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num momento em que a arte vem sendo combatida por meio do sucateamento de recursos e de perseguições
falsamente moralistas, que tentam asfixiar as potências do corpo, sua capacidade de ação e de imaginar outros modos
de vida. Contra essa corrente violenta, reafirmamos o teatro como um gesto político e um lugar de existência.
Com a programação que você poderá acompanhar nos próximos dias, queremos expandir a noção de Teatro
Brasileiro, reconhecendo os muitos grupos sociais que formam nosso país. Sabemos que ainda estamos longe de
contemplar sua amplitude, mas damos alguns passos em direção a ampliar quais são os corpos, seus lugares sociais e
origens geográficas de quem faz o teatro brasileiro. Ao olhar para além do eixo Rio-São Paulo, chegamos a um
conjunto em que o Nordeste está muito presente, ao lado de trabalhos do Norte, Sul e Sudeste.
Na programação internacional, buscamos trabalhos que evidenciam as matrizes africanas que estruturam o teatro
contemporâneo, traçam paralelos dentro da América Latina e revisam a história do nosso colonizador, Portugal,
contrapondo as narrativas oficiais.
Você vai se deparar com espetáculos de linguagens variadas, que também expandem nossa noção do que é o teatro e
investem na potência dos corpos em convívio. Muitos refletem sobre como as identidades marcam nossas vivências e
questionam os limites da construção dessas identidades; recontam histórias, mudando as perspectivas dos
protagonistas; respondem esteticamente a questões sociais brasileiras atuais, sustentadas por um passado colonizado,
escravista e patriarcal, que ainda não ficou no passado; e investem nos corpos em movimento, capazes de festas,
insurgências e transformações sociais.
Grace Passô, Luciana Romagnolli e Soraya Martins, em diálogo com curadores-assistentes Anderson Feliciano,
Daniele Avila Small e Luciane Ramos.