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Universidade Federal de Pelotas

Fundamentos Psicológicos da Educação


Prof. Rosária Sperotto
.
S
 igmund Freud nasceu em 6 de maio de
1856 em Freiberg, pequena cidade de Moravia,
que na época pertencia a Áustria, descendia de
família judia, faleceu em Londres em 1939.

 Estudou medicina e psicologia. Médico


neurologista interessou-se desde cedo pelos
problemas físicos que se relacionavam com
aspectos emocionais como a ansiedade.

 Começa a trabalhar com as neuroses. Estudou


“histeria” como fenômeno psicológico,
resultando na descoberta do inconsciente e na
construção da Psicanálise.
Psicanálise
Teoria: caracteriza-se por um
conjunto de conhecimentos
sistematizados sobre o
funcionamento da vida psíquica.
Método de investigação: caracteriza-se pelo
método interpretativo, que busca o
significado oculto daquilo que é manifesto
por meio de ações e palavras ou pelas
produções imaginárias, como os sonhos, os
delírios, as associações livres, os atos falhos.
Estruturação da Personalidade
Inconsciente Pré-consciente Consciente

ID Ego Superego

Princípio Princípio de Complexo


do prazer realidade de Édipo
Mecanismos de defesa do ego
 Dentro da visão psicanalítica, nunca temos acesso completo ao que somos: se algo
passa para a consciência, muito fica no inconsciente.

 Os mecanismos de defesa são instrumentos que, há um tempo, mantém


guardada parte deste material inconsciente, mas por outro lado nos “protegem”.

 De acordo com Freud são processos realizados pelo ego, inconscientes,


independentes da vontade do indivíduo que permitem uma defesa. Essa é uma
operação através da qual o ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis,
protegendo, assim, aparentemente,o aparelho psíquico.
Sublimação
 Consiste em adotar um comportamento
ou um interesse que possa enobrecer
comportamentos instintivos.

 De raiz ética é renunciar às gratificações


puramente instintuais por outras em
conformidade com os valores sociais.

 Como um homem pode encontrar uma


válvula para seus impulsos agressivos.
 É o mais eficaz dos MD, na medida em que
canaliza os impulsos libidinais para uma
postura socialmente útil e aceitável
Repressão
 Impede que pensamentos dolorosos ou perigosos cheguem à consciência, afastando a
lembrança de determinados fatos, apesar de continuar armazenados no inconsciente.É o
principal mecanismo de defesa

 Recalca da consciência um afeto, uma idéia ou apelo do instinto. Um acontecimento que


por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se
tornar não evocável.
Racionalização
 São os motivos lógicos e racionais que encontramos para afastar os pensamentos,
lembranças etc. disfarçamos os verdadeiros motivos que nos incomodam.

 Processo muito comum, que abrange um extenso campo que vai desde o delírio ao
pensamento normal.

Os Psicanalistas, em tom jocoso, dizem que é uma mentira inconsciente que se põe no
lugar do que se reprimiu.
Neuróticos ou perversos: Comportamento homossexual masculino explicado pela
superioridade intelectual e estética do homem, por exemplo).
 compulsões defensivas Ritual alimentar explicado por preocupações de higiene, por
exemplo).
Projeção
 Consiste em atribuir a outro um desejo
próprio, ou atribuir ao outro algo que
justifique a própria ação.

O estudante cria o hábito de colar nas provas


dizendo para se justificar que os outros colam
ainda mais que ele.

 Criticamos atos dos outros praticados,


também , por nós, atribuímos defeitos aos
outros que são nossos e que não suportamos.
Deslocamento
 É um processo psíquico através do qual o
todo é representado por uma parte ou vice-
versa.Também

 Caso de alguém que tendo tido uma


experiência desagradável com um policial, reaja
desdenhosamente, em relação a todos os
policiais.
Identificação
 Observa-se o uso desse mecanismo de
defesa quando o indivíduo internaliza as
características de alguém valorizado,
passando a sentir-se como ele.

 Assim, um menino que brinca de dirigir


pode estar expressando sua identificação com
as atividades que seu pai realiza.

 Uma menina de 3 anos que desfila com o


sapato de salto da mãe, indica sua
identificação com esta.
Regressão
 É o processo psíquico em que o Ego recua,
fugindo de situações conflitantes atuais,
voltando para um estágio anterior.

 Ex:. Nascimento de um irmão, a partir desse


acontecimento uma criança de 4 anos, por
exemplo, voltaria a fazer xixi na cama e
“precisar” de fralda, ou seja, a ficar como o
bebê
Formação Reativa
 Uma definição: é o processo psíquico, por meio do qual um impulso indesejável é
mantido inconsciente, por conta de uma forte adesão ao seu contrário.
Fantasia
 Trata-se de uma espécie de roteiro
imaginário em que o sujeito está presente e
que representa, de modo mais ou menos
deformado pelos processos defensivos, a
realização de um desejo.

 Em última análise, de um desejo


inconsciente.
Negação
 A tendência a negar sensações dolorosas é tão antiga quanto o próprio sentimento de
dor.

 Anna Freud chamou este tipo de recusa do reconhecimento do desprazer em geral


“pré-estádios da defesa”.

 Nas crianças pequenas, é muito comum a negação de realidades desagradáveis,


negação que realiza desejos e que simplesmente exprime a efetividade do princípio do
prazer.
 Por fim, os mecanismos de defesa do ego são aprendidos na família ou no meio
social externo onde a criança e o adolescente convivem.

 Quando esse mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se


desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do Ego, e
empobrecedor da vida instintual.

 Falha: Material reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e


intensificar seu esforço defensivo e exagerar o uso dos vários mecanismos.

 É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formados. Para a


psicanálise, as psicoses significam um severa falência do sistema defensivo,
caracterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos.
Psicanálise X Sexualidade
 As descobertas Freudianas colocam a sexualidade como centro da vida psíquica, e
é postulada a existência da sexualidade infantil.

 A função sexual acompanha o indivíduo desde o início da vida, desde o


nascimento, e não só a partir da adolescência.

 A sexualidade possui um longo e complexo período de desenvolvimento até chegar


a sexualidade adulta.

 Essa concepção freudiana contraria as idéias predominantes da época, onde o


sexo estava, exclusivamente, relacionado à reprodução.
Psicanálise X Sexualidade
 De acordo com a concepção freudiana o desenvolvimento emocional não é linear.

 Não podemos afirmar que as pessoas experimentem, todas as fases do


desenvolvimento do modo como Freud postulou.

Fase oral Fase genital


Fase oral Nascimento -18 meses.

 A zona de erotização é a boca.


 O prazer do bebe é sugar o seio materno.
 Fome: Tensão psicológica – Choro.
 Um “agora” com fome pode ser suportado, pois há um “depois’
com alimento.
 Desejo (Princípio do Prazer - id) e a realidade (ego).

Fase anal 1 ano e meio/2 anos – +/-4 anos.

 A libido está localizada na região anal.


 O prazer da criança se dá ao expelir e ou reter as fezes.
 Fezes: Seu primeiro produto; daí brincar com as fezes.
 É nesse período do desenvolvimento que é solicitado à criança
o controle de seus impulsos naturais, através do treino de toalete
Fase fálica 4 anos – 6 anos

 A libido está concentrada nos órgãos genitais.

 Neste período da vida a criança descobre o seu sexo e passa a manipular-


se para obter prazer.

 Segundo a Psicanálise, é nesse momento que é realizada a escolha de


objeto sexual.

 Fase em que ocorre o Complexo de Édipo.

Em ambos os casos, meninos e meninas saem do complexo de Édipo ao


viverem o tabu do incesto e com a estruturação definitiva do Superego.
Fase latência 6 anos - puberdade

 A libido não se localiza em uma região específica do corpo.

 Interesses das crianças podem então voltar-se para seu


desenvolvimento social e intelectual.

 Energia para as solicitações (Escolas).

Fase genital Após a puberdade

 Nesta fase o objeto erotizado não está no próprio corpo do


indivíduo, mas em um objeto externo – o outro.

 Chegar a esta fase representa atingir o desenvolvimento


emocional pleno do ser humano (capacidade de assumir
responsabilidades, amar e buscar o prazer.
Clínica Educação
Psicanálise
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE
PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

Psicanálise: Inconsciente e o funcionamento do aparelho psíquico.

Conflito de objetivos!!!

Educação: Conhecimento e a socialização


(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE
PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

 O ato educativo em si é violento e fracassado: violento, pois desde o início da inserção da


criança na escola, quase tudo é artificial ou obrigatório como os próprios conteúdos,
regras, filas, horários e avaliações, porque o sujeito é por si só ineducável.

“Pois perseguem como ‘vícios’ todas as suas


manifestações sexuais, mesmo que não possam fazer
muita coisa com elas”, como afirma Freud (1975, p.167).

 A própria organização da escola é uma violência contra o que de natural a criança


viveu até a sua entrada.
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO
 Se o professor desejar “beber na fonte” da psicanálise como sugere Kupfer (1997),
deverá rever seus conceitos e postura ética de como utilizará esses conhecimentos
em sua prática educativa.

 A psicanálise não pode fazer o papel de educação e não pode ser considerada
salvação para todos os problemas educacionais e sim pode auxiliar no maior
conhecimento do funcionamento mental e inconsciente dos sujeitos envolvidos nesse
processo.
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

Ignora a realidade da condição humana,


esperando que o aluno seja um ser ideal
enquadrado em normas que acredita.
EDUCAÇÃO

Aponta para a realidade subjetiva do sujeito. O


PSICANÁLISE conhecimento é o objeto de desejo que circula
entre professor e aluno.
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

 Para a psicanálise, o desejo de saber origina-se da curiosidade sexual.

 A atividade intelectual depende da sublimação e da identificação com o professor que


tem papel fundamental em despertar o desejo.

 Aspecto transferêncial onde o “aluno-falo”


se submete a Lei do desejo do professor ou
Professor-Aluno-Conhecimento “professor-falo”, quando o aluno o toma como
aquele que detém o saber e o poder. Por isso, o
professor tem que tomar conhecimento dessas
duas posições e ser o mediador entre o aluno
e o conhecimento.
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

 Cabe ao professor não se acomodar, pois há muito que se estudar sobre as relações
intersubjetivas de todos os sujeitos envolvidos.

O educador toma consciência de seu papel e da importância da transferência na


relação e adota uma postura reflexiva.

 Os educadores deveriam saber sobre a influência existente entre os


acontecimentos dos primeiros anos da infância e os comportamentos atuais de
seus alunos, a luz da psicanálise, pois “nenhuma das formações mentais infantis
perece” (Freud, 1975, p. 224).
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

 A educação é vista por Freud como fábrica de neuroses, onde o preço é a perda do
prazer pago pelo educador que a considera “normal”.

 Como era a educação da época do Freud? Behaviorista?

 Como é (Pode ser) a educação atual? ......TIC


(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

Construtivista
 Educação interativa;
 Voltada ao desejo do aluno;
 Metodologias diferenciadas;
 Novo currículo;
 “Educação para o inconsciente”.
Educação
Atualmente possui dois caminhos

Tradicional
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

 Ao contrário do que muitos dizem Freud não se preocupou apenas com o estudo do
inconsciente e sim com o funcionamento de todo o aparelho psíquico, o pensamento, a
cognição, o desenvolvimento e a organização de idéias.

 Os pedagogos sabem que é essencial o desejo de aprender, mas parece que se esquecem
da “importância das fontes libidinais do desejo de saber e a influência inibitória do
recalque sobre a curiosidade intelectual” (Millot, 1987, p.146).

 Desse modo os docentes e os especialistas da escola, orientados pela psicanálise, poderão


descobrir um novo espaço, um novo jeito de se relacionarem entre si e com seus alunos,
favorecendo a aprendizagem e o desejo de aprender.
(IM)POSSIBILIDADE DE CONEXÃO ENTRE PSICANÁLISE E
EDUCAÇÃO

 Provavelmente uma possibilidade de


articulação entre a psicanálise e a
educação seja a concretização de um
espaço de fala e escuta, onde possam
tomar consciência e re-significar suas
convicções, anseios e ações.
Referências
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• BUARQUE DE HOLLANDA, A. Novo dicionário da língua portuguesa. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1977.
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• FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. ESB, vol.VII, 1 ed, Rio de Janeiro:Imago Editora, 1972. _____ (1915). Os instintos e
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• GAY, P. Freud: uma vida para o nosso tempo. Rio de janeiro: Companhia das Letras, 1989.
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• KUPFER, M. C. Freud e a Educação. O mestre do impossível. São Paulo: Scipioni, 1989.
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• KUPFER,M.C.M. Educação para o futuro. Psicanálise e educação. São Paulo: Editora Escuta, 2 ed, 2001.
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• MELMAN,C. Educa-se uma criança? Porto Alegre: APPOA. Artes e Ofícios Editora, 1994.
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• MORGADO, M. A .Contribuições de Freud para a educação. São Paulo: Educ-Fapesp, 2002.
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• RAPPAPORT, C. R.; FIORI, W. R.; DAVIS, C. Psicologia do desenvolvimento. Teorias do Desenvolvimento. Conceitos fundamentais (volume 1). São
Paulo: EPU, 1981
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Paulo: EPU, 1981.
• ZEMMOUR,N e APTEKMAN,M.C.F. Abordagem da inteligência na psicanálise e napsicologia do desenvolvimento (artigo). Tradução: Machado, I.
• http://www.adroga.casadia.org/news/freud_e_cocaina.htm
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