles correram de volta ao topo, pegaram um laboratório vazio com produtos
químicos especiais que haviam notado ao sair e jogaram uma bomba lá também.
Então, eles voaram de volta para Monkey para ficarem perto do gerador de
campo e receber a terceira bomba para a próxima sabotagem.
No estômago de Gucky formigava e queimou-o como ele tivesse bebido ácido.
Ele olhou para a tela no mostrador de tempo. Era 11 de julho de 1517 NCG, 18:34
tempo padrão da Terra — mais dois minutos antes da primeira explosão.

50
6.

Lan Meota

Vetris-Molaud se levantou e foi até o muro baixo da arquibancada.


— Comecem — ele disse em uma voz de longo alcance.
Lan Meota ouviu a palavra apesar da atenuação através do campo. Pequenas
lacunas estruturais permitiram-lhe participar acusticamente no que estava
acontecendo lá fora. Ele quase se esqueceu que ele estava cortado, atrás de uma
barreira que o incluía.
Shanu Starcuut levantou ambos os braços e os estendeu para os lados. —
Vamos nos conectar! — a velha fechou os olhos.
Em pensamento, Meota fez o que ele havia feito centenas de vezes — ele
criou o parabloco desejado. Porém, seus olhos estavam bem abertos. Fascinado,
Meota olhou para os iniciadores que brilhavam azuis. Luzes emergiam como lanças
das lentes, atingindo o metal TEP e reforçando o brilho azul pálido.
Ejery, Assan-Assoul e Pai Móo mantinham as pálpebras fechadas. Ele os
sentiu avançando mentalmente para ele, bem como Assan-Assoul, que se destacava
particularmente, curioso e insistente, como se ele mal pudesse esperar para sentir o
paradom de Meota, pelo menos um pouco. Como Assan-Assoul tinha acesso às
parahabilidades de outros mutantes como um para-configurador, sua curiosidade
era compreensível. Ele examinou o que poderia aproveitar temporariamente. Por
causa dessa ganância, isso não o tornava o aluno estrela mais simpático.
Meota semicerrou as pálpebras e sentiu uma mudança no lado de fora. Ele
sentiu uma mudança no exterior. Houve uma sensação na borda de seu círculo. Ela
não tinha lugar específico, escapava ao acesso direto: uma faísca — e uma dor. O
toque de algo que para Meota, parecia querer entrar na passagem. Ou queria sair da
passagem? Se assim fosse, Meota estava pronto para mostrar ao Toque Estranho o
caminho para o mundo.
Ele olhou para a figura metálica de Zeno Kortin na frente dele e caiu em um
leve transe. Aqui!, ele gritou em pensamento. Venha até nós. E seja.
O zumbido dos iniciadores tornou-se mais alto, como se centenas de asas
metálicas assobiassem no ar como chicotes. As formações semelhantes a chifres
começaram a se mover, girando lentamente em círculos.
O processo começou! Os dispositivos emitiam correntes hiperenergéticas
fracas, que alcançavam as estátuas via microtransmissores de curta distância.
Pontos verdes apareceram no peito prateado e cintilante do monumento em frente
a Meota, onde a hiperenergia atingiu. Eles se alargaram, formaram minúsculos funis,
girando lentamente em torno de si. Eles cresceram milímetros por milímetro,
cobrindo parte do torso.
Ejery ofegou. Ela também manteve os olhos abertos, os arregalou e observou
o que estava acontecendo na estátua perto dela.
Um estrondo surdo, como um trovão, encheu o ar. Veio de fora, além do
campo SAE. O chão tremeu lá, fazendo com que os arbustos e plataformas
oscilassem.
Meota piscou. Apesar de sua sonolência, ele imediatamente entendeu o que
aquilo significava: uma bomba explodiu em algum lugar da zona de trabalho 9!

51
Gucky

Gucky ouviu o golpe da primeira explosão nas costas. Vidro e madeira


racharam e estilhaçaram.
Pouco depois, se segundo golpe, mais alto e mais penetrante, fazendo o chão
vibrar por vários segundos e sacudir os edifícios. Tanto a bomba dentro do sistema
de suporte de vida quanto a do laboratório haviam disparado.
O alarme uivou.
Os cientistas na plataforma perto da unidade do campo defensivo começaram
a se agitar. Vários deixaram seu lugar e correram na direção dos prédios.
Embora não tivessem tempo, Gucky olhou em volta. O fogo lambia das janelas
arruinadas, onde o laboratório estava. A estrutura em si parecia intacta, mas um
fedor terrível revelou a fonte fogo, que o SERUN rapidamente filtrou.
— Depressa! — provocou Vazquarion.
Eles alcançaram a plataforma, aterrissaram e correram invisivelmente para
a unidade do campo defensivo, que agora estava acessível. Vazquarion segurou a
terceira bomba com suas orelhas-mãos pressionadas junto ao corpo.
Uma sonda de vigilância ficou zumbindo diante de Gucky.
— Atenção! — relatou o SERUN. — Você está sendo escaneado.
Gucky a alcançou telecineticamente como um relâmpago, agarrou a sonda e
deu-lhe um forte impulso angular. Ela foi lançada para longe dele. Enquanto ela
ainda estava girando como bêbada, Gucky rapidamente andou pelos últimos metros
em direção ao agregado. Ele quase roçou Sayen Yutinod pelo braço, tão perto que
ele passou pelo homem de cabelos brancos.
Havia confusão na plataforma: muitos tefrodenses se reuniram em uma
cúpula protetora que havia se construído dez metros mais longe como abrigo. Cinco
dos cientistas pareciam preferir fugir, porém pareciam desorientados. Eles olharam
ao redor apressadamente, como se estivessem procurando abrigo. Outros seguiam
os acontecimentos sem fôlego e confusamente. Unidades de extinção e três robôs de
combate flutuavam de um prédio intacto. Eles se aproximaram da fonte do fogo. As
cabeças localizadoras em seus cascos se viraram de repente.
— O que está acontecendo? — perguntou Derma Tahirsor. Ela estava a
apenas três metros de Gucky. — Um ato de sabotagem? Quem poderia ousar?
— O Maghan está protegido — disse Yutinod friamente. — Envie
uma sonda especial através do campo SAE ! Eu quero que os iniciadores sejam
verificados novamente!
Vazquarion colocou a bomba do outro lado do agregado. Assim que ele a
soltou, mais duas sondas se aproximaram, ferozmente interessadas na
bomba. Gucky empurrou-as para o lado telecineticamente e ergueu a arma quando
viu uma terceira se aproximando, interessada nele. Ele desencadeou um único
disparo térmico. A sonda explodiu com um estrondo.
Tahirsor gritou e saltou para o lado. O pânico irrompeu na plataforma. Os
cientistas correram para a cúpula do campo defensivo. Yutinod apertou um
dispositivo de controle contra si e correu para as arquibancadas.
Gucky apenas conseguiu se livrar de seu alcance com Vazquarion
também. Ele esperava que o fogo da sonda desse aos cientistas tempo suficiente
para saírem da zona de destruição. Embora a bomba direcionasse sua força

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destrutiva precisamente para a unidade, era de se esperar que fragmentos voassem
pela área como estilhaços.
Então, a unidade do campo defensivo voou pelos ares.

Vetris-Molaud

Houve uma explosão em um dos edifícios da borda. Fogo ardia das janelas
quebradas, o alarme uivou. Robôs de extinção entraram em ação.
Vetris-Molaud mal deu uma olhada. Ele se levantou e falou em seu dispositivo
de pulso. — Isso é uma distração! Todas as sondas para os cientistas! Iluminado
cada um!
Ghenis Tay agarrou seu braço. — Nós devemos sair daqui! Isso é um
ataque! A segurança deles é primordial!
— Não! — Vetris a sacudiu.
Yutinod relatou através do rádio. — Maghan! Nós devemos abortar o
processo na área central? O processo ainda é reversível!
Vetris se contorceu por dentro. Desistir? Pouco antes do final? Ele olhou para
as estátuas. O metal descolorido, a transformação havia começado. Mais e mais
áreas verdes estavam passando por costelas, braços e pernas metálicas. O que
começou de forma tão promissora não pôde ser concluído.
— Deixem prosseguir o processo na área central! — ele fechou os dedos em
punhos. Nunca desista! Especialmente quando os sinais estavam contra ele. Ele
sempre manteve assim, então ele fez assim desta vez.
Seu traje de combate branco e dourado ergueu um campo defensivo ao
redor. Ele olhou na direção do transmissor de emergência. Ele ficaria. A
transformação tinha que ser bem sucedida e ele estaria lá!
Ghenis Tay ativou seu campo defensivo. — Maghan, existem invasores na
plataforma científica! Eu estou enviando dois robôs de combate!
— Abra-a...!
Outra explosão interrompeu o uivo do alarme, interrompendo Vetris no meio
da frase. Um relâmpago atingiu a positrônica. A plataforma sob os pés de Vetris
tremeu. Ele viu grama e terra voando pelos ares, misturadas com pedaços do que
tinha sido o agregado do campo defensivo principal. O fogo brilhou. Gritos chegaram
até ele.
Vetris invadiu o parapeito, estreitou os olhos.
Algo aconteceu com o campo SAE ! Ele entrou em colapso e em seguida se
reconstruiu. O campo mudou e se transformou em algo que não deveria existir. Ele
se transformou em uma esfera rodopiante! O que quer que tenha acontecido com ele
estava fora da norma. Era como se o campo desmoronasse, mas uma força externa
o mantivesse em uma forma instável. Relâmpagos cinzentos brilharam no ar.
— Liguem as unidades de emergência!
— Nós faremos isso! — ofegou Yutinod, apressando-o através do prado. —
Mas, não podemos estabilizá-lo!
Vórtices energéticos escaparam da bolha, fluindo como braços finos para
dentro, em direção às estátuas, como se o metal TEP estivesse guiando-as. Onde
quer que a corrente acertasse, o metal absorvia e descoloria. As estátuas
absorveram as energias!

53
Quase simultaneamente, uma onda de rápidos impulsos energéticos atingiu
a bolha e a fez brilhar em vários lugares.
Um ataque!
Vetris se virou. Onde estava o atirador?
Ghenis Tay seguiu seu olhar. — Localizem! Alguém está disparando em uma
das estátuas!
O coração de Vetris se acelerou. Mecanismos se segurança reagiram na zona
trabalho 9: O homem que havia disparado tornou-se visível e caiu do ar a mais de
sete metros do chão. Ele era um terrano vestindo um SERUN? Mas, que só agora
representava o lastro corporal? A maior parte da positrônica estava fora de ação, o
campo defensivo piscava. Porém, o estranho levantou-se imediatamente, sim, até
saltou, como se a gravidade e o peso que o empurraram para baixo fossem uma
piada.
Um adaptado ao ambiente ou um robô? De qualquer forma, o ser virou a
cabeça, abriu os braços e atirou com um radiador térmico em Vetris.
Vetris cerrou os dentes. Este ataque tinha mais de um caráter simbólico, mas
era humilhante. O campo defensivo desviou as energias que golpeavam. Vetris não
fez nenhum esforço para se esquivar. Ele olhou contente quando os robôs de
combate agora também colocaram o inimigo sob fogo.
Ele o estudou mais de perto. Não, aquele não era um robô. Era
um oxtornense.
Ghenis Tay ofegou. Seu rosto era uma máscara distorcida pelo ódio. —
Monkey! Desta vez ele foi longe demais! Este é o nosso território! Eu cuidarei dele!
— ela hesitou. — Ele é imune as minhas setas alcalinizantes e limálio. Eu posso
pegar emprestado um dos escorpiões para sua eliminação?
— Sim — Vetris acenou para um dos biomecanoides. O guarda-costas
apareceu.
Ghenis Tay sorriu, seus olhos se estreitaram de raiva. Ela pulou no parapeito
ornamentado das arquibancadas, chutou com as pernas e se ejetou com o
gravomódulo ativado. Seu traje branco de combate destacou-se reluzentemente
contra os vórtices giratórios no centro.
Tay correu em direção ao Lorde-Almirante Monkey. Molaud se jogou das
arquibancadas no chão e a seguiu.

Lan Meota

A dor aumentou, espalhando-se como uma onda. Lan Meota cerrou os


dentes. Ele ouviu o suspiro de Ejery se tornar mais alto, Pai Móo e Assan-Assoul
amaldiçoaram.
Um vórtice formou-se na bexiga que anteriormente tinha sido o campo
SAE. Ele dirigiu para a estátua diante de Meota, alimentou-a e aumentou a angústia
mental. Quanto mais energia fluía, mais forte a dor se tornava. Ao mesmo tempo, a
transformação externa do monumento acelerou.
O verde iridescente cobria quase todo o corpo. Meota sentiu o quanto a
estátua também mudava por dentro.
Lá fora, no não-lugar, um ser sem rosto rugiu.

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Meota olhou para cima e percebeu que a bolha estava se expandindo. Ela
estendeu os excessos, tornando-se mais e mais longa dessa maneira. Ela queria
alcançar o campo Paratron? Se assim fosse, irromperia um inferno energético!
Uma ganância espalhou-se ao redor, selvagem e descontrolada. Algo queria
ser — e ao mesmo tempo se defender contra isso.
Nova agonia fez com que Meota estremecesse.
Shanu Starcuut choramingou.
— Não desista! — gritou Meota. — Nós estamos quase lá!
Ele até acreditava no que disse? Meota quis olhar para Vetris-Molaud, mas a
bolha mostrava apenas silhuetas de borrões. Como uma cortina acinzentada, ela se
se estendia entre ele e o resto da zona da instalação. Ele estava isolado do mundo
exterior. Apenas aqui e acolá havia rachaduras que Meota poderia ter usado para se
teletransportar. Mas, ele não queria sair. O sonho de Vetris-Molaud seria sonhado
qualquer resistência.
A dor passa, ele disse a si mesmo, como costumava dizer antes, em inúmeras
passagens em incontáveis não-lugares. Ele resistiria.

Gucky

Gucky gritou quando viu a queda de Monkey. O oxtornense se conteve. Ele se


tornara visível, disparando contra Vetris-Molaud antes que os robôs de combate o
obrigassem a cuidar dele. O campo de dispersão reforçado do SERUNS resistiu a
múltiplas explosões.
Monkey se jogou no robô mais próximo, desafiando a morte. Ele agarrou o
colosso de mais de dois metros de altura com força elementar, apanhou-o e atirou-
o na segunda máquina.
O primeiro robô chegou em pedaços por causa do campo energético ao redor
do Monkey. Parte dele passou.
Monkey não se importou mais com ele. Ele bateu contra os atacantes
tefrodenses avançando como um cavalo flutuante.
Apesar de sua força superior, seria apenas uma questão de segundos antes
que sucumbisse. A superioridade era enorme, o que afetava o SERUN. Mais dedos de
raio correram em direção a Monkey, fazendo o campo cintilar.
— Nós temos que tirá-lo de lá! — Gucky agarrou o braço de Vazquarion.
O laosoor parecia chocado. — Eu deveria saltar para lá? Nesse caldeirão?
Como se quisesse sublinhar suas palavras, os distantes falanges de armas
dispararam armas térmicas contra o Lorde-Almirante. Monkey desceu em uma
chama de fogo. Os atacantes tefrodenses recuaram.
— Sim, droga! Vamos! Vamos! Vamos pegá-lo e saltar!
Mais uma vez, pesadas trajetórias de raios atravessaram a praça,
encontrando-se onde Monkey estava de pé. Então, o bombardeio terminou
abruptamente. Uma mulher com um rosto etéreo e bonito e cabelo curto rente
flutuou em direção ao chão. Ghenis Tay! Em seu capacete transparente, a nuca
brilhava como ouro.
Monkey se arrastou para longe dela. Seu SERUN parecia horrível. Ele estava
coberto com várias rachaduras.

55
— Salte, ou eu vou morder suas orelhas! — Gucky deu um soco no ombro de
Vazquarion, reforçado pelo SERUM.
O laosoor fechou a boca e se teleportou.
Vazquarion estava certo. Eles realmente acabaram em um caldeirão. A
temperatura subiu de repente em centenas de graus. Várias sondas estavam
caçando Gucky. Desta vez, Gucky não se incomodou com elas. Ele arrastou
Vazquarion para Monkey, que estava a quatro metros ao lado deles.
Algo estava correndo em direção ao Lorde-Almirante. Era tão rápido que
seus movimentos ficaram embaçados. Um robô de combate?
Não.
Horrorizado, Gucky entendeu o que estava acontecendo em Monkey: um
tecnoescorpião de Vetris-Molaud! Com seu dom telecinético, Gucky empurrou a
criatura para longe. Ela cambaleou para um lado, diminuindo a velocidade, mas ela
não desistiu. Em breve alcançaria o oxtornense!
— Nós temos que levar Monkey embora!
— Avaliação! — informou o SERUN. Vários avisos brilharam.
Monkey rugiu, agarrou o escorpião que havia pulado em seu peito e jogou-o
diretamente no campo defensivo de Ghenis Tay.
Finalmente, Gucky e o laosoor alcançaram Monkey. O campo defensivo
piscou. As primeiras deficiências paralisaram a positrônicas. Contudo, eles tinham
Monkey no meio, tocaram nele e saltaram.
De repente tornou-se mais frio.
Gucky piscou. Estava escuro ao redor dele. — Onde nós estamos?
— Edifício quatro. O primeiro que nós sondamos anteriormente. Eu saltei em
um porão. — a voz de Vazquarion tremia. Ele ligou o farol do capacete.
Gucky desejou que ele não tivesse. Monkey parecia horrível. As armas
térmicas da falange das armas devem ter rompido o campo defensivo, de modo que
seu efeito tenha atingido uma grande área. O SERUN derreteu em alguns lugares, o
material se solidificou em gotas volumosas. Especialmente, havia uma abertura
grande. Ele alcançou parte da barriga até o peito.
— Isso...— Monkey ofegou. Ele se contorceu de dor, gritou, enfiou seus dedos
no SERUN rasgado e alcançando um ferimento que sangrava. Ele arrancou algo que
esmagou em sua mão. Era um aguilhão de um escorpião, com uns trinta centímetros
de comprimento. Veneno amarelo pingava da ponta.
Com um movimento furioso, Monkey lançou o restante para a escuridão. Ele
ofegou e desmoronou. Os implantes SAC pararam de se mover, as lentes
permaneceram fora de foco. Sangue derramou sobre o seu SERUN.
Gucky disse que nunca havia visto um ferimento pior. Ele agarrou
Vazquarion pelo ombro. — Você pode tirá-lo daqui?
— Sim! O transmissor de emergência cria pequenas falhas estruturais! Venha
comigo!
— Não! — Parecia que Gucky ouviu uma voz gritando pela existência. Ele já
a havia notado antes, no limite de sua percepção. Era uma voz cruel que causaria
muitos problemas se alguma vez tivesse um corpo.
Ele bateu contra o seu SERUN. — Eu construirei uma nova bomba e
então acabaremos com a loucura! Volte quando você tiver colocado Monkey em
segurança!
— Entendi!

56
Não houve tempo para discussão — um alarme disparou no prédio. O laosoor
agarrou o Lorde-Almirante e se teleportou.
Gucky correu para a porta, abriu-a e correu para o elevador
antigravitacional. Seu SERUN gradualmente recuperou sua funcionalidade. Sem
Monkey, que havia perdido sua proteção, ele tinha a chance de passar despercebido.
Ele ordenou que o SERUN construísse outra bomba. Ele conseguiu escapar de
uma janela do prédio bem a tempo antes que dois robôs de combate e uma tropa de
tefrodenses a atacarem. Ele se aproximou do centro da zona de trabalho através de
um desvio.
O chip ativador de células perto da clavícula pulsava violentamente. Havia
caos ao redor de Gucky. As cinzentas protuberâncias da bolha energética, giravam
como línguas no plano da zona de trabalho 9 e incendiavam arbustos e caminhos.
Um lampejo energético passou por perto e atingiu um cientista que caiu no chão,
com os olhos abertos e vazios. Suas roupas se desintegraram como pó em vários
lugares. Apenas na segunda olhada Gucky reconheceu a mulher: Derma Tahirsor.
Gucky engoliu em seco. Levaria alguns minutos até que a bomba estivesse
pronta e Vazquarion retornasse — minutos que precisavam para sobreviver!

57
7.

Vetris-Molaud

Atordoado, Vetris assistiu aos eventos na área central. O caos era devastador.
Os vórtices energéticos acinzentados giravam e criavam um vento não natural.
Cheirava queimado e a tóxico, até mesmo do seu lado! O fedor penetrava através das
aberturas estruturais que se abriam aqui e acolá como feridas na bolha.
Dois dos cientistas, que não conseguiram chegar a tempo, ficaram imóveis no
chão. Presumivelmente mortos, o Lorde-Almirante Monkey, por outro lado,
desaparecera. Um companheiro invisível devia ter teleportado com ele. Não havia
outra explicação.
Ghenis Tay voou para ele. Ela se aproximou dele até que ambos os campos
defensivos se uniram e os selaram juntos. — Maghan! O perigo é eminente! A bolha
pode explodir a qualquer momento! Nós temos que sair da zona de trabalho 9
imediatamente!
— Não! — Vetris olhou para o Armagedon energético causado pelo ataque
covarde de seus inimigos. Ele sentiu que venceria, que Zeno Kortin já estava a
caminho — só tinha que ser assim!
— Maghan! Sua segurança é primordial!
— Eu vou ficar!
— Seja sensato! Quando os campos energéticos...
— Então, desligue-os! Agora!
Ghenis Tay hesitou por um momento. — Então o Monkey pode escapar!
— Nós temos que proteger as estátuas! Nós pegaremos Monkey mais tarde!
— Vetris não esperou que a agente seguisse suas ordens. Ele teve acesso ao controle
campo defensivo e desativou os campos sem mais delongas. Ghenis Tay estava certo
de que essa energia não deveria fluir para a bolha. Mesmo assim, os efeitos foram
devastadores.
A agente apertou os lábios. Suas feições relaxaram e ela se acalmou.
Aparentemente, ela se inclinou sobre ele. — Quando os trajes devem assumir o
comando e iniciar a fuga automática pelo transmissor?
Vetris hesitou. — Quando as energias na área central penetrarem a bolha
energética.
— Entendido.
Ghenis Tay empurrou-o a um passo do parapeito, em direção ao transmissor
de emergência. Vetris gostou. O perigo era onipresente.
O envoltório da bolha se arqueou, formando protuberâncias como se punhos
halutenses invisíveis estivessem batendo sobre ela por dentro.
O que antes foi o campo defensivo SAE agora era...
... algo indefinido.
Vetris quis intervir. Quanto mais ele olhava, mais inseguro se tornava. Como
sobre o ataque covarde? O Lorde-Almirante e seus mutantes derrotaram o maior
triunfo de Vetris?
Tay enfiou os dedos na manga de seu traje de proteção.
A bolha ameaçou explodir, destruindo a plataforma flutuante, incluindo as
arquibancadas e todos que estavam nela.
Não podia demorar muito.

58
Gucky

Gucky evitou uma protuberância furiosa, arremessando-se para o lado e


rolou para longe. Durante alguns minutos, ele pulou para a frente e para trás como
um louco, procurando abrigo atrás de pedras artificiais, um robô dos cientistas,
parcialmente fundido, um arbusto que não tinha mais folhas e o abrigo da cúpula.
Ele se escondeu das sondas, levou duas delas para um caminho diferente e escapou
de uma terceira, atraindo-as para uma extensão da energia que se contorcia.
As sondas e robôs também tiveram que lutar contra as forças descontroladas.
Alguns morreram em lampejos cinzentos, outros ficaram desorientados no ar ou
caíram.
Todo o tempo, Gucky sentiu uma dor crescente, perfurando seu corpo como
uma lança.
Assim quando ele pensou que não suportaria o jogo de esconde-esconde
assassino por outro segundo, Vazquarion apareceu a dez metros de distância dele.
O laosoor voou para ele.
— Monkey está vivo? — exclamou Gucky.
— Sim! Contudo, ele ficou gravemente ferido e entrou em coma. Você tem a
bomba?
— Quase pronta! Quarenta segundos!
— Então, vá!
Gucky olhou para a bolha energética, que às vezes se comprimia, às vezes se
alongava. Repetidamente se formavam rachaduras estruturais, flutuando através do
que outrora fora o campo SAE. Se a estrutura explodisse, tudo estaria acabado!
Realmente, ele deveria entrar lá e detonar uma bomba? Os mutantes estariam
perdidos e ele seria o assassino de cinco pessoas. Cinco inimigos, que estavam
enfrentando dor neste momento, enquanto algo mais emergia nesta dor.
Gucky não pôde se controlar em espionar. Ele entrou em Ejery Vyndor, que
não era estabilizada mentalmente. Ou ela estava muito fraca? Ela se abriu para tudo
e para todos? As imagens em seus olhos estavam confusas, como se estivessem em
um sonho. Ela experimentava o ambiente de forma distorcida, afogava-se em dor e,
ao mesmo tempo, percebia a consciência, que não era tão empurrada para a
existência, mas sim dilacerada por ela.
Gucky choramingou. Ele também sentiu a consciência despertar do metal
TEP, a aproximação de Zeno Kortin. Mais e mais hiperenergia fluía do antigo campo
SAE para a entidade. Agregados individuais ainda estavam em operação e forneciam
para o abastecimento. O verde brilhava mais reluzentemente, parecendo tornar-se
transparente.
— Gucky! — provocou-lhe Vazquarion. — O tempo acabou! Me dê a bomba,
eu vou me teleportar então!
Gucky hesitou. Ele se abaixou, evitando um braço energético e apontou para
os mutantes. — Nós vamos matá-los!
Algo estava acontecendo lá dentro. Embora, houvesse um véu cinza entre
Gucky e o núcleo da plataforma, ele viu o suficiente — através dos olhos dele e de
Ejery!
Os contornos das cinco estátuas se dissolveram. O metal TEP se fundiu,
fluindo simultaneamente de cinco lados para as canaletas em direção ao centro

59
rebaixado. Não estava no chão. Ele flutuava na forma de um rio grotescamente lento,
dividido em pequenas gotas que se espalharam.
Ejery gritou. A corrente a agarrou, arrancou-a consigo!
Gucky podia sentir seu terror, o pânico percorrendo a jovem tefrodense.
— Ejery! — rugiu Lan Meota. Ele estendeu a mão para ela.
— Meota! — Ejery lutou. Ela colocou toda a sua esperança no teleportador.
— Gucky, o que é isso? — Vazquarion soou oprimido. Ele só conseguiu parte
do que acontecia dentro da bolha. Um vórtice energético o atingiu, fazendo com que
seu campo defensivo flamejasse reluzentemente e indicasse sua posição. As sondas
apareceram.
Gucky olhou através dos olhos de Ejery para Lan Meota, que deu um passo
para salvá-la. Seu movimento também era grotescamente lento, em um movimento
lento que mal lhe permitia avançar. Era como se Meota submergisse — ainda que a
substância fosse muito diferente de uma combinação de hidrogênio e
oxigênio. Quando o mutante notou o quão devagar se movia, ele se teleportou.
Ejery ainda estava gritando. Os outros mutantes chamavam por ela.
Distraidamente, Gucky registrou que três robôs de combate estavam se
aproximando. Seu SERUN estava pendurado como um peso de chumbo em seu
corpo.
Lan Meota reapareceu segundos depois. Gucky fez um som de surpresa. Em
vez dos habituais dois minutos e nove segundos que ele mesmo observara quando
Meota, o teleportador reapareceu a uma boa distância de Ejery. Ele caiu de joelhos,
inclinou-se para a frente e caiu de cara no chão. O traje dourado e branco que o
protegera se desprendia dele em partes como cinzas.
Lan Meota permaneceu imóvel.
A dor de Ejery era insuportável. Gucky não podia e não queria deixar a
mutante dentro do inferno! Ele se virou, lançou a bomba em direção a um robô de
combate que rapidamente a evitou e tentou intervir telecineticamente.
A gota metálica flutuante se movia e Ejery com ela. A massa rodopiava no
centro em torno da mulher, e a mulher no meio da massa. Os gritos dela pareciam ir
até a sua medula. Gucky tentou segurá-la.
Em vão.
Ele agarrou a mão de Vazquarion. — Salte para Ejery! Por favor! Eu tenho
que salvá-la!
Desta vez, Vazquarion não hesitou. Ele se teleportou com Gucky, saindo a
vários metros de distância de Lan Meota.
Gucky novamente tentou alcançar Ejery. Ela escorregou dele. Alguém
apertou a mão dele. Um jovem com cabelos negros. — Juntos! — ele gritou para o
vento tempestuoso, que rapidamente ficou mais forte.
Gucky hesitou, mas tudo o que viu foi um apelo silencioso nos olhos de Assan-
Assoul, nenhuma emboscada. Os outros mutantes também se reuniram em torno
dele, apertando as mãos uns dos outros.
Gucky agiu sem pensar. Ele agarrou a mão de Assan-Assoul, formou um bloco
com os mutantes da escola de Apashem, e lutou contra a vida de Ejery Vyndor.

Vetris-Molaud

60
Atordoado, Vetris assistiu aos eventos no núcleo. Ele havia fechado o
capacete de seu traje e usou a positrônica para ver o que estava acontecendo
por trás da bolha do campo SAE.
Gucky tentava salvar Ejery Vyndor. O indescritível ilt queria ajudar sua
mutante e arriscar sua vida por ela. Todos os mutantes se juntaram a Gucky,
formando um bloco. O visível laosoor também quis se juntar ao círculo do grupo,
mas um lampejo acinzentado se abateu sobre ele e o puxou para o lado. O felino
fundou-se. Ele não estava longe de Lan Meota, que parecia muito ferido ou morto.
Novo alarme soou afinado e penetrante.
Ghenis Tay flutuava ao lado de Vetris. A pré-configuração automática dos
trajes protetores entrou em vigor. Ainda enquanto o campo defensivo
SAE finalmente entrou em colapso, Vetris movia-se para o transmissor e para a
VOHRATA.

Gucky

O parabloco os envolveu. Pela primeira vez em muito tempo, Gucky se sentiu


mentalmente forte, quase intocável. Ele formou um círculo com Assan-Assoul, Pai
Móo e Shanu Starcuut. Vazquarion também quis empurrar-se para dentro do círculo,
contudo um lampejo energético paramental do metal TEP se contorceu do vórtice
giratório no meio e o atingiu de frente. O laosoor entrou em colapso.
Gucky queria vê-lo, mas as mãos dos outros o seguravam. Ele sentiu o imenso
dom de Assan-Assoul, ser subjugado pela paraenergia que cresceu ao redor deles.
Assan-Assoul concentrou suas energias no vórtice TEP, capturando e
atraindo-o.
Eles gritaram para Ejery, e quiseram alcançá-la, contudo, os gritos do
mutante desapareceram, o corpo se desvaneceu como uma sombra. Ejery tornou-se
cada vez menos. Foi como se algo a arranca-se deste mundo.
Sob a liderança de Assan-Assoul, eles conduziram o turbilhão. Gucky
percebeu que o jovem estava acessando sua própria parahabilidade, usando-a para
telecinese.
— Eu — sussurrou uma voz em algum lugar, tão simples e claramente como
se Gucky tivesse recebido o seu antigo dom telepático.
O que havia se aproximado antes irrompeu. A consciência despertou.
Horrorizado, Gucky percebeu o que estava acontecendo: O parabloco e ele
mesmo se tornaram a parteira de uma criatura feita de metal TEP.
Atordoado, ele percebeu as energias furiosas ao seu redor, os outros
mutantes e Vazquarion morto. Assan-Assoul fez com que a telecinese de Gucky fosse
reforçada pelas mulheres. Ele estendeu a mão e causou danos em vários agregados
e projetores ao redor para finalmente interromper o fornecimento de energia!
Os geradores do campo SAE falharam. Isso acabou com o fluxo de energia
para a criatura TEP — mas o processo de criação continuou inabalável.
Não se podia ver mais nada de Ejery Vyndor. O vórtice condensou-se no
centro, formando uma única estátua do senhor da galáxia verde radiante e ficou
parada.
De repente, houve silêncio.

61
Foi só então que Gucky percebeu a verdadeira extensão da destruição na área
central e em toda a plataforma. Foi só naquele momento que Gucky percebeu a
verdadeira extensão da destruição na área central e em toda a plataforma. Três dos
indutores já não existiam, os outros dois tinham buracos e pareciam consistir
apenas de poeira em algumas áreas. O chão estava rasgado, queimado, irradiado.
Os paradotados caíram sobre cinzas acinzentadas.
Gucky se aproximou de Vazquarion. O SERUN mostrou a ele valores que
confirmaram o que Gucky viu nas numerosas feridas sangrentas: Vazquarion estava
bem morto.
— SERUN, traga-o de volta à consciência! Nós temos que fugir!
— Meu portador foi muito atingido duramente — respondeu o SERUN. —
Seu corpo é incapaz de se regenerar. Ele entraria em colapso após isso.
Robôs de combate flutuantes estavam indo para Gucky. Agora que a bolha se
foi, eles tinham uma linha de tiro livre. Alguns deles tinham pequenos polos
radiadores em seus braços. Eles atirariam a qualquer segundo.
— Faça isso! — Gucky exigiu. Ele puxou Vazquarion para mais perto de Lan
Meota para usar o tefrodense como cobertura. Ele esperava que as máquinas de
Vetris não atirassem em um dos confidentes mais próximos do Maghan.
Vazquarion acordou. Os olhos amarelos de predador piscaram. Ele estendeu
as orelhas-mãos tentaculares, agarrando Gucky e Lan Meota!
Na verdade, era tarde demais. Os robôs deveriam ter atirado ou paralisá-los
há muito tempo, porém, Gucky teve um vislumbre de da zona de trabalho 9 e de
Assan-Assoul antes que desaparecessem. Houve gratidão nisso? Os mutantes
pagaram Gucky por sua ajuda, permitindo-lhes escapar?
Ele e Vazquarion saltaram da plataforma e decolaram com os gravomódulos.
Gucky pegou Lan Meota, apoiado pelo aumento de potência do SERUNS. Ele
levou Vazquarion, que ameaçou desmaiar, em controle paralelo. Na tela do capacete
estava o destino onde o Vazquarion havia escondido Monkey: um pequeno armazém
na zona de trabalho 43.
Gucky fugiu para lá. Apesar do SERUN, ele puxou pesadamente o volumoso
Lan Meota, que era grande demais para ele. Ele estava atordoado, confuso, e não
sabia se essa missão foi um sucesso ou não. O refém consolou-o pouco.
Ele havia se tornado a parteira de uma criatura feita de metal TEP.
Monkey estava gravemente ferido.
Vazquarion estava morrendo.

62
8.

Lan Meota

Por um momento, Lan Meota não entendeu o que havia acontecido. Dores
assassinas percorreram seu corpo. Ele estava deitado no chão de um armazém,
preso no campo defensivo de Gucky. O castor-rato forneceu-lhe cuidados médicos. O
SERUN ejetou uma esfera médica, que Gucky injetou em Meota com um agente
estabilizador.
Ao lado deles, também no mesmo local de proteção, estava o Lorde-Almirante
Monkey e um laosoor. O pelo preto em seu rosto havia perdido todo o brilho. O
SERUN do terrano estava dilacerado e parcialmente queimado. Vários ferimentos
lhe cobriam o corpo. Alguns se pareciam assustadoramente com os de Meota.
— Vazquarion...— sussurrou Gucky. — Eu lamento.
O laosoor piscou. — Você fez o que tinha que fazer — ele lhe dirigiu uma das
orelhas-mãos tentaculares. Via-se que cada palavra lhe custava força. — Eu... não
posso fazer isso. Deixe-me para trás. Salve Monkey. Pegue... — Meota não entendeu
o resto das palavras.
Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto de Gucky. Ele agarrou a mão de
Vazquarion.
Um tremor passou pelo corpo parecido com um predador, que lentamente
diminuiu. O olhar dos olhos amarelos ficou parado.
Um alarme disparou em algum lugar. Eles haviam sido descobertos.
Enquanto Meota tentava entender o que acabara de acontecer, apesar de sua
agonia e tontura, Gucky o agarrou pelo.
Eles se teleportaram, saíram a céu aberto e fizeram mais quatro saltos, saindo
da cidade, para a paisagem do mundo aquático. Eles desembarcaram em uma ampla
rede de galhos perto do mar, grandes o suficiente para carregá-los. Vários lagartos
correram assustados para o lado quando chegaram.
Confuso, Meota tentou entender o essencial.
Eles se teleportaram.
Como isso foi possível? Meota há muito tempo observou as mudanças no
comportamento de Gucky, o que indicava que o ilt havia tido diferentes
parahabilidades desde antes do seu coma. De qualquer forma, uma hora atrás, não
havia nenhuma faísca de capacidade de teleportação nele.
E agora eles saltaram.
— O que... o que você fez com ele?
Gucky enxugou o rosto. Seus olhos brilhavam friamente. — Isso não se
explica por si mesmo? Eu tirei dele a parahabilidade e a energia vital restante. Eu
sou um paravampiro. Alguns até me chamam de para-assassino.
Meota engoliu em seco. A dor o enlouquecia. Era difícil pensar direito. Sua
percepção se desgastava. — É a minha vez, não é? Você... você tirará minha
habilidade psi e me matará...
— Eu teria me incomodado em arrastá-lo para a botânica?
Embora Meota piscasse várias vezes, ele quase não reconheceu nada dos
arredores. O mundo era um borrão azul e verde. Estrias dançaram diante de seus
olhos, como se ele estivesse olhando para a bolha que o trancara no centro da zona

63
de trabalho 9. Ele apontou debilmente para o Lorde-Almirante. — O que ele
tem? Monkey vai querer que você pegue meu dom.
— Eu não sou o Lorde-Almirante.
Meota não entendia mais nada. — Você... me sequestra, mas não quer me matar,
mesmo que isso possa lhe dar meus poderes paramentais?
— Eu poderia ter feito isso com cada um durante a ressurreição. Mesmo em
Assan-Assoul. Ele pegou a minha parahabilidade, mas não a entendeu.
Meota ficou mal. O pensamento do que poderia ter acontecido o distraiu por
um momento de sua miséria. — Ou você é muito estúpido, rato-castor, ou muito
sábio.
Gucky parecia cansado. — Outros deveriam decidir isso. Eu sou eu.

Vetris-Molaud

Fazia mais de dezesseis horas. Não restava muito do parque, o poço estava
quebrado, os bancos estavam derretidos. Enormes energias descarregaram e
danificaram partes das fachadas dos edifícios. Onde o oxtornense tinham lutado com
os robôs de combate, crateras cobriam o chão.
Os mutantes sobreviventes tinham ido a bordo do VOHRATA, onde foram
tratados lá.
Vetris-Molaud mal olhou para a devastação. Ele saltou sobre o transmissor
na plataforma depois que a segurança pôde ser garantida novamente no
campo. Ghenis Tay ficou perto de seu lado enquanto caminhava em direção à estátua
que preenchia todo o seu campo de visão.
— Maghan, embora nossas medidas e abordagens até o momento não tenham
mostrado nenhum perigo, você deve ativar um campo defensivo.
— Não. Você fica aqui. Eu quero ficar sozinho com ele.
Tay abriu os lábios um pouco, fechando-os novamente. Um olhar de Vetris foi
o suficiente para esperar onde o campo SAE tinha estado no dia anterior. Sua mão
estava no centro das atenções.
Agora não havia campo defensivo no centro da zona da instalação; apenas os
iniciadores restantes e a única figura na pia, que, ao contrário do esperado, estava
sobre um pedestal e ainda tinha a sua tabuleta.
Enquanto o corpo inteiro se transformou em um único e maravilhoso verde
esmeralda, os olhos se tornaram um tom mais escuro. O olhar por trás do véu
parecia estranhamente claro, sim, penetrante, embora nem as pupilas e nem as íris
fossem visíveis.
— Bem-vindo ao meu império. Você pode me entender? — Vetris usou o
lemurense, que ele dominava perfeitamente.
A estátua não mostrou emoção. Ainda assim, Vetris pensou que ela estivesse
olhando para ele. A caixa torácica não aumentou e diminuiu um pouco? Na verdade,
isso era impossível. Contudo, o processo que ele assistiu foi extraordinário. A
estátua teria que virar turquesa — em vez disso, ela adotou o verde esmeralda. O
metal TEP tinha sido ativado de uma forma previamente desconhecida, assumindo
um estado de agregação incomum e completamente novo.
E Ejery Vyndor se foi.
Vetris acenou para Sayen Yutinod. — Existem resultados?

64
Ele teve a impressão de que o olhar daqueles olhos o seguiu quando ele se
virou. Com o canto do olho, ele pensou ter visto que o véu diante do rosto inflou-se
ligeiramente, como que em uma respiração ofegante.
Yutinod se aproximou, mantendo distância da estátua. — Sim, Maghan. Uma
análise mostra que o peso não é claramente mensurável. Varia entre quatro
toneladas e zero gramas – às vezes várias vezes em uma fração de segundo. Eu nunca
experimentei nada assim antes...
O arqueo-historiador coçou sua têmpora, deixando o cabelo branco ainda
mais desalinhado. — Então, novamente, o peso fica estável por minutos, geralmente
na faixa de pouco mais de três toneladas. A densidade do metal – se ainda queremos
chamá-lo de metal depois da transformação – é enorme: 28,19 gramas por
centímetro cúbico. Por que o peso flutua de qualquer maneira, é inexplicável. Nós
ainda não temos hipóteses. A dureza absoluta está muito acima do diamante: em
152.000.
— O que você acha, a substância poderia se mover?
— Com certeza, há movimento interno. Correntes lentas, como se o metal
fosse liquefeito periodicamente e localmente, depois solidificado novamente. Emite
uma fraca radiação hexadimensional, que modula gradualmente. Cria padrões.
— Padrões? Isso poderia ser uma mensagem? Uma tentativa de
comunicação?
— Possivelmente. Mas, não é pode ser interpretado.
— E Ejery Vyndor? Há algum traço dela?
— Não. Ou o metal TEP a extinguiu completamente ou a absorveu
completamente. Uma constante UBSEF é tão indetectável quanto traços do corpo
dela.
Vetris deu de ombros. Mesmo na área mais interna, duas unidades robóticas
limpavam o sangue do chão. Muito daquilo vinha de Lan Meota. O último dos quatro
conquistadores devia estar morto. Ou ele ainda vivia quando os atacantes o
levaram?
Repetidamente, Vetris olhou para os registros, mas ele não chegou a
nenhuma conclusão. Tudo o que era certo era que os terroristas estavam por perto
de Connoort. Ele esperava que seu pessoal os encontrasse e os prendesse para que
ele pudesse responsabilizá-los. Também aquele rato-castor, que permaneceu leal a
Perry Rhodan apesar dos seus erros.
— Continue! — ele disse secamente para Yutinod, chamando Ghenis Tay. —
As minhas forças de segurança seguiram em frente com a caça a Gucky?
— Infelizmente não — Ghenis Tay acariciou um floco de cinza de seu
cabelo. — A zona de trabalho 9 deve ser protegida novamente – o pessoal tem
procurado em todos os cantos e recantos do local — seus lábios se apertaram. — Eu
gostaria de saber se o oxtornense sobreviveu.
— E a cidade?
— Nós enviamos enxames de sondas. Obviamente, os invasores estiveram na
zona de trabalho 43. A área está selada e nós procuramos por tudo. Não acho que
ainda estejam em Bhutefor.
— Onde mais?
— Bem, Connoort é grande. Nós controlamos apenas uma pequena parte. Nós
enviamos enxames de sondas, mas até agora não houve sucesso.
— Eu sei que todo esforço é feito. Agradeça ao pessoal por mim. E envie mais
sondas e robôs pelo caminho. Tudo o que temos e podemos dispor.

65
— Sim, Maghan.
— Maghan! — Sayen Yutinod correu em direção a ele. Ele segurava um
medidor em forma de caixa na mão, um pouco menor que um punho. — Há... há uma
mudança na aura hexadimensional! O que nós medimos é surpreendentemente
semelhante à assinatura de uma constante UBSEF!
— Ejery Vyndor?
— Não. Isto é... é melhor vocês dois se afastarem daquela estátua!
Vetris ignorou o pedido. Em vez disso, ele se aproximou da figura esmeralda
cintilante. Ele olhou para o véu da face. Desta vez ele tinha certeza de que a alegada
teia estava se movendo. Um som foi ouvido enquanto a substância se esfregou uma
contra a outra. Foi como um sussurro.
— Eu... — ela sussurrou.
Vetris deu outro passo à frente, fitando fixamente os olhos brilhantes.
— Isso... isso foi tefrodense — disse Sayen Yutinod. — Uma palavra
tefrodense!
— Por favor, calem a boca! — Vetris se inclinou para frente, colocando o
ouvido na boca metálica.
Mais uma vez a estátua falou. — Eu reconheço você novamente. Você é
Vetris-Molaud. Tamaron da Nova Tamânia.
Fascinado, Vetris percebeu que a estátua principal não falava artificialmente
ou mecanicamente, mas como um interlocutor vivo. Apesar do sussurro, sua
pronúncia era autoconfiante e direta.
— Eu estou feliz que você se lembre. Bem-vindo de volta, Zeno Kortin.

Lan Meota

Um cheiro intenso de mofo cercava Lan Meota. Ele tinha que estar em uma
das áreas de água salobra. Indistintamente, ele se lembrou das últimas horas, do voo
e do paradeiro bizarro que o castor-rato procurou para eles. Uma vez eles se
esconderam na bolsa corporal de um genjosch superdimensionado para escapar de
uma sonda de espionagem. Um remanescente de lodo amarelo se prendia às
ataduras de Meota.
O Lorde-Almirante Monkey ainda estava inconsciente. Meota havia visto
quando Gucky tinha falado com o oxtornense sem receber uma
resposta. Obviamente, o Lorde-Almirante foi atacado por um escorpião do Maghan
que causou danos consideráveis em seu corpo.
— Como se besta quisesse reestruturá-lo organicamente... — Gucky
murmurou.
Mesmo com esse descanso, o rato-castor se inclinou sobre o Lorde-Almirante
e conversava com ele. Mas, Monkey ficou em silêncio.
Isto enfureceu Meota. Ele sentiu o quão estava ruim. A dose de analgésicos
que recebeu foi assustadora. Sem ela ele dificilmente poderia suportar o tormento e
não teria despertado, afinal.
Cansado, Gucky olhou para ele. — Descanse. Nós vamos encontrar uma
maneira de curar você assim que a YART FULGEN aparecer.
— Belas palavras. Eu estou morrendo, rato-castor. Seu SERUN lhe dirá isso
com certeza. Você não quer sugar a minha parahabilidade e me deixar para trás
como seu amigo de quatro patas?

66
— Realmente, você quer chegar a isso?
Meota riu atormentado. Ele sabia que ele estava falando febrilmente. Ele
queria provocar Gucky, pelo menos para se certificar de que o rato-castor se sentisse
tão mal quanto ele. Mas, o que isso traria? — É... isso está em mim. Eu sinto
isso. Indetível. Isso come e come e come...
— Você vai sobreviver.
— Por que as mentiras? Você quer me torturar com isso? Por fim, faça o que
é inevitável! Vingue-se de Ronald Tekener.
— Você não me ouviu? Eu não sou o Lorde-Almirante! Eu não matei Toio
Zindher e eu vou...
— Toio está viva?
— Sim. Ela está sob custódia terrana. Ela está bem. E você vai melhorar em
breve.
Meota fechou os olhos. Toio Zindher vivia. Ele não era o último dos quatro
conquistadores.
O conhecimento acalmou Meota, foi mais reconfortante do que ele esperava
em sua situação.
Ele adormeceu novamente. Ele sentiu como se tivesse ouvido uma voz no
sonho, tão claramente quanto um sino: — Va emu'shat ghos. Nenhum lugar além de
você mesmo.

67
9.

Vetris-Molaud

Eles trouxeram a criatura feita de metal TEP a bordo da VOHRATA e deram


uma cabine a ela — exatamente como um passageiro normal. Todos a bordo sabiam
o quão longe isso estava da verdade. Este passageiro não podia sentar ou andar.
Contudo, Vetris tinha a cabine monitorada a cada hora. As sondas de medição
mostraram as menores mudanças.
Após Vetris ter dado tempo para que a consciência de Zeno Kortin despertasse, ele
procurou a criatura na cabine. Zeno Kortin estava de pé na sala, quase como as figuras
imóveis em seus pedestais. Seus movimentos eram pesados e lentos. Às vezes só se podia
imaginá-los. Os cientistas estavam divididos a respeito de se permaneceria dessa
maneira ou para melhorar a condição.
Vetris estava bastante certo que o espírito de Zeno Kortin estava sujeito a
certas restrições. Primeiro, ele tinha que descobrir até onde ele andava com o Fator
IV — e se ele poderia trabalhar com ele para realizar seus sonhos e planos.
Mesmo que ele estivesse tenso por dentro, Vetris não se preocupou. Ele caminhou
propositadamente para uma poltrona e sentou-se. Com a parte superior do corpo
inclinada para frente, ele estudou o ser verde esmeralda. Era maravilhoso.
Uma lenda que voltou à vida.
— Eu espero não ter cometido uma gafe por ter acabado de entrar.
— De maneira nenhuma. Você é bem-vindo.
— Obrigado. Como você quer ser abordado? Como Zeno Kortin?
— Não — A criatura voltou sua atenção total para ele. Era como se Vetris
tivesse um leve choque elétrico. — Fator IV.
— Fator IV — Vetris se recostou. Ele tinha que se controlar, para não exigir
imediatamente o que queria. Diante dele se encontrava um pilar de poder futuro. —
Como quiser, Fator IV. Diga-me – curiosamente – por que um grupo de senhores da
galáxia se rebelou contra o Fator I. Contra Mirona Thetin.
— Eu conheço a identidade de Fator I. Mas, eu não posso fazer nada sobre o termo
rebelião. Nós apenas tentamos reformar o sistema Thetínico. Em longo prazo, não era
viável. A estratégia original era construir uma rede complexa de ajuda aos povos que O que
deveria ter feito de Karahol um ponto de partida para uma maior progressão.
Karahol. Essa era Andrômeda. Apsuhol era a Via Láctea. Vetris ficou
enfeitiçado nos lábios de metal brilhante. — O que impediu o plano original?
— Fator I. Ela era um perigo. Ela vinculou mais e mais poderes para
monitorar e possivelmente oprimir ou aniquilar os duzentos povos. Isso
desestabilizou o sistema.
Vetris sorriu. O fator IV se tornaria um conselheiro sábio. — Eu concordo
com você.
— Tudo bem — O Fator IV soou estimulante. Não em um sentido malicioso
que zombasse de Vetris. Ele realmente parecia feliz por concordarem nessa
questão. Sentimentos rudimentares estavam presentes nele — ou os simularas?
A criatura metálica gentilmente moveu seus braços. — Mirona Thetin era
uma pessoa retrógrada. Muito sentimental.
Vetris hesitou. Ele não poderia ter imaginado isso. Tinha que ser a opinião do
Fator IV. Quando ele foi atrás dos registros históricos, eles não estavam de forma

68
alguma alinhada com a realidade. Talvez a hostilidade ao Fator I tivesse afetado o
julgamento da criatura nessa questão.
Isso não era importante. Havia outras questões que interessavam muito mais
a Vetris. — Diga-me, que função você teve no tecido do poder?
— Eu trabalhei em vários projetos. Digamos que o Fator IV — ele riu
baixinho, aquela coisa metálica ria! — Na descoberta e análise xeno produtos
tecnológicos e sua utilização para a tecnologia dos senhores da galáxia.
— Nós descobrimos uma máquina como um legado há algum tempo. Meus
cientistas a chamam de indutor de para-suscetibilidade. Em suma: um dispositivo
para a produção de paradons. Infelizmente, a máquina está danificada. Conseguimos
reativá-la duas vezes – mas agora ela não está mais operacional. O que você acha,
Fator IV? Você poderia consertar o indutor?
Mais uma vez aquela risada. Soou calorosa, como se viesse do fundo da
alma. — Oh, sim, eu lembro. O indutor foi um dos meus projetos. Eu gostava dele,
mesmo que não trabalhasse nele pessoalmente. Para este trabalho, eu trouxe uma
colônia de cientistas para Apsuhol. Contudo... se você quiser, eu gostaria de dar uma
olhada novamente no indutor. Você está planejando algo específico com ele?
— Eu estou trabalhando para restaurar a cultura lemurense e sua dominação
de ambas as galáxias, Andrômeda e a Via Láctea – Karahol e Apsuhol. E depois –
como você chama? Progressão adicional. Você quer me apoiar?
— Sim — disse Fator IV simplesmente.
Vetris se endireitou. Ele manteve os olhos fixos naqueles olhos verdes e
penetrantes. O triunfo estava próximo. — Sob que condição?
— Nenhuma. Eu sempre amei o incondicional.
— Excelente — Vetris levantou-se e levantou a mão para o peito de metal
deslumbrante. O material parecia mais quente do que ele pensara. Estava
absolutamente quieto. Nenhum coração batia naquele corpo, e ainda assim ele
falava e se movia.
Com a ajuda do Fator IV, Vetris ganharia acesso aos legados dos senhores da
galáxia.

Gucky

Gucky estava no final de sua força. Ele estava deitado em uma folha mamute
carnuda forte o suficiente para carregá-lo e seus companheiros. A uma curta
distância, Monkey descansava , imóvel. Lan Meota também não se mexia.
O SERUN exibiu um símbolo. Houve um sussurro nos ouvidos de Gucky. Ele
levantou a cabeça, de repente inundado de nova esperança.
— Uma mensagem... — ele sussurrou.
A mensagem veio da YART FULGEN em uma frequência de chamada de
emergência.
— Monkey! — Gucky novamente tentou acordar o inconsciente com sua
voz. — A YART FULGEN está perto, não no sistema, mas... — ele fez uma pausa.
Então, ele amaldiçoou.
Obviamente, ele não era o único que se tornara ciente da mensagem. Os
impulsos da YART FULGEN tinham alarmado os tefrodenses, que agora haviam
enxameado seus robôs e procuravam a razão desses impulsos. A localização do
SERUN soou o alarme.

69
Gucky ponderou. Ele estava no final de suas forças, e Lan Meota morreria se
ele o levasse — presumivelmente, não havia mais nada para salvar Meota. Era
melhor deixá-lo com seus colegas. Ele se levantou e tocou o ombro do tefrodense.
Meota abriu os olhos. — Nós... vamos mudar de esconderijo de novo?
— Não. Seu pessoal está vindo. Eles cuidarão de você. Eu estou indo com
Monkey.
No espaço com centenas de saltos ou o uso dos trajes — ambos eram
ilusórios, sem serem descobertos e capturados, mas o que restava para ele?
Afinal de contas, o SERUN de Monkey reparou-se a tal ponto que era
adequado para uso no espaço.
Atordoado, Meota balançou a cabeça. — Ninguém mais pode me salvar. Eu
estaria morto sem a medicação — ele tossiu. — Pare de se enganar. Se você quiser
escapar, você tem que fazer isso.
— Você quer dizer...— Gucky hesitou.
— Você sabe exatamente o que eu quero dizer. Você... poderia ter matado
Toio. Você teve razão para isso. Vetris-Molaud teria reagido de forma diferente em
sua situação.
— Não me compare com ele!
— Vetris não é uma pessoa má. Ele tem sonhos...
— Sonhos que podem nos levar ao abismo!
— Como Rhodan nos levar para a conflagração?
— Você não pode saber disso!
Meota tossiu. — Vamos fazer isso. O que você fez foi generoso. Você poupou
sua pior inimiga: Toio. E você quis salvar Ejery.
— Qual é a sua questão? — Gucky adivinhou, mas ele não queria admitir isso.
— Eu sempre quis viver. Eu não queria ser uma vítima, não por uma boa
causa — Meota riu com voz rouca. — Mas às vezes a escolha é... limitada. Agora, eu
estou morrendo. Eu não posso decidir viver. Mas, eu posso decidir como eu
morro. Não fique no meu caminho, rato-castor!
Desta vez, Meota disse a palavra rato-castor sem agressão. Sem a máscara
que ele usara anteriormente sobre sua personalidade. Ele acabou por ser um
tefrodense humorado, apenas naquele momento.
Os olhos de Gucky ardiam. — Eu... eu não quero aceitar isso...
Meota agarrou a mão dele, apertando-a com tanta força que Gucky poderia
puxá-la para fora com violência e telecinese. — Então, eu faço a escolha para
você. Eu não sou seu inimigo, Gucky. Não mais. Nosso jogo tem regras. Monkey não
sabe quais são os ideais. Para ele, o resultado conta. Mas, nós sabemos disso! Nós
somos para-paladinos. Continue a minha parahabilidade e faça o bem com ela.
Um alarme soou no SERUN. Os primeiros inimigos estariam lá em dois
minutos.
Era verdade que se Gucky quisesse entrar em órbita, ele precisava de outro
paradom. Mais uma vez, Gucky leu a análise do SERUN, o veredito de que as
queimaduras internas estavam inexplicavelmente se infiltrando cada vez mais em
Meota, destruindo-o completamente em meia hora. O processo era indetível. Era um
milagre que o teleportador doloroso pudesse falar com tanta clareza.
— Vá em frente! — sussurrou Meota.
Gucky pegou a mão dele. Ele sugou a parahabilidade do outro. Uma fina
chama energética vital brilhou em seu coração, que alimentou seu próprio fogo e lhe
deu força.

70
A mão de Lan Meota adormeceu, lhe escapando .
— Contato inimigo — disse o SERUN. Ao lado deles, o tiro de um radiador
entrou na floresta, queimando um buraco.
— Não! — Sussurrou Gucky distraidamente. — Essa era uma história
diferente — ele tocou Monkey e saltou. Ele fez isso intuitivamente, como costumava
fazer, e ainda assim tudo era diferente.
Em vez de se teleportar com o dom de Meota , ambas as habilidades — as de
Vazquarion e Meota — combinadas para mandá-lo em uma jornada nunca vista
antes!
Gucky reapareceu em órbita, no ponto em que havia deixado a LAHMU com
Vazquarion e Monkey que agora parecia ter sido há uma eternidade. Seu corpo doía,
ele não sabia onde e onde estava.
Confuso, ele pegou Monkey — o Lorde-Almirante estava lá, ele poderia levá-
lo consigo.
Sua memória estava estranhamente nublada. Havia uma... alguma coisa. Ele
tinha estado em uma espécie de passagem? Em outro mundo? Um lugar estranho e
ainda assim... os pensamentos de Gucky estavam girando. Não. Não havia nada.
Apenas sua imaginação.
Ou?
— Gucky? — perguntou uma voz de algum lugar. — Aqui é o oficial de
localização Frollek da YART FULGEN. Você me ouve? Nós perdemos vocês! Onde
você está?
Gucky quis responder, formar uma única palavra — pelo menos isso — mas
falhou.
— YART FULGEN? — Uma voz familiar interveio. Ela era monótona como
sempre. — Gucky entrou em colapso. Nós estamos em órbita. Eu solicito evacuação
imediata.
— Lorde-Almirante ... bom ouvir de você! A operação de salvamento está em
andamento.
As duas vozes disseram ainda mais. Para Gucky, soava a anos-luz de
distância. Ele abriu as pálpebras e olhou para o relógio. Ele estava incerto, mas de
maneira nenhuma precisou de dois minutos e nove segundos para dar o salto.
Gucky teve dificuldade em manter os olhos abertos. Ele só viu
indistintamente quando a YART FULGEN os resgatou e fugiu do sistema.
Em algum momento ele percebeu que estava descansando em um leito macio.
Monkey se inclinou para perto dele. A pele cor de azeitona tinha quase a cor
usual. A aparência dos implantes perfurados na cabeça dissecavam Gucky. —
Uma pergunta, garoto, e eu vou deixar você dormir. O que os tefrodenses criaram
em Connoort?
— Um golem. Um golem TEP — Gucky fechou os olhos, mantendo para si
mesmo que ele foi um dos responsável pelo nascimento dele.

Fator IV

A névoa cinzenta condensa-se, tornando-se um fluxo que flui cada vez mais
rápido. Vórtices surgem, giram em torno de si mesmos. Os pensamentos se formam,
culminam, colapsam até um ponto em si mesmos.

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Eu sou.
Por quanto tempo eu não pude pensar isso?
Eu sou.
Eu nisso repetidamente, regozijo-me no momento em que o verde reluz e
preenche o infinito. A luz penetra mais e mais e mais, sem limites. Preenche espaço por
espaço ao redor do espaço.
A espera acabou.
Eu estou acordado

Fim

Vetris-Molaud chegou mais perto do objetivo de seus desejos. Ele agora é


apoiado por um conselheiro de peso que uma vez também levou o título de Maghan e
pode revelar os segredos do passado distante no presente.
Com o volume 2.791 nós nos deslumbramos com um local de ação bem
conhecido. O próximo volume foi escrito por Uwe Anton e tem por título:

OS JOGADORES DE ÁRCON

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Comentário

Transformação material - emocional-Parabio

Transformação material emocional-Parabio — metal-TEP — é chamado na


língua paramag "Payn-Hrun-Tala", "A vida no mais alto grau". Os lemurenses que se
depararam com o material após a colonização do planeta Zeut, batizaram-no
Drokarnam: metal dragão.
Devido às suas propriedades — é um trastesonador hexadimensional
hipersônico — o metal TEP foi classificado no ano 3.444 do antigo calendário pelos
cientistas terranos como Hovalgônio-Sextagônio-Hermafrodita. O Metal-TEP é uma
substância metálica para os nossos propósitos, cuja estrutura atômica e molecular
pode ser influenciada e modificada de tal forma que uma inteligência surge sob certas
condições. O estímulo que leva à construção da inteligência é de natureza
pentadimensional. É importante que ele esteja presente durante o período de
construção, caso contrário o processo será paralisado, o reagrupamento dos átomos e
moléculas decairá com um certo relaxamento temporal, e a inteligência
desaparece... (PR-599)
Em seu estado fundamental, o metal TEP é prateado fosco para o cinza
estanho e maleável. Ele é capaz de absorver a radiação paranormal e
hiperenergética e dissipá-la no hiperespaço, mas a transforma em um material
cintilante turquesa com a dureza semelhante ao diamante turquesa e se torna um
hiper-irradiador em si. Este processo é chamado de reação de substância. Durante o
hipercarregamento, ocorre uma inversão de polaridade, resultando em uma
"consciência de poder dependente de frequência na inteligência do paradoxo
relacionada à deformação", em resumo: "Complexo-Paradoxo I". (RP-591).
Esta inteligência é tanto maior quanto mais intenso e puro o metal TEP
brilhar. Já com cem gramas do material, uma inteligência rudimentar pode ser
demonstrada pela radiação mental paramodulada. Existe um instinto de
autopreservação e reações de ansiedade. A radiação, especialmente as do plano 5-
D, ainda pode ser absorvida ou dissipada (PR-592). Em contraste, processos
atômicos — especialmente explosões atômicas — fazem com que o Metal TEP se
transforme em hiperenergia, tornando-se automaticamente parte do hiperespaço
ou de um continuum dimensionalmente superior (PR-596). Especialmente o último
teve um efeito muito fatal no ataque dos halutenses em Zeut.
Originalmente, o planeta de 10.388 quilômetros de diâmetro orbitava o sol
(conhecido como Apsu entre os lemurenses) em uma elipse alongada. Por mais de
duzentos anos, Zeut esteve tão longe do sol que a temperatura caiu quase até o zero
absoluto e congelava até mesmo a atmosfera de nitrogênio e oxigênio. Somente na
fase da proximidade do sol o mundo voltava à vida. Neve e gelo descongelavam, a
atmosfera era reconstruída — e até mesmo a vida, que sobrevivia ao sono gelado,
que se adaptou perfeitamente às circunstâncias incomuns, retornou
explosivamente. Apesar dessas condições extremas, Zeut havia sido um dos
primeiros mundos habitados pelos lemurenses no Sistema Solar porque sua crosta

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parecia estar explodindo de hipercristais que eram indispensáveis para a hiper-
tecnologia.
As peculiaridades do Drokarnam só foram descobertas mais tarde — numa
época em que as emissões hiperfísicas associadas à colonização progressiva não
permaneceram sem consequências. ZEUT estabeleceu o contato: A hiperradiação
dos agregados lemurenses, inevitavelmente associada a colonização de Zeut, criou
uma mega-inteligência. O corpo dessa consciência abrangia todo o planeta e estava
intimamente ligado aos lemurenses e sua cultura...
Zeut finalmente alcançou sua nova órbita sem inclinação eclíptica depois de
110 anos; o período orbital foi reduzido de 425 milhões de quilômetros para 2,98
anos a uma distância média de insolação.
Durante o ataque halutense no dia 18 de Torlon Ezrach 6.332 dha-Tamar
(dT) — que corresponde a 23 de outubro 50.068 a.C. — com suas explosões
(atômicas) o processo de transformação foi acionado, o que transformou o TEP em
hiperenergia. Assim, quase nenhum TEP permaneceu nos escombros, enquanto o
TEP irradiado para o hiperespaço correspondia à massa remanescente do planeta.
A quantidade considerável de TEP também causou a reação muito forte que
dilacerou Zeut...

Rainer Castor

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Glossário

Apsuhol

Apsuhol é o nome lemurense da Via Láctea, também conhecida como a


Primeira Ilha. A palavra é composta pelos termos "Hol", que significa ilha (estrela),
e "Apsu", o nome do Sol.

D-SERUN

Vários dispositivos (camuflagem e sistemas de armas) estão dispostos em um


SERUN-D ou dispersão. Eles aparecem como partes inofensivas do suporte de vida,
transporte ou sistema médico do traje. Somente quando estão interconectados eles
fazem uso de suas possibilidades avançadas, tornam-se projetores de campo
defensivo, transformam as luvas em ferramentas de tiro ou de corte, os chamados
punhos de armas.

Ghenis Tay

A tefrodense Ghenis Tay nasceu em 1.467 NCG. Ela tem 1,72 metro de altura
e é esbelta, tem cabelo curto loiro, cabelo curto, maçãs do rosto salientes e olhos
verdes. Tudo somado, ela parece extremamente atraente, mas é de natureza
bastante tranquila. Até a morte de Bunccer-Buhaam, ele era seu parceiro de
missões.
Tay tem implantes biomecânicos tefrodenses especiais que, embora
desativados, parecem ser de origem biológica. Nesta camuflagem, eles se parecem
com a mão esquerda. Esta mão artificial pode endurecer, os dedos podem ser
estendidos como armas afiadas, setas com venenos neurais podem ser disparadas
do dedo indicador.
O veneno e as setas são produzidos organicamente. Essas mãos artificiais não
são tecnologia puramente tefrodense, mas foram co-desenvolvidas pelos escorpiões
de Vetris.

Karahol

Karahol é o nome lemurense de Andrômeda e significa algo como Grande Ilha


ou Segunda Ilha.

Estátuas do senhor da galáxia

Segundo relatos, há um total de nove chamados "estátuas dos senhores da


galáxia", ou seja, estátuas do senhor da galáxia de Zeno Kortin. Todas elas são
completamente idênticas externamente.

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Elas consistem em um metal cinza fosco. Cada estátua mostra um lemurense
de 1,89 metros de altura. Na cabeça, ele usa uma espécie de chapéu de apicultor com
um véu em volta da cabeça. O rosto da estátua é visível e sombreado ao mesmo
tempo. As características faciais transmitem deliberação, autoconfiança,
superioridade. Os olhos do homem estão abertos — e as íris são os únicos salpicos
de cor na estátua: brilham esverdeadas como um diamante, como uma esmeralda.
O homem com o rosto velado encontra-se de pé sobre um pedestal baixo, sem
apoio; os antebraços estão levemente inclinados, as palmas voltadas para cima —
parece que a estátua quer cumprimentar alguém, ou abraçá-lo.
Uma placa simples está anexada ao pedestal, e nela alguns caracteres. Eles
são lemurenses mostram um nome (Zeno Kortin) assim como o número quatro.
A estátua consiste em metal TEP não ativado/descarregado, onde a massa
cinzenta é o estado fundamental; a reação da matéria turquesa está por trás disso.

Metal TEP

Transformação material emocional-Parabio (abreviadamente Metal TEP


metal) é referido pelos cientistas como Hovalgônio-Sextagônio-Hermafrodita. É um
hiper-irradiador com trastesonador hexadimensional.
Na língua paramag, o TEP é chamado de "Payn-Hrun-Tala" - "Vida no mais
alto grau".
Através da radiação hiperenergética, o TEP transforma-se de um material
macio e maleável de cor cinzenta fosca em uma substância turquesa reluzente e com
a dureza do diamante, tornando-se um hiperemissor em si mesmo. Processos
atômicos (especialmente explosões atômicas) fazem com que o TEP se transforme
completamente em hiperenergia, tornando-se automaticamente parte do
hiperespaço ou de um continuum dimensionalmente superior.
O principal local de busca na época dos lemurenses era o planeta Zeut
(destruído pelos halutenses) no sistema Sol.

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