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EXAME FÍSICO (Sinais)

O exame físico geral é a primeira etapa do exame clínico e além de complementar a anamnese (entrevista clínica),
fornece uma visão do paciente como um todo, não segmentada. É dividido em duas partes: qualitativo e quantitativo.
• Avaliação geral: aferição de Sinais vitais (ssvv)
No exame qualitativo levamos em consideração:
A. Avaliação do estado geral: Avaliação subjetiva do que aparenta o paciente, em sua totalidade: nível de
consciência, fácies, fala, confusão mental, mobilidade, entre outros. O paciente pode estar em bom estado
geral (BEG), regular estado geral (REG) ou mau estado geral (MEG).
B. Avaliação do grau de palidez: paciente pode estar corado (mais avermelhado) ou descorado.
C. Avaliação do grau de hidratação: Observar umidificação da mucosa oral, globo ocular e turgor da pele. O
paciente pode estar hidratado ou desidratado.
D. Avaliação da presença de icterícia: Observar coloração da palma da mão, esclera e freio da língua. A
icterícia se caracteriza por um tom amarelado nessas regiões. O paciente pode estar ictérico ou anictérico.
E. Avaliação da presença de cianose: Observar uma coloração mais azulada no lábio, leito ungueal, e outras
extremidades (cianose) que é indicativa de redução da oxigenação do sangue ou de redução da perfusão
sanguínea. O paciente pode estar cianótico ou acianótico.
F. Avaliação do padrão respiratório: Observar se há dificuldades para respirar ou se está usando força
excessiva (uso de musculatura acessória) para inspirar. O paciente pode estar eupneico ou dispneico (com
dificuldades de respirar). Observar a frequência respiratória (o paciente pode estar bradpneico – “poucas
inspirações”, ou taquipneico – “muitas inspirações”). Exemplo: um paciente com esforço para respirar e com
frequência respiratória aumentada encontra-se taquidispneico.
Na avaliação quantitativa avaliamos os aspectos mensuráveis do paciente. Como medidas de pressão arterial, peso,
altura, IMC, circunferência abdominal, frequência cardíaca, pulsação e frequência respiratória.
a. Pressão arterial: O paciente deve estar em repouso por no mínimo três minutos e em um local tranquilo e
preferencialmente sem ruídos. A pressão arterial pode ser aferida nas posições sentada, em pé e deitada. Nas
três posições é necessário que a artéria braquial esteja na altura do coração, para isso, é importante manter o
paciente posicionado de forma confortável, com o braço ligeiramente flexionado e apoiado em superfície
firme, com a palma da mão voltada para cima. Caso não seja possível realizar todas as posições, devemos
priorizar a posição sentada, com a pressão sendo aferida no membro superior direito. Após reconhecer a
pressão sistólica através do método palpatório damos seguimento a aferição realizando o método
auscultatório.

b. Frequência cardíaca (FC) e pulso (P): Nem sempre as medidas serão equivalentes. Para aferição da FC,
pode-se auscultar o coração e contar os batimentos cardíacos em 1 minuto. Para aferição do pulso,
normalmente se palpa a artéria radial com o 2° e 3° dedos, contando os batimentos em 1 minuto. É importante
também comparar a frequência cardíaca e o pulso. Na palpação do pulso, dentre outras coisas, o mais
importante, calouro, é verificar o ritmo (em alguns dos nossos pacientes é possível ver alterações). A unidade
de medida utilizada é: batimentos por minuto (bpm).
c. Frequência respiratória (FR): Contar a quantidade de inspirações em 1 minuto, observando movimentos da
caixa torácica ou parede abdominal. Não se deve contar ao paciente que sua frequência respiratória está sendo
verificada, pois inconscientemente mudamos nosso padrão respiratório. É importante verificar também o
ritmo da respiração, que pode conter pausas, períodos de inspiração/expiração profunda ou ser arrítmica; uso
de musculatura acessória, tiragem (retração dos espaços intercostais, da fossa supraclavicular ou da região
epigástrica), que evidenciam dificuldade para respirar. Observar se não há tempo expiratório prolongado (o
normal é o tempo da inspiração ser maior do que o da expiração, o que pode se inverter em situação de
broncoespasmo – “crise de asma”). A unidade de medida utilizada é: incursões respiratórias por minuto
(irpm).
d. Altura e peso: Para aferição da altura, o paciente deve estar com os pés descalços, em postura ereta e olhar no
horizonte. O peso preferencialmente deve ser aferido em balança analítica, pois pode ser calibrada conforme
o ambiente em que está situada. Além de doenças do desenvolvimento, o peso e a altura são importantes para
determinar o IMC (Índice de Massa Corpórea): IMC = peso/altura² (kg/m²). Conforme o IMC, categoriza-se
o paciente em magreza, eutrofia, sobrepeso e graus de obesidade. É importante notar a proporção massa
muscular/massa de gordura, pois pode levar a interpretações errôneas acerca do IMC.
e. Temperatura: Pode ser realizada colocando-se um termômetro de coluna de mercúrio na boca ou com um
termômetro eletrônico/digital. A temperatura é considerada normal quando está entre 35,5 e 37ºC.
• Exame físico extrabucal: avaliação de cabeça e pescoço e avaliação de linfonodos
No exame físico extraoral estuda-se as partes da cabeça e o pescoço através das manobras de semiotécnica, além de
avaliar assimetrias faciais e alterações de cor e consistência dos tecidos. Também observamos se há ou não a presença
de linfonodos palpáveis e suas características como tamanho, consistência, mobilidade, sensibilidade, coalescência,
alterações tróficas da pele e etc.
A. Face: Deve ser feita a avaliação das fáceis do paciente, que são o conjunto de dados exibidos na face do
paciente, sendo ela resultante de traços anatômicos, expressão fisionômica e elementos patológicos. Além das
fácies deve-se verificar a presença de edemas, paralisia muscular, movimentos involuntários, nódulos/tumores
e outras lesões e deformidades. A coloração pode estar dentro dos padrões da normalidade ou clanótica,
ruborecida ou avermelhada, empalidecida ou descorada.
B. Seios nasais: Algumas algias sinusais podem ser confundidas com odontalgias. Pode-se testar bilateralmente
e perguntar ao paciente sobre as diferenças de sensibilidade entre um lado e outro ou pedindo ao paciente que
incline a cabeça para frente e para baixo, o que pode levar a uma intensificação ou alivio da dor, ajudando no
diagnóstico.
C. Olhos: O olho é o órgão da visão que permite detectar a luz e transformar essa percepção em
impulsos eléctricos. Ao examinarmos os olhos, devemos cuidar a movimentação, reflexo pupilar,
vascularização da mucosa conjuntiva, esclerótica. Em pacientes idosos, deve-se observar a
transparência do cristalino. O exame do fundo ocular deve ser realizado por meio de oftalmoscópio,
em sala escurecida, se necessário, com dilatação pupilar.
D. Músculos faciais e glândula parótida: A palpação das regiões masseterina e temporal permitem intuir a
presença de bruxismo e disfunções mastigatórias. A palpação dos músculos faciais é acompanhada da
palpação da região temporomandibular que pode identificar a abertura máxima, observação de desvios laterais
da mandíbula e etc. A palpação da região parotidea permite examinar a presença de nódulos ou tumores.
E. Glândula tireoide: Possui dois lóbulos laterais e o esquerdo costuma ser maior que o direito. Geralmente, não
é visível ou palpável em condições de normalidade. Quando o paciente deglute, pode-se ver o movimento da
glândula.
F. Cadeias ganglionares crânio-cervicais: Na região, deve-se examinar os seguintes grupos de gânglios:
mentuais, submandibulares, cervicais posteriores superficiais e profundos, jugulares, occipitais, pré e pós-
auriculares e supra claviculares. A palpação pode ser pela frente ou por trás do paciente. O que se procura e o
que deve ser semiografado são as características dos gânglios palpáveis e, portanto, alterados, já que gânglios
normais não são palpáveis. A identificação de linfonodos palpáveis pode representar risco de doenças
inflamatórias (ativas ou não) ou neoplasias.
G. Ossos: Deve-se fazer a palpação dos ossos da face, a procura de aumentos, depressões e assimetrias.
H. Inervação: Deve-se palpar uni e bidigitalmente os nervos motores e sensitivos da face, avaliando
sensibilidade ao toque. Em caso de nevralgia do nervo trigêmeo, a dor se intensifica quando é pressionado a
região do forame infraorbitário.
• Exame físico intrabucal
O exame físico intrabucal costuma ser feito por inspeção visual e palpação, de forma sistemática, ordenada e
completa. O profissional deve utilizar rotineiramente uma metodologia própria de exame, não deixando nenhuma
estrutura sem ser examinada. Através deste exame podem ser identificadas lesões fundamentais: máculas, pápulas,
nódulos, vesículas, bolhas, placas, úlceras e erosões.
a. Mucosa Labial: Verificar a simetria, espessura, contorno, coloração, textura, trauma e integridade.
b. Mucosa Jugal: Deve-se afastar a bochecha e verificar todos os lados. Inicia-se na comissura labial, mucosa
retrocomissural, estendendo-se até o pilar maior. Pode ser palpada bidigitalmente, com polegar e indicador ou
de forma digitopalpar.
c. Gengiva: Usa-se as técnicas de palpação e inspeção, a gengiva deve se apresentar saudável, rosada, com
consistência firme e aderida ao osso. O cirurgião-dentista deve prestar atenção a gengiva inchada, retraída,
com presença de exsudato e com sangramento.
d. Língua: Com o paciente de boca aberta e a língua em repouso, examina-se o dorso; solicitando ao paciente
que estire a língua, examina-se o ápice. Com a língua fletida para um lado, examina-se o lado oposto e vice-
versa, repetimos o processo para o ventre laretal. O ventre anterior é examinado com o ápice lingual
pressionado para cima. Com uma compressa de gaze, envolve-se o ápice lingual para tracionar a língua e
examinar o dorso e a borda lateral posterior.
e. Assoalho da boca e face interna da mandíbula: É examinado utilizando-se os mesmos recursos para o
exame da língua. Com afastadores, observamos o assoalho da boca. A palpação é feita deslizando o dedo em
todo o assoalho, apoiando a região submandibular externamente com a outra mão. Quando se percorre o dedo
pelo assoalho, a face interna da mandíbula também é palpada. Protuberâncias bilaterais (nódulos ou tumores)
recobertas por mucosa normal podem ser devido a presença de toros mandibulares.
f. Palato duro: O paciente deve estar com a cabeça fletida para trás para a inspeção direta e horizontalizada.
Para inspeção indireta, a palpação é feita com a polpa do dedo indicador.
g. Palato mole: Para inspecionar o palato mole e a úvula, a língua deve estar protuida. Solicita-se que o paciente
pronuncie as vogais E e I, que normalmente determinam o levantamento desses.
h. Porção visível da orofaringe (úvula, pilares tonsilares, tonsilas e orofaringe): Solicita-se que o paciente
pronuncie as vogais E e I enquanto pressiona a língua, comprimindo-a contra o assoalho da boca.
Eventualmente, a úvula poderá estar bífida. Usualmente nos adultos, o volume da tonsila não ultrapassa os
pilares tonsilares e apresenta coloração idêntica à das demais mucosas.
i. Dentes: Deve-se observar a coloração dos dentes e são há presença de fraturas, abrasões, erosões, cáries,
restaurações e etc. Através da percussão (pressão digital) com instrumento na oclusal, vestibular e lingual
pode-se verificar presença ou não de mobilidade. A presença de dentes hígidos, lesões cariosas, dentes
perdidos e restaurações devem ser registradas em um odontograma. Com a sonda exploradora podemos
avaliar se há cavitações, tecido amolecido ou infiltrações nas restaurações presentes.
• Sinal patognomônico
São aqueles exclusivos de uma determinada doença e indicam, de maneira quase absoluta, sua existência,
especificando-lhe o diagnóstico. Aquel que demonstra, de maneira quase absoluta, a existência de determinada
doença, ou seja, é o sinal bem característico, quase exclusivo de uma doença. Com efeito, o que é conhecido por
achado patognomônico, quer seja um sintoma, quer seja um sinal clínico indica fortemente o diagnóstico de uma
doença, ou de uma síndrome, no decorrer da exploração semiológica do indivíduo. São achados patognomônicos
especiais: a facies miastênica, o sinal de Romaña (Doença de Chagas), sinal do vespertílio (lupus eritematoso),
sinal de Nikolsky (pênfigo), sinal de Filatov (sarampo), como exemplos.
• Exame complementares de diagnóstico
Os exames complementares fornecem informações necessárias para auxiliar na conclusão do diagnóstico de uma
determinada alteração ou doença e deve ser empregado como complemento ao exame clinico, ou seja, após a
avaliação dos sinais e sintomas do paciente, por meio da anamnese e o exame físico. Desta forma é possível obter um
diagnostico definitivo, elaborar o prognostico e a realização do planejamento de tratamento, assim como a preservação
do paciente.
Os exames complementares podem ser:
Inespecíficos: Quando fornecem apenas um indicio diagnostico. Ex: calcemia.
Semi-especificos: Indicam a presença de um processo patológico, mas não sua natureza e localização. Ex: hemograma
nas doenças infecciosas.
Especificos: São exames que pelo menos na teoria deveriam ser positivos exclusivamente para a doença e sua
resolução, portanto, ser de 100%.
Exames complementares laboratoriais:

- Hemograma: visão panorâmica, quantitativa e qualitativa dos elementos figurados no sangue (série branca,
vermelha e plaquetas):
a. Hemácias (eritograma)
b. Leucócitos (leucograma): Desvio a esquerda na contagem de neutrófilos indicam infecção aguda, desvio
para a direita é o aumento de células imaturas, representando infecção crônica.
c. Plaquetas (plaquetograma): valor de referência – 140.000 a 500.000 / Ul.
- Coagulograma: Avaliação da hemostasia, tempo de sangramento, conjunto de fenômenos que ocorrem nos
tecidos(vasos), nas células sanguíneas (plaquetas) e no plasma (proteínas), objetivando bloquear a perda de sangue
após a lesão vascular.
- Glicemia em Jejum: utilizado para medir a taxa de glicose no sangue, como diagnóstico de diabetes e
monitoramento das taxas de pessoas diabéticas ou que tenham risco para a doença.
- Exame de Urina: Os elementos de maior importância no exame de urina e que devem ser analisados são: densidade,
volume, cor, aspecto, pH, glicosúria, acetonúria, piúria, hematúria e bile.
- Citologia Esfoliativa: É um método laboratorial de exame das células superficiais do epitélio, fundamenta-se na
possibilidade de analisar células microscopicamente que podem ser removidas por raspagem das superfícies mucosas
de uma determinada lesão, confecção do esfregaço sobre lâmina de vidro, coloração (Papanicolau, reação de Furgen,
Orange C.) e exame microscópico.
Biópsia: A biópsia na Odontologia é utilizada para ajudar no diagnóstico definitivo da maioria das lesões bucais, por
ser considerado um meio seguro, confiável e de simples execução, o risco de sua utilização supera as consequências
de um diagnostico errôneo e inadequado.
Exames complementares de Imagem:
- Radiografia: O exame radiológico é o meio pré-operatório mais comum das estruturas não visíveis da boca, como
raízes e estruturas internas dos dentes, o osso alveolar circundante e o complexo maxilomandibular. Em determinadas
situações, a radiografia será conclusiva, como na detecção de corpos estranhos, dentes retidos, anadontias parciais,
fraturas radiculares e anomalias de posição.
- Sialografia: É o exame radiográfico das glândulas salivares maiores após a injeção de substância como meio de
contraste, revelando detalhadamente o seu sistema excretor.
- Ultrasonografia: A ultrasonografia é utilizada principalmente nas patologias das glândulas tireóide e paratireóide,
glândulas salivares e massas cervicais e para guiar biópsias por punças com agulha fina.
- Tomografia Computadorizada: A grande vantagem da TC sobre os outros métodos radiográficos é que num
mesmo estudo avalia as estruturas ósseas e os componentes de partes moles, usando dose de irradiação menor para o
paciente do que uma planigrafia linear ou multidirecional.
• Suspeita clínica (diagnóstico sugestivo ou hipótese de diagnóstico)
Registrar quais são as principais hipóteses diagnósticas de acordo com o exame clínico realizado (anamnese + exame
físico). As hipóteses diagnósticas são a conclusão de sua consulta, bem como irão guiar a conduta a ser utilizada.
• Diagnóstico diferencial
É um exercício de probabilidades. Considerando todos os dados obtidos, usa-se a propedêutica clinica para chegar a
um diagnostico diferencial, que é uma elencagem hierarquizada, da maior para a menor probabilidade das
possibilidades de diagnostico final.
• Diagnóstico final
É o objetivo da metodologia do exame clinico: a identificação da doença que o paciente possui. É dele que trataremos
e iremos informar ao paciente.
• Prognóstico
O prognóstico prevê a evolução e o término das doenças, bem como avalia as desordens que persistem e que
são determinadas pelos p rocessos mórbidos. Deve ser considerado em relação à vida e ao restabelecimento
do doente. O pro gnóstico det ermina a oportunidade de empregar o tratamento. É o estudo da marcha,
duração e término de uma doença. É a antecipação teórica do desenrolar e do finalizar de um estado
mórbido, servindo também para avaliar o tratamento
• Plano de tratamento
Um plano de tratamento é uma proposta lógica e organizada e não um procedimento definitivo, isto por que o mesmo
pode ser alterado por intercorrências durante o tratamento. Ele aumente a possibilidade de sucesso terapêutico e da
mais segurança ao paciente e ao profissional. Aumenta as chances de adesão do paciente ao tratamento.
• Tratamento
Na área da saúde, tratamento é o conjunto de meios de qualquer tipo, sejam higiénicos, farmacológicos, cirúrgicos ou
físicos cuja finalidade é a cura ou alívio de enfermidades ou sintomas, após a elaboração de um diagnóstico. Variam
de acordo com o diagnostico final encontrado e das individualidades de cada paciente. Devem levar em considerações
os riscos e benefícios que podem oferecer.
Os tratamentos podem ser:

Efetivo: combate diretamente a causa da doença (antibioticoterapia e cirurgia).


Sintomático: visa a eliminação dos efeitos causados pela doença (analgésicos).
De suporte: tem como objetivo melhorar as condições gerais do doente frente a um estado mórbido,
contribuindo, inclusive, para suportar melhor os efeitos secundários causados pelo emprego da terapêutica
efetiva ou sintomática (medicações pré e pós-operatória).

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