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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS – PRONAT


MESTRADO EM RECURSOS NATURAIS
DISCIPLINA: CONTAMINAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS POR ATERROS
SANITÁRIOS – PRN 309
PROFª. DRª. LENA SIMONE BARATA SOUZA
MESTRANDA: TARSILA ZANDONÁ AGUILAR

COMPILAÇÃO BIBLIOGRÁFICA DAS LEIS AMBIENTAIS DO BRASIL

Quando se comenta sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), está se


falando de uma das mais importantes legislações ambientais do Brasil.
Ainda assim, essa lei segue negligenciada por muitos, desde o seu conhecimento
aprofundado, seu real significado até a sua obrigatoriedade e instrumentos. Entender como foi
desenvolvida e as formas de aplicação de todas as leis no âmbito ambiental, se torna uma
oportunidade para traçar estratégias de sustentabilidade.

1. Contexto Histórico
A PNRS está relacionada ao tema geral de resíduos sólidos no Brasil, mais
especificamente na destinação que é oferecida a eles, como sociedade e governo.
Nos séculos passados, não haviam locais apropriados para a destinação, de alimentos
putrefatos ou qualquer coisa que se quisesse jogar fora. Consequentemente, o conjunto destes
fatores evoluíram para uma questão de saúde pública.
As produtividades das fábricas, com a primeira Revolução Industrial, deram início
em uma nova relação entre o homem e o lixo. Iniciando-se um consumismo desenfreado que
só tornaria a crescer na Segunda e Terceira Revolução. Foi a produção baseada no
crescimento econômico que levou indiretamente a quantidades de lixo cada vez maiores.
A União Europeia, em meados da década de setenta, definiu as diretrizes para
um Plano de Gestão de Resíduos Sólidos Europeu, que contemplaria diversos instrumentos
para uma gestão holística e integrada de vários tipos de resíduos, o qual serviu de inspiração
para o desenvolvimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos aqui no Brasil.

2. A evolução histórica da Legislação Brasileira


Em 1981 foi instituída a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) através da
Lei no 6.938 de 31 de agosto de 1981 e regulamentada pelo Decreto no 99.274 de 6 de junho
de 1990 (BRASIL, 1999)
A PNMA constituiu um dos maiores avanços da legislação ambiental brasileira, vez
que este foi o primeiro diploma legal que tratou o meio ambiente como um todo, não
regulando de maneira fragmentária determinados recursos ambientais (AMADO, 2013),
A Política Nacional do Meio Ambiente estabelece como seu objetivo:
A preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.

A questão dos resíduos começou a ser tratada de forma especial com a Constituição
Federal de 1988, que disciplina a questão ambiental no Capítulo VI, onde o art. 225
estabelece:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A Lei de Crimes Ambientais (LCA), nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, dispõe


sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, ela trata de forma expressa da questão dos resíduos sólidos. Como no art. 54
estabelece que “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora”.
Em 2007, foi instituída a Política Nacional de Saneamento Básico através da Lei nº
11.445 de 05 de janeiro, que estabelece as diretrizes para o saneamento básico e para a
Política Federal de Saneamento Básico (PFSB). A Política Nacional de Saneamento Básico
estabelece várias definições como a que determina limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos como sendo, conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de
coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário
de varrição e limpeza de logradouros e vias públicas.
E, em 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos através da Lei nº
12.305 e Regulamentada pelo Decreto nº 7.404.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos conceitua resíduo no art. 3º, XVI, como:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a
proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), publica em 18 de dezembro de


2012 a instrução nº 13 que dispõe sobre a Lista Brasileira de Resíduos Sólidos, a qual será
utilizada pelo Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou
Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP) e Cadastro Técnico Federal e Instrumentos
de Defesa Ambiental (CTF/AINDA) e pelo Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos
Perigosos (CNORP), bem como por futuros sistemas informatizados do Ibama que possam vir
a tratar de resíduos sólidos.
A Instrução Normativa IBAMA nº 12 de 16 de julho de 2013, dispõe sobre a
regulamentação dos procedimentos de controle da importação de resíduos e o art. 3º
estabelece:
É proibida a importação, em todo o território nacional, sob qualquer forma e para
qualquer fim, dos seguintes resíduos:
I - Resíduos Perigosos - Classe I;
II - Rejeitos;
III - Outros Resíduos; e
IV - Pneumáticos Usados

E, ainda, as Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, tais


como:
- Resolução do CONAMA nº 005 de 05 de agosto de 1993 dispõe sobre o
gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e
rodoviários. As disposições que tratam de resíduos oriundos do serviço de saúde estão
revogadas pela Resolução do CONAMA nº 358/ 2005.
Os resíduos também possuem como fonte de normatização, as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da Norma Brasileira
(NBR) 10.004 no item 3.1 define resíduo sólido como:
Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Decorrente da implantação de leis que trazem para o elemento ambiental a


responsabilização objetiva pelos danos ambientais, fato que surge em conciliar com
importância que a questão ambiental se expõe atualmente, a reparação do dano ambiental
tornou-se uma veracidade realista, pois para as vítimas do dano ambiental transmudou de
maneira descomplicada a caracterização do dever de indenizar do poluidor, na medida em
que, basta o ato de uma atividade potencialmente danosa para que surja a obrigação de
reparação o dano ecológico. (SILVA; SCHÜTZ, 2012)
Logo, a discussão dos direitos afetadas pelo consumismo desenfreado e a deficiência
no gerenciamento dos recursos naturais disponíveis se faz necessária e fundamental no intuito
de trazer para o cotidiano, noções e ações que prospectem maior qualidade de vida, tanto
individual quanto em sociedade, explicita Santos-Nunes (2018).
É por meio da Educação Ambiental tornar possível a mudança quanto à percepção da
sociedade em relação ao meio em que se vive, transformando antigos hábitos em condutas
ambientalmente corretas e socialmente viáveis (LEFF, 2001)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LINHARES-MAIA, Hérika Juliana et al. Política nacional de resíduos sólidos: um marco na


legislação ambiental brasileira. POLÊM!CA, [S.l.], v 13, n 1, p 1070-1080, fev. 2014.
Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/9636/756.
Acesso em: 15 jun. 2020.

LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder.


35ª ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 

SANTOS-NUNES, Tenner dos. Reciclagem, o meio ambiente e a garantia constitucional.


In. Congresso de Direito Constitucional do Estado de Roraima, V. p. 34. 2018.

SILVA, Deivit Pinheiro da; SCHÜTZ , Hebert Mendes de Araújo. O dano ambiental e sua
responsabilização civil. Revista Âmbito Jurídico. 2012.

BRASIL. Lei n° 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário
Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 02 ago. 2010.

BRASIL. Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 27 abr. 1999.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resíduos Sólidos. Disponível em:


https://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos. 2016. Acesso em: 16 jun.
2020.

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