Aula 4 Teologia para Leigos Diocese de Santo André
Professor Fernando 2020 Ética e Moral Aula 4: Bioética
Até QUANDO o ser humano vai
querer ser Deus? Ética e Moral 1) O QUE É BIOÉTICA?
“ A BIOÉTICA ESTUDA A MORALIDADE DA CONDUTA HUMANA
NO CAMPO DAS CIÊNCIAS DA VIDA. INCLUI A ÉTICA MÉDICA, MAS VAI ALÉM DOS PROBLEMAS CLÁSSICOS DA MEDICINA, A PARTIR DO MOMENTO QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO OS PROBLEMAS ÉTICOS LEVANTADOS PELAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, OS QUAIS NÃO SÃO PRIMEIRAMENTE DE ORDEM MÉDICA”. ANDREW C. VARGA Ética e Moral A bioética, como se vê, aparece no horizonte científico das novas descobertas como o estudo interdisciplinar dos problemas criados pelo progresso biomédico (seja em nível de relação individual, institucional ou mesmo de estrutura social), sua repercussão na sociedade e seu sistema de valores. Pode também ser conceituada como um “mecanismo de coordenação e instrumento de reflexão para orientar o saber biomédico e tecnológico, em função de uma proteção cada vez mais responsável da vida humana” (David Roy). Ética e Moral
Portanto, médicos e outros cientistas não têm um único código de
ética exclusivo deles; eles estão sujeitos aos princípios éticos comuns que se aplicam a todos. O que é único a respeito da bioética não é sua metodologia, mas seu conteúdo. Ela atua numa área que é comum a muitas disciplinas e, portanto, trata problemas que são únicos. Isto não significa que seu método ou orientação constituam uma nova disciplina. A bioética não se confunde com a biologia, genética ou engenharia genética, mas tem muito a ver com toda essa nova realidade de descobertas na área da biologia e medicina. Ética e Moral
II- CONTEÚDO DA BIOÉTICA
Numa primeira abordagem temos três grandes áreas de problemas
os quais a bioética trabalha. Questões que se referem ao início e fim da vida humana e as que se situam numa área intermediária.
Entre as questões que dizem respeito ao início da vida temos:
contracepção, esterilização, exame pré-natal, aborto, concepção assistida (fecundação in vitro), doação de sêmen ou de óvulo, de ovo ou de embrião, mãe de aluguel, etc. Ética e Moral
Entre as questões relacionadas com o fim da vida temos: a morte e o
morrer, paciente terminal, eutanásia, suicídio e transplantes entre outros.
Questões que se situam numa área intermediária: códigos de ética
das diversas profissões, experimentação em seres humanos, direito à saúde, pena de morte, fome, etc. Ética e Moral III – PRINCÍPIOS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE BIOÉTICA O edifício da bioética contemporânea se assenta sob “a trindade bioética”: a beneficência, a autonomia e a justiça. a) Beneficência – de bonum facere (latim, fazer o bem ao paciente). É o critério mais antigo da ética médica, deita suas raízes no paradigma hipocrático da medicina. b) Autonomia – diz respeito à capacidade que tem a racionalidade humana de fazer leis para si mesma. Significa a capacidade de a pessoa governar-se a si mesma, ou a capacidade de se autogovernar, escolher, dividir, avaliar, sem restrições internas ou externas. c) Justiça – é o princípio da justiça que obriga a garantir a distribuição justa, equitativa e universal dos benefícios dos serviços de saúde. Ética e Moral Estes três princípios não são suficientes para que determine a bioética como foi definido no item I. A sacralidade da vida é o fator relevante para a bioética. Por que a vida humana é sagrada? Ao respondermos esta pergunta, teremos que relevar o fator da qualidade de vida, a dignidade, e aplicação destes fatores.
Qual é a fonte da vida? Reside dentro a própria experiência
humana. A vida humana é percebida como sagrada ou tendo uma dignidade intrínseca, porque os seres humanos são basicamente pessoas portadoras de valor Ética e Moral IV - PLANEJAMENTO FAMILIAR
A fertilidade deve ser encarada como um sinal de saúde e não de
doença. Os casais têm o direito humano fundamental de decidir, livre e responsavelmente, quanto ao número e espaçamento de seus filhos, bem como o direito de obter instrução e orientação adequada a respeito do assunto. O planejamento familiar é uma importante atividade da medicina sanitária, tendo contribuído, nos países desenvolvidos onde foi adotado, para a diminuição da mortalidade neonatal e perinatal infantil e, ao mesmo tempo, fazendo decrescer a morbidade e mortalidade materna. Ética e Moral a) Métodos anticoncepcionais: Anticoncepcionais orais (pílulas); DIU; tabletes espumantes espermicidas; ligadura de trompas; vasectomia; preservativos; anticoncepcionais injetáveis; abstinência periódica; método de Billings. b) Engenharia genética e concepção assistida. Não podemos desprezar o valor as descobertas da biologia e da genética, que, sem dúvida, trazem benefícios. Mas esta “revolução” carrega em seu bojo também seríssimos riscos e problemas de manipulação e poder. Aflora com toda força a questão ética. Inúmeros países já têm seu comitê nacional de bioética. É tarefa da Bioética: orientar os progressos da biogenética, o saber biomédico e tecnológico para promover e proteger a vida e não a manipular. Ética e Moral V - RESPEITO À VIDA, PROCRIAÇÃO E IGREJA
A sexualidade e a origem da vida são duas realidades intimamente
relacionadas e um campo fértil de atitudes cheias de mistérios e também de tabus. A impotência que o homem sente, quando se trata de intervir tecnicamente no processo da reprodução humana, contribui muito para essas atitudes e notadamente na perspectiva ético-religiosa. Estamos, no entanto, testemunhando uma verdadeira revolução neste campo da reprodução humana. O homem começa a intervir decisivamente no processo. Ética e Moral A moral católica tradicional deve ser repensada à luz das conquistas das ciências humanas. Júlio Munaro assim se expressa a respeito do documento do Vaticano DONUM VITAE: “O corte drástico da santa Sé deixou todo mundo atônito: povo, imprensa, moralistas, cientistas e até mesmo bispos. Universidades Católicas e também hospitais religiosos tinham entrado na era do bebê de proveta. Uma medida tardia? Uma medida provisória? Esta última hipótese é defendida por muitos. Não é dogma, é verdade, mas as justificativas antropológicas apresentadas parecem definitivas. Claro que nem todos ficarão passivos. Os debates serão acalorados. Como nem todo mundo é católico e nem todos os católicos são dóceis á palavra da Congregação para a Doutrina da Fé, os bebês de provetas continuarão e as clínicas não ficarão sem freguesia”. Ética e Moral
VI-BIBLIOGRAFIA
PESSINI, Leocir, BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de;
Problemas Atuais de Bioética, Ed. Loyola, 2ª edição, SP, 1994