Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Orunmila Nao Usava Ikin Nem Opele Quando Viveu Na Terra PDF
Orunmila Nao Usava Ikin Nem Opele Quando Viveu Na Terra PDF
VIVEU NA TERRA1
Tradutor 2
Rudinei Borba
Ìwòrì méjì diz que quando a terra não tinha mais paz, foi tomado a decisão de
que os filhos de Òrúnmìlà deveriam ir ao òrun e persuadir a seu pai para que voltasse a
terra. Consequentemente os oito filhos de Òrúnmìlà foram ao òrun onde encontraram
o seu pai ao pé de uma “palmeira já adulta e crescida, muito ramificada por todos os
lados e possuidora de dezesseis cabeças (copas) em forma de cabana.”
Eles tentaram convencer o pai a voltar a casa, mas ele se recusou e em vez
disso, deu dezesseis nozes de cola3 a cada um dos filhos e disse:
3 Original em: ABIMBOLA, Wande. Sixteen Great Poems of Ifá, 1975, Unesco, pág. 66-67.
ÒRÚNMÌLÀ NÃO USAVA IKIN NEM ÒPÈLÈ QUANDO VIVEU NA TERRA - Bàbá Osvaldo Omotobàtálá
Fica claro então que quando Òrúnmìlà viveu na terra, ele não usava os ikin para
adivinhação e muito menos o òpèlè. Eles (os ikin) foram objeto de culto e instrumento
de adivinhação somente depois que Òrúnmìlà retornou ao òrun, sendo logo os
mesmos uma representação dele na terra. Vale dizer que depois que Òrúnmìlà subiu
ao céu é quando nasce o culto e a veneração a Ifá através dos ikin.
ÒRÚNMÌLÀ NÃO USAVA IKIN NEM ÒPÈLÈ QUANDO VIVEU NA TERRA
Segundo um capítulo do odù Ejìogbè (Iremos resumir, pois é muito extensa sua
história):
Òrúnmìlà usava dezesseis pedrinhas para fazer adivinhação, cada uma era a
representação de uma das dezesseis divindades principais, com o passar do tempo, o
trabalho de Òrúnmìlà ficou muito pesado e constante, então ele foi ao céu (naquele
tempo os homens podiam ir e vir do céu quando desejavam), ao chegar se apresentou
diante Olódùmàárè (Olófin òrun) para dizer que seu trabalho na terra estava sendo
muito difícil. Olódùmàárè pediu-lhe que tivesse paciência e perseverança e logo enviou
Òpèlè na forma humana de um homem, para que assim ajudasse Òrúnmìlà em seu
serviço na terra. Este homem (òpèlè) foi chamado de Alákàn.
O destino final de Alákàn era ajudar Òrúnmìlà, mas para que isto acontecesse,
primeiramente ele foi capturado e levado ao mercado para ser vendido como escravo.
Penso que quando Òrúnmìlà regressou a terra, foi orientado pela adivinhação que
fosse até o mercado para comprar um escravo. Chegando no local encontrou Alákàn e
o levou para sua casa. Certo dia Òrúnmìlà despertou e não encontrou o seu escravo,
assim perguntou as suas esposas se haviam o visto, e uma delas respondeu que havia o
visto sair pela manhã bem cedo e partir em direção ao palácio. Sem perder tempo,
Òrúnmìlà partiu também para o palácio. Ao chegar escutou gritos e louvores que
vinham da parte dos fundos do palácio:
Ele nem se quer fez adivinhação diante de mim para saber do meu problema e sua
solução.
Exclamavam eles!”
ÒRÚNMÌLÀ NÃO USAVA IKIN NEM ÒPÈLÈ QUANDO VIVEU NA TERRA
Quando Òrúnmìlà entrou no palácio, o Rei lhe chamou reservadamente e disse: “Este
homem que me enviou é fantástico. Imagine que Ele, Alákàn, sabia de todo meu
problema sem mesmo estar diante a minha presença para adivinhação”. Òrúnmìlà
preguntou ao Rei qual era o odù que havia aparecido, mas o Rei cheio de euforia se
limitava apenas em dizer que tinha duzentas esposas e nenhuma delas conseguia lhe
dar filhos e sendo este seu motivo de preocupação, finalizou dizendo: “Alákàn és um
bom bàbáláwo!”.
Òrúnmìlà pediu que Alákàn lhe mostrasse seus braços e percebeu que o
mesmo tinha cada um dos membros superiores quebrados em quatro partes. Estas
partes eram móveis e haviam conquistado independência umas das outras, talvez
devido aos golpes que as vezes sofriam os escravos. Òrúnmìlà então percebeu que
desta forma, Alákàn ao prostrar-se ao solo, conseguia ver o odù das pessoas.
Estes fatos explicam porque para consultar a vida cotidiana é usado o òpèlè (o
servente de Òrúnmìlà) e quando precisa consultar por motivos mais importantes a
consulta é realizada diretamente com os Ikin (Òrúnmìlà). Aqueles odù que possuem
uma relevância maior na vida de uma pessoa como nascimento, destino, iniciação, etc.
Estes somente poderão ser obtidos com os ikin.
ÒRÚNMÌLÀ NÃO USAVA IKIN NEM ÒPÈLÈ QUANDO VIVEU NA TERRA
Ao ler com atenção até esta parte do nosso texto, entendemos que Òrúnmìlà
não praticava o “culto de Òrúnmìlà” (Ifá) na terra, pois ninguém pode praticar um
culto que ainda não existe e que surgiu somente após a sua morte, trazendo sua
própria divinização.
Acreditamos que Òrúnmìlà praticava o culto aos Ìrúnmàlè em uma época onde
não existiam os kaurís como instrumento de adivinhação. Conforme relato, o mesmo
usava pedras pequenas e arredondadas. A forma de obter os odù com as pedrinhas era
atirando as mesmas sobre um círculo riscado ao solo, o qual era dividido em dois
através de uma linha vertical. De acordo com a quantidade de pedrinhas que caiam em
ambos os lados, seria assim determinado o odù que falava. Os kaurís baixo a forma de
mérìndínlógún chegariam ao culto dos Ìrúnmàlè no odù Òsé méjì, pouco tempo depois
da partida de Òrúnmìlà ao céu, substituindo futuramente as pedrinhas.